TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 30 de Julho de 2004 EDUCAÇÃO 1 Professores do 1.º ciclo e Educadores de Infância Pode a RAM dar-se ao luxo de não os formar? JESUS MARIA SOUSA Professora Universitária Ultrapassada uma primeira fase de perplexidade face à decisão política de suspender o acesso às licenciaturas em Educação de Infância e Ensino Básico – 1.º Ciclo da Universidade da Madeira, sem se ter em conta a opinião dos seus responsáveis científicos e pedagógicos, nomeadamente a Comissão Científica do Departamento de Ciências da Educação, os dois Conselhos de Curso e os dois Directores de Curso, nem a decisão já tomada pelo órgão que, nas universidades, decide sobre estas matérias, como é o caso do Senado Universitário, este artigo visa abordar esta questão, que me parece do interesse de todos os Madeirenses, analisando-a de um ponto de vista estritamente académico, apresentando alguns argumentos que o leitor poderá naturalmente refutar. EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL: O CERNE DA QUESTÃO Como todos sabemos, as licenciaturas que não mereceram a aprovação do poder político, para funcionamento neste próximo ano lectivo, são precisamente as que formam educadores de infância e professores do 1.º ciclo, isto é, aqueles recursos humanos que irão indubitavelmente marcar o futuro da Região, pois a eles cabe trabalhar a educação fundamental de um povo, uma sociedade. É em torno desta questão que se situa o meu primeiro argumento de frontal discordância da medida entretanto tomada. De facto, ninguém parece ter dúvidas de que tanto a educação pré-escolar como o 1.º ciclo do ensino básico (se bem que com uma maior responsabilidade para a educação pré-escolar) são fundamentais para o alicerçar de um desenvolvimento pessoal e social equilibrado que fará da criança o futuro cidadão livre e responsável, crítico e participativo que todos desejam. Mesmo sem se ter um conhecimento profundo sobre os quadros de desenvolvimento psicológico apresentados por J. Piaget, S. Freud, E. H. Erikson, H. Wallon, J. S. Bruner, B. Bloom, D. R. Krathwohl, L. Kohlberg, e tantos outros, a experiência empírica do dia-a-dia de um pai ou de uma mãe que acompanha o crescimento do seu filho, leva-os a constatar que essas idades (dos 3 aos 5 anos, da educação pré-escolar, e dos 6 aos 9 anos, do ensino básico – 1.º ciclo) constituem etapas cruciais para o desenvolvimento do pensamento e sua comunicação, através de linguagens múltiplas do domínio da oralidade e da escrita, da matemática e das expressões dramática, motora, musical e plástica. Todos sabemos igualmente que a iniciação à aprendizagem nestes domínios tem o seu tempo ideal próprio de maturação, o qual, esgotado sem a devida exploração, pode levar à perda irremediável de eventuais potencialidades. Também sabemos que, para além de esse tempo constituir campo propício para a tal iniciação à leitura e à escrita, às noções básicas da aritmética e do cálculo, ao meio físico e social e às expressões propriamente ditas, também o é para o desenvolvimento da criança enquanto pessoa, pois começa aí a aprender (ou não) a cidadania, a saber que faz parte de um grupo, a respeitar a diferença, a diversidade, o outro, e a tomar consciência de si próprio como mem- bro da sociedade. Aí começa a despertar a curiosidade e a desenvolver o pensamento crítico. Aí começa a ganhar (ou a perder de forma irreversível) a sua auto-estima e auto-confiança. Por isso se diz que a educação fundamental é a rampa de lançamento para a concretização do princípio da igualdade de oportunidades que se deseja numa sociedade democrática e transparente. Isto é, a educação fundamental tem a responsabilidade de fornecer à criança no momento próprio, dos 3 aos 5 anos, e dos 6 aos 9 anos, e num clima de bem-estar e segurança, as condições necessárias para prosseguir com êxito novas aprendizagens no futuro, indispensáveis para o exercício de uma cidadania consciente e activa. Esta missão, pela sua natureza social e abrangente, não pode ser apenas competência deste ou daquele elemento, encarado individualmente, mas depende, em primeira instância, das grandes opções da esfera do Estado, e, ou da Região, neste caso, da Região Autónoma da Madeira, con- substanciadas pelas políticas nacional e regional de educação. Ora, o que assistimos foi a uma medida de suspensão de cursos vocacionados para a educação fundamental, tomada pela Ministra da Ciência e do Ensino Superior, enquanto representante de uma política nacional de um subsistema da educação, quando em finais de Maio se deslocou pela primeira vez à Madeira em missão oficial, tomada por recomendação do Secretário Regional de Educação, a quem compete definir as linhas mestras da política regional madeirense de educação. É contra esta decisão conjunta das políticas educativas nacional e regional madeirense que me posiciono criticamente, porque deixa transparecer alguma displicência face à educação fundamental na Região Autónoma da Madeira. POLÍTICA DE EDUCAÇÃO Considero, também, que esta medida de suspensão de ambos os cursos, a pedido da política educativa regional, entra em choque com a 2 EDUCAÇÃO política global de governação da Região, pois não serve nem os interesses dos Madeirenses, nem os objectivos de desenvolvimento a médio e longo prazo, como procurarei demonstrar. Pois a política de educação é o quadro de referência no âmbito do qual toda a “pequena” decisão de índole didáctico-pedagógica se conforma. Os objectivos operacionais, as matérias a ensinar, as metodologias, a avaliação, as instalações e os equipamentos, os recursos humanos e a sua formação arriscam-se a ser fragmentos de um Currículo sem sentido (Currículo atomizado), se não estiverem integrados numa visão mais larga de Currículo, num quadro conceptual comum, no âmbito de uma política coerente e concertada de educação. Diz-se que ela é o ponto de entrada no Currículo, pois aí se discutem as grandes opções e prioridades, que de uma ou de outra forma afectarão os desenhos dos programas, dos planos de aula e sua operacionalização. É assim que os responsáveis políticos, quando reflectem sobre o sentido da sua acção, colocam questões de natureza moral e filosófica, como as seguintes: Deve o bem da sociedade prevalecer sobre o bem dos indivíduos? Deve a educação ser destinada a todos? E, a ser, deve ela ser a mesma para todos? No caso de não ser, qual o critério de diferenciação? Deve a educação antes de tudo transmitir uma tradição? Ou deve pretender integrar o indivíduo no mundo actual? Ou deve antes prepará-lo para o mundo de amanhã? Neste caso, para que modelo de sociedade? Que tipo de justificação para a acção educativa? De natureza filosófica, religiosa, cultural ou política, que têm a ver com a concepção de Homem, concepção de Cultura e de Sociedade que se pretende formar? Ou de natureza pragmática, assente na necessidade económica e necessidade social? Pretende a educação servir a reprodução social, a tradição, a manutenção do “status quo”, ou deve ela promover a mudança? Que margem de decisão e participação é deixada aos cidadãos, aos alunos e aos professores? Qual o grau de formalização que se deve dar à educação? Qual a duração da educação? São as respostas a questões deste tipo e outras mais que permitem circunscrever uma política educativa conferindolhe um fundamento lógico e TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 30 de Julho de 2004 uma coerência interna a toda e qualquer medida, de forma a não surgirem de maneira avulsa e desgarrada, como me parece que aconteceu com a medida política de suspensão dos cursos de licenciatura em Educação de Infância e em Ensino Básico – 1.º ciclo na Madeira. Tenho consciência, no entanto, de que não é fácil, nem linear, a avaliação da lógica e da coerência de uma política de educação. Mas que ela deve existir, disso tenho a certeza. Pois tal como as medidas tomadas ao nível da sala de aula, pelo professor, têm de estar em consonância com a política de educação, também cabe a esta uma articulação vertical com os fins últimos da governação madeirense. Reconhecendo a complexidade deste objecto e a sub- através da análise das decisões e da observação dos factos. Tentarei, relativamente à política educativa regional madeirense, descortinar a realidade (nível 2), através da análise desta decisão. Para isso, elencarei algumas das ideias-força que a caracterizam, confrontando-as com as intenções declaradas da Secretaria Regional de Educação. DESCOORDENAÇÃO DE MEDIDAS O acompanhamento sistemático destas intenções, através da legislação publicada e dos discursos e artigos do Secretário Regional de Educação, permite-me afirmar que existem indícios inegá- reúnam as condições físicas e os recursos humanos necessários. Em Agosto de 2002, quatro anos após o início do lançamento desta medida inovadora, a Portaria foi melhorada com uma outra (a Portaria no 110/2002), com base na experiência entretanto colhida. No essencial preconizam ambas um modelo que conjuga, para além das actividades curriculares, actividades actualmente designadas de enriquecimento e ocupação de tempos livres, procurando dar corpo a “uma matriz estrutural potenciadora do desenvolvimento de uma escola cuja finalidade não seja apenas a transmissão dos saberes instrumentais básicos, mas a construção de condições para a sua futura utilização e desenvolvimento pelas crianças a que se destinam”, Taxas de analfabetismo (em %), 1991 e 2001 PORTUGAL Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve R. A. Açores R. A. Madeira 2001 9,0 8,3 10,9 5,7 15,9 10,4 9,4 12,7 1991 11,0 9,9 14,0 6,2 20,2 14,2 10,0 15,3 Diferença -2,0 -1,6 -3,1 -0,5 -4,3 -3,8 -0,6 -2,6 Quadro 1 População residente, por idade (ano a ano) Zona Geográfica Idade Ano a Ano PORTUGAL 1 ano 2 anos 3 anos HM Total H M 10.356.117 113.091 106.179 104.432 5.000.141 57.754 54.478 53.246 5.355.976 55.337 51.701 51.186 Quadro 2 Fonte: Instituto Nacional de Estatística - Portugal jectividade inerente a todo o avaliador (a minha própria subjectividade), L. D’Hainaut (1980), no seu livro “Educação: dos fins aos objectivos”, propõe-nos uma determinada metodologia de análise de políticas de educação, tendo em conta dois níveis de análise: 1. O nível das intenções declaradas, que se podem encontrar em textos e documentos oficiais, nos discursos e nos ensaios políticos; 2. E o nível da realidade, veis de que ela, a educação fundamental, tem sido alvo de uma atenção particular na Região Autónoma da Madeira, mais ainda do que no restante território nacional. De facto, apenas aqui existe um modelo singular de funcionamento de “Escolas a Tempo Inteiro”, criado pela Portaria no 133/98, de 14 de Agosto, aplicável a todos os estabelecimentos do 1.º ciclo do Ensino Básico e de Unidades de Educação Pré-Escolar nelas inseridas, desde que no pressuposto de que “a educação é muito mais que a simples escolaridade, que a escola é uma extensão da família e que o envolvimento dos pais na educação é muito mais que o envolvimento dos pais na escola”. A funcionar em dois períodos diários, durante todos os dias úteis, as “Escolas a Tempo Inteiro” proporcionam aos alunos uma refeição e dois lanches, o que acaba por assegurar a satisfação de necessidades básicas que, tal- vez em alguns casos, ficassem por realizar, se este modelo não existisse. As actividades extracurriculares deixam assim de ser reduto apenas dos filhos das classes favorecidas. Os alunos, todos os que quiserem, organizam-se em actividades de enriquecimento “agrupados por turmas, ou por opção própria, ou pelas suas capacidades e apetências”, podendo enveredar por modalidades de carácter desportivo, artístico, tecnológico, de formação pluridimensional ou de ligação da escola com o meio, procurando evitar-se a todo o custo a escolarização destas áreas. Às 91 escolas que funcionaram neste regime em 2003/04, virão acrescentar-se, a partir do próximo mês de Outubro (conforme texto do Secretário Regional de Educação no âmbito dos ensaios sobre “Temas de Educação, Formação, Desporto e Novas Tecnologias” que publica regularmente no Jornal da Madeira), as “Escolas a Tempo Inteiro” da Ajuda, da Bica de Pau, da Quinta Grande, da Assomada, do Faial, do Garachico, das Quebradas e do Areeiro. Como vemos, contrariamente à subentendida menorização da educação fundamental, referida na primeira parte deste artigo, estamos aqui perante uma intenção política de natureza superior, filosófica, que privilegia o Homem na sua verdadeira acepção, na sua pluridimensionalidade, criando-lhe, ao nível dessa educação fundamental, condições de igualdade de oportunidades para o futuro. Isto, ao nível das intenções. Falta naturalmente avaliar a realidade, a execução deste modelo, solicitação essa já feita pela SRE ao Centro de Investigação em Educação da Universidade da Madeira – CIE/UMa, que prontamente enviou uma proposta, que não colheu, entretanto, a aprovação imediata da entidade requerente, por alegada indisponibilidade orçamental neste ano, conforme ofício da Direcção Regional de Educação, enviado no início deste mês. Esse seria, em meu entender, o segundo patamar de análise de que fala L. D’Hainaut e que tem a ver, já não com as intenções declaradas algures, em textos ou em discursos, mas com a realidade em si, o que implicaria a observação “in loco” do funcionamento deste regime e... a análise de outro tipo de decisões, como é a que este artigo pretende dissecar: a decisão de encerramento precisamente dos cursos que formam educadores e professores do 1.º ciclo que iriam suposta- TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 30 de Julho de 2004 mente trabalhar nas “Escolas a Tempo Inteiro”. Se já chamara a atenção para a falta de articulação, no plano vertical, entre a política educativa regional e os grandes objectivos traçados pela política de governação global madeirense, sublinho agora a descoordenação de medidas, no plano horizontal: por um lado, temos um modelo inovador, como é o das “Escolas a Tempo Inteiro”, a exigir um reforço substancial nos recursos humanos; e por outro lado, temos a suspensão da formação inicial desses mesmos recursos humanos. E A TAXA DE ANALFABETISMO? Outro argumento que gostaria de lançar contra o corte na formação de docentes para a educação fundamental, está relacionado com o nível de instrução que existe na Região Autónoma da Madeira. De acordo com os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística, a partir dos Censos de 2001, Portugal registou uma taxa de analfabetismo (população com 10 ou mais anos que não sabe ler e escrever) de 9,0%, taxa ainda bastante elevada para os padrões europeus, apesar de ser inferior à de 1991, que era de 11,0%. Conforme Quadro 1, tanto nos Censos de 1991, como nos de 2001, a Região Autónoma da Madeira é a segunda região portuguesa, apenas superada pelo Alentejo, com as taxas mais altas de analfabetismo, seguindo a tendência que se manifesta nas restantes regiões, à excepção dos Açores, de maior incidência nas mulheres do que nos homens. Ora, a percentagem de 12,7% de analfabetismo na Madeira, num contexto nacional cuja média é de 9%, devia, em minha opinião, ter pesado na ponderação da decisão de suspensão de cursos virados para a iniciação à literacia, como é o caso específico da licenciatura em Ensino Básico – 1.º ciclo, se não se desejar que a taxa diminua por si só nos próximos Censos, isto é, através do desaparecimento por morte da população madeirense que ainda é analfabeta. A QUESTÃO DA EMPREGABILIDADE Outro argumento que em princípio colhe a unanimidade da opinião pública informada e que foi alegadamente utilizada para justificar a medida de suspensão dos dois cursos é o da dificuldade de Vagas e notas mínimas de candidatura para as licenciaturas de EI e EB no ensino superior público Estabelecimento de ensino Localidade U Açores Angra do Heroísmo U Açores Ponta Delgada U Aveiro Aveiro U Évora Évora U Madeira Funchal U Minho Braga UTAD Chaves UTAD Vila Real IP Beja Beja IP Bragança Bragança IP Castelo Branco Castelo Branco IP Coimbra Coimbra U Algarve - ESE Faro IP Guarda Guarda IP Leiria Leiria IP Lisboa Lisboa IP Portalegre Portalegre IP Porto Porto IP Santarém Santarém IP Setúbal Setúbal IP Viana do CasteloViana do Castelo I P Viseu Viseu I P Viseu Lamego Total Vagas EI Nota mínima 30 35 35 0 35 50 50 35 60 35 35 40 40 35 46 35 25 23 35 25 65 59 838 95 95 100 * 100 95 95 95 95 -95 95 -100 -95 100 95 -95 --- Vagas Nota mínima EB 25 40 35 0 33 60 60 30 60 35 35 40 35 35 52 30 25 17 35 30 51 45 808 95 95 100 * 100 95 95 95 95 -95 95 -100 -95 -95 -95 --- * A nota mínima de entrada para estes cursos, caso abrissem, seria de 120 pontos Quadro 3 Vagas e notas mínimas de candidatura para as licenciaturas em EI e EB no ensino superior particular e cooperativo Estabelecimento Localidade de ensino Vagas Nota mínima EI Vagas Nota mínima EB ISEI Maria Ulrich Lisboa 120 -- - - ESE Almeida Garrett Lisboa 40 68 35 68 Fafe 75 -- 50 -- ESE Jean Piaget Almada 137 65 100 65 ESE Jean Piaget Arcozelo 100 65 130 65 ESE Jean Piaget Macedo Cavaleiros 30 65 40 65 ESE João de Deus Lisboa 73 -- 73 -- ESE Jean Piaget Viseu 50 65 50 65 ESE Paula Frassinetti Porto 80 -- 40 -- ESE Santa Maria Porto 50 -- - - ESE Torres Novas Torres Novas 35 -- 55 -- Ins. Sup. C. Educativas Odivelas 50 -- 45 -- Ins. Sup. C. Educativas Felgueiras - - 65 -- Ins. Sup. C. Educativas Mangualde - - 45 -- Ins. Sup. Educ. e Ciên. Lisboa 80 -- 60 -- Total 920 ESE Fafe Quadro 4 788 EDUCAÇÃO 3 empregabilidade dos futuros licenciados. Poder-se-ia contra-argumentar dizendo que a universidade não deve estar apenas condicionada pelo mercado de trabalho, mas responder prioritariamente às aspirações de realização pessoal dos candidatos, de busca de saber, de alargamento de horizontes culturais, de enriquecimento intelectual, como é apanágio de toda e qualquer universidade. Esta é das tais questões que se colocam ao nível da política educativa, como vimos atrás, sobre o que deve prevalecer: o bem da sociedade ou o bem do indivíduo? As necessidades sociais ou as vocações individuais? No entanto, se bem que considere que a universidade não se deva sentir limitada na oferta de cursos, desde que existam interessados, não penso o mesmo relativamente a cursos eminentemente profissionalizantes, como são os cursos de licenciatura em Educação de Infância e em Ensino Básico – 1.º ciclo. Nestes dois casos, a Universidade tem uma implicação no mundo laboral, promovendo reuniões de coordenação e formação dos docentes que orientam as práticas pedagógicas e o estágio, deslocando os seus professores às escolas e às unidades de educação pré-escolar, convidando responsáveis da administração regional à Universidade, para sessões de esclarecimento aos estudantes finalistas. Esta iniciação progressiva do aluno no mundo profissional acarreta à entidade formadora, do meu ponto de vista, responsabilidades morais, de que não pode nem se deve descartar. Tanto penso assim que, quando a Universidade da Madeira, em 1999, cedendo à ditadura dos ETIs (a lógica de “quantos mais alunos, maior o orçamento”), desencadeada pela Lei do Financiamento do Ensino Superior, alargou, desmesuradamente o “numerus clausus” de um número estabilizado que rondava à volta de 20 a 25 alunos, para cerca de 90 em cada um dos cursos, seguidos de 50, no ano posterior, alertei por diversas vezes a opinião pública no interior e no exterior da Universidade, para aquilo a que chamei de “matar a galinha de ovos de ouro”. Esses eram, de facto, os cursos com maior procura por parte dos alunos então. Mas sabia que a sua abertura em número de vagas muito superior às necessidades do mercado, ainda por cima sem qualquer estudo sobre as saídas profissionais, para além de receber alunos com médias de entrada mais baixas, dimi- IV EDUCAÇÃO nuiria o nível de qualidade dos cursos e traria necessariamente problemas sociais de desemprego qualificado. Tanto foi assim que a equipa que se candidatou à liderança do Departamento de Ciências da Educação, e que veio a assumir funções a partir de Junho de 2000, iniciou uma acção concertada, precisamente para pôr cobro a essa situação. E de que maneira? 1. Fazendo frente a qualquer tentativa de alargamento do “numerus clausus” que extravasasse os 20% atribuídos aos Concursos Especiais, Regimes de Reingresso, Mudança de Curso e Transferência; 2. Desencadeando um estudo de mercado, tendo em conta o panorama nacional e regional; 3. Estudando a taxa de natalidade na RAM, nos últimos anos: quantas crianças nasceram em 2000, onde estarão elas em 2004? E onde estarão em 2006? 3. Auscultando formalmente a SRE, através de ofício via Reitoria, sobre as previsões de empregabilidade dos futuros licenciados num prazo de 10 anos, tendo em conta as idades de reforma dos professores em exercício; 4. Suspendendo, em 2001/02, por iniciativa própria, a licenciatura de Ensino Básico – 1.º ciclo; 5. Abrindo cautelosamente, em 2002/03, cada um dos dois cursos com 20 vagas; 6. Fechando ambos os cursos, em 2003/04, a fim de minorar as dificuldades de escoamento daqueles 90+50 alunos, que desembocariam no mundo do trabalho, decorridos os seus quatro anos de formação. Não consta que nenhuma outra instituição de formação de professores no País tivesse tomado qualquer tipo de iniciativa semelhante de auto-regulação, com prejuízo próprio, como tomou o Departamento de Ciências da Educação da Universidade da Madeira que teve, para isso, de dispensar professores que haviam sido antes recrutados como Assistentes Convidados. Portanto, mais do que ninguém, e seguramente mais do que os responsáveis pela abertura desmedida dos cursos em anos anteriores, que por acaso, tinham igualmente responsabilidade política dentro do partido do poder aqui implantado, nos preocupámos com o desemprego dos professores não só no País, como nesta Região Autónoma. Ora, todo este exercício de planificação foi feito na Universidade da Madeira tendo em vista assegurar uma velo- TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 30 de Julho de 2004 cidade de cruzeiro à formação de professores, que não obrigasse a grandes oscilações, como se havia registado no passado. Porque as oscilações provocam custos desnecessários à instituição, com investimentos subaproveitados na formação dos Assistentes, no equipamento que se desactualiza, nos espaços próprios, como salas de música, informática e laboratórios específicos, não totalmente rentabilizados. Os gestores sabem bem o que é não dar execução máxima aos investimen- mercado de trabalho no final de 2008!!! DIMINUIÇÃO DA NATALIDADE? Sabemos que o fenómeno do envelhecimento demográfico ocorre em todas as regiões do País. Dessa consciência resultou a criação, pelo Departamento de Ciências da Educação, de um novo curso virado para a Educação Sénior, para a formação de técnicos de educação que irão trabalhar com os a população com 1, 2 e 3 anos actualmente a residir em Portugal, que aqui deixo para reflexão sobre uma ligeira inversão na descida da taxa de natalidade. Serão estas as crianças a usufruir da educação fundamental nos tempos mais próximos, para a qual a Universidade da Madeira ficou vetada de formar pela medida política de suspensão de ambos os cursos de Educação de Infância e Ensino Básico – 1.º ciclo. Considero, por isso, o argumento da empregabilidade uma falácia. Faltou um estu- Vagas por Região Autónoma e por Distrito Ensino Básico-1.º ciclo Educação de Infância Público Privado Público Privado Total Açores 25 - 30 - 55 Madeira - - - - 0* Aveiro 40 - 35 - 75 Beja 30 - 35 - 65 Braga 30 50 35 75 190 Bragança 60 40 60 30 190 Castelo Branco 35 - 35 - 70 Coimbra 35 - 35 - 70 Évora 35 - 35 - 70 Faro 40 - 40 - 80 Guarda 35 - 40 - 75 Leiria 35 - 35 - 70 Lisboa 52 246 46 343 687 Portalegre 30 - 35 - 65 Porto 25 105 25 130 285 Santarém 17 55 23 35 130 Setúbal 35 100 35 137 307 Viana do Castelo 30 - 25 - 55 Vila Real 60 - 50 - 110 Viseu 96 175 124 150 545 * Tinham sido pedidas 40 vagas (20+20). Quadro 5 tos realizados. Enfim, tendo em conta que no ano de 2003/04, a Universidade da Madeira, de moto próprio, havia já suspenso ambas as licenciaturas, apesar de a SRE ter respondido, de forma oficial, de que seria possível abrir uma turma por cada curso, e tendo em conta as normais saídas dos postos de trabalho de professores que atingem a idade da reforma, estavam agora reunidas todas as condições para, de uma forma planificada e fundamentada, se iniciar um processo gradual de formação inicial de educadores e professores do 1.º ciclo. Mais ainda, se nos lembrarmos de que os 20 alunos por nós propostos para cada curso a iniciar em Outubro só entrariam no cidadãos de mais de 65 anos. Mas também é verdade que é nas duas Regiões Autónomas e no Norte de Portugal que se encontra a população mais jovem do País, subsistindo uma proporção de jovens (014 anos) superior à das pessoas mais idosas (65 ou mais anos). Por outro lado, há que não esquecer o acréscimo populacional proveniente da componente migratória, essa sempre caracterizada por uma população mais jovem. De um quadro gentilmente cedido, por solicitação minha ao Instituto Nacional de Estatística, onde consta toda a população residente em Portugal, distribuída por idades, de 1 até aos 100 anos ou mais, extraí para o Quadro 2 apenas do sério de projecção regional madeirense, tendo a decisão de suspensão dos dois cursos na Universidade da Madeira resultado de uma visão imediatista, contra a qual me posiciono criticamente. Faltou um planeamento educativo regional a médio prazo, pelo menos no prazo dos tais quatro anos necessários para a finalização do curso destes jovens que agora o iniciariam. ÚNICA REGIÃO DO PAÍS SEM FORMAÇÃO DE PROFESSORES Tanto é uma falácia que, para ser coerente, esta medida teria de estar articulada com o todo nacional, ainda mais num momento político em que a comunicação se faz dentro da mesma cor partidária. Mas tal não aconteceu. Pois, o que se passa no resto do País, relativamente à formação de futuros educadores e professores do 1.º ciclo? Nada melhor do que passar para a linguagem dos números, pois eles são de tal maneira gritantes, que ficamos com sérias dúvidas sobre se houve de facto ingenuidade da parte do Secretário Regional de Educação, quando pediu à Ministra da Ciência e do Ensino Superior que pusesse estes cursos com vagas zero, se houve ignorância sobre o que se passava no resto do País, encarando a Madeira mais ilha do que ela é, ou se houve desconsideração pelos interesses da Região e dos Madeirenses, coisa em que não quero acreditar. O Quadro 3 apresenta-nos as 1646 vagas das instituições de ensino superior público, Universidades (U) e Institutos Politécnicos (IP), a ministrar cursos de Educação de Infância (EI) e Ensino Básico – 1.º ciclo (EB). Ora, todos os cursos destas instituições são objecto de um concurso nacional de acesso, com nota mínima de candidatura geralmente a rondar os 95 ou 100 pontos numa escala de 0 a 200, salvo quando as instituições optam por uma recomendação que faz aplicar uma determinada regra, de forma a receber alunos com nota inferior a 95 pontos. É curioso notar que a Universidade da Madeira era a única do País a exigir uma classificação mínima de entrada de 120 pontos e que precisamente sobre ela recaiu o ónus de encerramento dos seus cursos. Convém abrir um parêntesis e explicar ao leitor que as licenciaturas das instituições públicas são ciclicamente objecto de avaliação interna e externa, entrando em jogo factores tais como as estruturas curriculares, o nível científico, os processos pedagógicos e suas características inovadoras, a qualificação dos agentes de ensino, a investigação realizada, a ligação à comunidade, o estado das instalações e do equipamento pedagógico e científico, os projectos de cooperação internacional, etc., etc., conforme a Lei de Avaliação do Ensino Superior, Lei no 38/94, de 21 de Novembro. Tendo decorrido, na Universidade da Madeira, a fase de avaliação interna destes dois cursos no ano que agora terminou, terá lugar em 2005, a fase da avaliação externa que conta com a apreciação do relatório de auto-avalia- TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 30 de Julho de 2004 EDUCAÇÃO V Panorama global do número de vagas para as licenciaturas em Educação de Infância e Ensino Básico Mapa 1 ção elaborado pelo Departamento responsável e a visita de peritos nacionais e estrangeiros que aqui se deslocarão para tomar contacto com a nossa realidade, consultar os dossiers de disciplina, os livros dos sumários, ouvir os professores, auscultar os alunos e apreciar as instalações. Só que a realidade que vierem aqui encontrar será uma realidade coarctada, parcial, pois verão apenas dois anos de Educação de Infância e um de Ensino Básico a funcionar. ALGUMAS PERPLEXIDADES Mas se o panorama da Universidade da Madeira, relativamente às suas congéneres nacionais, se manifesta extremamente injusto, o que dizer se a compararmos com as chamadas “privadas”, ou seja, com as instituições de ensino superior particular e cooperativo (Quadro 4), em que o aluno tem de pagar propinas que excedem em muito os montantes, contra os quais os colegas do ensino público se habituaram a protestar? E o que dizer das notas mínimas de candidatura de 65 pontos (numa escala de 0 a 200), apuradas, não num concurso geral de acesso, mas em concursos organizados pelas próprias instituições? Relativamente às vagas abertas, igualmente decididas pela Ministra da Ciência e do Ensino Superior, questionome sobre a razão de terem, no que diz respeito à Educação de Infância, um número total superior ao das instituições públicas: Porquê quase mais 100 vagas? Que interesses económicos e particulares estarão por detrás desta decisão? Por que motivo se aumentam vagas em Fafe, tanto na Educação de Infância como no Ensino Básico – 1.º ciclo, relativamente às vagas do ano anterior (Ver site da Direcção-Geral do Ensino Superior), se o princípio era o de reduzir as vagas em geral, tendo em conta a presumida redução da taxa de natalidade? Por que razão Arcozelo tem direito a 100 vagas para a Educação de Infância e 130 para o Ensino Básico – 1.º ciclo, e a Madeira não tem nenhuma? Por que razão Mangualde pode receber 45 alunos para o Ensino Básico e a Madeira não teve direito aos 20 que propôs? Procurando reunir toda a informação, pelas áreas administrativas (Quadro 5), vale a pena notar como o ensino superior privado pontifica em Distritos como Lisboa, Porto, Setúbal e Viseu. Essa seria outra questão a reflectir, mas que extravasa os objectivos deste artigo. Pois o que me interessa neste momento ressaltar é a situação da Madeira, relativamente à outra Região Autónoma e aos 18 Distritos do País, como o único espaço no território português não coberto quer pelo ensino público, quer pelo privado. Com a agravante de não ser possível ao aluno madeirense apanhar nem o autocarro, nem o comboio, para chegar à instituição de formação. O Mapa 1 torna bem evidente o estado de marginali- zação a que se vetou a Madeira, quando reunimos todas as vagas abertas para estes dois cursos em Portugal, independentemente de serem ministrados nas “Públicas” ou nas “Privadas”. São ao todo 3354 vagas. Que peso tem o argumento da empregabilidade dos eventuais 40 alunos, se estes mesmos cursos continuam a proliferar em todo o País, com mais ou menos qualidade, ou mesmo com nenhuma qualidade? Será que o Secretário Regional de Educação pensa, de facto, que com esta medida, ficarão os docentes formados nos Açores, em Almada, Arcozelo, Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Chaves, Coimbra, Évora, Fafe, Faro, Felgueiras, Guarda, Lamego, Leiria, Lisboa, Macedo de Cavaleiros, Mangualde, Odivelas, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, Torres Novas, Viana do Castelo, Viseu e Vila Real, impedidos de concorrerem à Madeira? Porque não acautelou o Secretário Regional de Edu- cação a formação dos alunos da Universidade da Madeira, que até estagiam nas suas “Escolas a Tempo Inteiro”, e preferiu dar oportunidade de trabalho a outros alunos que nunca ouviram falar desta experiência? Não detém já o Secretário Regional de Educação indícios sobre a migração, nos últimos anos, de docentes oriundos de outras zonas do País para escolas e unidades de educação pré-escolar, mais precisamente, das zonas rurais da Madeira, no direito constitucional que lhes assiste de mobilidade no território nacional, e que este artigo não pretende absolutamente pôr em causa? Que pecado cometeu a Universidade da Madeira, ou mais especificamente o Departamento de Ciências da Educação, que tem vindo a pugnar por cursos de excelência, com um corpo docente de longe muito mais qualificado do que grande parte de algumas (muitas) instituições de ensino superior? VI EDUCAÇÃO TRIBUNA DA MADEIRA Sexta-feira, 30 de Julho de 2004 DANDO VOZ A QUEM NÃO TEM VOZ: OS ALUNOS Que pecado cometeram os alunos madeirenses para serem privados de uma formação superior na Universidade da sua terra, havendo disponibilidade para tal? Que pecado cometeram eles para serem privados de prosseguir estudos superiores no curso com que sempre sonharam, devendo alguns, por razões económicas que os impedem de sair da Madeira, fazer opção por um outro curso? Vejamos alguns extractos de mensagens recebidas e que se encontram arquivadas no Departamento de Ciências da Educação, para quem quiser consultar. 1. “Chamo-me ... e gostaria muito de saber se no próximo ano lectivo (2004/05), será possível a abertura do curso de Professores de Ensino Básico, ou se terei de esperar por mais outro ano...” Mail de 26 de Abril 2004. 2. “Olá sou a ..., e gostaria de saber se o curso de educadora de infância vai abrir este ano, quais as vagas e a média necessária para ter acesso ao curso. Gostaria de ter breves notícias, caso seja possível. Obrigada.” Mail de 2 de Maio de 2004. Foi, no entanto, a partir da data da decisão política de suspensão destes dois cursos que recebemos uma enxurrada de pedidos lancinantes de ajuda, como a amostra que aqui insiro. 3. “Mando-lhe este mail pedindo-lhe um conselho pessoal em relação a uma pessoa minha amiga. Tinham-lhe dado certezas que o curso de Educação de Infância iria abrir este ano na UMa. Foi-lhe hoje comunicado que já não irá abrir o curso, devido à reprovação do Ministério da Educação. Que poderá esta pessoa fazer agora? Ficar um ano sem fazer nada, ou entrar noutro curso (irá realizar os exames de Matemática, Inglês e Português) e depois pedir a mudança de curso para o ano, se é que isto é possível?” Mail de 8 de Junho de 2004. É por respeito pela frustração sentida por todos esses alunos que nos escreveram e ficaram até agora sem resposta, por não sabermos o que responder, e em homenagem a esses alunos que haviam depositado todas as suas esperanças na abertura do curso 4. “Bom dia, o meu nome é ..., e há algumas semanas escrevi-lhe sobre a minha tentativa de mudança de curso, da ... para aqui para a UMa! Quando para meu espanto e tristeza, li no Diário de Notícias de sábado (visto que me encontro neste momento na Madeira para fazer os Exames Nacionais) que o curso de Educadoras de Infância e o de 1.º ciclo já não iriam abrir. A nossa querida Ministra podia ter avisado mais cedo. Queria saber, se fosse possível, se sempre se abrirá alguma vaga de transferência para este ano lectivo, ou se o curso abrirá para o ano lectivo de 2005/06. Eu sei que ainda é muitíssimo cedo para saberem essas coisas, mas é que este ano estava a pensar congelar a minha matrícula em Lisboa, durante este ano que vai entrar agora, tirava um curso de Técnica Auxiliar de Infância, e se para o ano abrisse, tentava a transferência, visto que não perderia o vínculo à ...... Só estou à espera duma luzinha que me aconselhe, pois estou num impasse!” Mail de 16 de Junho de 2004. 5. “O meu nome é ..., sou da Madeira e neste momento frequento o 2o ano do Curso de Professores do Ensino Básico, variante Português e Inglês, na ..., mas gostaria de mudar para a Universidade da Madeira. As razões são principalmente de ordem económica (visto que o meu pai ficou desempregado há já algum tempo) e a insatisfação, pois o meu objectivo era mesmo entrar em Educação de Infância...” Mail de 18 de Junho de 2004. 6. “Todas estas mudanças devem-se ao facto duma crise financeira que passamos neste momento, visto que o meu pai ainda está desempregado...” Mail de 16 de Junho de 2004. O que me leva a perguntar: Que pecado também cometeram os pais desses alunos madeirenses para, com muito custo, suportar despesas, neste caso, desnecessárias, se a Universidade da Madeira estava apta a lhes dar formação? dos seus sonhos e que os viram à última hora desfeitos, sem qualquer tipo de justificação, e aos alunos que, qual maioria silenciosa, nem ousaram questionar o porquê desta decisão, que me sinto moralmente obrigada, não só como cidadã atenta ao que se passa à minha volta, mas também como académica, com responsabilidades científicas na formação de professores na Região, a demarcar-me frontal e publicamente da decisão política de atribuição de vagas zero à Universidade da Madeira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bloom, B. S., et al. (1956). “Taxonomy of Educational Objectives”. New York: Longmans. Bruner, J. S. (1962). “The process of education”. Cambridge: Harvard University Press. Bruner, J. S. (1967). “Studies in cognitive growth”. New York: John Wiley. D’Hainaut, L. 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