Componente Curricular: Microbiologia e Parasitologia I Profª Mônica I. Wingert Módulo II Turma 201E IMUNOLOGIA A imunologia é o ramo da biologia que estuda o sistema de defesa do organismo contra os antígenos que podem nos causar diversas doenças. A imunologia é o estudo das respostas do organismo que fornecem imunidade, ou seja, proteção contra as doenças. Imunização ativa quando o organismo atua na produção de anticorpo (vacinas), e imunização passiva quando o corpo recebe o anticorpo pronto (soros). O sistema imunológico baseia-se nos antígenos e anticorpos. A síntese dos anticorpos começa a partir do momento em que a bactéria ou o vírus é detectado, e então, depois de prontos, são processadas as células de memória que torna o organismo protegido/imune àquele antígeno. Assim, a defesa será imediata sempre que esse determinado agente invasor entrar em contato com o organismo, pois os anticorpos já estarão prontos para combatê-lo e não será necessário todo o procedimento de formá-los. Sistema imunológico O sistema imunológico funciona 24 horas por dia e age de modos diferentes, porém trabalha quase sem ser notado. Só notamos nosso sistema imunológico quando ele falha por alguma razão ou, quando ele faz alguma coisa que produz um efeito colateral que podemos ver ou sentir. Aqui estão vários exemplos: quando você se corta, vários tipos de bactérias e vírus entram no seu corpo através da abertura na pele. Quando entra uma farpa na sua pele você fica com a lasca de madeira, que é um corpo estranho, dentro do seu corpo. Seu sistema imunológico responde e elimina os invasores enquanto a pele cicatriza e sela o corte. Em casos raros o sistema imunológico falha e o corte infecciona. Ele inflama e fica cheio de pus. A inflamação e o pus são efeitos colaterais do sistema imunológico fazendo o seu trabalho; quando um mosquito pica você, o local fica inchado, vermelho e coçando. Esse também é um sinal visível do seu sistema imunológico trabalhando; todo os dias você inala milhares de germes (bactérias e vírus) que estão flutuando no ar. Seu sistema imunológico lida com todos eles sem problemas. Ocasionalmente, um germe passa pelo sistema imunológico e você pode pegar um resfriado, ficar gripado ou algo pior. São sinais visíveis de que o seu sistema imunológico não conseguiu deter o germe. O fato de você sarar do resfriado ou gripe é outro sinal visível, agora, de que seu sistema imunológico foi capaz de eliminar o invasor depois de tomar conhecimento dele. Se o seu sistema imunológico não fizesse nada, você jamais conseguiria se ver livre de um resfriado ou de outro problema; todos os dias você come centenas de germes e, mais uma vez, a maioria deles morre na saliva ou nos ácidos do estômago. Ocasionalmente, um escapa e causa intoxicação alimentar. Há, normalmente, um efeito bastante visível dessa falha do sistema imunológico: vômito e diarréia são dois dos sintomas mais comuns; há também muitos tipos de doenças que são causadas pelo sistema imunológico trabalhando de modo inesperado ou incorreto, causando problemas. Por exemplo, algumas pessoas têm alergias. Alergias são, na verdade, o sistema imunológico reagindo de forma exagerada a certos estímulos aos quais as outras pessoas nem reagem. Algumas pessoas têm diabetes, que é causada pelo ataque inapropriado do sistema imunológico às células do pâncreas, destruindo-as. Algumas pessoas têm artrite reumatóide, que é causada pelo sistema imunológico quando este ataca inapropriadamente as articulações. Muitas doenças são causadas por um erro do sistema imunológico; finalmente, às vezes, lembramos do sistema imunológico porque ele nos impede de fazer coisas que poderiam ser benéficas. Por exemplo, os transplantes de órgãos são muito mais difíceis do que deveriam ser porque o sistema imunológico geralmente rejeita o órgão transplantado. O antígeno é a molécula estranha que invade o nosso corpo e o organismo detecta e tende a rejeitar, como os vírus, protozoários, fungos, bactérias, parte de um parasita ou inclusive uma substância qualquer. Esse agente patológico é identificado e combatido com a ação dos linfócitos B e T (chamados de leucócitos), que são glóbulos brancos do sangue de extrema importância imunológica formados na medula óssea. Anticorpos são glicoproteínas derivadas dos linfócitos B que atacam os antígenos causadores das doenças, também chamados de imunoglobulinas e gamaglobulinas, produzidas pelas células brancas. Cada anticorpo possui uma região especial em suas extremidades que são sensíveis a um tipo de antígenos, fazendo com que os anticorpos se liguem a eles de alguma forma. Um anticorpo pode se ligar ao antígeno a fim de interromper sua ação ou a fim de avisar o organismo que o invasor precisa ser removido. Tipos de anticorpos: *Imunoglobulina A (IgA)- encontrada em lágrimas, saliva, leite materno, secreções respiratórias e trato gastrointestinal. *Imunoglobulina D (IgD)- sua função não está muito bem definida. *Imunoglobulina E (IgE)- importante contra parasitas helmintos e processos alérgicos. *Imunoglobulina G (IgG)- é uma imunoglobulina simples, a única que normalmente atravessa a placenta *Imunoglobulina M (IgM)- são produzidas nas fases agudas das doenças. As vacinas são produzidas através de antígenos atenuados/enfraquecidos ou mortos, ou até mesmo por pedaços deles que é injetado no nosso corpo com a objetivo de estimular o sistema imunológico a produzir os anticorpos e, por fim, as células de memória que não permitirão a ocorrência de doenças causadas pelo antígeno da vacina. Devido a isso, algumas vacinas podem causar as chamadas “reações”, mas não se agravarão, pois esses antígenos enfraquecidos que constituem as vacinas não tem força suficiente para fazer a doença se proliferar, e sim para a fabricação dos anticorpos. Os soros, ao contrário das vacinas, são os anticorpos prontos que devem ser introduzidos na corrente sanguínea em casos urgentes para combater venenos ou toxinas e não há tempo para o sistema imunológico fabricar o anticorpo adequado. Em alguns casos de intoxicações de animais peçonhentos, como as serpentes, o indivíduo tem pouquíssimas horas para conseguir socorro. A obtenção de soros é realizada em cavalos, por ser um animal de grande porte e produzir uma quantidade significativa de plasma, obviamente acompanhado por veterinários para que esses animais não sejam prejudicados e recebam uma alimentação rica e balanceada. COMPONENTES DO SISTEMA IMUNOLÓGICO O sistema imunológico passa a vida inteira trabalhando, a parte mais óbvia do sistema imunológico é a pele, age como fronteira primária entre os germes e o seu corpo. Uma das funções da pele é agir como barreira, é resistente e, geralmente, impermeável a bactérias e vírus. A epiderme contém células especiais chamadas de células de Langerhans (misturadas com os melanócitos na camada basal) que são componentes importantes para alertar o sistema imunológico. O nariz, a boca e os olhos são também pontos de entrada para os germes. As lágrimas e o muco contêm uma enzima (lisozima) que destrói a parede celular de muitas bactérias. A saliva também é antibacteriana. Como as vias nasais e os pulmões são revestidos de muco, muitos germes que não são mortos imediatamente ficam presos no muco e logo são engolidos. Os mastócitos também cobrem as vias nasais, garganta, pulmões e pele. Uma vez dentro do corpo, o germe enfrenta o sistema imunológico em um nível diferente. Os principais componentes do sistema imunológico são: timo baço sistema linfático medula óssea células sangüíneas brancas anticorpos sistema complemento (intestino, Apêndice, Amígdalas e tecidos linfóides –brônquios) Timo O timo fica dentro do tórax, entre o esterno e o coração, é responsável pela produção de células T e é extremamente importante para os recém-nascidos - sem o timo o sistema imunológico entra em colapso e o bebê morre. O timo é menos importante para os adultos - se for preciso removê-lo o adulto sobreviverá porque outras partes do sistema imunológico conseguem lidar com a sobrecarga. Contudo, o timo é importante para a maturação das células T. Baço O baço filtra o sangue em busca de células estranhas (procura também células vermelhas velhas que precisam ser substituídas). Uma pessoa que perde o baço fica doente com mais freqüência. Medula óssea A medula óssea produz novas células sangüíneas, tanto vermelhas quanto brancas. As células vermelhas são formadas na medula e depois entram na corrente sangüínea. A medula produz todas as células sangüíneas a partir de células tronco. São chamadas de "células tronco" porque podem transformar-se em tipos específicos de células sangüíneas - são precursoras de diferentes tipos de células. Sistema linfático O sistema linfático é detectado freqüentemente através dos "nódulos linfáticos aumentados". Os nódulos linfáticos são apenas uma parte de um sistema que se estende por todo o corpo através de caminhos muito parecidos com os dos vasos sangüíneos. A principal diferença entre o fluxo de sangue no sistema circulatório e o fluxo de linfa no sistema linfático é que o sangue é pressurizado pelo coração enquanto que o sistema linfático é passivo. Não há uma "bomba linfática" semelhante à "bomba sangüínea" (o coração). Os líquidos fluem lentamente para dentro do sistema linfático e são empurrados pelo movimento do corpo e dos músculos para os nódulos linfáticos. É algo parecido com os sistemas de água e esgoto em uma comunidade. A água é pressurizada ativamente enquanto que o esgoto é passivo e flui pela gravidade. A linfa é um líquido claro que leva água e nutrientes para as células. A linfa é plasma sangüíneo. Uma das tarefas do sistema linfático é drenar e filtrar esses fluidos para detectar e remover as bactérias. Vasos linfáticos pequenos coletam o líquido e o levam em direção aos vasos maiores de modo que o fluido finalmente chegue aos nódulos linfáticos para o processamento. Os nódulos linfáticos apresentam tecidos com a capacidade de filtragem e apresentam também uma grande quantidade de linfócitos. Quando estão combatendo certas infecções bacterianas, os nódulos linfáticos incham-se de bactérias e células que lutam contra estas bactérias, a ponto de você sentilos. Nódulos linfáticos inchados é um bom sinal, pois eles alertam você de que há algum tipo de infecção no seu corpo. Leucócitos Todas as células sangüíneas brancas são conhecidas oficialmente como leucócitos. Elas não são como as células normais do corpo. Na verdade, agem como organismos vivos independentes e unicelulares capazes de se moverem e capturarem coisas por conta própria. As células brancas se comportam, de certo modo, como amebas em seus movimentos e são capazes de absorver outras células e bactérias. Algumas delas não podem se dividir e reproduzir por conta própria, porém, são produzidas pela medula óssea. granulócitos - constituem 50 a 60% de todos os leucócitos. Dividem-se em três classes: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Neutrófilos - é a forma mais comum de célula sangüínea branca que você tem no corpo. A medula óssea produz trilhões deles a cada dia e os libera na corrente sangüínea, mas eles têm vida curta - geralmente vivem menos de um dia. Os neutrófilos são atraídos por qualquer material estranho, inflamação ou bactéria. Se você é espetado por uma farpa ou se corta, os neutrófilos serão atraídos por um processo chamado quimiotaxia, muitos organismos unicelulares usam esse mesmo processo. A quimiotaxia deixa as células móveis se deslocarem em direção às concentrações mais altas de uma substância química. Assim que o neutrófilo encontra uma partícula estranha ou uma bactéria, ele a absorve e liberam enzimas como o peróxido de hidrogênio e outras substâncias químicas dos seus grânulos para matar as bactérias. Em um local onde haja uma infecção grave (onde muitas bactérias se reproduziram na área), forma-se pus. O pus é feito de neutrófilos mortos e outros resíduos celulares. Eosinófilos e basófilos - são menos comuns do que os neutrófilos. Os eosinófilos eliminam os parasitas da pele e dos pulmões, enquanto que os basófilos liberam a histamina para causar a inflamação. Do ponto de vista do sistema imunológico a inflamação é uma coisa boa. Ela traz para o local mais sangue e dilata as paredes dos capilares para que mais células do sistema imunológico possam chegar ao local da infecção. Linfócitos - os linfócitos constituem 30 a 40% de todos os leucócitos. Os linfócitos se dividem em dois subtipos principais: células B (aquelas que amadurecem dentro da medula óssea) e células T (aquelas que amadurecem no timo); Linfócitos - eliminam a maior parte das infecções bacterianas e virais que apanhamos. Os linfócitos têm origem na medula óssea. Aqueles destinados a se transformar em células B se desenvolvem na medula óssea antes de entrar na corrente sangüínea. As células T começam a se formar na medula, mas migram através da corrente sangüínea para o timo e amadurecem lá. As células T e B são geralmente encontradas na corrente sangüínea, mas tendem a se concentrar em tecidos linfáticos tais como os nódulos linfáticos, timo e baço. Há também uma boa quantidade de tecido linfático no sistema digestivo. Células B - quando estimuladas, amadurecem como células plasmáticas que são as células que produzem os anticorpos. Uma célula B específica é direcionada para um germe específico e quando o germe está presente no corpo à célula B clona-se e produz milhões de anticorpos para eliminar o germe. Células T - por outro lado, vão realmente para cima das células e as matam. Conhecidas como células T killer podem detectar células do corpo que estejam alojando vírus e, quando isso acontece, matam essas células. Dois outros tipos de células T, conhecidas como células T helper e supressora, ajudam a ativar as células T killer e controlam a resposta imunológica. monócitos - os monócitos constituem até 7% de todos os leucócitos. Os monócitos se transformam em macrófagos. Macrófagos - são as maiores (e daí o nome "macro") de todas as células sangüíneas. Os monócitos são liberados pela medula óssea, circulam na corrente sangüínea, entram no tecido e se transformam em macrófagos. A maior parte dos tecidos do corpo tem seus próprios macrófagos. Os macrófagos alveolares vivem nos pulmões e os mantêm limpos (ingerindo partículas estranhas como fumaça e poeira) e livres de doenças (ingerindo bactérias e micróbios). Os macrófagos são chamados de células de Langerhans quando vivem na pele. Uma das suas tarefas é remover neutrófilos mortos, os macrófagos limpam o pus, por exemplo, como parte do processo de regeneração. ENGANOS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO Às vezes o sistema imunológico se engana. Um tipo de engano é chamado de auto-imunidade: o sistema imunológico, por alguma razão, ataca o próprio corpo do mesmo modo que normalmente atacaria um germe. Duas doenças comuns são causadas pelos enganos do sistema imunológico: a diabete juvenil e a artrite reumatóide. A primeira ocorre porque o sistema imunológico ataca e elimina as células do pâncreas que produzem insulina. A artrite reumatóide acontece quando o sistema imunológico ataca os tecidos dentro das articulações. As alergias são outras formas de erro do sistema imunológico. Por alguma razão, nas pessoas com alergia o sistema imunológico reage fortemente a um alérgeno que deveria ter sido ignorado. O alérgeno pode ser uma certa comida, um tipo de pólen ou um certo tipo de pêlo de animal. Uma pessoa alérgica a certo pólen ficará com o nariz escorrendo, olhos lacrimejando, espirrando, etc. Essa reação é causada pelos mastócitos nas vias nasais. Na reação ao pólen, os mastócitos liberam histamina, que tem o efeito de causar inflamação, o que permite que circule líquido dos vasos sangüíneos. A histamina também causa coceira. Para eliminar esses sintomas a droga escolhida é, obviamente, um anti-histamínico. O último exemplo de engano do sistema imunológico é o seu efeito no tecido transplantado. Esse não é realmente um engano, mas torna os transplantes de órgãos e tecidos quase impossíveis. Quando o tecido estranho é colocado dentro do corpo, suas células não contêm a identificação correta. O sistema imunológico, portanto, ataca o tecido. O problema não pode ser evitado, mas pode ser diminuído combinando cuidadosamente o tecido doador com o do receptor e usando drogas imunossupressoras para tentar impedir uma reação do sistema imunológico. Obviamente, suprimindo o sistema imunológico essas drogas facilitam o aparecimento de infecções oportunistas. CURIOSIDADE Sinais da resposta inflamatória rubor ou vermelhidão localizada dor na área inchaço na área afetada a área afetada torna-se quente pus (algumas vezes) Os sintomas adicionais podem incluir, entre outros: febre mal-estar generalizado, inquietação, desconforto dores musculares agitação ou confusão Histamina É uma amina primária sintetizada no organismo a partir do aminoácido histidina, em tecidos animais, esta amina foi caracterizada como mediadora dos processos inflamatórios e, posteriormente, foi constatada sua participação como um modulador importante de diversos processos fisiológicos, como os processos alérgicos, proliferação celular, angiogênese (crescimento de novos vasos sanguíneos), permeabilidade vascular, anafilaxia e secreção gástrica. Quando a histamina é liberada no organismo, seus efeitos fisiológicos ou patológicos irão ocorrer devido à ligação que irá estabelecer com receptores de superfície encontrados nas diferentes célulasalvo, que conhecidamente são quatro. A ligação da histamina com estes diferentes tipos de receptores pode resultar em: Vasodilatação arteriolar; Aumento da permeabilidade; Secreção ácida gástrica; Broncoconstrição; Alteração da freqüência cardíaca; Participação das reações anafiláticas e alérgicas. Pus É uma secreção de cor amarelada, ou amarelo-esverdeada, frequentemente mal-cheirosa, produzida em consequência de um processo de infecção bacteriana e constituída por leucócitos ou glóbulos brancos em processo de degeneração, plasma, bactérias, proteínas, e elementos orgânicos. Quando ocorre o seu aparecimento, indica que algo entrou no organismo e o sistema linfático acionou os glóbulos brancos, um dos sistemas de defesa do organismo para proteger e defender-nos dos seres invasores. Inchaço ou edema Acúmulo excessivo de líquidos nos tecidos, ou massa tecidual aumentada. O inchaço pode ocorrer em qualquer parte do organismo (inchaço generalizado) ou pode estar limitado a uma parte específica do corpo. Resposta imune A resposta imune reconhece e relembra diferentes antígenos. A imunidade específica é caracterizada por três propriedades: 1. Reconhecimento 2. Especificidade 3. Memória 1. O reconhecimento refere-se à habilidade do sistema imune de reconhecer diferenças em um número muito grande de antígenos e distingui-los. 2. A especificidade refere-se à habilidade de dirigir uma resposta a um antígeno específico. 3. Memória é a referência à habilidade do sistema imune de lembrar de um antígeno muito tempo depois de um contato inicial.