TH3 – Teoria, História e Crítica da Arquitetura e Urbanismo III ECLETISMO, ARTS AND CRAFTS ART NOUVEAU Pontifícia Universidade Católica de Goiás Departamento de Artes e Arquitetura Curso de Arquitetura e Urbanismo Prof. Ana Paula Zimmermann Ecletismo (2ª metade Séc. XIX) • Após o Neoclássico inicia-se uma tendência ao resgate de estilos históricos • Arquitetura mistura de estilos ECLETISMO • Os engenheiros/técnicos dominavam as construções. • Os projetos e as edificações seguiam uma linha funcionalista: privilegiava-se a função acima da beleza • Arquitetos eram chamados para decorar os edifícios (fachadas e interiores) • Cada estilo histórico era adequado a uma função: - Clássico edifícios públicos / governos - Gótico edifícios religiosos - Barroco edifícios de lazer (ex.: teatros) 02 Parlamento Britânico – 1837-1843 • Arquiteto Charles Barry concebeu o edifício em linguagem clássica: disposição de espaços internos, massas e volumes da edificação foram organizados em função de eixos de simetria, mantendo as proporções do classicismo 03 • Exigências estéticas impostas pelo governo acrescentaram elementos neogóticos. 04 • Arquitetura eclética é o nome atribuído à prática acadêmica do mundo ocidental, ocorrida entre as últimas décadas dos século XIX e primeiras do século XX, orientada para questões estilísticas, segundo a qual todos os estilos e tendências históricas da tradição ocidental – grego, romano, gótico, renascentista, barroco, juntamente com arquiteturas exóticas – chinesa, japonesa, indiana, islâmica – são considerados, isoladamente ou conjugados entre si, como tipos ou modelos para edifícios a serem projetados. Residência real Royal Pavilion, Brighton, Inglaterra) 05 Petit Palais de Paris – França Originalmente: pavilhao de exposições Hoje: museu 06 Palácio de Reichstag im Winter - Berlim – Alemanha Parlamento Federal 07 Arts and Crafts (Artes e Ofícios) • Inglaterra – 1880 • Movimento precursor da Art Nouveau • Governo britânico incentivava colaboração entre as artes e a indústria artesanal • 1835: criação das escolas de desenho, com o objetivo de aprimorar o design para compatibilizar a arte com a industrialização • Mesmo com a indústria ainda nascente alguns artistas e críticos pregavam a volta da tradição artesanal. • John Ruskin – Crítico, teórico e historiador da arte. Creditava à revolução industrial todos os problemas sociais e econômicos da época. 08 • William Morris – arquiteto e sociólogo – acreditava na renovação artesanal para melhorar o design. • Sofre influência das ideias de Ruskin e cria a Morris & Co, para produzir em maior escala mas com rigor e acabamento artesanal. • Projeta a Red House: todos os móveis e detalhes foram planejados e executados artesanalmente. • Suas ideias consagraram a prática de os artistas desenharem objetos para produção em série pela indústria. • Gráfica, tecido, papel de parede 09 William Morris 10 • • • • 1888 Arts and Crafts Exhibition Society Objetivo: divulgar o desenvolvimento do mobiliário Tendência é a funcionalidade Nestas exposições aparecem participantes que realizam pesquisas formais e começam a trabalhar com formas mais fluidas, curvilineas. • Esse movimento dá origem ao Art Nouveau. • Outras influências: gravuras e arte japonesa. 11 Art Nouveau • Europa e Inglaterra 1890 – 1920 • Art Nouveau: marchand Bing, loja especializada em venda de móveis e objetos avant-gard • Liberty: loja em Londres, 1875 • Jugendstil: Alemanha, revista Jugend (1896) • Reuniu tendências: industrialização, arte oriental, artes decorativas, iluminuras medievais, artes aplicadas (processos industriais) • Rejeita as formas meramente funcionais dos objetos decorativos provenientes da produção em massa e adere às formas sinuosas, curvilíneas. 12 • Caracterizado pela ruptura com as tradições na arte e na arquitetura. Estilo novo, voltado para a originalidade da forma, destituído de preocupações ideológicas e tradições estéticas. • Teve principal influência nos objetos decorativos e na arquitetura (Machintosh, Gaudi) • Integração das artes: mesmo princípio passou a ser utilizado na arquitetura, decoração, pintura, móveis, jóias • Queria fugir da opressão da indústria, da linha reta, da igualdade • Propunha uma linguagem formal inspirada na natureza, caracterizada pela linha sinuosa e dinâmica e decoração floral. • Design foi adaptado ao modo de produção industrial 13 • Aplicado em jóias e demais objetos decorativos • “O artista não deveria pretender criar uma única “obra de arte”, mas sim um complexo harmonioso e integrado de partes e elementos que propiciasse um ambiente adequado para a vida social.” 14 15 16 Arquitetura: Artes e Ofícios • Arquitetos de destaque: Richard Norman Shaw, Charles Francis A. Voysey e Herman Muthesius • Edifícios racionais • Uso de materiais modernos (concreto, ferro, vidro) aliados aos materiais tradicionais (pedra, tijolo) • Amplas janelas • Detalhes com aparência artesanal • Móveis no estilo Arts & Crafts • Decoração integrada ao projeto, papéis de parede 17 • Richard Shaw nasceu em Edimburgo. Enquanto esteve • • • • • em Londres frequentou a Academia Real Inglesa. De 1854 a 1856 viajou por diversos lugares graças à Academia Real Inglesa, tempo no qual desenvolveu vários esboços arquitetonicos. Desenhou grandes casas e vários edifícios comerciais, cada um deles com o um estilo próprio. Em 1877 Shaw ingressou nas fileiras da Academia Real Inglesa, e juntamente com Sir Thomas Jackson co-editou a coleção de ensaios de 1892 "Arquitectura, uma profissão ou uma arte?". Richard Shaw acreditava veemente que era uma arte. Anos mais tarde, Shaw começou a trabalhar com o estilo clássico mais pesado do início do século XX. Shaw morreu em Londres, cidade onde desenhou inúmeros edifícios em áreas como Pont Street, e edifícios públicos, sendo um dos mais famosos o New Scotland Yard. 18 Prédios da New Scotland Yard original, agora chamados Norman Shaw Buildings, em Westminster, construídos pelo arquiteto Richard Norman Shaw, entre 1887 e 1906. 19 • New Zealand Chambers, Londres, 1871-72 • Shaw se inspirou nos séculos XVII e XVIII e criou o estilo “Rainha Ana” para edificações urbanas. As características incluem tijolo vermelho, caixilhos brancos e ornamentos cuidadosamente controlados. 20 • Charles Francis A. Voysey, nascido em Yorkshire, • • • • 1857, trabalhou como designer gráfico de papeis de parede e tecidos no início da carreira. Rejeitava o ecletismo na arquitetura e, por influencia do Arts & Crafts, utilizou materiais modernos em seus projetos. Utilizava elementos que remetiam ao artesanal: materiais naturais, painéis de carvalho rústico. Pelas linhas simples dos seus projetos e os interiores de paredes brancas, Voysey foi considerado por muitos como um precursor do movimento modernista. Seus edifícios de maior destaque foram: Tower House, em Bedford Park; The Orchard (pomar), em Chorleywood; a Cabana Branca, em Wandsworth Common e outras mais de 50 residências. 21 Sobre o design de interiores Voysey aconselhava: • “Nós devemos “acomodar” nosso design ao caráter natural do material. ... encontrar prazer na observação da proporção organizando os móveis e ornamentos para que estejam cada um em seu lugar, nada muito cheio, e cada ítem destacando as qualidades dos demais. A essência da boa proporção é fraternalismo. A natureza embeleza com uso da cor mais calmante – verde; ela usa o vermelho em toques comedidos… nunca permite que suas cores briguem. Suas árvores roxas, com seu toque de verde primavera, caem amorosamente sobre o tapete azul de jacintos. A harmonia está em todos os lugares." 22 23 Arquitetura: Art Nouveau • Características: 1) Motivos fitomorficos, inspirados na natureza 2) Estilização das formas 3) Ritmo baseado nas curvas e na cor 4) Não existe mais simetria perfeita 5) Busca comunicar agilidade, movimento, leveza • O elemento decorativo perde o caráter de acréscimo, de sobreposição. Elemento ornamental se adequa ao objeto transformando-se de superestrutura em estrutura. • Funcionalidade se identifica com o belo. 24 • Artistas proclamavam a intenção de basear sua arte na realidade presente. Por isso os termos aplicados fazem referências à modernidade, à inovação. • Podem utilizar elementos do passado mas o faziam de estilos tão distanciados no tempo (medievais) ou no espaço (japoneses) que o resultado parecia original e moderno. • Rejeitavam o naturalismo puro e simples. Não se deveria imitar a natureza mas sim sintetizar suas formas e projetá-las de maneira mais livre e imaginativa. 25 Victor Horta • Arquiteto belga, 1861-1947, em Bruxelas, Bélgica. • Estudou desenho, têxteis e arquitetura na Academia de BelasArtes de Gent. • 1890 começou a trabalhar, desenvolvendo uma arquitetura que rejeita os estilos históricos em voga na época. • Casa do Povo (1898), a Casa Horta (1898) e o Hotel Solvay (1900). • Fortemente decorativista, utiliza em abundância ferro e o vidro, inspirando-se em elementos vegetais. • Aproveita os elementos estruturais como parte da decoração. • A partir de 1897 leciona na Universidade de Bruxelas e, entre 1912 e 1931, foi professor na Academia de Belas-Artes de Bruxelas. • A casa que construiu para si próprio, em 1898, foi transformada num museu dedicado à Arte Nova. 26 1893 - Projeta a Casa Tassel, em Bruxelas (Bélgica) considerada o primeiro edifício construído no estilo Art Nouveau. 27 28 ANTONIO GAUDÍ • • • • Barcelona 1852-1926 Influenciado por Ruskin e Morris Contrário a ideologias rígidas Produz arquitetura dita religiosa pelos simbolos e signos presentes em seus elementos decorativos • Acreditava que a técnica estava a serviço da fantasia, da criação 29 • • • • • • Formas abstratas Fluidez, feitio orgânico Forma modelada como uma escultura Cores fortes Revestimento em mosaico Busca a forma pura 30 31 • Verticalismo quase neogótico • Substitui o arco de ponta gótico (ogival) por arcos parabólicos • Preferência por formas naturais, biomórficas, ritmos lineares contínuos • Mostra a essência da criação natural • Linhas ondulantes e paredes côncavas ou convexas com decoração em relevo • Integração de macro e microestrutura 32 • A edificação era projetada como um todo: estrutura, fachada, janelas, portas, escadas, móveis, etc. 33 Conclusões: • Arts & Crafts - Durou pouco tempo, mas influenciou o movimento francês da art nouveau e é considerado por diversos historiadores como uma das raízes do modernismo no design gráfico, desenho industrial e arquitetura. • O Arts & Crafts foi uma importante influência para o surgimento da Bauhaus, que também acreditavam que o ensino e a produção do design deveria ser estruturado em pequenas comunidades de artesãos-artistas, sob a orientação de um ou mais mestres. A Bauhaus desejou, assim, uma produção de objetos feito por poucos, nos quais a assinatura do artesão tem um valor simbólico fundamental. • De forma ampla, a Bauhaus herda a reação gerada no movimento de Morris contra a produtividade anônima dos objetos da revolução industrial. 35 Atenção: • AED1 (2 freq) • Entrega até 27/03/15 • Resumo do texto: “O Urbanismo em Questão”, introdução do livro O Urbanismo, Françoise Choay • Deve ser manuscrito! Atenção: • 1ª avaliação escrita - 06/03/2015 • Individual, sem consulta • Conteúdo: aulas até 03/03/15 • O Ambiente da Revolução Industrial • As Mudanças na técnica das construções durante a Revolução Industrial • O Progresso no século XIX • Ecletismo e Industrialização • O Movimento Artes e Ofícios OBS: Os textos acima são apenas referenciais e não devem ser entendidos como única fonte de estudos. Procure material complementar na biblioteca.