UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL PROJETO DE GRADUAÇÃO BALANÇO HÍDRICO E INDICADORES INDICADORES DE CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL E NÃO POTÁVEL EM UMA EDIFICAÇÃO DOTADA DOTADA DE SISTEMA DE REUSO DE ÁGUAS CINZA JANA LODI MARTINS MARINA SANTOS MEMELLI VITÓRIA 2011 JANA LODI MARTINS MARINA SANTOS MEMELLI BALANÇO HÍDRICO E INDICADORES DE CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL E NÃO POTÁVEL EM UMA EDIFICAÇÃO DOTADA DE SISTEMA DE REUSO DE ÁGUAS CINZA Projeto de Graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo, como obtenção do requisito título de parcial para Engenheiro Ambiental. Orientador: Ricardo Franci Gonçalves. VITÓRIA 2011 JANA LODI MARTINS MARINA SANTOS MEMELLI BALANÇO HÍDRICO E INDICADORES DE CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL E NÃO POTÁVEL EM UMA EDIFICAÇÃO DOTADA DE SISTEMA DE REUSO DE ÁGUAS CINZA Projeto de Graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Ambiental. Aprovado em 05 de julho de 2011. COMISSÃO EXAMINADORA _________________________________ Prof. Dr. Ricardo Franci Gonçalves Orientador - UFES _________________________________ Prof. Msc. Jair Casagrande Examinador Interno – UFES _________________________________ Profa. Msc. Glyvani Rubim Soares Examinador Externo AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus. À nossa família e amigos por todo apoio e compreensão. Ao professor orientador Ricardo Franci, pelo incentivo e orientação. RESUMO O presente estudo visa verificar o impacto do sistema de reuso de águas cinza implantado em um edifício residencial, na conservação de água potável e nas vazões de águas residuárias. A caracterização realizou-se a partir de monitoramento de medidores de água e esgoto instalados na edificação, por meio de leituras diárias realizadas sempre às 8h e perfis de 24h. O monitoramento foi realizado pelo Núcleo de Bioengenharia Aplicada ao Saneamento da Universidade Federal do Espírito Santo, de julho de 2010 a maio de 2011. Posteriormente, foram calculados indicadores per capita e geradas séries históricas do consumo de água e produção de esgoto ao longo do período de monitoramento, além de perfis de distribuição do consumo e produção. A edificação estudada é do tipo residencial multifamiliar de classe alta e com elevado consumo per capita. Constatou-se que o fator cultural, quanto ao uso da água, é uma variável significativa para a determinação do perfil de consumo, uma vez que apartamentos na mesma edificação apresentam consumos de água muito distintos (variações de até 270% no consumo de água). Verificou-se que uma economia de água potável de 11% pode ser obtida com a utilização do reuso de águas cinza-claras para descarga de bacias sanitárias neste edifício. Com 30 dias de monitoramento, verificou-se que a prática do reuso acarretou uma redução de 10,4% de esgoto doméstico lançado na rede. Dessa forma, concluiu-se que o sistema de reuso de águas cinza apresenta-se como uma alternativa viável para promover o uso sustentável da água, mas poderia ser melhor aproveitado se o excedente de águas cinza fosse utilizado para outros fins, como rega de jardins, lavagem de áreas pavimentadas e automóveis e reserva técnica de incêndio, contribuindo para a melhoria da qualidade do meio ambiente e gerando, ainda, benefícios econômicos aos usuários. Palavras-chave: Conservação de Água, Consumo de Água, Perfil de Consumo de Água, Reuso. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Síntese da Avaliação oferta/demanda de água para 2015. ................................. 18 Figura 2: Exemplos de equipamentos economizadores. A: Torneira acionada por sensor de presença; B; Torneira com fechamento automático; C: Redutores de Vazão; D: Vaso sanitário com caixa acoplada ............................................................................................. 26 Figura 3: Separação dos elementos do saneamento ecológico e exemplos de possíveis tratamentos e utilizações. ................................................................................................... 31 Figura 4: Fluxograma de desenvolvimento da pesquisa.................................................... 33 Figura 5: Edifício monitorado. Figura 7: Vista geral da ETAC, no subsolo. Figura 6: Área de lazer do edifício. .... 34 Figura 8: Vista geral das cisternas e da ETAC. ................................................................................................................................ 35 Figura 9: Planta humanizada sem escala de pavimentos. .................................................. 36 Figura 10: Esquema do sistema de coleta e distribuição no edifício. ................................ 38 Figura 11: Caixa de distribuição de águas cinza. .............................................................. 39 Figura 12: Tulipas da caixa de entrada. ............................................................................. 39 Figura 13: Fluxograma de funcionamento da ETAC. ....................................................... 40 Figura 14: Hidrômetros individuais instalados em cada pavimento.................................. 41 Figura 15: Esquema de distribuição dos hidrômetros que compõem o sistema de monitoramento. .................................................................................................................. 43 Figura 16: Calha Parshall e sensor de nível ultrassônico. Figura 17: Conversor.48 Figura 18: Esquema de distribuição dos medidores que compõem o sistema de monitoramento das águas residuárias. ............................................................................... 50 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Resultados da etapa de avaliação oferta/demanda para 2015. ........................... 19 Tabela 2: Indicadores de consumo per capita de água encontrados na literatura. ............ 23 Tabela 3: Pontos de consumo de água potável e não potável. ........................................... 37 Tabela 4: Total de equipamentos que utilizam água potável ou não potável. ................... 38 Tabela 5: Hidrômetros que compõem o sistema de monitoramento do consumo de água do edifício. ......................................................................................................................... 41 Tabela 6: Detalhamento dos consumos de água monitorados no edifício. ........................ 44 Tabela 7: Equipamentos que compõem o sistema de monitoramento de vazões de esgoto. ........................................................................................................................................... 49 Tabela 8: Detalhamento das produções de efluentes monitoradas. ................................... 51 Tabela 9: Análise estatística do consumo de água. ........................................................... 60 Tabela 10: Coeficiente de vazão máxima diária. ............................................................... 60 Tabela 11: Consumo de água das bacias sanitárias ........................................................... 63 Tabela 12: Indicadores de consumo per capita de AFP, AQP, AP, AR e AT em comparação com a literatura. ............................................................................................. 67 Tabela 13: Indicadores de consumo per capita de AP, AR e AT por dormitório em comparação com a literatura. ............................................................................................. 71 Tabela 14: Indicadores de consumo por área de AP, AR e AT em comparação com a literatura. ............................................................................................................................ 72 Tabela 15: Análise estatística da produção de águas residuárias. ..................................... 75 Tabela 16: Coeficiente de vazão máxima diária. ............................................................... 75 Tabela 17: Indicadores de produção per capita de AC Total em claras, AC escuras, AN, ED Rede e ED comparação com a literatura.................................................................................. 79 Tabela 18: Impacto de redução de esgoto doméstico lançado na rede coletora. ............... 81 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Distribuição da água doce superficial no mundo. ............................................ 17 Gráfico 2: Distribuição da água doce superficial no continente americano. ..................... 17 Gráfico 3: Distribuição do consumo de água nas residências brasileiras. ......................... 21 Gráfico 4: Série histórica do consumo de água e da população na edificação. ................. 58 Gráfico 5: Série histórica da população do edifício, com a identificação de moradores e funcionários. ...................................................................................................................... 59 Gráfico 6: Setorização do consumo de água. .................................................................... 61 Gráfico 7: Série histórica de consumo de AT do condomínio e dos apartamentos. .......... 62 Gráfico 8: Distribuição do consumo de AP e AR. ............................................................ 62 Gráfico 9: Distribuição do consumo de água nos apartamentos ....................................... 63 Gráfico 10: Variação do consumo mensal de água e população nos apartamentos. ......... 64 Gráfico 11: Variação do consumo de água no edifício ao longo dos meses monitorados.65 Gráfico 12: Perfil de consumo de água em 24 horas. ........................................................ 66 Gráfico 13: Variação do consumo de AFP, AQP e AR nos apartamentos ao longo da semana. .............................................................................................................................. 67 Gráfico 14: Índices de consumo per capita de AT, AFP, AQP e AR durante o período monitorado. ........................................................................................................................ 69 Gráfico 15: Comparativo dos consumos diários per capita médios dos apartamentos ocupados. ........................................................................................................................... 70 Gráfico 16: Consumo médio de AFP e AQP dos apartamentos. ....................................... 71 Gráfico 17: Série histórica de águas residuárias. ............................................................... 74 Gráfico 18: Variação da produção de esgoto doméstico. .................................................. 76 Gráfico 19: Consumo de AR e produção de AC clara. ........................................................ 77 Gráfico 20: Composição do ED Total produzido. ............................................................. 77 Gráfico 21: Composição do ED Rede. ................................................................................. 78 Gráfico 22: Perfil de produção de esgoto doméstico em 24 horas. ................................... 79 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13 2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 15 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 16 3.1 ESCASSEZ DE ÁGUA ...................................................................................... 16 3.2 CONSUMO DE ÁGUA RESIDENCIAL .......................................................... 20 3.2.1 Distribuição de Consumo Residencial ......................................................... 20 3.2.2 Perfil de Consumo Residencial ................................................................... 21 3.2.3 Indicadores de Consumo Residencial .......................................................... 23 3.3 4 CONSERVAÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL EM EDIFICAÇÕES ...................... 24 3.3.1 Aparelhos Economizadores ......................................................................... 25 3.3.2 Medição Individualizada ............................................................................. 26 3.3.3 Fontes Alternativas de Água........................................................................ 27 3.3.4 Reuso de Água ............................................................................................. 30 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 32 4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA........................................................ 32 4.2 CARACTERÍSTICAS DO EDIFÍCIO MONITORADO ................................... 34 4.2.1 Características Gerais .................................................................................. 34 4.2.2 Sistema Hidrossanitário ............................................................................... 36 4.2.3 Estação de Tratamento de Águas Cinza ...................................................... 39 4.3 4.3.1 Monitoramento do Consumo de Água ........................................................ 41 4.3.2 Caracterização do Consumo de Água.......................................................... 43 4.3.3 Cálculo dos Indicadores............................................................................... 45 4.3.4 Avaliação do Impacto de Redução do Consumo de Água .......................... 46 4.4 5 CONSUMO DE ÁGUA...................................................................................... 41 PRODUÇÃO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS ...................................................... 47 4.4.1 Monitoramento das Vazões de Águas Residuárias...................................... 47 4.4.2 Caracterização das Vazões de Águas Residuárias ....................................... 51 4.4.3 Cálculo dos Indicadores............................................................................... 54 4.4.4 Avaliação do Impacto do Reuso na Produção de Esgoto ............................ 55 4.5 DETECÇÃO DE VAZAMENTOS .................................................................... 56 4.6 TRATAMENTO DE DADOS ............................................................................ 56 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 57 5.1 CONSUMO DE ÁGUA...................................................................................... 57 5.2 PRODUÇÃO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS ...................................................... 73 6 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 82 7 RECOMENDAÇÕES................................................................................................ 84 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 85 P á g i n a | 13 1 INTRODUÇÃO O pensamento de que a água é um recurso abundante, inesgotável e sem valor econômico perdurou por muitos anos, mas agora a realidade impõe que esses paradigmas sejam modificados. O crescimento populacional e o desenvolvimento industrial combinados com o uso irracional da água têm aumentado consideravelmente a demanda por água e a produção de águas residuárias no mundo. A crescente escassez dos recursos hídricos frente aos seus múltiplos usos acarreta a necessidade de redução do consumo de água e seu melhor aproveitamento. Políticas públicas e programas nacionais e internacionais vêm exigindo, cada vez mais, atitudes concretas de cada país nesse sentido. No meio urbano, o volume de água consumido está fortemente associado à demanda de água tratada nos domicílios, inclusive para fins menos nobres. Os maiores responsáveis pelo desperdício de água são os hábitos de consumo e costumes da população, os equipamentos inadequados e as perdas nos sistemas de abastecimento (GONÇALVES, 2006). Nesse contexto, os programas de conservação constituem-se em importantes ferramentas, compreendendo ações que resultam em economia nos domicílios, nas redes do sistema de abastecimento e nos mananciais, atingindo assim os níveis micro, meso e macro respectivamente (OLIVEIRA, 1999). A preservação da quantidade e da qualidade da água nas cidades passa pela revisão do uso da água nas residências, visando à redução do consumo de água potável e da produção de águas residuárias. É importante ressaltar que, para se alcançar soluções ecológicas eficientes para o saneamento, é necessário que haja mudanças no modo como as pessoas pensam e agem com relação ao próprio consumo e aos resíduos por elas gerados. Uma redução significativa no consumo de água pode ser atingida através de técnicas racionalizadoras, como o uso de dispositivos economizadores nos aparelhos e a medição individualizada, ou através da utilização de fontes alternativas de suprimento. O reuso e o aproveitamento de águas pluviais podem ser utilizados para fins não potáveis, tais como descargas de bacias sanitárias ou mesmo rega, limpeza e lavagem de calçadas e ruas. P á g i n a | 14 Dessa forma, a análise do impacto do sistema de reuso na conservação de água potável e nas vazões de águas residuárias é primordial para aprimorar as ações de controle de demanda e também de racionalização do uso da água no cenário urbano. P á g i n a | 15 2 OBJETIVOS O presente Projeto de Graduação tem como objetivo geral analisar os dados do uso da água em uma edificação multifamiliar dotada de um sistema de reuso de água cinza e verificar o impacto deste sistema na conservação de água potável e nas vazões de águas residuárias. Os objetivos específicos deste trabalho são: • Realizar monitoramento e a caracterização quantitativa do consumo de água de um edifício residencial dotado de sistema de reuso de águas cinza, e avaliar o impacto do reuso na conservação de água potável; • Realizar monitoramento e a caracterização quantitativa das vazões de águas residuárias de um edifício residencial dotado de sistema de reuso de águas cinza, e avaliar o impacto do reuso nas vazões de esgoto; • Tratar estatisticamente os dados de consumo de água (potável e de reuso) e de geração de águas residuárias coletados no Núcleo Água e calcular os indicadores de consumo de agua potável e de agua de reuso, bem como os de produção de águas cinza e de esgoto sanitário; • Comparar os perfis de consumo de água potável e de água não potável dos moradores das edificações monitoradas. P á g i n a | 16 3 3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ESCASSEZ DE ÁGUA Por estar sempre sendo renovada através do ciclo hidrológico, a quantidade de água disponível no planeta é sempre a mesma. Entretanto a água de qualidade para consumo humano está se tornando cada vez mais rara. O crescimento populacional acompanhado pelas mudanças climáticas globais vem contribuindo intensamente para o aumento na demanda pelos recursos hídricos. Embora a água seja um recurso renovável, ela tende a se deteriorar em função do seu uso indiscriminado, o que compromete a quantidade de água com qualidade disponível para consumo em diversas localidades. (FIORI, 2005) O Brasil tem posição privilegiada no mundo, em relação à disponibilidade de recursos hídricos. Segundo levantamento de dezembro de 2007 pela ANA, a vazão média anual dos rios em território brasileiro é de cerca de 180 mil metros cúbicos por segundo (m3/s); para efeito de comparação, tal volume de água é equivalente ao conteúdo somado de 72 piscinas olímpicas fluindo a cada segundo. Este valor corresponde a aproximadamente 12% da disponibilidade mundial de recursos hídricos, que é de 1,5 milhões de m3/s. O Gráfico 1 apresenta a distribuição de água doce superficial no mundo. P á g i n a | 17 Gráfico 1: Distribuição da água doce superficial no mundo. Fonte: Adaptado de UNESCO. Levando em consideração a distribuição de água doce superficial no continente americano, a representatividade do Brasil atinge uma porcentagem muito maior, de 28%, como pode ser observado no Gráfico 2. Gráfico 2: Distribuição da água doce superficial no continente americano. Fonte: Adaptado de UNESCO. Apesar de possuir, em valores globais, uma grande oferta de recursos hídricos superficiais, em uma avaliação da oferta e da demanda nacionais pela ANA (2010), P á g i n a | 18 buscando verificar as condições de cada manancial e o sistema produtor para atender às demandas hídricas da população urbana para o ano de 2015, os resultados globais indicaram que, dos 5.565 municípios brasileiros, 55% deles poderão ter abastecimento deficitário até esse ano, decorrente de problemas com a oferta de água do manancial, em quantidade e/ou qualidade, ou com a capacidade dos sistemas produtores, ou, ainda, por ambas as razões. Além destes munícipios, 9% já requerem novo manancial. A Figura 1 apresenta a uma síntese da relação oferta/demanda em um cenário para 2015. Figura 1: Síntese da Avaliação oferta/demanda de água para 2015. Fonte: Adaptado de ANA, 2010. Os resultados desse cenário para cada região geográfica do país apresentam acentuada diferença entre suas regiões, como pode ser observado na Tabela 1. Em território P á g i n a | 19 nacional, por exemplo, 1068 sedes urbanas no Nordeste necessitam ampliação do sistema de abastecimento de água, enquanto este número é de apenas 168 na região Centro Oeste. Tabela 1: Resultados da etapa de avaliação oferta/demanda para 2015. Fonte: ANA, 2010. Os avanços acelerados nos processos de industrialização e urbanização das sociedades têm repercussões sem precedentes sobre a quantidade e a qualidade de água. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (1998), os principais problemas referentes ao setor de abastecimento de água nas Américas são: • instalações de abastecimento público ou individual em mau estado, com deficiências nos projetos ou sem a adequada manutenção; • deficiência nos sistemas de desinfecção de água destinada ao consumo humano; • contaminação crescente das águas superficiais e subterrâneas decorrente da deficiente infraestrutura de sistema de esgotamento sanitário, ausência de sistema de depuração de águas residuárias, urbanas e industriais e inadequado tratamento dos resíduos sólidos. P á g i n a | 20 3.2 CONSUMO DE ÁGUA RESIDENCIAL O ser humano necessita de certa quantidade de água potável para sua sobrevivência. De acordo com a ONU, essa quantidade é de aproximadamente 21 litros por pessoa por dia. O acesso à água torna-se cada vez mais difícil, especialmente pelo fato do homem contaminar, em suas diversas formas, a pequena parcela de água que se tem disponível. O consumo varia de local para local. Segundo Rocha (1999), nas capitais brasileiras, o consumo médio é da ordem de 300 a 450 litros por dia, usando-se a água para todos os serviços. De acordo com Gonçalves (2009), o consumo de água residencial pode constituir mais da metade do consumo total de água nas áreas urbanas. Na região metropolitana de São Paulo, o consumo de água residencial corresponde a 84,4% do consumo total urbano, incluindo também o consumo em pequenas indústrias. Na cidade de Vitória, a porcentagem desse consumo é bem similar, correspondendo a aproximadamente 85% desse total (RODRIGUES, 2005). 3.2.1 Distribuição de Consumo Residencial O consumo de água residencial inclui tanto o uso interno quanto o uso externo a residências. Os usos de água internos distribuem-se em atividade de limpeza e higiene, enquanto que os usos externos ocorrem principalmente devido à irrigação, lavagem de veículos, piscinas e jardim, entre outros. Estudos realizados no Brasil e no exterior mostram que dentro de uma residência o maior consumo de água concentra-se na descarga dos vasos sanitários, na lavagem de roupas e nos banhos. Em média, 40% do total de água consumida em uma residência são destinados aos usos não potáveis. (GONÇALVES, 2009) A título de ilustração, o Gráfico 3 apresenta a distribuição do consumo de água em algumas residências brasileiras: P á g i n a | 21 Gráfico 3: Distribuição do consumo de água nas residências brasileiras. Fonte: Adaptado de HAFNER, 2007. A água destinada ao consumo humano pode ter dois fins distintos: • potáveis – higiene pessoal, ingestão e preparação de alimentos (usos de água com rigoroso padrão de potabilidade, conforme estabelecido na legislação aplicável); • não potáveis – lavagem de roupas, carros, irrigação de jardins, descarga de vasos sanitários, piscinas, calçadas, entre outros. (GONÇALVES, 2009) Segundo Oliveira (2007) a bacia sanitária é apontada em geral como uma das maiores responsáveis pelo consumo de água em edifícios residenciais, com uma participação superior a 20%. 3.2.2 Perfil de Consumo Residencial De acordo com o Gonçalves (2009), perfil de consumo residencial de água é o consumo total de água desagregado segundo os diferentes pontos de utilização em uma edificação. O perfil de consumo, em sua forma mais completa, compreende o conhecimento da quantidade e da qualidade das águas consumidas nos usos prediais individualizados, por isso a sua crucial importância na aplicação de ações de conservação da água em residências. Os diferentes usos têm sido denominados também usos finais (DEOREO, 2000) para enfatizar que se trata da utilização no ponto de uso interno à edificação como, por P á g i n a | 22 exemplo, água utilizada para descarga sanitária, água usada para lavagem de roupas em tanques e água para preparação de alimentos. Um dos trabalhos precursores sobre o perfil do consumo e os usos finais da água em residências foi realizado nas cidades inglesas de Malvern e Mansfield, cujos resultados apresentaram o consumo doméstico de água em seus usos característicos. (BARRETO, 2008) Os exemplos estabelecidos (THACKRAY et al. 1978; DEOREO, 2006) mostram que os perfis de consumo de água são bastante dependentes de fatores culturais. Estes se refletem na forma de construir o edifício e os sistemas de abastecimento, e no comportamento pessoal, ditado por hábitos, tradições e religião, entre outras características. Os seguintes fatores devem ser levados em conta na realização de estudos que visem à determinação do perfil do consumo residencial: • número de habitantes da residência e tempo de permanência durante os dias da semana; • área construída e número de aparelhos sanitários disponíveis; • características técnicas do serviço público e predial de abastecimento • clima da região; • características culturais da comunidade; • perdas e desperdícios nos usos e nas instalações prediais; • renda familiar; • valor da tarifa de água. É importante ressaltar que não se deve transpor ou extrapolar sem bases bastante criteriosas as informações relativas aos perfis de consumo de outras regiões e países. O conhecimento do perfil do consumo tem importância central, pois descreve o quadro abrangente sobre o qual poderá ser elaborado um programa de gerenciamento da água e energia do edifício, permitindo o estabelecimento de ações racionalizadas visando à máxima conservação, segundo uma visão sistêmica. (GONÇALVES, 2009) P á g i n a | 23 3.2.3 Indicadores de Consumo Residencial Segundo o Manual de Indicadores Ambientais do Sistema FIRJAN (2008), indicadores de desempenho ambiental são parâmetros que fornecem informações ambientais relativas a uma atividade ou cenário, possibilitando a realização de análises, conclusões e tomadas de decisão estratégicas. Estes indicadores permitem avaliar, comparativamente, o desempenho ambiental de uma organização com os diferentes aspectos ambientais, como o consumo de água, de energia elétrica e a geração de resíduos. O indicador mais comum concernente ao uso da água em áreas urbanas é o consumo diário per capita, em geral expresso em litros por habitante por dia (L/pes.dia). Este indicador é essencial em projetos de sistemas de abastecimento de água. Na Tabela 2, são apresentados os indicadores de consumo de água per capita encontrados por diversos autores. Tabela 2: Indicadores de consumo per capita de água encontrados na literatura. P á g i n a | 24 3.3 CONSERVAÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL EM EDIFICAÇÕES A preocupação com a redução do consumo de água nas regiões metropolitanas e o consequente aumento dos custos de produção e distribuição de água para o abastecimento das grandes cidades têm mobilizado os governos brasileiros, tanto no âmbito federal como no estadual e municipal, e a sociedade organizada na busca de soluções alternativas que minimizem a aplicação de procedimentos indesejáveis de racionamento e que propiciem o fornecimento urbano de água conforme os princípios de desenvolvimento sustentável. (GONÇALVES, 2007) Objetivando o restabelecimento do equilíbrio entre oferta e demanda de água e visando garantir a sustentabilidade do desenvolvimento econômico-social, é necessário que métodos e sistemas alternativos modernos sejam convenientemente desenvolvidos e aplicados em função de características de sistemas e centros de produção específicos. (ANA, 2005) Segundo Santos (2002), as ações de uso racional têm o enfoque na demanda, objetivando o combate ao desperdício quantitativo, como por exemplo a utilização de equipamentos sanitários economizadores de água, o incentivo à adoção da medição individualizada e a detecção e controle de perdas de água no sistema predial. Já a conservação da água possui o enfoque tanto na demanda quanto no consumo. Dessa forma, ela visa, além de envolver as ações de uso racional, à utilização de fontes alternativas àquelas normalmente disponibilizadas às habitações. Dentre tais ações, destacam-se a água cinza, a água de chuva, a água subterrânea e a água distribuída por caminhões pipa. A conservação de água envolve, portanto, a adequação da demanda e a utilização de ofertas alternativas de água, que empregam água menos nobre para fins menos nobres. No cenário nacional, programas de conservação de água vêm sendo implantados desde 1997, como o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de água (PNCDA), que apoia projetos de combate ao desperdício de água; o Programa Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos / Semi-árido (PROÁGUA/ Semi-árido) que tem por objetivo o incentivo a captação de água de chuva no semi-árido brasileiro; e o Programa de Pesquisa em Saneamento (PROSAB) , que apoia o desenvolvimento de P á g i n a | 25 pesquisas e o aperfeiçoamento de tecnologias nas áreas de abastecimento, águas residuárias e resíduos sólidos de fácil aplicabilidade, baixo custo de implantação, operação e manutenção e que propiciem a melhoria das condições de vida da população brasileira, em especial as classes menos favorecidas. A implantação de programas de conservação de água em edifícios vem crescendo nos últimos anos, envolvendo entidades públicas e privadas e induzindo o desenvolvimento de novas metodologias e tecnologias. Entre as principais medidas de conservação do uso da água, destacam-se a medição individualizada, a utilização de dispositivos economizadores e as fontes alternativas de água, além da conscientização da população. 3.3.1 Aparelhos Economizadores Os principais objetivos dos dispositivos economizadores são propiciar menor consumo, melhor desempenho e menor influência da ação do usuário na economia de água. Dessa forma, há a redução do consumo de água independentemente da ação do usuário ou da sua disposição em mudar de comportamento para reduzir tal consumo. De acordo com o Manual de Conservação e Reuso de Água em Edificações (FIESP, 2005), as especificações técnicas dos componentes economizadores de água devem ser realizadas considerando-se as algumas questões: pressão hidráulica disponível nos pontos de utilização; conforto do usuário; higiene; atividade do usuário; risco de contaminação; facilidade de manutenção e instalação; avaliação técnico-econômica e vandalismo. Atualmente, existe uma série desses dispositivos disponíveis no mercado, como bacias sanitárias de volume reduzido de descarga ou com duplo acionamento (3 ou 6L), arejadores, dispositivos direcionadores de jato, torneira de acionamento hidromecânico, torneira com funcionamento por sensor de presença, dentre outros. A Figura 2 apresenta alguns desses dispositivos. P á g i n a | 26 Figura 2: Exemplos de equipamentos economizadores. A: Torneira acionada por sensor de presença; B; Torneira com fechamento automático; C: Redutores de Vazão; D: Vaso sanitário com caixa acoplada Fonte: DECA, 2010. De acordo com pesquisas realizadas por um fabricante desses produtos economizadores – a DECA, o uso de torneiras com acionamento hidromecânico gera uma economia de água de até 55% e no caso do uso de torneiras eletrônicas com sensor de movimento a economia aumenta para até 75%. Para o caso de válvulas de mictórios o fabricante garante até 80% de economia, quando comparado aos produtos convencionais. (DECA, 2010) Segundo Hafner (2007), alternativas tecnológicas para o mesmo fim são mais comuns em outros países, como o sistema microflush, utilizado nos Estados Unidos, que reduz o consumo doméstico nas bacias sanitárias em até 40% pela utilização de um alçapão no fundo do vaso que potencializa o fluxo e a limpeza da bacia. No Manual da FIESP (2005) existem alguns estudos de caso que retratam a economia de água através da implantação de alguns desses tipos de aparelhos. Um dos estudos de caso é referente à aplicação de registros restritores de vazão em um edifício residencial e em um hotel de São Paulo. Eles proporcionaram a redução de 73% e 81% do consumo de água, respectivamente. 3.3.2 Medição Individualizada Segundo DESO (2005) pode-se definir medição de água individualizada como a apuração do consumo de forma individualizada, realizada através da adoção de hidrômetros instalados no ramal de alimentação de cada entrada de água na unidade habitacional. São P á g i n a | 27 incorporadas todas as entradas de água da unidade, de forma a permitir a medição real de consumo através de um só ponto de medição e o faturamento individualizado por unidade consumidora. A medição individualizada de água é uma prática conservacionista de excelente aplicabilidade, onde estudos apontam para uma redução de consumo entre 25% a 35% e até mais. Os principais edifícios já construídos têm seus sistemas de medição de água do modo coletivo, no qual a água chega da rede pública, passa pelo hidrômetro principal e segue em direção aos reservatórios. Enquanto neste sistema tradicional existe um único hidrômetro para todos os apartamentos, o sistema de medição individualizada de água em edifícios residenciais consiste na instalação de um hidrômetro para cada apartamento. Segundo Coelho (2007) a medição individualizada é uma das formas mais eficientes de racionalização do uso da água, e, proporciona, além da redução do consumo de água, outros efeitos dessa prática em edificações, como: redução do consumo de energia pela redução do volume de água bombeado, maior facilidade para identificação de vazamentos; maior satisfação do usuário; redução do indicador de inadimplência; redução do volume de efluente de esgotos e o pagamento proporcional aos volumes efetivamente consumidos. 3.3.3 Fontes Alternativas de Água O uso de fontes alternativas se apresenta como uma opção ecologicamente correta e dentro dos princípios do desenvolvimento sustentável para suprir demandas de água menos nobres, e isso se pode dar através do reuso de efluentes domésticos tratados, como a água cinza e/ou o aproveitamento da água de chuva. Conceitualmente, as fontes alternativas de água são fontes opcionais àquelas normalmente disponibilizadas às habitações (água potável), destacando-se dentre elas a água cinza, a água de chuva, a água subterrânea, a água mineral envasada e a água distribuída em caminhões pipas (BAZZARELLA, 2005). Os estudos de caracterização do consumo de água potável em residências brasileiras preveem uma estimativa de economia P á g i n a | 28 de água variando entre 15% a 30%, caso seja implementado o aproveitamento de fontes alternativas (GONÇALVES et al, 2006). No Brasil estas fontes são aquelas não inseridas no sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, tais como água do solo, água subterrânea, água de chuva e reuso de efluentes tratados. Além disso, segundo Rebouças (2004), o grande desafio, tanto da sociedade, quanto do seu meio técnico é mudar a ideia tradicional, historicamente adquirida, de que a única solução para os problemas locais e ocasionais de escassez de água é aumentar sua oferta, mediante a construção de obras grandiosas para captação da água que escoa pelos rios. Os usos considerados como mais viáveis para as águas de fontes alternativas são descargas sanitárias, descargas de mictórios, lavagem de pátios, lavagem de carros e irrigação de jardins. De forma geral, são necessários tratamentos específicos, cujos níveis de sofisticação e de eficiência dependem da qualidade da água e do uso a que esta se destina. No Brasil, a NBR 13.969 (ABNT, 1997) exige a manutenção da qualidade necessária da água de reuso, resguardando-se a saúde pública e liberando dessa forma as águas de melhor qualidade para usos mais nobres, como o abastecimento doméstico. Além disso, para que a utilização de fontes alternativas de água nas edificações se consolide como uma prática usual de conservação no Brasil faz-se necessário: (GONÇALVES et al, 2006) • Divulgação permanente de experiências e dos mais recentes desenvolvimentos tecnológicos. • Disponibilização de serviços e equipamentos compatíveis com o mercado habitacional brasileiro. Embora aporte um impacto significativo na redução dos consumos de água e de produção de águas residuárias, o aproveitamento de fontes alternativas em uma edificação demanda um investimento significativo para instalação dos componentes do sistema. Devem ser considerados uma rede de abastecimento dupla, dois reservatórios de água (um potável e P á g i n a | 29 um não potável) e um sistema para tratamento da água não potável antes do uso. Os custos de investimento, de operação e de manutenção dependem do tipo de instalação e das condições locais. No que se refere à funcionalidade da edificação, o uso de fontes alternativas não implica em grandes modificações, a não ser a manutenção dos sistemas de tratamento e de armazenamento (GONÇALVES et al,2006). Outro aspecto importante refere-se à aceitação social da medida, que pode não ser muito positiva devido à resistência natural que as pessoas experimentam quando se trata de contato direto ou indireto com águas residuárias de qualquer natureza. A aceitação social do reuso de água é inversamente proporcional à probabilidade de contato humano e ingestão. A utilização da água de chuva como fonte alternativa trata-se de uma das soluções mais simples e baratas para preservar a água potável. Ela é viável principalmente nas regiões onde o regime pluviométrico é generoso em termos quantitativos e distributivos ao longo do ano (GONÇALVES et al, 2006). A utilização de água de chuva faz parte da gestão moderna de grandes cidades e de países desenvolvidos. Vários países europeus e asiáticos utilizam amplamente a água da chuva nas residências para usos que não requerem qualidade de água potável, como a descarga de vasos sanitários, a lavagem de roupas, calçadas e carros e a rega de jardins (MAY, 2004). Deve-se considerar ainda que a utilização destas fontes requer autorização do poder público, deixando os usuários sujeitos à cobrança pelo uso da água, bem como às sanções pelo uso inadequado, ou pela falta da outorga e licenças cabíveis. Nesse sentido, recomenda-se que no meio urbano a decisão de utilizar fontes alternativas de água passe prioritariamente pelo critério de menor impacto ao meio ambiente, buscando-se utilizar a água que está disponível naturalmente e sem intervenção direta nos mananciais ou aquela que é oferecida de forma responsável pelos órgãos públicos. (FIESP, 2005) P á g i n a | 30 3.3.4 Reuso de Água De acordo com Mancuso & Santos (2003), o reuso de água pode ser definido como um aproveitamento de águas anteriormente utilizadas, para atender demandas de outras atividades ou de seu uso original. O reuso parte do princípio que não é toda a água demandada nos edifícios que carece ser potável, dessa forma, ocorre à conservação de água de melhor qualidade para fins potáveis e uma diminuição da produção de águas residuárias. Para a reutilização de tais águas, é necessário que essas sejam recolhidas e tratadas separadamente, facilitando a caracterização e a eficiência da reciclagem da água. (OTTERPHOL, 2001). Segundo Peters (2006), a prática do reuso diminui o volume de águas residuárias lançadas no solo e na rede pública. Essas águas, tratadas, podem ser utilizadas para atender fins potáveis e não potáveis. Para os usos potáveis necessita-se de um padrão de qualidade elevado e, por consequência, controle e tratamento expressivos, o que eleva o custo e pode até inviabilizar o uso. Todavia, os usos não potáveis viabilizam esta prática, pois exigem menor qualidade em seu tratamento. A caracterização dos diferentes tipos de águas residuárias é de fundamental importância para o sucesso dos projetos de reuso. Segundo Ersey et al (1998), o esgoto sanitário gerado nas residências pode ser segregado da seguinte forma: • Águas negras: efluente proveniente das bacias sanitárias, incluindo fezes, urina e papel higiênico, principalmente. • Águas marrons: representadas por grandes quantidades de fezes e papel higiênico; • Águas cinza: águas servidas provenientes dos diversos pontos de consumo na edificação; excetua‐se o efluente proveniente do vaso sanitário; e • Águas amarelas: águas contendo somente a urina, ou uma mistura de urina e água. Quanto mais informações se obtiverem do efluente, melhor se poderá caracterizá-lo e, assim, escolher o tratamento mais adequado, atendendo aos requisitos de qualidade exigidos para o reuso que se deseja. P á g i n a | 31 O conceito de saneamento ecológico é baseado no princípio de separação dos fluxos dos diferentes tipos de efluentes domésticos, de acordo com suas características, visando reutilizá-los ou minimizá-los para reduzir sua liberação ao meio ambiente. A Figura 3 apresenta um esquema que inclui os elementos do saneamento ecológico (as águas residuárias residenciais segregadas, a água de chuva e os resíduos orgânicos), alguns de seus respectivos tratamentos e possíveis usos posteriores. Figura 3: Separação dos elementos do saneamento ecológico e exemplos de possíveis tratamentos e utilizações. Fonte: Adaptado de UNESCO/IHP & GTZ, 2006. P á g i n a | 32 4 MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi realizada mediante o monitoramento do consumo de água e produção de esgoto em uma edificação residencial multifamiliar dotada de reuso de águas cinza‐claras em descarga de bacias sanitárias, localizada no bairro da Praia do Canto, Vitória, Espírito Santo. 4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA O presente trabalho fez parte do projeto de pesquisa “Desenvolvimento de subsídios técnicos para a consolidação da prática do reuso de águas cinza nas edificações brasileiras” da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), financiado pelo Edital Nº 021/2009 do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Este projeto de pesquisa é uma parceria da Universidade com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e com o Fundo Setorial de Recursos Hídricos (CT‐HIDRO). Os dados utilizados neste trabalho foram obtidos através do monitoramento de uma edificação residencial multifamiliar dotada de um sistema de reuso de águas cinza realizado no período de 14 de julho de 2010 a 31 de maio de 2011 pelo Núcleo de Bioengenharia Aplicada ao Saneamento da UFES. O desenvolvimento desta pesquisa se deu, resumidamente, conforme a sequência descrita a seguir, fluxograma ilustrado na Figura 4. P á g i n a | 33 Figura 4: Fluxograma de desenvolvimento da pesquisa. Fonte: Aguiar, 2011. P á g i n a | 34 4.2 4.2.1 CARACTERÍSTICAS DO EDIFÍCIO MONITORADO Características Gerais A edificação multifamiliar utilizada para o desenvolvimento desta pesquisa experimental foi um edifício (Figuras 5 e 6), localizado na Rua Moacyr Avidos, Praia do Canto, bairro de classe média alta da cidade de Vitória - ES. Esta é uma edificação residencial da categoria luxo, ocupado desde julho de 2007, sendo uma das primeiras edificações com sistema de reuso de águas cinza para descarga das bacias sanitárias no Estado do Espírito Santo (GONÇALVES et al., 2007). Figura 5: Edifício monitorado. Figura 6: Área de lazer do edifício. A edificação possui 19 pavimentos: 17 pavimentos de apartamentos – um apartamento por andar –, 1 subsolo, 1 pavimento térreo e 1 pavimento de pilotis totalizando 5.543,52 m² de área construída e 2.703,85 m² de área computável. No subsolo, encontram-se: a estação de tratamento de águas cinza (ETAC) ilustrada na Figura 7, o reservatório inferior de água potável (RIAP) e o reservatório inferior de água de reuso (RIAR), visualizados na Figura 8, com área permeável de 66,40 m² e garagem com 30 vagas. P á g i n a | 35 Figura 7: Vista geral da ETAC, no subsolo. Figura 8: Vista geral das cisternas e da ETAC. A área do térreo é de 744,39 m², das quais 91,33 m² são permeáveis, nele se encontram a entrada principal, recepção, portaria e garagem com 27 vagas. No pavimento de pilotis (744,85 m²), estão localizadas a área de lazer e área de serviço. A primeira conta com piscina, sauna, sala de repouso, churrasqueira, quadra esportiva, além de salão de festas, lavabo masculino e feminino. Enquanto a segunda é destinada aos funcionários do condomínio e conta com copa, banheiro e depósito. Cada pavimento destinado aos apartamentos possui área total de 220,92 m², com 159,05m² de área computável. Cada apartamento possui: varanda, 4 banheiros, 1 lavabo, 4 quartos, sala, copa, cozinha, área de serviço e dependência de serviço, conforme apresenta a Figura 9. P á g i n a | 36 Figura 9: Planta humanizada sem escala de pavimentos. Fonte: Aguiar, 2011. 4.2.2 Sistema Hidrossanitário O edifício monitorado possui duas fontes de suprimento de água: a primeira é fonte de água potável, fornecida pela concessionária, a segunda é fonte alternativa de água, não potável, denominada água de reuso. As fontes são encaminhadas por três subsistemas prediais independentes de distribuição de água: o subsistema de distribuição de água de reuso, o subsistema de distribuição de água fria potável e o subsistema de distribuição de água quente potável. A edificação possui também aquecimento de água coletivo e centralizado realizado através de painéis solares instalados na cobertura. Quando necessário, o aquecimento pode ser feito por gás. O edifício ainda dispõe de algumas medidas de uso racional de água, como a medição individualizada e o uso de equipamentos economizadores como aeradores de torneiras e bacias sanitárias com caixa acoplada. A Tabela 3 apresenta os pontos de consumo de água fria potável (AFP), água quente potável (AQP) e de água de reuso (AR) em cada pavimento e seus respectivos locais de uso. P á g i n a | 37 Tabela 3: Pontos de consumo de água potável e não potável. Fonte: Aguiar, 2011 O sistema de coleta de efluentes da edificação é composto pela segregação das águas residuárias na fonte. A coleta das águas cinza‐claras (AC claras), provenientes dos chuveiros, tanques, máquinas de lavar roupas (MLR) e lavatórios, é realizada por meio de um tubo de queda específico, conduzida por gravidade à ETAC e as águas são posteriormente transformadas em água de reuso. Os efluentes oriundos de máquinas de lavar louça (MLL) e de pias de cozinhas, denominados de águas cinza‐escuras (AC escuras), são coletados pela rede predial de coleta de águas negras (AN), junto com os efluentes de bacias sanitárias (AN), e então direcionados para a rede pública de coleta de esgoto. A Figura 10 apresenta o esquema de distribuição de água potável e de água de reuso no edifício, além da coleta segregada dos efluentes. P á g i n a | 38 Figura 10: Esquema do sistema de coleta e distribuição no edifício. Fonte: Aguiar, 2011 A Tabela 4 apresenta o total de equipamentos hidrossanitários alimentados por água potável (AP) e por água de reuso (AR), além dos equipamentos que geram o efluente reutilizado. Tabela 4: Total de equipamentos que utilizam água potável ou não potável. Tipo De Água Nº de Equipamentos Hidrossanitários 107 Lavatórios* 71 Chuveiros* 88 Duchas higiênicas 19 Filtros Potável 18 Tanques* 17 MLL 17 MLR* 04 Bacias Sanitárias Reuso (não potável) 85 Bacias sanitárias * Equipamentos cujo efluente é direcionado à ETAC. Fonte: Aguiar, 2011. P á g i n a | 39 4.2.3 Estação de Tratamento de Águas Cinza A Estação de Tratamento de Águas Cinza (ETAC) está localizada no subsolo do edifício, ocupando uma área total de 12 m², incluindo circulação, e é constituída por seis módulos com dimensões individuais de 1,0x1,0x2,2m (base x largura x altura), 2 bombas de recirculação de lodo, compressor de ar e um sistema de filtração (GONÇALVES et al., 2007). Na ETAC, o efluente inicialmente passa pela caixa de entrada (Figura 11), a qual tem como função reter os sólidos presentes na água cinza bruta e controlar a vazão na entrada da estação, direcionando o excesso para a rede coletora de esgoto. A caixa de entrada possui, no seu interior, dois vertedores reguláveis de 100 mm de diâmetro do tipo tulipa (Figura 12). A água a ser tratada é convergida em uma das tulipas e direcionada para a ETAC, enquanto a água excedente da demanda é convergida na outra tulipa, sendo direcionada para a rede pública de coleta de esgoto. O controle da vazão é realizado através do ajuste da altura das tulipas. Figura 11: Caixa de distribuição de águas cinza. Figura 12: Tulipas da caixa de entrada. Posteriormente, o efluente é conduzido na seguinte ordem: pelos três compartimentos presentes no Reator Anaeróbio Compartimentado (RAC) , Filtro Biológico Aerado Submerso (FBAS), Decantador Secundário (DEC), Tanque de Equalização (TQE), Filtros e Desinfecção por cloração, de acordo com o fluxograma ilustrado na Figura 13. P á g i n a | 40 Figura 13: Fluxograma de funcionamento da ETAC. Fonte: Aguiar, 2011. Realizado o processo descrito acima, a água cinza tratada, que passa a ser denominada água de reuso, é armazenada no reservatório inferior, de onde é bombeada para um reservatório superior, o qual alimentará as bacias sanitárias dos apartamentos. Os reservatórios de água de reuso e de água potável são independentes. Para caso de necessidade ou emergência, foi prevista a reversão do sistema de reuso para o sistema de abastecimento com água potável. P á g i n a | 41 4.3 4.3.1 CONSUMO DE ÁGUA Monitoramento do Consumo de Água Para o monitoramento do consumo de água, foram utilizados os hidrômetros individuais existentes no edifício e novos hidrômetros foram instalados. O hidrômetro da concessionária não foi considerado no sistema de monitoramento, devido a problemas de submedição. Os hidrômetros individuais são ilustrados na Figura 14. Figura 14: Hidrômetros individuais instalados em cada pavimento. O sistema de monitoramento do consumo de água do edifício está detalhado na Tabela 5, que apresenta a identificação de cada um dos dez hidrômetros, sua localização e o parâmetro monitorado. Tabela 5: Hidrômetros que compõem o sistema de monitoramento do consumo de água do edifício. Sigla Identificação Localização Parâmetro monitorado H1 Hidrômetro 1, geral de APQ Tubulação que abastece o sistema central de aquecimento solar de água AQP consumida no edifício H2 Hidrômetro 2, geral de AFP Coluna de distribuição de AFP – alimenta o 19º ao 10º pavimento (pav.). AFP consumida no 19º ao 10º pav. H3 Hidrômetro 3, geral de AFP Coluna de distribuição de AFP – alimenta o 9º pavimento ao subsolo. AFP consumida no 9º pav. ao subsolo H4 Hidrômetro 4, geral de água de reuso (AR) Coluna de distribuição de AR – abastece as bacias sanitárias (BS) do banheiro conjugado e do banheiro da suíte de casal do 19º ao 10º pavimento. H5 Hidrômetro 5, geral de AR Coluna de distribuição de AR - abastece as BS do banheiro da suíte de solteiro e banheiro de empregada do 19º ao 10º pav. AR consumida pelas BS do banheiro conjugado e do banheiro da suíte de casal do 19º ao 10º pav. AR consumida pelas BS dos banheiros de empregada e da suíte de solteiro do 19º ao 10º pav. P á g i n a | 42 Continuação da Tabela 5: Hidrômetros que compõem o sistema de monitoramento do consumo de água do edifício. H6 Hidrômetro 6, geral de AR Coluna de distribuição de AR - abastece as BS do 9º ao 3º pavimento. AR consumida pelas BS do 9º ao 3º pavimento H7 Hidrômetro 7, geral de AR Coluna de distribuição de AR - abastece as BS do lavabo do 19º ao 10º pav. AR consumida pelas BS do lavabo do 19º ao 10º pavimento H8 Hidrômetro 8, geral de AR Saída do tratamento (ETAC), tubulação que alimenta o reservatório inferior de AR. AR produzida pela ETAC HIF Hidrômetro individual de AFP (17 unidades) Hall de serviço de cada apartamento. AFP consumida em cada ap. HIQ Hidrômetro individual de AQP (17 unidades) Hall de serviço de cada apartamento. AQP consumida em cada ap. Fonte: Aguiar, 2011. A Figura 15 apresenta um esquema da distribuição dos hidrômetros que compõem o sistema de monitoramento de água no edifício. P á g i n a | 43 AFP RSAQ 2 m³ AR LEGENDA: RSAQ 2 m³ AFP – Água fria potável; H1 Gás RSAQ AQP – Água quente potável; RSAR 1,2 m³ AQP RSAFP C = 13,50 m³ R.T.I. = 7,5m³ AQP RSAFP RSAFP RSAFP H2 C – Consumo; RSAR H3 ETAC – Estação de tratamento de águas cinza; H7 H6 AFP Chuveiros Banheiras Lavatórios Usos da água AC claras – águas cinza-claras; H5 0 x17 HIF HIQ x17 AR – Água de reúso; C = 11,80 m³ C = 13,50 m³ R.T.I. = 7,5m³ H Hidrômetro do sistema de monitoramento; H4 MLR Tanques MLL Pias de cozinhas HC Hidrômetro da concessionária não utilizado no sistema de monitoramento; Bacias sanitárias MLL – Máquina de lavar louça; MLR – Máquina de lavar roupa; Efluentes coletados ÁGUAS CINZA-CLARAS AFP ÁGUAS CINZA-ESCURAS R.T.I. – Reserva técnica de incêndio; ÁGUAS NEGRAS AR Hidrômetro Concessionária Excedente à demanda ETAC HC Reversão P/ AFP AR SPA RIAFP RIAFP 10 m³ RIAR REDE DE ESGOTO RSAFP – Reservatório inferior de água fria potável; RSAQ – Reservatório superior de água quente; H8 AFP AFP RIAR – Reservatório inferior de água de réuso; AC claras Destino RIAFP – Reservatório inferior de água fria potável; RIAR 5 m³ RSAR – Reservatório superior de água de reúso; SPA – Sistema público de abastecimento de água, Figura 15: Esquema de distribuição dos hidrômetros que compõem o sistema de monitoramento. Fonte: Aguiar, 2011. O consumo de água foi monitorado por meio de leituras diárias dos hidrômetros da edificação, sempre às 8h, além do levantamento de perfis de consumo 24h. Nestes levantamentos, as leituras dos hidrômetros foram registradas a cada 2h, também com início às 8h. Foram gerados quatro perfis de consumo horário para o dia da semana de maior consumo. O levantamento diário e horário da população do edifício foi monitorado com o auxílio dos porteiros. 4.3.2 Caracterização do Consumo de Água O sistema de medição setorizada do consumo de água permitiu conhecer a distribuição do consumo em cada apartamento, em um conjunto de apartamentos, no uso comum de água P á g i n a | 44 do condomínio e no edifício como um todo. Através das leituras dos hidrômetros de dois dias consecutivos, ou de duas horas consecutivas, pôde-se obter o volume de água consumido no intervalo entre as leituras. De posse desses dados, foram obtidos os consumos diários e os horários de uso de água potável do conjunto de apartamentos, da área comum do edifício, e do edifício como um todo. Em cada apartamento, foi possível obter o consumo de água potável fria e quente, mas não foi possível obter o consumo de água proveniente do reuso, pois os apartamentos não dispõem de micromedidores individuais específicos para esse tipo de água. Foi levantado também o consumo médio por setor da edificação, com base nos consumos diários. A partir de todos esses levantamentos foram construídos gráficos objetivando uma melhor apresentação dos resultados. O detalhamento dos consumos de água monitorados em cada setor do edifício está apresentado na Tabela 6. Tabela 6: Detalhamento dos consumos de água monitorados no edifício. Setor Em cada ap. Aps. Condomínio Edifício Parâmetro monitorado Consumo AQP (CAQP Ap.) Consumo AFP (CAFP Ap.) Consumo AP (CAP Ap.) População (Pop Ap.) Consumo AQP (CAQP Aps.) Consumo AFP (CAFP Aps.) Consumo AR (CAR Aps.) Consumo AP (CAP Aps.) População (Pop Aps.) Consumo AFP (CAFP Condomínio) Consumo AQP (CAQP) Consumo AFP (CAFP) Consumo AR (CAR) Produção de AR (PAR) Consumo AP (CAP) Consumo AT (CAT) População (Pop) Forma de obtenção do parâmetro Volume registrado pelo HIQ Volume registrado pelo HIF HIQ + HIF Registrado pelos porteiros. Volume registrado pelo H1 H2 + ∑HIF(9º ao 3º pav.) H4 + H5 + H6 + H7 CAQP Aps. + CAFP Aps. Registrado pelos porteiros. CAFP - CAFP Aps. Tempo decorrido entre registros 24 h (∆Tmonit. diário) 2 h (∆Tmonit. 24 h) Volume registrado pelo H1 Volume registrado por H2 + H3 H4 + H5 + H6 + H7 Volume registrado pelo H8 H1+H2+H3 H1 + H2 + H3 + H4 + H5 + H6 + H7 Registrado pelos porteiros. ∆Tmonit. diário – intervalo de tempo entre as leituras no monitoramento diário; ∆Tmonit. 24 h – intervalo de tempo entre as leituras no monitoramento 24 h ; RIAR – Reservatório inferior de água de reuso Fonte: Aguiar, 2011. P á g i n a | 45 Por meio dos consumos diários do edifício no período monitorado, pode-se determinar o coeficiente do dia de maior consumo do período monitorado (1) a partir da Equação 1. (VON SPERLING, 2005). 1 = (1) Onde, 1é o coeficiente do dia de maior consumo no ano; é a vazão diária máxima do período monitorado (L/d); e é a vazão diária média do período monitorado (L/d). 4.3.3 Cálculo dos Indicadores O indicador de consumo de água per capita ( )é definido como o volume de água consumido por pessoa por dia, calculado a partir da Equação 2 (FIESP, 2005). = (2) Em que, é o indicador de consumo per capita de água (L/pes.d); é o consumo diário médio de água do edifício (L/d); e é a população (moradores e funcionários) do edifício (pes). Os indicadores de consumo per capita de AQP, de AFP, de AP, de AR e de AT foram calculados pela variação dos respectivos consumos de água na Equação 2. O indicador de consumo de água por dormitório (ó )é definido como o volume de água consumido por dormitórios por dia, calculado a partir da Equação 3. (PERTEL, 2009). P á g i n a | 46 ó = !" (3) Sendo, ó é o indicador de consumo de água por dormitório (L/dormitório.d); é o consumo diário médio de água do edifício (L/d); e #$%&'% é o número de dormitórios do edifício (dormitório). Os indicadores de consumo por dormitório de água potável, de água de reuso e de água total foram calculados a partir da Equação 3, variando-se os respectivos consumos de água. O indicador de consumo de água por área (á )é definido como o volume de água consumida por área computável por dia, calculado a partir da Equação 4. á = ) (4) Onde, á é o indicador de consumo de água por área (L /m2.d); é o consumo diário médio de água do edifício (L/d); e %* é a área computável dos apartamentos (m2). Os indicadores de consumo por área de água potável, de água de reuso e de água total foram calculados a partir da Equação 6, variando-se os respectivos consumos de água. 4.3.4 Avaliação do Impacto de Redução do Consumo de Água A avaliação do impacto de redução do consumo de água potável no edifício monitorado foi realizada por meio da análise dos indicadores de consumo per capita de água potável P á g i n a | 47 e de água total. Através da setorização do consumo de água, foi possível realizar o levantamento desses indicadores, o que permitiu o conhecimento dos consumos de água potável, de água de reuso e total em separado. Tais consumos serviram de base para o cálculo do IR, que corresponde à porcentagem de água potável economizada em virtude do reuso. O IR foi calculado conforme Equação 5, baseada no Manual de Conservação e Reuso de Água em Edificações elaborado pela ANA e FIESP (2005). + = ,-./ 01/23 4,-5/ 01/23 ,-./ 01/23 6100(%) (5) Onde: + é o impacto de redução do consumo de água potável por pessoa (%); :; é o indicador de consumo per capita de água total (L/pes.d); e : é o indicador de consumo per capita de água potável (L/pes.d). 4.4 PRODUÇÃO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS 4.4.1 Monitoramento das Vazões de Águas Residuárias Para o monitoramento das vazões de águas cinza escuras e negras na edificação, foi instalado um sistema de medição de esgoto do tipo calha parshall (SPC), equipado com um sensor de nível ultrassônico e um conversor microprocessador, os quais fornecem a totalização do volume escoado e a indicação instantânea de vazão, conforme detalhado a seguir (PEREIRA e SASAKI, 2002): • Calha parshall (instrumento primário): dispositivo para medição de vazão em um canal aberto com dimensões padronizadas. O líquido é forçado por uma garganta estreita, e seu nível à montante da garganta é o indicativo da vazão a ser medida, através de fórmula consagrada; • Sensor de nível (instrumento secundário): transdutor ultrassônico que emite uma onda sonora que atinge a superfície do material e é refletida como um eco. O tempo de trânsito ou retorno é medido, e a distância ao objeto refletor é convertida P á g i n a | 48 eletronicamente em uma indicação de distância que é, posteriormente, convertida em nível, vazão ou em outros parâmetros desejados; e • Conversor (instrumento secundário): dispositivo microprocessador que recebe sinal do sensor de nível (medição da altura da lâmina) e, em função das características da calha, converte o sinal em vazão e totalização de volume, A calha parshall (Figura 16), em fibra de vidro e com a largura de garganta de 1”, foi instalada antes da ligação à rede coletora, na última caixa de inspeção do sistema predial. O sensor de nível ultrassônico (Figura 16) foi instalado em local protegido contra intempéries, no trecho convergente a dois terços da garganta estreita da calha parshall, em suporte metálico, devidamente nivelado e centralizado no eixo da calha, conforme determinado pelo fabricante. O conversor (Figura 17) foi instalado no hall de serviço, localizado no térreo da edificação. Figura 16: Calha Parshall e sensor de nível ultrassônico. Figura 17: Conversor. Para o monitoramento das águas cinza‐claras produzidas além da demanda, um hidrômetro foi instalado na tubulação que direciona as águas cinza‐claras excedentes da demanda para a rede coletora de esgoto. Essa tubulação encontra-se após a tulipa de extravasamento localizada na caixa de distribuição de águas cinza da ETAC. O sistema de monitoramento de vazões de esgoto instalado no edifício é apresentado na Tabela 7, contendo a identificação e localização de cada equipamento e os parâmetros monitorados por eles. P á g i n a | 49 Tabela 7: Equipamentos que compõem o sistema de monitoramento de vazões de esgoto. Sigl a Identificação H4 Hidrômetro 4, geral de água de reuso (AR) H5 Hidrômetro 5, geral de AR H6 Hidrômetro 6, geral de AR H7 Hidrômetro 7, geral de AR H8 Hidrômetro 8, geral de AR H9 Hidrômetro 9, geral de águas cinza-claras (ACclaras) bruta SCP Sistema de medição de esgoto tipo calha parshall Localização Coluna de distribuição de AR, abastece as bacias sanitárias (BS) do banheiro (banh.) conjugado e do banh. da suíte de casal do 19º ao 10º pavimento (pav.). Coluna de distribuição de AR, abastece as BS do banh. da suíte de solteiro e banh. de empregada do 19º ao 10º pav. Coluna de distribuição de AR, abastece as BS do 9º ao 3º pav. Coluna de distribuição de AR, abastece as BS do lavabo do 19º ao 10º pav. Saída do tratamento (ETAC), tubulação que alimenta o reservatório inferior de AR. Subsolo, ETAC, hidrômetro instalado na tubulação que direciona as AC claras excedentes a demanda para a rede coletora de esgoto (RCE). Pav. térreo, sistema instalado na última caixa de inspeção do sistema predial, antes da ligação à RCE Parâmetro monitorado AR consumida pelas BS do banh. conjugado e do banh. da suíte de casal do 19º ao 10º pav. AR consumida pelas BS do banh. da suíte de solteiro e banh. de empregada do 19º ao 10º pav. AR consumida pelas BS do 9º ao 3º pavimento AR consumida pelas BS do lavabo do 19º ao 10º pav. AR produzida pela ETAC ACclaras excedentes da demanda, direcionadas para a RCE Águas negras (AN) e águas cinzaescuras (AC escuras) Fonte: Aguiar, 2011. A Figura 18 apresenta um esquema da distribuição dos medidores das vazões de esgoto que compõem o sistema de monitoramento das águas residuárias na edificação. P á g i n a | 50 AFP RSAQ 2 m³ AR LEGENDA: RSAQ AFP – Água fria potável; Gás RSAQ 1,2 m³ 2 m³ AQP – Água quente potável; RSAR AQP RSAFP C = 13,50 m³ R.T.I. = 7,5m³ AQP RSAFP RSAFP RSAFP AR – Água de reúso; C = 11,80 m³ C = 13,50 m³ R.T.I. = 7,5m³ C – Consumo; RSAR ETAC – Estação de tratamento de águas cinza; H7 H6 AFP Chuveiros Banheiras Lavatórios Usos da água AC claras – águas cinza-claras; H5 0 H Hidrômetro do sistema de monitoramento; H4 MLR Tanques MLL Pias de cozinhas HC Hidrômetro da concessionária não utilizado no sistema de monitoramento; Bacias sanitárias MLL – Máquina de lavar louça; MLR – Máquina de lavar roupa; Efluentes coletados ÁGUAS CINZA-CLARAS AFP ÁGUAS CINZA-ESCURAS H9 R.T.I. – Reserva técnica de incêndio; ÁGUAS NEGRAS AR SC P RIAFP – Reservatório inferior de água fria potável; RIAR – Reservatório inferior de água de réuso; RSAFP – Reservatório inferior de água fria potável; AC claras Destino Excedente à demanda ETAC REDE DE ESGOTO HC Reversão P/ AFP H8 AFP RSAR – Reservatório superior de água de reúso; SPA – Sistema público de abastecimento de água, AR SPA AFP RSAQ – Reservatório superior de água quente; RIAFP RIAFP 10 m³ RIAR RIAR 5 m³ SPC – Sistema de medição de esgoto tipo calha parshall Figura 18: Esquema de distribuição dos medidores que compõem o sistema de monitoramento das águas residuárias. Fonte: Aguiar, 2011. O monitoramento das vazões de águas cinza‐escuras e negras foi realizado de setembro a maio de 2011. Já as vazões de águas cinza‐claras foram monitoradas de dezembro a maio de 2011. O monitoramento foi realizado por meio de leituras diárias dos medidores, sempre às 8h, além do levantamento de perfis 24h, utilizando a mesma metodologia do monitoramento do consumo de água descrito no item 4.3.1. P á g i n a | 51 4.4.2 Caracterização das Vazões de Águas Residuárias Com a instalação do sistema de monitoramento das águas residuárias no edifício, foi possível calcular a produção de águas negras e cinza‐escuras (PAN + ACescuras), a produção total de águas cinza‐claras (PAC claras Total), a produção de águas cinza‐claras excedentes da demanda e lançadas na rede coletora (PAC claras Rede), a produção de esgoto doméstico lançado na rede coletora (EDRede) e a produção total de esgoto doméstico do edifício (EDTotal). O detalhamento das produções de águas residuárias monitoradas no edifício, é apresentado na Tabela 8. Tabela 8: Detalhamento das produções de efluentes monitoradas. Setor Edifíci o Parâmetro monitorado Produção AN + AC escuras (PAN + AC escuras) Produção AC claras Rede (PAC claras Rede) Consumo de AR (CAR) Produção de AC claras Total (PAC claras Total) Produção ED Rede (PED Rede) Produção ED Total (PED Total) População (Pop) Forma de obtenção do parâmetro Tempo decorrido entre registros Volume totalizado registrado pelo SCP Volume registrado pelo H9 H4+H5+H6+H7 H8+H9 24 h (∆Tmonit. diário) 2 h (∆Tmonit. 24 h) H9+SPC H8+H9+SPC Registrado pelos porteiros ∆Tmonit. diário – intervalo de tempo entre as leituras no monitoramento diário; ∆Tmonit. 24 h – intervalo de tempo entre as leituras no monitoramento 24 horas. Fonte: Aguiar, 2011. 4.4.2.1 Produção de águas negras (AN) Como o efluente medido no SPC representa as águas negras em conjunto com as águas cinza-escuras, neste trabalho o volume apenas de águas negras foi calculado em separado, de acordo com a metodologia de Aguiar (2010). Considerando-se que as águas negras são os efluentes provenientes das bacias sanitárias (BS), compostos por água, fezes, urina e papel higiênico, e que, no edifício monitorado, a água de reuso abastece somente as bacias sanitárias dos apartamentos, o cálculo para a produção diária de águas negras dos apartamentos (:<: )foi feito a partir da Equação 6, e para a produção diária de águas negras do edifício (:< ), a partir da Equação 7. :<: = := + {@ABC + 1)DB ] × C } + {@ABH"! + 1)DB ] × H } + (DH × )(6) P á g i n a | 52 Onde, :<: é a produção diária de águas negras dos apartamentos (L/d); := é o consumo diário de água de reuso (L/d); ABC é a frequência diária de uso da BS p urinar por morador na residência (vezes/morador/d); DB é o volume médio de urina excretado por pessoa por ato de urinar (L); C é a população de moradores do edifício (pes.); ABH"! é a frequência diária de uso da BS p urinar por funcionário no trabalho (vezes/funcionário/d); H é a população de funcionários dos apartamentos (pes.); DH é o volume médio de fezes excretado por pessoa por ato de excretar (L); e é a população (funcionários e moradores) do edifício (pes.). -K-/ :< = :<: + @J -/ L H ] (7) Onde, :< é a produção diária de águas negras do edifício (L/d); :<: é a produção diária de águas negras dos apartamentos (L/dia); : é a população de funcionários e moradores dos apartamentos (pes.); e H é a população de funcionários do condomínio (pes.). Para o cálculo da produção de águas negras do edifício em 2 horas (:<*M )foi utilizada a Equação 8. :<*M = :<:*M + NJ Onde, -K-/)O -/)O L H*M P (8) P á g i n a | 53 :<*M é a produção de águas negras em 2 horas do edifício (L/d); :<:*M é a produção de águas negras nos apartamentos em 2 horas (L/dia); :*M é a população de funcionários e moradores dos apartamentos em 2 horas (pes.); e H*M é a população de funcionários do condomínio em 2 horas (pes.). 4.4.2.2 Produção de águas cinza-escuras (ACescuras) A produção diária de águas cinza-escuras (efluentes provenientes de cozinha) foi calculada a partir da Equação 9, e a produção em 2 horas, a partir da Equação 12. :Q"Q = :<R:Q"Q − :< (9) Em que: :Q"Q é a produção diária de águas cinza‐escuras (L/d); :<R:Q"Q é a produção diária de águas negras somadas às águas cinza‐escuras (L/d); e :< é a produção diária de águas negras (L/d). :Q"Q*M = (:<R:Q"Q)*M − :<*M (10) Onde, :Q"Q*M é a produção de águas cinza‐escuras em 2horas (L/2h); (:<R:Q"Q)*M é a produção de águas negras somadas às águas cinza‐escuras em duas horas, medida pelo SCP (L/2h); e :<*M é a produção de águas negras em 2 horas (L/2h). P á g i n a | 54 4.4.3 Cálculo dos Indicadores O indicador de produção per capita de esgoto doméstico (L/pes.d) é definido como o volume de esgoto doméstico produzido por pessoa por dia. Como existe a segregação das águas residuárias no edifício monitorado, os indicadores de produção per capita de águas cinza-claras, águas cinza-escuras e de águas negras foram calculados a partir das Equações 11, 12 e 13, respectivamente. :T = -U1V0 (11) Onde, :TQ é o indicador de produção de águas cinza‐claras per capita (L/pes.d); :TQ é a produção diária média de águas cinza‐claras do edifício (L/d); e é a população (moradores e funcionários) do edifício (pes). :Q" = -U W1X0 (12) Onde, :Q" é o indicador de produção de águas cinza‐escuras per capita (L/pes.d); :Q" é a produção diária média de águas cinza‐escuras do edifício (L/d); e é a população (moradores e funcionários) do edifício (pes). :< = -K Onde, :< é o indicador de produção de águas negras per capita (L/pes.d); :< é a produção diária média de águas negras do edifício (L/d); e é a população (moradores e funcionários) do edifício (pes). (13) P á g i n a | 55 O indicador de produção de esgoto doméstico total per capita na edificação corresponde ao total de esgoto doméstico produzido por pessoa por dia, englobando a parcela de águas cinza-claras reutilizadas, e foi calculado a partir da Equação 14. YZ;T = [\.]3V (14) Onde, YZ;T é o indicador de produção total de esgoto per capita (L/pes.d); YZ;T é a produção diária média de esgoto doméstico total do edifício (L/d); e é a população (moradores e funcionários) do edifício (pes). O indicador per capita de produção de esgoto doméstico lançado na rede coletora de esgoto corresponde ao total de esgoto doméstico produzido por pessoa por dia no edifício, descartando-se a parcela de águas cinza-claras reutilizadas, e foi calculado conforme a Equação 15. YZ= = [\^ (15) Onde, YZ= é o indicador de produção de esgoto per capita lançado na rede coletora (L/pes.d); YZ= é a produção diária média de esgoto doméstico do edifício (L/d); e é a população (moradores e funcionários) do edifício (pes). 4.4.4 Avaliação do Impacto do Reuso na Produção de Esgoto A avaliação do impacto do reuso na redução de esgoto doméstico lançado na rede coletora foi realizada com base nos indicadores de produção per capita de esgoto doméstico total e de esgoto doméstico lançado na rede coletora de esgoto, com 30 dias de P á g i n a | 56 monitoramento. Na situação sem reuso, todo o esgoto produzido é lançado na rede coletora de esgoto. Dessa forma, o impacto de redução do lançamento de esgoto na rede coletora foi calculado a partir da Equação 16. +Y = ,[\.]3V 4,[\^ ,[\.]3V × 100(%) (16) Onde, +Y é o impacto de redução do lançamento de ED na rede (%) YZ;T é o indicador de produção per capita de EDtotal (L/pes.d); e YZ= é o indicador de produção per capita de EDrede (L/pes.d); e 4.5 DETECÇÃO DE VAZAMENTOS A detecção de vazamentos foi realizada através do monitoramento das vazões mínimas noturnas, pelo volume de água consumido das 2h às 4 horas. De acordo com Gonçalves e Alvim (2005), a vazão mínima é um importante indicador de perdas que indicam a existência de consumo noturno ou de vazamentos. 4.6 TRATAMENTO DE DADOS A análise estatística dos resultados foi realizada utilizando-se o software Excel e Minitab 16, para a obtenção da estatística descritiva dos parâmetros analisados (média, mínimo, máximo, desvio-padrão e coeficiente de variação). Foram gerados gráficos do tipo Box Plot para os resultados referentes à variação do consumo ao longo da semana, séries históricas para os dados de consumos e produções diários, gráficos de pizza para a demonstração da distribuição do consumo de água e produção de esgoto na edificação, dentre outros. Eventos extremos, como vazamentos na piscina e entupimento da calha Parshall, que ocasionaram um falso índice de consumo de água e produção de esgoto, foram desconsiderados nos cálculos desta pesquisa. P á g i n a | 57 5 5.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO CONSUMO DE ÁGUA A série histórica do consumo de água da edificação foi obtida por meio do monitoramento diário ao longo de aproximadamente um ano, compreendendo o período de 14 de julho de 2010 a 1º de junho de 2011. O Gráfico 4 mostra o consumo médio de água fria potável (AFP), de água quente potável (AQP), de água de reuso (AR) e também de consumo de água total (AT) do edifício, além da série histórica da população (funcionários e moradores), ao longo dos meses de monitoramento. As interrupções nas séries históricas se devem aos dias não monitorados. Atentando-se às variações no consumo de água nas estações do ano, observa-se que o verão foi a estação que apresentou o menor consumo. Ainda que seja um período de temperaturas mais elevadas nesta região do país, esta redução pode ser explicada em função do período de férias escolares, em que a população do edifício diminui fortemente. Percebe-se um crescimento no consumo de AT nos últimos meses do monitoramento, o que pode ter ocorrido também em função da ocupação de um dos apartamentos que anteriormente estava desabitado. O monitoramento do apartamento em questão iniciou-se em 1º de abril de 2011. Pode-se notar também que o maior pico no consumo de AT ocorreu no final do monitoramento, no dia 30 de maio. Entretanto, o valor observado não se apresenta muito acima da média dos valores máximos de consumo. P á g i n a | 58 Gráfico 4: Série histórica do consumo de água e da população na edificação. P á g i n a | 59 Em oposição à maior estabilidade nos dados de consumo de AR e AQP, é possível notar que o consumo de AFP não segue este mesmo padrão durante todo o período do monitoramento, apresentando diversos picos e vales, assim como a população do edifício. Apesar desta grande variabilidade, é possível observar um comportamento cíclico de picos e vales, provavelmente associados à diminuição do consumo de água nos finais de semana, em que as atividades de limpeza doméstica diminuem em função da redução do número de funcionários. Tal observação pode mais claramente ser visualizada no Gráfico 5, que apresenta a série histórica da população do edifício ao longo do período monitorado. Gráfico 5: Série histórica da população do edifício, com a identificação de moradores e funcionários. A Tabela 9 apresenta uma breve análise estatística dos parâmetros monitorados. Verificou‐se um consumo diário médio de água potável (AP) de 14,30 m3 com um desvio padrão de 3,84. Já o consumo de água diário médio de AR se apresentou bem inferior: 1,84 m3 com um desvio padrão de 0,59. P á g i n a | 60 Tabela 9: Análise estatística do consumo de água. Consumo AFP (m³/d) Consumo AQP (m³/d) Consumo AP (m³/d) Consumo AR (m³/d) Consumo AT (m³/d) Pop (pes) N 303 302 301 304 301 294 Média 9,38 4,92 14,30 1,84 16,05 60 Mínimo 1,13 0,22 1,82 0,21 1,77 12 Máximo 18,45 8,56 25,34 5,59 28,26 75 Mediana 9,59 5,04 14,95 1,83 16,88 63 Desvio padrão 3,04 1,54 3,84 0,59 4,34 11 Coeficiente de variação (%) 32,38 31,26 26,86 31,89 27,02 19 O dia de maior consumo de AQP foi em 15 de outubro, em que foi consumido 8,56 m3,enquanto o dia de menor consumo foi no feriado de Natal, 25 de dezembro. Para o consumo de AFP, 29 de novembro foi o dia de maior consumo (18,45m³) e o menor consumo no dia 8 de março, com um consumo de 1,82m³. Com relação ao pico de consumo de AP e AT, estes se deram no mesmo dia, 30 de maio, apresentando um consumo equivalente a 25,34 e 28,26 m3, respectivamente. O pico de consumo de AR (5,59 m³) foi no dia 10 de maio, e o dia de menor consumo (0,21 m3) ocorreu em 8 de janeiro. Por meio das séries históricas de consumo de água determinou-se os coeficientes do dia de maior consumo (K1) para cada tipo de água, conforme apresenta a Tabela 10. Esses dados são importantes para o dimensionamento de ETAC’s. Tabela 10: Coeficiente de vazão máxima diária. Autor Ano Local AFP AQP AP AR AT K1 K1 K1 K1 K1 1,76 Edificação Esta Pesquisa 2011 Vitória – ES Multifamiliar c/ AR 1,97 1,74 1,77 3,04 Aguiar 2011 Vitória – ES Multifamiliar c/ AR 2,02 1,62 1,66 2,43 1,58 Pertel 2009 Vitória – ES Multifamiliar convencional - - 1,64 - 1,64 Pertel 2009 Vitória – ES Multifamiliar c/ AR - - 2,40 - 2,40 O resultado obtido nesta pesquisa para o K1 de água potável (1,77), mostra‐se superior ao encontrado por Pertel (2009) para um edifício convencional (K1=1,64), e inferior se considerarmos um edifício dotado de reuso, (K1=2,40). Quando comparados aos valores encontrados por Aguiar (2011), os valores encontrados nesta pesquisa mostram-se maiores para o K1 de AQP, AP, AR e AT e menor apenas para o K1 de AFP. P á g i n a | 61 Por meio do monitoramento setorizado do consumo de água no edifício, foi possível separar o consumo em dois setores distintos: apartamentos e área de uso comum do condomínio. A partir do Gráfico 6, observa-se que 90% da água consumida na edificação correspondem ao consumo dos apartamentos, enquanto que 10% correspondem à água consumida na área de uso comum do condomínio. Gráfico 6: Setorização do consumo de água. O Gráfico 7 apresenta a série histórica do consumo de AT do condomínio e dos apartamentos em separado e, ainda, a série histórica do consumo de AT do edifício e da população. Pode-se observar que o consumo de água do condomínio é bem inferior ao consumo de água dos apartamentos. A alternância de picos e vales no consumo de AT do condomínio está associada aos dias de festas ou às manutenções nos sistemas do edifício. P á g i n a | 62 Gráfico 7: Série histórica de consumo de AT do condomínio e dos apartamentos. No Gráfico 8, observa‐se a distribuição do consumo de AP e de AR na edificação, em que se verifica que 89% da água consumida no edifício correspondem a AP, e 11% correspondem a AR. Vale destacar que na edificação em estudo a água de reuso é utilizada somente na descarga de bacias sanitárias dos apartamentos, e que estas possuem caixa acoplada para descarga, o que representa um menor consumo de água quando comparadas aos sistemas convencionais. Gráfico 8: Distribuição do consumo de AP e AR. Analisando a distribuição do consumo de água nos apartamentos (Gráfico 9), verifica-se que em média 54% (7,82 m3/dia) do consumo equivalem à AFP, enquanto o consumo de AQP P á g i n a | 63 atinge 34% (4,92 m3/dia). O consumo médio de água de reuso nos apartamentos é de 12%, o que equivale a 1,77 m3/dia. Gráfico 9: Distribuição do consumo de água nos apartamentos Em um edifício com padrões semelhantes e localizado no mesmo bairro da edificação desta pesquisa, Agostini (2009) encontrou um percentual de 20% de água de reuso consumida nos apartamentos, conforme apresenta a Tabela 11. Barreto (2008), Oliveira (2007) e Cheung et al. (2009) também encontraram um percentual entre 20 e 21% para o consumo de água das bacias sanitárias com caixa de descarga e volume nominal de 6 litros, em relação ao consumo total de água utilizada no interior das residências. Tabela 11: Consumo de água das bacias sanitárias Autor Ano Local Tipo de Edificação Consumo da bacia sanitária em relação ao consumo global da edificação (%) Esta Pesquisa 2011 Vitória Multifamiliar 11 Aguiar 2011 Vitória Multifamiliar 11 Barreto 2008 São Paulo Residencial 20 Agostini 2009 Vitória Multifamiliar 20 Oliveira 2007 São Paulo Multifamiliar 20 Cheung et al. 2009 Florianópolis Multifamiliar 21 O valor encontrado por Aguiar (2011) para a mesma edificação deste estudo é equivalente, atingindo 11%. O baixo percentual encontrado pode ser explicado pelo uso do modelo da bacia P á g i n a | 64 sanitária com caixa acoplada, reduzindo o volume de água utilizado para este fim, e principalmente pelo fato do edifício apresentar o alto consumo de água potável. O Gráfico 10 apresenta as médias mensais dos consumos diários de AFP, AQP e AR nos apartamentos ao longo dos meses monitorados. É possível observar um decréscimo acentuado do consumo de água e da população nos meses de janeiro e março, o que não ocorre em fevereiro. Apesar de se se enquadrarem no mesmo período climático, esta redução no consumo em janeiro e março é justificada em função das férias e do feriado de Carnaval. AFP AQP AR Moradores Funcionários 12 9,6 5,2 4,7 Pop (pes) 30 20 Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Gráfico 10: Variação do consumo mensal de água e população nos apartamentos. 2,1 1,9 10 1,6 1,8 3,9 4,3 5,5 2,3 1,1 1,9 4,4 1,9 0 8,4 8,6 40 8,0 8,7 8,4 5,7 7,4 6,1 7,1 6,0 2,0 2,0 1,8 2 2,1 4 6,4 6 7,5 6,5 8 5,3 Consumo (m³/dia) 50 10 0 Abr Mai Pode-se observar que o consumo de AQP é maior nos meses de agosto a outubro, quando as temperaturas são mais baixas. Este consumo é reduzido de novembro a janeiro e volta a subir em fevereiro, com o fim das férias escolares. A partir de março o aumento é intensificado, devido à queda de temperatura. É possível notar também que o consumo de água de reuso acompanha a variação da população do edifício. Para entender ainda melhor a dinâmica de consumo deste edifício residencial, montou-se a distribuição de consumo de água total dos diferentes setores da edificação para os meses de monitoramento. (Gráfico 11) P á g i n a | 65 Gráfico 11: Variação do consumo de água no edifício ao longo dos meses monitorados. Pode-se notar que o consumo de AT do condomínio segue um padrão temporal de consumo inverso ao padrão observado nos apartamentos. Nota-se que, enquanto o consumo de água total dos apartamentos é reduzido nos meses de dezembro e janeiro, o consumo nas áreas comuns do condomínio acentua-se bastante nestes meses. Essa observação pode ser justificada pela intensificação do uso das áreas de lazer nesta época do ano, quando o consumo de AT do condomínio atinge 28% do consumo total de água da edificação (janeiro). É interessante notar ainda que o consumo de água no condomínio não altera o padrão de comportamento no consumo de AT do edifício, que segue a tendência de consumo dos apartamentos, como pode ser verificado no gráfico. Outras análises em relação aos hábitos de consumo desta edificação, realizadas nesta pesquisa, dizem respeito ao consumo de água durante os dias da semana (gráfico 12) e ao longo do dia (gráfico 13). A partir do Gráfico 12, observa-se que o consumo de AQP é maior nos horários de 6-10h e 18-20h, em que a maioria das pessoas costuma sair e chegar às suas residências. Pode-se notar também que o consumo de AFP é maior entre 8h e 14h, período associado à limpeza dos apartamentos, ao preparo do almoço e à limpeza da cozinha. P á g i n a | 66 AT 3,0 AFP AQP AR 2,92 2,75 Consumo (m³/ 2 h) 2,5 2,08 2,00 2,07 2,0 1,82 1,5 1,08 1,12 1,0 0,66 0,63 0,59 0,70 0,5 0,16 0,17 0,0 8-10h 10-12h 12-14h 0,25 0,12 14-16h 16-18h 18-20h 20-22h 22-0h 0-2h 2-4h 4-6h 6-8h Hora do dia Gráfico 12: Perfil de consumo de água em 24 horas. É importante observar o consumo de água no horário da madrugada (0h-4h). Picos de consumo neste horário podem indicar possíveis vazamentos no sistema hidráulico do edifício. No entanto, as observações dos dados diários e dos apresentados no gráfico 12 nos levam à constatação de que não há vazamentos e, dessa forma, o alto consumo de água apresentado neste edifício não pode ser atrelado aos mesmos. P á g i n a | 67 AFP AQP AR * Extremos Média 18 Consumo (m³/dia) 15 12 9 6 3 0 g Se r a Te Q u Q ui x Se Sá b Do m Se g r a Te Q u Q ui x Se b m S á Do g Se r a Te Qu Q ui Se x b m Sá Do Gráfico 13: Variação do consumo de AFP, AQP e AR nos apartamentos ao longo da semana. Nota-se, no Gráfico 13, uma brusca diminuição no consumo de AFP no final de semana. Pode-se associar esta redução à diminuição do número de funcionários aos sábados e domingos, já que o consumo de água na cozinha e na área de serviço cai consideravelmente nestes dias. No entanto, nota-se que a redução no consumo de AQP e AR no final de semana não é tão acentuada, o que pode ser explicado pelo fato dos moradores permanecerem um tempo maior nos apartamentos neste período da semana. Os indicadores de consumo per capita obtidos para o edifício são apresentados juntamente com os valores encontrados na literatura técnica para estudos realizados no Brasil e em outros países, apresentados na Tabela 12. Tabela 12: Indicadores de consumo per capita de AFP, AQP, AP, AR e AT em comparação com a literatura. Referência Local Esta Pesquisa Vitória – ES Aguiar (2011) Vitória – ES Agostini (2009) Vitória – ES Pertel et al (2008) Vitória – ES Edificação Multifamiliar c/ AR Multifamiliar c/ AR Multifamiliar c/ AR Multifamiliar Verão _`abc _`adc _`ac _`ae _`af (L/pes.d) (L/pes.d) (L/pes.d) (L/pes.d) (L/pes.d) 158 83 240 31 271 158 89 247 31 278 - - 182 54 236 182 32 214 - 214 P á g i n a | 68 Pertel et al (2008) Cheung et al (2009) Multifamiliar Inverno Unifamiliar Florianópolis- SC baixa renda c/ AR Vitória – ES 187 50 237 - 237 - - 63 31 144 - - - Ilha et al (1994) Valor de Ref. Aptos - 60 Macyntre (1986) Valor de Ref. Aps. - 60 - - 200 Ilha e Gonçalves (1994) Valor de Ref. Aps. - - - - 200 Barreto (2008) SP, Brasil Residências - - 262,7 - 262,7 Koss et al. (2004) Japão Multifamiliar 1 dormitório - - - - 292 Jamrah et al (2006) Amã, Jordânia Residências - - - - 84 Custódio e Ferreira (2005) Goiânia, GO Unifamiliares - - - - 376 Os valores encontrados por Aguiar (2011) para este mesmo edifício residencial são bem semelhantes para todos os indicadores. Nota-se que o consumo de AT per capita verificado no edifício em estudo foi o quarto maior dentre os apresentados na literatura consultada, sendo inferior apenas aos valores encontrados por Koss (2004), para uma residência multifamiliar de 1 dormitório no Japão e por Custódio e Ferreira (2005), que avaliou residências unifamiliares em Goiânia, além do valor encontrado por Aguiar (2011). Comparando-se os indicadores obtidos com os levantados por Pertel, em estudo realizado na mesma região, o indicador per capita de consumo de AFP do edifício em estudo apresenta-se inferior (158L/pes.dia), ao contrário do consumo de AQP, que apresenta um valor bem mais elevado (83L/pes.dia). No decorrer do monitoramento realizado nesta pesquisa, moradores relataram que o sistema de aquecimento de água não era eficiente pela manhã, pois os primeiros moradores, ao tomarem banho, deixavam uma grande quantidade de água fria escoar até que atingisse a temperatura desejada, ocasionando um grande desperdício. Dessa forma, uma das explicações para o alto indicador per capita de água quente pode estar associada ao desperdício de água devido ao excessivo tempo de espera por água quente nos chuveiros. Este desperdício pode ser ocasionado por uma possível falha em um dos componentes do sistema de recirculação de água quente, do sensor de temperatura ou da microbomba, a qual direciona a água fria ao início do sistema e promove o reaquecimento das prumadas. O gráfico 14 apresenta o IC per capital de AT, AFP, AQP e AR ao longo dos meses monitorados. Nota-se que no período de novembro a março, quando as temperaturas são mais P á g i n a | 69 altas na cidade de Vitória, a diferença entre os índices de consumo de AFP e AQP é maior, devido ao aumento no consumo de AFP e a redução de AQP. Gráfico 14: Índices de consumo per capita de AT, AFP, AQP e AR durante o período monitorado. Considerando um IC total de referência de 200L/pes.dia, usualmente utilizado no Brasil, e um IC AQP de 60L/pes.dia adotado como valor de referência por autores como Ilha (1994) e Macyntre (1986), obteve-se neste trabalho um valor de referência para o IC AFP de 140L/pes.dia. (Gráfico 15) P á g i n a | 70 Gráfico 15: Comparativo dos consumos diários per capita médios dos apartamentos ocupados. Comparando esses indicadores com o consumo per capita dos 14 apartamentos monitorados, observa-se que apenas cinco deles apresentaram consumo de AQP igual ou inferior a 60L/pes.dia, o que mostra o alto consumo de AQP dos moradores deste edifício. Entretanto, é interessante notar que somente quatro apartamentos apresentaram o consumo de AFP acima de 140L/pes.dia. Considerando ainda os valores médios de AQP e AFP per capita dos apartamentos, de 83L/pes.dia e 143L/pes.dia, respectivamente, nota-se que ambos encontram-se acima dos valores de referência utilizados neste trabalho. É importante observar que um dos apartamentos, o nove, apresenta um consumo extremamente elevado e discrepante dos demais, o que provoca um aumento da média. Desconsiderando o consumo de AFP deste apartamento, que é de 303L/pes.dia, ou seja, 163L/pes.dia acima do valor de referência, a média de AFP dos apartamentos reduziria de 143 para 129L/pes.dia, e encontrar-se-ia, dessa forma, abaixo do IC de referência determinado nesta pesquisa. Deve-se considerar ainda que o apartamento 14, que apresenta o consumo de água abaixo da maioria dos outros apartamentos, passou a ser ocupado apenas no final de março, podendo, por isso, estar em fase de adaptação e não refletir o real consumo desta família. P á g i n a | 71 Gráfico 16: Consumo médio de AFP e AQP dos apartamentos. O Gráfico 16 apresenta o consumo per capita médio de AFP e AQP dos apartamentos. É possível observar facilmente que o consumo de água dos apartamentos, de forma geral, não é proporcional à população dos mesmos, ocasionando um diferente perfil de consumo por apartamento. Apartamentos com o mesmo número de moradores apresentam consumo variando de até 270% (apartamentos 9 e 10). Tal observação nos leva a considerar a hipótese que os hábitos individuais de consumo podem ser um fator marcante em estudos de perfil de consumo. Famílias com renda e condições de habitação muito semelhantes consomem o recurso natural água de formas bem distintas. Como pode ser verificado na Tabela 13, o indicador de consumo total por dormitório obtido mostrou-se maior quando comparado aos encontrados por Pertel (2009), que também avaliou apartamentos de edifícios multifamiliares com água de reuso, e inferior aos valores encontrados por Mancityre (1996), que analisou apartamentos de luxo, e por Aguiar (2011), para este mesmo edifício residencial. Tabela 13: Indicadores de consumo per capita de AP, AR e AT por dormitório em comparação com a literatura. Autor Ano Local Esta Pesquisa 2011 Vitória Aguiar 2011 Vitória Pertel 2009 Vitória Edificação Multifamiliar c/ AR Multifamiliar c/ AR Multifamiliar c/ AR _`acghijhiklmóilh _`aeghijhiklmóilh _`afghijhiklmóilh (L/dormitório.d) (L/dormitório.d) (L/dormitório.d) 190,70 24,53 213,99 208,85 26,61 235,45 115 - - P á g i n a | 72 Pertel 2009 Vitória Multifamiliar convencional 201 - 201 Macintyre 1986 Valor de Ref. Aps de luxo - - 300-400 Já o indicador de consumo de água por área apresenta-se dentro da faixa de referência apresentada por Nucci, apud Tomaz (2000) para residências de classe média e alta. No entanto, este mesmo indicador apresenta-se 50% mais elevado quanto comparado ao valor encontrado por Pertel (2009) para o mesmo tipo de edificação. (Tabela 14) Tabela 14: Indicadores de consumo por área de AP, AR e AT em comparação com a literatura. _`acghiáino _`aeghiáino _`afghiáino (L/m2.d) (L/m2.d) (L/m2.d) Multifamiliar c/ AR 6,00 0,77 6,73 Vitória – ES Multifamiliar c/ AR 6,57 0,84 7,4 2009 Vitória – ES Multifamiliar c/ AR 4 - - Pertel 2009 Vitória – ES Multifamiliar convencional 7 - 7 Nucci, apud Tomaz 2000 Valor de Ref. Residência classe alta 5,3 - 6,2 - 5,3 - 6,2 Nucci, apud Tomaz 2000 Valor de Ref. Residência classe baixa 10-18 - 10-18 Nucci, apud Tomaz 2000 Valor de Ref. Residência classe média 4,1-7,7 - 4,1-7,7 Nucci, apud Tomaz 2000 Valor de Ref. Residência valor médio 6,77-7,5 - 6,77-7,5 Autor Ano Local Edificação Esta Pesquisa 2011 Vitória – ES Aguiar 2011 Pertel P á g i n a | 73 É interessante ressaltar que, ao contrário do indicador per capita, a o indicador por área tende a reduzir com a melhoria da situação econômica da população, visto que famílias com melhores condições financeiras tendem a ocupar residências maiores (PERTEL, 2009). A avaliação do impacto de redução do consumo de água potável foi realizada através da análise dos indicadores de consumo per capita de água potável e de água total do edifício monitorado. O indicador de consumo de água total corresponderia ao indicador de água potável do edifício se este não possuísse reuso. Com isso, pode-se calcular a economia de água potável obtida por meio do sistema de reuso. Dessa forma, o impacto de redução do consumo de água potável na edificação estudada é de apenas 11%, um valor muito inferior ao desejado, inclusive para viabilizar economicamente o sistema de tratamento de águas cinza. 5.2 PRODUÇÃO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS O histórico da produção de águas negras (AN) e de águas cinza‐escuras (AC escuras) do edifício foi obtido por meio do monitoramento diário, no período de 1° de setembro de 2010 a 31 de maio de 2011. Já as produções de águas cinza‐claras lançadas na rede (AC esgoto doméstico lançado na rede coletora (ED Rede) claras Rede) e do foram monitoradas em alguns dias de dezembro, janeiro, abril e maio, totalizando 33 dias de monitoramento para águas cinza‐claras e 10 dias para esgoto doméstico lançado na rede pública coletora. Nota-se, no Gráfico 17, que a produção de todas as águas residuárias teve um decréscimo no mês de janeiro, devido à queda de população para este período. Pode-se observar também a estabilidade na produção de AN, principalmente quando comparada às demais águas residuárias. Este comportamento se assemelha ao consumo de AR, a qual serve de fonte alimentadora para as bacias sanitárias, que, por sua vez, contribuem para geração de AN. P á g i n a | 74 Gráfico 17: Série histórica de águas residuárias. P á g i n a | 75 A Tabela 15 apresenta a análise estatística da produção de águas residuárias no edifício. São produzidos, em média, 6,74 m³/dia de águas cinza-claras (AC claras Total), porém 6,20m³/dia (AC claras Rede) são encaminhados para rede coletora de esgoto, já que uma parcela dessa água é reutilizada. Nota-se, também, uma produção média de 1,97m³/dia de AN e de 4,58 m³/dia de AC escuras. Tabela 15: Análise estatística da produção de águas residuárias. AC claras Total (m3/d) Média Mínimo Máximo Desvio-padrão Coeficiente de variação (%) Parâmetro monitorado AC claras Rede AC escuras AN ED Rede (m3/d) (m3/d) (m3/d) (m3/d) 6,74 0,75 15,50 6,20 0,29 13,74 4,58 0,71 14,29 1,97 0,27 5,95 12,14 6,03 25,12 3,77 3,64 2,31 0,69 4,69 61,77 58,81 50,50 34,76 38,62 Na tabela 16, pode-se observar os coeficientes de vazão máxima diária. Nota-se que todos os valores encontrados nesta pesquisa foram superiores aos de Aguiar (2011). Tabela 16: Coeficiente de vazão máxima diária. Referência Local ACclaras ACclaras Rede Total K1 K1 AN ACEscuras K1 Edificação EDRede EDTotal K1 K1 K1 Esta Pesquisa Vitória – ES Multifamiliar c/ AR 3,02 3,12 2,22 2,54 2,07 2,29 Aguiar Vitória – ES Multifamiliar c/ AR 2,47 1,48 1,79 1,72 1,52 1,5 O Gráfico 18 apresenta a produção de AN, de AC escuras, de AC claras Rede, de AC claras Total, de ED Rede e de ED Total, por meio do gráfico Box-plot. Verificou-se que o volume médio diário produzido de ED Total foi pouco superior ao volume de ED Rede, o que é reflexo do baixo nível de aproveitamento de AC claras. P á g i n a | 76 30 Produção (m³/dia) 25 20 15 10 5 0 AN AC escuras AC claras rede AC claras total ED rede ED total Gráfico 18: Variação da produção de esgoto doméstico. A partir do Gráfico 19, é possível analisar a relação entre o consumo de AR e a produção de AC clara na edificação durante os 33 dias em que houve o monitoramento coincidente dos dois dados. Nota-se que, em geral, a produção de AC clara é muito superior a sua demanda (AR), porém foi possível observar a reversão deste quadro em 6 ocasiões, ou aproximadamente 18% dos dias coincidentes monitorados, quando o consumo de água de reuso foi superior à produção de águas cinza-claras, o que significa dizer que nestes dias houve a necessidade de se utilizar água do reservatório para suprir a demanda de água de reuso. Daí a necessidade de haver um reservatório para suprir tais demandas, caso contrário, haveria a reversão do sistema de reuso para o sistema de abastecimento com água potável. P á g i n a | 77 Gráfico 19: Consumo de AR e produção de AC clara. O Gráfico 20 apresenta a composição do esgoto doméstico total produzido na edificação. Nota-se que 15% do esgoto produzido é composto por águas negras, 34% por águas cinzaescuras e 51% por águas cinza-claras. Entretanto, somente uma parcela (1,84 m3/dia) das AC claras é reutilizada para descargas nas bacias sanitárias após tratamento, enquanto 4,90 m3/dia são direcionados para a rede coletora de esgoto. Gráfico 20: Composição do ED Total produzido. O Gráfico 21 apresenta a distribuição do esgoto doméstico lançado na rede. Em média, 43% do esgoto doméstico é composto por águas cinza-claras, ou seja, 4,9 m3/dia. Se calcularmos a quantidade de águas cinza-claras não aproveitadas no sistema de reuso ao longo de um (1) P á g i n a | 78 mês, o valor é de quase 150m³ de águas cinza-claras por mês. Partindo do princípio do reuso, em que não é toda a água demandada nos edifícios que carece ser potável, toda esta quantidade de águas cinza-claras descartada poderia ser reutilizada de outras formas, tais como lavagens de pátio, calçadas, garagens, piscinas, carro e irrigações de jardins. Gráfico 21: Composição do ED Rede. O Gráfico 22 apresenta os perfis 24 horas de produção de AN, de AC de ED Rede e de ED Total. escuras, de AC claras Rede, De forma geral, os maiores picos de produção de águas residuárias ocorrem pela manhã (das 6h às 12h) e à noite (das 18 às 20h). Observa-se,ainda, que o horário de maior produção ocorre no período de 10h as 12h, horário de preparação do almoço. P á g i n a | 79 ED Total ED Rede Ac claras Rede AC escuras AN 3,5 3,17 3,0 Produção (m³/ 2 h) 3,02 2,5 2,25 2,22 2,00 2,0 1,97 2,13 1,5 1,75 1,24 0,85 1,0 0,86 0,5 0,0 8-10h 0,47 0,27 0,19 0,26 10-12h 12-14h 14-16h 16-18h 18-20h 20-22h 22-0h 0-2h 2-4h 4-6h 6-8h Hora do dia Gráfico 22: Perfil de produção de esgoto doméstico em 24 horas. O maior pico de produção de AN (0,26m3/2h) ocorreu das 6h às 8h da manhã, caracterizando provavelmente o horário em que os moradores acordam e utilizam a bacia sanitária; e o horário de menor produção ocorreu das 2h às 4h, em que foram produzidos 0,02 m3/2h. O maior pico de produção de AC escuras (0,86 m3/2h) ocorreu das 10h às 12h, horário de almoço, identificando um maior consumo de água na cozinha; e o horário de menor produção (0,18 m3/2h) ocorreu das 4h às 6h; no entanto, a produção da 0h às 2h e das 2h às 4h oscilou de 0,18 a 0,20 m3/2 h, o que indica um provável vazamento. Tabela 17: Indicadores de produção per capita de AC claras, AC escuras, AN, ED Rede e ED Total em comparação com a literatura. Referência Local Esta Pesquisa Vitória – ES Aguiar (2011) Vitória – ES Cheung et al (2009) FlorianópolisSC Custódio e Ferreira (2005) Goiânia, GO Valentina (2009) Vitória – ES Personato et al. (2007) Campo Grande – MS Tipo de Edificação Multifamiliar c/ AR Multifamiliar c/ AR Unifamiliar baixa renda c/ AR e Ach Unifamiliares Multifamiliar c/ AR Residência baixa renda _ca`pqoio _ca`nrpsio _cat _cuvenjn _cuvfhmoq (L/pes.d) (L/pes.d) (L/pes.d) (L/pes.d) (L/pes.d) 147,03 71,55 38,07 229,87 256,65 152 52,64 33,46 215,6 238,1 91 22 31 - - - - - 138,8 - 195 - - - 237 58,6 17,34 - - - P á g i n a | 80 Continuação da Tabela 18: Indicadores de produção per capita de AC claras, AC escuras, AN, ED Rede e ED Total em comparação com a literatura. Referência Local Tipo de Edificação _ca`pqoio _ca`nrpsio _cat _cuvenjn _cuvfhmoq (L/pes.d) (L/pes.d) (L/pes.d) (L/pes.d) (L/pes.d) 54,3 - - - 90,63 77,33 - - - - FlorianópolisSC FlorianópolisSC Residência baixa renda Residência baixa renda Omã Residências 105 - 55 - 200 Suécia Residências - 66 - 28,5 - Halalsheh et al (2006) Jordânia Residências áreas rurais - 14 - - - Jamrah et al. (2006) Fittschen e Niemczynowicz (1997) Parkinson et al. (2005) Amã, Jordânia Residências - 59 - - - Suécia Ecovilas - 110 - - - Goiânia, GO Unifamiliares - - - 241 241 Almeida et al. (1999) Inglaterra Residências 57,49 13,3 31,51 - 102,3 Henze e Ledin (2001) Japão Valor de Referência Unifamiliares 120 20 50 200 200 Apartamentos - - - 260 260 Peters et al (2006) Magri et al (2008) Prathapar et al. (2005) Palmquist e Hanaeus (2005) Metcalf e Eddyl (1979) Na Tabela 17, observa-se que a média de produção per capita de AC claras obtida nesta pesquisa (147,03 L/pes.dia) foi a terceira maior dentre as apresentadas na literatura consultada. A maior média foi obtida por Valentina (195L/pes.dia) em uma edificação de padrão semelhante a edificação monitorada na presente pesquisa e a segunda maior por Aguiar (152L/pes.dia), que monitorou o mesmo edifício. A menor foi a encontrada por Halalsheh et al. (2005), com produção média de 14L/pes.dia, em residências localizadas em áreas rurais de um país que enfrenta a escassez de água, a Jordânia. Quando comparada ao valor encontrado em uma residência de baixa renda (54,3L/pes.dia), por Peters et al. (2006), a produção de AC claras obtida neste trabalho foi quase 3 (três) vezes maior que a observada na literatura especificada. Diferença essa que pode ser explicada pelo fato de a edificação desta pesquisa ser de alto padrão, o que também justificaria o maior consumo de água e posteriormente resultando em uma maior produção de águas cinza. Entretanto, a produção per capita de AC escuras (52,64L/pes.dia) foi próxima a encontrada por Prathapar et al. (2005), em Omã, na Ásia (55 L/pes.dia). Enquanto a média de produção per capita de AN , de 33,46L/pes.dia, foi próxima a encontrada por Cheung et al. (2009), em uma residência de baixa renda na periferia de Florianópolis – SC (31 L/pes.dia), e por outros autores P á g i n a | 81 como por Palmquist e Hanæus (2005), e por Almeida et al. (1999), em uma residência na Suécia (28,5 L/pes.d), e em residências na Inglaterra (31,51 L/pes.dia), respectivamente. Já a produção média per capita de ED rede (215,62 L/pes.dia), apresentou-se inferior à estimada por Parkinson et al. (2005) e ao valor típico de produção per capita de esgoto residencial sugerido por Metcalf & Eddy (1979). Entretanto tenha se apresentado maior que os valores encontrados por Henze & Ledin (2001) e também por Custódio e Ferreira (2005), em Goiânia-GO, em um condomínio de residências unifamiliares. Embora o indicador encontrado por Custódio e Ferreira (2005) foi considerado baixo pelos autores, uma vez que eles verificaram um coeficiente de retorno baixo (0,37), ou seja, apenas 37% da água potável que é destinada para o condomínio retorna para a rede coletora de esgoto. Os outros 63% é dissipado, principalmente, na rega de jardins, pois se trata de um condomínio residencial com vasta área ajardinada. Tabela 19: Impacto de redução de esgoto doméstico lançado na rede coletora. Referência _cuvenjn _cuvfhmoq _e (L/pes.d) (L/pes.d) (%) Esta pesquisa 229,87 256,65 10,43 Aguiar (2011) 215,62 238,12 9,45 Através dos valores encontrados para os indicadores de produção de esgoto doméstico, podese verificar que o impacto de redução de esgoto doméstico lançado na rede coletora, ocasionado pela prática do reuso, foi de apenas 10,43%. Este resultado poderia ser maior caso as práticas descritas acima fossem aplicadas. Outra explicação seria o tempo reduzido em que os parâmetros necessários, da produção de águas cinza-claras, foram monitorados simultaneamente, o que proporcionaria uma série histórica de águas cinza-claras mais extensa. A utilização do excedente da água cinza-clara produzida para outros fins, que não a descarga de bacias sanitárias, ocasionaria uma maior redução de esgoto lançado na rede pública. Além disso, as águas cinza-claras excedente após tratamento poderiam ser destinadas para lavagem de roupas (LAZAROVA et al., 2003; HUMEAU et al., 2011), ou ainda, serem vendidas para lava-jatos de carros, para rega de praças e jardins da cidade (VALENTINA, 2009), resultando em uma maior conservação de água e minimização de esgoto. P á g i n a | 82 6 CONCLUSÕES O presente trabalho mostrou que os hábitos de consumo, modo como cada família e indivíduo faz uso da água, são uma hipótese muito relevante em estudos de perfis de consumo de água residencial. Moradores que se enquadram na mesma classe social, e demais fatores, citados na literatura como relevantes para a variação do consumo, como o clima, localização geográfica e preço do serviço, apresentaram perfis de consumo por apartamento muito distintos. Além disso, outras hipóteses para o elevado consumo e a grande variação entre os apartamentos, como vazamentos e medições incorretas, foram descartadas com a observação diária da leitura dos hidrômetros e a análise dos perfis 24h. Assim, variações tão expressivas no consumo per capita, por exemplo, nos levam a concluir que a maneira como cada família utiliza o recurso é uma das principais variáveis para a determinação do perfil de consumo em estudo. Com a distribuição do consumo e a análise dos perfis 24h foi possível observar certas rotinas dos moradores e empregados domésticos ao longo do dia. Constatou-se também que estes indicadores de consumo são fortemente influenciados pela rotina semanal dos moradores e funcionários do edifício, haja vista sua variação entre os dias da semana. O trabalho apresentado demonstrou que uma economia de água potável em torno de 11% pode ser obtida com a utilização do reuso de águas cinza-claras para descarga de bacias sanitárias, conforme os dados obtidos no monitoramento. Verificou-se ainda que a prática do reuso acarretou uma redução de aproximadamente 10% de esgoto doméstico lançado na rede coletora. Outro ponto a se levantar é o fato do edifício ser novo e de apresentar dispositivos economizadores de água, o que nos leva a destacar a importância desses equipamentos, uma vez que o desperdício de água seria muito maior sem eles. Tendo em vista que apenas 27% da água cinza são aproveitadas como água de reuso, o excedente de água cinza (73%) que é direcionado para a rede coletora poderia ser empregado para outros fins não potáveis, como rega de jardim, lavagem de área impermeabilizada, lavagem de carros e até lavagem de roupas. Além disso, o excedente de águas cinza que a edificação ainda não conseguiu absorver poderia ser utilizado pelos prédios vizinhos, ou pela P á g i n a | 83 própria prefeitura a um custo reduzido para rega de praças, ruas e outros fins, contribuindo para amortizar em menos tempo o alto investimento feito pelo condomínio na implantação do sistema de reuso. P á g i n a | 84 7 RECOMENDAÇÕES Com o intuito de aprimorar o conhecimento acerca do perfil de consumo de água em edifícios residenciais, recomenda-se: • Identificação, por meio de entrevistas, do comportamento dos moradores em relação ao consumo de água, para permitir melhor interpretação dos dados obtidos, sobretudo do índice de consumo per capita; • Continuar os estudos e monitoramento do sistema hidrossanitário visando aprimorar os dados levantados, principalmente em relação à água cinza‐clara. • Monitorar o consumo de água nos pontos de utilização de água internos aos apartamentos. • Realizar o levantamento de vazamentos não visíveis a partir de testes com a utilização de correlacionador de ruídos, geofone eletrônico e haste de escuta, conforme procedimentos apresentados por Gonçalves & Oliveira (1999). • Desenvolver um programa para o aproveitamento do excedente de água cinza produzida na edificação. • Avaliar a aceitabilidade dos usuários em relação à utilização das águas cinza‐claras excedentes para outros fins, como rega de jardins, lavagem de roupa e calçadas. • Realizar uma análise de viabilidade econômica do reuso de águas cinza para a edificação. • Realizar um programa de conscientização dos moradores e funcionários do edifício visando à redução do consumo de água. • Corrigir o sistema de aquecimento de água visando a redução do desperdício de água quente potável. P á g i n a | 85 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. Tanques sépticos unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação: NBR 13.969. Rio de Janeiro, 1997 AGUIAR, K. C. Comparação dos Potenciais de Conservação de Água com a Prática do Reuso de Águas Cinza e com a Coleta Segregada da Urina Humana em uma Edificação Residencial Multifamiliar. Vitória, 2011. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) - Universidade Federal do Espírito Santo. ANA – Agência Nacional de Águas. GEO Brasil: Recursos hídricos. Brasília, 2007. ANA – Agência Nacional de Águas. Atlas Brasil: Abastecimento de Água. Brasília, 2010. BARRETO, D. Perfil do consumo residencial e usos finais da água. Revista ambiente construído, Porto Alegre, v. 8, n. 2, p. 23‐40, 2008 BAZZARELLA, B. B. Caracterização e aproveitamento de águas cinza para uso não potável em edificações. Vitória. 184p. Dissertação de mestrado. 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