18 Quarta-feira 9 de novembro de 2011 Jornal do Comércio - Porto Alegre Política Editor: Guilherme Kolling [email protected] Ministério do Trabalho Repórter Brasília [email protected] Mudanças no PMDB O PMDB gaúcho tem que mudar. A opinião é do senador Pedro Simon (PMDB), que acredita que essas mudanças vêm das circunstâncias, mas que não devem alterar o perfil do partido no Rio Grande do Sul. “As circunstâncias fazem não mudar de identidade, mas nos obrigam a viver outra situação”, disse o senador. Mesmo assim, essas alterações não devem aproximar o diretório gaúcho do PMDB do restante do País. “O comando nacional é contrário à linha do antigo MDB. A linha adotada não é deliberativa”, acentuou. Pelo menos, segundo Simon, o partido já está formando diversas lideranças que irão renovar os quadros no futuro. Ele destaca uma, o prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori. “Não gostaria de citar mais porque poderia acabar me perdendo.” Em entrevista publicada na segunda-feira pelo Jornal do Comércio, Sartori desconversou ao ser questionado sobre a indicação de seu nome por Simon, como nova liderança do PMDB no Estado. Mas Simon aponta o prefeito de Caxias inclusive como o candidato peemedebista a governador do Estado em 2014. “Apresento ele como o candidato mais viável. Mas é óbvio que tem muito pela frente.” Segundo Simon, Sartori reúne todas as condições para ter um governo de sucesso, principalmente quando ele mostrar o relatório dos oito anos de governo em Caxias. O senador não se surpreende nem com as negativas de Sartori, que afirmou, na entrevista ao JC, que queria um tempo para descansar depois do segundo mandato em Caxias. “Todo político diz isso, é normal.” Ficha limpa Um grupo de senadores, encabeçado por Pedro Simon, pressiona para uma definição em relação à lei da ficha limpa. O julgamento pode dar fim às dúvidas e polêmicas que cercam a lei há, pelo menos, mais de um ano. “Todos conhecem o respeito que tenho para com o STF, mas minha opinião vai depender do voto de cada ministro, pois o tribunal está diante de um dos maiores desafios de sua história. A frustração será muito grande no caso de uma decisão desfavorável”, comentou o senador peemedebista, acrescentando que o julgamento vem no momento que a Controladoria-Geral da União (CGU) quer aplicar a ficha limpa na nomeação de funcionários. Espetáculo de arrogância e circo EDISON CASTÊNCIO/DIVULGAÇÃO/JC A audiência pública da Comissão Especial da Lei Geral da Copa com o secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, foi um “circo”. Assim definiu o deputado federal Romário (foto), do PSB do Rio, batendo boca com o presidente da CTD, deputado federal Renan Filho (PMDB-AL). “O que está acontecendo aqui é um circo”, disse Romário, após Renan Filho ter proibido que o ex-jogador insistisse nas perguntas a Teixeira e Valcke. Romário havia perguntado a Valcke sobre uma carta em que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, acusa o secretário-geral de “chantagista” e fica insatisfeito com a resposta. Romário também questionou Teixeira sobre um processo na Suíça que o acusa de ter recebido US$ 10 milhões em propina. Lupi afirma que só sai do governo abatido a bala Ministro destaca apoio da presidente para continuar na pasta O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PDT), disse ontem que não vai se afastar do ministério por causa das denúncias de que um dos seus assessores seria o articulador de um esquema de pagamento de propina em nome do PDT. A denúncia foi feita pela revista Veja. “Para me tirar do ministério, só abatido a bala, e tem que ser uma bala bem pesada, porque sou grande. Não há possibilidade de eu me afastar do ministério”, afirmou Lupi, que se reuniu ontem com a bancada de seu partido, o PDT, para tratar do assunto. Carlos Lupi está à frente do Ministério do Trabalho desde 2007. Ele informou que solicitará à Advocacia-Geral da União (AGU) para enviar à revista um pedido de resposta sobre as denúncias. “Fiz uma solicitação à AGU para que trate da defesa da minha honra pessoal, atingida na imprensa. Quero discutir com a AGU o direito de resposta. Acho que, com todo esse episódio, amigos sofrem, a família também.” Após mais de três horas de reunião com as bancadas do PDT na Câmara e do Senado, Carlos RENATO ARAÚJO/ABR/JC Edgar Lisboa Carlos Lupi esclarece acordos com ONGs após reunião com o PDT Lupi afirmou que lutará até o fim para provar sua inocência. O ministro lembrou que as acusações atingem também o PDT. “Estive agora com a bancada do partido, e todos consideram que o atingido é o partido, e não a minha figura pessoal.”. Lupi ressaltou que tem o apoio da presidente Dilma Rousseff (PT) para continuar à frente do Ministério do Trabalho e que também o PDT está a seu lado. O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) disse que Lupi não tem substituto e que, por isso, não há motivo para o partido pressioná-lo a deixar o cargo. “Se Lupi sair, sai todo o partido do governo. Isso não é uma ameaça”, afirmou Queiroz. De acordo com o parlamentar, o partido tem plena confiança no ministro. Em nota divulgada logo após a entrevista coletiva de Lupi, o PDT garante apoio ao ministro e manifesta “absoluta confiança” em sua permanência no ministério. A nota diz ainda que o PDT “não compactua com desvios éticos e é o primeiro a exigir a apuração rigorosa dos fatos e a punição dos corruptos e dos corruptores”. Distrito Federal Agnelo Queiroz se diz vítima de ‘armação criminosa’ O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), voltou a se dizer vítima de uma “armação criminosa”, mas não explicou a razão de ter liberado, em 2008, um certificado para a farmacêutica União Química no mesmo dia em que recebeu um depósito de R$ 5 mil do lobista Daniel Almeida Tavares, que trabalhava na empresa. Há duas semanas, Daniel Tavares entregou documentos à deputada distrital Celina Leão (PSD) que comprometeriam Agnelo. Entre eles, estava o extrato bancário que comprova o depósito efetuado por ele na conta-corrente de Agnelo Queiroz, que ocupava, na época, o cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Agnelo diz se tratar do pagamento de um empréstimo acordado verbalmente. O certificado assinado em 25 de janeiro de 2008 permitia à União Química participar de licitações e registrar novos medicamentos. O documento foi assinado diretamente por Agnelo. A empresa doou R$ 200 mil para a campanha do petista ao governo do DF, no ano passado. “Procure informação, meu querido”, disse Agnelo à Folha de S.Paulo. “A pessoa que fala um negócio desse é que não conhece nada sobre o que é um certificado lá. Procurem lá uma pessoa para dar informação, tenham responsabilidade.” Na segunda-feira, a Folha de S.Paulo fez esse mesmo questionamento oficialmente à assessoria do governador, mas não obteve resposta. O governador também negou que tivesse dito à revista Veja, em julho, que conhecia Daniel Tavares apenas de reuniões ofi- ciais. Ontem, ao sair de cerimônia de lançamento de programas de saúde pelo governo federal no Palácio do Planalto, Agnelo disse que Tavares “era uma pessoa amiga minha, militante há anos”. “O que está acontecendo é uma armação, estou sendo denunciado por uma organização criminosa que dominou Brasília, e que continua espalhando dossiês, pagando testemunhas, e é isso que está acontecendo aqui”, disse Agnelo. O governador sugeriu que eventuais gravações que envolvam o nome dele seriam “montagens” e pediu “atenção e responsabilidade” à imprensa. Agnelo foi eleito como renovação no Distrito Federal após a renúncia do ex-governador José Roberto Arruda, à época no DEM, acusado de comandar um esquema de distribuição de propinas.