CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO LUÍS FELIPE GERHARDT AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS NO PROCESSO DE OTIMIZAÇÃO EM ENLACES SEM FIOS PONTO-A-PONTO EXTERNOS Lajeado 2011 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) LUÍS FELIPE GERHARDT AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS NO PROCESSO DE OTIMIZAÇÃO EM ENLACES SEM FIOS PONTO-A-PONTO EXTERNOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas do Centro Universitário UNIVATES, como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em Engenharia da Computação. Área de concentração: Rede de Computadores ORIENTADOR: Prof. Luis Antônio Schneiders Lajeado 2011 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) LUÍS FELIPE GERHARDT AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS NO PROCESSO DE OTIMIZAÇÃO EM ENLACES SEM FIOS PONTO-A-PONTO EXTERNOS Este trabalho foi julgado adequado para a obtenção do título de bacharel em Engenharia da Computação do CETEC e aprovado em sua forma final pelo Orientador e pela Banca Examinadora. Orientador: ____________________________________ Prof. Luis Antônio Schneiders, UNIVATES Mestre em Ciência da Computação pela UFRGS – Porto Alegre, Brasil Banca Examinadora: Prof. Alexandre Stürmer Wolf, UNIVATES Mestre em Engenharia Elétrica pela PUC – Rio de Janeiro, Brasil Prof. Fabrício Pretto, UNIVATES Mestre em Ciência da Computação pela PUC – Porto Alegre, Brasil Prof. Luis Antônio Schneiders, UNIVATES Mestre em Ciência da Computação pela UFRGS – Porto Alegre, Brasil Coordenador do Curso de Engenharia da Computação:______________ Prof. Marcelo de Gomensoro Malheiros Lajeado, novembro de 2011. Dedico este trabalho à parcela da população que se esforça para fazer do mundo um lugar melhor do que aquele no qual nasceu. Desenvolver nunca significou destruir o que já BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) existe. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) AGRADECIMENTOS Neste momento de alívio, euforia e satisfação não posso deixar de lembrar das pessoas que cruzaram meu caminho e contribuíram de alguma forma para que hoje eu esteja vivendo este momento. Em primeiro lugar agradeço a mim mesmo, afinal quem estudou, aprendeu, sofreu, não dormiu, quase enlouqueceu, e finalmente, quando estava quase desistindo, conseguiu fui eu. Agradeço também o meu orientador, Prof. Luis Antonio Schneiders, ao Prof. Fabrício Pretto e a todos que me ajudaram de alguma forma na realização este trabalho. Depois, agradeço a quem me ensinou a ser assim: meus pais e familiares. Ao meu pai, que formou grande parte do meu caráter baseado principalmente na honestidade e responsabilidade para com as pessoas, tarefas e a si mesmo. Sempre esteve vigilante, preocupado, às vezes até desconfiado, algumas sem razão, e em outras, coberto dela. Pronto para me apoiar no momento que fosse necessário e na área que precisasse. Hoje, tudo que sou tem um pouco dele, e me orgulho muito disso (até da parte da cabeça-dura). À minha mãe, com o seu carinho incondicional desde quando eu ainda não era nem gente. À minha madrinha, que sempre foi muito mais do que dinda, ajudando de todas as formas imagináveis e não-imagináveis, amorosas e de cobrança. Aos meus seis avós, que infelizmente já se foram, mas que felizmente conheci a todos e, principalmente, convivi e aprendi muito com o vô Tharcylo e a Vó Olívia, ambos foram muito presentes em minha educação e me apoiaram sempre e em tudo. O Vô Tharcylo, desde que eu era pequeno me levava para brincar na praça, depois, para andar de bicicleta, ainda depois era o “taxista” para me levar na casa dos amigos de infância. Me ensinou a nadar, dirigir, economizar, investir, poupar, emprestar e pagar, trabalhar, ser cauteloso e paciente. Tive muita sorte em ter um avô assim. Já a Vó Olivia sempre me incentivava a continuar estudando e a alcançar meus objetivos. Se não fosse por ela, provavelmente não teria iniciado a faculdade quando iniciei e talvez não estaria aqui hoje. Sinto muita falta de todos os meus avós, mas ao mesmo tempo tenho um orgulho imenso de poder ter convivido e aprendido com eles. Às minhas irmãs. À Ana, que me faz muita falta. E à Bruna, que está sempre pronta pra roubar um sorriso meu e, também, colocar uma ruga na minha ainda jovem cara. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Aos meus amigos, de infância, adolescência e juventude, aos que ainda tenho contato e completam os momentos felizes e amenizam os tristes e, também, aos que não tenho mais contato, mas continuam presentes nas lembranças agradáveis. Aos colegas de curso, que dividiram comigo momentos de trabalho árduo. Aos professores, que me ensinaram grande parte do que sei hoje. À UNIVATES que proporcionou um ótimo ambiente e infra-estrutura para que o conhecimento pudesse chegar até mim. Aos professores da Banca Examinadora, que se dispuseram a ler e analisar o meu Trabalho de Conclusão de Curso, me proporcionando um último momento de aprendizagem acadêmica. E por último, um agradecimento especial a minha companheira Janaína, por sua paciência durante esses longos anos de estudos, e por seu otimismo e incentivo nos momentos difíceis em que o desânimo ameaçava me abater. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) RESUMO Este trabalho trata de normas e práticas para corrigir problemas de desempenho em redes Wifi ponto-a-ponto de planta externa. O desempenho deste tipo de rede é comumente afetado pela má aplicação, ou não aplicação, das normas vigentes e técnicas recomendadas. A falta de documentação de fácil aplicação para a solução destes problemas motivou o desenvolvimento deste trabalho. Seu objetivo foi elaborar uma documentação fácil de ser aplicada para a solução destes problemas. Os dados referentes às conexões estudadas foram coletados e analisados, as normas e técnicas sugeridas para correção foram aplicadas e, finalmente, foram mensurados os resultados obtidos. Para o embasamento das técnicas e normas, buscou-se apoio em autores como Flickenger, Stallings e Battisti. Na conclusão, discutem-se resultados práticos contendo valores pertinentes como latência e throughput, medidos antes e depois da aplicação das correções. Palavras-chave: Wireless, Wi-Fi, 802.11, throughput, latência, desempenho, ponto-aponto e sinal. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) ABSTRACT This paper deals with standards and practices to correct performance problems in Wi-Fi networks peer-to-peer outside plant. Lack of documentation easily applied to solve these problems motivated the development of this study. The performance of this type of network is commonly affected by the misapplication or non application of existing rules and recommended techniques. This study aimed to provide a documentation easier to be applied to solve these kind of performance problems. The data of the connections studied were collected and analyzed, the standards and suggested techniques for correction were applied, and finally the results were measured. Authors like Flickenger, Stallings e Battisti were used to provide a sound basement for discussing techniques and standards. In the conclusion, results containing values such as latency and throughput, measured before and after applying the corrections are discussed. Keywords: Wireless, Wi-Fi, 802.11, throughput, latency, performance, peer-to-peer e signal. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) LISTA DE FIGURAS Figura 1 Arquitetura Ad-Hoc .................................................................................................... 34 Figura 2 IEEE 802.11 Architecture .......................................................................................... 35 Figura 3 Infra-estrutura BSS ..................................................................................................... 35 Figura 4 Infra-estrutura ESS ..................................................................................................... 36 Figura 5 Wireless Distribution System (WDS) ......................................................................... 36 Figura 6 Portal de Integração IEEE 802.x LAN........................................................................ 37 Figura 7 Classificação de rede por área de abrangência ........................................................... 37 Figura 8 Rede WPAN................................................................................................................ 38 Figura 9 Rede WLAN ................................................................................................................ 38 Figura 10 Rede WMAN ............................................................................................................. 39 Figura 11 Rede WWAN ............................................................................................................. 40 Figura 12 Comprimento de onda, amplitude e frequência (FLICKENGER et al., 2007, p. 10) .................................................................................................................................................. 41 Figura 13 Tipos de antena direcional ....................................................................................... 45 Figura 14 Diagramas de irradiação bidimensionais ................................................................. 46 Figura 15 Polarização de uma onda eletromagnética (FLICKENGER et al., 2007, p. 109) .... 49 Figura 16 Guia de Onda (FLICKENGER et al., 2007, p. 98) .................................................. 50 Figura 17 Tipos de conectores (BATTISTI, 2011, p. 17) ........................................................ 51 Figura 18 Anel de gotejamento (FLICKENGER et al., 2007, p. 255) ..................................... 52 Figura 19 Canais ISM 2.4 GHz (FLICKENGER et al., 2007, p. 15) ....................................... 54 Figura 20 Interferência construtiva e destrutiva (FLICKENGER et al., 2007, p. 21).............. 55 Figura 21 Linha de visada e zona de Fresnel do cenário 1 ....................................................... 68 Figura 22 Linha de visada e zona de Fresnel do cenário 2 ....................................................... 74 Figura 23 Linha de visada e zona de Fresnel do cenário 3 ....................................................... 80 Figura 24 Linha de visada e zona de Fresnel do cenário 4 ....................................................... 87 Figura 25 Linha de visada e zona de Fresnel do cenário 5 ....................................................... 93 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) LISTA DE TABELAS Tabela 1 Variação de IERP para links ponto-a-ponto .............................................................. 53 Tabela 2 Parametrização – Antenas e transceptores 1 .............................................................. 66 Tabela 3 Parametrização – Linhas de transmissão 1 ................................................................ 67 Tabela 4 Coleta de dados para apoio ao Radio Mobile 1 ......................................................... 67 Tabela 5 Parametrização – Meio físico 1 ................................................................................. 68 Tabela 6 Parametrização – Desempenho 1 ............................................................................... 68 Tabela 7 Análise e alterações sugeridas – Antenas e transceptores 1 ...................................... 69 Tabela 8 Análise e alterações sugeridas – Linhas de transmissão 1 ......................................... 70 Tabela 9 Análise e alterações sugeridas – Meio físico 1 .......................................................... 70 Tabela 10 Análise e alterações sugeridas – Desempenho 1 ..................................................... 71 Tabela 11 Parametrização – Antenas e transceptores 2 ............................................................ 73 Tabela 12 Parametrização – Linhas de transmissão 2 .............................................................. 73 Tabela 13 Coleta de dados para apoio ao Radio Mobile 2 ....................................................... 74 Tabela 14 Parametrização – Meio físico 2 ............................................................................... 74 Tabela 15 Parametrização – Desempenho 2 ............................................................................. 74 Tabela 16 Análise e alterações sugeridas – Antenas e transceptores 2 .................................... 76 Tabela 17 Análise e alterações sugeridas – Linhas de transmissão 2 ....................................... 76 Tabela 18 Análise e alterações sugeridas – Meio físico 2 ........................................................ 77 Tabela 19 Análise e alterações sugeridas – Desempenho 2 ..................................................... 77 Tabela 20 Parametrização – Antenas e transceptores 3 ............................................................ 79 Tabela 21 Parametrização – Linhas de transmissão 3 .............................................................. 80 Tabela 22 Coleta de dados para apoio ao Radio Mobile 3 ....................................................... 80 Tabela 23 Parametrização – Meio físico 3 ............................................................................... 81 Tabela 24 Parametrização – Desempenho 3 ............................................................................. 81 Tabela 25 Análise e alterações sugeridas – Antenas e transceptores 3 .................................... 82 Tabela 26 Análise e alterações sugeridas – Linhas de transmissão 3 ....................................... 83 Tabela 27 Análise e alterações sugeridas – Meio físico 3 ........................................................ 83 Tabela 28 Análise e alterações sugeridas – Desempenho 3 ..................................................... 84 Tabela 29 Parametrização – Antenas e transceptores 4 ............................................................ 86 Tabela 30 Parametrização – Linhas de transmissão 4 .............................................................. 86 Tabela 31 Coleta de dados para apoio ao Radio Mobile 4 ....................................................... 86 Tabela 32 Parametrização – Meio físico 4 ............................................................................... 87 Tabela 33 Parametrização – Desempenho 4 ............................................................................. 87 Tabela 34 Análise e alterações sugeridas – Antenas e transceptores 4 .................................... 89 Tabela 35 Análise e alterações sugeridas – Linhas de transmissão 4 ....................................... 89 Tabela 36 Análise e alterações sugeridas – Meio físico 4 ........................................................ 90 Tabela 37 Análise e alterações sugeridas – Desempenho 4 ..................................................... 90 Tabela 38 Parametrização – Antenas e transceptores 5 ............................................................ 92 Tabela 39 Parametrização – Linhas de transmissão 5 .............................................................. 92 Tabela 40 Coleta de dados para apoio ao Radio Mobile 5 ....................................................... 92 Tabela 41 Parametrização – Meio físico 5 ............................................................................... 93 Tabela 42 Parametrização – Desempenho 5 ............................................................................. 93 Tabela 43 Análise e alterações sugeridas – Antenas e transceptores 5 .................................... 94 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Tabela 44 Análise e alterações sugeridas – Linhas de transmissão 5 ....................................... 94 Tabela 45 Análise e alterações sugeridas – Meio físico 5 ........................................................ 95 Tabela 46 Análise e alterações sugeridas – Desempenho 5 ..................................................... 95 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) LISTA DE ABREVIATURAS ACK: Acknowledgement ANATEL: Agência Nacional de Telecomunicações AP: Access Point AVI: Audio Video Interleave BIT: Binary Digit BSS: Basic Service Set BSSID: Basic Service Set IDentifier CETEC: Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas CSMA/CA: Carrier Sense Multiple Access/Collision Avoidance CSMA/CD: Carrier Sense Multiple Access/Collision Detection CRC: Cyclic Redundancy Check dB: Decibel dBm: Decibel Medido dBi: Decibel Isotrópico DCF: Distributed Coordination Functions DFW: Distributed Foundation Wireless DNS: Domain Name Service DPSK: Differential Phase-Shift Keying DS: Distribution System DSSS: Direct Sequence Spread Spectrum EIRP: Equivalent Isotropic Radiated Power ESS: Extended Service Set ESSID: Extended Service Set IDentifier ETSI: European Telecommunications Standards Institute FCC: Federal Communications Commission FHSS: Frequency Hopping Spread Spectrum FM: Frequência Modulada FTP: File Transfer Protocol Gbits: Gigabits GHz: Gigahertz GPS: Global Positioning System BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) HTML: HyperText Markup Language HTTP: Hyper-Text Transfer Protocol Hz: Hertz ID: Identifier IEEE: Institute of Electrical and Electronics Engineers IP: Internet Protocol ISM: Instrumentation, Scientific & Medical ISO: International Standards Organization kbps: kilobits por segundo km: Quilômetros LAN: Local Area Network LLC: Logical Link Control m: Metros MAC: Media Access Control MAN: Metropolitan Area Network MANET: Mobile Ad-hoc NETwork Mbps: Megabits por segundo MHz: Megahertz MIMO: Multiple-input and multiple-output ms: Milissegundos OFDM: Orthogonal Frequency Division Multiplexing OSI: Open Systems Interconnection PAN: Personal Area Network PC: Personal Computer PCF: Point Coordination Functions PCI: Peripheral Component Interconnect PNG: Portable Network Graphics QAM: Quadrature Amplitude Modulation QPSK: Quadrature Phase-Shift Keying RONJA: Reasonable Optical Near Joint Access SMTP: Simple Mail Transfer Protocol SSID: Service Set IDentifier STP: Shielded Twisted Pair TCP: Transmission Control Protocol BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) UDP: User Datagram Protocol U-NII: Unlicensed National Information Infrastructure W: Watt WAN: Wide Area Network WDS: Wireless Distribution System WECA: Wireless Ethernet Compatibility Alliance Wi-Fi: Wireless Fidelity WiMAX: Worldwide Interoperability for Microwave Access BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 16 1.1 Motivação ..................................................................................................................... 17 1.2 Objetivo ........................................................................................................................ 17 1.3 Metodologia .................................................................................................................. 18 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 20 2.1 Redes de computadores ................................................................................................ 20 2.1.1 Modelo de referência OSI ............................................................................................ 21 2.1.2 Modelo de referência TCP/IP ....................................................................................... 23 2.2 Redes de computadores sem fio (IEEE 802.11) ........................................................... 24 2.2.1 Subcamada de controle de enlace lógico ...................................................................... 26 2.2.2 Subcamada de controle de acesso ao meio ................................................................... 26 2.2.3 Técnicas de transmissão ............................................................................................... 27 2.2.4 Famílias IEEE 802.11 ................................................................................................... 29 2.2.5 Topologia ...................................................................................................................... 33 2.2.6 Arquitetura .................................................................................................................... 33 2.2.7 Classificação quanto à abrangência .............................................................................. 37 2.2.8 Normatização e padronização....................................................................................... 40 2.2.9 Teoria de ondas............................................................................................................. 41 2.2.10 Antenas ..................................................................................................................... 44 2.2.11 Linhas de transmissão............................................................................................... 49 2.2.12 Linha de visada e zona de Fresnel ............................................................................ 52 2.2.13 Potência Irradiada ..................................................................................................... 53 2.2.14 Canais ....................................................................................................................... 53 2.2.15 Interferência .............................................................................................................. 55 2.2.16 Largura de banda ...................................................................................................... 57 2.2.17 Sensibilidade e nível de sinal relativo ...................................................................... 57 2.2.18 Throughput e latência ............................................................................................... 57 3 DESCRIÇÃO DA PROPOSTA ....................................................................................... 59 4 ESTUDOS DE CASO ...................................................................................................... 61 4.1 Descrição do formato de exposição dos dados ............................................................. 61 4.1.1 Coleta de dados e parametrização ................................................................................ 61 4.1.2 Análise dos dados parametrizados, alterações sugeridas e conclusão .......................... 65 4.2 Cenário 1 ...................................................................................................................... 65 4.2.1 Coleta e parametrização dos dados............................................................................... 66 4.2.2 Análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas ............................................ 69 4.2.3 Resultados..................................................................................................................... 71 4.3 Cenário 2 ...................................................................................................................... 72 4.3.1 Coleta e parametrização dos dados............................................................................... 72 4.3.2 Análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas ............................................ 75 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 4.3.3 Resultados..................................................................................................................... 78 4.4 Cenário 3 ...................................................................................................................... 79 4.4.1 Coleta e parametrização dos dados............................................................................... 79 4.4.2 Análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas ............................................ 81 4.4.3 Resultados..................................................................................................................... 84 4.5 Cenário 4 ...................................................................................................................... 85 4.5.1 Coleta e parametrização dos dados............................................................................... 85 4.5.2 Análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas ............................................ 88 4.5.3 Resultados..................................................................................................................... 90 4.6 Cenário 5 ...................................................................................................................... 91 4.6.1 Coleta e parametrização dos dados............................................................................... 91 4.6.2 Análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas ............................................ 93 4.6.3 Resultados..................................................................................................................... 96 5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 97 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 98 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 99 16 1 INTRODUÇÃO A prática cotidiana atual nos prova que a necessidade de renovação processual afeta BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) positivamente a agilidade decisória necessária no mercado corporativo atual. A partir desta necessidade, no mundo da computação, pode-se ver claramente a evolução dos computadores usados em escritórios sem nenhum tipo de comunicação externa, para um ambiente onde redes de computadores dominam desde organizações multinacionais até residências de classe média. Na sociedade contemporânea as redes de computadores tem um papel fundamental para o aumento da produtividade, lucratividade e agilidade nas respostas demandadas pelas organizações. Pode-se ainda citar o fato de que várias atividades do mundo não eram sequer possíveis antes das redes computacionais. Nos últimos 15 anos as redes de computadores se expandiram e novas tecnologias foram criadas. Uma destas tecnologias é a das redes sem fio. Estas são redes que nos proporcionam mobilidade, rápida implantação e, atualmente, alto desempenho. O mundo wireless invadiu o universo da computação, tanto pessoal como corporativa e certamente será cada vez mais uma constante em todos os ramos de negócio daqui para frente. Hoje em dia há empresas, interligando suas filiais, com links de comunicação sem fio que somados percorreriam em linha reta o Brasil do norte ao sul. Esta realidade é cada vez mais visível e vem sempre à sombra da comunicação com fios em termos de estabilidade e desempenho. Se as fibras ópticas começam a ultrapassar os 10 Gbits/s, as conexões sem fio vem ao seu encalço já atingindo praticamente a barreira dos 1 Gbit/s. Não se pode negar que os cabos ainda são mais rápidos e estáveis, porém também não se pode negar que a conexão sem fio é muito mais prática, barata e com uma implantação muito mais rápida. É possível vislumbrar o modo pelo qual as conexões sem fio vão ultrapassar em velocidade e quem sabe, porque não, em disponibilidade as conexões com fio. O desenvolvimento das redes sem fio tem um número de aplicações incalculáveis e é indispensável para o crescimento de empresas e da tecnologia como um todo. Devido à demanda e a quantidade de profissionais trabalhando no desenvolvimento das conexões sem fio, pode-se dizer que não há barreiras para as evoluções possíveis no ramo das conexões sem fio. Em ambientes externos, os links de comunicação sem fio são utilizados principalmente com duas finalidades: em empresas para interconexão de filiais e em provedores de internet sem fio para distribuição e captação nos clientes do serviço de internet. Com uma expansão acelerada das redes sem fio, tanto em provedores como em empresas, o espectro utilizado por 17 elas para a comunicação fica cada vez mais saturado e, consequentemente, acaba praticamente inutilizado pelas interferências. Hoje não é surpresa fazer uma busca por redes disponíveis em BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) um ambiente e encontrar dezenas ou, às vezes, centenas delas. Seguidamente, mesmo com um bom sinal não se consegue um throughput suficiente para aplicação desejada em virtude da saturação do espectro. 1.1 Motivação Nas experiências de profissionais do ramo é possível verificar que os maiores problemas em uma rede sem fios são: a saturação do espectro que ela utiliza e a falta de conhecimento dos profissionais que as implantam, causando os mais variados problemas. Estes problemas vão desde a má instalação física dos equipamentos, até erros básicos de configuração de canal e/ou potência de transmissão. É quase uma regra encontrar muitas redes sem fio em um mesmo local, de modo que todas as frequências de uso livre estão sendo ocupadas, e soma-se a isto o fato dos canais se sobreporem. O nível de interferências, que uma rede gera à outra costuma ser tão elevada que acaba tornando a comunicação praticamente inviável ou, no mínimo, precária ao ponto de não atender a necessidade da aplicação a qual foi projetada. A principal motivação para este trabalho é contribuir no esclarecimento de técnicas e práticas que são pouco implantadas em links de comunicação sem fio. Tais técnicas e práticas são de suma importância para o bom funcionamento dos enlaces, principalmente, tendo-se em vista o fato de não se encontrar frequências limpas para uso e, com a expansão acelerada das redes sem fio, a tendência natural é que cada vez a situação fique mais difícil. As práticas sugeridas poderão ser utilizadas em projetos e em implantações físicas e lógicas de redes sem fio ponto-a-ponto como no caso de interligação das filiais de uma empresa, redes públicas para interconexão de postos de saúde e escolas municipais, e, transmissão de dados ponto-a-ponto em geral. Eventualmente, as práticas sugeridas poderão ser aplicadas em redes semelhantes que usem os mesmos conceitos, porém estas não serão tratadas diretamente neste trabalho. 1.2 Objetivo Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo principal estudar, avaliar e aplicar práticas que melhorem o desempenho final de redes sem fio ponto-a-ponto de planta externa com até 25 km, que tenham sido, ou não, implantadas observando as normas vigentes 18 e que, ainda assim, não atendam a demanda de estabilidade ou desempenho para as quais foram concebidas. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Como resultado, este trabalho disponibilizará uma fonte de conhecimento direto e específico para tópicos pouco explorados e, muitas vezes, desconhecidos pelos profissionais do ramo. 1.3 Metodologia A metodologia aplicada a este trabalho consiste em analisar implantações existentes de redes sem fio ponto-a-ponto que foram instaladas, ou não, usando as normas vigentes e tem problemas de desempenho. Entre estas normas pode-se citar análise de Fresnel e linha de visada, segurança do meio físico, análise das especificações dos componentes e sua aplicação, alinhamento de antenas e dificuldades climáticas (chuva e neblina). A partir destas análises, serão propostas alternativas de melhoria do desempenho dos enlaces de modo que passem a desempenhar todo o seu potencial. Não há garantia de que, mesmo desempenhando o seu potencial máximo, os enlaces em questão atendam as necessidades para os quais foram concebidos, o que se deve a grande quantidade de fatores externos que não dependem do projeto ou das normas, como por exemplo, fatores naturais e climáticos. O foco dos estudos e análises deste trabalho situa-se nas camadas 1 e 2 do modelo OSI, visto que são nestas camadas que estão as diferenças de funcionamento entre uma rede sem fio e uma rede Ethernet. Situações que não se enquadrem a estas camadas não serão abordadas, pois não se enquadram apenas às conexões sem fio, e sim às conexões de um modo geral. O nível de eficiência das soluções propostas será provado, principalmente, através de testes de throughput e latência, embora outros possam apoiar as conclusões. Serão estudadas e analisadas situações reais encontradas em empresas que utilizam conexões sem fio para promover a interligação entre as suas filiais. O segundo capítulo expõe os conceitos, tecnologias e tópicos que servirão para embasar teoricamente os estudos e análises deste trabalho. No capítulo 3 é descrita a proposta de desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso. O quarto capítulo desenvolve os estudos de caso através da parametrização e análise dos dados coletados, seguida das alterações necessárias para a melhoria do desempenho e 19 estabilidade da conexão estudada usando as normas vigentes e técnicas sugeridas pelos autores consultados e citados no capítulo 2. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Por fim, o quinto capítulo apresentará uma análise conclusiva segundo os resultados alcançados com a aplicação das normas vigentes e técnicas sugeridas aos cenários estudados. 20 2 REVISÃO DE LITERATURA No mundo atual, presencia-se o surgimento de empresas que dependem de conexão à BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) internet para sobreviver, seja para verificar e-mails, emitir notas fiscais, ou mesmo para se manter disponível em softwares de comunicação instantânea. Esta realidade se amplia a cada dia que passa e também se faz presente nas redes locais destas empresas. O exemplo mais clássico é o de um servidor com sistema de notas fiscais eletrônicas que executam em um Data Center na sede da empresa, e, é também acessado em um ponto de distribuição, localizado a dezenas de quilômetros, para a geração e impressão de notas. Tudo dentro de uma rede local, sem a necessidade de uma conexão de internet, o que traria inclusive, a necessidade de se pensar mais fortemente em questões de segurança. Poder-se-ia projetar esta rede com fibra óptica, porém o custo, devido às distâncias elevadas, na maioria das vezes inviabilizaria financeiramente este tipo de implantação. A solução são as redes sem fio. Estas tem um custo muito acessível pela fácil construção de equipamentos usados em sua implantação, podem percorrer longas distâncias e penetrar facilmente nos prédios e, portanto, são amplamente usadas para comunicação, tanto em ambiente fechado como em ambientes abertos (TANENBAUM, 1997). Esta ampla cobertura e mobilidade pode ser atingida usando redes sem fio, porém há problemas complicados de contornar quanto à implantação, funcionamento e manutenção. Segundo Tanenbaum (1997), uma das fontes de problema é a interferência entre os usuários. Uma forma de controlar e amenizar este problema é o licenciamento do espectro (frequências). No Brasil, este é feito pela ANATEL e em outros países por seus respectivos órgãos competentes. Para se construir e manter uma rede sem fio que atendam as necessidades para as quais foi implantada, a interferência é apenas um dos vários fatores a observar. A seguir serão fundamentados teoricamente todos os assuntos que, de alguma forma, contribuem para o bom ou para o mau funcionamento de uma rede sem fio. Os itens que não estão diretamente ligados ao escopo do trabalho serão citados de forma sucinta. 2.1 Redes de computadores Como Tanenbaum (1997) cita, entende-se por rede de computadores um conjunto de computadores interconectados por uma única tecnologia. Atualmente, as redes de computadores são usadas em quase todo local que possui um ou mais computadores. 21 Nas empresas as redes de computadores são usadas para compartilhar recursos, programas, equipamentos e, principalmente, dados, de modo que os mesmos estejam BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) disponíveis aos usuários, independente da localização física dos recursos e dos usuários. Já nas residências, os computadores foram introduzidos para processamento de texto e jogos, porém hoje esta aplicação se estendeu radicalmente para outras finalidades como o acesso de informações remotas, comunicação entre pessoas, entretenimento interativo e comércio eletrônico (TANENBAUM, 1997). Todas estas novas aplicações para um computador doméstico utilizam redes de computadores e todas tendem a se expandir ainda mais. Para suprir a necessidade de interconectar estas redes de computadores, sejam elas domésticas ou empresariais, foram definidos dois modelos de referência: modelo de referência OSI (Open Systems Interconecction) e modelo de referência TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Ambos serão abordados e comparados a seguir. 2.1.1 Modelo de referência OSI O modelo de referência OSI é assim nomeado porque trata da interconexão de sistemas que estão abertos à comunicação com outros sistemas. Foi proposto pela ISO (International Standards Organization) com o intuito de dar o primeiro passo na direção de padronizar os protocolos empregados nas diversas camadas (TANENBAUM, 1997). Entretanto, é um modelo pouco utilizado na prática, emprega-se o mesmo principalmente para fins didáticos já que é muito completo. Por não especificar os serviços e protocolos exatos a serem usados em cada camada, o modelo OSI propriamente dito não é uma arquitetura de rede, ele apenas informa o que cada camada deve fazer. No entanto, a ISO também produziu padrões para todas as camadas, mas estes não fazem parte do próprio modelo de referência. Cada um foi publicado como um padrão internacional distinto (TANENBAUM, 1997). No modelo de referência OSI, ou simplesmente modelo OSI, as redes sem fio se diferem das demais apenas nas camadas de baixo nível (1 e 2), ou seja, camada física e camada de tipo de acesso ao meio físico ou enlace. É possível utilizar qualquer protocolo de outro nível (3, 4, 5, 6 ou 7) tanto em uma rede sem fios Wi-Fi, como numa rede Ethernet sem qualquer alteração. A seguir, uma breve descrição das sete camadas do modelo OSI, segundo Tanenbaum (1997) e Torres (2001). 22 2.1.1.1 Camada 7 - Aplicação Esta camada faz a interface entre os aplicativos que irão trafegar na rede e os BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) protocolos de comunicação. Cada aplicação se comunica com os protocolos e o usuário, através dos programas que utilizam a rede como, por exemplo, o navegador de internet, o leitor de e-mails, o mensageiro instantâneo e vários outros. É a responsável por levar para a próxima camada os comandos que o usuário deu ao programa. 2.1.1.2 Camada 6 - Apresentação Também chamada de camada de tradução, a camada de apresentação converte o formato de dados recebido da camada de aplicação para um formato entendido pelo protocolo usado. Além disso, é usada para compressão e criptografia de dados na camada de apresentação. Neste caso, os dados compactados ou criptografados na camada de apresentação do emissor devem sofrer o processo inverso na mesma camada do receptor. Nesta camada se situam os tipos de arquivo (PNG, HTML, AVI e todos os demais). 2.1.1.3 Camada 5 - Sessão A camada de sessão permite que haja controle de falhas entre duas aplicações em computadores diferentes que tenham estabelecido uma sessão de comunicação. Nesta camada é definida a forma como será feita a transmissão e marcação dos dados. Se a comunicação falhar os computadores reiniciam a transmissão a partir da última marcação recebida com sucesso. 2.1.1.4 Camada 4 - Transporte A camada de transporte é responsável, no transmissor, pela fragmentação dos dados nos pacotes que serão encaminhados à camada de rede. Já no receptor, a camada de transporte é responsável por fazer o inverso, ou seja, reagrupar os pacotes remontando os dados originais para encaminhar à camada de sessão. Esta camada também é responsável por controlar o fluxo de dados, ordenando os pacotes que chegarem fora de ordem e corrigindo eventuais erros através do envio de uma informação de reconhecimento de pacotes recebidos com sucesso (acknowledge). A camada de transporte faz a ligação entre as camadas de aplicação (5 a 7) e as de nível físico (1 a 3) . 23 2.1.1.5 Camada 3 - Rede Esta camada faz o endereçamento dos pacotes, convertendo endereços lógicos em BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) endereços físicos. Também é fundamental para o roteamento em redes onde há mais de um caminho para o pacote trafegar da origem ao destino, determinando a rota que os pacotes irão seguir, baseando-se em fatores como condições de tráfego de rede e prioridades. 2.1.1.6 Camada 2 - Enlace Também conhecida como camada de ligação de dados, encaminha os pacotes recebidos na camada de rede e os converte em quadros que serão trafegados pela rede (o quadro é encaminhado à camada física). São adicionadas informações como o endereço da placa de rede de origem, o endereço da placa de rede de destino, dados de controle, os dados propriamente ditos e o CRC (Cyclic Redundancy Check). O CRC serve para verificar a integridade do quadro. Caso o mesmo não esteja íntegro ou não tenha sido recebido o acknowledge, o quadro é retransmitido. A camada de enlace do receptor faz o inverso, converte os quadros recebidos da camada física em pacotes para a camada de rede. 2.1.1.7 Camada 1 - Física A camada física converte os dados recebidos da camada de enlace em sinais compatíveis com o meio onde serão transmitidos (cabo de cobre, fibra óptica). Ela especifica como os bits (0 e 1) serão transmitidos para o meio físico. O papel desta camada é desempenhado pela placa de rede do dispositivo conectado. É importante ressaltar que ela não inclui o meio onde os dados circulam (como por exemplo, cabo de rede, fibra óptica e ar). 2.1.2 Modelo de referência TCP/IP Ao contrário do modelo OSI, o modelo de referência TCP/IP é comumente usado em computadores de todos os portes, impressoras, câmeras IP, telefones IP, smart phones e, atualmente, em quase todo dispositivo que use comunicação de rede sendo inclusive o padrão adotado pela Internet. O modelo TCP/IP não será descrito em detalhes por ser muito parecido com o modelo OSI diferindo-se apenas por ter menos camadas e por ter a definição de protocolos para algumas de suas camadas (TANENBAUM, 1997; TORRES, 2001). 24 2.1.2.1 Camada 4 – Aplicação O modelo TCP/IP não tem as camadas de apresentação e nem a camada de sessão que BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) existem no modelo OSI. Isso se deve ao fato de não se perceber nenhuma necessidade real de uso destas camadas. No nível mais alto do modelo TCP/IP está a camada de aplicação que engloba todos os protocolos de terminal virtual (TELNET), de transferência de arquivos (FTP) e de correio eletrônico (SMTP). Com o passar dos anos foram incluídos novos protocolos como DNS e HTTP. 2.1.2.2 Camada 3 – Transporte No modelo TCP/IP a camada de transporte é definida da mesma forma que no modelo OSI, porém são definidos, adicionalmente, dois protocolos: TCP e UDP (User Datagram Protocol). O protocolo TCP prioriza a garantia de entrega dos pacotes através de mecanismos de controle. Já o UDP prioriza a latência e a velocidade em detrimento da garantia de entrega. 2.1.2.3 Camada 2 – Inter-redes A camada de inter-redes é responsável por permitir que os pacotes trafeguem através das redes disponíveis e cheguem a seus destinos. Não há nenhum controle, nem mesmo de fluxo de dados, o que quer dizer que se os pacotes chegarem desordenados ao destino, as camadas superiores é que tem a incumbência de reordená-los. 2.1.2.4 Camada 1 – Host/Rede O modelo TCP/IP não especifica nenhuma ação exata para a camada host/rede, porém é definido que o host tem de conectar a rede usando algum protocolo que possibilite a transmissão de pacotes IP. Este protocolo varia de host para host e de rede para rede. O mesmo é raramente descrito em livros e documentações. 2.2 Redes de computadores sem fio (IEEE 802.11) Embora uma rede sem fio (wireless) possa enquadrar tecnologias de conexão como: Satélite, Bluetooth, RONJA, WiMAX e Infra-vermelho, este trabalho se focará em redes wireless do tipo Wi-Fi (contração de Wireless Fidelity) que, além de um custo inferior de 25 implantação, possuem maior flexibilidade de acesso aos clientes da rede e fácil aquisição de equipamentos. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Tecnologias wireless normalmente são mais convenientes, porém não são perfeitas. Existem limitações quanto a dificuldades políticas e técnicas que podem impedir as tecnologias sem fio de atingir seu pleno potencial. Duas questões importantes neste quesito são normas incompatíveis e limitações dos dispositivos. Além disso, um dispositivo sem fio, individualmente instalado, provavelmente não será capaz de satisfazer todas as necessidades. O potencial das tecnologias sem fio pode ser atingido com a integração de vários dispositivos em um ambiente, podendo, assim, satisfazer as mais variadas necessidades (STALLINGS, 2005). Para resolver questões como a incompatibilidade entre fabricantes, a IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) lançou o padrão IEEE 802.11. Segundo Flickenger et al. (2007), atualmente a principal tecnologia usada para a construção de redes sem fio de baixo custo é a descrita nos padrões IEEE 802.11 (ISO/IEC 8802-11), também conhecida entre muitos como Wi-Fi. Mundialmente populares, as conexões wireless são aprimoradas de acordo com a necessidade de cada segmento ao qual são aplicadas e continuam fazendo sucesso no mercado. Este sucesso se deve a adoção, por parte dos fabricantes, dos padrões IEEE 802.11. Com estes padrões os fabricantes de todo o mundo conseguiram construir equipamentos altamente inter-operáveis, ou seja, compatíveis entre si. Se os fabricantes optassem por implantar cada um o seu protocolo proprietário, as redes sem fio não seriam tão baratas e ubíquas como são atualmente (FLICKENGER et al., 2007). A difusão das redes Wi-Fi é tão grande que padrões que deveriam suceder o IEEE 802.11, como o IEEE 802.16, custam a ganhar espaço no mercado. Soma-se a isto o fato de os fabricantes de equipamentos IEEE 802.16 (WiMAX) ainda não seguirem totalmente as normas do padrão, ao contrário do que acontece com o IEEE 802.11. Embora resolvam alguns problemas atualmente observados no IEEE 802.11, padrões como o IEEE 802.16 ainda têm um longo caminho a percorrer até que alcancem os pontos de popularidade e preço dos equipamentos IEEE 802.11 (FLICKENGER et al., 2007). A nível operacional, o padrão IEEE 802.11 define a camada 1 (física) e parte da camada 2 (enlace) do modelo OSI para as redes Wi-Fi. A transmissão de dados neste tipo de rede se difere das outras justamente nestas camadas. Tudo o que for relativo a outras camadas não tem qualquer diferença para outros tipos de rede como, por exemplo, redes Ethernet (IEEE 802.3) ou WiMAX (IEEE 802.16). 26 Em uma rede IEEE 802.11 a camada de enlace é dividida em duas subcamadas: LLC e MAC, sendo que a primeira é definida pela norma IEEE 802.2, não fazendo parte da norma BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) IEEE 802.11. Em seguida, as mesmas são descritas. 2.2.1 Subcamada de controle de enlace lógico A subcamada de Controle de Enlace Lógico ou Logical Link Control (LLC), que é definida pelo padrão IEEE 802.2, é a metade superior da camada de enlace do modelo OSI para redes Wi-Fi e tem a função de ocultar as diferenças entre os diversos tipos de redes IEEE 802 fornecendo um único formato e uma única interface com a camada de rede. Para executar essa tarefa, a subcamada LLC do transmissor divide os dados de entrada em quadros de dados, marcando-os com um número de sequência e confirmação e, em seguida, os transmite em sequência. Desta forma é possível fazer o controle de erros e de fluxo de dados, garantindo que os pacotes encaminhados a camada de rede são confiáveis e estão ordenados. É importante reforçar que a subcamada de controle de enlace lógico não faz parte das normas IEEE 802.11, como já foi mencionado no item acima, e sim da norma IEEE 802.2. 2.2.2 Subcamada de controle de acesso ao meio A subcamada de controle de acesso ao meio wireless ou Distributed Foundation Wireless Medium Access Control (DFW-MAC) é a subcamada inferior da camada de enlace do modelo OSI. Ela suporta dois métodos de acesso: um método distribuído básico (DCF), que é obrigatório; e um método centralizado (PCF), que é opcional. O método distribuído básico é o que forma a base sobre a qual é construído o método centralizado. A subcamada de controle de acesso ao meio também trata do roaming (estações que trocam de uma célula de acesso para outra de forma transparente) e de estações perdidas (hidden node), porém estas não serão detalhadas por não se enquadrarem ao escopo deste trabalho. Os dois métodos, que também podem ser chamados de funções de coordenação (Coordination Functions), são usados para dar suporte à transmissão de tráfego assíncrono ou tráfego com retardo limitado (time bounded), ou seja, decidem se uma estação tem permissão para transmitir ou não (SOARES, 1995). 27 2.2.2.1 Função de coordenação distribuída No Distributed Coordination Functions (DCF) a decisão de poder ou não transmitir é BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) realizada individualmente pelos pontos da rede, podendo haver colisões na transmissão. A função DCF também é conhecida como Carrier Sense Multiple Access/Collision Avoidance (CSMA/CA). Ela trabalha de modo semelhante à função Carrier Sense Multiple Access/Collision Detection (CSMA/CD) da tecnologia de rede Ethernet (IEEE 802.3), a diferença está no fato de o protocolo CSMA/CD do Ethernet controlar as colisões quando elas ocorrem, enquanto que o protocolo CSMA/CA do padrão IEEE 802.11 tenta evitar que as colisões aconteçam. O protocolo CSMA/CA não garante a entrega correta dos quadros, já que podem ocorrer colisões. Para verificar se um quadro transmitido foi recebido, a estação de destino envia um aviso de recebimento (ACK) à estação de origem, caso esse aviso não chegue no tempo considerado, a estação de origem realiza novamente a transmissão do quadro após aguardar um tempo que é definido pelo algoritmo de Back-off (SOARES, 1995). 2.2.2.2 Função de coordenação centralizado (PCF) O Point Coordination Functions (PCF) é uma função opcional e é construída sobre uma função de coordenação distribuída (DCF) para transmissões de quadros assíncronos. É implantada através de um mecanismo de acesso ordenado ao meio que suporta a transmissão de tráfego com retardo limitado ou assíncrono. Para a integração da função pontual com a distribuída, o tempo é dividido em períodos denominados superquadros, e a função pontual assume o controle da transmissão para evitar a ocorrência de colisões. Os superquadros consistem em dois intervalos de tempo consecutivos. No primeiro tempo, controlado pela PCF, o acesso é ordenado, o que evita a ocorrência de colisões. Já no segundo tempo, controlado pela DCF, o acesso baseia-se na disputa pela posse do meio, podendo ocorrer colisões (SOARES, 1995). 2.2.3 Técnicas de transmissão A norma IEEE 802.11 define, para a camada física do modelo OSI, a modulação das ondas radioelétricas e as características da sinalização para a transmissão de dados. Ela propõe tipos diferentes de codificação da informação, definindo modos de transmissão alternativos. 28 Estes métodos de transmissão utilizam uma faixa de frequências ao invés de apenas uma frequência, e esta faixa de frequência é dividida em canais (TORRES, 2001). BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Embora existam outros, serão descritos nos próximos itens apenas os três métodos de transmissão mais importantes para este trabalho: DSSS (Direct Sequence Spread Spectrum), FHSS (Frequency Hopping Spread Spectrum) e OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing). 2.2.3.1 FHSS O FHSS é um método de transmissão que utiliza uma sequência aleatória de frequências para transmitir dados, ou seja, a portadora transmite em uma frequência (subcanal) por um período de tempo e então pula aleatoriamente para outra frequência. Cada subcanal é usado por um breve espaço de tempo e, em média, todos os subcanais são igualmente utilizados. O FHSS é menos sensível a interferências devido à constante troca de frequência. A taxa de dados especificada pelo IEEE 802.11 é de 1Mbps e 2Mbps. A exemplo das demais técnicas de transmissão o FHSS é resistente a ruídos (interferências), porém não imune. Se houver interferência sobre uma determinada frequência ela fica ilegível e é retransmitida, porém o restante das frequências do canal não é prejudicado. Na prática, um sinal interferente ocuparia vários MHz, mas como o FHSS tem largura de banda maior que 83 MHz, um sinal interferente seria incapaz de causar uma degradação muito significativa do sinal. 2.2.3.2 DSSS O DSSS é o método de envio de dados em que os sistemas de transmissão e recepção são ambos um set de frequências de 22 MHz. Ela é a tecnologia de espelhamento mais conhecida e mais usada. O método combina um sinal de dados na transmissão com uma alta taxa de sequência de transmissão, conhecida como chipping code ou ganho de processamento. Quanto maior for o ganho de processamento, maior será a resistência a interferências. O processo começa com a portadora, que é de 1 MHz, sendo modulada com uma sequência de código. O número de chips no código irá determinar como ocorrerá o espalhamento, e o número de chips por bit e velocidade da codificação em chips por segundo, irá determinar qual será a taxa de transferência de dados. Em resumo, o DSSS usa uma definição de canais mais convencional. 29 Cada canal é uma banda contígua de frequências com largura de 22 MHz e portadoras de 1 MHz. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) As taxas de transferência do DSSS são de 1 Mbps, 2 Mbps, 5,5 Mbps, e 11 Mbps. Em comparação aos sistemas FHSS, os sistemas DSSS são mais suscetíveis a interferências em virtude da sua pequena largura de banda (22 MHz ao invés dos 79 MHz do FHSS) e pelo fato da informação ser transmitida ao longo da banda inteira simultaneamente, ao invés de uma frequência em um dado momento. Justo pela diferença no modo de operação, o DSSS é incompatível com o FHSS. 2.2.3.3 OFDM Para resolver o problema de permeabilidade da modulação DSSS, que é suscetível a obstáculos como móveis e paredes, foi desenvolvida a técnica de multiplexação por divisão de frequência ortogonal (OFDM). Para transmitir uma grande quantidade de dados por canal, o OFDM divide o canal de transmissão em vários sub-canais, cada um deles com uma onda portadora independente. A implantação do OFDM também é conhecida como coded OFDM (COFDM). Nela a portadora de alta velocidade é dividida em várias portadoras de velocidades menores e todas transmitem ao mesmo tempo. Cada portadora de alta velocidade tem 20 MHz e possui 52 sub-canais, cada um com aproximadamente 300 kHz. Quatro dos 52 sub-canais são usados para a correção de erros e manter a coerência do sinal. As taxas de transferência do OFDM são de 6, 9, 12, 18, 24, 36, 48 e 54 Mbps. O OFDM se adapta facilmente a diversos ambientes, principalmente pela sua característica de reflexibilidade, daí o seu sucesso no mundo Wi-Fi indoor. 2.2.4 Famílias IEEE 802.11 Nos dias de hoje, as três variantes dos padrões Wi-Fi (IEEE 802.11) mais utilizados nas empresas são: IEEE 802.11a, IEEE 802.11b e IEEE 802.11g. Há um quarto padrão importante, o IEEE 802.11n, que embora tenha se mostrado atrativo, ainda não tem um papel significativo no mercado até o momento que este trabalho está sendo escrito. Mais adiante, os motivos dessa demora na adoção do padrão pelo mercado é esclarecido. A seguir são detalhados os padrões IEEE 802.11a, IEEE 802.11b, IEEE 802.11g e IEEE 802.11n. Por não se enquadrarem ao escopo deste trabalho, os outros padrões da família IEEE 802.11 não serão citados. 30 Devido à ubiquidade dos equipamentos e a inexistência da necessidade de licenças da banda ISM (Industrial, Scientific and Medical), que opera na faixa de 2,4 GHz, e U-NII, que BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) opera em três faixas na casa dos 5 GHz (FLICKENGER et al., 2007), conforme a legislação regida pela ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), este trabalho de conclusão de curso concentrar-se-á na abordagem às redes que usam os protocolos IEEE 802.11a, IEEE 802.11b e IEEE 802.11g. 2.2.4.1 IEEE 802.11a O padrão IEEE 802.11a tem várias vantagens sobre os padrões IEEE 802.11b e IEEE 802.11g. Entre eles pode-se citar o fato das bandas U-NII possuírem quatro canais nãosobrepostos em cada faixa de banda, totalizando 12 canais não sobrepostos contra três canais não-sobrepostos nos padrões IEEE 802.11a e IEEE 802.11b. Outra vantagem é a taxa de transmissão de dados de 54 Mbps que se iguala a taxa do IEEE 802.11g e é quase cinco vezes maior que a do IEEE 802.11b (11 Mbps). Para completar a lista de vantagens do IEEE 802.11a, o espectro do mesmo se localiza na faixa dos 5 GHz (entre 5,15 e 5,825 GHz), ou seja, é diferente da faixa de 2,4 GHz dos padrões IEEE 802.11b e IEEE 802.11g e portanto não sofre com interferências advindas destes padrões (STALLINGS, 2005). Esta última vantagem, por outro lado, também é uma desvantagem já que o uso de uma frequência diferente o torna incompatível com os padrões IEEE 802.11b e IEEE 802.11g. Além disso, o fato de usar uma frequência mais alta implica em um alcance menor para a mesma potência, quando comparado aos outros dois padrões já citados. Apesar da taxa de transmissão de até 54 Mbps, como é de costume em conexões Wi-fi, na realidade atinge apenas parte desta taxa, em torno de 27 Mbps (FLICKENGER et al., 2007). O IEEE 802.11a foi ratificado em 16 de setembro de 1999 (FLICKENGER et al., 2007) e utiliza multiplexação por divisão de frequência ortogonal (em inglês OFDM) e pode ser modulado usando BPSK, QPSK, 16-QAM, ou 64-QAM. Soma-se ainda, a codificação convolucional a taxa de 1/2, 2/3 e 3/4, que prevê a correção de erros de transmissão. A combinação da técnica de modulação com a taxa de codificação resulta da taxa de transmissão de dados (STALLINGS, 2005). 31 2.2.4.2 IEEE 802.11b O IEEE 802.11b foi ratificado no mesmo dia do seu irmão IEEE 802.11a, 16 de BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) setembro de 1999. Ele ocupa uma porção da banda ISM entre 2,402 e 2,495 GHz. Por usar modulação DSSS, transmite até 11 Mbps de dados, com uma taxa de transmissão real de cerca de 5 Mbps (FLICKENGER et al., 2007). O IEEE 802.11b possui dois formatos de quadros na camada física. Eles se diferem um do outro apenas no tamanho do preâmbulo. O preâmbulo permite que o receptor adquira um sinal de entrada e sincronize o demodulador de sinal. O preâmbulo longo tem 144 bits e é o mesmo utilizado no DSSS original. Ele permite a interoperabilidade com outros sistemas antigos. Já o preâmbulo curto é composto por 72 bits e proporciona maior eficiência na transmissão por ser menor (STALLINGS, 2005). 2.2.4.3 IEEE 802.11g O padrão IEEE 802.11g é uma evolução do IEEE 802.11b ratificada em 2003. Por implantar, entre outros, o esquema de modulação OFDM, atinge taxas de transmissão de até 54 Mbps, com uma utilização real aproximada de 22 Mbps (FLICKENGER et al., 2007). Possui uma ampla gama de modulações e taxas de transmissão de dados. Opera na faixa ISM entre 2,400 e 2,495 GHz (FLICKENGER et al., 2007), assim como o IEEE 802.11b, de modo a ser retro-compatível. Quando um dispositivo se vale desta compatibilidade, a conexão atingirá a menor taxa entre eles, ou seja, a taxa do dispositivo que estiver utilizando o padrão IEEE 802.11b. Para fornecer esta compatibilidade, o IEEE 802.11g, especifica a mesma modulação e enquadramento que o IEEE 802.11b nas normas para 1, 2, 5,5 e 11 Mbps (STALLINGS, 2005). Em taxas de dados de 6, 9, 12, 18, 24, 36, 48 e 54 Mbps, o IEEE 802.11g adota o esquema de modulação OFDM usado no padrão IEEE 802.11a, porém adaptado para a taxa de 2,4 GHz. Esta implantação do OFDM é conhecida pelo nome de ERP-OFDM (Extended Rate Physical layer – Orthogonal Frequency Division Multiplexing) (STALLINGS, 2005). 2.2.4.4 IEEE 802.11n O padrão IEEE 802.11n chegou prometendo várias melhorias com relação à latência, alcance e à confiabilidade de transmissão, porém, na prática não há disponibilidade total destas melhorias em todos os equipamentos fabricados. 32 A solução implantada pelo padrão IEEE 802.11n baseia-se na melhoria de algoritmos de transmissão e no MIMO (Multiple Input – Multiple Output) que permite que o dispositivo BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) utilize vários fluxos de dados, através do uso de conjuntos de transmissores, receptores e antenas, transmitindo os dados de forma paralela. Os arranjos possíveis de transmissores e receptores são: 2x2 usando duas antenas, 2x3 usando três antenas, 3x3 também usando três antenas ou 4x4 usando quatro antenas. Para atingir taxas de transmissão de dados de até 600 Mbps nominal e 288,8 Mbps real (72,2 Mbps por fluxo de dados em 20 MHz) o padrão combinou várias melhorias. A primeira delas é a redução do intervalo entre as transmissões, seguido da utilização dos quatro subcanais para correção de erros do OFDM para transmissão. Para resolver o problema de gerar interferência mútua na utilização de vários fluxos de dados (no máximo quatro fluxos, porém normalmente utilizam-se dois para redução de custo na produção do dispositivo) usando o mesmo canal, o MIMO tira proveito de algoritmos sofisticados que calculam a reflexão de sinal nas diferentes antenas do dispositivo, possibilitando a identificação de cada fluxo pelo fato de o sinal ter percorrido caminhos diferentes, já que se originou em antenas diferentes. Este recurso é chamado de Spatial Multiplexing. O IEEE 802.11n é retro-compatível com os padrões IEEE 802.11a, IEEE 802.11b e IEEE 802.11g, e utiliza, portanto, as faixas ISM (2,4 GHz) e U-NII (5 GHz). Além disso, ele pode utilizar o sistema HT40 que ocupa uma faixa de 40 MHz para transmissão e transmite o dobro de informações que o tradicional HT20 de 20 MHz. Para atingir os 300 Mbps divulgados pelos fabricantes, consideram-se dois fluxos de dados de 40 MHz, totalizando 288,8 Mbps que são arredondados para 300 Mbps (MORIMOTO, 2007). Embora prometam um aumento significativo de velocidade, alcance e confiabilidade, alguns dos fabricantes de dispositivos IEEE 802.11n ainda não implantam totalmente o padrão, ou implantam um dos muitos drafts (rascunhos) que o padrão possuiu antes de ser ratificado em 11 de setembro de 2009. Infelizmente, estas implantações não funcionarão entre equipamentos de diferentes fabricantes e a aquisição dos mesmos irá obrigar o comprador a adquirir dispositivos de apenas um fornecedor específico para cada porção de sua rede, em resumo, sua disponibilidade e interoperabilidade entre fabricantes ainda é uma incógnita. Como já foi mencionado, devido à ubiquidade e compatibilidade dos dispositivos que utilizam protocolos IEEE 802.11a, IEEE 802.11b e IEEE 802.11g, o padrão IEEE 802.11n não será utilizado no desenvolvimento deste trabalho. 33 2.2.5 Topologia Neste item se expõem as duas topologias mais comuns em redes Wi-fi: ponto-a-ponto BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) e ponto-multiponto. Serão mostrados alguns pontos fortes e fracos de cada uma delas. 2.2.5.1 Ponto-a-ponto A primeira topologia de rede Wi-fi é a ponto-a-ponto (point-to-point, ou ainda peer-topeer). Nesta topologia existe apenas a transmissão de dados de um ponto para o outro. Atualmente, inúmeras empresas usam esta topologia para interligar prédios ou mesmo filiais inteiras. Uma rede ponto-a-ponto simples é de fácil gestão e sua grande vantagem está na possibilidade de atingir longas distâncias com a utilização de dispositivos e, principalmente, antenas corretas. Este trabalho de conclusão se focará neste tipo de topologia. 2.2.5.2 Ponto-multiponto A topologia ponto-multiponto necessita de um ponto de acesso (AP – Access Point) para ser caracterizada. Possibilita a extensão da rede Wi-fi com mais flexibilidade que a topologia ponto-a-ponto. Nesta topologia existe um ponto de convergência, ou seja, um ponto de acesso centralizado onde todos os clientes precisam se conectar. Embora a centralização traga uma facilidade para controlar a rede, a grande desvantagem da topologia ponto-multiponto é justamente centralizar o tráfego de dados, criando um único ponto de falha e/ou um gargalo de rede. Hoje isto é contornável de maneira simples empregando outros pontos de acesso e agregando tecnologias. 2.2.6 Arquitetura Quanto à arquitetura, implantam-se redes padrão IEEE 802.11 de dois modos: o InfraEstruturado e o Ad-Hoc. Cada um tem vantagens e desvantagens, a sua aplicação depende do ambiente e da situação em que serão implantadas. Tanto na arquitetura infra-estruturada como na arquitetura Ad-Hoc, a rede provida pelo equipamento precisa de um nome de identificação ou Identifier (ID). Este ID é chamado tecnicamente de SSID (Service Set IDentifier) e é um valor único, alfa-numérico, sensível a letras maiúsculas e minúsculas, e com comprimento que varia de 2 até 32 caracteres. 34 O SSID tem a finalidade de segmentar as redes redes, provendo uma segurança rudimentar e facilitando a associação dos dos clientes a esta rede. Para um m cliente se associar a uma determinada BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) rede,, o mesmo deve estar configurado com o SSID correto especificado no Ponto de Acesso (PA) ou Access Point (AP AP). O SSID é enviado em vários tipos de frames, frames, como por exemplo, exemplo os beacons. Em alguns casos o SSID pode estar oculto, mas isto não altera a sua responsabilidade de identificar a rede a qual o cliente estará se conectando. Outros dois identificadores presentes são o BSSID e o ESSID.. O BSSID (Basic Basic Service Set IDentifier entifier) é um identificador dentificador exclusivo de cada client clientee (endereço MAC Ethernet) Ethernet) em uma rede sem fio. E o ESSID (Extended (Extended Service Set IDentifier IDentifier)) é um identificador ificador exclusivo, exclusivo aplicado ao ponto de acesso e ao cliente da rede sem fio, e anexado a cada pacote. Ele permite que o ponto de acesso reconheça cada cliente e seu tráfego. tráfe 2.2.6.1 Ad-Hoc Ad Redes Ad-Hoc Hoc ou MANET (Mobile Mobile Ad-hoc Ad NET ETwork) são redes móveis formadas por um conjunto de nós móveis, autônomos e dinâmicos. As redes Ad--Hoc podem ser montadas rapidamente e não ão precisam de uma estrutura fixa. Nelas pode pode--se se adicionar ou remover terminais sem comprometer o seu funcionamento. Uma vez que se pode adicionar e remover nós a cada momento, a topologia da rede pode mudar a cada momento e sem aviso prévio. Stallings (2005, (2005 p. 430)) descreve que “quando uando todas as estações do BSS são estaçõe estações móveis, sem nenhuma conexão com outros BSSs, o BSS é chamado de independent BSS (IBSS). ). Um IBSS é tipicamente uma rede Ad--Hoc”. Os nós se comunicam comunicam diretamente uns com os outros sem a necessidade de um ponto central (Ponto de Acesso). Cada ponto atua com como o roteador e também como host, host, de modo que todos os pontos participam da descoberta e manutenção das rotas entre os nós. Estas redes também são conhecidas como IBSS (Independent Independent Basic Service Set) Set ou redes não infra-estruturadas. infra estruturadas. A figura 1 mostra um exemp exemplo lo de arquitetura Ad-Hoc. Ad Hoc. Figura 1 Arquitetura Ad-Hoc Ad 35 2.2.6.2 Infra-estruturada Infra estruturada Redes infra-estruturadas infra estruturadas são redes que necessitam de uma estrutura básica para operar, BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) no caso das redes wireless, wireless, um ponto de acesso. Este ponto de acesso centraliza o fluxo de dados da rede, toda a comunicação passa por ele. Uma rede infra infra-estruturada estruturada pode ainda, ser formada por mais de um ponto de acesso. A figura 2 mostra o modelo de arquitetura infra infra-estruturada estruturada desenvolvido pelo grupo de trabalho IEEE 802.11 02.11. Figura 2 IEEE 802.11 Architecture 2.2.6.2.1 Básica (BSS BSS) Redes infra-estruturadas infra estruturadas com um único ponto de acesso são consideradas consideradas redes de serviço básico ou IBSS (Infrastructure Infrastructure Basic Service Set Set), ), porém para evitar confusão como as redes Ad--Hoc ou IBSS (Independent Independent Basic Service Set Set), ), é costume usar apenas BSS para se referir a redes infra-estruturadas infra estruturadas de serviço básico. Stallings (2005, (2005 p. 430)) descreve que “um bloco de uma LAN (Local Local Area Network Network) sem fio é um Basic Service Set ((BSS), ), que consiste em um número de estações executando executando o mesmo protocolo MAC e competindo pelo acesso ao mesmo meio compartilhado sem fio”. fio Nesta modalidade de rede infra infra-estruturada, estruturada, como já foi citado, há apenas um ponto de acesso central por onde, obrigatoriamente, obrigatoriamente, passam todas as informações que trafegam pela rede. A figura 3 exemplifica uma rede infra infra-estruturada estruturada de serviço básico (BSS (BSS). Figura 3 Infra nfra-estrutura estrutura BSS 36 2.2.6.2.2 Estendida (ESS) ( Quanto às redes wireless que usam mais de um um ponto de acesso, a estrutura de rede é BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) considerada estendida, ou ESS (Extendend Extendend Service Set). Set É formada por dois ou mais BSS interligados por um sistema de distribuição distribuição.. Não é necessário, embora nada impede, impede, que todas as redes BSS que compõem uma ESS, tenham o mesmo SSID. A ESS é exemplificada na figura 4. Figura 4 Infra nfra-estrutura estrutura ESS 2.2.6.2.3 Sistema de Distribuição ((DS) O Sistema de Distribuição, ou DS ((Distribution Distribution System), System é responsável por interconectar múltiplos BSSs.. Fornece os serviços que permitem o roaming entre os clientes e os BSSs. É usado para ara conectar um conjunto de BSSs e integrar LANs, LANs, criando uma ESS.. Ele pode variar entre uma rede cabeada ou uma rede sem fio (STALLINGS STALLINGS, 2005). Atualmente as implantações impl ntações sem fi fio chamadas cha Sistema de Distribuição Wireless (WDS WDS - Wireless Distribution System) System) são tão comuns quanto DSs com cabos. A figura 5 mostra a utilização de um sistema de distribuição sem fio (WDS (WDS). Figura 5 Wireless Distribution System (WDS WDS) 2.2.6.2.4 Portal IEEE 802.x LAN O serviço de integração (Portal IEEE 802.x LAN) LAN) permite a transferência de dados entre uma estação em uma BSS e uma estação de um sistema integrado IEEE 802.x LAN. O 37 termo se refere a uma rede LAN com fio que está fisicamente conectado ao DS. DS. O serviço de integração cuida de qualquer tradução de endereços e de lógica de conversão de mídia BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) necessário para o intercâmbio de dados (conversão de meio físico ou roteamento). roteamento) Stallings (2005, (2005 p. 431)) escreve que “para “ ara integrar a arquitetura IEEE 802.11 com uma LAN com fio tradicional, um portal é utilizado. A lógica do portal é impla implantada em m um dispositivo, como uma bridge ou um roteador, que faz parte da LAN com fio e que está ligado à DS”. A figura 6 mostra a integração de uma LAN convencional a uma rede IEEE 802.11 através do uso de um portal. Figura 6 Portal de Integração IEEE 802.x LAN 2.2.7 Classificação quanto à abrangência As redes de computadores são comumente classificadas por abrangência geográfica: PAN, LAN, LAN MAN e WAN. WAN. Como já foi mencionado, neste trabalho trata apenas de redes redes sem fio, neste caso, encontra-se encontra o prefixo W (Wireless) para descrever estas redes (WPAN (WPAN, WLA WLAN, WMAN e WWAN). A figura 7 define as classificações das redes supracitadas por abrangência. abrangência Figura 7 Classificação de rede por áárea rea de abrangência 38 2.2.7.1 WPAN Wireless Personal Area Network ((W WPAN), ou Rede Wireless de Área Pessoal, Pessoal, define BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) uma área de abrangência de poucos metros onde dispositivos próximos se conectam, normalmente uma rede doméstica. Como exemplo, um computador conectado a uma impressora, um Pocket PC, PC, ou mesmo um telefone celular, normalmente usando tecnologias como Bluetooth (IEEE IEEE 802.15). Na figura 8 é demonstrado um exemplo de rede WPAN. Figura 8 Rede WPAN 2.2.7.2 WLAN Wireless Local Area Network ((WLAN) LAN),, ou Rede Wireless de Área Local, define uma área de abrangência de poucos quilômetros onde computadores pessoais, estações de trabalho e dispositivos diversos (impressoras, scanners e equipamentos como ponto eletrônico, balanças, catracas) se conectam e provêem compartilhamento de recursos e informações. Redes WLAN, WLAN, normalmente, se restringem a um prédio, empresa (ou filial dela) ou campus. A figura 9 exemplifica uma um rede WLAN WLAN. Figura 9 Rede WLAN 39 2.2.7.3 WMAN Wireless Metropolitan Area Network (WMAN) ou Rede Wireless de Área BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Metropolitana, são redes definidas por uma área de abrangência de até 100 km e costumam interligar redes LAN ou WLAN. Podem ser públicas ou privadas e são caracterizadas por ser mais simples em comparação a outras arquiteturas. Nelas não existem elementos de interação como usuários, computadores ou estações, somente interligação entre redes distantes geograficamente. Na figura 10 é demonstrado o diagrama de uma rede WMAN. Figura 10 Rede WMAN Fisicamente, as redes MAN costumam ser implantadas usando fibra óptica ou, no caso das WMAN, usando conexão wireless. O termo metropolitana se refere ao fato de, normalmente, as redes MAN não se limitarem geograficamente a uma única cidade e sim a uma região englobando algumas cidades, embora isso não impeça de haver uma MAN limitada a uma única cidade. Um exemplo de MAN é a rede de televisão a cabo disponível em muitas cidades. Esse sistema se destacou porque resolve o problema de fraca recepção do sinal de televisão pelo ar (TANENBAUM, 1997). Embora tenha sido uma das primeiras soluções usando MANs, a televisão a cabo não é a única. O acesso à Internet de alta velocidade utilizando redes sem fio e a interligação de filiais de empresas de médio à grande porte, resultaram em outras MANs (TANENBAUM, 1997). Atualmente, as principais implantações de redes WMAN se localizam em empresas que costumam implantá-las para interconectar suas filiais, eliminando assim a necessidade de conexão de Internet individual e servidores específicos em cada filial. Empresas implantam MANs com o objetivo de fornecer a capacidade necessária com eficiência e menor custo do que a contratação de um serviço que seja equivalente, disponível em uma companhia de telefonia local (STALLINGS, 2005). 40 Quanto à largura de banda, as redes WMANs tendem a suportar conexões de alto desempenho de modo a não prejudicar o desempenho dos equipamentos que estejam BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) conectados a uma WMAN através de uma rede local ((LAN LAN), entretanto, tanto, na maioria das vezes uma rede WMAN não funciona bem devido a pr problemas oblemas de implantação do meio físico. Estes problemas são o foco deste trabalho, onde falaremos especificamente sobre redes WMAN. 2.2.7.4 WWAN Wireless Wide Area Network ((WWAN) WAN),, ou Rede Wireless de Longa Distância, Distância, tem abrangência de mais de 100 km e costumam ser usadas por provedores de acesso a internet ou operadoras de telecomunicações (fornecedores de backbones). backbones). Uma rede WAN pode ser intercontinental, integra computadores de localizações geográficas muito distantes. Um exemplo de rede WAN são os backbones de acesso à internet de companhias de telecomunicação como Embratel, Oi Telecom e GVT. A figura 11 1 demonstra uma rede WWAN. Figura 11 Rede WWAN AN 2.2.8 Normatização ormatização e padronização A utilização de dispositivos Wi-fi segue normas que variam de acordo com cada país. Nos Estados Unidos, a FCC (Federal Federal Communications Commission) Commission é a organização responsável pela criação de leis para regulamentação, enquanto o IEEE (Institute Institute of Electrical and Electronics Engineers) Engineers) define padrões que se enquadrem nas leis criadas pelo FCC.. Na Europa a padronização dos equipamentos é de responsabilidade do d ETSI (European European Telecommunications Standards Institute Institute). Já no Japão, a MKK (Kensa Kensa-kentei kentei Kyokai) Kyokai é o órgão encarregado. A ANATEL (Agência Nacional das Telecomunicações) é o organismo responsável responsável por definir as normas e leis no Brasil, incluindo o licenciamento de frequências restritas. restritas 41 Outra organização é a WECA (Wireless Ethernet Compatibity Alliance). Ela é responsável pela certificação Wireless Fidelity, ou simplesmente Wi-fi que garante a BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) interoperabilidade entre os diferentes fabricantes (BATTISTI, 2011). 2.2.9 Teoria de ondas Para construir links Wi-fi estáveis e com bom desempenho é importante entender como as ondas irradiadas se comportam na prática. Nos itens a seguir, a teoria necessária para este entendimento será mostrada. Dá-se o nome de onda a uma oscilação periódica com certo número de ciclos por unidade de tempo. Uma onda possui certa velocidade, frequência e comprimento de onda. Representam-se estas propriedades pela relação simples: (1) O comprimento de onda (lambda, λ) é medido em metros (m) e pode ser definido como a distância medida de um ponto em uma onda até a parte equivalente da onda seguinte. A frequência pode-se medir em Hertz (Hz) e é o número de ondas completas que passam por um determinado ponto fixo no período de um segundo. A velocidade é medida em metros por segundo (m/s). Outra propriedade das ondas é a amplitude que é a distância entre o centro da onda e o extremo de um de seus picos. A figura 12 mostra a relação entre comprimento de onda, frequência e amplitude. Figura 12 Comprimento de onda, amplitude e frequência (FLICKENGER et al., 2007, p. 10) Para as conexões Wi-fi usam-se ondas eletromagnéticas. Este tipo de onda tem por característica não precisar de nenhum meio de propagação, propagam-se mesmo no vácuo do espaço. No caso das conexões Wi-fi, costuma-se dizer que as ondas eletromagnéticas usam o ar como meio de propagação. A frequência e o comprimento de onda determinam a maior parte do comportamento de uma onda. Uma compreensão básica destes fundamentos auxilia muito nos trabalhos práticos que envolvem conexões Wi-fi (FLICKENGER et al., 2007). 42 2.2.9.1 Espectro eletromagnético Segundo Flickenger et al. (2007), ondas eletromagnéticas podem existir em infinitas BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) variações de frequência. Esta variação de frequência é chamada de espectro eletromagnético. Para as conexões Wi-fi, usam-se frequências classificadas como microondas (entre 1 e 300 GHz). As frequências mais usadas para Wi-fi possuem comprimento de onda de aproximadamente 12,5 cm para frequências entre 2,400 e 2,495 GHz, e entre 5 e 6 cm para frequências entre 5,150 e 5,850 GHz. 2.2.9.2 Comportamento das ondas de rádio Há três regras simples que se mostram úteis no planejamento inicial de redes Wi-fi. A primeira delas é que quanto maior o comprimento de onda, maior é o alcance do sinal. Pode ser observado em rádios FM onde transmissores de frequências menores, por exemplo, 93,3 MHz, atingem áreas maiores quando comparados a transmissores de frequências maiores, como por exemplo 102,9 MHz, usando a mesma potência no transmissor. A segunda regra define que quanto maior o comprimento de onda, maior a facilidade com que ela atravessa e contorna as coisas. Podemos visualizar esta regra através do exemplo de uma onda na água que tenha a largura de 5 m e não será impedida por um pedaço de madeira de 5 mm na superfície de um lago. E por último, quanto menor o comprimento de onda, mais dados ela pode transportar. Quanto menor for o comprimento da onda, menor será o tempo que ela leva para completar um ciclo, como utilizamos um ciclo para transmitir um bit, quanto mais ciclos, mais bits transmitidos (FLICKENGER et al., 2007). 2.2.9.3 Absorção Ondas eletromagnéticas geralmente enfraquecem ou deixam de existir quando penetram alguma coisa. O coeficiente de absorção é a propriedade que define o quanto elas perdem de potência ao penetrar em um material. Tudo depende da frequência da onda e do material que ela penetra. Redes Wi-fi são classificadas como microondas e os principais materiais absorventes para estes tipos de ondas são metal e água. Ambos podem ser considerados absorventes perfeitos, ondas de rádio não são capazes de transpô-los. Nos metais as oscilações dos elétrons absorvem a energia da onda, enquanto na água as microondas fazem com que as 43 moléculas se agitem, transformando a energia da onda em calor, este princípio é usado nos fornos de microondas para aquecer e cozinhar alimentos, mas para redes Wi-fi é o fim da onda BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) de rádio. Fatores climáticos envolvendo água, como chuva, vapor, neblina, nuvens baixas, entre outras, tem forte influência nas redes sem fio e podem causar a perda de conexão. Além de metais e da água, outros materiais absorvem ondas de rádio. A madeira é um deles e sua capacidade de absorção irá depender do quanto de água ela contem. Madeiras velhas, mortas e secas são relativamente transparentes por não terem água, mas uma madeira jovem e úmida, uma árvore, por exemplo, será bastante absorvente. O plástico e seus similares não costumam ser absorventes, mas isto irá depender da frequência e do tipo de plástico. Por sua vez, é importante ressaltar que os seres humanos, assim os animais, são compostos por aproximadamente 70% de água e tem grande capacidade de absorção. Logo, projetar uma rede onde as conexões tenham de atravessar muitas pessoas é um grande erro (FLICKENGER et al., 2007). 2.2.9.4 Reflexão As ondas de rádio, assim como ocorre com a luz, refletem quando entram em contato com materiais apropriados para isto. A exemplo da absorção, as principais fontes de material refletor são metais e superfícies de água. Na teoria a reflexão é definida de forma bem simples: o ângulo de incidência da onda é sempre igual ao ângulo de reflexão. Em outras palavras, o ângulo em que uma onda atinge a superfície é o mesmo em que ela é refletida. Antenas parabólicas usam esta propriedade para concentrar as ondas de rádio que se chocam em sua superfície em uma direção focalizada, seja para captação como para transmissão. Relativo aos metais, observa-se que em um ambiente, seja ele interno ou externo, normalmente há vários componentes metálicos de formas e tamanhos variados o que explica porque o efeito de multi-caminhos (isto é, o sinal chegando até o seu alvo através de caminhos diferentes e, conseqüentemente, em tempos diferentes) tem um papel tão importante nas conexões Wi-fi. Quanto a superfícies aquáticas, com ondas e oscilações mudando de formato a todo o instante, podemos afirmar que são, praticamente, impossíveis de se calcular com precisão, mesmo com uso de softwares avançados (FLICKENGER et al., 2007). 44 2.2.9.5 Difração Por causa da difração, ondas eletromagnéticas dobram esquinas e atravessam aberturas BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) em barreiras. Ondas com comprimento de alguns centímetros, são difratadas quando atingem paredes, picos de montanhas e outros obstáculos, de modo a parecer que a onda muda de direção e dobra em cantos e esquinas. Segundo Flickenger et al. (2007) o princípio de Huygens descreve um modelo para a compreensão deste comportamento. Imagine que, em qualquer dado instante, cada ponto da frente de onda seja o ponto de partida para uma pequena onda esférica. Esta abordagem foi ampliada por Fresnel e não é totalmente comprovada, ainda há discussões sobre ela descrever adequadamente este fenômeno ou não. Por ora ela nos atende a contento para as conexões sem fio. A difração implica em perda de potência. A energia da onda difratada é bem menor que a da frente da onda que a originou. Porém, em situações específicas, você pode tirar vantagem da difração para contornar obstáculos. 2.2.10 Antenas Superficialmente pode parecer que a forma mais simples de melhorar a qualidade de um sinal é aumentar a sua potência de transmissão. Uma potência de transmissão maior realmente aumenta o sinal, porém os órgãos que regulam as telecomunicações (como a ANATEL no Brasil) não permitem esta prática. Dispositivos com mais potência produzem e absorvem um nível maior de interferência e cobrindo áreas mais amplas, o que significa menos usuários compartilhando o mesmo espectro. Atualmente, os dispositivos Wi-fi utilizam menos de um watt (W) de potência e sua qualidade e nível de sinal é insuficiente. Por não ser possível aumentar a quantidade de energia produzida pelos transmissores, o método mais indicado para melhorar o nível de sinal consiste em aperfeiçoar o desempenho das antenas empregadas. Uma antena pode evitar interferências, aumentar a velocidade de transmissão de dados, expandir a área de cobertura e estabelecer links de comunicação estáveis e confiáveis em locais onde seria impossível a existência de uma conexão com antenas comuns, normalmente fornecidas juntamente com os dispositivos. Ainda que uma antena maior possa melhorar o desempenho de uma conexão sem fio, não existe nenhum motivo que justifique a instalação de antenas com ganho maior do que o necessário. Um link, sem interferências e com uma antena de baixo ganho não funcionará 45 melhor, nem mesmo atingirá velocidades maiores, se usar uma antena de maior ganho. Pelo contrário, a qualidade do sinal pode piorar, pois está mais suscetível à interferência de outras BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) redes. Devido à diferença do comprimento de onda para diferentes frequências, a antena deve ser construída para irradiar o comprimento de onda correto, ou seja, uma antena construída para irradiar frequências semelhantes a 2,4 GHz, não funcionará bem para frequências semelhantes a 5 GHz. A literatura que acompanha a antena deve informar para qual faixa de frequência a antena foi construída (FLICKENGER et al., 2007). Para a escolha de uma antena que esteja de acordo com a aplicação desejada, é importante considerar itens como o tipo da antena (omnidirecional ou direcional), padrão de cobertura, o ganho, impedância e resistência às intempéries (FLICKENGER et al., 2007). 2.2.10.1 Antenas omnidirecionais Antenas omnidirecionais transmitem e recebem em todas as direções com a mesma intensidade. São úteis para cobrir uma área ampla. Por não se enquadrarem ao escopo deste trabalho, as antenas omnidirecionais não serão detalhadas. 2.2.10.2 Antenas direcionais Antenas direcionais concentram suas capacidades de transmissão e sensitividade em uma direção específica. A forma da área de cobertura da antena direcional e sua quantidade de ganho dependem do desenho exato de cada antena. As antenas direcionais aumentam a quantidade de ganho à medida que vão diminuindo a amplitude da área de cobertura, ou seja, uma antena direcional pode proporcionar uma enorme melhoria na qualidade do sinal sobre uma área de cobertura focalizada, podendo também reduzir a interferência de áreas desinteressantes a aplicação da cobertura. Quanto ao formato, podem ser parábolas sólidas ou gradeadas, que incluem um refletor atrás do elemento de irradiação; yagi, que se parece com uma antena de televisão de telhado, porém mais estreita; patch; ou ainda, painel setorial. A figura 13 mostra alguns dos tipos de antena direcional citados acima. Figura 13 Tipos de antena direcional 46 2.2.10.3 Padrão de cobertura A folha de especificação de uma antena inclui um diagrama mostrando a forma do BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) padrão de cobertura da antena, também conhecido como padrão de radiação, ou simplesmente simplesmente lóbulo de irradiação. Embora comumente representado por duas fatiass bidimensiona bidimensionais (azimute ou horizontal e elevação ou vertical) vertical),, como é mostrado na figura 14, 14, o padrão de radiação é tridimensional (FLICKENGER (FLICKENGER et al., 2007). Figura 14 Diagramas de irradiaç irradiação ão bidimensionais De modo geral, o padrão é omnidirecional ou direcional. No caso do padrão direcional, os diagramas geralmente incluem ângulo de abertura, largura de feixe ou área de captura, sempre informado em graus. O ângulo de abertura é a seção de um círculo que contém a cobertura ou sensitividade de energia máxima da antena. Por exemplo, se se o ângulo de abertura for de 10 graus, a cobertura ou sensitividade máxima se estenderá para fora da parte frontal da antena, antena, em um ângulo de 100 graus. Nenhuma antena é perfeitamente construída a ponto de ser capaz de irradiar toda a energia em uma única direção. Inevitavelmente, alguma energia é irradiada em outras direções, a esta ocorrência se dá o nome de lóbulo lateral (FLICKENGER FLICKENGER et al.,, 2007). 2.2.10.4 Ganho O ganho representa uma proporção entre a energia da transmissão ou da sensitividade do receptor (capacidade de captar os sinais transmitidos por outras antenas), comparada a uma antena isotrópica. Uma antena isotrópica irr irradia adia igualmente em todas as direções. direções Não ão é uma antena real, ela apenas fornece padrões teóricos simples e úteis para comparar compa rar antenas reais a ela (FLICKENGE FLICKENGER R et al.,, 2007). Em outras palavras, o ganho de uma antena é a medida da sua direcionalidade em relação ação a uma antena isotrópica. isotrópica. Não há aumento na potência de saída em relação à energia de entrada e sim a direcionalidade da mesma a custa das outras direções (STALLINGS, 2005). 2005). O ganho é expresso em dBi ((decibel decibel isotropic, isotropic ou decibel isotrópico) e o valor correspondente a cada antena pode ser encontrado na literatura que acompanha a mesma. mesma 47 2.2.10.5 Alinhamento O alinhamento é um dos itens mais importantes na instalação de uma conexão ponto- BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) a-ponto Wi-fi. Se as duas antenas da conexão não estiverem com seus lóbulos de irradiação alinhados um com o outro, o melhor nível de sinal e, consequentemente, o melhor desempenho não serão alcançados. Para alinhar propriamente as antenas em uma longa distância você irá precisar de algum tipo de ferramenta em que pode observar instantaneamente a potência do sinal recebido no alimentador da antena. Assim você poderá fazer pequenas mudanças no alinhamento da antena enquanto observa o que acontece com o sinal, fixando a antena quando a maior potência do sinal for encontrada (FLICKENGER et al., 2007, p. 256). O processo de alinhamento recomendado por Flickenger et al. (2007) leva em consideração duas equipes de duas pessoas cada, sendo que, em cada equipe, uma pessoa verifica o sinal e a outra alinha a antena. É importante que as duas equipes comuniquem-se durante o processo, de modo que uma equipe não altere o alinhamento enquanto a outra está verificando o nível de sinal. As duas equipes devem considerar os itens: a) configurar e testar todos os equipamentos antes da implantação propriamente dita ser executada. Desta forma não haverá problemas como, por exemplo, não encontrar o sinal do outro ponto por um erro de configuração do equipamento transmissor ou cabos mal construídos; b) estimar a direção e a elevação das antenas usando a triangulação de coordenadas captadas por GPS para ter noção da localização de um ponto em relação ao outro ou, caso seja possível, localizando visualmente o ponto de alinhamento ou uma referência para ele; c) se não for possível determinar a localização do ponto de alinhamento da forma citada no último item, criar um ponto de referência usando uma pandorga (pipa), balão, luz de sinalização, fogos de artifício ou sinais de fumaça; d) não testar o sinal em ambas as direções simultaneamente; e) não tocar a antena ou ficar na direção da irradiação do sinal durante a medição; f) se o sinal recebido for menor do que o esperado, pode-se ter encontrado um lóbulo lateral de irradiação. Nesse caso, mover a antena além do lóbulo captado para encontrar o lóbulo principal; 48 g) não se preocupar tanto com os ângulos de elevação e direção da antena, o lóbulo principal pode não estar exatamente no centro visual, o nível de sinal BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) alcançado é o que importa; h) conferir a polaridade utilizada e a faixa de frequências para a qual a antena foi construída; i) por último, se nada funcionar, verificar individualmente se todos os componentes estão ligados, conectados e/ou foram danificados no transporte. Caso estejam danificados, substitua-os. O procedimento de alinhamento que cada equipe deve executar é descrito na citação: A equipe com a antena de maior ganho deve movê-la lentamente na posição horizontal, observando o medidor de sinal. Quando a melhor posição for alcançada deve-se tentar alterar a elevação da antena. Depois que o melhor sinal for detectado, a antena deve ser firmemente fixada e a outra equipe deve ser avisada para que tente posicionar a sua antena. Repita este processo algumas vezes até que a melhor posição possível para as duas antenas seja encontrada (FLICKENGER et al., 2007, p. 260). 2.2.10.6 Instalação física A instalação física de uma antena deve sempre levar em consideração a ação de intempéries como o vento. Os suportes e braçadeiras de fixação da antena devem ser suficientemente fortes para que a antena não se desloque com a ação dos ventos ou mesmo com o próprio peso da antena, perdendo o seu alinhamento (FLICKENGER et al., 2007). 2.2.10.7 Proteção contra fatores climáticos As antenas que ficam expostas a fatores climáticos (como a chuva e a radiação ultravioleta) em ambientes externos geralmente precisam de proteção, pois tais fatores podem deteriorar os materiais usados na sua construção. Muitos fabricantes colocam os elementos de irradiação em compartimentos hermeticamente fechados e imunes a estes tipos de intempérie. Em ambientes internos esta proteção é desnecessária já que não há fatores degradantes relevantes (FLICKENGER et al., 2007). 2.2.10.8 Impedância Usualmente os fabricantes projetam antenas, linhas de transmissão e rádios para a impedância de 50 Ohms, mas se um deles não tiver esta impedância haverá um descasamento 49 de impedância e a eficiência da transmissão será totalmente comprometida (FLICKENGER eet BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) al., 2007). 2007) 2.2.10.9 Polaridade Polarização é a definição da orientação do campo elétrico de uma onda eletromagnética. A figura 15 1 mostra a disposição dos campos elétrico e magnético em uma onda eletromagnética. Figura 15 Polarização de uma onda eletromagnética (FLICKENGER et al., 2007, 2007 p. 109) Com a polarização linear, que é usada nas redes Wi-fi,, o vetor do campo elétrico fica no mesmo plano o tempo inteiro e a polarização inicial é determinada pela antena (horizontal (horizontal, vertical, ertical, ou ainda em um ângulo entre estas). As antenas de polarização horizontal captam menos interferências produzidas pelos humanos, uma vez que a maioria das antenas tem polarização vertical. Se a polarização não estiver correta o sinal será muito frac fraco, o, mesmo usando antenas de alto ganho. A esta situação, dá-se dá se o nome de descasamento de polarização (FLICKENGER et al., 2007). Por outro lado, a técnica de ajuste da polarização polarização pode ser usada usad para criar links estáveis em locais de muita interferência interferência. Flickenger Fli et al. (2007,, p. 109) 109 descrevem descreve a técnica da seguinte forma: “u use se uma ferramenta de monitoração para observar a interferência de redes adjacentes e rotacione uma antena até conseguir o menor nível de sinal na recepção. Em seguida, ligue o outro lado lado de seu link e o oriente para casar a polarização com o primeiro”. primeiro”. 2.2.11 Linhas de transmissão transmissão Embora fosse o ideal, normalmente não é possível conectar o transmissor de rádio frequência diretamente a antena, para esta tarefa é necessário que haja uma linha de transmissão A função da linha de transmissão é levar, do modo mais eficiente possível, a transmissão. energia de rádio frequ frequência ência do transmissor até a antena e vice vice-versa. versa. 50 A linha de transmissão deve manter a integridade dos sinais tanto na transmissão como na recepção. Caso isso não aconteça, o rádio receptor receberá um sinal ilegível e não BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) conseguirá decodificá-lo. Existem dois tipos de linhas de transmissão: guias de onda e cabos com conectores. 2.2.11.1 Guias de onda Uma guia de onda é um tubo que faz uso do conceito da gaiola de Faraday para confinar e direcionar, através de reflexão em suas paredes internas, a energia na forma de ondas eletromagnéticas (FLICKENGER et al., 2007). A figura 16 mostra uma guia de onda com a indicação de suas dimensões X, Y e Z. Figura 16 Guia de Onda (FLICKENGER et al., 2007, p. 98) As características das guias de onda não serão detalhadas porque não serão empregadas no desenvolvimento deste trabalho. 2.2.11.2 Cabos e conectores O cabo mais utilizado para rádio frequência é do tipo coaxial. Ele é composto por um condutor interno, uma camada de material dielétrico, uma blindagem e uma capa externa. O condutor interno transporta a energia da rádio frequência, enquanto a blindagem isola o sinal transportado de meios externos indesejados, evitando que o sinal seja irradiado para a atmosfera e/ou sofra interferências de outros sinais. Por fim, o material dielétrico evita que haja conexão elétrica entre o condutor interno e a blindagem, e a capa externa protege todo o conjunto de intempéries. Quanto aos conectores para conexões Wi-fi, há uma grande variedade de padrões, os mais usados são do tipo N (Neil ou Navy), SMA (Sub-Miniature version A), MMCX (MicroMiniature Coaxial) e Hirose U.FL. A figura 17 mostra os tipos de conectores mais utilizados em redes Wi-fi. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 51 Figura 17 Tipos de conectores (BATTISTI, 2011, p. 17) Dispositivos Wi-fi comumente utilizam conectores proprietários o que dificulta a integração com os outros componentes do sistema de microondas. Nestes casos normalmente usa-se um cabo/conector curto chamado de pigtail (rabo de porco). O pigtail é composto por um pequeno cabo coaxial com um conector proprietário em uma das pontas e um conector de padrão comumente encontrado na outra, de modo a compatibilizar a conexão entre dos componentes do sistema de microondas. Algumas recomendações são feitas por Flickenger et al. (2007) quanto às linhas de transmissão: a) o cabo deve ser o mais curto possível, quanto menor o cabo, menor será a atenuação de potência, um comprimento; b) utilizar cabos com o menor fator de atenuação possível, os tipos de cabos com menor fator de atenuação são, respectivamente, Heliax, LMR, RG-213 e RG58; c) utilizar cabos que já venham de fábrica com os conectores instalados e tenham sido testados em um laboratório apropriado; d) o número de conectores e adaptadores deve ser o menor possível, cada conector ou adaptador adiciona perdas de potência à linha de transmissão; e) para fixar os conectores, gire apenas a parte externa do mesmo, deixando fixo todo o resto do conjunto (partes internas do conector e cabo), caso contrário, podem ocorrer danos ao conjunto; f) use apenas as mãos para fixar os conectores, pois quando apertados demais, os conectores podem ser danificados ao expandirem em temperaturas elevadas ou se contraírem em baixas temperaturas; g) proteja os conectores após a fixação aplicando uma camada de fita isolante, seguida de uma camada de fita selante e mais uma camada de fita isolante, garantindo isolamento elétrico, contra umidade e contra raios UV, respectivamente; 52 h) faça um anel de gotejamento nos cabos, desse modo é possível evitar que escorra água para dentro do transceptor; BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) i) cabos e conectores são componentes de precisão e, portanto, podem ser danificados facilmente em quedas e choques. Não dobrar, pisar sobre ou derrubar cabos e conectores é essencial para não causar danos. A figura 18 mostra como deve ser feito o anel de gotejamento. Figura 18 Anel de gotejamento (FLICKENGER et al., 2007, p. 255) O resultado da violação de uma ou mais destas recomendações são comportamentos imprevistos e aleatórios do link em questão, de modo a dificultar muito a identificação do real problema. 2.2.12 Linha de visada e zona de Fresnel Com exceção dos links que utilizam a faixa de frequências de 900 MHz, as conexões Wi-fi precisam de visada direta para que haja comunicação entre transmissor e receptor. A visada direta, ou linha de visada, nada mais é do que uma linha imaginária traçada de uma antena até a outra sem cruzar obstáculos. Se houver algum obstáculo na linha de visada é provável que o desempenho do link seja prejudicado ou mesmo se torne inviável. Além da linha de visada, a zona de Fresnel é outro aspecto muito importante para o bom desempenho do link. Ela é determinada por elipses em torno da linha de visada e estima a zona onde árvores, prédios e outros obstáculos podem interferir no desempenho do link através da reflexão, difração e/ou absorção. Bloqueios por obstáculos que cheguem a até 20% da zona de Fresnel ocasionam nenhum ou pouco prejuízo ao desempenho do link, entretanto, para um funcionamento adequado, busca-se ao menos 60% de desobstrução. O raio mais distante da zona de Fresnel pode ser calculado através da equação: (2) Onde r é expresso em pés, d é a distância do link em milhas e f é a frequência do link em GHz (BATTISTI, 2011). 53 2.2.13 Potência Irradiada O termo potência irradiada ou IERP (Equivalent Isotropic Radiated Power) se refere à BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) potência efetiva de transmissão de uma antena, ou seja, a potência de transmissão da antena (dBm) somada ao ganho da antena (dBi), sendo que a potência de transmissão da antena é a potência de saída do rádio diminuída das perdas de linha (cabos e conectores). A FCC define as normas de utilização destas potências de acordo com o tipo de conexão: ponto multi-ponto ou ponto-a-ponto. Este trabalho de conclusão é focado em links do tipo ponto-a-ponto e por isso a norma para links ponto multi-ponto não será detalhada. Para links ponto-a-ponto a norma determina que, para cada 3 dBi acima do ganho inicial de uma antena de 6 dBi, deve-se diminuir a potência do rádio em 1 dB a contar da potência inicial de 30 dBm (1 Watt), ou seja, embora a potência de saída do rádio seja limitada a 1 Watt (30 dBm), a EIRP aumenta com o ganho da antena (BATTISTI, 2011). A tabela 1 demonstra a variação de EIRP: Tabela 1 Variação de IERP para links ponto-a-ponto Potência de saída na antena (dBm) 30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 Ganho da antena (dBi) 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 EIRP (dBm) 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 A ANATEL adotou, para links do tipo ponto-a-ponto, os mesmos parâmetros da FCC mostrados na tabela 1. 2.2.14 Canais Há várias faixas de frequência que são internacionalmente reservadas para determinados fins. Estas faixas de frequência, também chamadas de bandas, são divididas em canais. Um canal é um conjunto de frequências vizinhas agrupadas para desempenhar uma determinada função. No caso das conexões Wi-fi, a função é a transmissão de dados. 54 Na maior parte do mundo, estas faixas estão reservadas para uso sem a necessidade de licença, enquanto a maior parte das outras faixas são mantidas sob rígido controle da BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) legislação e sua licença de uso representa um custo financeiro muito alto. Uma das faixas de frequência é a chamada banda ISM (Industrial, Scientific and Medical, ou Industrial, Científica e Médica). Ela abrange três faixas de frequência: 900 MHz, 2,4 GHz e 5,8 GHz. Para a faixa dos 900 MHz (902 MHz a 928 MHz) há quatro canais com as frequências centrais de 907 MHz, 912 MHz, 917 MHz e 922 MHz. Na faixa de 2,4 GHz a banda se distribui em 14 canais separados um do outro por 5 MHz. Note que, nos padrões IEEE 802.11b e IEEE 802.11g, cada canal tem 22 MHz o que causa uma sobreposição de canais e a consequente interferência do sinal de um canal no outro. Há apenas três canais que não se sobrepõem (1, 6 e 11). A permissão de uso destes canais varia conforme a regulamentação local de cada país. A figura 19 mostra a distribuição de cada canal ISM e sua respectiva frequência central. Figura 19 Canais ISM 2.4 GHz (FLICKENGER et al., 2007, p. 15) Ainda na banda ISM, há a faixa de 5,8 GHz que utiliza as frequências entre 5,725 e 5,845 GHz (149, 153, 157 e 161). Ao contrário da faixa de 2,4 GHz, não há sobreposição de canais nesta faixa de frequências. Outra banda utilizada é a U-NII (Unlicensed National Information Infrastructure) que possui o espectro distribuído em três faixas distintas: U-NII-1 (Low), U-NII-2 (Mid) e U-NII-3 (Upper). Cada subdivisão da banda U-NII possui canais não-sobrepostos quando usados com 20 MHz de largura de banda. O U-NII-1 usa a faixa de frequência que vai de 5,17 GHz a 5,25 GHz (canais 36, 38, 40, 42, 44, 46 e 48). Já o U-NII-2 usa frequências entre 5,25 e 5,35 GHz (52, 56, 60 e 64). E por último, o U-NII-3 utiliza as frequências entre 5,725 e 5,845 GHz (149, 153, 157 e 161). Não há sobreposição de canais nas faixas U-NNI (STALLINGS, 2005). 55 2.2.15 Interferência Em conexões Wi-fi, o termo interferência é usado para referenciar perturbações no BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) sinal recebido por um transceptor. No entanto, há dois tipos de interferência: construtiva e destrutiva. Quando os picos acontecem simultaneamente, você tem o resultado máximo (1 + 1 = 2). Isto é chamado de interferência construtiva. Quando um pico acontece em conjunto com um vale, você tem a completa aniquilação (1 + (-1) =0), ou a interferência destrutiva (FLICKENGER et al., 2007, p. 21). A figura 20 ilustra, respectivamente, a diferença entre a interferência construtiva e a interferência destrutiva. Figura 20 Interferência construtiva e destrutiva (FLICKENGER et al., 2007, p. 21) O nível de interferência medido em um analisador de espectro deve ser menor de -95 dB para não causar problemas consideráveis à conexão (BATTISTI, 2011). A seguir são descritos os tipos mais comuns de interferência destrutiva (BATTISTI, 2011). 2.2.15.1 Banda estreita A interferência de banda estreita não afeta toda a faixa de frequências do espectro eletromagnético usado na transmissão. Para resolver o problema, é preciso utilizar um analisador de espectro para identificar a origem da interferência. Segundo Battisti (2011, p. 30), “à medida que se caminha na direção da fonte de interferência, o sinal RF no analisador de espectro cresce em amplitude. Quando o sinal atinge o pico na tela, a fonte de interferência foi localizada”. Com a fonte da interferência localizada, há três opções: removê-la, blindá-la ou configurar o transceptor para lidar com ela. Nesta última, a troca do canal ou da tecnologia de transmissão, normalmente, resolvem o problema. 56 2.2.15.2 Banda larga Ao contrário da interferência de banda estreita, a interferência de banda larga ocupa BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) toda a faixa de frequências. Encontrar uma fonte de interferência banda larga é mais difícil do que uma de banda estreita, porque não estaremos por um único sinal no analisador de espectro, mas por vários sinais, todos variando em amplitude. O uso de uma antena altamente direcional ajudaria a encontrar a fonte de interferência de banda larga (BATTISTI, 2011, p. 30). Visto que toda a faixa de frequências é afetada, alterar o canal não resolve o problema. Ao encontrar a fonte de interferência, há apenas duas opções: removê-la ou alterar a faixa de frequências de operação do transceptor, por exemplo, de 2.4 GHz para 5.8 GHz (BATTISTI, 2011). 2.2.15.3 Dificuldades climáticas Conexões Wi-fi podem ter seu desempenho afetado por fatores climáticos relacionados à água como, por exemplo, chuva, neblina e neve. Entretanto, ao contrário do que se possa imaginar, o maior fator degradante para a conexão não é a água presente no ambiente e sim a que pode se acumular nos elementos das antenas de transmissão e/ou recepção. Esta situação pode ser contornada com o uso de um radome que serve, entre outras coisas, para proteger a antena deste tipo de problema. Quanto à atenuação de sinal provocada pela água no ambiente, é menor e deve ser considerada em uma margem de segurança no momento dos cálculos para dimensionamento do link. Para frequências de 2,4 GHz, a atenuação é estimada em 0,05 dB/Km sob chuva torrencial e 0,02 dB/Km sob intensa neblina. E, para frequências de 5,8 GHz, a atenuação é maior e estimada em 0,5 dB/Km sob chuva torrencial, e 0,07 dB/Km sob intensa neblina (BATTISTI, 2011). 2.2.15.4 Canais adjacentes e mesmo canal Na faixa de frequências de 2.4 GHz ISM, há apenas três canais não sobrepostos (1, 6 e 11). Logo, se há duas redes em canais adjacentes ou muito próximos, causam interferência um ao outro. 57 Para detectar este tipo de interferência, usa-se um analisador de espectro, nele será possível visualizar o canal em uso. Para solucionar o problema, segundo Battisti (2011, p. 31), BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) “basta que os pontos de acesso estejam suficientemente separados ou que se usem canais bem afastados da banda RF, por exemplo, 1 e 11.” 2.2.16 Largura de banda O termo largura de banda ou bandwidth define a medida da variação de frequência. Uma largura de banda de 20 MHz pode estar localizada, por exemplo, entre as frequências de 2,442 GHz e 2,462 GHz. Ela está diretamente ligada à quantidade de dados que se pode transmitir a cada momento (throughput). Quanto maior o intervalo de frequências, maior a quantidade de dados possível de se transmitir ao mesmo tempo (FLICKENGER et al., 2007). 2.2.17 Sensibilidade e nível de sinal relativo Um receptor interpreta sinais, porém, para filtrar ruídos, os sinais recebidos só são interpretados se atingirem um nível mínimo ao qual se dá o nome de sensibilidade do receptor. Esta informação está presente na literatura do equipamento e depende da taxa de transmissão, uma menor taxa (1 Mbps) implica em maior sensibilidade. Assim como o nível de sinal de recepção, a sensibilidade é expressa em dBm negativo (- dBm), o que quer dizer por exemplo, que -66 dBm é um nível de sinal melhor do que -78 dBm (FLICKENGER et al., 2007). O nível de sinal relativo é o que efetivamente há de sinal disponível para usar na conexão. Ele é calculado simplesmente pela diferença entre o sinal recebido e a sensibilidade do receptor, dessa forma, se um receptor tem sensibilidade de -95 dBm, e está recebendo sinal a um nível de -76 dBm, há 19 dB de sinal relativo. Quanto maior o sinal relativo, melhor a qualidade da conexão (STALLINGS, 2005). 2.2.18 Throughput e latência Throughput é o termo que caracteriza a capacidade de transmissão de dados utilizáveis de uma conexão. É comum que o throughput seja confundido com o data rate, porém este refere-se a capacidade de transmissão de símbolos e não dados utilizáveis. Para exemplificar, pode-se citar que uma conexão com data rate de 54 Mbps pode fornecer no máximo um throughput de 22 Mbps, o restante é usado para controle de sinais usados pelo protocolo. 58 Quanto ao termo latência, expressado em milisegundos (ms), representa o tempo que um dado leva para atravessar o link de uma ponta a outra. No caso de latência alta, os dados BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) não serão impedidos de chegar ao destino, mas levarão mais tempo para completar a transmissão (FLICKENGER et al., 2007). 59 3 DESCRIÇÃO DA PROPOSTA BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Este trabalho de conclusão de curso teve por objetivo estudar e avaliar casos de redes sem fio ponto-a-ponto de planta externa com problemas de estabilidade e/ou desempenho, sugerindo técnicas e práticas recomendadas que resolvam, ou ao menos diminuam, os problemas detectados a ponto de a conexão estudada passar a cumprir com o seu propósito. Os estudos foram desenvolvidos acerca de ocorrências da empresa Reknet Tecnologia em conexões que utilizam equipamentos do fabricante Mikrotik e foram implantados por terceiros seguindo, ou não, as normas vigentes e boas práticas. As conexões estudadas tem por objetivo prover a interconexão de dois pontos de rede, de modo a interligar redes menores (LANs). Todas as conexões foram analisadas em funcionamento nos seus ambientes originais e sem alterações prévias. Preservou-se o caráter único das conexões visto que, quando combinados, os parâmetros analisados não se repetem. Os estudos se limitaram a análise de parâmetros e fatores ligados exclusivamente ao enlace da conexão, ou seja, a transmissão e recepção propriamente dita da conexão sem fio. Em torno de 95% das ocorrências da empresa supracitada são relacionadas a problemas no enlace e, por esta razão, questões que não o influenciam diretamente, como a instalação física das torres, instalação elétrica, aterramento e instalação de outros componentes envolvidos que não influem diretamente no enlace, não serão abordados. Toma-se como pré-suposto que estes itens estão de acordo com suas respectivas normas e boas práticas. A primeira etapa do estudo de cada caso é o detalhamento e a parametrização do ambiente encontrado de acordo com as normas e práticas sugeridas no capítulo 2 deste trabalho, de forma que sejam gerados os dados de entrada necessários para as análises e alterações da segunda etapa. Serão coletados dados referentes ao enlace sendo que, para melhor entendimento, os mesmos serão separados em categorias: antenas e transceptores, linhas de transmissão, meio físico e desempenho. Os itens relativos à categoria antenas e transceptores são: simetria das antenas, instalação física, proteção contra intempéries, impedância, polarização, frequência de operação, polarização, nível de sinal, frequência e potência IERP. Quanto à categoria linhas de transmissão são considerados: tipo de fabricação, comprimento do cabo, número de conectores e isolamento dos conectores. Relativo à categoria meio físico são verificados: linha de visada, zona de Fresnel e nível de interferência. E, na categoria desempenho serão analisados os itens nível de sinal, throughput e latência. 60 Para a coleta e parametrização dos dados, serão utilizados softwares de medição de nível de sinal, uso de espectro, interferências, throughput e latência que estão disponíveis nos BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) transceptores. Além dos softwares citados, será utilizado o Radio Mobile, na versão 11.0.5 Freeware para fazer análise de estimativa do alinhamento das antenas, linha de visada e zona de Fresnel. Este software possibilita o carregamento de mapas topográficos e a simulação virtual de uma conexão Wi-fi sobre estes mapas. Desta forma, é possível simular com detalhes o grau de elevação e direção das antenas, linha de visada, zona de Fresnel, perdas em cabos, conectores e de espaço livre, transceptores, antenas e o cenário em geral. Na segunda etapa, os parâmetros coletados serão confrontados e analisados conforme as normas vigentes e boas práticas descritas no capítulo 2 deste trabalho, indicando os problemas e as alterações possíveis para que os parâmetros passem a se enquadrar às normas e boas práticas. Em seguida, a primeira etapa é repetida, de modo a possibilitar a comparação dos resultados obtidos antes e depois das alterações. Na terceira e última etapa são apresentados resultados a respeito da evolução do cenário original para o cenário resultante. 61 4 ESTUDOS DE CASO BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Neste capítulo serão desenvolvidos os estudos de caso. Na seção 4.1 é dada a descrição de todos os itens que compõem as tabelas utilizadas no desenvolvimento dos estudos, de modo a fornecer um modelo de estudo para cada caso. A partir da seção 4.2, cada seção descreve-se o desenvolvimento de um caso estudado, dispostos em cenários. 4.1 Descrição do formato de exposição dos dados No intuito de facilitar a compreensão os dados expostos no presente capítulo, os mesmos serão dispostos no formato de tabelas comentadas. Na primeira e segunda etapa dos estudos, os itens foram divididos em quatro categorias: “antenas e transceptores”, “linhas de transmissão”, “meio físico” e “desempenho” para cada uma destas etapas. Enquanto na terceira e última etapa, não há divisão por categorias. Ainda sobre a disposição dos dados, sempre que for necessário analisar os dois pontos da conexão, o valor do primeiro é exposto seguido do segundo, tendo por separador uma barra. 4.1.1 Coleta de dados e parametrização Na primeira etapa – coleta e parametrização dos dados – são usadas tabelas nomeadas “parametrização” que mostram os dados coletados já parametrizados conforme as normas e práticas sugeridas no capítulo 2, prontos para uso na análise da segunda etapa. Quanto à disposição dos itens nas tabelas de parametrização, a segunda coluna mostra os valores que serão utilizados como referência para a análise, enquanto a terceira coluna mostra os valores coletados para verificação ante aos valores de referência. 4.1.1.1 Antenas e transceptores Em se tratando da categoria “antenas e transceptores”, explica-se a origem dos itens e valores expostos nas tabelas de parametrização: a) simetria das antenas: segundo Flickenger et al. (2007) para o processo de alinhamento, deve-se começar pelo ponto com antena de maior ganho, caso as antenas não sejam simétricas como é citado na subseção 2.2.10.5; 62 b) instalação física: na subseção 2.2.10.6, Flickenger et al. (2007) expõem que a fixação da antena faz parte do processo de alinhamento e, caso não esteja de BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) acordo, corre-se o risco de ter perda de sinal pelo desalinhamento das antenas, após a ação de intempéries como o vento; c) proteção contra intempéries: a inexistência de danos a proteção contra intempéries é evidenciada por Flickenger et al. (2007) na subseção 2.2.10.7; d) impedância: na subseção 2.2.10.8 Flickenger et al. (2007) afirmam que a impedância da antena deve ser a mesma para todo o sistema de transmissão e atribui o valor de 50 Ohms como padrão para este tipo de aplicação; e) polarização das antenas: quanto à polarização das antenas, Flickenger et al. (2007) orientam, na subseção 2.2.10.9, que seja igual nas duas antenas do enlace, caso contrário, haverá descasamento de polaridade e prejuízos severos ao desempenho da conexão; f) nível de sinal: na subseção 2.2.17, descreve-se, conforme Flickenger et al. (2007), que se deve utilizar como valor de referência a sensibilidade do receptor, que é o mínimo sinal necessário para a identificação dos sinais recebidos. A sensibilidade por ser obtida na literatura que acompanha o receptor. Ainda na subseção 2.2.17, a transcrição de Stallings (2005) descreve que a diferença entre o nível de sinal recebido e a sensibilidade do receptor define o nível de sinal relativo. Quando maior o sinal relativo, melhor a qualidade da conexão, porém ela passa a funcionar a partir do momento em que o nível de sinal recebido é maior do que a sensibilidade do receptor. A coluna valor coletado deste item contém a informação referente ao nível de sinal de recepção nos dois pontos do enlace, sendo que o primeiro valor representa o ponto 1 e o segundo o ponto 2; g) frequência: na subseção 2.2.10, expõe-se que a frequência transmitida ou recebida pelo transceptor deve estar contida na faixa de frequências de operação da antena para que o funcionamento seja correto (FLICKENGER et al., 2007). O valor de referência é a faixa de frequências de operação da antena, enquanto o valor coletado é a frequência configurada no transceptor; h) potência EIRP: o valor de referência é definido pelas normas vigentes descritas na subseção 2.2.13 para ajuste de potência irradiada sob a gerência da ANATEL. A coluna valor coletado é calculada para cada ponto da conexão, conforme a transcrição de Battisti (2011) na subseção 2.2.13 deste trabalho, soma-se o ganho 63 da antena à potência de transmissão configurada no transceptor e diminuem-se as BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) perdas. 4.1.1.2 Linhas de transmissão Os itens da tabela de parametrização da categoria “linhas de transmissão” são embasados na subseção 2.2.11.2 deste trabalho e referem-se a transcrições de Flickenger et al. (2007). São compostas conforme a descrição dos itens: a) tipo de fabricação: a fabricação dos cabos deve ser preferencialmente industrial, de modo que este é definido como valor de referência (industrial); b) comprimento do cabo: quanto menor o comprimento do cabo, menor será a atenuação sofrida pelo sistema. Esta transcrição define o valor de referência (menor possível) para este item; c) número de conectores: o valor de referência (menor possível) é atribuído considerando que quanto menos conectores houver na linha de transmissão, menor será a atenuação que o sistema sofrerá; d) isolamento dos conectores: o isolamento deve possuir uma camada de fita isolante, seguida de uma camada de fita selante e mais uma camada de fita isolante, garantindo isolamento elétrico, contra umidade e contra raios UV, respectivamente. Estes três isolamentos são considerados na definição do valor de referência (totalmente isolado) deste item. 4.1.1.3 Meio físico Quanto à categoria “meio físico”, a tabela de parametrização é composta pelos itens “linha de visada”, “zona de Fresnel” e “nível de interferências” expostos na primeira coluna. A segunda coluna expõe os valores de referência para os itens. Conforme a revisão de literatura deste trabalho na subseção 2.2.13, transcrita de Battisti (2011) para os valores de “linha de visada”, não pode haver obstrução (sem obstrução) e para “zona de Fresnel” é aceito até 40% de obstrução. A subseção 2.2.15, ainda segundo Battisti (2011), define o “nível de interferências” aceitável como sendo menor de -95 dB (até -95 dB). Na terceira coluna, os itens “linha de visada” e “zona de Fresnel” serão gerados através do software Radio Mobile que se baseando no banco de dados de topografia da NASA (National Aeronautics and Space Administration) chamado SRTM (Shuttle Radar Topography 64 Mission) e em dados como as “coordenadas geográficas”, a “frequência de operação”, a “potência de transmissão” e o “ganho” dos dois pontos envolvidos no enlace. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Para melhor organização, utiliza-se uma tabela de apoio para a coleta dos dados que serão inseridos no Radio Mobile. Esta tabela possui três colunas onde a primeira mostra o nome do item, a segunda o valor coletado no ponto 1 e a terceira o valor coletado no ponto 2. Expõem-se os itens que serão coletados para a tabela de apoio ao Radio Mobile: a) latitude:coletado através do uso de um GPS (Global Positioning System); b) longitude: também coletado através do uso do GPS; c) altura relativa ao solo: medida obtida com o uso do GPS, subtraindo-se a altitude captada quando no ponto da instalação da antena, da altitude no solo; d) frequência de operação: frequência configurada nos transmissores, mesma informação usada na subseção 4.1.1.1; e) potência de transmissão: potência configurada nos transmissores, mesma informação usada na subseção 4.1.1.1 para calcular a potência EIRP; f) ganho da antena: obtido, segundo Stallings (2005), na literatura que acompanha a antena. Após o processamento dos dados, o software Radio Mobile gera uma imagem representando a “linha de visada” e a “zona de Fresnel” ante ao relevo. Esta imagem permite a parametrização dos itens na terceira coluna da tabela conforme a revisão de literatura deste trabalho na subseção 2.2.13 que é transcrita de Battisti (2011). O “nível de interferências” é medido em ambos os pontos através do software, com esta finalidade, disponibilizado nos equipamentos usados no enlace, e é parametrizado na terceira coluna conforme as citações de Battisti (2011) na subseção 2.2.15. 4.1.1.4 Desempenho Quanto à categoria “desempenho”, a tabela de parametrização tem por objetivo possibilitar a comparação de desempenho do enlace antes e depois das alterações. Para tal, não é necessário o preenchimento da coluna valor de referência, já que o valor de referência propriamente dito será o valor coletado. A comparação será entre o antes e o depois do link. Os itens analisados são “nível de sinal”, “throughput” e “latência”, e todos são obtidos através de indicadores e softwares presentes no sistema do transceptor. 65 O “nível de sinal” é medido nos dois pontos do enlace, da mesma forma que na subseção 4.1.1.1, o valor coletado é obtido através do indicador relativo no sistema do BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) transceptor. Sobre o “throughput” e a “latência”, são adquiridos nos softwares disponíveis no sistema do transceptor. Para “throughput” usa-se o Bandwidth Test, enquanto para a “latência” o software utilizado é o Ping. 4.1.2 Análise dos dados parametrizados, alterações sugeridas e conclusão Na segunda etapa – análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas – os dados parametrizados serão analisados identificando os parâmetros que não se enquadram aos seus respectivos valores de referência. Para os parâmetros que não se enquadrarem, serão aplicadas as alterações descritas nas normas e sugestões dos autores transcritos e citados no capítulo 2 deste trabalho de conclusão de curso. E, após estas alterações, os dados serão coletados novamente para que seja possível comparar os valores antes e depois das alterações. Nesta segunda etapa as tabelas serão compostas por cinco colunas, exceto a categoria “desempenho” que possui quatro colunas, e são nomeadas “análise e alterações sugeridas”. A primeira, segunda e a terceira colunas permanecem iguais as das tabelas de parametrização. No entanto, a quarta coluna mostra uma breve descrição dos ajustes executados nos itens que não tinham seus valores coletados adequados com os seus respectivos valores de referência, sempre observando as normas e práticas sugeridas no capítulo 2. E, a quinta e última coluna mostra os resultados obtidos após as alterações dos itens que não estavam com seus valores coletados adequados com os seus respectivos valores de referência. Para a categoria “desempenho”, a segunda coluna não é exposta, sendo que as subsequentes passam a ocupar uma posição a menos: a terceira coluna passa a ser a segunda, e assim por diante. No restante, a tabela segue o padrão das demais tabelas desta segunda etapa. Na terceira etapa são apresentados os resultados das alterações executadas seguindo as normas e práticas recomendadas no capítulo 2, conforme é descrito na subseção 4.1.1. 4.2 Cenário 1 O caso em estudo trata de uma conexão ponto-a-ponto para interligar matriz e filial de uma empresa fabricante de máquinas para agricultura de precisão. A conexão é mais lenta do 66 que o esperado e se desfaz facilmente em momentos de instabilidade climática. Os pontos BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) envolvidos no enlace estão separados por 20,876 km de distância. 4.2.1 Coleta e parametrização dos dados O processo de parametrização tem por objetivo converter os dados coletados em dados formatados e próprios para a análise que será realizada na subseção 4.2.2. A parametrização dos dados é feita conforme as definições descritas na subseção 4.1.1 deste trabalho. As subseções 4.2.1.1, 4.2.1.2, 4.2.1.3 e 4.2.1.4 expõem os dados coletados referentes aos pontos envolvidos no enlace estudado no primeiro cenário. 4.2.1.1 Antenas e transceptores Os equipamentos utilizados no enlace são simétricos, ou seja, são compostos pelo mesmo conjunto de antena e transceptor em ambos os pontos. A antena é do tipo parábola sólida direcional e é homologada pela ANATEL sobre o modelo HG-5833D do fabricante Hyperlink. Conforme a literatura que a acompanha, possui impedância de 50 Ohms, opera nas frequências entre 5,700 e 5,800 GHz e ganho de 33 dBi. A polarização é vertical em ambos os pontos, ou seja, simétrica. O suporte de fixação está de acordo e a proteção contra intempéries não apresenta danos. O transceptor, também homologado pela ANATEL, é fabricado pela Ubiquiti sobre o modelo SuperRange5. Utiliza as configurações potência de transmissão em 17 dBm e frequência de operação em 5,180 GHz. Pode-se consultar na literatura do transceptor a sensibilidade de -94 dB a 6 Mbps. O nível de sinal medido nos dois pontos do enlace, através do indicador do sistema operacional do transceptor, é de -89 dB para o ponto 1 e -91 dB para o ponto 2. Com as informações adquiridas, pode-se calcular a potência EIRP de 50 dBm. A tabela 2 expõe os dados coletados, já parametrizados conforme é modelado na subseção 4.1.1.1 deste trabalho, referentes à categoria antenas e transceptores. Tabela 2 Parametrização – Antenas e transceptores 1 Item Simetria das antenas Instalação física Impedância Polarização Proteção contra intempéries Nível de sinal Frequência Valor de referência Simétricas Fixa de acordo 50 Ohms Simétrica Sem danos -94dB (6 Mbps) 5,700 – 5,800 GHz Valor coletado Simétricas Fixa de Acordo 50 Ohms Simétrica Sem danos -89 / -91 dB 5,180 GHz 67 Item Potência EIRP Valor de referência 54 dBm (33+21) Valor coletado 50 dBm BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 4.2.1.2 Linhas de transmissão As linhas de transmissão utilizadas no enlace são do tipo industrial, possuem 2 m de comprimento em ambos os pontos do enlace e utilizam três conectores em cada linha. O isolamento dos conectores tem as três camadas necessárias. Na tabela 3 são expostos os dados coletados e já parametrizados conforme é modelado na subseção 4.1.1.2, que se referem à categoria “linhas de transmissão”. Tabela 3 Parametrização – Linhas de transmissão 1 Item Tipo de fabricação Comprimento do cabo Número de Conectores Isolamento dos conectores Valor de referência Industrial Menor possível Menor possível Totalmente isolado Valor coletado Industrial / Industrial 2m/2m 3/3 Totalmente isolado 4.2.1.3 Meio físico Quanto ao “meio físico”, com o uso de um GPS, foi registrada a localização global dos dois pontos do enlace. A tabela 4 mostra os dados coletados, necessários para a análise de “linha de visada” e “zona de Fresnel” no software Radio Mobile. Tabela 4 Coleta de dados para apoio ao Radio Mobile 1 Item Latitude Longitude Altura relativa ao solo Frequência de operação Potência de transmissão Ganho da antena Ponto 1 28º 28' 17,9" Sul 52º 48' 49,8" Oeste 40 m 5,170 – 5190 GHz 17 dBm 33 dBi Ponto 2 28° 17' 51,1" Sul 52° 43' 58,2" Oeste 71 m 5,170 – 5,190 GHz 17 dBm 33 dBi Os dados coletados foram introduzidos no software Radio Mobile que retornou como resultado a figura 21 que mostra a “linha de visada” desobstruída e a “zona de Fresnel” com obstrução parcial de 25%. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 68 Figura 21 Linha de visada e zona de Fresnel do cenário 1 Quanto ao “nível de interferências” no enlace, o software disponibilizado pelo sistema do transceptor indicou -102 dB em ambos os pontos da conexão. A tabela 5 mostra os dados parametrizados referentes ao “meio físico” conforme o modelo descrito na subseção 4.1.1.3 deste trabalho. Tabela 5 Parametrização – Meio físico 1 Item Linha de visada Zona de Fresnel Nível de interferências Valor de referência Sem obstrução Até 40% Menor que -95 dB Valor coletado Sem obstrução 25 % -102 dB / -102 dB 4.2.1.4 Desempenho Na categoria “desempenho”, os resultados do link como um todo são expostos. A tabela 6 mostra os valores coletados para posterior comparação e é baseada nas definições da subseção 4.1.1.4. Tabela 6 Parametrização – Desempenho 1 Item Nível de sinal Throughput Latência Valor de referência Não aplicável Não aplicável Não aplicável Valor coletado -89 dB / -91 dB 86 / 122 kbps 270 ms O item “nível de sinal” foi transcrito da tabela 2, já que se refere ao mesmo valor e será usado posteriormente para comparação. O “throughput” máximo da conexão do ponto 1 para o ponto 2 marcou 86 kbps e do ponto 2 para o ponto 1 marcou 122 kbps, porém não houve estabilidade na conexão e ambos variaram. O item “latência” da conexão variou muito. Em momentos sem tráfego de dados a conexão, em média, marcava 270 ms. Já em momentos de tráfego de dados a “latência” subiu para em torno de 3000 ms com algumas perdas, porém, para comparação, este parâmetro não 69 será considerado. Ele apenas mostra que se chegou ao limite do “throughput” e, quando isto BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) acontece, a latência naturalmente sobe distorcendo a medição deste parâmetro. 4.2.2 Análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas A presente subseção mostra as análises dos dados parametrizados e separados em categorias, como foi definido na seção 4.1. Após a análise, serão aplicadas alterações aos parâmetros que não se enquadraram aos seus valores de referência e uma nova coleta de dados será feita para permitir a comparação do valor anterior com o valor após as alterações. 4.2.2.1 Antenas e transceptores Analisando a tabela 2 que mostra os dados parametrizados a respeito das antenas e transceptores do cenário 1, pode-se notar que nos itens “simetria das antenas”, “instalação física”, “impedância”, “polarização”, “proteção contra intempéries” e “nível de sinal” não serão necessários ajustes, já que os parâmetros se encontravam adequados aos seus valores de referência. Porém, alguns ajustes foram necessários em itens como: a) frequência: neste parâmetro os valores de referência aceitos eram de 5,700 até 5,800 GHz, porém foram encontrados 5,180 GHz nos dois transceptores do enlace. Para tanto, foram alteradas as frequências de transmissão dos transceptores para 5,745 GHz o que enquadrou o novo valor ao valor de referência; b) potência EIRP: neste parâmetro o valor de referência é de até 54 dBm, os valores encontrados foram de 50 dBm e se enquadram, porém, se tratando de um link de longa distância, quanto mais potência EIRP disponível melhor será o nível de sinal. Para que se tenha este ganho disponível, sem sair do enquadramento do valor de referência, a potência de transmissão dos transceptores foi ajustada para 21 dBm gerando 54 dBm de potência EIRP em ambos os conjuntos de antena e transceptor do enlace. A tabela 7 mostra a evolução da categoria “antenas e transceptores” para o cenário 1. Tabela 7 Análise e alterações sugeridas – Antenas e transceptores 1 Item Simetria das antenas Instalação física Impedância Polarização Valor de referência Valor coletado Ajuste executado Valor após ajuste Simétricas Simétricas Nenhum - Fixo de acordo 50 Ohms Simétricas Fixo de acordo 50 Ohms Simétricas Nenhum Nenhum Nenhum - 70 Valor de referência Valor coletado Sem danos Sem danos Nenhum -94 dB (6 Mbps) 5,700 - 5,800 GHz -89 / -91 dB 54 dBm (33+21) 50 / 50 dBm Nenhum Canal do Transceptor Potência dos transceptores (21 dBm) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Item Proteção contra intempéries Nível de sinal Frequência Potência IERP 5,180 GHz Ajuste executado Valor após ajuste -74 / -75 dB 5,745 GHz 54 / 54 dBm 4.2.2.2 Linhas de transmissão Analisando a tabela 3, referente à categoria “linhas de transmissão” do cenário 1, verifica-se que todos os itens se encontram adequados aos seus valores de referência, não sendo necessário nenhum ajuste. A tabela 8 mostra que, como não houve ajustes, os valores coletados anteriormente não sofrem alterações. Tabela 8 Análise e alterações sugeridas – Linhas de transmissão 1 Item Tipo de fabricação Comprimento Número de Conectores Impedância Isolamento dos conectores Valor de referência Industrial / Industrial Menor possível Valor coletado Ajuste executado Valor após ajuste Industrial / Industrial 2m/2m Nenhum - Nenhum - Menor possível 3/3 Nenhum - 50 Ohms Totalmente isolado 50 Ohms Totalmente isolado Nenhum - Nenhum - 4.2.2.3 Meio-físico Como ocorreu na categoria “linhas de transmissão”, a categoria “meio físico” não precisou de ajustes. Logo, a tabela 9 mostra os valores coletados sem alterações. Tabela 9 Análise e alterações sugeridas – Meio físico 1 Item Linha de visada Zona de Fresnel Nível de Interferências Valor de referência Sem obstrução Até 40 % Menor que -95 dB Sem obstrução 25 % Ajuste executado Nenhum Nenhum -102 / -102 dB Nenhum Valor coletado Valor após ajuste - 71 4.2.2.4 Desempenho A categoria “antenas e transceptores” foi a única que precisou de ajustes e, estes BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) ajustes, geraram alterações nos dados coletados após os ajustes na tabela 10 que se refere a categoria “desempenho”. Tabela 10 Análise e alterações sugeridas – Desempenho 1 Item Valor coletado Nível de sinal -89 / -91 dB Throughput Latência 86 / 122 kbps 270 ms Ajuste executado Canal e potência dos transceptores Nível de sinal Nível de sinal Valor após ajuste -74 / -75 dB 12790 / 12730 kbps 5 ms Os novos valores serão verificados na subseção 4.2.3, onde serão expostos os resultados referentes às alterações nos itens medidos após os ajustes. 4.2.3 Resultados Ao final da análise das tabelas da subseção 4.2.2, fica claro que o maior erro cometido na implantação inicial da conexão foi de configuração. O instalador não levou em consideração o fato de a antena não ter sido construída para a frequência configurada no transmissor dos transceptores. Soma-se a isso a possibilidade de aumentar a potência EIRP. Alterando a frequência de transmissão para 5.745 GHz, a irradiação de potência será dentro da faixa de frequência de atuação ideal da antena, explorando de forma correta o uso da mesma. Além da frequência de transmissão, foi alterada a potência de transmissão dos transceptores para 21 dBm, que passou a aproveitar todo o potencial liberado em legislação pela ANATEL. O “nível de sinal” teve um aumento total de 16 dB, e chegou a -75 dB, para a recepção de sinal do ponto 1, e 15 dB, chegando a -74 dB, para a recepção de sinal do ponto 2. Seguindo-se as normas e as técnicas, sugeridas na revisão de literatura do capítulo 2 e modeladas através das tabelas de parametrização descritas na seção 4.1, os ajustes alteraram o nível de sinal, que era justamente o problema notado já na primeira tabela de coleta de dados e parametrização na subseção 4.2.1.1. Isso mostra que as tabelas foram corretamente dimensionadas para o cenário 1 e atingiram seu objetivo, que é guiar a pessoa que as utiliza até a solução dos problemas possíveis nos links estudados. O usuário da conexão relatou uma melhora significativa a ponto de a utilização se tornar viável, o que não ocorria antes dos ajustes. Com a melhora no “nível de sinal”, a 72 “latência” e o “throughput” melhoraram muito em, como são estes parâmetros que dão a impressão de rapidez de acesso e definem o volume de dados que o link suporta trafegar, o BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) usuário notou a melhora. Vistos estes resultados, é possível notar que, embora não seja um fator exclusivo, é fundamental aumentar o nível de sinal da conexão para se ter melhor desempenho em uma conexão Wi-fi. Pode-se perceber, ainda, que não adianta utilizar equipamentos adequados e de qualidade, se todas as variáveis que influenciam uma conexão sem fio não forem consideradas. Alterando apenas a frequência de transmissão, o resultado melhorou muito e passou viabilizar o uso do enlace para a sua finalidade. 4.3 Cenário 2 O estudo de caso do cenário 2 atende a necessidade de uma empresa que possui vários links de comunicação para interligar quatro filiais em uma mesma cidade. O caso estuda um destes links que atende a interligação entre a matriz e a filial 4. A distância entre os dois pontos é de 1,728 km. A conexão é lenta e aparenta parar de responder em determinados momentos, porém, nestes momentos, a conexão não se desfaz. O usuário relatou que a conexão funcionava corretamente, mas após aproximadamente três meses de uso se tornou muito lenta e, com o passar do tempo, tem piorado ainda mais. 4.3.1 Coleta e parametrização dos dados A coleta de dados e a parametrização deste estudo de caso são desenvolvidos conforme as definições descritas na subseção 4.1.1 deste trabalho. As subseções seguintes mostram os dados coletados e parametrizados envolvidos na conexão deste estudo de caso. 4.3.1.1 Antenas e transceptores Os equipamentos que compõem o link são iguais nos dois pontos do enlace. Quanto às antenas, homologadas pela ANATEL, são produzidas sob o modelo MM5825 do fabricante Aquario e do tipo parábola direcional sólida. Consultando a literatura das mesmas verifica-se que possuem impedância de 50 Ohms, operam entre 5,725 e 5,875 GHz, têm ganho de 25 dBi e polarização horizontal. O suporte de fixação de ambas está bem fixado e não sofrerá com a ação dos ventos. A proteção contra intempéries não apresenta danos. Os transceptores, também homologados pela ANATEL, são fabricados pela Mikrotik sob o modelo R52H. A potência de transmissão configurada é de 16 dBm para o ponto 1 e 10 73 dBm para o ponto 2. A frequência de transmissão está configurada para 5,745 GHz. Consultando a documentação do transceptor, encontra-se a sensibilidade de -90 dB a 6 Mbps. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Quanto ao nível de sinal nos dois pontos, no ponto 1 obteve-se -71 dB e no ponto2, -79 dB. Com as potências de transmissão e o ganho das antenas, calculou-se potência EIRP de 41 dBm para o ponto 1 e 35 dBm para o ponto 2. Na tabela 11 são expostos os dados parametrizados a respeito das antenas e transceptores. A subseção 4.1.1.1 discrimina a origem dos dados expressos na tabela 11. Tabela 11 Parametrização – Antenas e transceptores 2 Item Simetria das antenas Instalação física Impedância Polarização Proteção contra intempéries Nível de sinal Frequência Potência EIRP Valor de referência Simétricas Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Sem danos -90 dBm (6 Mbps) 5,725 - 5,875 GHz 48 dBm (25+24) Valor coletado Simétricas Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Sem danos -71 / -79 dB 5,745 GHz 41 / 35 dBm 4.3.1.2 Linhas de transmissão As linhas de transmissão empregadas nos equipamentos são do tipo caseiro, ou seja, não foram construídas por equipamentos especializados, e sim por pessoas capacitadas ou não. Possuem 3,5 m de comprimento no ponto 1 e 3,2 m no ponto 2. Utilizam cinco conectores na linha de transmissão do ponto 1 e três conectores na linha de transmissão do ponto 2. O isolamento dos conectores é feito apenas com fita isolante, ou seja, apenas isolamento elétrico. A tabela 12 mostra os dados, modelados pela subseção 4.1.1.2, que se referem à categoria “linhas de transmissão”. Tabela 12 Parametrização – Linhas de transmissão 2 Item Tipo de fabricação Comprimento do cabo Número de Conectores Isolamento dos conectores Valor de referência Industrial Menor possível Menor possível Totalmente isolado Valor coletado Caseiro / Caseiro 3,5 m / 3,2 m 5/3 Apenas elétrico 4.3.1.3 Meio físico Para a categoria “meio físico”, a tabela 13 mostra os dados coletados, necessários para a análise de “linha de visada” e “zona de Fresnel” no software Radio Mobile. 74 Tabela 13 Coleta de dados para apoio ao Radio Mobile 2 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Item Latitude Longitude Altura relativa ao solo Frequência de operação Potência de transmissão Ganho da antena Ponto 1 28° 27' 14,22" Sul 52º 49' 4,58" Oeste 8m 5,735 – 5,755 GHz 16 dBm 25 dBi Ponto 2 28° 28' 9,78" Sul 52° 48' 55,16" Oeste 12 m 5,735 – 5,755 GHz 10 dBm 25 dBi Com o uso do software Radio Mobile, os dados coletados resultaram na figura 22 que mostra a “linha de visada” e “zona de Fresnel” desobstruídas. Figura 22 Linha de visada e zona de Fresnel do cenário 2 O “nível de interferências” foi coletado com o auxilio do software disponibilizado pelo sistema do transceptor, e o valor obtido foi de -96 dB para ambos os pontos. A parametrização dos dados referentes ao “meio físico” do cenário 2 são expostos na tabela 14. Tabela 14 Parametrização – Meio físico 2 Item Linha de visada Zona de Fresnel Nível de interferências Valor de referência Sem obstrução Até 40% Menor que -95 dB Valor coletado Sem obstrução 0% -96 dB / -96 dB 4.3.1.4 Desempenho A tabela 15 mostra a parametrização dos valores referentes à categoria “desempenho”, e é baseada nas definições da subseção 4.1.1.4. Tabela 15 Parametrização – Desempenho 2 Item Nível de sinal Throughput Latência Valor de referência Não aplicável Não aplicável Não aplicável Valor coletado -71 dB / -79 dB 1950 / 863 kbps 23 ms 75 O item “nível de sinal” é o mesmo coletado para a tabela 11 e será usado para comparação posterior. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) O “throughput” da conexão do ponto 1 para o ponto 2, medido através do software disponível no sistema do transceptor, indicou 1950 kbps, e do ponto 2 para o ponto 1 marcou 863 kbps. Há instabilidade na conexão, a taxa de transferência não se mantém estável. Há momentos em que a conexão cessa. No geral, é uma conexão lenta e intermitente, embora o link não se desfaça. Quanto ao item “latência”, a média nas medições foi de 23 ms, sendo medido em momentos em que a conexão não apresentava trafego de dados pelo software disponível no sistema do transceptor. 4.3.2 Análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas Nesta subseção serão apresentadas as análises dos dados e serão aplicadas alterações aos parâmetros que não se enquadraram aos seus valores de referência. Em seguida, será feita uma nova coleta de dados o que permitirá a comparação entre os valores antes das alterações e depois delas. 4.3.2.1 Antenas e transceptores Ao analisar a tabela 11, que se refere aos dados parametrizados da categoria “antenas e transceptores” do cenário 2, nota-se que nos itens “simetria das antenas”, “instalação física”, “impedância”, “polarização”, “proteção contra intempéries”, “nível de sinal” e “frequência” os parâmetros coletados e parametrizados se enquadram aos seus valores de referência, logo, não precisam de ajustes. No entanto, um parâmetro será ajustado: a) potência EIRP: o valor de referência, segundo a ANATEL é de até 48 dBm, os valores encontrados foram de 41 dBm no ponto 1 e 35 dBm no ponto 2. Estes valores se enquadram aos valores de referência, porém, pode-se aumentar a potência de transmissão sem infringir nenhuma norma da ANATEL. Esta alteração aumentará o sinal recebido nos transceptores e, consequentemente, melhorará a tolerância às interferências. Para não sair do enquadramento do valor de referência, a potência de transmissão dos transceptores foi ajustada para 23 dBm nos dois pontos, que somado com o ganho das antenas (25 dBi), gera 48 dBm de potência EIRP. Para uma antena de 25 dBi, considera-se 27 dBi, já que a 76 ANATEL define que a cada 3 dBi há alteração na potência de transmissão permitida. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) A tabela 16 mostra as alterações nos itens da categoria “antenas e transceptores” do cenário 2. Tabela 16 Análise e alterações sugeridas – Antenas e transceptores 2 Item Simetria das antenas Instalação física Impedância Polarização Proteção contra intempéries Nível de sinal Frequência Potência IERP Valor de referência Valor coletado Simétricas Simétricas Nenhum - Fixo de acordo 50 Ohms Simétricas Fixo de acordo 50 Ohms Simétricas Nenhum Nenhum Nenhum - Sem danos Sem danos Nenhum - -71 / -79 dB Nenhum - 5,745 GHz Nenhum - 41 / 35 dBm Potência dos transceptores (23 dBm) -90 dBm (6 Mbps) 5,725 – 5,875 GHz 48 dBm (25+23) Ajuste executado Valor após ajuste 48 / 48 dBm 4.3.2.2 Linhas de transmissão Com a análise da tabela 17, que se refere à análise e alterações na categoria “linhas de transmissão” do cenário 2, verifica-se que os cabos são de fabricação caseira, o que não é o ideal. Além disso, o comprimento dos cabos e, principalmente, os cinco conectores encontrados no cabo do ponto 1, não são adequados. O item impedância não precisou de nenhuma alteração, porém, “tipo de fabricação”, “comprimento do cabo”, “número de conectores” e “isolamento dos conectores” precisaram de alterações. Para corrigir os parâmetros que não se enquadraram a seus valores de referência, as linhas de transmissão foram substituídas por linhas do tipo industrial com 2 m de comprimento e três conectores em cada linha. Quanto ao isolamento, foi totalmente refeito, obedecendo às orientações da revisão de literatura deste trabalho descritas na subseção 2.2.11.2. A tabela 17 expõe os resultados obtidos com as alterações aplicadas. Tabela 17 Análise e alterações sugeridas – Linhas de transmissão 2 Item Tipo de fabricação Valor de referência Industrial / Industrial Valor coletado Caseiro / Caseiro Ajuste executado Substituído por cabos industriais Valor após ajuste Industrial / Industrial 77 Valor de referência Valor coletado Menor possível 3,5 m / 3,2 m Menor possível 5/3 50 Ohms Totalmente isolado 50 Ohms Item BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Comprimento Número de Conectores Impedância Isolamento dos conectores Apenas elétrico Ajuste executado Alterado na troca dos cabos Alterado na troca dos cabos Nenhum Isolamento refeito Valor após ajuste 2m/2m 3/3 Totalmente isolado 4.3.2.3 Meio-físico Como se pode verificar na tabela 18, referente à categoria “meio físico”, não foram necessários ajustes. Tabela 18 Análise e alterações sugeridas – Meio físico 2 Item Linha de visada Zona de Fresnel Nível de Interferências Valor de referência Sem obstrução Até 40 % Menor que -95 dB Valor coletado Sem obstrução 0% -96 / -96 dB Ajuste executado Nenhum Nenhum Valor após ajuste - Nenhum - 4.3.2.4 Desempenho As categorias “antenas e transceptores” e “linhas de transmissão” precisaram de ajustes, e estes geraram as alterações observadas na tabela 19, que se refere à categoria “desempenho”. Tabela 19 Análise e alterações sugeridas – Desempenho 2 Item Nível de sinal Throughput Latência Valor coletado -71 / -79 dB 1950 / 863 kbps 23 ms Ajuste executado Troca das linhas de transmissão Troca das linhas de transmissão Troca das linhas de transmissão Valor após ajuste -64 / -64 dB 23781 / 23702 kbps 1 ms Os novos valores serão comentados na subseção 4.3.3, que expõe os resultados dos ajustes feitos no link. 78 4.3.3 Resultados Ao final da análise das tabelas da subseção 4.2.2, pode-se notar que o problema do link BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) era gerado pela má instalação das linhas de transmissão, que causava intermitência proveniente da oxidação dos condutores, por não terem o isolamento adequado contra infiltração. Trocando-se as linha de transmissão por linhas do tipo industrial, reduzindo o número de conectores no ponto 1 e diminuindo o comprimento das linhas, a conexão voltou a funcionar. O isolamento contra intempéries foi refeito utilizando-se as três camadas recomendas por Flickenger et al. (2007) na subseção 2.2.11.2 deste trabalho. O novo isolamento vai evitar que a conexão perca desempenho com o passar do tempo por oxidação das linhas de transmissão, como ocorreu anteriormente. Segundo o usuário da conexão, houve ainda um ganho de desempenho comparado ao que era antes de começar a passar pelos problemas. Este ganho é explicado pelo menor número de conectores e menor comprimento nas linhas de transmissão, somado ao fato de as linhas novas serem do tipo industrial, que são muito mais precisas, e com isso geram um desempenho melhor que as linhas de transmissão do tipo caseiras. Com estas alterações nas linhas de transmissão, o “nível de sinal” obteve ganho de 7 dB para o ponto 1, chegando a -64 dB, enquanto no ponto 2 o ganho foi de 15 dB, chegando também a -64 dB. O melhor “nível de sinal” trouxe melhora no “throughput” e na “latência” da conexão. Como estes parâmetros são compostos pela média dos seus valores medidos, sem as intermitências na conexão, a média sobe muito e deixa a conexão em perfeito estado de funcionamento, alcançando “throughput” de mais de 23 Mbps para ambas as direções da conexão e “latência” de 1 ms na média. Pode-se notar que a má conservação das linhas de transmissão traz efeitos degradantes ao link que aparentemente não tem motivo para acontecer. Se analisarmos o “nível de sinal” antes das alterações, o mesmo não aparentava nenhum problema, porém mesmo assim, o “throughput” não era o ideal. Ao resolver o problema das linhas de transmissão, tudo voltou a funcionar como deve. 79 4.4 Cenário 3 No cenário 3, o link estudado interliga o ponto central da rede Wi-fi de uma empresa a BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) um dos seus pontos de repetição. A distância entre os dois pontos é de 9,725 km. O problema relatado é que a conexão ficou lenta após alguns meses de uso. 4.4.1 Coleta e parametrização dos dados Coletaram-se dados conforme as definições da subseção 4.1.1 e estes são parametrizados nas subseções seguintes. 4.4.1.1 Antenas e transceptores Quanto a “antenas e transceptores”, os equipamentos são simétricos. As antenas são do tipo parábola direcional sólida, produzidas pelo fabricante Zirok sob o modelo WLL-905 e homologadas pela ANATEL. Segundo a literatura que acompanha as antenas, a sua impedância é 50 Ohms, opera entre 5,150 e 5,850 GHz, tem ganho de 30 dBi e polarização vertical. Os suportes de fixação dos dois pontos estão bem fixados e não há risco de desalinhamento das antenas pela ação dos ventos. Não há danos à proteção contra intempéries. Os transceptores são fabricados pela Mikrotik sob o modelo R52H e possuem homologação da ANATEL. A potência de transmissão configurada é de 17 dBm para ambos os pontos. A frequência de transmissão está configurada para 5,180 GHz. Consultando a documentação que acompanha o transceptor, identificou-se que a sensibilidade do mesmo é de -90 dB a 6 Mbps. O nível de sinal medido no ponto 1 foi de -78 dB e no ponto2, de -81 dB. Com base nas informações de potências de transmissão e ganho das antenas chegou-se à potência EIRP de 47 dBm para ambos os pontos. Conforme descrito na subseção 4.1.1.1, a tabela 20 mostra os dados coletados e parametrizados referentes à categoria “antenas e transceptores”. Tabela 20 Parametrização – Antenas e transceptores 3 Item Simetria das antenas Instalação física Impedância Polarização Proteção contra intempéries Nível de sinal Frequência Valor de referência Simétricas Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Sem danos -90 dBm (6 Mbps) 5,150 – 5,850 GHz Valor coletado Simétricas Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Sem danos -78 / -81 dB 5,180 GHz 80 Item Potência EIRP Valor de referência 52 dBm (30+22) Valor coletado 47 / 47 dBm BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 4.4.1.2 Linhas de transmissão As linhas de transmissão são do tipo caseiro, com 2 m de comprimento no ponto 1 e 2,5 m no ponto 2 e utilizando 3 conectores cada linha. O isolamento dos conectores encontrado é apenas elétrico (fita isolante). Na tabela 21 mostram-se os dados parametrizados que se referem à categoria “linhas de transmissão”. Tabela 21 Parametrização – Linhas de transmissão 3 Item Tipo de fabricação Comprimento do cabo Número de Conectores Isolamento dos conectores Valor de referência Industrial / Industrial Menor possível Menor possível Totalmente isolado Valor coletado Caseiro / Caseiro 2 m / 2,5 m 3/3 Apenas elétrico 4.4.1.3 Meio físico Na tabela 22 são expostos os dados coletados para auxiliar na análise de “linha de visada” e “zona de Fresnel” através do software Radio Mobile. Tabela 22 Coleta de dados para apoio ao Radio Mobile 3 Item Latitude Longitude Altura relativa ao solo Frequência de operação Potência de transmissão Ganho da antena Ponto 1 28° 38’ 33,27” Sul 53° 5’ 45,80” Oeste 33 m 5,170 – 5,190 GHz 17 dBm 30 dBi Ponto 2 28° 33’ 45,00” Sul 53° 8’ 12,49” Oeste 43 m 5,170 – 5,190 GHz 17 dBm 30 dBi Após a inserção dos dados coletados no software Radio Mobile, obtém-se como resultado a figura 23 que mostra a “linha de visada” desobstruída e a “zona de Fresnel” parcialmente obstruída em 35%. Figura 23 Linha de visada e zona de Fresnel do cenário 3 81 Quanto ao “nível de interferências”, foi coletado o valor de -96 dB para ambos os BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) pontos. A parametrização dos dados do cenário 3 referentes ao “meio físico” é mostrada na tabela 23. Tabela 23 Parametrização – Meio físico 3 Item Linha de visada Zona de Fresnel Nível de interferências Valor de referência Sem obstrução Até 40 % Menor que -95 dB Valor coletado Sem obstrução 35 % -97 / -99 dB 4.4.1.4 Desempenho Quanto à categoria “desempenho”, a tabela 15 mostra os valores coletados baseandose nas definições da subseção 4.1.1.4. Tabela 24 Parametrização – Desempenho 3 Item Nível de sinal Throughput Latência Valor de referência Não aplicável Não aplicável Não aplicável Valor coletado -78 / -81 dB 3688 / 3107 kbps 7 ms Referente ao “nível de sinal”, que é coletado para comparação posterior, tem-se o mesmo valor informado na tabela 20. Quanto ao item “throughput”, no sentido do ponto 1 para o ponto 2, mede-se 3688 kbps, e do ponto 2 para o ponto 1, 3107 kbps. Não houve instabilidade na conexão, mas a mesma é muito mais lenta do que era quando foi implantada. No item “latência”, mede-se 7 ms de média através do software disponível no sistema do transceptor em momentos onde não havia trafego de dados no link. 4.4.2 Análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas Nas subseções a seguir, serão apresentadas as análises dos dados parametrizados referentes ao cenário 3, serão aplicadas alterações aos itens que não se enquadrarem a seus valores de referência e os resultados destas alterações serão mensurados novamente. 82 4.4.2.1 Antenas e transceptores Com a análise da tabela 20, pode-se notar que os itens “simetria das antenas”, BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) “instalação física”, “impedância”, “polarização”, “proteção contra intempéries”, “nível de sinal” e “frequência” não sofreram qualquer alteração. Já o item potência EIRP será ajustado: a) potência EIRP: segundo a ANATEL para antenas de 30 dBi pode-se usar até 22 dBm de potência de transmissão no transceptor, o que resulta em 52 dBm de potência EIRP. Os valores encontrados foram de 47 dBm em ambos os pontos do enlace. Embora se enquadrem à legislação, pode-se aumentar a potência dos transceptores para 22 dBm sem infringir a regulamentação da ANATEL. A tabela 25, referente à categoria “antenas e transceptores” do cenário 3, expõe a alteração citada acima. Tabela 25 Análise e alterações sugeridas – Antenas e transceptores 3 Item Simetria das antenas Instalação física Impedância Polarização Proteção contra intempéries Nível de sinal Frequência Potência IERP Valor de referência Valor coletado Simétricas Simétricas Nenhum - Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Nenhum Nenhum Nenhum - Sem danos Sem danos Nenhum - -78 / -81 dB Nenhum - 5,180 GHz Nenhum - 47 / 47 dBm Potência dos transceptores -90 dBm (6 Mbps) 5,150 – 5,850 GHz 52 dBm (30+22) Ajuste executado Valor após ajuste 52 dBm 4.4.2.2 Linhas de transmissão Analisando a tabela 26 referente à categoria “linhas de transmissão” do cenário 3, nota-se que, embora os parâmetros “comprimento do cabo”, “número de conectores” e impedância estejam corretos, os parâmetros “tipo de fabricação” e “isolamento dos conectores” não estão de acordo com seus valores de referência: a) tipo de fabricação: os cabos do tipo caseiros não são os ideais para o uso, já que são construídos por pessoas, capacitadas ou não. E cabos do tipo industrial têm muito menos chances de apresentar problemas de montagem ou fabricação; b) isolamento dos conectores: os isolamentos dos conectores são adequados apenas para descargas elétricas, o que permite a infiltração de água e a consequente 83 oxidação das linhas de transmissão. O isolamento foi refeito conforme as técnicas sugeridas por Flickenger et al. (2007) na subseção 2.2.11.2 deste trabalho. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Em função da troca do tipo das linhas de transmissão, os parâmetros “comprimento do cabo” e o “número de conectores” também sofreram alteração, porém, estes itens, não alteraram nada no desempenho do conjunto anterior. Tabela 26 Análise e alterações sugeridas – Linhas de transmissão 3 Valor de referência Industrial / Industrial Item Tipo de fabricação Comprimento Número de Conectores Impedância Isolamento dos conectores Valor coletado Caseiro / Caseiro Menor possível 2 m / 2,5 m Menor possível 3/3 50 Ohms Totalmente isolado 50 Ohms Apenas elétrico Ajuste executado Substituído por cabos industriais Alterado na troca dos cabos Nenhum Nenhum Isolamento refeito Valor após ajuste Caseiro / Caseiro 2m/2m 3/3 Totalmente isolado 4.4.2.3 Meio-físico Como se pode observar na tabela 27, não foram necessários ajustes na categoria linhas de transmissão, porém nota-se que a “zona de Fresnel” atingiu 35 % de obstrução e ficou próxima do seu limite que é de 40 %. Segundo Battisti (2011), transcrito na subseção 2.2.12 deste trabalho, um link tem perdas significativas na conexão quando passa de 20 % de obstrução, porém, só se torna inviável com mais de 40 % de obstrução. Deste modo, é desejável que se melhore a obstrução do link, porém, como neste caso isto não inviabiliza o link, e uma alteração na altura da instalação dos equipamentos envolvidos demanda a construção de torres mais altas, já que as duas torres atuais deste link já estão usando sua altura máxima, esta correção não será aplicada em virtude do custo que ela gera com relação ao benefício que trará. Tabela 27 Análise e alterações sugeridas – Meio físico 3 Item Linha de visada Zona de Fresnel Nível de Interferências Valor de referência Sem obstrução Até 40 % Menor que -95 dB Valor coletado Sem obstrução 35 % -97 / -99 dB Ajuste executado Nenhum Nenhum Nenhum Valor após ajuste - 84 4.4.2.4 Desempenho A exemplo do cenário 2, o cenário 3 teve alterações nas categorias “antenas e BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) transceptores” e “linhas de transmissão”. Estas alterações geraram mudanças observadas na tabela 28, que é referente à categoria “desempenho”. Tabela 28 Análise e alterações sugeridas – Desempenho 3 Item Valor coletado Nível de sinal Throughput Latência -78 / -81 dB 3688 / 3107 kbps 7 ms Ajuste executado Troca das linhas de transmissão e ajuste de potência dos transceptores Ganho de sinal Ganho de sinal Valor após ajuste -71 / -71 dB 12334 / 12295 kbps 2 ms Os novos valores da tabela 28 serão descritos na subseção 4.4.3 que expõe os resultados práticos dos ajustes executados na conexão. 4.4.3 Resultados Verificando as tabelas de análise da subseção 4.4.2, observa-se que o problema estava, à exemplo do cenário 2, localizado na má instalação das linhas de transmissão. A falta de isolamento correto permitiu a oxidação dos condutores. Além disto, foi alterada a potência de transmissão que conferiu uma margem de operação maior para o nível de sinal do link. Com a troca das linhas de transmissão e o correto isolamento dos conectores, a conexão voltou a funcionar normalmente, e é provável que não volte a ter problemas futuros quanto à oxidação, já que o isolamento contra intempéries foi refeito utilizando-se as três camadas recomendas por Flickenger et al. (2007) na subseção 2.2.11.2 deste trabalho. Com a substituição das linhas de transmissão, o “nível de sinal” aumentou 7 dB no ponto 1 e 10 dB no ponto 2. O “throughput” e a “latência” da conexão melhoram por serem compostos pela média dos seus valores medidos, e sem as intermitências na conexão causadas pelas linhas de transmissão oxidadas, o “throughput” aumentou nos dois sentidos para mais de 12 Mbps e a “latência” melhorou de 7 ms para 2 ms na média. Novamente, como no cenário 2, pode-se notar que as linhas de transmissão oxidadas pela umidade degradaram o desempenho do link. 85 As tabelas de parametrização e análise cumpriram seu propósito de auxiliar e agilizar a resolução de problemas para o cenário 3, visto que através delas foi possível identificar e BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) aplicar a correção ao problema do enlace estudado. 4.5 Cenário 4 O quarto cenário refere-se a uma conexão da sede de uma empresa com uma de suas filiais, a uma distância de 11,125 km. Segundo o relato do usuário, após uma forte tempestade o link parou de funcionar. Decorridos mais alguns dias, o mesmo voltou a funcionar, porém muito lento. 4.5.1 Coleta e parametrização dos dados Fez-se a coleta de dados e a parametrização dos mesmos conforme é descrito na subseção 4.1.1 deste trabalho. Nas subseções seguintes são expostos os dados parametrizados referentes ao cenário 4. 4.5.1.1 Antenas e transceptores Antenas e transceptores são iguais no ponto 1 e no ponto 2, ou seja, são simétricos. Além disso, todos são homologados pela ANATEL. As antenas são do tipo parábola direcional sólida, produzidas pelo fabricante Aquario e de modelo MM-5825. Segundo o que é informado na literatura que as acompanha, verificase que a impedância é de 50 Ohms, têm sua frequência de operação entre 5,725 e 5,875 GHz, ganho de 25 dBi e polarização vertical. O suporte de fixação do ponto 1 está bem fixo, e não corre risco de ser deslocado por ventos, porém o suporte do ponto 2 está solto e certamente já foi deslocado pelo vento. A instalação do mesmo não foi feita com um suporte adequado e possui parafusos improvisando um calço na fixação do suporte. A proteção contra intempéries não apresenta nenhum dano. Os transceptores fabricados pelo fabricante Mikrotik sob o modelo R52H, têm sua potência de transmissão configurada para 23 dBm nos dois pontos do enlace. A frequência de transmissão está configurada para 5,745 GHz. Consultando a literatura que acompanha o transceptor, adquire-se a sensibilidade de -90 dB a 6 Mbps. O nível de sinal obtido no ponto 1 é -68 dB e no ponto 2, de -85 dB. Calcula-se a potência EIRP de 48 dBm para ambos os pontos. 86 A tabela de parametrização referente à categoria “antenas e transceptores” é identificada como tabela 29, e é construída observando o modelo descrito na subseção 4.1.1.1. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Tabela 29 Parametrização – Antenas e transceptores 4 Item Simetria das antenas Instalação física Impedância Polarização Proteção contra intempéries Nível de sinal Frequência Potência EIRP Valor de referência Simétricas Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Sem danos -90 dBm (6 Mbps) 5,725 – 5,875 GHz 48 dBm (25+23) Valor coletado Simétricas Fixo de acordo / Solto 50 Ohms Simétrica Sem danos -68 / -85 dB 5,745 GHz 48 / 48 dBm 4.5.1.2 Linhas de transmissão As linhas de transmissão empregadas nos equipamentos são do tipo industrial com 2 m de comprimento e três conectores em cada ponto do enlace. Quanto ao isolamento dos conectores, possui as três camadas de proteção recomendadas na transcrição de Flickenger et al. (2007) na subseção 2.2.11.2 deste trabalho. A tabela 30 mostra os dados que se referem à categoria “linhas de transmissão” do cenário 4. Tabela 30 Parametrização – Linhas de transmissão 4 Item Tipo de fabricação Comprimento do cabo Número de Conectores Isolamento dos conectores Valor de referência Industrial / Industrial Menor possível Menor possível Totalmente isolado Valor coletado Industrial / Industrial 2m/2m 3/3 Totalmente isolado 4.5.1.3 Meio físico Para a categoria “meio físico”, a tabela 31 expõe os dados coletados para auxiliar a análise de “linha de visada” e “zona de Fresnel” no software Radio Mobile. Tabela 31 Coleta de dados para apoio ao Radio Mobile 4 Item Latitude Longitude Altura relativa ao solo Frequência de operação Potência de transmissão Ganho da antena Ponto 1 28° 38’ 33,27” Sul 53° 5’ 45,80” Oeste 30 m 5,735 – 5,755 GHz 22 dBm 25 dBi Ponto 2 28° 44’ 34,27” Sul 53° 5’ 12,07” Oeste 32 m 5,735 – 5,755 GHz 22 dBm 25 dBi 87 O software Radio Mobile processou os dados coletados na tabela 30 e forneceu como BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) resultado a figura 24, que mostra a “linha de visada” e “zona de Fresnel” desobstruídas. Figura 24 Linha de visada e zona de Fresnel do cenário 4 Quanto ao “nível de interferências”, foi coletado com o auxilio do software disponibilizado pelo sistema do transceptor e o valor -98 dB para o ponto 1 e -102 dB para o ponto 2. A tabela 32 mostra a parametrização dos dados referentes ao “meio físico”. Tabela 32 Parametrização – Meio físico 4 Item Linha de visada Zona de Fresnel Nível de interferências Valor de referência Sem obstrução Até 40 % Menor que -95 dB Valor coletado Sem obstrução 0% -98 / -102 dB 4.5.1.4 Desempenho A tabela 33 mostra a parametrização dos valores referentes à categoria “desempenho”, e é baseada nas definições da subseção 4.1.1.4. Tabela 33 Parametrização – Desempenho 4 Item Nível de sinal Throughput Latência Valor de referência Não aplicável Não aplicável Não aplicável Valor coletado -68 / -85 dB 2465 / 936 kbps 5 ms O “nível de sinal” é obtido da mesma forma que na tabela 29, através do indicador do sistema do transceptor. O item “throughput” no sentido do ponto 1 para o ponto 2, medido através do software disponível no sistema do transceptor, indicou 2465 kbps, e no sentido do ponto 2 para o ponto 1 indicou 936 kbps. A conexão não é interrompida em nenhum momento, mas é notoriamente lenta. 88 Quanto ao item “latência”, na média nas medições obteve-se 5 ms, sendo medido em momentos em que a conexão não apresentava trafego de dados pelo software disponível no BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) sistema do transceptor. 4.5.2 Análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas As subseções seguintes apresentam as análises dos dados coletados e parametrizados, as alterações sugeridas, e os valores coletados após as alterações referentes ao cenário 4. 4.5.2.1 Antenas e transceptores Quanto à análise dos dados parametrizados da categoria “antenas e transceptores” do cenário 4, a tabela 29 aponta que os itens “simetria das antenas”, “impedância”, “polarização”, “proteção contra intempéries”, “frequência” e “potência EIRP” se enquadram a seus valores de referência e não precisam de ajustes. Porém, os parâmetros “instalação física” e “nível de sinal” não estão satisfatórios e serão ajustados: a) instalação física: a instalação física tem problemas. Embora o suporte do ponto 2 esteja intacto, o suporte do ponto 1 está solto e com sua fixação totalmente comprometida. A ação dos ventos deslocou a antena para fora de seu alinhamento e danificou o suporte. O suporte foi substituído, e a antena foi fixada corretamente, de modo que o suporte se encaixa perfeitamente à torre, sem o risco de ser movimentado pela ação dos ventos. b) nível de sinal: como o suporte teve sua posição alterada, fica evidente que o nível de sinal ruim no ponto 2 é decorrente deste desalinhamento no ponto 1. É oportuno comentar que, como a antena do ponto 2 estava desalinhada, esta enviava sinais para um ponto onde a antena do ponto 1 não obtinha boa recepção, o nível de sinal para o ponto 1 era menor que para o ponto 2. Para corrigir tal problema, o realinhamento das antenas foi executado e obteve-se um nível de sinal aceitável de -62 dB para ambos os pontos da conexão. O processo de alinhamento foi executado conforme a recomendação de Flickenger et al. (2007), transcrita na subseção 2.2.10.5 deste trabalho. A tabela 34 expõe as alterações nos itens da categoria “antenas e transceptores” do cenário 2 e os valores coletados antes e depois das alterações. 89 Tabela 34 Análise e alterações sugeridas – Antenas e transceptores 4 Valor de referência Valor coletado Simétricas Simétricas Instalação física Fixo de acordo Solto / Fixo de acordo Impedância Polarização Proteção contra intempéries 50 Ohms Simétrica 50 Ohms Simétrica Substituição do suporte no ponto 1 Nenhum Nenhum Sem danos Sem danos Nenhum -68 / -85 dB Refeito processo de alinhamento 5,745 GHz Nenhum - 48 / 48 dBm Nenhum - BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Item Simetria das antenas -90 dBm (6 Mbps) 5,725 - 5,875 GHz 48 dBm (25+23) Nível de sinal Frequência Potência IERP Ajuste executado Valor após ajuste Nenhum Fixado de acordo -62 / -62 dB 4.5.2.2 Linhas de transmissão Com a análise da tabela 30, que se refere à análise e alterações na categoria “linhas de transmissão” do cenário 2, observa-se que todos os parâmetros se enquadram aos seus valores de referência, não sendo necessária nenhuma alteração A tabela 35 mostra que não foi preciso ajustar nenhum parâmetro referente às “linhas de transmissão” do cenário 4. Tabela 35 Análise e alterações sugeridas – Linhas de transmissão 4 Item Tipo de fabricação Comprimento Número de Conectores Impedância Isolamento dos conectores Valor de referência Industrial / Industrial Menor possível Valor coletado Ajuste executado Valor após ajuste Industrial / Industrial 2m/2m Nenhum - Nenhum - Menor possível 3/3 Nenhum - 50 Ohms Totalmente isolado 50 Ohms Totalmente isolado Nenhum - Nenhum - 4.5.2.3 Meio-físico Analisando a tabela 32, referente às alterações na categoria “meio físico”, observa-se que, à exemplo da categoria “linhas de transmissão”, não foram necessários ajustes para o cenário 4. 90 Tabela 36 Análise e alterações sugeridas – Meio físico 4 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Item Linha de visada Zona de Fresnel Nível de Interferências Valor de referência Sem obstrução Até 40 % Menor que -95 dB Sem obstrução 0% Ajuste executado Nenhum Nenhum -98 / -102 dB Nenhum Valor coletado Valor após ajuste - 4.5.2.4 Desempenho Com as alterações na categoria “antenas e transceptores”, os valores da categoria “desempenho” do cenário 4 foram alterados conforme é mostrado na tabela 37. Tabela 37 Análise e alterações sugeridas – Desempenho 4 Item Nível de sinal Throughput Latência Valor coletado -68 / -85 dB 5456 / 936 kbps 5 ms Ajuste executado Realinhamento e substituição do suporte da antena Ganho de sinal Ganho de sinal Valor após ajuste -62 / -62 dB 19043 / 19029 kbps 1 ms Os novos valores serão comentados na subseção 4.5.3, que expõe os resultados dos ajustes feitos no link. 4.5.3 Resultados Ao analisar todas as tabelas da subseção 4.5.2, observa-se que o problema da conexão originou-se na má instalação do suporte da antena. O mesmo não era adequado, pois não se encaixava perfeitamente à torre e, por isso, foi calçado com parafusos. Em um dia de mau tempo a ação dos ventos o deslocou, danificando-o. Com a troca do suporte e o realinhamento das antenas, seguindo as recomendações de Flickenger et al. (2007) transcritas na subseção 2.2.10.5 deste trabalho, a conexão voltou ao seu funcionamento normal. As correções resultaram em um “nível de sinal” de -62 dB nos dois pontos do enlace, sendo que, antes das alterações, obtinha-se -65 dB para o ponto 1 e -85 dB para o ponto 2. Quanto ao “throughput”, passou de 5456 kbps para 19043 kbps no ponto 1 e de 936 kbps para 19029 kbps no ponto 2. O item “latência”, que media 5 ms, melhorou para 1 ms depois das alterações. No estudo do cenário 4, observa-se que a má instalação do suporte da antena causou problemas na conexão após algum tempo de funcionamento correto. 91 4.6 Cenário 5 O cenário 5 trata de uma conexão Wi-fi que atende a necessidade de interligação entre BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) a sede de uma empresa e a residência de um de seus diretores que se localiza a 9,698 km de distância. A conexão não funcionava bem, sendo que em vários momentos se desfaz. Segundo o relato do usuário, há períodos onde a conexão não apresentava nenhum problema, outros em que funcionava com desempenho ruim e ainda outros onde não havia conexão alguma. 4.6.1 Coleta e parametrização dos dados A exemplo dos estudos de caso anteriores, esta etapa, coleta de dados e a parametrização, tem por objetivo parametrizar os dados referentes ao cenário 5 baseando-se nas definições descritas na subseção 4.1.1 deste trabalho. 4.6.1.1 Antenas e transceptores A composição dos pontos do cenário 5 é dada por equipamentos simétricos, tanto as antenas como os transceptores são iguais em ambos os pontos do link, bem como possuem homologação junto a ANATEL. As antenas são do tipo parábola direcional sólida, fabricadas pela Visiontec e de modelo VT5825FC. Em consulta à documentação que acompanha a antena, observa-se que possuem impedância de 50 Ohms, operam entre 5,725 e 5,875 e têm ganho de 25 dBi. A polarização está orientada para vertical. O suporte de fixação está corretamente fixo nos dois pontos do enlace. Não há problemas com a proteção contra intempéries em ambos os pontos. Quanto aos transceptores, fabricados pela Engenius sob o modelo EMP-8602 Plus-S, têm suas potências de transmissão configuradas para 23 dBm em ambos os pontos. A frequência de transmissão configurada é de 5,825 GHz. A sensibilidade encontrada ao consultar a documentação do transceptor é de -90 dB a 6 Mbps. Observando o indicador de nível de sinal do sistema do transceptor, encontra-se o valor de -76 dB em ambos os pontos da conexão. À medida que os valores de ganho da antena e potência de transmissão do transceptor são conhecidos, pode-se calcular a potência EIRP de 48 dBm. A tabela 38 mostra a parametrização dos dados referentes à categoria “antenas e transceptores” do cenário 5 seguindo o modelo proposto na subseção 4.1.1 deste trabalho. 92 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Tabela 38 Parametrização – Antenas e transceptores 5 Item Simetria das antenas Instalação física Impedância Polarização Proteção contra intempéries Nível de sinal Frequência Potência EIRP Valor de referência Simétricas Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Sem danos -90 dBm (6 Mbps) 5,725 - 5,875 GHz 48 dBm (25+23) Valor coletado Simétricas Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Sem danos -76 / -76 dB 5,825 GHz 48 / 48 dBm 4.6.1.2 Linhas de transmissão Quanto às linhas de transmissão, verificou-se que são do tipo industrial, medindo 2 m de comprimento cada uma. Possuem três conectores cada, e o isolamento dos mesmos possui as três camadas recomendadas, estando de acordo com a subseção 2.2.11.2. Os dados expostos na tabela 39 se referem à categoria “linhas de transmissão” do cenário 5. Tabela 39 Parametrização – Linhas de transmissão 5 Item Tipo de fabricação Comprimento do cabo Número de Conectores Isolamento dos conectores Valor de referência Industrial / Industrial Menor possível Menor possível Totalmente isolado Valor coletado Industrial / Industrial 2m/2m 3/3 Totalmente isolado 4.6.1.3 Meio físico Quanto à categoria “meio físico”, a tabela 40 mostra os dados que são necessários para que o software Radio Mobile calcule a “linha de visada” e “zona de Fresnel”. Tabela 40 Coleta de dados para apoio ao Radio Mobile 5 Item Latitude Longitude Altura relativa ao solo Frequência de operação Potência de transmissão Ganho da antena Ponto 1 29° 26' 9,51" Sul 51° 57' 57,71" Oeste 28 m 5,815 – 5,835 GHz 23 dBm 25 dBi Ponto 2 29° 25' 12,90" Sul 52° 3' 51,65" Oeste 7m 5,815 – 5,835 GHz 23 dBm 25 dBi Introduzindo-se os dados no software Radio Mobile, obteve-se como resultado dos cálculos a figura 25, que mostra a “linha de visada” e “zona de Fresnel” desobstruídas. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 93 Figura 25 Linha de visada e zona de Fresnel do cenário 5 O item “nível de interferências”, obtido conforme é descrito no item 4.1.1.3, apresenta o valor de -85 para o ponto 1 e -98 dB para o ponto 2. Os dados referentes ao “meio físico” do cenário 5 são mostrados na tabela 41. Tabela 41 Parametrização – Meio físico 5 Item Linha de visada Zona de Fresnel Nível de interferências Valor de referência Sem obstrução até 40 % Menor que -95 dB Valor coletado Sem obstrução 0% -85 / -98 dB 4.6.1.4 Desempenho Na tabela 42 observam-se os valores da categoria “desempenho” para o cenário 5. Tabela 42 Parametrização – Desempenho 5 Item Nível de sinal Throughput Latência Valor de referência Não aplicável Não aplicável Não aplicável Valor coletado -76 / -76 dB 3674 / 3661 kbps 522 ms O item “nível de sinal” é replicado da tabela 38. Quanto ao “throughput”, obtido através do software disponível no sistema do transceptor, mede 3674 kbps no sentido do ponto 1 para o ponto 2, e 3661 kbps do ponto 2 para o ponto 1. O item “latência” apresenta o valor de 522 ms, e várias perdas sem conseguir completar a verificação através de software disponibilizado pelo sistema do transceptor. 4.6.2 Análise dos dados parametrizados e alterações sugeridas As subseções a seguir mostram as análises das tabelas de parametrização, as correções sugeridas e aplicadas, e uma nova coleta de dados para possibilitar a comparação entre os valores antes e depois das correções aplicadas. 94 4.6.2.1 Antenas e transceptores Verificando-se a tabela 38, sobre os dados parametrizados da categoria “antenas e BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) transceptores” do cenário 5, observou-se que nenhum dos itens precisou de ajuste direto. Todos os parâmetros de referência são atendidos pelos valores parametrizados. A tabela 43 apresenta os itens da categoria “antenas e transceptores” do cenário 5. Tabela 43 Análise e alterações sugeridas – Antenas e transceptores 5 Item Simetria das antenas Instalação física Impedância Polarização Proteção contra intempéries Valor de referência Valor coletado Simétricas Simétricas Nenhum - Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Fixo de acordo 50 Ohms Simétrica Nenhum Nenhum Nenhum - Sem danos Sem danos Nenhum - -76 / -76 dB Nenhum - 5,825 GHz Nenhum - 48 / 48 dBm Nenhum - -90 dBm (6 Mbps) 5,725 - 5,875 GHz 48 dBm (25+23) Nível de sinal Frequência Potência IERP Ajuste executado Valor após ajuste 4.6.2.2 Linhas de transmissão Na análise da tabela 39, que se refere aos dados parametrizados na categoria “linhas de transmissão” do cenário 5, encontram-se linhas de transmissão do tipo industrial, comprimentos de cabo e números de conectores adequados, impedância e isolamento corretos. Deste modo não há o que ajustar nesta categoria. Os parâmetros coletados se enquadram a seus valores de referência. A tabela 44 mostra que não houve alteração na categoria “linhas de transmissão”. Tabela 44 Análise e alterações sugeridas – Linhas de transmissão 5 Item Tipo de fabricação Comprimento Número de Conectores Impedância Isolamento dos conectores Valor de referência Industrial / Industrial Menor possível Valor coletado Ajuste executado Valor após ajuste Industrial / Industrial 2m/2m Nenhum - Nenhum - Menor possível 3/3 Nenhum - 50 Ohms Totalmente isolado 50 Ohms Totalmente isolado Nenhum - Nenhum - 95 4.6.2.3 Meio-físico Quanto à categoria “meio físico”, observa-se que não há nenhum problema com os BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) itens “linha de visada” e “zona de Fresnel”, porém, o item “nível de interferências” não se enquadra ao seu respectivo valor de referência no ponto 1, indicando a necessidade de ajustes: a) nível de interferências: o valor discrepante referente ao ponto 1 indica que há uma fonte de interferência próxima a ele. As interferências distorcem o sinal que se deseja captar deixando-o impossível de decodificar e, consequentemente, forçando a re-transmissão do dado, o que diminui o desempenho do link. Segundo as recomendações de Battisti (2007), transcritas na subseção 2.2.15 deste trabalho, deve-se identificar o tipo da interferência, procurar sua fonte e eliminá-la. Caso não seja possível eliminar a fonte de interferência, deve-se utilizar outras técnicas, como a troca de canal no caso de interferência de banda estreita e a troca de faixa de frequência de operação em casos onde a interferência for de banda larga. Através do software disponível no sistema do transceptor, pode-se identificar uma interferência de banda estreita incidindo no canal em uso nos transceptores do enlace. Seguindo as recomendações, o canal foi alterado para a frequência de 5765 GHz e as medições foram refeitas, obtendo-se os valores de “nível de interferências” de -99 dB para ambos os pontos do enlace. A tabela 45 mostra as alterações dos valores referentes à categoria “meio físico”. Tabela 45 Análise e alterações sugeridas – Meio físico 5 Item Linha de visada Zona de Fresnel Nível de Interferências Valor de referência Sem obstrução Até 40 % Menor que -95 dB Sem obstrução 0% Ajuste executado Nenhum Nenhum Valor após ajuste - -85 / -98 dB Troca de canal -99 / -99 dB Valor coletado 4.6.2.4 Desempenho Com as alterações na categoria “meio físico”, a categoria “desempenho” do cenário 5 também identificou mudanças em seus parâmetros como mostra a tabela 46. Tabela 46 Análise e alterações sugeridas – Desempenho 5 Item Nível de sinal Throughput Latência Valor coletado -76 / -76 dB 3674 / 3661 kbps 522 ms Ajuste executado Troca de canal Ganho de sinal Ganho de sinal Valor após ajuste -76 / -76 dB 13067 / 12934 kbps 3 ms 96 A subseção 4.6.3, a seguir, mostra os resultados alcançados com os ajustes. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 4.6.3 Resultados Com o término da análise das tabelas da subseção 4.6.2, encontrou-se o indicativo de que o problema do cenário 5 relaciona-se ao “nível de interferências” captado pela antena instalada no ponto 1. Ao alterarmos o canal dos transceptores, a conexão se restabeleceu sem novos problemas de instabilidade e com desempenho melhor. Para o item “throughput” obteve-se 13067 kbps frente aos 3674 kbps anteriores no sentido do ponto 1 para o ponto 2, e para o sentido do ponto 2 para o ponto 1 mediu-se 12934 kbps ante os 3661 kbps anteriores ao ajuste. Quanto ao item “latência”, a melhora também foi considerável, passando de 522 ms para 3 ms. O “nível de sinal” manteve-se igual antes e depois das alterações, em -76 dB para ambos os pontos. Esta não alteração se explica pelo fato de não haver problemas neste item e, sim, com o “nível de interferências” captados no ponto 1, que obrigava os transceptores a retransmitir boa parte dos dados que trafegam pelo link. Observou-se neste estudo que, mesmo com todos os outros parâmetros corretos, uma interferência pode prejudicar o funcionamento do enlace. 97 5 CONCLUSÃO BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) O estudo de conexões sem fio de planta externa se vale da análise e ajuste de muitos parâmetros para minimizar as possibilidades de falha na instalação ou no funcionamento. São muitas as normas e recomendações para que se tenha uma conexão de bom desempenho. A falta de preparo dos profissionais que corriqueiramente fazem a instalação deste tipo de conexão é um dos maiores causadores de problemas. No intuito de contribuir para o esclarecimento e disponibilização de normas e recomendações que são pouco implantadas em links de comunicação sem fio e diminuem muito as chances de ocorrência de problemas na implantação e no uso futuro dos enlaces de planta externa. O objetivo deste trabalho foi desenvolver um mecanismo que facilite a análise de um link de comunicação Wi-fi com problemas de funcionamento e estudar as causas e soluções para os problemas identificados. Para tanto foram criadas tabelas de parametrização de dados onde os dados de entrada foram formatados de acordo com as normas e técnicas apresentadas na revisão de literatura e modeladas na seção 4.1 deste trabalho. Para melhor compreensão e visualização os dados foram divididos em categorias onde cada uma tratava de uma parte dos componentes ou parâmetros envolvidos. As tabelas de parametrização e análise, às quais sintetizam as normas e recomendações, se mostraram eficientes para resolver rapidamente os problemas encontrados nos cenários estudados. Embora seja importante ressaltar que o número de casos estudados não é suficiente para provar a eficiência das tabelas no universo de possibilidades de problemas em um link de comunicação sem fio, a modelagem das tabelas de parametrização abordou por completo as normas e técnicas recomendadas. Quanto às análises dos problemas e as sugestões de correção dos mesmos, obteve-se êxito, pois, segundo os resultados finais alcançados, todos os links estudados melhoraram seu desempenho, provando a eficiência das normas e técnicas sugeridas e implantadas. Sugere-se, para trabalhos futuros, uma análise menos profunda de novos casos, possibilitando o estudo de um número maior de casos. Desta forma, pode-se englobar o universo de possibilidades de problemas em conexões Wi-fi de planta externa. O presente trabalho auxilia na identificação e correção dos problemas possíveis em uma conexão ponto-a-ponto de planta externa e contribui para esclarecer as normas e técnicas recomendadas para este tipo de conexão. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) REFERÊNCIAS BATTISTI, J. Redes Wireless: treinamento profissional. Disponível <http://www.juliobattisti.com.br/artigos/wireless.asp>. Acesso em: 23 jun. 2011. em: FLICKENGER, Rob et al. Redes sem fio no Mundo em desenvolvimento. 2. ed. [S. l.]: Hacker Friendly LLC: 2007. 397 p. MORIMOTO, C. E. Redes Wireless: Entendendo o 802.11n. 2007. Disponível em: <http://www.hardware.com.br/artigos/802-11n/>. Acesso em: 14 jun. 2011. RADIO MOBILE. Disponível em: <http://www.cplus.org/rmw/english1.html>. Acesso em: 30 abr. 2011. SOARES, L. F.; COLCHER, S.; LEMOS, G. Redes de computadores: das LANs, MANs e WANs as Redes ATM. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1995. 705 p. STALLINGS, William. 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