XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 A importância da avaliação institucional para a melhoria da qualidade de ensino - a experiência de uma instituição de ensino superior Micheline Frizzo (Centro Universitário UNIVATES) [email protected] Resumo A qualidade de ensino hoje, mais do que uma ânsia da sociedade brasileira, é uma necessidade face aos desafios que a modernidade impõe. Deseja-se que o processo de avaliação institucional prossiga, seja ampliado e caminhe responsavelmente, creditando o próprio processo fortalecido pela capacidade de analisar-se criticamente nos acertos e limitações. Neste trabalho dois focos foram analisados: a instituição e as disciplinas como um todo. Após a coleta, tabulação e análise dos dados, foi organizado um relatório para a socialização desses resultados. Logo, a avaliação não é de aplicação trivial, pois visa ao crescimento e encaminha os rumos na melhoria contínua da qualidade da gestão universitária. A concepção de uma Instituição de Ensino Superior (IES) não permite seccioná-la em partes como se fosse possível delimitar e avaliar setores estanques. A avaliação permite-nos fazer uma leitura de como nos vemos, como somos e como gostaríamos de ser, enquanto docentes ou acadêmicos e enquanto instituição. Palavras-chave: Avaliação institucional, Qualidade, Ensino superior. 1. Introdução Diante das perplexidades apresentadas por esta nova era, tem-se por objetivo socializar uma experiência de avaliação institucional desenvolvida pelo Centro Universitário UNIVATES/Lajeado. As instituições de ensino superior (IES) não se acham ao abrigo da alta competitividade sem barreiras geográficas, do impacto das pressões da economia globalizada, de interferências em questões éticas e sociais sem o suficiente discernimento ou a previsão de futuras conseqüências e, nessa perspectiva, destaca-se a importância da avaliação interna, pois ela serve como um importante balizador para o processo de (re)planejamento institucional. Assim, o objetivo do projeto de avaliação interna da UNIVATES é consolidar a cultura da Avaliação Institucional na Instituição, qualificando e intensificando o processo com a sua efetiva destinação e aproveitamento para subsidiar o planejamento e a tomada de decisões em todos os setores e níveis da Instituição. Dias Sobrinho (1995, p. 4) aponta que "A Universidade é compreendida como um conjunto de processos e relações que se produzem em seu cotidiano. É uma instituição social de caráter essencialmente pedagógico. É vista como construção social e histórica". Portanto, não é uma realidade acabada, pronta. Daí o sentido dinâmico e processual da avaliação. O cotidiano das universidades é feito de processos de diferenciação e de convergências, pois não são instituições unidirecionais, nem tampouco totalidades sem contradições, onde a divisão do trabalho e a multiplicidade funcional são articuladas umas com as outras. O processo de avaliação interna tem o objetivo principal de fotografar a instituição em seus aspectos acadêmicos e organizacionais, tendo em vista seu caráter permanente de ser um locus de produção do conhecimento, e sempre procurando redimensionar as fragilidades em concordância com os pressupostos estabelecidos no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) balizados pelos princípios da Instituição. ENEGEP 2003 ABEPRO 1 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 2. UNIVATES hoje: caminhos e fronteiras Credenciada como Centro Universitário em 1999, a UNIVATES está inserida na região do Vale do Taquari, na cidade de Lajeado/RS e, assim como ela, assume um caráter de expansão que se identifica com sua história de crescimento social, cultural e econômico, evidenciando seu esforço para se inserir na dinâmica do desenvolvimento regional. A Instituição, atualmente, conta com 31 cursos de graduação, 1 curso seqüencial, 5 cursos técnicos e 8 de especialização. Também na extensão universitária, os números indicam claramente a superação das expectativas, não só em termos de público atendido como também da diversificação de ações. Em todos os setores o crescimento numérico superou amplamente as previsões de 1999. Para se ter uma idéia, nas atividades regulares de ensino (graduação, pós-graduação, seqüencial e técnico), o número de alunos passou de 2.457 em junho/1999 para 7.195 no semestre A/2003; de professores, de 138 para 270 em abril/2003; e o de funcionários, de 115 para 289. Em extensão e pesquisa, o salto foi igualmente enorme. Com relação à estrutura, deve ser mencionada a sua ampliação física, a qual não só acompanhou o crescimento do número de alunos e professores, como também foi sensivelmente qualificada. Também a estrutura de serviços de apoio cresceu na mesma medida e qualificou-se, com a implantação de núcleos de apoio ao aluno e aos professores. Quanto ao processo de Avaliação Institucional na UNIVATES, o anteprojeto foi apresentado em abril/1998, analisado e aprovado pelos professores e pela Reitoria em reuniões específicas e, com as devidas adaptações, foi submetido à novo processo de análise, pelo CONEPE, que o aprovou em reunião realizada no dia 04 de maio de 1998, passando a ser oficialmente o Projeto de Avaliação Institucional para a UNIVATES. Esse processo teve início com a definição da concepção de avaliação, os objetivos, a metodologia, as estratégias do processo, as variáveis, os indicadores institucionais e o cronograma de execução do projeto, desenvolvido através das seguintes etapas, que não são estanques, mas interligadas: Sensibilização, Diagnóstico, Avaliação interna, Avaliação externa, Tomada de decisão e Reavaliação do próprio processo. 3. Pressupostos da Avaliação Institucional O espaço de atuação do ser humano, onde ele forma a si mesmo e molda as circunstâncias objetivas que o cercam, onde ele é sujeito de si mesmo e condutor da natureza, é um espaço político de participação e de construção histórica. Decidir rumos e ocupar espaços é uma conquista. Em vez de somente acontecer ao sabor de eventos externos, é mister fazer acontecer, planejar, influir, prever. A capacidade de intervenção e inovação exige conhecimentos sobre as realidades e sobre o onde se quer chegar; o planejamento e o acompanhamento sistemático são fundamentais na construção de individualidades autônomas e solidárias e na convivência inclusiva e produtiva. O Plano de Desenvolvimento Institucional ao considerar essas dimensões e atribuir a cada componente de sua estrutura a tarefa específica de zelar pela competente ação na direção dos objetivos, assume a "função catalisadora do desenvolvimento regional, a formação profissional de qualidade e com visão crítica e capacidade empreendedora e a busca permanente da qualidade da gestão da Instituição" (PDI/UNIVATES). À Avaliação Institucional cabe, prioritariamente, desenvolver processos de diagnóstico, análise e reflexão geradores de transformações qualitativas no âmbito educacional, social e pessoal. Demo (1988), ao analisar a questão da avaliação qualitativa, coloca a participação como elemento central e cita o envolvimento, a impregnação e a cultura como componentes a ENEGEP 2003 ABEPRO 2 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 serem considerados. O autor (1988, p. 15) distingue "qualidade formal de qualidade política. A primeira refere-se a instrumento e a métodos; a segunda, a finalidades e conteúdos, afirmando que uma não é inferior à outra, simplesmente cada uma tem perspectivas próprias". O lado quantitativo da Avaliação Institucional é palpável, concreto, manipulável e uma face da realidade a ser conhecida. O aspecto qualitativo é de difícil definição, escapa às nossas palavras e, como afirma Habermas (1983), "é tão certa que existe, quanto é difícil de captar". Um processo avaliativo formal pode valer-se de procedimentos e recursos para captar as realidades e colocá-los a serviço da qualidade política. A realidade social é necessariamente política e apenas o ser humano pode ser inserido nessa dimensão, porque somente ele pode ser ator em sentido pleno. É capaz de dizer o que quer, ao que aspira e de montar uma estratégia para conseguí-lo. Toma iniciativas, intervém, sugere e cria. E é na educação que os espaços da intervenção e ação são mais amplos e devem ser ocupados de forma crítica, consciente e científica. Assim, a educação deve assimilar o dinamismo da vida moderna, que se manifesta em todos os campos, sejam o técnico-científico, o cultural e o humano em geral. Não é suficiente conhecer muitas coisas, uma vez que, em pouco tempo, os conhecimentos técnicos são superados, bem como também os estudantes estão fora das universidades e distantes dos processos formais de aprendizagem. Logo, a universidade tem que passar de uma educação terminal para uma educação permanente, ou seja, uma educação que abranja a vida inteira do homem, que tenha caráter integrador do conhecimento e incorpore a teoria e a prática no processo de vida. Assim, diante das crescentes emergências da diversidade, as universidades devem encontrar as respostas e encaminhamentos que preservem a pluralidade social e respeitem a igualdade assegurada pela cidadania. A Avaliação Institucional, entendida como programa educativo e um exercício democrático, pode ser um importante recurso para a implementação da dinamicidade transformadora exigida pelos projetos pedagógicos dos cursos de graduação e pela gestão universitária, porque um programa de avaliação é uma construção coletiva que produz as condições teóricas e as ações correspondentes que se cumprem com vistas a objetivos socialmente desejados. Um programa de Avaliação Institucional deve inevitavelmente ter caráter pedagógico e passar a fazer parte das estruturas permanentes e do cotidiano pedagógico das instituições, tendo como agentes nucleares os sujeitos do próprio processo educativo: os alunos, os docentes, os servidores técnicos e administrativos e os gestores (Projeto de Avaliação Institucional). Avaliação serve para pensar e planejar a prática docente e nessa reflexão torna-se um recurso para melhorar os processos pedagógicos. Avaliação tem o significado e valor de servir à tomada de consciência sobre a prática. Destrinchar o significado das práticas da avaliação talvez seja um caminho para penetrar no significado da educação institucionalizada. Para os professores não interessa colocar a avaliação apenas como um problema técnico-pedagógico que deve resolver em seu ensino, mas também concebê-la como um caminho para entender o currículo real do aluno. Além da compreensão da realidade dos alunos, a avaliação permite entender a realidade dos professores, perceber o clima institucional, as relações com a sociedade e os efeitos do currículo oculto da educação. Para que se possa medir o desempenho do professor na sala de aula, é necessário que os fatores considerados nessa avaliação sejam válidos e possam representar com fidedignidade a opinião dos entrevistados. A utilização dessas informações tem sido discutida por Silveira e Moreira (1999) que consideram a avaliação do professor pelo aluno um mecanismo realimentador capaz de contribuir para a melhoria do ensino superior. ENEGEP 2003 ABEPRO 3 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 A avaliação como dimensão da prática docente e da vida institucional deve ser construída e aperfeiçoada permanentemente e ser colocada no âmbito dos processos que qualificam a função docente e o desempenho das instituições, num exercício de avaliar a avaliação para que assuma os contornos da coerência, da ética e da promoção do ser humano (Projeto de Avaliação Institucional). Esses aspectos de grande amplitude são percebidos no desenvolvimento de atividades cotidianas de uma instituição de ensino superior e interferem no grau de satisfação das pessoas que compartilham seus espaços. Esse grau de satisfação, por sua vez, vai delineando condições de motivação, de produtividade, de permanência e de engajamento às propostas apresentadas. Por isso, é de fundamental importância identificar com clareza os fatores geradores de satisfação e os de emperramento do processo educativo, para que sejam preservados e otimizados ou reformulados e redirecionados, principalmente quando se tratar da atividade docente, um dos pilares sobre quais se constrói esse processo. A identificação desses fatores poderá ser basilar para a tomada de decisões, planejamentos e replanejamentos, tanto na esfera da gestão institucional quanto na da ação pedagógica desenvolvida em salas de aula, por professores com preparação didático-metodológica ou profissionais de outras áreas que atuam em diferentes disciplinas dos cursos de graduação. Aqui neste trabalho faz-se um recorte abordando apenas a avaliação interna da Instituição e sua relação com a gestão e a organização da mesma, pois o que se quer é a socialização e a divulgação dos resultados obtidos nesse processo. 4 Dimensões da Qualidade em Educação Arruda (1997) define a qualidade em uma IES como sendo composta de: - Qualidade ambiental: refere-se à infra-estrutura: salas de aula, laboratórios, equipamentos, bibliotecas, sistemas de comunicação, dependências, videotecas, restaurantes/bares, etc.; - Qualidade dos processos de gestão: refere-se à qualidade dos processos administrativos, tais como: atendimentos aos alunos, calendários escolares, normas de funcionamento, capacitação de recursos humanos, etc.; - Qualidade científico-pedagógica: refere-se aos métodos e processos de ensinoaprendizagem, currículo, bem como à geração e difusão do conhecimento; - Qualidade político-institucional: diz respeito à credibilidade que a instituição desfruta no meio da sociedade que a mantém. A instituição deve ser aceita como referência padrão pela sociedade que a mantém e na qual está inserida. 5 A cartografia institucional da UNIVATES Os dados apresentados revelam uma visão informativa do olhar do aluno e do professor sobre o ensino da graduação. Trata-se de um lance inicial. Contudo, há necessidade de se obterem informações a partir da percepção de outros olhares para complementação do todo, prevista para as etapas posteriores na continuidade do processo. Está posto o desafio da participação das IES nos grandes debates que dizem respeito ao presente e ao futuro da sociedade; na tarefa de criar até diante de situações de impacto, abrindo novos caminhos e sinalizando em direção à busca de melhor qualidade no serviço prestado. O processo institucional permanente, contextualizado na realidade, deve realimentar a avaliação proposta. A divulgação dos resultados para a comunidade acadêmica poderá ser ENEGEP 2003 ABEPRO 4 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 fonte de consulta e apoio na discussão, seleção de conteúdos e atualização dos planos de cursos. Para a comunidade externa representa a socialização da realidade institucional, num contínuo processo de fazer-se. Após a coleta, tabulação e análise dos dados, foi organizado um relatório para a socialização desses resultados. Os dois focos analisados aqui foram: a instituição e as disciplinas como um todo, a partir de três dimensões pedagógicas e de alguns indicadores de medida e o nível de satisfação das condições de oferta da infra-estrutura oferecida pela Instituição. A metodologia utilizada foi a da auto-avaliação que tem por mote possibilitar que a UNIVATES como um todo, possa refletir sobre o que é e o que pretende ser. Para tanto, de forma complementar, orienta-se pelos princípios da adesão voluntária dos participantes e pela globalidade da participação de todos os elementos que compõem a vida universitária, não objetivando a premiação ou punição dos envolvidos no processo de avaliação. A partir de pressupostos, o processo de avaliação das disciplinas contou com a adesão voluntária de professores e estudantes. Como caracterização da pesquisa temos a última avaliação que foi realizada pela Comissão de Avaliação Institucional, no mês de novembro de 2002, em sala de aula, sob a responsabilidade do professor, onde foram coletados 12.932 questionários respondidos corretamente pelos alunos das 461 disciplinas ministradas (numa média de 28 questionários respondidos em cada disciplina) e 186 professores foram avaliados. O questionário respondido compreendia 18 questões que avaliavam a disciplina, o professor, bem como o aluno fazia uma auto-avaliação de seu desempenho/comportamento na disciplina. O entrevistado atribuía um conceito, de A a E - conforme escala de Likert - para cada uma das afirmações, onde A significa "contempla plenamente as expectativas" e E significa "frustra totalmente as expectativas". Descrição Item Período 2001/A 2001/B 2002/A 2002/B Caracterização Mês de realização da avaliação Maio Novembro Junho Novembro da Amostra Número de questionários 9.527 9.918 11.997 12.932 respondidos Número de disciplinas avaliadas 320 342 405 461 Número de professores avaliados 162 189 201 186 Resultados Média geral 4,13 4,17 4,14 4,10 % de notas entre 1 e 3,5 7,67 5,59 6,04 10,01 % de notas entre 3,6 e 4,0 30,62 27,57 27,61 32,49 % de notas entre 4,1 e 4,5 48,45 52,09 54,28 44,55 % de notas entre 4,6 e 5,0 13,26 14,75 12,08 12,96 Fonte: Elaborado pela Reitoria/UNIVATES, 2002 Quadro 1 – Comparativo entre avaliação semestral dos docentes realizadas pelos discentes O Quadro 1 acima mostra parte dos resultados obtidos nesse processo. A avaliação das disciplinas/professores, por parte do corpo discente e docente, foi composta de três partes: avaliação da disciplina, avaliação do professor pelo aluno e auto-avaliação do aluno. Percebe-se, a cada semestre, uma elevação no número de questionários respondidos e de disciplinas avaliadas decorrente do crescimento da Instituição, com mais cursos e conseqüentemente mais alunos. Também há uma variação de notas decorrentes das opiniões divergentes de alunos e professores. A Tabela 1, abaixo, apresenta os valores médios atribuídos pelos estudantes e professores para todas as disciplinas avaliadas. Os escores médios foram obtidos a partir da utilização de ENEGEP 2003 ABEPRO 5 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 uma escala correspondente a 5 pontos (Likert), onde o ponto A (5) significa maior grau de satisfação (contempla plenamente as expectativas) e o ponto E (1), o menor grau de satisfação (frusta totalmente as expectativas). Como se pode observar pelos resultados obtidos, as médias de avaliação das disciplinas ficaram situadas entre os escores 4,0 e 4,1 para as três dimensões avaliadas. No entanto, percebe-se três itens abaixo de 4,0, que tratam dos conhecimentos prévios e da dedicação dos alunos, itens esses em debate nas reuniões e palestras com professores e na Instituição como um todo para que possam ser elevados. Também para amenizar as deficiências dos alunos são oferecidas oficinas/cursos. Avaliação da Disciplina Média Pertinência, riqueza e atualização dos conteúdos 4,1 Avaliação do professor feita pelo aluno Adequação e flexibilização do planejamento das atividades 4,1 Clareza na organização e desenvolvimento dos conteúdos 4,0 Capacidade de fazer ver a importância dos conteúdos da disciplina 4,1 Criação de situações de ensino a partir dos conhecimentos do aluno 3,9 Valorização de fontes alternativas de conhecimento 4,0 Disponibilidade para esclarecer dúvidas apresentadas pelos alunos 4,2 Abertura à discussão sobre a sua forma de atuar na disciplina 4,0 Clareza e adequação de critérios de avaliação 4,1 Aproveitamento dos resultados das avaliações para melhorar a aprendizagem 4,0 Postura ética e profissional em seu relacionamento com a turma 4,3 Postura ética e profissional em relação ao curso e à UNIVATES 4,4 Auto-avaliação do aluno Suas iniciativas pessoais para resolver eventual falta de embasamento para 4,1 acompanhar a turma Seu tempo destinado às tarefas e estudo individuais 3,7 A busca de soluções alternativas para aprofundar o conhecimento 3,9 A sua contribuição para um ambiente bom, de trabalho e produtividade 4,4 A produtividade das atividades em grupo, para você 4,1 O resultado geral obtido, por você, até aqui nesta disciplina 4,0 Fonte: BDR/CAI/UNIVATES, 2002 Tabela 1 – Avaliação geral da disciplina, do professor a auto-avaliação do aluno no semestre B/2002 Essas análises permitem que os aspectos relevantes sejam ratificados institucionalmente, assim como permite que outros sejam aperfeiçoados no intuito de intensificar cada vez mais o nível de satisfação institucional, pois uma educação de qualidade só acontece através de gestões que, " ... se orientam por planejamentos globais e competentes que ousam articular o compromisso com os índices de produtividade, com a escolha produtiva e ética dos melhores caminhos ou atalhos a serem seguidos para simultaneamente responder ao mercado e à sociedade a quem prioritariamente se deve prestar contas" (DESORDI, 2000, p.9). A avaliação permite revisar ações administrativas, técnicas e pedagógicas de forma crítica e participativa, permitindo uma análise de possibilidades e limitações quanto à forma de atuação, bem como apontar caminhos para tomada de decisões em relação ao pensar e fazer institucional, em busca da melhoria da qualidade acadêmica e da gestão universitária. Também os serviços e a gestão da Instituição foram avaliados no semestre B/2002, conforme mostra a Tabela 2 abaixo, numa ótica de alunos e professores da graduação e técnicos. Percebe-se que praticamente todos os itens estão acima da média 3,0, com exceção do item estacionamento na opinião dos alunos, para o qual já vem sendo providenciadas melhorias. Outra constatação é que os docentes avaliam melhor a Instituição do que os discentes. ENEGEP 2003 ABEPRO 6 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 Alunos Itens avaliados Professores Gestão da UNIVATES Média Conjunto da direção da UNIVATES: chefias, reitoria Média geral Itens avaliados Chefia de departamento Pró-Reitoria Administrativa Pró-Reitoria de Ensino Pró-Reitoria Pesquisa e Extensão Vice-reitoria Reitoria 3,2 Média geral Avaliação geral dos serviços Média Itens avaliados Salas de aula: qualidade e manutenção Salas e recursos de informática/internet para apoio extra-classe Biblioteca: organização, atendimento Biblioteca: número de livros disponíveis Secretaria geral/Protocolo Divulgação institucional/mídia/notícias para a região Comunicação interna Recepção/Telefonia Tesouraria Setor de Assistência ao Aluno(Sala 101/1) Reprografia (fotocópias) Instalações sanitárias Estacionamentos Média geral 3,2 Itens avaliados 3,6 3,4 3,8 3,1 3,5 3,8 3,4 3,8 3,6 3,8 3,3 3,7 2,9 3,5 Salas de aula: qualidade e manutenção Salas e recursos de informática/internet para apoio extra-classe Biblioteca: organização, atendimento Biblioteca: número de livros disponíveis Secretaria geral/Protocolo Divulgação institucional/mídia/notícias para a região Comunicação interna Recepção/Telefonia Tesouraria Reprografia (fotocópias) Instalações sanitárias Estacionamentos Atividades de avaliação institucional Setor de recursos humanos Secretaria de ensino Serviço de apoio/recursos didáticos : qualidade e quantidade de equipamentos Serviço de apoio/recursos didáticos: atendimento/distribuição Média geral Média 4,5 4,4 4,5 4,5 4,5 4,6 4,5 Média 4,4 4,0 4,3 3,7 4,6 4,1 4,1 4,6 4,5 4,1 4,2 3,8 4,1 4,3 4,7 4,1 4,3 4,2 Fonte: BDR/CAI/UNIVATES, 2002 Tabela 2 – Avaliação dos serviços e da gestão da UNIVATES no semestre B/2002 Para aperfeiçoar as condições de ensino, foram programadas e realizadas metas referentes à expansão da área física e de suporte e à atividade-fim da Instituição quais sejam: a adequação da área física existente para a expansão das atividades e do crescimento do número de alunos; investimento para a construção de área física; a aquisição de equipamentos para atender a qualificação de ensino e proporcionar boas condições de trabalho docente; a atualização da biblioteca e dos recursos de ensino; a implementação de programas de apoio acadêmico para melhor experiência e aprofundamento das atividades acadêmicas em todos os cursos e a política de aprimoramento permanente de recursos humanos tendo em vista a capacitação/qualificação docente e técnico-administrativa. Logo, tanto uma avaliação das disciplinas, como da infra-estrutura, serviços e gestão possibilita à IES identificar os pontos fracos e fortes para, a partir deles, tomar decisões para melhorar e qualificar os setores avaliados. 5 Conclusão A partir desses pressupostos é preciso que se entenda a avaliação como uma condição necessária para a superação dos fantasmas relacionados à avaliação. Antes de mais nada, é ENEGEP 2003 ABEPRO 7 XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 preciso que se tenha clareza que a Instituição e, em especial, as de ensino superior, devem fazer a si próprias uma crítica permanente, no sentido da busca constante da qualidade e da excelência acadêmicas. Ao gestor desse processo cabe assumir sua tarefa com afinco para que proceda profissionalmente diante das escolhas a serem feitas. A eficiência e eficácia de todo e qualquer processo avaliativo estão relacionadas à forma como o gestor implementa seu projeto institucional e acompanha seus desdobramentos. A Comissão da Avaliação Institucional vem desenvolvendo há mais de três anos esse trabalho de identificação de fatores constitutivos dos níveis de satisfação ou insatisfação dos funcionários, dos professores e dos alunos em relação à gestão, aos serviços e ao exercício docente nos cursos de graduação da UNIVATES. Nesse período, foram utilizados para a coleta de informações, diferentes instrumentos, aplicados semestralmente, contendo abordagens sobre as especificidades das diferentes funções exercidas na instituição. No que diz respeito ao desempenho dos professores nas diferentes disciplinas, objeto de estudo desta pesquisa, as questões foram organizadas, principalmente em torno do planejamento didático, da prática de ensino, do processo avaliativo desenvolvido para acompanhar as aprendizagens dos alunos e da dinâmica das relações interpessoais entre professores e alunos. Obtidas as respostas e analisados os resultados percebeu-se a necessidade de aprofundar essa investigação, pois a compreensão mais ampla e detalhada de alguns aspectos tornou-se indispensável ao aprimoramento do processo de avaliação institucional. Buscamos também, além de criar a cultura da avaliação e incorporá-la ao cotidiano, agregar novos elementos e novas dimensões ao processo. Referências ARRUDA, José R. C. (1997). Políticas e indicadores da qualidade na educação superior. Rio de Janeiro: Qualitymark/Dunya. DEMO, Pedro (1988). Educar pela pesquisa. São Paulo: Cortez. DESORDI, Mara Regina (2000). Avaliação institucional: o papel do gestor frente às interfaces da avaliação interna e externa. Encontro Nacional dos Centros Universitários (mimeo). DIAS SOBRINHO, José (1995). Universidade: processos de socialização e processos pedagógicos. In: DIAS SOBRINHO, José e BALZAN, Newton César (orgs.). Avaliação institucional: teoria e experiências. São Paulo: Cortez. HABERMAS, Jürgen (1983). A idéia da universidade: processos de aprendizagem. Republicado na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, vol. 74, p.175. SILVEIRA, Fernando L. da e MOREIRA, Marco Antônio (1999). Estudo da validade de um questionário de avaliação do desempenho do professor de física geral pelo aluno. Ensaio, Minas Gerais: CECIMIG, v. 1, n. 1, p. 69-84, set. UNIVATES (2002). Plano de Desenvolvimento Institucional do Centro Universitário UNIVATES (2002-2007). UNIVATES (2002). Projeto de Avaliação Institucional para a UNIVATES - (Re) construção. ENEGEP 2003 ABEPRO 8