UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA ANÁLISE DA PRESSÃO MÉDIA DE VIAS AÉREAS (PMVA) E DA PRESSÃO INTRA-ABDOMINAL DE PACIENTES COM TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE) INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. Autores: IGOR DIAS SERIQUE RENAN BEZERRA RESQUE DUARTE RUAN SOUZA DOS SANTOS Belém – Pará 2007 2 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA ANÁLISE DA PRESSÃO MÉDIA DE VIAS AÉREAS (PMVA) E DA PRESSÃO INTRA-ABDOMINAL DE PACIENTES COM TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE) INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. IGOR DIAS SERIQUE RENAN BEZERRA RESQUE DUARTE RUAN SOUZA DOS SANTOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade da Amazônia – UNAMA, como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Fisioterapeuta, sob a orientação da Professora Ft. Elza Claudia Santos Fragoso. Belém – Pará 2007 3 ANÁLISE DA PRESSÃO MÉDIA DE VIAS AÉREAS (PMVA) E DA PRESSÃO INTRA-ABDOMINAL DE PACIENTES COM TRAUMATISMO CRÂNIOENCEFÁLICO (TCE) INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. Igor Dias Serique Renan Bezerra Resque Duarte Ruan Souza dos Santos Avaliado por: ______________________________ Data: _____/_____/_____ Belém – Pará Universidade da Amazônia 2007 4 AGRADECIMENTOS A Deus, por me guiar, proteger e conduzir em todos esses anos. Aos meus pais, Elias e Luzia, pelo amor incondicional, por me apoiarem e incentivarem sempre, pela educação que recebi, por serem meu espelho e meu orgulho. Todas as minhas vitórias hoje e sempre serão dedicadas a vocês. Sem eles nada disso seria possível. Aos meus irmãos, pelo companheirismo e amor verdadeiro. Aos meus avós, Armindo (in memorian) e Maria Julia, Daniel e Anita (in memorian), pela educação que deram aos meus pais e pelo amor e apoio dado a mim sempre. A Manoela, pelo amor, carinho, companheirismo, apoio e confiança. Por ter me ajudado e estado ao meu lado sempre. Aprendi muito com ela durante todos esse anos. A todos os meus verdadeiros amigos, eles sabem quem são, porque é com eles que divido minhas alegrias, dúvidas, esperanças e neles deposito minha confiança. A nossa professora e orientadora Cláudia, por ter aceitado nos ajudar e nos incentivado sempre. Ao nosso co-orientador Hermógenes Neto, pela idéia inicial e ajuda em todos os momentos que necessitamos. A Dra. Socorro Sarquis, por aceitar que nossa pesquisa fosse realizada na UTI do Hospital Metropolitano. Aos enfermeiros Ivisson, Idelson, Milene e Luciana por nos ajudarem na coleta dos dados. E a todos que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização dessa pesquisa. Muito Obrigado. Igor Dias Serique 5 AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por me iluminar e abençoar minha trajetória. Aos meus pais Orlando e Luiza que sempre me aconselharam e me ajudaram a escolher os caminhos certos. A minha namorada Tônia, que sempre esteve ao meu lado me dando forças, carinho e conselhos para que eu possa me tornar um bom profissional. Aos meus familiares que foram e sempre serão peças fundamentais em todos os momentos da minha vida. Aos meus amigos que eu tenho como irmãos e sempre estiveram presentes. A nossa orientadora Cláudia e ao fisioterapeuta Hermógenes Neto que nos ajudaram a tornar possível esta pesquisa. A Dra. Socorro Sarquis e a toda equipe de enfermeiros e técnicos que dispuseram de seu tempo para nos auxiliar. E gostaria de fazer um agradecimento especial ao meu amigo Wady que sempre estará presente no meu coração e que com certeza se transformou no meu anjo da guarda. Obrigado. Renan Bezerra Resque Duarte 6 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter me concedido a graça de ter alcançado esta vitória. A minha mãe, pelo carinho, apoio e incentivo. A minha tia Ivonete Abreu pelo apoio e incentivo. Esses foram os principais fatores que me impulsionaram a conseguir essa vitória. A nossa orientadora Cláudia, pelo incentivo e ajuda. Ao nosso co-orientador Hermógenes Neto, pela idéia, incentivo e colaboração. A Dra. Socorro Sarquis. Aos enfermeiros Ivisson, Idelson, Milene e Luciana por nos ajudarem na coleta dos dados. “Confia ao Senhor as tuas obras e teus pensamentos serão estabelecidos”. Pv 16:3 Ruan Souza dos Santos 7 RESUMO Igor Dias SERIQUE, Renan Bezerra Resque DUARTE e Ruan Souza dos SANTOS. Análise da pressão média de vias aéreas (PMVA) e da pressão intra-abdominal de pacientes com traumatismo crânio-encefálico (TCE) internados em unidade de terapia intensiva. Universidade da Amazônia, UNAMA, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Curso de Fisioterapia, Belém-PA, 2007, Monografia de conclusão de curso. A Pressão média de vias aéreas (PMVA) e a Pressão intra-abdominal (PIA) apresentam grande influência na mecânica do sistema respiratório. Seus valores de normalidade são, respectivamente, 20 cmH2O e 5 mmHg. Alterações desses valores são comuns em pacientes internados em unidades de terapia intensiva sob ventilação mecânica invasiva. A mensuração da PIA pela técnica de Kron (1984) é de fácil realização e, portanto, bastante oportuna para o diagnóstico da hipertensão intra-abdominal dentro de uma UTI. A PMVA pode ser obtida através de uma simples equação. Em pacientes com traumatismo crânio-encefálico (TCE) o aumento da pressão intra-craniana pela elevação da pressão nas vias aéreas pode agravar seu quadro clínico. O estudo objetiva analisar e correlacionar os valores de PMVA com os da PIA em pacientes internados em uma UTI sob ventilação mecânica invasiva e com diagnóstico de TCE. A amostra é composta de 30 pacientes e para a análise estatística foi utilizado o Teste t de Student com índice de significância (p ≤ 0,05) e a Correlação Linear de Pearson. A mensuração da PIA foi realizada através da técnica de Kron. Nos resultados da pesquisa a média da PMVA na amostra foi 7,6 cmH2O menor que a média verificada na população (p<0,01) e a média da PIA foi de 5,81 mmHg maior que a média populacional (p<0,01). Verificou-se uma correlação forte entre a PMVA e a PIA (p<0,01), o que também pode ser constatado fazendo a correlação inversa, entre a PIA e a PMVA. Esta alta correlação é positiva, o que indica que à medida que aumenta a pressão intra-abdominal, aumenta a pressão média de vias aéreas, e vice-versa, de forma estatisticamente significativa. O estudo ainda demonstra que a PIA é influenciada em 47% pela PMVA. A monitorização da PMVA junto com a medida da PIA asseguram que os suportes ventilatório e hemodinâmico do paciente sejam otimizados. Palavras-Chave: Pressão média de vias aéreas, Pressão intra-abdominal, Ventilação mecânica invasiva. 8 ABSTRACT Igor Dias SERIQUE, Renan Bezerra Resque DUARTE e Ruan Souza dos SANTOS. The mean airway pressure (MAP) and intra-abdominal pressure analyses in patients with skullencephalon trauma inside a intensive care unit. University of the Amazônia, UNAMA, Center of Biological Sciences and the Health, Course of Physical therapy, Belém-Pará, 2007, Monograph of course conclusion. The mean airway pressure (MAP) and intra-abdominal pressure (IAP) have great influence on the mechanics of the respiratory system. His values of normality are, respectively, 20 cmH2O and 5 mmHg. Changes of these values are very common in patients admitted to intensive care units, under invasive mechanical ventilation. The measurement of the IAP by Kron technique it is easy to be implemented, therefore it is very timely for the diagnosis of hypertension intraabdominal inside a intensive care unit. The MAP can be obtained through a simple equation. In patients with skull-encephalon trauma the increase in intra-skull pressure by lifting the pressure on the airways can worsen your clinical picture. The study aims to analyze and correlate the values of MAP with the IAP in patients hospitalized in a UTI under mechanical ventilation and with invasive diagnosis of skull-encephalon trauma. The sample is composed of 30 patients and for the statistical analysis was used the test T of Student with index of significance (p ≤ 0.05) and Linear Correlation of Pearson. The measurement of the PIA was carried out by the technique of Kron. In the search results to the average of MAP in the sample was 7.6 cmH2O less than the average for the population (p <0.01) and the average of IAP was 5.81 mmHg higher than the average population (p <0.01). There was a strong correlation between PMVA and IAP (p <0.01), which can also be found doing the inverse correlation between the IAP and PMVA. This high correlation is positive, indicating that as increasing intra-abdominal pressure, increases the average airway pressure, and the opposite have the same results, so statistically significant. The study also shows that the IAP is influenced at 47% by MAP. The monitoring of the MAP along with a measure of the IAP ensure that the hemodynamic and ventilatory support of the patient are optimized. Keywords: Mean airway pressure (MAP), intra-abdominal pressure (IAP), mechanical ventilation. 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS cmH2O Centímetros de água. CPAP Pressão positiva contínua nas vias aéreas. CRF Capacidade residual funcional. HMUE Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência. mmHg Milímetros de mercúrio. PaO2/FiO2 Relação entre a pressão arterial de oxigênio e a fração inspirada de oxigênio. PEEP Pressão positiva expiratória final. PIA Pressão intra-abdominal. PIC Pressão intra-craniana. PMVA Pressão médias das vias aéreas. PVC Pressão venosa central. SCA Síndrome do compartimento abdominal. TCE Traumatismo crânio-encefálico. UTI Unidade de terapia intensiva. WSACS Sociedade mundial da síndrome do compartimento abdominal. 10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Técnica de Kron para medição da pressão intra-abdominal. ................................ 12 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Distribuição Percentual dos Sujeitos por Sexo. .................................................. 13 Gráfico 2 – Correlação Linear de Pearson. ............................................................................ 14 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Estatística descritiva da amostra. ........................................................................ 15 Quadro 2 – Estatística Comparativa (Teste t de Student) entre a Média da Amostra e a da População. ............................................................................................................................... 16 Quadro 3 – Correlação Linear de Pearson. ............................................................................ 17 12 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 4 RESUMO................................................................................................................................... 7 ABSTRACT .............................................................................................................................. 8 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................. 10 LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................... 10 LISTA DE QUADROS........................................................................................................... 11 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 15 3 METODOLOGIA............................................................................................................... 23 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 25 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 32 ANEXOS ................................................................................................................................. 35 ANEXO 1............................................................................................................................. 36 ANEXO 2............................................................................................................................. 37 ANEXO 3............................................................................................................................. 38 ANEXO 4............................................................................................................................. 39 ANEXO 5............................................................................................................................. 40 APÊNDICES ........................................................................................................................... 41 APÊNDICE 1 ...................................................................................................................... 42 APÊNDICE 2 ...................................................................................................................... 45 13 1 INTRODUÇÃO A Pressão Média das Vias Aéreas (PMVA) é a pressão média de abertura das vias aéreas durante todo o ciclo respiratório (VIEIRA, 2003). Emmerich (2001) afirma que ela é uma representação clínica útil de todas as pressões aplicadas no ciclo respiratório pela ventilação mecânica. De acordo com o Segundo Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica (2000), os valores de normalidade para PMVA, durante a ventilação artificial com pressão positiva, estão entre 15 e 25 cmH2O. A pressão intra-abdominal é o estado da pressão contida dentro da cavidade abdominal, os valores normais desta pressão estão ao redor de 5 mmHg (TORQUATO, 2005). O aumento exagerado da pressão intra-abdominal gera uma hipertensão intra-abdominal que acomete os diversos sistemas do corpo humano, como o sistema cardiovascular e o respiratório; as funções renal, hepática e gastrointestinal; e a pressão intra-craniana. (WITTMANN E ISKANDER 2000; DE WAELE, 2005). A hipertensão intra-abdominal é definida como uma elevação patológica sustentada ou repetida da pressão intra-abdominal para um valor igual ou maior que 12 mmHg (WSACS, s/d). Existem diferentes técnicas de mensuração da pressão intra-abdominal. Essas medidas podem ser realizadas por métodos diretos que são mais invasivos, e com maiores riscos, ou através de métodos indiretos que são minimamente invasivos, como com o auxílio da sonda intra-vesical de demora, acoplada a um transdutor de pressão ou a uma coluna de água. (TORQUATO, 2005) Os níveis de pressão intra-abdominal que repercutem na mecânica do sistema respiratório são aqueles acima de 15-20 mmHg. Esses níveis aumentam a pressão de pico no sistema respiratório e a pressão de platô alveolar, aumentando, portanto, a PMVA. (TORQUATO, 2005) 14 Entre os principais fatores que influenciam a PMVA, estão o emprego de altos valores de PEEP/CPAP, grandes volumes correntes (> 10ml/kg), pressões de insuflação acima de 35 cmH2O e a duração dos ciclos respiratórios. A monitorização da pressão média das vias aéreas é apresentação constante nos ventiladores microprocessados. A PMVA é o principal determinante da oxigenação em nível pulmonar (EMMERICH, 2001); de acordo com Vieira (2003), a PMVA pode aumentar quando ocorre o aumento do volume minuto, da PEEP e do tempo inspiratório, sendo sua monitorização importante sempre que esses parâmetros mudarem. O objetivo geral do presente estudo é analisar e correlacionar os valores de pressão média de vias aéreas (PMVA) com os de pressão intra-abdominal (PIA) em pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva sob ventilação mecânica invasiva e com diagnóstico de traumatismo crânio-encefálico (TCE). A pesquisa tem, ainda, como objetivos específicos, analisar separadamente a PMVA e a PIA, correlacionando-as, através de uma análise estatística, com os valores de normalidade. E analisá-las estatisticamente entre si, para verificar a existência ou não de influência de uma sobre a outra. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO Segundo Dirceu (1999), o sistema respiratório não tem um funcionamento independente e isolado, mas trabalha em interação com outros órgãos e sistemas. Ele pode ser definido como um sistema de vias aéreas (superiores e inferiores), unido a um par de pulmões os quais são revestidos pela pleura pulmonar e estão contidos na caixa torácica ligada ao coração e interage com o sistema circulatório no processo de trocas gasosas, provendo o organismo de oxigênio. Moore e Dalley (2001) afirmam que com cada respiração, os músculos da parede torácica - trabalhando em conjunto com o diafragma e os músculos da parede abdominal – variam o volume da cavidade torácica, primeiro expandindo a capacidade da cavidade, permitindo desse modo a expansão dos pulmões, depois diminuindo o volume da cavidade, principalmente através de seu relaxamento, fazendo com que os pulmões expulsem o ar. O principal músculo inspiratório é o diafragma que separa a cavidade torácica da abdominal apesar de funcionar como uma só unidade. A contração do diafragma faz com que este músculo se mova para baixo pela existência central do centro frênico em direção ao abdome, aumentando todo o volume da caixa torácica, principalmente no sentido vertical. (DOUGLAS, 2000; WEST, 2002) A ventilação pulmonar é o processo pelo qual os gases são trocados entre a atmosfera e os alvéolos pulmonares. O ar flui entre a atmosfera e os pulmões devido às diferenças alternadas de pressão criadas pela contração e relaxamento dos músculos respiratórios. A velocidade do fluxo de ar e a quantidade de esforço necessário para respirar também são influenciadas pela tensão superficial dos alvéolos, complacência dos pulmões e resistência das vias aéreas. (TORTORA e GRABOWSKI, 2002) A ventilação ocorre graças a um sistema de fole que envolve o conjunto tórax/pulmões. Tal sistema é ativado a cada incursão de ar, devido às alterações pressóricas intratorácicas e intrapulmonares que ocorrem em relação à pressão atmosférica ambiental. (DIRCEU, 1999) 16 Isto significa que, para haver o fluxo inspiratório, a pressão intrapulmonar deve ser menor do que a pressão do meio ambiente e que, para haver o fluxo expiratório, o inverso deve ocorrer, com a diferença de pressões. Desde que, obviamente, normalmente respira-se sem alterações da pressão do meio ambiente, é necessário que haja mudanças da pressão intrapulmonar. (DOUGLAS, 2000; WEST, 2002) De acordo com Torquato (2005), a ventilação mecânica nos pacientes em terapia intensiva visa manter a ventilação alveolar e a oxigenação, enquanto o sistema respiratório se recupera da doença que o atingiu, para posteriormente voltar a assumir a ventilação espontânea. Um dos aspectos menos intuitivos da mecânica da parede torácica é que o diafragma e o abdome são componentes importantes da parede torácica. Quando os pulmões estão na Capacidade Residual Funcional (CRF), e a pressão, através da parede torácica, é igual em toda parte, a Pressão através do Diafragma (Pdi), também é igual à Pressão Torácica (Pw). No indivíduo em supinação, com diafragma e músculos abdominais relaxados, a pressão abdominal é igual a pressão atmosférica. A diferença de pressão não balanceada empurra o diafragma em direção à cabeça, dentro da cavidade torácica, até que seu estiramento passivo desenvolva força suficiente para opor-se à ação interna (compressiva) da diferença de pressão (BERNE e LEVY, 2000). Ainda de acordo com os autores acima, quando a pessoa esta de pé, a pressão abdominal diminui porque o peso do conteúdo abdominal o empurra para baixo e para fora, contra a parede abdominal anterior. Ao final da expiração, a pressão abaixo do diafragma é igual à pressão pleural, isto é, a pressão transdiafragmática é zero e, portanto, não há tensão sobre o diafragma. O diafragma se move caudalmente para a cavidade abdominal, até que a parede abdominal anterior esteja suficientemente distendida, em posição à pressão abdominal elevada. A transferência da pressão torácica, através do diafragma, quando a pessoa está em supinação, para a parede abdominal anterior, quando a pessoa está de pé, explica porque a CRF aumenta quando alguém assume a posição vertical. De acordo com Torquato (2005) considerando que o abdômen é uma caixa fechada, e parcialmente rígida e composta pela pelve, coluna, arcos costais e uma região parcialmente flexível, diafragma e parede abdominal, o grau de flexibilidade da parede abdominal e a 17 gravidade específica deste conteúdo determina o valor da pressão intra-abdominal, que é definido como o estado da pressão contida dentro da cavidade abdominal, tomando como referência a posição que o indivíduo se encontra. A pressão abdominal pode se alterar com a mobilidade do diafragma, com os movimentos dos arcos costais, com a contração da parede abdominal e com alterações intestinais por ar, líquido ou massa fecal. O diagnóstico da ocorrência do aumento da pressão intra-abdominal é raramente realizado nas unidades de terapia intensiva, podendo levar a uma piora no prognóstico destes pacientes pela não realização das intervenções oportunas no momento adequado. Para Torquato (2005), um valor de pressão intra-abdominal normal é ao redor de 5 mmHg, mas pode ser substancialmente mais alto em obesos mórbidos ou no período de pósoperatório. Bailey e Shapiro (2000) afirmam que vários pesquisadores confirmaram que, em ambiente de pressão normal, a pressão intra-abdominal é igual ou menor que a atmosférica; e que ela varia de maneira inversamente proporcional com a pressão intratorácica durante a respiração espontânea. Segundo Wittmann e Iskander (2000), o aumento exagerado da pressão intraabdominal gerando uma hipertensão intra-abdominal acomete os diversos sistemas do corpo humano, como o sistema cardiovascular e o respiratório; as funções renal, hepática e gastrointestinal (DE WAELE, 2005); e a pressão intra-craniana. A hipertensão abdominal ainda diminui o retorno venoso, aumenta a resistência vascular sistêmica e a pressão intratorácica, reduzindo conseqüentemente o débito cardíaco (VON BAHTEN E GUIMARAES, 2006). Segundo Torquato (2005), o comprometimento do sistema respiratório com o aumento da pressão intra-abdominal acima de 15 mmHg, tem sido enfatizado pela maioria dos autores. Portanto, faz-se necessário verificar o comportamento do sistema respiratório frente a graus leves ou mesmo moderados de hipertensão abdominal. A pressão intra-abdominal influencia o sistema respiratório, repercutindo no diafragma, o qual por sua vez empurra ambas as hemicúpulas para cima, causando assim, um típico padrão de doença restritiva, com diminuição da capacidade residual funcional e nos 18 volumes pulmonares, o que predispõe a atelectasias, ao aumento da resistência vascular pulmonar, anormalidade na relação ventilação-perfusão, prejuízo na troca gasosa, diminuição da complacência pulmonar com dificuldade na ventilação e no desmame. A hipertensão intraabdominal ainda causa um aumento da pressão de pico e pressão de platô alveolar. (MALBRAIN, 2001) A pesquisa de Pelosi et al. (1996), demonstra o comprometimento do sistema respiratório em pacientes com o aumento da pressão intra-abdominal acima de 15 mmHg. Nesse estudo os pacientes apresentaram redução do volume e da complacência pulmonar, da oxigenação e da relação PaO2/FiO2, com prejuízo para a mecânica do sistema respiratório. De acordo com o consenso da Sociedade Mundial da Síndrome do Compartimento Abdominal (WSACS), a pressão intra-abdominal normal é de 5 a 7 mmHg em pacientes criticamente doentes. Já a hipertensão intra-abdominal é definida como uma elevação patológica sustentada ou repetida da pressão intra-abdominal para um valor igual ou maior que 12 mmHg. A WSACS define a síndrome do compartimento abdominal (SCA) como a elevação sustentada da pressão intra-abdominal para 20 mmHg ou valores maiores. A hipertensão intra-abdominal é classificada em 4 graus: Grau I: Pressão intra-abdominal de 12-15 mmHg. Grau II: Pressão intra-abdominal de 16-20 mmHg. Grau III: Pressão intra-abdominal de 21-25 mmHg. Grau IV: Pressão intra-abdominal maior que 25 mmHg. Nos casos de hipertensão abdominal graus I e II, os efeitos fisiológicos resultantes do aumento da pressão abdominal são bem compensados e, portanto, não é necessária a descompressão cirúrgica. Esta pode ser indicada para o caso de hipertensão abdominal grau III dependendo do estado clínico geral do paciente e de suas necessidades imediatas. Já para os casos de hipertensão abdominal grau IV, a descompressão cirúrgica é sempre indicada. (WITTMANN E ISKANDER, 2000) Os pacientes que desenvolvem a síndrome do compartimento abdominal (SCA) estão gravemente enfermos e mesmo com os cuidados adequados de descompressão, a mortalidade é elevada, sendo intimamente relacionada com as principais complicações da SCA, como a 19 insuficiência renal, insuficiência respiratória, insuficiência hepática, necrose intestinal focal, sepse, falência de múltiplos órgãos, entre outras. (VON BAHTEN E GUIMARAES, 2006) Um estudo realizado por Prado et al. (2005) ratifica a idéia de relação entre grandes volumes de infusão venosa e o aumento da pressão intra-abdominal, destacando a importância da avaliação da pressão intra-abdominal em pacientes com trauma abdominal submetidos a grandes reposições volêmicas. O consenso da Sociedade Mundial da Síndrome do Compartimento Abdominal considera o método de mensuração da pressão intra-abdominal através da mensuração da pressão intra-vesical como o “padrão-ouro” para a medida da pressão intra-abdominal. O valor da pressão intra-abdominal deve ser expresso em mmHg e medida ao final da expiração, na posição supina, e com um volume máximo de 25 mL de soro fisiológico instilado na bexiga (MALBRAIN E DEEREN, 2006). O sistema deve ser zerado ao nível da linha médioaxilar ou sínfise púbica. O fator de conversão de mmHg para cmH2O é de 1,36 e reciprocamente de cmH2O para mmHg de 0,74. (WSACS, s/d) A técnica utilizada para medida da pressão intra-abdominal (PIA) foi a descrita pioneiramente por Kron et al. (1984). Segundo estes autores, a bexiga serve como reservatório passivo para conteúdos menores que 100ml, comportando-se como transmissor da pressão intra-abdominal, sem qualquer influência pressórica por parte de suas paredes. Essa técnica é de fácil execução, baixo custo e eficiência comprovada. Isso faz da mensuração da pressão abdominal pela técnica de Kron bastante oportuna para o diagnóstico da hipertensão intraabdominal em uma unidade de terapia intensiva. (PRADO et al., 2005) A pressão média das vias aéreas (PMVA) é uma representação clínica útil de todas as pressões aplicadas no ciclo respiratório pela ventilação mecânica, que é representada, graficamente, pela área de integração sob a curva de pressão, e matematicamente é computada como sendo a área sob a curva de pressão dividida pelo tempo total do ciclo respiratório. (EMMERICH, 2001; DAVID, 2001) 20 Figura 1 - Técnica de Kron para medição da pressão intra-abdominal. Fonte: PRADO et al. (2007). Segundo Vieira (2003) e David (2001), a PMVA é a pressão média de abertura das vias aéreas durante todo o ciclo respiratório. Corresponde à pressão que distende passivamente os alvéolos e a parede torácica, correlacionando-se com o recrutamento alveolar, bem como com a pressão intrapleural média. De acordo com o Segundo Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica (2000), os valores de normalidade para PMVA, durante a ventilação artificial com pressão positiva, estão entre 15 e 25 cmH2O. Entre os principais fatores que influenciam a PMVA, estão o emprego de altos valores de PEEP/CPAP, grandes volumes correntes (> 10ml/kg), pressões de insuflação acima de 35 cmH2O e a duração dos ciclos respiratórios. A monitorização da pressão média das vias aéreas é apresentação constante nos ventiladores microprocessados. A PMVA é o principal determinante da oxigenação a nível pulmonar. (EMMERICH, 2001) Segundo David (2001), a PMVA é a média da pressão das vias aéreas durante um ciclo respiratório (inspiração + expiração) e deve ser obtida sobre um intervalo de tempo que inclua um número significativo de ciclos respiratórios do paciente e do ventilador mecânico. 21 A PMVA pode ser obtida, também, através da seguinte fórmula: PMVA = (PPI PEEP) x (ti/ti-te) + PEEP, onde: pressão positiva inspiratória (PPI), pressão expiratória final positiva (PEEP), tempo inspiratório (ti) e tempo expiratório (te). (CARVALHO et al, 2000) De acordo com Marini e Ravenscraft (1992), a PMVA tem correlação direta com a ventilação alveolar, a oxigenação arterial, o desempenho hemodinâmico, a função cardiovascular e o barotrauma; podendo ter, portanto, tanto ações benéficas quanto adversas no paciente ventilado mecanicamente. Nitrini e Bacheschi (2003) conceituam traumatismo crânio-encefalico ( TCE ) como qualquer agressão que acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges ou encéfalo. Constitui problemática relevante na sociedade atual, com conseqüências que ultrapassam os limites médicos, dadas as suas implicações sociais e econômicas. De acordo com os mesmos autores, no traumatizado de crânio são importantes as avaliações do grau de consciência, tamanho e reatividade pupilares, padrão respiratório motricidade oculocefálica e atividade músculo-esquelética. A hipertensão intra-craniana quando presente pode causar piora do nível de consciência. A avaliação da hipertensão intra-craniana (PIC) ao ser analisada em conjunto com parâmetros clínicos, hemodinâmicos, respiratórios e metabólicos possibilita melhor compreensão e manuseio do paciente neurológico. A monitorização da PIC pode fornecer importantes informações que precedem o aparecimento de sinais e sintomas de descompensação, permitindo um tratamento mais precoce e eficaz. (NITRINI E BACHESCHI, 2003) Segundo Torquato (2005), a pressão intra-craniana (PIC) reflete a relação existente entre o volume e a complacência intra-craniana, um pequeno aumento no volume intracraniano pode causar o aumento da PIC. A hipertensão intra-abdominal causa um aumento significativo na PIC. 22 Resultados da pesquisa de Villaça et al. (2006) demonstraram que o aumento progressivo da pressão intra-abdominal provoca aumento progressivo da pressão intracraniana (PIC). Uma das hipóteses responsáveis por estas observações é que o aumento da pressão intra-abdominal causa diminuição do fluxo sangüíneo das veias lombares e conseqüentemente aumento da pressão no canal medular, a qual seria transmitida ao compartimento intracraniano. A outra hipótese é baseada no aumento da pressão intra-torácica ocasionada pela elevação do diafragma e conseqüentemente impedimento do retorno sangüíneo do cérebro, ocasionando o aumento da PIC. 23 3 METODOLOGIA O presente estudo é de caráter analítico, do tipo transversal. A pesquisa foi realizada no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), situado na Rodovia BR-316 Km 03 s/n, Ananindeua-PA. Os pacientes foram atendidos na Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI-Adulto) do referido hospital. As fontes de informações constituíram de levantamentos bibliográficos (livros, revistas científicas, periódicos, acervo particular) e bibliotecas virtuais (LILACS, MEDLINE, SCIELO, PUBMED). A amostra é composta de 30 pacientes, sendo a coleta de dados realizada no período de Julho a Novembro de 2007. Foram incluídos na pesquisa pacientes de ambos os sexos, sem distinção de faixa etária; em ventilação mecânica invasiva, controlada a volume, com valores de PEEP abaixo ou igual a 10 cmH2O e volume corrente abaixo de 10 mL/kg; fazendo uso de sedação; internados na UTI-Adulto do HMUE e com diagnóstico de traumatismo crânio-encefálico, cujo familiar ou responsável assinou o termo de consentimento livre e esclarecido previamente aprovado pelo comitê de ética. Foram excluídos do estudo quaisquer pacientes com doença pulmonar intersticial préexistente; obstrução no trato urinário que impedisse a mensuração correta e fidedigna da pressão intra-abdominal; pacientes que apresentassem, durante a monitorização da pressão média de vias aéreas (PMVA) ou da pressão intra-abdominal (PIA), condições clínicas que implicassem em aumento súbito das mesmas como, por exemplo, agitação psicomotora por sedação insuficiente e broncoespasmo. Além daqueles que não estavam sendo ventilados de acordo com os critérios de inclusão ou que fossem obesos. Os pacientes em estudo tiveram sua PMVA monitorada após mensuração da pressão intra-abdominal (PIA). A medida da PMVA foi obtida através da seguinte fórmula: PMVA = (PPI - PEEP) x (ti/ti-te) + PEEP, onde: pressão positiva inspiratória (PPI), pressão expiratória final positiva (PEEP), tempo inspiratório (ti) e tempo expiratório (te). De acordo com Carvalho et al. (2000). 24 A mensuração da PIA foi realizada pela equipe de enfermagem, presente na UTI, através da verificação da pressão intra-vesical pela sonda vesical de demora ou de Folley, que de acordo com o consenso da Sociedade Mundial da Síndrome do Compartimento Abdominal (WSACS) é o “padrão-ouro” para a medida da pressão intra-abdominal. A mensuração da PIA foi feita utilizando um equipo de pressão venosa central (PVC) conectado a uma bolsa de soro fisiológico a 0,9% de 250mL. Foi instilado com uma seringa descartável um volume de 25 mL de soro fisiológico na bexiga do paciente através da sonda de Folley e a leitura da pressão foi realizada em uma coluna de água na unidade cmH2O, ao final da expiração, na posição supina. O sistema foi zerado ao nível da sínfise púbica com uma régua utilizada para medir a PVC. O valor da pressão intra-abdominal foi expresso em cmH2O, porém, para análise dos dados, utilizamos a unidade mmHg, que foi obtida após usarmos o fator de conversão de cmH2O para mmHg que é de 0,74. Os dados foram tratados a partir do pacote estatístico BioEstat. 4.0 (Ayres, 2005). Foi realizada uma análise estatística descritiva e comparativa utilizando o Teste t de Student com nível α de 5% e índice de significância (p ≤ 0,05). Foi feito, também, uma Correlação Linear de Pearson com índice de significância (p ≤ 0,05). Os resultados serão apresentados em forma de quadros e gráficos. A pesquisa apresentou riscos, como a possibilidade de retirada da sonda vesical durante a mensuração da PIA, assim como a retirada acidental de qualquer outro equipamento de monitorização do paciente e a infecção do trato urinário de um paciente por utilização indevida de uma seringa já utilizada anteriormente para instilação do soro fisiológico em outro paciente. Para minimizar os riscos da pesquisa, o paciente devia estar devidamente sedado para que não ocorresse nenhum tipo de agitação durante a mensuração da pressão intra-abdominal. Foram utilizadas seringas descartáveis e luvas estéreis para evitar qualquer risco de infecção no trato urinário do paciente. Caso houvesse algum evento adverso, os sujeitos da pesquisa seriam assistidos imediatamente pela equipe médica e equipe de enfermagem que estivessem presentes na unidade de terapia intensiva naquele momento. 25 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na amostra investigada, 83,33% (25) dos sujeitos eram do sexo masculino, enquanto 16,67% (5) dos sujeitos eram do sexo feminino, de acordo com o exposto no gráfico 1. 17% M asculino Fem inino 83% Gráfico 1 - Distribuição Percentual dos Sujeitos por Sexo. Não foi encontrado estudo demonstrando variações da pressão média de vias aéreas e da pressão intra-abdominal relacionadas ao sexo do indivíduo. Portanto, essa grande diferença entre o percentual de sujeitos do sexo masculino e feminino não influenciaram os resultados. Quadro 1 - Estatística Descritiva da Amostra. Variável Mín. Máx. A. Tot. Média ± Desvio Padrão Idade 19,00 70,00 51,00 36,73 ± 14,91 Volume Corrente 400,00 700,00 300,00 534,33 ± 54,56 Fluxo 40,00 48,00 8,00 44,10 ± 2,17 PEEP 5,00 10,00 5,00 7,37 ± 1,90 Pressão Positiva Inspiratória 16,00 37,00 21,00 26,37 ± 5,33 0,0x6,0 1,00 ± 0,00 X 4,72 ± 1,34 Relação Inspiração X Expiração 1,0x2,0 1,0x8,0 Freqüência Respiratória 12,00 23,00 11,00 15,37 ± 2,74 Pressão Média das Vias Aéreas 10,00 24,00 14,00 14,47 ± 3,99 Pressão Intra-abdominal 4,00 19,00 15,00 9,70 ± 4,43 O quadro 1 apresenta a descrição das características da amostra investigada. Nele é possível constatar a grande heterogeneidade da amostra, observada através do elevado desvio padrão verificado, exceção feita ao Volume Corrente, ao Fluxo e a Freqüência Respiratória. 26 Esta elevação observada no desvio padrão se dá através da grande amplitude total verificada nas variáveis estudadas. Quadro 2 - Estatística Comparativa (Teste t de Student) entre a Média da Amostra e a da População. Variável t p Pressão Média das Vias Aéreas -7,60 < 0,01 Pressão Intra-abdominal 5,81 < 0,01 No quadro 2 observa-se a comparação entre as médias obtidas na amostra estudada e a média populacional verificada. Nele observam-se diferenças estatisticamente significativas entre as médias para as duas variáveis estudadas, a pressão média das vias aéreas (PMVA) e a pressão intra-abdominal (PIA). Com relação a PMVA verificou-se que esta, na amostra estudada, é significativamente menor que a observada na média populacional, enquanto com relação à pressão intra-abdominal, a média da amostra foi significativamente mais elevada que a observada na população. Para a obtenção da estatística comparativa foi utilizado para a PMVA o valor de 20 cmH2O como média populacional, de acordo com o Segundo Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica (2000). No presente estudo a média da PMVA foi 7,6 cmH2O menor que a média verificada na população (p<0,01). O fator que provavelmente poderá ter contribuído para essa diminuição do valor médio da PMVA é o fato da amostra ser composta por pacientes com traumatismo crânio-encefálico (TCE) internados em uma unidade de terapia intensiva, fazendo com que seja preconizado em sua ventilação artificial valores que produzam baixos níveis pressóricos para evitar que ocorra um aumento na pressão das vias aéreas o que invariavelmente elevaria a pressão intra-craniana, como foi demonstrado em vários estudos. Para a PIA, foi utilizado no cálculo da estatística comparativa o valor de 5 mmHg como média populacional, que está de acordo com o consenso da Sociedade Mundial da Síndrome do Compartimento Abdominal (WSACS). O valor médio da PIA encontrado nesta pesquisa foi de 5,81 mmHg maior que a média populacional (p<0,01). A amostra não possui pacientes com grau III ou superior de hipertensão intra-abdominal, apenas com grau I e II e alguns sem elevação da PIA suficiente para caracterizar uma hipertensão abdominal, de 27 acordo com a classificação da WSACS. Portanto, segundo Wittmann e Iskander (2000), os pacientes tratados neste estudo não necessitavam de descompressão cirúrgica, uma vez que apenas a partir do grau III indica-se a cirurgia dependendo do estado clínico e das necessidades imediatas do paciente. Quadro 3 - Correlação Linear de Pearson. Variável r R2 t p Idade X PIA 0,05 < 0,01 0,26 0,80 PMVA X PIA 0,69 0,47 5,00 < 0,01 PIA X PMVA 0,69 0,47 5,00 < 0,01 No quadro 3 é apresentada a correlação linear de Pearson entre as variáveis de idade e pressão intra-abdominal, entre a pressão média das vias aéreas (PMVA) e a pressão intraabdominal (PIA) e vice-versa. Como se pode verificar, a primeira correlação, entre a idade e a pressão intraabdominal, é praticamente inexistente, com um p= 0,80, o que mostra não haver correlação entre as variáveis. Portanto, apesar deste estudo possuir uma grande amplitude total para a variável de idade, os valores obtidos de pressão intra-abdominal para comparação com a pressão média de vias aéreas não foram influenciados pela idade do paciente. Por outro lado, com relação à segunda correlação, feita entre a pressão média de vias aéreas e a pressão intra-abdominal, verifica-se uma correlação forte, com um r= 0,69 e um p<0,01, o que também pode ser constatado fazendo a correlação inversa, entre a PIA e a PMVA. Ainda se verifica que esta alta correlação é positiva, o que indica que à medida que aumenta a pressão intra-abdominal, aumenta a pressão média de vias aéreas, e vice-versa, de forma estatisticamente significativa. No quadro ainda se pode perceber que a magnitude da pressão intra-abdominal é influenciada em 47% (R2 = 0,47) pela pressão média das vias aéreas. Significando que, nessa pesquisa, 47% do aumento da PIA foi causado pelo aumento da PMVA. Portanto, este estudo demonstra que, dos fatores que contribuem para o aumento da PIA, o aumento da PMVA é um dos mais importantes. 28 Gráfico 2 - Correlação Linear de Pearson. O gráfico 2, apresenta o comportamento da correlação linear de Pearson entre as variáveis de pressão média das vias aéreas e a pressão intra-abdominal. Nele é possível constatar o fenômeno discutido anteriormente, onde se vê que com o aumento da primeira, ocorre também o aumento da segunda, de forma significativa. Em um estudo realizado por Pelosi et al. (1999), foi demonstrado que em pacientes mecanicamente ventilados os valores de pressão intra-abdominal foram positivos e variaram de 9,0 +/- 2,4 cmH2O, em decorrência da transmissão de pressão intra-torácica ao qual se eleva com a pressão positiva do ventilador e é transmitida através do diafragma para o conteúdo abdominal. De acordo com Torquato (2005), os parâmetros da ventilação mecânica que possivelmente influenciam aumentando a pressão intra-abdominal são o volume corrente, a freqüência respiratória, a PEEP e o modo ventilatório. Em nosso estudo os valores da PIA também foram positivos e variaram de 9,70 +/4,43 cmH2O, além de ter sido demonstrado que essa transmissão da pressão intra-torácica para o abdômen influencia em 47% a pressão intra-abdominal. De acordo com Andrade (1998), a elevação da PIA tem como efeitos o aumento da pressão pleural, do pico de pressão da via aérea, da pressão venosa central, da resistência vascular sistêmica, da pressão intra-craniana, dentre outros, demonstrando, portanto, que a 29 PIA elevada repercute em vários sistemas do corpo humano. É possível também constatar isso nos resultados de Bloomfield et al. (1997), que demonstraram que um aumento de 25 mmHg acima da PIA normal acarreta uma elevação da pressão pleural, da pressão venosa central e da pressão intra-craniana além de diminuir a pressão de perfusão cerebral. Segundo Wittmann e Iskander (2000), a relação de aumento da pressão intra-craniana em pacientes com hipertensão abdominal pode ser um problema para aqueles com traumas simultâneos em cabeça e abdômen. Os mesmos autores ainda afirmam que atelectasias e pneumonia são comuns na presença de pressão abdominal elevada, o que dificulta a ventilação. Visto que muitas pesquisas têm enfatizado que o aumento da pressão intra-abdominal eleva a pressão intra-craniana diretamente ou indiretamente, através do aumento da PMVA (ANDRADE, 1998; BLOOMFIELD et al., 1997; TORQUATO, 2005; VILLAÇA et al., 2006; WITTIMANN E ISKANDER, 2000). Torna-se de fundamental importância a mensuração da PIA em pacientes com traumatismo crânio-encefálico, graves, internados em uma unidade de terapia intensiva, a fim de que se possa obter uma melhor monitorização dos fatores que poderão elevar a pressão intra-craniana desses pacientes comprometendo o tratamento e o prognóstico dos mesmos. Uma pesquisa realizada por Torquato (2005), verificou que quando a PEEP foi aumentada de 0 para 10 cmH2O observou-se um aumento significante da pressão de platô das vias aéreas e um aumento não significante da pressão intra-abdominal. Entretanto, 7 dos 30 pacientes apresentaram pressão intra-abdominal igual ou acima de 15 mmHg depois da aplicação de uma PEEP de 10 cmH2O, caracterizando uma situação de hipertensão intraabdominal. Assim, a autora concluiu que sempre que se pressurizar o sistema respiratório torna-se obrigatória a verificação da pressão intra-abdominal, para observar os seus níveis e se necessário reajustar as pressões do ventilador mecânico. Torquato (2005), ainda ressalta que, durante a ventilação mecânica, o modo ventilatório interfere diretamente nos níveis de pressão intratorácia e intra-abdominal. O modo assistido faz com que o paciente contraia a musculatura abdominal diminuindo a pressão pleural, enquanto que no modo controlado a pressão pleural e abdominal são positivadas durante todo o ciclo. Em nossa pesquisa todos os paciente estava totalmente 30 sedados e sem drive inspiratório, portanto, todos em modo controlado. Isso foi feito para que o modo ventilatório não influenciasse o valor da PMVA e da PIA em alguns pacientes da amostra. Pelosi et al. (1996), observaram que o aumento da pressão intra-abdominal acima de 15 mmHg reduziu o volume e a complacência pulmonar, a oxigenação e a relação PaO2/FiO2, com prejuízo para a mecânica do sistema respiratório. Tem sido observado em diversos estudos que a ventilação mecânica nos pacientes com pressão abdominal elevada fica prejudicada pelo aumento da pressão de vias aéreas, observando-se alterações importantes na mecânica respiratória e na troca gasosa. Assim, muitos resultados de medidas de mecânica do sistema respiratório, atribuídos somente as condições pulmonares poderiam ser resultados também de alterações da mecânica da caixa torácica, sendo mais importante a alteração da pressão intra-abdominal. Assim, as medidas de mecânica do sistema respiratório devem ser interpretadas como decorrentes da mecânica das vias aéreas, parênquima pulmonar e da caixa torácica. Ao se ajustar o ventilador mecânico nos pacientes ventilados mecanicamente, principalmente naqueles com elevações nas medidas de pressão de platô do sistema respiratório deve-se sempre verificar, além das condições do parênquima pulmonar, as condições intra-abdominais para a avaliação de possíveis condições que levem ao aumento da pressão intra-abdominal e que devam ser corrigidas para a melhoria do prognóstico destes pacientes criticamente doentes. (DE WAELE, 2005; PELOSI et. al., 1996; TORQUATO, 2005; VON BAHTEN E GUIMARAES, 2006; WITTMANN E ISKANDER, 2000) Recentemente, muitos estudos têm enfatizado que a ocorrência de hipertensão intraabdominal nas unidades de terapia intensiva leva a diminuição do fluxo sanguíneo para os órgãos intra-abdominais, resultando em hipoxemia tecidual e edema intersticial, podendo resultar de hipo-perfusão visceral e falência de múltiplos órgãos. Portanto, os valores elevados de pressão intra-abdominal têm sido associados ao aumento da morbi-mortalidade de doentes críticos. (TORQUATO, 2005) 31 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa demonstrou uma forte correlação (r= 0,69) entre a pressão média de vias aéreas e a pressão intra-abdominal, estatisticamente significativa (p<0,01). Observou-se que essa correlação é positiva, ou seja, à medida que a pressão intra-abdominal aumenta, a pressão média de vias aéreas também se eleva, e vice versa. Ainda foi possível constatar que a magnitude da influência da pressão média das vias aéreas na pressão intra-abdominal é de 47%, significando que, nessa pesquisa, 47% do aumento da PIA foi causado pelo aumento da PMVA. Portanto, este estudo demonstra que, dos fatores que contribuem para o aumento da PIA, o aumento da PMVA é um dos mais importantes. A monitorização dos pacientes em ventilação mecânica nas unidades de terapia intensiva deve incluir medidas intermitentes ou contínuas de pressão intra-abdominal, garantindo assim níveis seguros de PIA, evitando a ocorrência de disfunção de múltiplos órgãos. A monitorização da pressão média das vias aéreas concomitantemente com a medida da PIA asseguram que o suporte ventilatório e hemodinâmico sejam otimizados, possibilitando a diminuição da morbi-mortalidade nesta população de pacientes críticos. O estudo ressalta, ainda, a importância da mensuração da pressão intra-abdominal em pacientes com traumatismo crânio-encefálico, uma vez que diversas pesquisas demonstraram que uma hipertensão intra-abdominal influencia na pressão intra-craniana, elevando-a. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, J.I. A síndrome de compartimento do abdome. Medicina, Ribeirão Preto, 31: 563-567, out./dez. 1998. BAILEY J; SHAPIRO M. J. Abdominal compartment syndrome. Saint Louis University, St Louis, Missouri, USA, Critical Care 2000. BLOOMFIELD, G. A proposed relationship between increased intra-abdominal, intrathoracic, and intracranial pressure. Critical Care Med., 1997. CARVALHO, W. B. et al. Liberação de pressão de vias aéreas em pacientes pediátricos submetidos à cirurgia cardíaca. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 46, n. 2, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302 000000200011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 13 Abr 2007. CONSENSO BRASILEIRO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA, II. Jornal de Pneumologia, v.26 (suplemento 2), maio 2000. DAVID, C. M. Ventilação mecânica: da fisiologia à prática clínica. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. DE WAELE, J.J. et al. Intra-abdominal hypertension in patients with severe acute Pancreatitis. Critical Care, 2005. DIRCEU, C. Fisioterapia respiratória básica. São Paulo: Atheneu, 1999. DOUGLAS, C. R. Tratado de fisiologia. 4ª ed. São Paulo: Robe, 2000. EMMERICH, J. C. Monitorização respiratória: fundamentos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. MALBRAIN M. L. Intra-abdominal pressure in intensive careunit: clinical tool or toy. Yearbook of intensive care an emergency medicine. Springer-Vergag. Berlin, 2001. 33 MALBRAIN M. L.; DEEREN D. H. Effect of bladder volume on measured intravesical pressure: a prospective cohort study. Critical Care, 2006. MARINI, J.J; RAVENSCRAFT, S.A. Mean airway pressure: physiologic determinants and clinical importance - Part 2: Clinical implications. 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Influência da pressão positiva expiratória e peso abdominal na pressão de vias aéreas e na pressão intra-abdominal em pacientes ventilados mecanicamente em unidade de terapia intensiva. 2005. Tese (Doutorado em Fisioterapia). Universidade de São Paulo (USP). TORTORA, G. J; GRABOWSKI, S.R. Princípios de anatomia e fisiologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002 34 VIEIRA, S. R; Programa de atualização em medicina intensiva (PROAMI): Associação de medicina intensiva brasileira. Porto Alegre: Artmed/Panamericana, 2003. VILLAÇA M.P, MANTOVANI M. Comportamento das pressões intracraniana, de perfusão cerebral e dos parâmetros hemodinâmicos durante a síndrome do compartimento abdominal em cães. Rev Col Bras Cir., Rio de Janeiro, v. 33 n. 4, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/rcbc> Acesso em: 04 Set 2007 VON BAHTEN, L.C; GUIMARAES, P.S.F. Manuseio da síndrome compartimental abdominal em unidade de tratamento intensivo. Rev. Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro, v. 33, n. 3, 2006. 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Declarando ter total conhecimento das normas de realização de trabalhos científicos vigentes, segundo o manual de orientação de trabalhos científicos do Curso de Fisioterapia da UNAMA 2007 e estando ciente da necessidade de minha participação na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho. Belém, 20 de janeiro de 2007. ______________________________________ Assinatura Elza Cláudia Santos Fragoso 37 ANEXO 2 38 ANEXO 3 39 ANEXO 4 40 ANEXO 5 41 APÊNDICES 42 APÊNDICE 1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO As informações obtidas serão analisadas em conjunto com as de outros pacientes, não sendo divulgada qualquer informação que possa levar a sua identificação. ESTUDO: ANÁLISE DA PRESSÃO MÉDIA DE VIAS AÉREAS (PMVA) E DA PRESSÃO INTRA-ABDOMINAL DE PACIENTES COM TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. Os voluntários serão atendidos na Unidade de Terapia Intensiva - Adulto (UTIAdulto) do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), situado na Rodovia BR-316 Km 03 s/n, Ananindeua-PA. A importância deste estudo se dá pelo fato de que a verificação da pressão média de vias aéreas e da pressão intra-abdominal é de fundamental importância para pacientes internados em uma UTI, pois é uma forma de melhorar a monitorização do paciente mecanicamente ventilado e evitar complicações respiratórias decorrentes do aumento da pressão intra-abdominal e de seu diagnóstico tardio. Os pacientes terão seus dados coletados em uma ficha de avaliação previamente elaborada pelos pesquisadores; os pacientes deverão estar em ventilação mecânica invasiva, controlada a volume, fazendo uso de sedação e internados na UTI-Adulto do HMUE, com diagnóstico de traumatismo crânio-encefálico. A pesquisa apresenta riscos, como a possibilidade de retirada da sonda vesical durante a mensuração da PIA, assim como a retirada acidental de qualquer outro equipamento de monitorização do paciente; a infecção do trato urinário de um paciente por utilização indevida de uma seringa já utilizada anteriormente para instilação do soro fisiológico em outro paciente. Qualquer dano a equipamentos utilizados na coleta dos dados ou qualquer outro tipo de despesa financeira será de responsabilidade dos autores e os mesmos farão o devido ressarcimento. Em qualquer momento do estudo os indivíduos terão acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa, para esclarecimento de dúvidas. 43 A principal investigadora é a Fisioterapeuta Elza Cláudia Santos Fragoso que pode ser encontrada na Tv. Lomas Valentinas nº1066 Apto:2402 ou no telefone 32760079 e os demais investigadores são os acadêmicos Igor Dias Serique que pode ser encontrado na Tv. Quintino Bocaiúva nº 1249 Apto:1801 ou nos telefones 32252986 / 96157708, Renan Bezerra Resque Duarte que pode ser encontrado na Av. José Bonifácio nº656 Apto:501 ou nos telefones 32298339 / 81496784 e Ruan Souza dos Santos que pode ser encontrado na Av. Marques de Herval n° 2100 ou nos telefones 3276-3510 / 88111303. GARANTIAS O atendimento não será cobrado e também não haverá nenhuma recompensa financeira na participação deste estudo. O pesquisador utilizará os dados e o material coletado, a princípio somente para esta pesquisa, porem poderão ser utilizados em situações especiais, como em publicações científicas. Os dados serão guardados em arquivos digitais. DECLARAÇÃO Declaro que compreendi as informações do que li ou que me foram explicadas sobre o trabalho em questão. Ficaram claros para mim, quais são os propósitos da pesquisa, os procedimentos a serem realizados, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que a participação do paciente pelo qual sou responsável não tem despesas. Declaro que autorizo a utilização dos dados na pesquisa em formação e a publicação de artigos científicos. Belém, ____, de ___________________de 2007. Assinatura do responsável pelo paciente 44 Assinatura de testemunha Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o consentimento livre e esclarecido do responsável pelo paciente ou seu representante legal para participação no presente estudo. Dra. Elza Cláudia Santos Fragoso (Fisioterapeuta) Pesquisador responsável 45 APÊNDICE 2 Ficha para coleta de dados. 1- Identificação. 1.1- Nome: ______________________________ 1.2- Sexo: _______________________________ 1.3- Idade: _______________________________ 2- Diagnóstico: _______________________________ 3- Parâmetros ventilatórios. 3.1- Modo ventilatório: _________________________ 3.2- Modalidade: ______________________________ 3.3- Volume corrente: ________________________ mL 3.4- Fluxo: ________________________________ L/min 3.5- Pressão de pico inspiratória: ________________ cmH2O 3.6- Relação Inspiração x Expiração:_______________ 3.7- PEEP: ______________ cmH2O 3.8- Pressão média das vias aéreas:_________________ cmH2O 4 - Pressão intra-abdominal: _________________ mmHg