Novas Tecnologias no Estágio Supervisionado: Relatos de
Experiência do Curso de Letras/Inglês da UNEB/CAMPUS –
Jacobina/BA
Graciélia Novaes da Penha1 (UNEB)
Rodrigo dos Reis Nunes2 (UNEB)
Resumo: Através da disciplina “Novas Tecnologias e EAD Aplicadas ao
Ensino de Língua Inglesa”, disponibilizada a turmas do oitavo semestre do
curso de Letras/Língua Inglesa, na Universidade do Estado da Bahia, é
possível desenvolver atividades presenciais com discussões teóricas;
estudos no moodle da instituição e oficinas que ajudam os alunos quanto
ao uso das tecnologias como propostas didático-pedagógicas. Assim,
estabeleceu-se uma parceria entre esta disciplina e o Estágio
Supervisionado IV, com o propósito dos estagiários aplicarem atividades
utilizando essas tecnologias. Este texto versará sobre implicações e
resultados deste trabalho interdisciplinar e colaborativo entre esses
componentes.
Palavras-chave: Estágio Supervisionado, Novas Tecnologias, Ensino de
Língua Inglesa.
Abstract: Through discipline "Novas Tecnologias e EAD Aplicadas ao Ensino
de Língua Inglesa", available to classes of the eighth semester of English
Language Course at the University of Bahia, it is possible to develop
classroom activities with theoretical discussions, studies in the moodle
institution and workshops that help students on the use of technologies
such as didactic and pedagogical proposals. Thus, we established a
partnership between this discipline and Supervised IV, for the purpose of
implementing activities trainees using these technologies. This text will
focus on the implications and results of this interdisciplinary and
collaborative work between these components.
Keywords:
Introdução
Nos últimos anos o uso de computador e da internet por grande parte da
população mundial tem se tornado algo constante e contínuo, o que possibilita a
comunicação entre pessoas de todo o planeta em tempo real (comunicação
1
Graciélia Novaes da Penha, Profa. Especialista
Universidade do Estado da Bahia (UNEB) / Departamento de Ciências Humanas – Campus IV – Jacobina/BA
[email protected]
2
Rodrigo dos Reis Nunes, Prof. Especialista
Universidade do Estado da Bahia (UNEB) / Departamento de Ciências Humanas – Campus IV – Jacobina/BA
[email protected]
Universidade Federal de Pernambuco
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CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
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síncrona) ou em espaços de tempo distintos (comunicação assíncrona) através de
textos, imagens, sons com uma quantidade quase que infinita de informações,
trazendo para cada usuário a multiplicidade de ideias, saberes, preceitos de outros
povos, de outras culturas.
Desta forma, o presente artigo discute acerca da influência que as
Tecnologias
da
Informação
e
da
Comunicação
têm
tido
na
sociedade
contemporânea, de que modo à escola lida com tal realidade e como a
universidade, especificamente o curso de licenciatura de Letras em Língua Inglesa,
através do componente curricular “Novas Tecnologias e EAD Aplicadas ao Ensino de
Língua Inglesa”, do Departamento de Ciências Humanas – Campus IV, tem buscado
dialogar entre a teoria e prática no que se refere ao uso das TIC e de que maneira
as atividades desenvolvidas no componente podem ser aplicadas nas escolas
públicas da região de Jacobina - Bahia, através do Estágio Supervisionado do
referido curso.
A motivação em escrever este trabalho surgiu a partir das atividades
desenvolvidas no componente supracitado, com carga horária de 60 horas, tendo
como problema: como um componente curricular elementarmente teórico em seu
ementário pode ser significativo para alunos em formação que precisam
compreender o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação de forma
prática? Esse questionamento serviu para que se compreendesse que não seria algo
efetivamente proveitoso se imbuir de teoria e não perceber como, na prática, fosse
possível desenvolver atividades, utilizando recursos tecnológicos diversos nas aulas
de língua inglesa.
A partir de uma abordagem de pesquisa qualitativa e de caráter
exploratório, este trabalho visa apresentar propostas e experimentos através de
oficinas temáticas com recursos audiovisuais por meio do uso de tecnologias
contemporâneas na sala de aula, mais especificamente para o ensino de língua
inglesa, porém não extinguindo a abrangência para outras disciplinas, buscando
compreender, até que ponto, o uso efetivo de tais recursos contribuem para uma
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aprendizagem mais significativa. Para isso, tem sido desenvolvida a pesquisa
participante como base de investigação, através de atividades de produção de
material feitos pelos próprios alunos, sempre como princípio a intervenção de
algum recurso tecnológico, usado não apenas como uma ferramenta apresentada
pelo professor, mas principalmente como suporte a tudo que foi produzido tais
como slides, fotografias, vídeos, textos, considerando os aspectos sociais
relevantes relacionados às TIC, a influência desses recursos na aprendizagem e
como à universidade pode contribuir para amenizar problemas de inacessibilidade
e/ou um uso não efetivo das ferramentas tecnológicas disponíveis que podem ser
utilizadas em aulas de língua inglesa.
Portanto, o relato de tais experiências se faz de extrema relevância, visto
que é possível, a partir dos resultados que vem sendo obtidos tanto nas oficinas
temáticas quanto na aplicabilidade no Estágio Supervisionado do que foi assimilado
dos alunos de Letras em Língua Inglesa, é possível compreender como o uso das TIC
pode favorecer a aprendizagem, como também servir de base para que outros
professores, até mesmo de outras áreas, possam utilizar e/ou adaptar os
experimentos que aqui serão apresentados.
A relação entre Educação Básica e Universidade no contexto da
cibercultura
A complexidade e quantidade de informações que todos os dias são
fornecidas na rede mundial de computadores tornam-se possíveis graças à
virtualização do conteúdo informacional (digitalização de som, imagem, texto
etc.). Contudo, não se deve deixar conduzir a uma limitada visão da virtualização
do conhecimento atendo tão somente à passagem da informação do papel para a
tela do computador. O computador deve ser entendido como ferramenta essencial
para a integralização dos hipertextos e hipermídias dissolvidos no ciberespaço, ou
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seja, não como simplesmente uma substituição de vias de apresentação do texto
(do papel para o computador), mas uma intensificação e enriquecimento na
transmissão do conhecimento.
No ciberespaço, a informação é transmitida e modificada por qualquer
pessoa do planeta, seja uma imagem, um som, um vídeo ou texto escrito,
baseando-se no sistema mais flexível de comunicação “todos-todos”3. Daí se
percebe a singularidade que a cibercultura possibilita, uma vez que os indivíduos se
entusiasmam com a possibilidade deles mesmos poderem produzir e veicular
informação. Surgem, então, inúmeros chats, fóruns, e-mails, listas, blogs, páginas
pessoais, dentre outros recursos.
Pierre Lévy (1999, p. 127) ainda afirma “Uma das idéias, ou talvez
devêssemos dizer, uma das pulsões mais fortes na origem do ciberespaço é a da
interconexão. [...] A cibercultura aponta para uma civilização da telepresença
generalizada. A interconexão tece um universal por contato.” Se a cibercultura
proporciona uma nova atividade na forma como se recebe e manipula informação e
isto afeta diretamente no modo de agir e de pensar das pessoas envolvidas neste
processo, subentende-se que ela deva estar presente atualmente em todos os
ambientes sociais, políticos, econômicos, científicos e educacionais. Se algum
desses ambientes não se integraliza a essa gigantesca teia hipertextual e
hipermidiática, acabará por se desvincular frente a sua parcela na formação do
indivíduo, uma vez que grande parte do espaço contemporâneo mundial prioriza a
efetiva utilização das TIC.
Diante disso, cabe direcionar o olhar sobre como se pode compreender o
papel da educação e, especificamente a formal, inserida nessas transformações ou
até mais, essas transformações presentes na universidade.
Práticas tradicionais de trabalhar, educar, aprender e, até mesmo, de
pensar têm sofrido grandes abalos com a presença das TIC. Os novos caminhos de
3
Pierre Lévy: Cibercultura, 1999.
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acesso à informação têm levantado questionamentos se realmente a escola ainda é
primordial como instituição social responsável pela transmissão e formação do
conhecimento, uma vez que esta ainda se atém ao ensino unidirecional (do
professor ao aluno; do livro didático ao aluno).
Na extensão infinitamente mutável e inconstante que é o ciberespaço, a
escola precisa estar atenta acerca da importância das novas tecnologias como
mediação pedagógica, e principalmente, como esses recursos serão organizados,
estruturados e aplicados de forma efetiva.
Se a cibercultura propicia a interconexão (Lévy 1999, p. 127), a escola deve
proporcionar aos indivíduos com ela envolvidos o pensamento e a formação
críticos, em que, principalmente o aluno, possa ser convidado a identificar padrões
e diversidades, ordenar idéias, formular hipóteses, fazer comparações, criar,
interagir como seus colegas, com seus professores, com outros alunos da escola e
com milhares de outras pessoas ao redor do mundo, trocando experiências,
compartilhando conhecimento e estreitando laços com povos de outras culturas.
Ao se discutir os aspectos da hipertextualidade e da cibercultura e como a
escola precisa estar atenta a essas transformações, não se pode negligenciar que a
universidade tem papel crucial de mudanças na maneira como o conhecimento é
transmitido, principalmente em um curso de formação de professores em que
devem ser levados em conta inúmeros aspectos que dizem respeito aos complexos
processos que envolvem o ensino e a aprendizagem, especificamente em tempos
digitais.
Com isso, um componente curricular denominado “Novas Tecnologias e EAD
Aplicadas ao Ensino de Língua Inglesa” que traz discussões sobre os impactos
causados pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação, representa um papel
significativamente importante para processos reflexivos na formação docente.
Dessa maneira, cabe apresentar uma descrição de trabalhos que são desenvolvidos
com alunos de 8º semestre do curso de licenciatura de Letras em Língua Inglesa, da
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Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas – Campus IV –
Jacobina/BA, no componente curricular supracitado.
Isto se faz relevante, visto que, em discussões na sala de aula, é possível
constatar que ainda há uma discrepância entre o entendimento da importância das
TIC na sala de aula e como esses recursos podem, de fato, ser úteis nos trabalhos
que são desenvolvidos por alunos em formação.
Estágio Supervisionado: formação contextualizada
O Estágio Supervisionado é uma atividade curricular e acadêmica que tem
como fim proporcionar ao aluno dos cursos de Licenciatura a vivência e a
articulação entre pesquisa, extensão e ensino. O que está em conformidade com
Pimenta (2004) quando considera que a finalidade do estágio é propiciar ao aluno
uma aproximação à realidade na qual atuará. Assim, o Estágio Supervisionado se
apresenta hoje com uma nova postura, que direciona a uma reflexão práticoteórico, a partir das diversas realidades das salas de aula.
Essa postura é apresentada a partir da forma como este componente se
delineia no currículo dos cursos de licenciatura, especificamente no curso de Inglês
na Universidade do Estado da Bahia (Uneb). O Estágio se estrutura a partir do
quinto período, distribuídos em três modalidades e quatro componentes
curriculares, somando um total de 400 horas. Sendo: 1) Modalidade: Estágio de
Observação – Estágio I. 2) Modalidade: Estágio de Intervenção – Estágio II e 3)
Modalidade: Estágio de Regência - a) Estágio III e b) Estágio IV. Ou seja, não é
possível mais permanecer a visão de que o estágio seria a parte prática da
formação, sem que houvesse uma ação reflexiva sobre a prática docente à luz do
discurso teórico, com vistas às transformações das realidades. “Conclui que o
estágio, ao contrário do que se propugnava, não é atividade prática, mas teórica
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instrumentalizadora da práxis docente, entendido esta, como atividade de
transformação da realidade” (Pimenta e Lima, 2004).
Desse modo, o Estágio é, sobretudo, espaço de formação e construção de
saberes referentes à prática docente e todas as problemáticas que envolvem essa
prática, tais como a utilização das Novas Tecnologias. Nesse aspecto, essas
tecnologias no contexto escolar surgem como desafios e possibilidades para o
Estágio. O desafio está no domínio e uso adequado dessas com fins pedagógicos. E
possibilidades, no que concerne a apropriação de conceitos que permitam conceber
esses recursos tecnológicos como agente que instrumentaliza, apoiam, facilitam e
ampliam a (re)construção de conhecimentos, a partir do modelo de aprendizagem
colaborativa, em que alunos e professores são sujeitos atuantes.
Nesse sentido é que se instaura a necessidade de que, já no Estágio, haja
uma formação apropriada para o uso dessas novas tecnologias na sala de aula, com
fins de que se promova uma aprendizagem da língua com a consciência de que
novos saberes partilhados certamente serão construídos. Dessa forma, é que o
Componente Curricular Novas Tecnologias e EAD Aplicadas ao Ensino de Língua
Inglesa atua, sob o viés de tornar o futuro docente hábil e no uso dessas TIC como
práticas significativas, tanto para seus alunos no estágio, quanto para sua própria
formação docente. Por isso, nada mais apropriado que proporcionar aos alunos a
atuação real e contextualizada com os recursos tecnológicos, nas práticas de
Estágio.
Assim, em consonância com a concepção já apresentada de que o Estágio é
locus onde ensino e pesquisa não são vistas como lados distintos, e sim como
complementariedades, é que as atividades elaboradas durante execução do
Componente das Novas Tecnologias foram direcionadas à sua aplicabilidade na
prática do Estagio Supervisionado IV, na modalidade de regência no Ensino Médio.
Tais ações oportunizaram aos estagiários a elaboração, execução e reflexão de
práticas envolvendo as novas tecnologias.
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Dessa maneira, o referido texto trará a seguir o relato dessas vivências
partilhadas entre os Componentes Curriculares, Novas Tecnologias e Estágio
Supervisionado, como forma de apresentar a relevância e eficácia de uma
formação docente pautada na prática reflexiva.
Relatos
de
experiências
do
componente
curricular
Novas
Tecnologias e EAD aplicadas ao ensino de Língua Inglesa
A partir da problemática ora apresentada, pensou-se em concentrar as
discussões teóricas através de princípios que se revertessem em ações diretas de
trabalho entre o professor e alunos de língua inglesa. O componente passou a ser
divido em três modalidades: Presencial, EAD e Oficinas Temáticas.
Modalidade Presencial
Inicialmente, as discussões teóricas se baseiam nos desafios do professor na
contemporaneidade, trazendo pontos relevantes como a ressignificação da
formação docente e da formação digital. Para isso, tomou-se como base a obra
“Formação e Profissão Docente em Tempos Digitais” (CECÍLIO. GARCIA. (orgs.)
2009). A percepção das incertezas dos alunos em formação e o que eles vinham
experimentado em seus estágios se fizeram como pontos cruciais e relevantes para
um pensamento crítico sobre a questão e de que maneira as TIC poderiam
contribuir para amenizar alguns problemas que, porventura, eles já vinham
enfrentando ou teriam que enfrentar.
Posteriormente, outras temáticas mais específicas são evidenciadas tais como a
ressignificação do professor de língua inglesa na região de Jacobina/BA e o papel
da Universidade na formação docente desse profissional.
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A apresentação dessas questões se faz necessária, pois, o embasamento
teórico serve como pressuposto para fundamentar a prática que o aluno irá
experimentar no ambiente virtual e nas oficinas.
Modalidade EAD
Como o título do próprio componente curricular apresenta, a educação a
distância é de extrema importância não só na fundamentação teórica sobre o
ensino/educação a distância na atualidade, mas também para experimentar o
processo de ensino/aprendizagem através de ambientes virtuais de aprendizagem
(doravante AVA). Santos (2003, p. 3) afirma que “ambiente virtual é um espaço
fecundo de significação onde seres humanos e objetos técnicos interagem
potencializando assim, a construção de conhecimentos, logo a aprendizagem.”
Os AVA são importantes ferramentas para a construção de conhecimento,
visto que permite ao ser humano a interação com outras pessoas e os recursos
tecnológicos disponíveis. Desse modo, construiu-se uma plataforma hospedada no
moodle
da
UNEB,
disponível
no
seguinte
endereço
http://www.ava.uneb.br/course/view.php?id=134.
As figuras 1 e 2 mostram a formatação do ambiente e algumas das atividades
que são desenvolvidas. A leitura de textos e discussões em fóruns são ações
evidenciadas, assim é possível perceber de que maneira os alunos interagem e qual
o conhecimento que cada um possui de acordo com cada temática apresentada.
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Figura 1: Formatação do Ambiente Virtual do Componente
Figura 2: Ambiente Virtual do Componente Curricular
Além dos fóruns, é possível contar com o “Diário Digital”, um espaço
dedicado para que o aluno possa registrar todas as suas impressões sobre o
componente curricular: descobertas, inquietações, dificuldades, entre outros
aspectos, como também registrar quaisquer trabalho que ele (o aluno)
experimentou durante a semana no ensino de língua inglesa através das TIC. A cada
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novo registro, o professor-mediador dá um retorno daquela postagem em
particular.
Como último conteúdo do ambiente, são disponibilizados espaços de
socialização das produções realizadas nas oficinas, isso porque, além de todo o
material apresentado nas oficinas, há ainda a possibilidade de compartilhar com os
outros grupos os conteúdos produzidos para posterior utilização nas salas de aula.
Com isso, é possível experimentar a dinâmica de um AVA, levando em consideração
a importância dessa plataforma para o processo de ensino/aprendizagem de língua
inglesa em tempos digitais.
Modalidade Oficinas Temáticas
Por meio das oficinas temáticas, o aluno é capaz de discutir, adaptar e
experimentar as propostas apresentadas. Cabe ressaltar que todos os trabalhos
desenvolvidos nessas oficinas são propostas de atividades que devem ser adaptadas
para cada realidade escolar, visto que não se pode deixar de lembrar sobre a
realidade das escolas públicas da região de Jacobina/BA: falta de manutenção de
computadores, ausência de conexão com a internet, carência de políticas públicas
para uso das TIC no currículo, além de tantos outros problemas existentes.
As propostas dos trabalhos desenvolvidos nas oficinas se baseiam na
concepção construcionista, pois, como cita Fino (2004, p. 2):
Os aprendizes são tão competentes como activos na tarefa da
compreensão, sendo possível que construam conhecimento baseados na
sua própria compreensão, ultrapassando esse conhecimento a informação
disponibilizada pelo professor, ou indo mesmo além da própria
compreensão do professor. [...] A disponibilidade de múltiplas fontes de
informação pontecia a construção do conhecimento.
A partir dessa ideia, o professor não apresentará para o aluno mais um novo
recurso tecnológico, substituindo por outro já obsoleto e protelando a mesma
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prática de transmissão versus recepção de conteúdo tão somente. O docente será
responsável por oferecer a proposta e o discente por realizá-la, manipulando os
próprios recursos para construção do trabalho.
Os encontros de oficinas acontecem na sala ambiente de língua inglesa da
Universidade do Estado da Bahia – Campus IV – Jacobina/BA, intercalados com
blocos de discussão teórica e atividades a distância. É possível utilizar os recursos
audiovisuais disponíveis e o serviço de internet sem fio do departamento, mas, na
maioria das vezes, pede-se aos alunos que levem seus computadores portáteis,
pois, em alguns momentos, o laboratório se encontra ocupado com outras
atividades.
A ideia das oficinas é oferecer subsídios teórico-práticos para os alunos do
curso de língua inglesa em formação da universidade supracitada para que estes
possam, posteriormente, transmitir as propostas tanto em estágio supervisionado
quanto em turmas regulares que venham a assumir.
Oficina de Fotografia
A fotografia é uma invenção humana que pode ser utilizada nas instituições
escolares, permitindo a interpretação da realidade focalizada, a temática
abordada, assim, como uma teia de interligações que se fazem possíveis
via análise, debate e interação mediatizada. (BLÁZQUEZ. SANTOS. 2005, p.
31).
O ato de fotografar na escola não deve ser compreendido apenas como um
registro simplório de coisas e pessoas, mas uma ferramenta que exprime as mais
significativas impressões humanas, enraizadas por instintos, emoções e ideias. Por
isso, no início da oficina, são apresentados conceitos básicos de técnica de
fotografia, tentando desmistificar a tomada de uma imagem como um registro
aleatório de um acontecimento.
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Após isso, a turma é divida em grupos. São repassadas a esses grupos canções
em língua inglesa, no formato impresso e sonoro (mp3). Os alunos compreenderão
qual temática a música aborda e terão um tempo para fotografar conteúdos que
representem os fatos citados na letra. Isso incita a interpretação textual e
imagética de material em inglês, pois o professor não fornecerá nenhum tipo de
tradução.
Findado o período em que os alunos saíram da sala de aula para fotografar,
inicia-se o processo de edição e produção de um slideshow, por meio do aplicativo
moviemaker. O professor-mediador se encontra sempre disposto a tirar qualquer
dúvida quanto à utilização do programa, mas não interfere na maneira de
organização e produção da proposta. Após a edição, é socializado os vídeos criados
pelos grupos e que será postado no ambiente virtual, como comentado
anteriormente.
Oficina de Wikis
Os wikis são ferramentas que poderão auxiliar os educadores no
desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras, onde os alunos sejam
protagonistas ativos e não apenas observadores passivos. Os wikis
permitem o desenvolvimento de atividades nas quais se pode criar, opinar,
compartilhar conteúdo, participar e se relacionar. (TEIXEIRA, 2003, s/p).
Os espaços colaborativos de aprendizagem podem contribuir para aguçar a
criação do aluno, uma vez que todo o conteúdo e layout da página deverão nascer
da criatividade que cada grupo deposita naquele ambiente.
Através de um tutorial montado pelo professor-mediador, os alunos
desenvolverão um trabalho de construção de um wiki (disponível no endereço
http://www.wikispaces.com) destinado a uma proposta colaborativa para as aulas
de língua inglesa. É possível escolher o nome do curso, temática que será
abordada, organizar tarefas, incluir recursos hipermidiáticos e cadastrar os alunos
participantes.
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Como exemplo de um wiki, a Figura 3 representa um trabalho que pode ser
desenvolvido nas aulas de inglês. Na capa, vê-se a apresentação da proposta e na
coluna situada à direita das imagens está o conteúdo que será disponibilizado a
cada semana.
Figura 3: Proposta de um wiki para fins educativos
O professor poderá pedir que os alunos construam ambientes wikis ou poderá
também oferecer um espaços pré-organizado e que, aos poucos, vai sendo
modificado e reconstruído pelos próprios alunos.
Oficinas Short Stories
Muitas são as propostas e possibilidades educativas utilizando-se de tal
ferramenta [o vídeo], seja vídeo como sensibilização, como ilustração,
como simulação, como avaliação, como espelho, como integração/suporte
ou como produção de alunos registrando um estudo, montando um
telejornal com informações de caráter crítico, ponderando vários ângulos
de uma mesma temática, dentre outras possibilidades. (BLÁZQUEZ.
SANTOS. 2005, p. 30)
Há certa dificuldade em compreender maneiras de se trabalhar literatura
nas aulas de língua inglesa. Muitos professores percebem relatam que os alunos não
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têm interesse em discutir literatura por assumir a descrição equivocada de que seja
uma disciplina meramente teórica. O trabalho com short stories nas aulas de inglês
pode amenizar esse problema, pois estes conteúdos tendem a trazer ilustrações e
linguagem mais simplificada. Todavia, muitas vezes o simples uso do livro impresso
e o pedido de cumprimento da tarefa de simplesmente ler o material não garante
que o interesse do aluno aumente.
A oficina de short stories busca integralizar algumas habilidades do
aprendizado de língua inglesa, principalmente o reading e speaking. Cada grupo
escolhe aleatoriamente um livro contendo uma história comumente não muito
conhecida (pensa-se nisso para que a produção não seja interferida pelo
conhecimento prévio sobre a história). Em seguida, todos deverão interpretar do
que se trata o texto e, de que maneira, seria possível encenar aquela história.
Com o surgimento das câmeras digitais compactas e suas funções de
gravação de vídeos com áudio, tornou-se bem mais acessível a produção de curtas
caseiros. O grupo então tem um tempo para ler o conteúdo do livro, construir
cenário, filmar e trazer para a sala de aula o material para edição.
O mesmo programa utilizado para construção do slideshow na oficina de
fotografia (moviemaker) servirá para organizar o material do vídeo. Com isso, temse a possibilidade de observar a pronúncia de muitos alunos que se sentem
intimidados em ter que falar inglês nas salas de aula, além de incitar a criatividade
de papéis de produção, como narrador, figurinista, sonoplasta, scripter entre
tantas outras funções que podem ser evidenciadas.
Outras Atividades
Além das dos trabalhos apresentados anteriormente, há outros que servem
para a preparação do aluno do curso de letras/inglês no que dizem respeito ao
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manuseio de alguns recursos tecnológicos para que, a partir daí, ele crie atividades
de acordo com a realidade de sua turma.
Grande parte dos discentes de 8º semestre, alunos do componente curricular
supracitado, está em período de estágio de regência e necessitam, muitas vezes,
de suporte didático para desempenhar um bom trabalho na sala de aula. As novas
tecnologias, quando utilizadas de maneira correta, são importantes aliadas no
processo de ensino/aprendizagem.
As escolas públicas estaduais do Estado da Bahia possuem o Monitor
Educacional (ou TV Pen Drive), uma espécie de televisor com entrada USB e cartão
SD. Porém, muitos professores têm dificuldades de manusear o recurso, pois o
mesmo aceita alguns tipos específicos de formatos de áudio e vídeo e, com isso,
precisam passar por processos de conversão.
A oficina traz conceitos básicos de conversão de arquivos e utilização desse
aparato tecnológico nas aulas de inglês. No final da explicação teórica e
apresentação de links que convertem conteúdo multimídia, alguns grupos de alunos
produzem um slide específico para uso no Monitor Educacional, e outros grupos
convertem pequenos nos formatos aceitos pelo recurso. Após o período de
produção, abre-se o momento de socialização dos trabalhos feitos pelos alunos.
Portfólio digital
Como atividade final do Componente Curricular Estágio Supervisionado
Modalidade de Regência no Ensino Médio, os alunos-estagiários foram orientados
pela professora de estagio a fazer o relato das atividades e memórias reflexivas
tendo como suporte o programa (ver o nome) já desenvolvido pelos estagiários no
componente de Novas Tecnologias. As etapas desse portfólio se estrutura em
apresentar o planejamento pedagógico (projeto de estagio, sequencias didáticas),
as memórias reflexivas que buscam, além de apresentar o juízo de valor dos
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licenciandos sobre as especificidades de sua prática de estágio, é o momento
também
de
fazerem
suas
considerações
sobre
a
relevância
do
estágio
correlacionada com outros componentes, como As Novas Tecnologias, para a
formação da Docência.
A apresentação desse material no formato digital possibilita uma capacidade
de armazenamento maior de arquivos, uma maior liberdade para o senso criativo
dos estagiários inserção de arquivos animados, registros fotográficos, entre outros.
O que colabora para a produção dos registros de vivência do estagio mais completo
e extensivo.
Considerações finais
É evidente perceber a dinamicidade que as TIC podem fornecer para a
comunicação entre as pessoas nos dias atuais, proporcionando possibilidades
diversas de troca de informações e, continuamente, ressiginificando e construindo
novos signos. Isso porque se percebeu que, através das tecnologias da
contemporaneidade,
é
possível
obter
comandos
rápidos
e
de
maneiras
diversificadas no que dizem respeito ao envio de informação, permitindo que o
tempo das respostas seja, significativamente, estreitado.
Essa dialética conduz a uma responsabilidade de a educação acolher essa
realidade de forma efetiva. Com os trabalhos que vem sendo desenvolvidos no
Componente Curricular supracitado, é possível perceber que há uma relação entre
a prática adquirida pelos alunos do curso de Letras Língua Inglesa e a execução
dessas atividades nos Estágios Supervisionados, permitindo que eles experimentem
em uma sala de aula tudo que foi adquirido. Isso fundamenta a necessidade da
Universidade estar preocupada em contribuir, principalmente os cursos de
licenciatura, para a melhoria da educação básica e o estreitamento entre os
Departamentos e as realidades das comunidades locais.
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Referências
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