Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Gestão Educacional Trabalho de Conclusão de Curso FLEXIBILIDADE E DINAMISMO: O IMPACTO DO PROCESSO DE GESTÃO EM REDE NAS UNIDADES EDUCACIONAIS DA PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-NORTE Autor: Renato Augusto da Silva Orientadora: Prof.ª MSc. Relcytam Lago Caribé Brasília - DF 2012 RENATO AUGUSTO DA SILVA FLEXIBILIDADE E DINAMISMO: O IMPACTO DO PROCESSO DE GESTÃO EM REDE NAS UNIDADES EDUCACIONAIS DA PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-NORTE Artigo apresentado ao Programa de PósGraduação Lato Sensu em Gestão Educacional da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do certificado de especialista em Gestão Educacional. Orientadora: Prof.ª. MSc. Relcytam Lago Caribé Brasília- DF 2012 Artigo de autoria de Renato Augusto da Silva intitulado “FLEXIBILIDADE E DINAMISMO: O IMPACTO DO PROCESSO DE GESTÃO EM REDE NAS UNIDADES EDUCACIONAIS DA PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRONORTE”, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gestão Educacional da Universidade Católica de Brasília, em 29 de junho de 2012, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: ___________________________________________________________ Prof.ª. MSc. Relcytam Lago Caribé Orientadora Universidade Católica de Brasília ___________________________________________________________ Prof.ª. MSc. Nina Cláudia de Assunção Mello Universidade Católica de Brasília Brasília 2012 Dedico este trabalho aos amigos/as que, de alguma forma, colaboraram para que ele fosse realizado: Eder D’Artagnan, Álvaro Loureiro, Ireneuda Nogueira, Sebastião Lobo, Ataíde Lima e José Machado Dantas. Lembro, também, minha orientadora, Relcy, que, com destreza e paciência, conduziu-me na reflexão e elaboração deste artigo. A todos, muito obrigado! 5 FLEXIBILIDADE E DINAMISMO: O IMPACTO DO PROCESSO DE GESTÃO EM REDE NAS UNIDADES EDUCACIONAIS DA PROVINCIA MARISTA BRASIL CENTRO-NORTE RENATO AUGUSTO DA SILVA Resumo: Os modelos de gestão que envolvem trabalho em rede vêm ganhando significativo destaque no cenário nacional e internacional. Vários setores sociais empregam esse termo para designar sua nova forma de atuar no mercado. Na área educacional não tem sido diferente. Diversos grupos educacionais, sejam nacionais ou estrangeiros, têm adotado o modelo de trabalho em rede, como ferramenta de gestão pedagógica e administrativa de suas unidades educacionais mantidas. Aliado a isso estão alguns conceitos e práticas de gestão, como planejamento estratégico e governança corporativa. Esse modelo de gestão tem adesão crescente entre as empresas do ramo educacional. O presente artigo tem como objetivo mostrar o trabalho de gestão educacional em rede na Província Marista Brasil Centro-Norte, suas características principais e o impacto desse modelo de gestão em suas unidades educacionais. Palavras-chave: Gestão em rede. Gestão Educacional. Serviços compartilhados. 1 INTRODUÇÃO Foi num cenário social desafiador que nasceu o Instituto Marista, em 1817. A França do inicio do século XIX, dilacerada pela revolução francesa, encontrava-se, como os demais países da Europa, em clima de agitação cultural, política e econômica, além de profunda crise da Igreja e da Sociedade (CIEM, 21). O Instituto Marista nasceu com o objetivo de educar as crianças e os jovens. Seu fundador, Marcelino Champagnat, via na educação, meio privilegiado para a formação integral da pessoa. A seriedade e a responsabilidade inicial desse projeto levou-o a se expandir rapidamente por todo o mundo. Hoje, com quase duzentos anos de existência, o Instituto Marista continua a sua missão de educar milhares de crianças e jovens, espalhados em 77 países do mundo. O espaço da educação Marista “ultrapassou as fronteiras da educação escolar formal, caracterizando-se em outras obras e ações educacionais de natureza pastoral e social” (CIEM, 16). Com o passar dos anos, o Instituto Marista foi desenvolvendo um estilo pedagógico-pastoral bastante singular, o que faz da educação Marista hoje um diferencial no cenário nacional brasileiro. Segundo o livro Missão Educativa Marista (CIEM, 1993, p. 55): Nosso estilo educativo baseia-se em uma visão integral, que se propõe conscientemente a comunicar valores. Ao partilharmos essa visão com outros educadores, principalmente os cristãos, empregamos uma abordagem pedagógica própria, desenvolvida inicialmente por Marcelino Champagnat e pelos primeiros Maristas, e que era inovadora em muitos aspectos. 6 Os Maristas estão há mais de um século em terras brasileiras. Atualmente, a presença Marista no país está organizada em três Unidades Administrativas, que representam 40% da presença Marista no mundo. Na educação básica, atende a mais de 70.000 alunos. (UMBRASIL, 2010). Entre as Unidades Administrativas presentes no Brasil, a Província Marista Brasil Centro-Norte (PMBCN), que está presente em 16 dos 27 estados brasileiros, tem 29 Unidades Educacionais e quase 50 Unidades Sociais. Tendo em vista tamanha abrangência de atuação e diversidade cultural, a PMBCN fez opção de gestionar todas essas iniciativas a partir do processo de Gestão em Rede. Essa forma de gestão quer ser uma resposta pedagógica e educacional aos processos econômicos e sociais da atualidade, caracterizados especialmente pela rapidez e dinâmica próprias. Porém, a forma de se organizar de uma empresa, seja ela instituição educacional, financeiro, social, etc., é enraizada em sua própria dinâmica cultural interna. No caso da PMBCN, sua dinâmica educacional vai nortear as ações de implementação de sua própria rede de educação básica. Nesse sentido é que reside o objetivo geral deste trabalho: apresentar o processo de Gestão em Rede na PMBCN, bem como o impacto deste modelo de gestão nas suas Unidades Educacionais mantidas. Uma revisão bibliográfica conjuntamente analisada com os dados gerenciais da própria rede em questão ajudará a verificar o desempenho das ações empreendidas por essa ferramenta de gestão. 2 A REDE EDUCACIONAL DA PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-NORTE No intuito de abordar as benesses promovidas pela implementação da rede educacional na PMBCN em suas Unidades Educacionais, abordaremos neste tópico temas intrínsecos ao trabalho em rede. Definir o que é rede e quais os processos envolvidos nesse modelo de gestão, se tornarão necessários para aprofundar o tema gerador desta pesquisa. Segundo Alves (2005, p. 9), “as ferramentas são as melhorias do corpo”. Acredita-se, pois, que o ‘grande corpo’ denominado PMBCN, em seu horizonte, contempla a ação de sempre melhorar seu modo de fazer gestão. Tratar-se-á do tema da rede como uma forma de ‘organização’ estratégica da PMBCN e, consequentemente, como um modelo de gestão de suas Unidades Educacionais. Assim, transitaremos nas reflexões de alguns referenciais teóricos e dados gerenciais atuais da PMBCN, a fim analisar a realidade das Unidades Educacionais vinculadas à rede marista. 2.1 AFINAL, O QUE É REDE? QUAIS SÃO SUAS PECULIARIDADES? Durante os últimos anos, as “redes têm sido saudadas como a mais significativa inovação humana no campo da organização da sociedade” (TACHIZAWA, 2010, p.176). Empresas do terceiro setor têm sido as protagonistas dessa inclusão na maneira de pensar gestão organizacional, que pode ser a nível regional, nacional, internacional, facilitando assim, dentro da própria empresa, a troca de informações, articulações e ações conjuntas (TACHIZAWA, 2010, p. 177). Segundo o mesmo autor (p. 177), uma rede é “fluida, plástica, dinâmica e sustenta- 7 se tão somente pela vontade de seus integrantes. Essa aparente fragilidade é sua grande força”. Na era da globalização, o trabalho organizacional em rede representa a nova morfologia social. Muito embora tenha existido em outras partes da história da humanidade, a organização social em redes, hoje, ganha nova força de expansão para penetrar em toda estrutura social através do novo paradigma da tecnologia da informação. (CASTELLS, 1999, p. 565). As redes “são fontes cruciais de dominação e transformação de nossa sociedade” (CASTELLS, 1999, p. 565). Por isso, estar ou não associado a uma rede faz a diferença no mundo dominado por um mercado globalizado. Construiu-se assim, segundo o mesmo autor, uma sociedade em rede caracterizada, especialmente, não pela ação social, e sim por sua morfologia. De acordo com Castells (1999, p. 566), rede é um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta. São mercados de bolsas de valores [...]. São conselhos nacionais de ministros do comércio e comissários europeus da rede politica que governa a União Europeia. São campos de coca e papoula, laboratórios clandestinos, pistas de aterrissagem secretas [...]. São sistemas de televisão, estúdios de entretenimento, meios de computação, equipes de cobertura jornalística, [...]. A relação entre o conjunto de nós pode ser definida com a ideia de topologia que descreve rede. A distância entre os nós, ou sua interação, ou sua intensidade relacional, é maior se ambos os pontos forem da mesma rede (CASTELLS, 1999, p. 566). Dessa forma, os fluxos, dentro de uma determinada rede, não têm nenhuma distância e, portanto, são mais intensos. Além dessa fonte bibliográfica que define rede, outros autores também fazem menção a esse estilo de atuação e suas características. Uma rede ainda é “capaz de organizar pessoas e instituições, de forma igualitária e democrática, em torno de um objetivo comum” (TACHIZAWA, 2010, p. 177). A autonomia, valores e objetivos compartilhados, vontade, conectividade, participação multiliderança, informação, descentralização, múltiplos níveis e dinamismos, são alguns dos principais fundamentos de uma rede (TACHIZAWA, 2010, p. 177). Em prol de um objetivo comum, a rede põe em avanço uma ação dinâmica de comunidade. Essa comunidade, de acordo com Martinho (2003, p. 48), é percebida através de expressões como operação conjunta, organização coletiva, coprodução de ordem, cotrabalho. Essas expressões fazem surgir alguns princípios de colaboração, cooperação e coordenação, fundamentais para a existência de uma rede. Com toda discussão sobre rede trazida até o momento através dos autores supracitados, vale também ressaltar o horizonte que define rede para os Maristas no Brasil, através de seu Projeto Educativo: Um significativo meio de interlocução que se beneficia da diferença de opiniões, valoriza a diversidade e favorece a troca de ideias e o respeito aos pensamentos plurais, criando entre seus diversos atores a sinergia necessária para a consolidação de um projeto comum. Por fortalecer a complementariedade das ações, é capaz de dar respostas mais eficazes do que a soma de esforços individuais [...]. Implica adesão e comprometimento de todos os atores. (UMBRASIL, 2012, p. 39). No entanto, as redes não são estruturas visíveis ou com conexões perceptíveis. As redes “durante quase todo o tempo são estruturas invisíveis, 8 informais, tácitas. Elas perpassam os momentos da vida social, mas praticamente não se dão a ver” (MARTINHO, 2003, p. 39). Equivale dizer que as redes são espaços organizativos que viram ação cultural na vida de uma empresa ou organização. Como estruturas invisíveis, elas apenas indicam o jeito e a dinâmica que acontecerão no fluxo de informações, de trabalho, de comunicação, de finanças, de uma Organização. Tudo isso, acontecendo dentro de um espaço socioeconômico e cultural onde a própria empresa está inserida. Estruturas organizativas de rede no Japão são diferentes dos Estados Unidos, que por sua vez se diferem da Alemanha, e assim por diante. Mesmo com a onda globalizante vivida em nosso contexto atual, cada cultura tem sua peculiaridade na forma de se organizar. Com essa possibilidade de diversidade, tanto cultural como organizativa, a sociedade impele também as redes a se diferenciarem por categorias, dando, dessa forma, capacidade de respostas aos diversos contextos. De acordo com Tachizawa (2010, p. 178), as redes do terceiro setor podem se categorizar e se descrever da seguinte maneira: Redes temáticas: são as que se organizam em torno de um tema, segmento ou área de atuação das entidades (ou indivíduos) participantes. A temática abordada é o fundamento desse tipo de rede, seja ela genérica ou especifica. Redes regionais: as redes regionais têm em determinada região ou subregião o ponto comum de aglutinação dos parceiros (um Estado, um conjunto de municípios, um bioma, uma cidade, um conjunto de bairros, etc.). Redes organizacionais: são, em geral, aquelas vinculadas a uma entidade suprainstitucional – isto é, que congrega instituições autônomas filiadas (federações, confederações, associações de entidades, fóruns etc.) – ou vinculadas a organizações muito complexas, compostas, por exemplo, de várias unidades autônomas e/ou dispersas pelo território nacional. (TACHIZAWA, 2010, p. 178). A Província Marista Brasil Centro-Norte articula em si as diversas Unidades Educacionais espalhadas por seu território administrativo. Sua característica é de rede organizacional. Nesse sentido, vale considerar que em uma organização baseada com esse porte e com essas características, a sua estrutura de liderança deve ser bem elaborada. Alguns autores que abordam o tema de liderança na rede, como Capra (2001, p. 78), sugerem que uma rede é totalmente desprovida de linearidade e é caracterizada especialmente por sua horizontalidade. Ou seja, para ele rede é sinônimo de não liderança. Mas, uma rede, segundo sua dimensão e complexidades, no atual contexto socioeconômico globalizado, “alimentada por diversos atores independentes com aspirações variadas, recursos e capacidades diversas e diferentes modelos de negócios” (KLEINDORFER, 2012, p. 142), necessita de um espaço que “garanta alguma coerência entre suas respectivas atividades, capacidades e aspirações. Essencialmente, faz-se necessário um mecanismo capaz de dar a visão e a direção da inovação, bem como estabelecer o ritmo das atividades associadas.” (KLEINDORFER, 2012, p. 142). Esse mecanismo é a liderança, capaz de congregar as atividades da organização em seu objetivo comum. Sem esse aspecto, uma rede corre o risco de ser acéfala, sem direção, ou multifacetada em diferentes frentes e objetivos. No livro Teia da Vida o autor Capra (2001) adentra algumas áreas do conhecimento humano, como a biologia, para exemplificar a organização em rede. Cita as abelhas, as 9 formigas saúvas etc. Mas o que seria dessas complexas organizações de vida em rede sem suas respectivas rainhas? Existem diferentes formas de exercer a liderança em uma rede. De acordo com Kleindorfer (2012, p. 142), a liderança pode prever e estabelecer a arquitetura da inovação, tomando as decisões importantes que atingem diretamente a natureza e os membros da própria rede. Também a liderança garante a unidade nos processos para que sejam alcançados o objetivo comum, a missão e a visão outrora declaradas e desenhadas por seus próprios integrantes. Por outra parte, a situação singular do trabalho em rede não é uma invenção momentânea. Surge, com maior evidência, a partir do ritmo de globalização desencadeado pela sociedade pós-moderna. A globalização “surge da necessidade que o capitalismo tem de gerar, com sua própria dinâmica, uma aldeia global mundial” (GOMEZ, 2010, p. 15). Essa forma de pensar modificou a atuação dos diferentes atores sociais através “dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural e política [...], entre os países no final do século 20 e início do 21” (GOMEZ, 2010, p. 15). Essa integração de processos, centrada na ideia de rede mundial com múltiplas conexões, respaldou a circulação de espaços de o próprio poder, que tem ligação com o saber, com a informação e conhecimento e com a economia. (GOMEZ, 2010, p. 15). Hoje, diversos grupos educacionais, em seus centros escolares, utilizam-se do trabalho em rede para aprimorar sua forma de atuar no ramo da educação. No Brasil isso pode ser verificado tanto na esfera governamental como na civil. Na área pública, por exemplo, o Ministério da Educação vem alinhando diferentes serviços e programas educacionais e administrativos, oferecendo-os às Secretarias de Educação dos Estados brasileiros. Exemplo disso se constata através da compra de livros e de material de expediente; transporte e formação dos docentes; entre outros. Ações que se tornam cada vez mais volumosas, devido ao trabalho em rede. Na esfera da educação particular essa transição não é diferente. Grupos educacionais presentes no Brasil se organizam no mesmo formato. Basta citar, por exemplo, a Rede Salesiana de Escolas, o Grupo Educacional Positivo, a Rede Sagrado, o Grupo Anhanguera, a União Brasiliense de Educação e Cultura, entre outros. Audaz nesse contexto globalizado e exigente, que urge por respostas rápidas, a PMBCN intensificou seu trabalho em rede nos últimos anos, constituindo assim uma forma de organizar e aprimorar seus serviços educacionais. Dão-se, portanto, respostas competitivas e qualificadas a um mercado cada vez mais exigente no Brasil e no mundo: o educacional. 2.2 O PROCESSO DE REDE NAS UNIDADES EDUCACIONAIS DA PMBCN: ASPECTOS SIGNIFICATIVOS DESSA FERRAMENTA DE GESTÃO Todo o século XX contou com uma mudança social profunda, seja no modelo agrário-exportador, seja no advento da burguesia industrial urbana e na ampliação da oferta de ensino (ARANHA, 2006, p. 346). Na área educacional valorizaram-se os estudos pedagógicos. Consequência disto, nas “três últimas décadas, em vários estados brasileiros, educadores tentam implantar projetos inovadores” (ARANHA, 2006, p. 346). Uma parcela desses projetos educativos surgidos desenvolve ações e mobilizações com o intuito de motivar políticas educacionais que incentivem o trabalho em rede. Os educadores e pesquisadores, ao optarem pelo foco do trabalho em rede em seus projetos pedagógico-administrativos, nos oferecem reflexão ímpar 10 de análise social, que leva a uma conclusão abrangente: a tendência histórica da sociedade em se organizar em torno das redes. Como já foi apresentado no decorrer deste artigo, o trabalho em rede vem sendo uma alternativa de modelo organizacional de diferentes grupos empresariais e educacionais, no intuito de acompanhar as novas demandas sociais, bem como suas novas exigências. A PMBCN, para responder a esse horizonte sócio-histórico, vem desenvolvendo ferramentas pedagógico-administrativas para potencializar o trabalho em rede e ser capaz de cumprir sua missão institucional. Para isso, fez-se necessário oferecer à própria organização espaços e meios alternativos de crescimento e acompanhamento dos novos paradigmas sociais. Assim, explicitar-se-ão os elementos-chave que colaboraram para a organização, a implementação e a potencialização do trabalho em rede na PMBCN. Fazem parte desses elementos: Planejamento Estratégico, Central de Serviços Compartilhados, Governança Corporativa e Projeto Educativo Marista. 2.2.1 Planejamento Estratégico Em organizações educacionais, o planejamento estratégico começa a ser pensado e implantado, por volta dos anos 70, em estabelecimentos americanos, com o intuito primeiro de promover mudanças que levassem às melhorias educacionais administrativas necessárias (PARENTE, 2010, p. 40). Segundo o mesmo autor, a revista Gestão em rede, um dos principais veículos de comunicação em gestão educacional dos anos 90, já apontava desde seu primeiro número, que o planejamento estratégico é uma das ferramentas da gestão educacional (2010, p. 44). Como o contexto exige respostas rápidas, porém responsáveis e assertivas, a PMBCN, em 2007, iniciou uma fase de transição elaborando seu planejamento estratégico. Cada vez mais as pessoas e as instituições fazem planos e se organizam para possibilitar a realização dos seus sonhos. Isso se tornou uma necessidade nos tempos atuais devido à complexidade crescente da vida moderna, à rapidez das mudanças em todos os níveis e à necessidade de responder de forma assertiva aos desafios que se multiplicam. E qualquer organização, seja ela religiosa, filantrópica, educativa ou comercial, precisa estar atenta e se antecipar ao futuro. No dia 7 de novembro de 2005 foi constituída a Comissão de Planejamento Estratégico, por meio de portaria emitida pelo Diretor-Presidente da PMBCN. (PMBCN, 2010, p. 41). O planejamento estratégico da PMBCN seguiu como uma metodologia específica que contava com as seguintes etapas: análise de cenário; missão, princípios e visão; mapa estratégico. Com um trabalho dinâmico e participativo de boa parte dos colaboradores da PMBCN, a visão, definida como conjunto compartilhado de intenções estratégicas, ficou assim expressa: Até 2012, ser referência nacional em educação, pastoral e ação social reconhecida por excelência acadêmica, empreendedorismo educacional, social e cultural, desenvolvimento do protagonismo infanto-juvenil, gestão profissional e estratégica, forte identidade e imagem institucional, efetiva articulação com a comunidade eclesial e a sociedade. (PMBCN, 2007, p. 13). 11 Consolidado o mapa estratégico, percebeu-se que o alcance de cada uma das perspectivas elencadas no planejamento estratégico da PMBCN seria possível com o aprimoramento do trabalho em rede. Garantir-se-ia, assim, através da formação de uma rede estratégica, uma “alternativa quanto à forma de organizar a produção de bens e/ou serviços [...], na melhoria de sua posição competitiva” (NETO, 2005, p. 17). Nesse tipo de rede, Neto (2005, p. 18) ressalta que o essencial é a figura de “empresa-centro”, ou ainda “empresa-mãe”, em torno da qual se constrói toda a rede. Para responder a esse desafio da figura de centralidade da rede estratégica na rede educacional da PMBCN, foram consolidados os trabalhos de uma Central de Serviços Compartilhados. Esta oferece serviços e trabalhos, sejam pedagógicos ou administrativos, a toda a rede educacional da Província. 2.2.2 Central de Serviços Compartilhados Com o intuído de compartilhar serviços e aprimorar a gestão estratégica da rede, a PMBCN aprimorou os trabalhos de sua Unidade de Serviços Compartilhados. Situada em Brasília/DF, atende a todas as Unidades Educacionais e Sociais que são mantidas pela Província em 16 Estados da federação: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Bahia, Tocantins, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará. É sabido que, nessa vasta abrangência territorial brasileira e de atuação da PMBCN, há grande diversidade cultural, social e política, além de contextos educacionais diferentes. Por isso, a atuação da Central de Serviços Compartilhados é complexa e exigente, tendo, em seu escopo de trabalho, a finalidade de atuar como motor gerencial de toda a rede educacional marista da Província. A gestão da rede marista: abrange e integra aspectos políticos, administrativos, financeiros, pedagógicos e pastorais implicados na efetivação da missão educativa. Considerando as especificidades e a interdependência desses aspectos, adotamos um modelo de gestão que engloba procedimentos de gestão estratégica e de gestão compartilhada. (UMBRASIL, 2010, p. 71). Nos serviços pedagógicos oferecidos, a Central de Serviços Compartilhados, com sua equipe da Gerência Educacional, composta por uma gerente e analistas, orienta as Unidades em seu projeto politico-pedagógico-pastoral, monitorando e avaliando seu processo de implantação bem como sua eficácia dentro da Unidade escolar. Acompanha também e monitora o desempenho acadêmico de todas as escolas, garantindo unidade pedagógica e excelência acadêmica através dos resultados obtidos em avaliações internas e externas. Todo esse acompanhamento leva em consideração a multiculturalidade (vivência e expressão de diferentes culturas), característica vivida pela PMBCN, devido a sua extensa área territorial. Esse princípio reconhece toda a diversidade de produções nos diferentes contextos, sejam sócio-históricos, econômicos, financeiros, pedagógicos, etc. Portanto, a avaliação dos projetos pedagógicos e sua significação são diferentes, por exemplo, em cidades como Belém/PA e Rio de Janeiro/RJ ou Brasília/DF e Salvador/BA. Logra-se, assim, que Unidades, em contextos distintos, 12 estejam alinhadas à missão e visão da Província, alicerçadas em seus valores, porém considerando suas peculiaridades regionais e culturais. Já na área administrativo-financeira (compreendidas as áreas de finanças, contabilidade, jurídico, comunicação, marketing e inteligência competitiva, tecnologia da informação, recursos humanos, compras), a Central presta serviços estratégicos e compartilhados a todas as Unidades Educacionais da PMBCN. Centraliza em si serviços administrativos que são colocados à disposição da rede, evitando-se assim, réplicas de um mesmo setor administrativo nas diferentes Unidades Educacionais. Garante-se, pois, uma melhor gestão e acompanhamento de processos administrativos alinhados a uma economia nos custos. Quando há um trabalho administrativo centralizado de uma rede, negociações financeiras de diversas naturezas podem ter melhor custo e todas as Unidades envolvidas ganham com esse tipo de formatação e negociação. A centralidade na prestação de serviços é uma maneira que a PMBCN tem para monitorar seus processos administrativos e abaixar seu custeio na operação das Unidades mantidas. Os diretores das Unidades Educacionais da PMBCN também são acompanhados pela equipe da Central de Serviços Compartilhados. Assim, garantese que esse profissional, que reserva em si a gestão de um “elo” ou “nó” da rede educacional, esteja alinhado com a proposta vigente da própria rede marista, promovendo lá na “ponta” a gestão de processos pedagógicos e administrativos capazes de atender à demanda local e da rede como um todo. A Central de Serviços garante a esse profissional formação continuada para que esteja “antenado” às tendências pedagógico-administrativas atuais e colabore em processos de reflexão da gestão da própria rede. De acordo com Neto (2005, p. 64), a rede estratégica exige que se tenha em seu âmago, para seu bom funcionamento, algumas competências organizacionais, pois o trabalho em cooperação circunda assuntos como “a definição de autoridade para a tomada de decisões dentro da rede, o estabelecimento dos limites de cooperação, das responsabilidades e dos direitos legais, o acordo sobre as regras gerais para a rede [...]”. A Central de Serviços Compartilhados, portanto, tem em si a função de ser a unidade de centralidade na tomada de decisão estratégica referente à rede como um todo, respeitando sua diversidade e multiculturalidade. Essa tarefa de gestão estratégica em rede da PMBCN não é fácil, visto já suas peculiaridades. Por isso, a gestão estratégica da rede marista exigiu, por parte dessa Central, a implantação de um estilo de governança corporativa, para garantir as boas práticas de gestão de processos e tomadas de decisão assertivas e consensuais da própria rede. Diante das Unidades Educacionais, a Central de Serviços Compartilhados tem um papel fundamental de liderar os gestores e grupos de trabalhos, que por sua vez serão capazes de colocar em prática os processos de gestão da rede. Contudo, a mesma Central deparou-se com a dificuldade organizacional da PMBCN, originada na herança das instituições católicas de ensino, caracterizada por uma gestão burocratizada; ou, numa política institucional irracional, arraigada na tomada de decisão estratégica centrada apenas em algumas “cabeças pensantes” consideradas donas da instituição. Em um contexto “em que a liderança é cada vez mais considerada uma variável crítica para definir o sucesso ou o fracasso das organizações” (SHEIN, 2009, p. 3), necessitou-se reestruturar o pensamento de gestão e sua cultura na história dos líderes da PMBCN e de sua Central de Serviços 13 Compartilhados. Percebeu-se que esse processo era também estratégico na implantação da rede educacional nas Unidades mantidas pela Província. A capacidade administrativa para trabalhar em rede coloca para a organização a necessidade de desenvolver a gestão do conhecimento interno e de suas práticas gerenciais (NETO, 2005, p. 64). Entende-se que esse estilo de gestão, adotado pela maioria das grandes empresas presentes no Brasil e no exterior é a forma mais adequada de tomada de decisão estratégica diante de contexto sociocultural diverso. Diante desses passos na caminhada de implantação e aprimoramento da rede educacional, a PMBCN optou por implantar um novo modelo organizacional em sua gestão; uma nova cultura que pudesse ajudar o gerenciamento dos processos decisórios e administrativos, bem como nos fluxos de informação da própria rede. 2.2.3 Implantação da Governança Corporativa Através da contratação em 2009 de uma consultoria, iniciaram-se os estudos para a implantação de um novo modelo organizacional, que efetivasse uma mudança significativa nos processos de gestão e tomada de decisão na PMBCN. Esse novo modelo teria como base o IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – que vem ajudando as empresas brasileiras na implantação das boas práticas de governança em seus modelos de gestão. Em seu livro sobre práticas corporativas, o IBGC referenda que “os princípios e práticas de boa Governança Corporativa aplicam-se a qualquer tipo de organização, independente do porte, natureza jurídica ou tipo de controle” (IBGC, 2009, p. 15). Os princípios básicos de Governança Corporativa estão alicerçados em quatro pilares: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. (IBGC, 2009, p. 19). Com o avanço dos estudos, percebeu-se que, ao optar por construir seu planejamento estratégico para efetivar seu modelo de rede educacional, a PMBCN deparou-se com uma situação inusitada própria da organização. Identificou-se que a missão e os valores do planejamento estratégico elaborado foram assimilados e assumidos pelas partes envolvidas a partir da cultura organizacional existente na Província. Porém, esse modelo de gestão não oferecia capacidade de dar respostas assertivas e estratégicas como almejava o planejamento. Ao assumir os valores a partir de um modelo de gestão ineficaz, as lideranças, tanto da Central de Serviços Compartilhados, como das Unidades Educacionais locais, repetiam as mesmas situações que por vezes não colaboravam para a gestão da rede como um todo. Por isso, uma pergunta tinha que ser respondida: como efetivar uma mudança de pensamento e de cultura organizacional, uma vez que um conjunto de ideologias e suposições de membros da própria instituição pode funcionar como mecanismo de defesa, criando uma falsa estabilidade nos processos de gestão antigos? (SHEIN, 2009, p. 33). Com essa dificuldade no processo de gestão, certamente o intuito da PMBCN, de organizar sua rede educacional, estava nascendo marcado ao insucesso. Em seu novo organograma de gestão da PMBCN, aprovado em sua Assembleia Geral Ordinária, em dezembro de 2009, evidenciou-se a separação entre Governança e Gestão da rede. A primeira, denominada Governança, mais estratégica, é responsável pelo direcionamento global da rede, planejando-a a longo prazo, bem como fazendo seu controle de desempenho. A segunda, a Gestão, é onde está alicerçada a coordenação executiva, a gestão pontual da rede 14 educacional e a prestação de serviços corporativos. No interior desse modelo organizacional, funcionam Comitês e Grupos de Trabalho, que se aprofundam em temas pertinentes, criando estratégia para uma posterior tomada de decisão para a Rede Marista da PMBCN. Esses grupos temáticos contam com a participação de diversos colaboradores das diferentes Unidades Educacionais. Assim, a PMBCN alçou voo de modificação de seu modelo organizacional, visando uma maior coletividade em seu posicionamento estratégico e evitando interferências e conflitos de interesses por parte de suas lideranças. Todas as Unidades Educacionais participaram da construção e da mudança organizacional. Garantiu-se o consenso dos grupos afins, para poder atingir satisfatoriamente a missão e as metas com desempenho eficaz (SHEIN, 2009, p. 101). A rede educacional da PMBCN começava a se consolidar. Mas, todo grupo que se entende como rede, antes de tudo, tem que aprender a se tornar rede. Esse processo não é automático e se faz com muita complexidade. Depois de anos imersas em um modelo de gestão pouco proativo, é evidente que as Unidades Educacionais da PMBCN encontraram dificuldades na implantação do novo modelo organizacional, bem como sua ação em rede. O que antes era feito de forma isolada e desconexa passou a ser realizado de forma estratégica e em grupo. Hoje, a PMBCN conta com um Comitê Executivo, elo entre a Governança e a Gestão. Esse Comitê é composto pelos executivos superintendentes da rede, com a presença do presidente do Conselho de Governança. Esse espaço é de execução das politicas consolidadas pelo Conselho de Governança, e deliberativo para questões operacionais da rede educacional. Garante-se, assim, uma maior participação de executivos no gerenciamento da rede educacional, antes centralizada em uma ou duas pessoas. No caso de instituições católicas, muitas vezes as tomadas de decisão estão centralizadas em seus associados mais antigos como Padres, Irmãs e Irmãos religiosos. Mas a participação em instâncias da Igreja, no atual cenário social, não garante expertise nos negócios ou competência para estar à frente de grandes Instituições. Foi-se o tempo em que o “ser consagrado” era a única condição para ser presidente ou executivo de Instituições católicas. A PMBCN nesse sentido conseguiu, em seu contexto de rede, dar esse passo importante como Instituição: evitar amadorismos, senhorios e desmandos em sua ação gestora nas Unidades Educacionais. Toda empresa ou Instituição necessita reconhecer “que seus projetos estruturais são falhos e que as circunstâncias mudam” (JOHNSON, 2011, p. 18). Isso requer que seus gestores busquem mudanças internas para possibilitar mais uma vez que a empresa caminhe de forma crescente. A implantação da rede educacional da PMBCN requereu um olhar provocador de sua gestão, exigindo uma mudança profunda nos processos de tomada de decisão e de gestão. Por isso, a implantação do novo modelo organizacional, com base nas novas práticas de governança corporativa, deu impulso à ideia de gestão e de como a PMBCN desejava gerir suas Unidades Educacionais: em rede! No estudo de sua territorialidade e de sua diversidade social e cultural fez-se notória a necessidade de desenvolver mecanismos políticos e pedagógico-pastorais que promovessem a consolidação da rede educacional, para garantir a unicidade e a organicidade da missão da PMBCN em sua região. A participação na construção do projeto educativo do Brasil Marista foi um marco para a consolidação da rede educacional da PMBCN. 15 2.2.4 Projeto Educativo do Brasil Marista A Província Marista Brasil Centro-Norte faz parte da União Marista do Brasil (UMBRASIL), “associação que congrega todas as instituições maristas do Brasil e tem por missão articular e potencializar a presença e a ação maristas no Brasil” (UMBRASIL, 2012, p. 10). Como articuladora de projetos educacionais, a União Marista iniciou, em 2008, a elaboração de um projeto político-pedagógico-pastoral para as escolas maristas do país. A PMBCN, no percurso de consolidação de sua rede de educação básica, entendeu ser estratégica sua participação na construção desse grande projeto pedagógico. A UMBRASIL formou uma Comissão de Educação Básica, com representantes de todas as associadas maristas do Brasil, inclusive da PMBCN, com a missão de elaborar esse projeto. Com o titulo “Projeto Educativo do Brasil Marista – Nosso Jeito de Conceber a Educação Básica”, a obra foi aprovada pela [...] Assembleia Geral Ordinária da União Marista do Brasil, em fevereiro de 2010.” (IBID., p. 11). É importante conhecer esse projeto e suas características, pois ele oferece unidade ao processo educativo das escolas maristas da PMBCN. A unidade que aqui é expressa significa também respeito às diversidades1 existentes nos diferentes contextos ondes as escolas da PMBCN estão imersas. O Projeto PoliticoPedagógico-Pastoral “é um marco orientador de políticas e práticas educacionais e instrumento didático pedagógico, pois se constitui num artefato de formação dos sujeitos da educação marista” (IBID., p. 15). Por isso, faz-se necessário compreender suas características, que fazem das Unidades Educacionais da PMBCN uma rede de educação básica, pois é do Projeto Educativo a tarefa de “provocar a interação entre as pessoas, processos e ações, tendo em vista uma melhor atuação e efetivação da missão marista.” (IBID., p. 39). O Projeto Educativo Marista (2010) é pautado pelos seguintes princípios: 1. Educação de qualidade como direito fundamental – conforme as leis do Brasil, assegurado na Constituição Federal, no Plano Nacional de Educação, no Estatuto da Criança e do Adolescente, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos; 2. Ética cristã e busca do sentido da vida – fundamenta a ação humana bem como suas relações, reconhecendo e acolhendo a grande diversidade religiosa, com o intuito de ajudar na construção de um projeto de vida e favorecer a formação de pessoas integradas; 3. Solidariedade na perspectiva da alteridade e da cultura da paz – a fim de promover a participação da comunidade educativa em atividades que promovam o interesse coletivo e do bem comum para vivenciar a sensibilidade, a corresponsabilidade e a alteridade. “Educamos na e para a solidariedade, acolhendo a diversidade e promovendo o diálogo, a amorosidade e o respeito” (IBID., p. 17); 4. Educação integral e a construção das subjetividades – o processo formativo de subjetividades requer uma formação ampla da pessoa humana e de seu desenvolvimento de maneira integrada (corpo, mente, coração e espírito); 5. Infâncias, adolescências, juventudes e vida adulta: um compromisso com as subjetividades e culturas – enfatiza-se a atuação marista na “defesa, promoção e 1 Diversidade, definida no Projeto Educativo Marista, “envolve a variedade de ideias, características ou elementos pertinentes a determinado assunto, situação, ambiente ou grupo. Refere-se às singularidades de sujeitos, culturas, circunstâncias e objetos, cada uma com seu valor e significado. A diversidade se expressa em distintas condições sociais (classes sociais), culturais (etnias, identidades religiosas, valores), de gêneros e geográficas” (UMBRASIL, 2010, p. 39). 16 garantia dos direitos de crianças, adolescentes, jovens e adultos, considerando tempos, saberes e fazeres e, portanto, valorizando suas culturas e subjetividades” (UMBRASIL, 2010, p. 17); 6. Multiculturalidade e processo de significação – esse princípio, muito importante na PMBCN e na construção de sua rede educacional, devido à sua abrangência territorial, reconhece “a importância das diferentes produções culturais e dos processos de significação, opondo-se a uma visão cultural hegemônica e promovendo a inclusão e o diálogo entre as culturas nos espaços-tempos educativos” (p. 17); 7. Corresponsabilidade dos sujeitos da educação – cria espaços de debate e diálogo sobre a realidade atual, abrindo oportunidades para que o sujeito exerça sua criticidade e engajamento politico e social. “Esse principio implica capacidade de tomada de decisão, concretização das ações, compromisso com a Missão Institucional e qualificação dos processos e das práticas educativas” (p. 18); 8. Protagonismo infanto-juvenil como forma de posicionamento no mundo – enfatiza a capacidade de nossos adolescentes e jovens de se posicionarem diante do mundo e conduzir processos individuais e coletivos; 9. Cidadania planetária como compromisso ético-politico – norteador do compromisso ético-politico com a ecopedagogia2, incentivando o respeito à vida com toda sua complexidade e diversidade, orientando o sentido de pertença a uma comunidade planetária; 10. Processo educativo de qualidade com acesso, inclusão e permanência – cria espaço de acompanhamento de cada estudante para fortalecer os vínculos, “favorecendo o sentimento de pertença e a permanência na escola marista” (UMBRASIL, 2010, p.18); 11. Currículo em movimento – favorece, para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que as novas conquistas cientificas, socioculturais, políticas, econômicas e educacionais, façam parte do currículo escolar. Com o intuito de favorecer a concretização e a praticidade desses princípios, o Projeto Educativo Marista se estrutura em quatro dimensões que são ao mesmo tempo complementares e interdependentes: (i) Dimensão contextual; (ii) Dimensão conceitual; (iii) Dimensão operacional; (iv) Dimensão avaliativa. Essas dimensões oferecem capacidade dialógica no dia-a-dia da Unidade com os princípios norteadores do Projeto. A organização politico-pedagógica-pastoral expressada no Projeto Educativo Marista dá às Unidades Educacionais da PMBCN um horizonte de trabalho conjunto significativo, de um trabalho em rede. Ao assumir essa característica de trabalho, a rede marista assume consigo algumas orientações que se constituem em um sistema orgânico composto por práticas educativas e de gestão. Para a concretização desse projeto, as Unidades Educacionais pautam-se pelas opções do projeto-politico-pedagógico, descritos nos princípios acima, reafirmando as teorizações e concepções adotadas. Essas opções, por sua vez, indicam que “os ofícios assumidos pelos sujeitos do projeto e a aplicação da normatização advinda da legislação para a Educação Básica, definirão a organização e a dinâmica da escola e do currículo.” (UMBRASIL, 2010, p. 66). 2 Segundo o Projeto Educativo Marista (2010, p. 18), a ecopedagogia preocupa-se em educar para a “cidadania planetária e para o cuidado com o Planeta Terra, estabelecendo diferentes relações humanas, sociais e ambientais, a fim de construir um novo modelo de civilização sustentável do ponto de vista ecológico. Essa perspectiva implica mudança nas estruturas econômicas, sociais e culturais e reorientação dos currículos escolares, ao enfatizar as aprendizagens a partir da relação local-global e oferecer estratégias, propostas e meios para a sua realização concreta”. 17 3 O IMPACTO DO TRABALHO EM REDE NAS UNIDADES EDUCACIONAIS DA PMBCN Apresentar-se-á, neste tópico, o impacto que a adoção do trabalho em rede teve sobre as Unidades Educacionais da PMBCN. Para fazê-lo optou-se em dividir a apresentação dos dados em dois eixos principais, mas relacionados entre si. Ei-los: eixo pedagógico e eixo administrativo-financeiro. 3.1. EIXO PEDAGÓGICO Neste eixo, além da apresentação dos dados do SIMA 3 , do resultado do ENEM do Brasil Marista, da Formação Continuada e dos Projetos Especiais, também serão apresentados dados gerenciais4 relacionados ao número de alunos das Unidades Educacionais da PMBCN. 3.1.1 Sistema Marista de Avaliação - SIMA Este sistema propicia uma avaliação dos alunos de toda a rede que cursam as séries do quinto ano do ensino fundamental II ao terceiro ano do ensino médio, nas áreas de conhecimento de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas. É uma ferramenta de acompanhamento do ensinoaprendizagem do corpo discente na rede educacional da PMBCN. Propicia-se, dessa forma, uma atuação pedagógica mais criteriosa nos diferentes segmentos e nas distintas Unidades Educacionais da rede. Para analisar esse impacto do trabalho em rede nesse item, exemplar-se-á com os dados consolidados da média geral dos 5os, 9os e 3os anos, das Unidades Educacionais da Província, no ano de 2011 (Tabela 1); e dados consolidados dos 3os anos das Unidades Educacionais, de pontuação em Física e Geografia, dos anos de 2006 a 2009 (Tabela 2). os os os Tabela 1 – Média geral SIMA dos 5 , 9 e 3 anos – 2011 Fonte: Arquivos da Gerência Educacional – PMBCN (2011) 3 SIMA: Sistema Marista de Avaliação. Todos os dados gerenciais obtidos foram colhidos nos arquivos da Gerência Educacional que funciona no centro de serviços compartilhados.s 4 18 os Tabela 2 – Dados dos 3 anos em Física e Química – 2006 a 2009 Fonte: Arquivos da Gerência Educacional – PMBCN (2011) 3.1.2 Resultados do ENEM5 das Unidades Maristas do Brasil O ENEM, como um exame externo dos alunos concluintes do Ensino Médio, também se mostra como um balizador autêntico da gestão do trabalho em rede da PMBCN. O impacto da ação em rede na Província é perceptivo ao avaliarmos o desempenho das escolas maristas do Brasil no ENEM. Nos dados consolidados, das dez primeiras escolas maristas, sete são da PMBCN, como mostra a tabela 3 abaixo. Tabela 3 – Resultado ENEM 2010 - Brasil Marista Fonte: Arquivos da Gerência Educacional – PMBCN (2011) 3.1.3 Formação Continuada Outro impacto importante da ação em rede na PMBCN é a possiblidade de potencialização da formação continuada de seu corpo docente. Através dessa ação, os educadores são convidados a construir, por meio do diálogo e da reflexão, o fazer 5 ENEM: Exame Nacional do Ensino Médio. 19 educativo lá na unidade local e ajudarão na elaboração do projeto educativo da escola. Além de se manterem atualizados sobre temas socialmente relevantes. Hoje, alguns projetos já estão implantados em todas as Unidades Educacionais da PMBCN com a intenção de promover esse diálogo e reflexão. São eles: Jornadas Pastorais Pedagógicas; reuniões dos/as professores/as organizados/as por suas respectivas áreas do conhecimento; reuniões dos/as professores/as organizados/as por série/segmento; reunião de formação Pastoral/Evangelização; videoconferências com palestras e/ou discussões de assuntos inerentes ao Projeto Educativo Marista. No ano de 2010, por exemplo, a Central de Serviços Compartilhados, através de sua Gerência Educacional, promoveu o estudo de alguns temas específicos em todas as Unidades Educacionais da PMBCN. Assim, cada Unidade Educacional da rede, a partir de seu contexto local e regional, pôde aprofundar e atualizar os conhecimentos e competências de seus educadores e equipe técnica. Alguns temas foram trabalhados nesse ano, segundo dados da Gerência Educacional da PMBCN: Teorias do Currículo Tradicional, Crítica e Pós-Crítica; Introdução ao pensamento complexo; Campanha da Fraternidade 2010 – “Economia e Vida”; Matrizes curriculares de referência por disciplina e por área de conhecimento; Avaliação – módulo I; Avaliação – módulo II. No espaço da Formação Continuada, a rede educacional da PMBCN conta com um aparato tecnológico de videoconferências gerenciais. Essa tecnologia possibilita, através da transferência de dados de áudio e vídeo, conectar todas as Unidades locais à Central de Serviços Compartilhados, em tempo real. Esse recurso tem facilitado as reuniões e a formação com gestores, educadores, equipes técnicas, alunos, sem a necessidade de deslocamento das pessoas para locais de reuniões da rede. O impacto dessa ação foi a diminuição dos custos com viagens e hospedagens das Unidades Educacionais, além de uma melhor organização da formação continuada com os diversos segmentos já citados. Nas videoconferências gerenciais foram tratados temas estratégicos e de formação com os gestores das Unidades Educacionais e com grupos específicos. Na tabela 4, a seguir, veremos a quantidade de videoconferências de formação no ano de 2010, e a distribuição conforme os temas específicos tratados. Tabela 4 – Total de videoconferências de formação Fonte: Arquivos da Gerência Educacional – PMBCN (2011) 20 3.1.4 Projetos Especiais Alguns projetos pedagógicos especiais foram desenvolvidos e disponibilizados às Unidades. Tiveram um impacto significativo para a rede educacional da PMBCN. Exemplificar-se-á com dois projetos em execução e que tiveram a adesão das Unidades Educacionais. A. Projeto Intercâmbio Estudantil Rede Marista - Brasil e Mundo: Este programa estimula a imersão dos alunos da rede educacional da PMBCN em outras culturas de diferentes regiões. Os alunos estão imersos no território da própria PMBCN e do mundo. O Projeto tem como objetivo proporcionar novos aprendizados e estimular o respeito à diversidade em educandos e famílias anfitriãs, que tiveram a oportunidade de estreitar laços afetivos e compartilhar experiências culturais. Um exemplo disso: em 2010, o Intercâmbio Brasil Marista, a nível Provincial, teve a participação de sete (07) colégios e quinze (15) famílias. Nos meses de abril, maio, setembro e outubro, estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental ao 2º ano do Ensino Médio tiveram a oportunidade de frequentar, por duas semanas, outro colégio marista da PMBCN e vivenciar o dia-a-dia de uma nova família. Já no campo internacional, um grupo de 39 alunos maristas da PMBCN, de diferentes Unidades Educacionais, viajou para a Irlanda e participou de curso de inglês, atividades esportivas, sociais e recreativas na Moyle Park College. B. Projeto Professor Online: tem como objetivo discutir e trabalhar o processo de Recuperação de Estudos dos estudantes com baixo rendimento escolar nas Unidades Educacionais da PMBCN. A Recuperação de Estudos é prevista legalmente pela Lei de Diretrizes e Bases6, no artigo 13, incisos III e IV, quando dizem que é papel do professor “zelar pela aprendizagem do aluno”, “bem como estabelecer estratégias de recuperação de estudos para os alunos de menor rendimento”. E fala mais precisamente do papel da escola, no artigo 24, inciso V, alínea “e”, quando diz que há “obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos”. Ao lado da obrigatoriedade imposta pela lei, a PMBCN preocupa-se em ofertar estudos de recuperação de qualidade, que propiciem ao aluno com aproveitamento insuficiente, condições que lhe possibilitem a apreensão de conteúdos básicos e não apenas a recuperação da “prova”. Professor Online é o professor que trabalhará paralelamente com o Professor Regente (presencial) os temas e conteúdos que apresentaram baixo rendimento pelo aluno. Esse professor utilizará o recurso tecnológico de webconferência para comunicar-se com os alunos. Atuará ministrando aulas e acompanhando o aluno nos temas e conteúdos trabalhados em sala de aula pelo Professor Regente. A comunicação entre Professor online e Professor Regente é essencial para o processo de acompanhamento do aluno. Dar-se-á constantemente durante a atuação online, para que se possa relacionar o rendimento do aluno, presencialmente e online, acompanhar seu desenvolvimento cognitivo e, 6 BRASIL. LEI n.º 9394, de 20.12.96. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, Diário da União, ano CXXXIV, n. 248, 23.12. 96. 21 consequentemente, avaliar em conjunto o resultado acadêmico do aluno participante. 3.1.5 Número de alunos da PMBCN O dado gerencial do número de estudantes da rede educacional da Província quer mostrar, não meramente dados estatísticos, mas o impacto que o trabalho em rede efetiva nas Unidades como um todo. É perceptível, nos últimos anos, o ganho exponencial de alunos em toda a rede. Para exemplificar esse impacto, mostrar-se-á na tabela 5, a seguir, o número de estudantes da PMBCN, de 2005 a 2012, devidamente matriculados na educação infantil. Faz-se necessário recordar que a Província Marista Brasil Centro-Norte é constituída por duas mantenedoras civis: a UBEE (União Brasileira de Educação e Ensino) e a UNBEC (União Norte Brasileira de Educação e Cultura). Tabela 5 – Estudantes da PMBCN 2005-2012 Fonte: Arquivos da Gerência Educacional – PMBCN (2012) Resta-nos, contudo, as análises que dizem respeito aos dados gerenciais referentes à área administrativa financeira. 3.2 EIXO ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO Neste eixo verificaremos alguns exemplos de como o trabalho em rede impacta a parte administrativo-financeira das Unidades Educacionais da Província. O acompanhamento online do setor de contabilidade das Unidades, as compras e aquisições compartilhadas, o processo de fluxo de caixa, são elementos que merecem destaque nesse eixo. A PMBCN, através de seu Centro de Serviços Compartilhados, adquiriu e aperfeiçoou uma ferramenta tecnológica administrativa que faz o acompanhamento atualizado de toda a área administrativo-financeira das Unidades Educacionais. O impacto dessa ferramenta na rede educacional se mostra na possibilidade de obter dados administrativos financeiros atualizados e na possiblidade de tomada de decisão estratégica assertiva em relação à rede de Colégios. É um painel de bordo administrativo de toda a rede. Exemplar-se-á com dois gráficos a seguir, (tabelas 06 e 07), onde o primeiro mostra o acompanhamento da situação da inadimplência, e o segundo, a situação administrativa de toda a rede. 22 Tabela 6 – Acompanhamento da Inadimplência PMBCN 2005-2012 Fonte: Arquivos da Gerência Educacional – PMBCN (2011) Tabela 7 – Acompanhamento do Orçamento - PMBCN 2005-2012 Fonte: Arquivos da Gerência Financeira - PMBCN Fonte: Arquivos da Gerência Financeira – PMBCN (2011) Outro item relevante dentro do eixo administrativo-financeiro da rede é o setor de compras. A possibilidade de ganhos em larga escala e melhorias de automação de processos com o trabalho em rede tem criado um impacto na qualidade dos serviços prestados e na redução de custos. Algumas negociações em andamento e/ou realizadas pela Central de Serviços Compartilhados e que criarão impacto em toda a rede, seja na redução de custos e/ou nas melhorias de processos: contrato com correios; agência de viagens; telefonia móvel; computadores (desktops e notebooks); material de escritório; telefonia fixa; padronização de procedimentos. A tabela 8, a seguir, mostra os ganhos com a negociação com os correios, do ano 2011 para 2012. Tabela 8 – Resultado Financeiro Consolidado 2009-2011 - PMBCN Fonte: Arquivos da Gerência Financeira – PMBCN (2012) 23 Diante dessas situações elencadas no eixo administrativo, um dos grandes impactos ocasionados pela otimização dos diversos serviços foi verificado: o crescimento econômico da Província, através de seu resultado consolidado, principal impacto do trabalho em rede nesse eixo. A tabela 9, a seguir, mostra os resultados de 2009, 2010 e 2011. Tabela 9 – Resultado Financeiro Consolidado 2009-2011 - PMBCN Resultado Consolidado - Educacional Estrutura Colégio Marista Dom Silverio Colégio Marista Colatina Colégio Marista Goiânia Colégio Marista Montes Claros Colégio Marista Tijuca Colégio Marista Barra Colégio Marista Diocesano Colégio Marista Varginha Colégio Marista Vila Velha Colégio Marista Palmas Colégio Marista Janga Colégio Marista São Luís Colégio Marista Maceió Colégio Marista Natal Colégio Marista Mondubim Colégio Marista Nazaré Colégio Marista PIO X Colégio Marista Patamares Colégio Marista Champagnat Colégio Marista Araçagy Faculdade Católica do Ceará Faculdade Marista do Recife Educacional Resultado Operacional (EBITDA) 2009 2010 2011 1.191.109,30 676.868,26 3.912.765,86 -32.927,86 144.305,68 10.772,34 -712.309,43 -618.293,57 473,45 -115.537,02 208.922,59 379.628,17 788.014,53 942.535,55 1.953.340,24 0,00 -857.763,91 -290.263,83 -157.884,41 -82.824,54 130.248,93 -242.716,87 156.782,85 728.557,33 338.746,09 767.445,19 1.381.135,04 -64.771,67 -416.490,55 -618.163,27 -497.539,53 -247.330,24 -706.616,33 2.879.890,93 3.347.747,77 4.203.170,73 -1.670.882,56 -577.265,51 232.618,06 1.178.966,79 946.104,99 869.737,60 -424.147,89 -104.509,11 -212.373,93 1.157.787,97 581.297,43 2.210.970,05 -679.434,64 -425.974,27 -975.987,33 484.167,27 344.929,29 3.203.097,95 1.146.890,45 1.508.274,02 2.566.679,83 -685.532,42 -371.493,52 217.425,94 -1.093.393,48 145.692,80 120.883,78 -2.466.861,86 -1.140.319,06 -1.334.566,17 321.633,69 4.928.642,14 17.983.534,44 Resultado Final (Contábil) 2009 2010 2011 390.053,58 -218.962,98 2.838.960,76 -374.784,61 -204.389,96 -302.263,59 -876.329,57 -883.233,61 -4.046,22 -351.854,52 -55.485,58 168.263,31 -657.998,19 -336.376,13 -1.334.742,85 0,00 -969.674,04 -680.779,71 -576.799,09 -445.750,36 -220.838,03 -462.155,69 -97.742,50 489.919,23 -84.067,80 17.668,21 974.348,87 -350.303,75 -658.186,95 -890.680,60 -981.396,45 -551.755,09 -917.548,53 2.652.675,67 2.897.228,30 3.943.079,07 -1.953.419,61 -819.710,55 316.958,71 781.855,77 763.117,06 879.004,36 -466.819,08 -142.944,03 -242.513,22 338.440,46 308.611,39 1.966.370,71 -1.650.435,06 -631.468,98 -1.418.113,67 -283.662,88 -325.648,57 2.578.158,64 748.207,65 1.476.299,24 2.362.832,11 -1.041.342,66 -638.508,85 77.645,04 -1.980.704,62 -730.360,13 -772.841,47 -2.265.892,02 -1.111.232,30 -1.391.280,10 -9.446.732,47 -3.358.506,41 8.419.892,82 Fonte: Arquivos da Gerência Financeira – PMBCN (2011) Explicitados, através dos eixos pedagógico e administrativo-financeiro, os impactos da gestão em rede das Unidades Educacionais da PMBCN, torna-se necessário fazer as ponderações e considerações acerca da revisão bibliográfica e do estudo de caso. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O artigo mostrou, com o desenvolvimento dos tópicos anteriores, que a atuação e o trabalho desenvolvidos em rede podem trazer uma série de benefícios para a empresa ou a organização que a utiliza. Constata-se isso através da importância que a sociedade tem dado ao tema. No campo educacional privado não tem sido diferente. Muitos grupos vêm aderindo a esse modelo de gestão. Para aprimorar seus resultados, buscando a excelência acadêmica, a PMBCN teve que melhorar significativamente seus trabalhos na área de gestão pedagógica e gestão administrativa. O caminho para alcançar essas melhorias foi através da adoção do trabalho em rede. Esse trabalho apresentou o processo de gestão da rede marista administrada pela Província Marista Brasil Centro-Norte e os ganhos desse modelo em suas Unidades Educacionais mantidas. O acompanhamento dos processos pedagógicos e administrativos, o acompanhamento individualizado das escolas, a formação continuada dos gestores, a melhoria do desempenho em avaliações externas (ENEM), o aumento do número de alunos, a melhoria do desempenho financeiro e o acompanhamento do orçamento das Unidades, são algumas das conquistas que as ferramentas adotadas pela Rede Marista geraram para as Unidades Educacionais 24 da PMBCN. Essas conquistas apontam um ganho significativo para o trabalho em rede. No que tange ao acompanhamento da gestão educacional, percebe-se que os processos pedagógicos melhoraram e mostram a crescente qualidade do ensino nas Unidades mantidas. Qualitativamente, o aumento de matrículas efetivadas demonstra que a proposta do trabalho em rede, desenvolvido até então, vem oferecendo resultado. Na área da gestão administrativo-financeira o trabalho em Rede trouxe impactos significativos. O acompanhamento de todos os processos internos de orçamento, compras, recebimentos, inadimplência, pagamentos, entre outros, resultou em um equilíbrio financeiro da instituição o que lhe possibilita planejar seus investimentos e consequentemente a sua expansão. Como todo processo de gestão, o trabalho em rede pode trazer consigo algumas fragilidades, especialmente em se tratando da gestão educacional de um grupo presente em diferentes regiões do país. Um ponto que merece destaque é o respeito à regionalidade. O trabalho em rede deve ter sensibilidade para escutar, compreender e assimilar as características da cultura onde se encontra cada Unidade. Por isso, o trabalho da Central de Serviços Compartilhados deve ser monitorado, para que haja respeito às particularidades de cada escola e aos públicos que as frequentam. Por tudo isso, podemos concluir que o trabalho da Rede Marista, feito pelo grupo educacional da PMBCN, trouxe muitos benefícios, que impactaram de forma positiva na melhoria dos processos educacionais e na imagem da Instituição. Por isso merecem ser estudados e aprofundados. DYNAMIC AND FLEXIBILITY: THE IMPACT OF NETWORK MANAGEMENT PROCESS IN THE UNITS OF THE EDUCATIONAL MARIST PROVINCE OF CENTRAL NORTH BRAZIL Abstract: The models that involve networking are gaining significant prominence in national and international scene. Various social sectors use this term to designate this new way of acting in the market. And it is not different at the educational field. Several educational groups, either domestic or foreign, have adopted the model of networking as a tool for pedagogical and administrative management of its educational assisted units. It is also in accordance with some concepts and management practices, such as strategic planning and corporate governance. This management model has had increased adhesion among the companies in the educational area. This article aims to show the work of educational management network in the Marist Province of Central North Brazil, its main characteristics and the impact of this management model in its educational units. Keywords: Network management. Education Management. Shared services. 25 REFERÊNCIAS ALVES, Rubens. Educação dos sentidos e mais. Campinas: Versus Editora, 2005. 126 p. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006. 384 p. CAPRA, Frijof. A Teia da Vida – Uma nova compreensão cientifica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix/Amana-Key, 2001. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 698 p. CIEM - COMISSÃO INTERPROVINCIAL DE EDUCAÇÃO MARISTA. Missão Educativa Marista: um projeto para o nosso tempo. Tradução: Manoel Alves e Ricardo Tescarolo. 3. ed. São Paulo: SIMAR, 2003. 175 p. 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