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UMA PUBLICAÇÃO DO GRUPO CULTukfttíAFRO REGGAE ANO III N» 15 MAIO / 1995
o festival de RAP
qxxe balançoxx a
IíBíM,
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descubra a
capital do
reggae
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Io rçinício da
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^ das drogas
OD0CANTAGAL0
E um núcleo de
O cultura na
zona sul do Rio
E MAIS
OYOUSSOU NDOUR
4PLANETHEMP
4 ABEL DUÊRÊ
AFROREGGAE - Nfi 15 - MAIO 1995
RIAL
Desafios !
bairros mais nobres do Rio. Este as pessoas que residem em préNa última edição do ARN, trabalho que estamos iniciando dios próximos aparentemente
pedimos para que os leitores opi- no "GALO" (como o morro é cha- parece uma missão não muito
nassem sobre a capa desta edi- mado pelos moradores) esta sen- grata, mas, quando resolvemos
ção. Sugerimos Gabriel O Pensa- do respaldado pelo sucesso do iniciar este trabalho dentro de codor, Joe Higs, Youssou N' Dour, Núcleo de Vigãrio Geral e apoia- munidades, sabíamos que estaAlpha Blondy e pedimos suges- do por instituições como a FASE, ríamos expostos a tiroteios, falta
tões de vocês, leitores,
Foto José Renato de recursos e críticas.
para esta empreitada.
Por isso estamos cienNa verdade, quem letes de nossas proposvou foi uma zebra cortas e em breve serã norrendo por fora. Pois é,
mal vocês verem fotos/
a galera pediu e o ARN
notícias
desta
atendeu. Ninguém
interação social.
mais do que o Voz AtiPara terminar esta
va mereceu tanto essa
sessão de desafios,
capa - sem querer desqueremos citar a expeprezar os outros conriência vivida no dia 4
correntes -,- pois
de maio, lá em Vigário,
Fernando Xhackal, DJ
quando estávamos saLéo e Manoel Ribeiro
indo para uma aprefizeram do Festival de
sentação no Morro do
Luis Henrique (7) eBirínha (5), estrelas da Ofkina <kPercussão
Rap um evento polítiCantagalo e fomos surco de expressão dos jovens que IBISS, IBASE e Civitaa, que ao preendidos por uma incursão da
vivem marginalizados em várias longo deste processo de implan- polícia que, como sempre, chega
comunidades. Fazer um show no tação vêm discutindo conosco di- atirando. O clima foi o pior posComplexo da Maré foi um desa- ferentes formas para melhor sível. O que aconteceu naquela
fio que esta trup matou no peito, atingirmos o nosso público-alvo, data não é mais novidade para
meteu um golaço e foi pro abra- e obter qualidade durante a exe- quem acompanha os noticiários
ço.
cução das oficinas, além de su- da TV, novidade mesmo foi ver a
E é também de desafios que gerir temas e formas de aborda- determinação das crianças que
o GCAR vem se mantendo até gem de discussões que iremos fazem parte das oficinas de danhoje. Não é à toa que a partir des- levar para esta comunidade. O ça e percussão, que se comporta edição começaremos a falar funcionamento deste Núcleo será taram como profissionais, pois
mais do nosso 29 NÚCLEO CO- dentro do Complexo Escolar Mu- mesmo abaladas com o tiroteio,
MUNITÁRIO DE CULTURA, no nicipal João Goulart, no Canta- fizeram uma boa apresentação no
Morro do Cantagalo, mostrando galo, mas buscaremos atingir os Cantagalo para um especial de 30
alguns aspectos da realidade só- moradores do Pavão-Pavãozinho anos da Rede Globo.
cio-cultural desta comunidade e, no futuro, os moradores do
Essa garotada, com certeza,
fincada em Ipanema, um dos asfalto. A interação da favela com vai muito longe!
úítímas edições do ARN.
Estou orgulhosa e feliz de
saber do sucesso do trabalho de vocês e também pela
bolsa da ASHOKA que o
Júnior conseguiu. Parabéns
! Estou enviando algumas
toíiüt
fotos, uma fita de video e
uma K-7. Até mais !
Tânia Clprlano (cineasta brasileira radicada nos
EUA) - Nova York/EUA
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Gostaria que me enviasse, na medida do possível,
alguns
exemplares de todos
os n9s do AFRO REGGAE
que dispuserem. Tenho
muito interesse pelo jornal,
que posso utilizar no desenvolvimento de trabalhos culturais com alunos, professores e comunidades nas
quais atuo, além de desenvolver trabalhos sobre a
consciência negra para novembro.
Júlio César - Nova
Iguaçu/RJ
Vamos te enviar as 4
H
Estou montando um camplng Rasta e também estou
a mil por hora, mas em breve vai pintar uma verdadeira casa de reggae fora da
Babilônia. Gostaria que me
enviassem o ARN, pois quero divulgar o jornal aqui na
serra. Em junho espero estar com tudo pronto, inclusive com uma boutique, um
lugar para dançar, fazer retiro espiritual e ouvir reggae.
Ras
Mak andai
Casemlro de Abreu/RJ
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ANO III - N0 15 - MAIO 1995
UMA PUBLICAÇÃO DO
Grupo Cultural
ACro Reggae
EXPEDIENTE
Coordenador Executivo: José Júnior
Tesoureiro: Plácido Paseoal
Diretor Cultural: Luís Lopes (Teko Rastafari)
Secretário de Comunicação: José Renato
Diretor de Articulação: Rafael dos Santos
Diretor Comunitário: Arcélio Faria
Diretor Social: Waly Salomão
Diretor de Planejamento: José Marmo
Conselho Consultivo:
Caio Ferraz, Eduardo de Oliveira, Lorenzo
Zanetti, Luis Cláudio de Oliveira e Victor Valia.
Editora: Mônica Cavalcanti (Mtb. 17889).
Conselho Editorial: Frei David, Ivanir dos
Santos, Jorge Barros, João Batista e Lúcia
Xavier.
Sucursais
Salvador: Ari Lima
Belo Horizonte: Léo Vidigal - (031) 222.9888
Jurídico: Jorge Omir
Distribuição: Moisés Portela e Altair Martins.
Núcleo Comunitário de Cultura (Vigário
Geral): Angelise Rushigà, Carlos Eduardo
(Tafaraogi), Jorge Bonitinho, Kênya Dias,
Mareia Florêncio, Mônica Lopes e Sérgio
Henrique.
Colaboradores
Albino Apolmário(BA), Ana Paula Macedo,
Carlos Albuquerque, Cláudio Silva, Dirléia
Mathias (PR); Deley de Acari, Fábio
Conceição, Flávio Gomes Filho, Geraldo
Carvalho, Itallo D Antônio, Jânio de Carvalho
(BA), Liko Turle, Marcelo (Teclmomusic),
Magalli Pazello, Mareia Senna, Mariano
Ramalho, Meagan, Peter Fry, Simone Barros,
Vanderlei Berzó e Zé Maria, Zé Virgílio (BA).
Agradecimentos
ASHOKA (Cinthia Paes e Maria Néo),
ATCON (Edwiges e Xhackal), Caixa
Econômica Federal (Manoel Ribeiro), Casa da
Paz, CEAP (Programa Racial - Jorge Damião),
CEM João Goulart (Tânia Novo), Cindy
Albertal Lessa, FASE (Saap - Cléa Silveira),
IBISS (Nanko G. Van Buuren), Instituto
Civitas, ISER (ARCA - Milton Quintino),
Kabeça, UERJ (Sub-reitoria Para Assuntos
Comunitários), Vereador Edson Santos.
Projeto Gráfico: Ré
Fotos da Capa: José Renato
PuUiddade-DRPM Consultoria & Serviços
Editoração Eletrônica: Wal Pinto
Impressão: Graficado Jornal dos Sports
Tiragem: 12 mil exemplares
Sede: Rua General Roca, 818/301, Tijuca RJ; cep 20 521-070
Tds: (021) 228 5487 - Fax: (021) 205 4796
O JORNAL AFRO REGGAE NOTÍCIAS é
uma publicação do GRUPO CULTURAL
AFRO REGGAE (GCAR) e não se responsabiliza pelas alterações de última hora nos
horários e endereços fornecidos pelos
organizadores de eventos e empresas citadas.
As matérias assinadas são de total responsabilidade de seus autores.
Para quem estiver interessado em
contribuir financeiramente com o
GCAR, conta n" 62727-5, Banco do
Brasil, agência 0288-7, Tijuca/ RJ.
AFROREGGAE - N0 15 - MAIO 1995
onda da música que
fotos José Renato
no Imperator
Jâ está mais do que provado que
os ritmos provenientes da Jamaica,
África e Caribe, misturados ao suingue
brasileiro, vieram para ficar no pais
Mônica Cavalcanti
Mais um verão se foi, as folhas das árvoresjá estão caindo, é outono
e os shows de reggae nacionais e internacionais continuam pipocando por
todo o país, numa boa. E olha que muita gente apostou que o ritmo seria,
mais uma febre de temporada, como aconteceu com a lambada, e depois
sumiria do mapa- Engano brutal e totalfalta de informação. Até porque, o
reggae chegou de mansinho, conquistando adeptos ao longo do tempo e
provou com todas as letras que tem peso, verdade e alegria ... Não é embuste. Cidade Negra e Skank estão estouradaços, agenda lotada, rodando o BrasiL Sucesso mais do que merecido.
Um bom exemplo deste feito é a noite paulistana (que me desculpem
os cariocas). São Paulo é reggae de terça a domingo, num circuito pra
ninguém botar defeito, onde estão inchadas casas noturnas da melhor
qualidade como o Soweto, Btdetfbn, Cally, Blen Blen Club, Lombar e a
mais recente a entrar para a tchurma", Hollywood Concerta. Estes espaços também tocam muita musica africana e caribenha, com direito a
salsa, soukus, zouk, zaiko, makossa e por aí vai. O público dança e os
DJs detonam. Essa é a regra geral Só não vale o sonf bate-estaca. E
ainda existe a grande vantagem dos músicos locais, vez por outra, terem
a oportunidade de mpsírctr o seu trabalho.
E se o Füo de Janeiro ainda não possui tantas opções para dançar e
se divertir (algo que realmente não dá pra entender, muito menos pra
explicar), pelo menos em matéria de shows não pode reclamar. Para se ter
uma idéia dessa efervescência da música negra na cidade, vale a pena
lembrar de alguns shows que rolaram pela cidade, passada a estação
dos 40 graus, e que deram o que falar, como o do grupo Skank, Youssou
NTtour, Carlinhos Brown, Alpha Blondy e Nadigueto.
Casquete
Chaveiros
Bottons
• Conf. em geral
• Bonés
• Conjuntos infantis
(30/03J Valeu a pena espe-^
rar pelo show de lanç^m^rito de
Calango, último álbum da banda
de reggae mineira Skank, no Rio de
Janeiro. Nesta oportunidade,
Samuel Rosa, Leio Zaneti, Haroldo
Ferretti e Henrique Portugal também receberam o Disco de Ouro
pelas mais de 100 mil cópias vendidas que, por sinal, já bateram a
casa das 300 mil.
O público, que encheu o Imperator, dançou e cantou até não poder mais antigos hits (Indignação,
• CD's
• Fitas
• Brindes.
Macaco Prego, O Homem Que Sabia Demais) e várias músicas do
mais recente CD, como É Proibido
FUmar, Amolação e Pacato Cidadão.
Com direito a uma ótima versão
para Muié Rendeira.
A noite teve uip clima de festa
na casa do melhor amigo, com banda e platéia super a vontade, e um
bis que durou quase meia hora. Os
meninos de Beagá souberam dividir perfeitamente a sua alegria e
satisfação pela conquista do segundo disco de ouro com a galera, que
retribuiu com muita empolgação.
• Kangas
• Livros de autores negros
•etc...
ESPALHANDO PELO MUNDO A GRIFE AFRO-BRASILEIRA
Praça José de Alencar, 9, 1Q andar • Pelourinho
TELEFAX.: (071) 241-3875 • Bahia • Brasil
AFROREGGAE - N9 15 - MAIO 1995
Youssou N'Dour no
Heineken concerts
(08/04) Convidado
pelo anfitrião (Çarlinhos
Brown) daúltima noite do
Heineken Concerts no
Rio de Janeiro, o cantor
senegalés
Youssou
N'Dour fez uma participação impecável no palco do
Metropolitan, acompanhado pela sua banda e
o contrabaixista Habib
Faye - também senegalés
e seu arranjador ao longo de toda a sua carreira. Youssou - chamado
por um brincalhão Brown
de Wittson do Olodum - sacudiu um público comportado com o seu ginga-
do afro-pop ao detonar
músicas como Shake The
Tree, Seven Seconds e
Chimes o/Freedom.
Depois do show, um
pouco cansado, mas contente com o resultado da
apresentação, o cantor
fez questão de ressaltar
que o mais importante no
encontro musical que
acabava de acontecer era
a forte ligação entre a
cultura da África e do
Brasil.
- O contato entre a
Música Popular Brasileira e a africana ainda tem
muito o que se estreitar.
para que haja a consolidação. Essa experiência
de tocar junto com Çarlinhos Brown, com certeza, foi um passo muito
importante para esse processo de evolução. Acho
que deu para sentir que
Bahia e África estão em
perfeita sintonia. Até porque o tambor'é a nossa
primeira língua - disse.
Pela segunda vez no
Brasil (a primeira foi em
1988, no show da Anistia
Internacional em São
Paulo, quando cantou ao
lado do seu padrinho
Peter Gabriel), Youssou
NDour contou que assim
que chegou no país já estava convencido de que a
percussão brasileira funcionaria muito bem nas
suas canções.
-Ao contrário da música pop ocidental, os
sons da África e do Brasil
ainda não foram explorados totalmente e temos
muito o que fazer ainda.
Infelizmente, o mercado
fonográfico africano é
controlado por uma pequena gravadora e isso
atrapalha um pouco, mas
não impede que a música
feita na região atravesse
as fronteiras. Aí, quando
aparecemos, nos rotulam
como world music, um título completamente sem
sentido se levarmos em
conta que o mundo ocidental sempre teve uma
imagem.pejorativa e,
quando muito, exótica do
39 mundo. O que eles ainda não se deram conta é
que o mundo inteiro já se
tomou uma coisa urbana.
Eu simplesmente Canto a
minha realidade, sempre
aberto a influências que
venham acrescentar algo
mais no meu trabalho concluiu o senegalés.
nnwtttntft
A noite de Çarlinhos
Brown no Heineken Concerts teve como convidados o cantor senegalés
Youssou N'Dour, o
contrabaixista Habib
Faye, o ex-Titãs Arnaldo
Antunes e o guitarrista
americano-pernambucano Arto Lindsay. Poderia ter ficado, muito bem
obrigado, com os dois primeiros e já seria um sucesso. O entrosamento de
Brown, Youssou e Habib
no palco foi perfeito. A
noite também contou
com duas ótimas participações especiais: Caeta-
no Veloso e Marisa Monte, que subiram ao palco
para cantar Chcuies Anjo
45 e Canto para o Senegal
Brown aproveitou a
oportunidade para apresentar músicas inéditas
que farão parte do seu
primeiro disco, como
Amores Lemores - um
misto de pagode/rock.
Cumplicidade de Armário
e Doce do Mar, que compôs com Arnaldo Antunes. Apesar de não se
considerar um músico,
mas um "amontoador de
questões", ele cantou, to-
Brovm, Youssou N'Dour, Caetano Veloso e Marisa Monte'
no palco do Metropolitan
BUMíãPOP
FUNDIÇÃO
PROGRESSO
.-
27
de maio
21;00hs '
VÍDEOS • • DJs • SHOWS
SORTEIOS; camisetas,cds,cassetes e vídeos
^ Medusas Dreads
§ Ras Bernardo
á
BBBT 3.0
reggae roots e aqui
Lançamento mundial do novo LP
CD'S K7'S VÍDEOS CAMISETAS
" NATURAL MISTIC " de
Riu Francisco Otaviano 67 Ij 13 - Arpoador
Rio de Janeiro cep 22080-040
tel (021)5216144 fax (021)3261567
Brown faz a ponte
entre Bahia e África
MARLEY
mandamos para todo Bmsü
informações:
220-5022
AFROREGGAE - N9 15 - MAIO 1995
cou violão e guitarra, arrepiou na percussão e
ainda mudou de visual
várias vezes, vestindo-se
de pajé com fraque, adotando um modelito mais
grunge com direito a calça comprida rasgada, até
o final apoteótico, onde
colocou todos os músicos
de lençóis e guarda-chuvas coloridos, enquanto
do teto choviam latinhas
de cerveja. Mas de onde
vem tanta criatividade?
- Faço parte de uma
cultura oral, de rua e há
20 anos sou assim... ativo. A diferença é que agora existe a mídia atrás de
mim divulgando tudo o
que invento, mas não é
por isso que vou mudar (12/04) A escolha da
minhas atitudes. Aliás, só casa de espetáculo não foi
vou gravar um disco por- das melhores, o trânsito
que existe a necessidade para se chegar à Barra da
de se deixar um registro. Tíjuca estava péssimo, mesMinhas maiores influên- mo assim a galera regueira
cias foram Os Hercu- compareceu ao show do
lóides e os Titãs são meus cantor africano Alpha
nascido na Costa
Beatles. - tenta explicar Blondy,
do Marfim há 41 anos, que
Brown. Precisa mais al- não decepcionou a massa e
guma coisa?
fez uma das melhores apreDiante disso, já dá sentações de reggae dos úlpra se ter uma idéia de timos tempos, acompanhaque tudo pode acontecer do da competente banda
em seu álbum de estréia Sofar System.
Alpha conquistou o
que sairá pela Virgin/
público
logo de cara, quanEMI, á princípio em sedo
abriu
o show com o clástembro deste ano. Essa
sico
Jerusalém.
Ele não deisuperprodução vai contar
com assinaturas de Arto xou de fora antigos sucessos (Adonai) e cantou váriLindsay, Wally Badaron as músicas do seu último
CLevel 42) e Bob Power álbum, Dieu, como Abortíon
(The Roots).
ís a crime, WüdTime e Heol
Com a bíblia na mão, Alpha Blondy abriu o show
me. Mas o ponto alto ficou nenhuma droga para alcanpor conta da versão para çar estes objetivos. O reggae
Wdr, de Bob Marley, canta- não é sinônimo de macoda em francês e rebatizada nha, como muitos fazem
questão de divulgar. A sua
como La Guerre.
Totalmente voltado pa- verdadeira imagem precisa
ra o seu lado espiritual des- aparecer, não há necessidade que saiu de uma clínica de de ficar envolta nesta
onde ficou internado por nuvem de fumaça - disse.
Este é mais um lado do
um bom tempo para "tratamento de cabeça", o cantor africano que lutou muito
mudou totalmente o seu para chegar ao sucesso.
discurso e, para surpresa de Ainda no colégio, Alpha formuitos, faz questão de falar mou sua primeira banda,
que é totalmente contra a The Atomic Vibrations, e já
vinculação do reggae ã ma- fazia músicas que falavam
em injustiças sociais. Por
conha.
- Não faço mais uso da conta disso foi expulso da
erva. Tenho 12 filhos e de instituição. Na adolescência
repente bate o peso da res- morou durante dois anos
ponsabilidade. Não.dá pra em Nova York, período em
ficar vivendo de divagações. que estudou na Columbia
É preciso pensar no futuro University, trabalhava num
com muita lucidez e paz de escritório para se sustentar
espírito e não necessito de e o tempo que sobrava fica-
Uma
Agência
(iltiaaCriacão
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CGC 00 417 096/0001-98
va rodando os bares do
Harlem e cantando Bob
Marley de forma muito peculiar. Não foi ã toa que em
1986 gravou o álbum Jerusalém com o grupo The
Wailers.
- Sou um cidadão do
mundo e sempre procurei
incorporar elementos de
várias culturas no que faço.
Daí essa minha vocação em
fazer músicas utilizando
palavras de diversas línguas, cantando em francês,
inglês, árabe - explica Alpha
Blondy.
O responsável em abrir
a grande noite foi a banda
de reggae baiana Nadegueto, que acaba de lançar
seu primeiro CD pela Warner Continental e já está
com a faixa Anoíe aí tocando nas rádios.
Fazendo do show uma
grande festa através de músicas que mesclam o popreggae com vários outros
estilos (funk, rap, dancehall, samba-reggae, ska), o
Nadegueto - formado por
Túlio Zani (vocal), Théo Filho (guitarra), Tony Alves
(sax acústico e MIDI), Tustão Cunha (percussão),
Serginho Resende (bateria),
Papau (teclado) e Erick
Firmino (baixo) - não se intimidou e botou o público
para dançar, com direito a
ótimas versões das músicas
Corações e Meníes, do Titãs,
e They Long To Be (Close to
youj, dos Carpenters.
«Uma noite de muito
peso, com fumaça só de cigarro, fato que não apagou
o brilho do evento.
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AFROREGGAE - N» 15 - MAIO 1995
6
Gilberto Hilário, Tânia Novo e Wandedei Berzó: lideres do Càntagalo que se uniram para apoiar o CCAR
José Rçnato
Textos e fotos
Levando os valores lia cultura
e da cidadania, o Grupo Cultural
Afro Reggae inicia mais um Núcleo
Comunitário de Cultura, agora no
Morro do Càntagalo, em conjunto
com o Centro Educacional Municipal Presidente João Goulart (conhe-
cido como CIEP Ipanema), o Projeto Surfavela - oficina de aprendizado de surf e confecção de pranchas
voltada para os adolescentes do
morro - e a Associação de Moradores do Càntagalo e do PavãoPavàozinho. Por enquanto só está
funcionando a oficina de dança afro,
mas em breve haverá teatro, poesia
e composição de música popular
com Waly Salomão, sem falar na de
informática que já está sendo
viabilizada.
Em setembro do ano passado,
o Càntagalo teve contato com o
GCAR através de um evento denominado "íincamento da bandeira".
Nesta ocasião convidamos o Bloco
Afro Tafaraogi, As Damas do Rap e
o poeta e compositor local Adão
Xelebara para se apresentarem na
quadra da escola de samba Alegria
da Zona Sul. O sucesso foi muito
grande e desde então a comunidade só fazia cobrar dos nossos parceiros a data do início das oficinas.
Acostumados a só ouvir o funk
que toma conta da quadra nas noites de sexta a domingo, o fato do
AFRO REGGAE ter subido o morro
A Caixa investe em Vigário Geral
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Com o apoio de empresas como a CEF e MW Barroso a oficina de percussão
vem mudando a vida das crianças da favela.
'f udo começou com a Casa da Paz. Gra" ♦ças à Caixa Econômica Federal, a comunidade de Vigário Geral teve o projeto de
reforma da casa, em que aconteceu a chacina, feito por um arquiteto profissional. Seu
nome é Manoel Ribeiro, que atualmente alem
de ser o Coordenador do Escritório de Cidadania da CEF é também Diretor Cultural da
Casa da Paz.
Agora, são as oficinas de percussão e
dança afro do Grupo Cultural Afro Reggae GCAR que estão recebendo um apoio mais
efetivo. Sem um financiamento que permita
cobrir as despesas com instrumentos musicais, material de consumo, remuneração dos
instrutores e outros gastos diversos, o apoio
que a CEF ofereceu na época da implantação
do Núcleo Comunitário de Vigário Geral cedendo kombis para o tranporte dos instrumentos de percussão e, ibais recentemente, ao contratar a banda show Afro Reggae / Casa da
Paz para tocar durante a apresentação de
Magic Johnson no Festival Olímpico de \ferão foi de fundamental importância para o
sucesso deste projeto.
Oito meses depois do início desta intervenção cultural na favela de Vigário Geral,
com o trabalho começando a florescer, o
GCAR pode dizer que a Caixa Econômica
Federal é um banco que investe no social.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
AFROREGGAE - N9 15 - MAIO 1995
[7 úcleo Comunitário de
já está sendo visto por alguns moradores como a soluçáo para que
haja mais alternativas de cultura.
- O meu sonho era que aqui,
no Cantagalo, a gente montasse
uma banda semelhante a que já
existe em Vigário Geral. Eu fiquei
muito emocionada quando fui assistir a uma apresentação lá em
Vigário. Achei incrível como as crianças aprenderam rapidinho. É a
questão da raiz negra mesmo. E a
comunidade tem que ter alternativas ã massificação. Aqui só toca
furik, e até o pagode está perdendo
espaço porque na quadra da escola de samba é funk do início ao fim
- afirma Tânia Novo, diretora do
CEM João Goulart, local
onde vão funcionar as oficinas do GCAR.
À frente da escola desde 1990, e completando o seu
terceiro mandato consecutivo
graças ao voto dos professores
e pais de alunos, Tânia Novo
considera muito produtiva a
aproximação do Estado com as
ONGs (organização não-govemamentais).
- As ONGs no Brasil estão
assumindo o papel que deveria ser
do poder público. E eu acho que é
por aí mesmo, porque é bom que o
poder esteja com a sociedade civil.
Nesta parceria, o GCAR pode trazer uma motivação para os professores, que estáo interessados em
participar das oficinas como alunos, já que as atividades extracurriculares propostas pelo município
têm sido recusadas por eles - afirma a diretora.
Além do show promovido em
setembro, pela primeira vez o canto
de amor e conscientização de Bob
Marley foi escutado no Morro. Para
os mais velhos foi motivo de orgulho, enquanto os mais novos, mesmo sem entender as letras, pararam
para escutar aquela música, como
se ela já fosse muito íntima deles.
- Acredito no AFRO REGGAE
desde o primeiro número do jornal
e me considero um afro-reggae-maníaco. A nossa aliança começou,
em primeiro lugar, porque o reggae
é a música oficial do surf seja na
favela, seja entre os ricaços. Aqui
no Cantagalo o furik é o que
mais se curte. O
reggae, por
en-
-í^ois»—
quanto, só os gatos
pingados, mas se você
bota um funkeiro para escutar ele
gosta. Na nossa comunidade os
bailes são muito calmos porque
A^T
u i/r u 5t>\
existe um controle. Mas sempre
que os garotos vão em bailes de
outros morros correm o risco de
"dançar", como já aconteceu com
sete adolescentes só neste ano, por
causa da guerra de gangs. O reggae
pode trazer uma mensagem pacifista para as comunidades - avaliza
Vanderlei Berzó, coordenador do
projeto Surfavela.
Um dos
n»
ores problemas do Morro do
Cantagalo é a incompetência do poder público em dotar a comunidade da infraestrutura básica, assim como a violência. Com a
instalação do Centro de Cidadania
pelo governo estadual, a situação
melhorou, mas nem isto conseguiu
conter as atitudes arbitrárias do
Exército durante a ocupação do
local.
- O projeto que o Exército disse que ia trazer para a comunidade, que é de ação social com médico e dentista, nós não vimos nada.
Se o AFRO REGGAE vem para trazer cultura, vamos receber de braços abertos. De tudo o que o governo prometeu na época da Operação Rio I, nada foi concretizado a
não ser a violência. Se nem a defensora pública do Centro de Cidadania eles escutaram, imagine a
comunidade - analisa Gilberto
Hilário, vice-presidente da Associação de Moradores.
No dia 4 de maio o GCAR realizou uma apresentação das oficinas de dança e percussão do Núcleo de Vigário Geral no Morro do
Cantagalo, encomendada pelo arquiteto e empreendedor social
Manoel Ribeiro, para uma participação especial num programa
de comemoração dos 30 anos
da Rede Globo, que deverá ir
ao ar em julho.
- Fiquei muito satisfeito com o desempenho das
crianças que participam das
oficinas de Vigário e com o
poder de penetração que o
AFRO REGGAE já tem no
Cantagalo. Estou muito interessado nesse trabalho e, inclusive,
tive uma reunião com uma empresa privada de educação, onde foram levantadas algumas possibilidades de serem realizados novos
projetos juntamente com a comunidade, aliados aos projetos que já
estão em execução, como o Surfavela e as próprias oficinas implantadas pelo GCAR - conclui Manoel
Ribeiro.
ms.
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Vigário Geral • RJ • CEP 21240-690
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DANDO VIDA A SUA IMAGEM
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mm
AFROREGGAE - N9 13 - FEV/MAR 1995
^Sm** TA'S.
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movi- mento hlp hop do Rio
de Janeiro não está para
brincadeira. No último dia
22 de abril a Favela do João,
no Complexo da Maré, viveu uma tarde de glória. Rolou por lá o le Maré
Voz Ativa, um festival de rap. Durante oito horas, mais de 20 grupos se
apresentaram para um publico estimado em 5 mil pessoas, mandando o
seu recado em diferentes estilos. Entre eles o Realidade Social, Contexto, CCR (Crime com Recompensa), The
Black Brothers, Olho Negro, Ryo
Rad\kaV Re^z., DJ TR, POTVIO 50, MV
Bíll e os Internacionais MD MCs.
O evento começou no meio da
tarde, e as bandas se sucediam buscando os seus 15 minutos de fama
ao destilar mensagens de rebeldia,
exaltação à negritude, além de contar o dia a dia de quem está exposto
á violência policial. O público da favela da Maré tinha o seu primeiro
contato com o panorama do hip hop
carioca, até acontecer a primeira polêmica. A banda Ryo Radical Repz foi
proibida de cantar o seu maior hit,
incluída até no repertório dos shows
de Gabriel Pensador: Fodct-se a PolíCLCL
Sob a alegação de que poderia
haver problemas com uma música
cheia de palavrões, a direção do evento pediu ao vocalista do grupo, Yuri,
que segurasse a língua. Um contrasenso num evento que tinha o objetivo de ser pela liberdade de expressão.
O RRR aceitou não cantar e a bomba,
que eles não levaram, estourou logo
depois, quando vários grupos cantaram o que bem entenderam. E o caso
teve que ser abafado nos bastidores,
já que Yuri e Johny, do RRR, ficaram
revoltados.
- Se o show fosse de 10 da noite
ás duas da manhã ele poderia cantar o que fosse, mas as duas horas
da tarde havia muitas crianças e famílias presentes e tinha ordem de
cima da favela para não haver excessos.
- O Yuri veio aqui cantar, mas
depois ele foi embora para sua casa.
como os que aconteceram no Voz Ativa são fundamentais para o crescimento do movimento hip hop e deveriam acontecer em todas as comunidades do Rio,.
- Esta ê uma forma de conscientizar o pessoal, mostrando um trabalho diferente, um lance tranqüilo. E
acho que a Prefeitura tem que estimular cada vez mais. - opina Togun,
cantor do grupo CNC, de newjack
suAng.
- Mais do que isso, "ê um espaço
para os artistas e uma oportunidade para divulgar o movimento no Rio
- define Ricardo Brasil, cantor do
Olho Negro.
Para a maioria dos grupos o
movimento hip hop está crescendo, mas ainda vai ter que venM*>a
cer o ceticismo de alguns artistas mais antigos. Leandro, do
Contexto, conta que ouve essa mesE
u ma história desde que começou, no
durmo na Maré então Consciência Urbana junto com
e tive que censurar por- Big Richards, há cinco anos.
que era a minha cabeça que estaMas um dos principais pontos de
va a prêmio - defende-se Fernando
discussão no circuito hip hop atualXhákal, produtor do Voz Ativa e inte- mente é o crescimento do movimento
grante do Realidade Social.
funk. Até porque, o que se ouve aqui
Nada disto, no entanto, tirou o
no Brasil não ê o verdadeiro funk,
brilho do evento. Saindo do recolhi- mas sim o Miami - batida antiga dos
mento forçado de cinco meses, o ConEstados Unidos. Sem falar que os
texto fez um show barulhento. Este é funkeiros começaram a cantar a reum dos únicos grupos de rap que se
alidade em que vivem, classificando
apresenta com banda formada pelo
as músicas como sendo rap, para
trio bateria, baixo e guitarra. Márcio
desgosto dos adeptos do hip hop. DiSá, guitarrista do gtupo, confessa ter ante desta polêmica, muitos pensasofrido a influência do rock e que às vam que poderia haver problemas
vezes sua levada escorrega para o
quando funkeiros e rappers se enconPadrão ê o grafiteiro obrigatório dos festivais de rap do Rio
blues. Mas o grupo adverte:
trassem pela primeira vez. Só que na
- A letra é rap puro! Nós aponta- prática, o que se viu no Voz Ativao foi muito positivo - comemora Xhakal.
- Eu ia para o baile cantar e nas
mos a realidade: a luta contra a disXhákal ê otimista e acredita que letras a gente pedia a paz, enquanto
uma atitude de respeito ao trabalho
crimmação, contra o abatidotvo das dos grupos de arribos os lados.
se houvesse mais shows dentro das na quadra a porrada comia. Fudido
favelas e das crianças. - diz Leandro.
- O importante foi ter consegui- favelas, muitos jovens se interessari- brigando com fudido. E depois que
Os MD MCs mostraram um do mostrar o rapper não como um mo- am em compor rap. Ele mesmo já foi perdi 3 amigos assassinados na porshow diferente, embalados pelo
leque, mas como um artista que es- funkeiro, cantava o Miami (ritmo con- ta de um baile, percebi que não tisuingue baiano. É o rap tribal, como
fundido com o rap) nos bailes, nha nada a ver comigo. Agora faço letava lá paa própria dupla define. Eles são acommas insatisfeito, com a tras sem meios termos, falando o que
ra apresenpanhados ainda por uma vocalista e
pressão dos donos de quero, sem lá lá lá nenhum.
tar e divuldois bailarinos que mostram não só
equipe que queriam degar o seu
Além dos funkeiros, o show tamos movimentos da dança de rua, mas
terminar o que ele ti- bém reuniu, sem problemas, jovens
trabalho.
também um pouco da capoeira.
nha que cantar, entre de favelas tidas como inimigas, que
Com
Morando em Nova Iorque há isto,
tantos outros motivos, em dia normal não poderiam entrar
quatro anos, os MCs Marivaldo e
partiu para ali. Havia moradores da Nova HoconDavi estão no Brasil desde dezembro
o hip landa, Mineira, Rocinha e Alemão e
para divulgar o disco que saiu pela
hop.
muito garoto da zona sul.
gravadora EMI. No Voz Ativa mostra- Os playboys estão vindo até a
ram ao público Você me Deixou, atual
gente. Estão vendo que nós temos
música de trabalho, Rap à Ia Bahia,
condições de montar um grande paluma gostosa mistura de rap com
co e de cantar com microfone sem fio
timbaus e outros instrumentos
também. Eles estão vendo de perto
percussivos, e Salvador Astral músique o negro não é aquilo que ensica incluída na coletânea Planei Rap
naram - afirma Xhakal.
lançada nos Estados Unidos e já á
Assim como nas duas edições
venda no Brasil
do CDD (festival de rap da Cidade
seguimos
O entusiasmo com o show foi tans
criar um elo
de Deus), organizadas pela ATCON,
to que os MD MCs estão pensando
o grafiteiro Padrão esteve presente
de respeito.
num evento no mesmo estilo, em SalE os funmostrando a sua arte. Ele está envador, sua cidade natal. Em maio,
keiros que
volvido com o movimento desde
quando eles voltarem dos Estados
estavam pre1989, quando começou a dançar
Unidos, começarão os preparativos.
sentes batebreakem Belo Horizonte. Pelo fato de
- Em Salvador a axé music é ram palmas e
não compor músicas e gostar de demuito forte, mas tem muita gente que
curtiram o
senhar, esta foi a forma encontrada
faz e curte rap. Tem espaço - avisa
som. Se o capor ele para passar as suas mensaum entusiasmado Marivaldo.
ra gosta de
gens. Padrão acha que o movimento
funk, isso não
no Rio está melhor do que no resto
O RAP na Favela
significa que
do país, apesar de ser o mais novo.
Prestigiado pela grande imprennão precise resMesmo engatinhando, o movisa, este evento pode ter sido um ponpeitar os outros
mento hip hop do Rio promete, mas
to de partida para que o rap venha a
artistas, e vicequem perdeu o Voz Ativa não precisa
ser mais conhecido. Na opinião de
se desesperar. Em julho tem o 39
versa. O resultaMadeira América, Ponto 50 e Togwrforam duas atrações da Voz Ativa
todos que estiveram por lá, shows
do do evento foi
CDD. No mais, YO!
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AFROREGGAE - N9 15 - MAIO 1995
10
I
na diáspora Africana
Negros brasileiros e americanos vivem um mnrnento favorável a aproximação
José Renato
As relações entre Brasil e Estados Unidos sempre primaram pela
desigualdade. Ela poderia ser descrita pela relação entre o primo pobre e primo rico. Não foi à toa que o
Presidente Fernando Henrique, embalado pelo plano real, teve que
anunciar antes de embarcar para os
Estados Unidos que não estava indo
para pedir nada, mas sim para firmar uma relação de parceria.
O curioso de toda esta história é que os próprios americanos começam a demonstrar um real interesse pelo Brasil. Em fevereiro deste ano, o Departamento de Comércio
Americano enviou uma delegação de
empresãrios negros que visitaram
as cidades de Rio, São Paulo e Salvador. Gostaram muito do que viram
e fizeram muitos contatos. Corre-se
o risco deles perceberem, antes mesmo dos brasileiros, um dos fatos
mais óbvios. Que 50% da população
brasileira é negra (pretos e mulatos)
e que o Brasil é, portanto, um enorme mercado em potencial para os
seus produtos.
Em meio a este clima de reavaliação das relações entre os, dois
países, as comunidades negras dos
dois países parecem ter acordado
para o fato de que se não travarem
um contato direto, novamente ficarão excluídas dos ganhos. Um trabalho ainda pequeno, mas com a
persistência de duas formiguinhas
deve vir a trazer muitos resultados.
Edna Thomaz Rodrigues da BASE
[Brazil Action SoUdaríty Exchange),
uma ong que visa promover o intercâmbio entre os dois países, e
Maurice Camey - PhD em Ciências
Políticas e coordenador de um projeto de formação de lideranças políticas negras - têm levado brasileiros para os EUA a fim de que divulguí*n seus projetos, normalmente
na área social, e consigam parcerias com entidades americanas. José
Marmo, diretor de planejamento do
GCAR e coordenador do projeto
ODÒ-YÂ - pertencente ao ISER, onde
trabalha com a prevenção da aids em
terreiros de candomblé, esteve no
mês de abril em quatro cidades americanas (Wa
shington, Nova
York, San
Francisco
e Berkley).
Entre os vãrios en
contros
que teve,
ele destaca
um com antropólogos
que trabalham
com antropologia médica na
África, em que
houve um amplo
debate sobre a medicina tradicional,
para que se possa
avaliar a importância
de sua viagem.
- Foi muito bom ^
saber que na África isto
continua acontecendo,
para sabermos como no
Brasil os tratamentos apli- £ íA*
cados por pais e mães de
J0 tr*!
santo através do uso das fo^
lhas, dos banhos, dos ébos,
além da utilização das garrafadas e
das raízes têm muitas semelhanças
- recorda Marmo.
Neste encontro discutlu-se ainda as maneiras pelas quais se poderiam manter um contato permanente daqui para frente. O resultado é
que serã firmado um contrato de
trabalho com a Universidade de
Berkley para que um grupo de antropólogos venha ao Rio conhecer as
oficinas dos Núcleos Comunitários
de Cultura do GCAR (dança afro,
percussão, reciclagem de lixo e esporte), e os trabalhos desenvolvidos
pelo projeto ODÔ-YÂ.
- Os negros brasileiros são importantes neste momento para os
americanos, até para eles reforçarem
a sua identidade. Eles já perceberam
que sozinhos não vão conseguir muita coisa. É preciso que todos os ne-
gr os do mundo
não importa se
afro-brasileir o,
afro- caribenho
ou afro-americano estejam
juntos neste
momento.
E isto é
que possibilitou
um maior cont a t o
com
o s
EUA
N a
medida
que este pensaIfc erf1
mento se difunde haver ma s
^
l brasileiros indo para
lã e mais americanos vindo para o
Brasil - resume a situação, Marmo.
Realidade» Diferente*
Nos EUA, até pelo telefone sabese qual é a cor da pessoa com quem
se fala, devido ao sotaque. Um fato
inimaginãvel no Brasil, onde a miscigenação atingiu um estagio tão forte que mesmo os brasileiros que se
consideram brancos, quando viajam
para lá, são tratados como hispânicos.
De formação católica ou protestante, a religiosidade afro é desconhecida para eles. O candomblé não
existe, a não ser por alguns poucos
pais e mães de santo da Bahia que
estão abrindo casa por lã ou tem filhos de santo americanos. O que eles
melhor conhecem são as santerias
cubanas, que estão se proliferando
com muita rapidez.
Se nos EUA a organização polí-
INSTITUTO CIVITAS
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tica é maior - desde os mais pobres
até os mais ricos normalmente têm
em suas casas um retrato de líderes
como Marthin Luther King ou
Malcom X-, os negros ainda são uma
minoria étnica, por maior visibilidade social que tenham conseguido
através do poder econômico. No Brasil, as ligações com as tradições afro
impregnaram a cultura brasileira a
tal ponto que não se consegue mais
distinguir com nitidez onde começa
e termina a influência do negro na
sociedade.
Na educação eles também já
avançaram bastante. Na Universidade de Howard, por exemplo, em Washington, com 12 mil alunos cerca
de 98% são negros, sendo que destes 8% são estrangeiros.
Mesmo nos bairros pobres americanos a maioria tem carro e mora
em apartamentos equipados com todos os eletrodomésticos. Mas a evidência de que as coisas não vão bem
está nos altos índices de alcoolismo
e consumo de drogas entre os negros.
- Por mais que falássemos da
nossa desorganização, os americanos mesmo diziam que a experiência
deles não deveria servir de modelo
para nós. É equivocado pensar que
os negros americanos cultivam uma
postura de prepotência. Eles não
acreditam que possa haver alguma
mudança interna, se não houver uma
aliança internacional, e o Brasil é visto
como o ponto de partida para que ela
aconteça - afirma Luís Carlos Gâ.
Conselheiro da Casa Brasil
Nigéria, Gá esteve durante 10 dias
em Maryland e Washington, duas
cidades da costa leste, como integrante de uma comissão de cinco
brasileiros, composta por representantes do Centro Cultural Municipal José Bonifácio, Instituto Palmares de Direitos Humanos, além do
vereador Edson Santos, que foram
buscar apoio para iam projeto de comemoração dos 300 anos de Zumbi.
- Na visão deles Palmares
extrapola a todas as lutas dos negros
da diáspora, já que todas tinham um
caráter abolicionista. Mas Palmares
tinha o objetivo de formar uma nação - sentencia Gá.
PROGRAMA VIBRAÇÕES POSITIVAS
Rádio Imprensa FM 102,1
14hàsl6h
Produção Musical:
Teko Rastafari
Apresentação:
Quadro da Mulher:
Fábio Conceição
Joselina da Silva
Todos os Domingos
REALIZAÇÃO VP PRODUÇÕES
Vibrando Positivamente e Balançando Sem Perder a Base
™
AFROREGGAE - N9 15 -. MAIO 1995
11
LAN ET
az rap'
lolldobom
Mônica Cavalcanti
Usuário é o nome do álbum do Planet
Hemp que acaba de ser lançado pela Sony
Music, o primeiro da série SuperDemo (uma divisão do selo Chãos) e que escancara nas letras
e no som, numa mistura pra lá de interessante,
onde o rap e o metal dão a tônica. Só que a banda, formada por Marcelo D2 (vocal), BNGÃO pronuncia-se benegão - (vocal). Bacalhau (bateria), Rafael (guitarra) e Formlgão (baixo), não
parou por aí e se embrenhou pelos caminhos
do pagode de morro, soul, funk, reggae,
dancehall, blues, rock e hardcore. Dá pra imaginar? Só ouvindo...
Das 17 músicas do disco, 14 falam a respeito da maconha, aliás, como a própria palavra hemp (uma das tantas gírias utilizadas para
a erva), além de todos os integrantes do PH não
terem a mínima cerimônia em falar abertamente que fazem uso dela. Mas que fique claro: nem
de longe eles pretendem fazer apologia ã droga.
:
Só estamos expondo a nossa opinião e
conseguimos espaço para isso através da música. Não queremos levantar bandeira alguma, pró
qualquer coisa. Um dos maiores problemas que
o Rio vem enfrentando está muito claro e diz
respeito ao tráfico de drogas. O exército foi para
as ruas e a guerra nos morros da cidade continua. Não dá pra ficar passivo diante desta situação. E a descriminação da maconha vai, pelo
menos, diminuir o alto poder dos traficantes diz Marcelo D2.
O Planet dedicou o CD ao ex-vocalista
Skunk, morto de Aids ano passado, quando o
O grupo carioca
lança o
* primeiro disco
e prega a
descriminação da
MACONHA
c
Centro de
popul
grupo ainda era sócio de carteirinha do Garage
Art Cult, lar doce lar do underground carioca.
Há 2 anos, época em que Marcelo D2 e Skunk
eram camelôs no centro do Rio, a dupla saiu a
procura dos demais integrantes na correria, pois
já haviam marcado um show no local e ainda
não tinham banda. E o grupo, passado esse tempo, continua assim, com pressa, só que agora
de falar o que pensam para um público maior, e
que ninguém tente modificar seus objetivos,
proposta de trabalho, visual ... porque eles viram fera. São autênticos por natureza.
- O disco foi produzido pelo próprio grupo, junto com o engenheiro de som Fábio
Henriques, que soube se integrar perfeitamente ao nosso som e idéias e só veio a acrescentar,
dando toques importantes, mas mantendo com
fidelidade o nosso som. Por isso, também fizemos questão de participar de todo o processo,
desde as fotos de divulgação, passando pelo CD
até o vídeo. Tudo é a nossa cara, do jeito que
imaginávamos - explicam.
Legalize Já, a primeira música de trabalho, já está tocando na§ rádios e o clip (sensacional!) acaba de ser liberado para passar na MtV
após ás 23:00h. Apesar de estar sendo encarado pela galera como um hino de campanha a
favor da descriminação da maconha e contar
com um sampler no fim da canção de Legalize
It, de Peter Tosh, o PH avisa que não está
engajado em nenhum movimento para a liberação da erva. O negócio dos caras é cantar e tocar e isso hão é papo furado de maluco beleza.
Eles também abordam de forma rápida e direta,
semmelancolismo, problemas como o racismo,
violência policial, miséria e as chacinas de meninos de rua. Mesmice e tédio não tém nada a
ver com essa turma que, desde o início, já vem
provocando muito reboliço, e do bom, no cenário musical carioca. E ao que tudo indica, vão
conquistar o país. Para o Planet Hemp vale tudo,
até um ótimo ragga-rapeado.
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AFROREGGAE - N9 15 - MAIO 1995
12
# A Sony ^luslc acaba de lançar no
mercado mais uma banda de reggae
brasileira, que desta vez vem de Porto
Alegre: a Papas da T-*wpia Formado
há 2 anos, o grupo fez um planejamento de sua carreira que significou, entre outras coisas, gravar logo uma
demo e bater à porta das gravadoras.
Para espanto de muitos que Já tentaram esse árduo caminho, o Papas saiu
da Sony contratado. Eles definem seu
trabalho como uma mistura de reggae,
rock, MPB e música negra. É ouvir para
conferir.
# A dupla de rap MD MCs (M de
Marivaldo e D de Davi) Já está com o
seu álbum de estrela na rua, via EMI
Odeon, e prontíssima para cair na estrada. Participam do disco desses
baianos que moraram por 3 anos em
Nova Iorque figuras como Gerônlmo,
Lord K, o reggaeman Papa Linley e o
rapper Otello. Destaque especialíssimo
para a faixa Rap à Ia Bahia, que mistura rap com ümbaus. Multo bom!
# O grupo de reggae carioca Negril (antiga KMDS e uma das bandas mais
antigas da Baixada Fluminense) está
com uma fita demo da melhor qualidade rolando pela. cidade e tem tudo
para detonar. Com a entrada do novo
vocalista Walney, eles mostram um vigor e suingue ainda maior ao unir as
influências do soul ao reggae tradicional. Além de composições próprias, o
NegrlI inclui em seu repertório versões
para músicas de Steel Piulse (Shining)
e Thlrd World (Commited). Quem teve
a oportunidade de vê-los abrindo o
show do Cidade Negra em março, no
Circo Voador, sentiu que os caras não
estão para brincadeira. Alô, aló gravadoras ... o que vocês estão esperando?
Contatos pelo telefone (021) 29S-6138
(falar c/ Andréa ou Clara).
# Atenção galera! Não vai demorar multo para o ótimo cantor baiano Lazzo
lançar o seu 4e álbum de reggae. O ARN
teve a oportunidade de ouvir algumas músicas antecipada
mente e pôde comprovar que o trabalho - grava-
# Tem mais
reggaeman
internacional pintando no
pedaço.
Desta
vezé o
d o
n a
- ê de
peso e
ótima
qualidade, com
direito a
uma criativa
versão
de
Gostam Tonto
de Você, do
mestre
Tim
Mala.
Quem
também Já está
prestes a colocar
no mercado o seu
primeiro disco é a
banda de reggae
paulista Walking
Liona, provavelmente
de agosto.
irTVK REGGAE
ESCOREGGAE (SP) - Nova FM - 89,7 - sexta e
domingo, de 2 Ih às 22h -produção: Domy D. e Herve
Tano
REGGAE RAIZ (SP) - Rádio Brasil 2000 - 107,3 terça e quinta, de 20h às 22h -produção; Jai Mahal e
China Kane
REGGAE A COMPANHIA (ES) - Rádio
Universitária - domingo, de 17h às 18h - produção:
Saul Castelo Filho
SUNSPLASH RÁDIO REGGAE (PA) - Rádio
Cultura - 93,7 - sábado, de 17:30h às 18:30h produção: Toni Soares
LIBERAL RÁDIO REGGAE (PA) - Rádio Marabá
Liberal - 93,9 - sábado, de 20h às 21h - produção:
Heribcrto Dutra
REGGAE POINT (MA) - Rádio Mirante - 96,1 -
Jamaicano Primitive, que acaba de
yii'e J
lançar seu primeiro álbum,
Razz Mouemenís, pela gravadora
Eldorado. Ele esbanja versatilidade e
talento ao fundir as mais variadas tendências do reggae, como o dancehaü,
raggamuffln, ska, roots rockers, lovers
rock e o razz (rasta Jazz) - que une a
pegada Jamalcana com o refinamento
(>>
sYw
no mes
# Em maio de 1992 foi ao ar o primei-
Jt ■ L.; .J). UL > U
| 3S | L* ^
ro programa de rádio inteiramente voltado
para os grupos afro-brasilelros numa FM do Pio. Pois ê,
3 anos depois ele vem crescendo e se diversificando
cadaveematiBÜO Programa Vlbraç&ea Poslti, que: era a única e
exclusiva referência
dos Blocos Afros do
Rio no seu inicio, hoje
toca de tudo um
pouco, mas sem
perder a sua originalidade que ê a
música negra.
Parabéns a toda
equipe ! Vibrações Positivas!
P
segunda à sábado, de- 17h às 18h - produção: Fauzy
Beydoun
DOUTOR R1P(SP) - Rádio Rádio Metrô FM àe 2'
à 6' às 12h. Apresentador Paulo Brown. JP?**. Variedades
ARGO/V/lí/r/tS (SP) - Eldorado FM - 92,7 - sexta às
12h e reprise sábado às 20h- produção: Matias
HBRAÇÕES POSITIVAS (RJ) - Rádio Imprensa 102,1 -domingo, de 14h às 16h-produçao:AnaPaula
Macedo.
CHARME CASSINO DISCO CLUBE (RJ) - Rádio
Imprensa - 102,1 - sábado, de 15h às-lóh produção: Zezmho.
TRIBUNA WORLD MUSIC (PetrópoUs) - Rádio
Tribuna FM - 88,5 - quinta, de 22h às 23h
riVI FÜNK
BIG MIX (RJ) - Rádio RPC - 100,5 - segunda a
»&
'
qf '•H'
as\ *tf o K
sábado, de 16h às 18h - produção: DJ Malboro
SEIS E DANCE (RJ) - Rádio RPC -100,5 - segunda
a sexta, de 1 Sh as 20h-produção: DJCorello
ÁGUIA DISCO e A COVA (XX) - Rádio Imprensa 102,1 - segunda a sexta, de 12h às 13h - produção:
Wandir e Português
OMELHORDA C/iSHBOX (RJ)-Rádio Imprensa
- 102,1 - segunda a sexta, de 13h às 15h - produção:
Marcão e Mingau
FURACÃO 2000 (RJ) - Rádio Imprensa -102,1 segunda a sexta, de 17h às 19h - produção: Rafael
SOM NA CAIXA (RJ) - Rádio Imprensa -102,1 segunda a sexta, de 13hàs 15h - produção: Zézinho
ZZCLUB (RJ)-RádioImprensa-102,1 -segundaa
sexta, de 15h às 17h - produção: DJ Malboro
AJVI
Programas de ümband» e Candomblé
melódico e harmônico próprio do Jazz.
Primitive Já está com shows agendados
no mês de Junho em São Paulo, Salvador e Curitiba. Quem sabe o Rio também entra nesse circuito?
# Agora é pra valer. Depois de vetado
pelo Prefeito do Rio, a lei que institui o
Dia da Conaclencia Negra (20 de novembro) como feriado municipal foi
aprovada pela Câmara. O autor da façanha. Vereador Edson Santos, mal co- memorou a conquista e Já enviou outro projeto à Câmara, criando incentivo fiscal pra projetos culturais em homenagem a Zumbi dera Palmares. De
acordo com a proposta do vereador as
pessoas Jurídicas poderão deduzir até
10% do ISS devido para patrocínio dos
projetos até o limite de SSOO unifs por
cota de patrocínio e de 27.800 unifs
no caso de assumir todo o projeto. A
proposta está sendo apreciada pelas
comissões da Câmara - Já foi aprovada por duas - e deve ir a votação no
segundo semestre.
# Está armado o mais novo point do
reggae. Todos os feriados no Bar AquaVentiw - praia de Geribá - em Búzios,
o DJ Leo e o professor Marcão agitam a
moçada com muito reggae e
lambaeróbica.
# O Grupo Cultural Olodum comemorou 19 anos de fundação em abril e,
mostrando que a renovação é importante mesmo em time que está ganhando, aproveitou para dar posse a sua
nova diretoria. José Carlos Conceição,
o Nego, é o Presidente, Eusébio Ferreira
é o Vice e João Jorge passa a ser Diretor de. Ctíltssra. Nós, do GCAR, desejamos mais 15 anos de sucesso, com axé
especial paia Walmlr França, Assessor de Cultura de todas as diretorias
do Olodum.
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r-p
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RÁDIO SOLEMÕES
MAGIA E MISTÉRIOS - quinta, de 24h às 2h produção: Gina de Yansã e Ruy de Ogum
UMBANDA RELIGIÃO REGE UMA NAÇÃO terça, de 23h às 24h -produtor: Nelson de Azanssum
PROGRAMA CULTURAL AFRO BRASILEIRO
- domingo, de 22h às 24h - produção: José Beniste
RÁDIO METROPOLITANA
POR DENTRO DO CANDOMBLÉ - sábado, de
21h às 23h - produtor: Guilherme de Ogum
RÁDIO REGGAE (MA)
Rádio Ribamar - 1.180-segunda a sexta, de 16hàs
1 Th - produtor: Fauzi Beydoun
TV
FURACÃO 2000 (RJ) - CNT - Canal 9 - sábado,
de 12h às 14h - apresentação: Rômulo Costa e
Verônica Costa
Cortes Afro
Direção: Janir 5. Josá da Silva
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Permanente
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Inhaúma - Rio de Janeiro - Tek(02t) 260 5669 I
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AFROREGGAE - N9 15 - MAIO 1995
13
L
Uma agradável profusão de
ritmos, com elementos que vão do
POP-ERÜDITO
Mônica Cavalcanti
Fica difícil tentar rotular o trabalho musical do cantor angolano/brasileiro Abel Duèrê, a
começar pela sua história de vida. Nascido em
Benguela (Angola), mora no Brasil desde 1978
quando fugiu da guerra e também tem uma ligação muito forte com Portugal, para onde seus
pais se mudaram e moram até hoje. Vivendo
entre o Rio e Bahia, em 88 resolveu batalhar
por sua carreira de cantor e foi aí que ficou mais
explícita as influências que foi sofrendo pelo que
classifica de um "triângulo amoroso entre Angola, Brasil e Portugal".
- O que eu faço é uma grande mistura de
elementos musicais que representam a minha
experiência de vida humana e cultural. Minha
mãe é angolana e sempre cantou muitos fados,
daí eu também cantar em Mora. E é assim que
vou resgatando um pouco da história de minha
terra natal, através do folclore - analisa Abel.
Depois de lançar três CDs - Criotinha (89),
Aryo do Bem (92) e Kaué (93) -, Abel foi finalista
no festival Les Decouverts em Paris, ainda em
93, e em 94 saiu vencedor do Troféu Caymmi
nas categorias Melhor Show do Ano, Melhor Intérprete, Banda, Direção Musical, Composição,
Backing Vocal e Produção, o que lhe garantiu a
gravação do seu quarto álbum, Batuquerê, que
acaba de sair do forno.
Batuquerê segue a mesma linha dos anteriores, onde o kilapanga (ritmo muito usado no
sul da África) é bastante explorado. Abel Duêrê
vai do pop ao erudito, fazendo um som tribal e
ao mesmo tempo rústico, cantando nos diale-
P
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EXPOSIÇÃO BARRACA DO TEKO
Tudo em artigo Afro Keqqae
tos klkongo, kumbundu e humbundu, além do
bom e velho português. Tudo isso acoplado a
um suingue próprio que ele diz ter incorporado
através da experiência em trabalhar com músicos brasileiros, com espaço para o afro-pop e
dançante, que se funde o reggae, funk e afrojazz.
Um bom exemplo desta fusão é a faixa
TVem de Muitas Estações, um lamento em forma de fado, onde se misturam de forma harmoniosa os instrumentos de percussão africana
com a guitarra portuguesa. Belíssima música.
O disco conta com a produção afinada de
Jodele Larcher e participações especiais de
Sivuca,(acordeon), Robertinho do Recife (guitarra) e Léo Ortiz (violino). E tem tudo para detonar, com um batuque super-original do ponto de vista rítmico e cultural.
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AFROREGGAE - N9 15 - MAIO 1995
14
Marcada pela colonização européia, Curitiba
Foto Adriana Fcrra^
José Júnior e Teko Rastafari
15 de abril de 1995. Mais um
marco na história do Grupo Cultural Afro Reggae. Foi neste dia que
começamos a desvendar Curitiba, a
fim de conferir a fama que esta cidade vem ostentando. Bandas como O
Rappa, Cidade Negra e Skarik já vinham indicando o caminho do ouro
há muito tempo, contando o calor e a
receptividade com que foram acolhidos pelo público curitibano. As noticias que chegavam sempre causavam
surpresa. Afinal, como o sul do país,
onde o frio dura quase todo o ano,
poderia competir com as raízes regueiras das cidades com população
marcadamente negras. Puro preconceito, pois nada melhor para esquentar o sangue do que uma boa música. Curitiba há muito tempo é o local onde todos os shows de reggae
lotam, e onde os eventos primam
pela organizaçáo. Se náo bastasse
isio, e ia que mora ^eraiao c;arvamo,
o maior colecionador e articulador de
reggae do país. Por essas e outras é
que nós fomos conferir de perto o que
rola por lá.
Logo ao desembarcarmos fomos
direto para a Boca Maldita (uma espécie de Cinelándia do Rio), pois aos
sábados de manhã sempre rolam encontros com vários grupos de Hip
Hop, e naquele dia a galera estaVa
esperando a presença de rap^èrs e
breakers de São Paulo. São jovens
de 16 a 23 anos de idade que buscam através da música, da dança e
BATUQUE ORUNMILA
Afro - Samba - Re^ae
A Cor òo Rio
Ensaios
todas às
terças a
partir das
20h na
quadra do
Morro da
Mineira.
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julho, aos
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terreirão na
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Teko, Geraldo Carvalho e JoséJúniorfirmaram em Curitiba mais uma parceria do GCAR
do grafite manifestar a sua opinião contra
a discriminação racial e o descaso das autoridades para os problemas sociais. Alguns casos de abuso de autoridade da
polícia também nos foram relatados. Outras formas de discriminação que estes
jovens sofrem é quando entram em
shopplngs ou nas grandes lojas. Os altofalantes chamam os seguranças para o
setor onde eles se encontram e acabam
sendo vigiados até que se retirem da loja.
Pelo que pudemos perceber, o forte
desta garotada é o break, que em locais
como o Rio já teve o seu auge no início
dos anos 80 e hoje só é praticado pelos
mais aficcionados que sobreviveram ao
modistrio. Conversamos com Jonathan,
Bill, Marcelo, Paulo e Aranha,.todos tinham as mesmas opiniões e sempre ressaltavam a importância da conscientização do negro através das suas tradições.
Em breve eles pretendem montar uma associação de Hip Hop, tipo a Casa do Rap
(Geledés/SP) e a ATCON(RJ), e estão muito interessados em manter um intercâmbio. Por unanimidade todos estes jovens
artistas de rua são fãs do Ice T, Public
Enemy e dos Racionais MCs. Conhecem
e respeitam artistas como Big Richard,
Thaíde e DJ Hum, Ryo Radikal Repz, Pivete e Câmbio Negro.
Também procuramos saber o que eles
achavam do funk Miami. Todo mundo
contestou, mas ninguém conhecia a atual
geração do funk carioca. Fomos em várias
lojas de discos e descobrimos que as bolachas de Stevie B e Latino (artistas consagrados do funk melody) são bastante
consumidas. Então vimos que muitos ouvem funk achando que é dance music, este
ritmo por sinal é a coqueluche das rádios
locais, depois vem o reggae, o pagode e o
rap. Agora quem dá um banho na programação são os grupos Skank e Cidade Negra, que conseguem emplacar quase todas as faixas dos seus CDs. Uma tendên-
cia que vem crescendo é o ragga. Muito
tocado pela Rádio Alternativa, é digerido
nos locais mais diversos, como no som ambiente do comércio, nos táxis e em bares.
E Curitiba tem tudo para revelar alguns artistas para todo o Brasil. Um que
esta só esperando a oportunidade de gravar para acontecer é EDDIE TOSTER. O
cara é um verdadeiro raggaman. Canta em
português, espanhol e agora esta se preparando para atacar em francês. Eddie faz
uma mistura de Tiger, Shaggy, Tappa Zükle
e El General, e vem se consolidando por
também cantar Jungle (aquele ritmo que o
Yuca, baterista do Rappa, sempre fala ).
Eddie já fez uma participação especial com
o Rappa e com a Banda Jualé, de SP. Além
de cantar e dançar muito bem, ele possui
uma tremenda presença de palco e neste
momento está buscando apoio para sua
primeira fita demo, que será gravada no Rio
e produzida pelo Marcelo Yuca . Todas as
músicas que canta são de sua autoria e a
partir de agora Eddie está preparando uma
nova coreografia para os seus shows, buscando dar mais sensualidade, com a participação de duas dançarinas negras no estilo Afro-Ragga.
A produtora de Eddie Toster é
Adriana Ferraz, que está começando a agendar os shows do artista. Ela também se
mostrou interessada em trazer grupos de
rap do Rio e de São Paulo para se apresentarem em vários points da cidade.
Nesta nossa tumê fomos ciceroneados
por Dirléia Mathias do grupo Baluarte Negro, uma ONG que vem trabalhando com
mulheres negras de todas as idades, promovendo desfiles de moda e eventos que
valorizem a cultura afro-brasileira. O Baluarte é o responsável pela distribuição do
ARN na cidade.
Um dos motivos da nossa ida para
Curitiba foi a festa de lançamento da 15S
edição do Jornal Afro Reggae NotíciaB na
quadra da escola de samba Embaixadores
AFROREGGAE - N9 15 -MAIO 1995
15
prova da música negra e se embebeda de prazer
da Alegria, no bairro de Santa Qultéria. Esta é a única escola de samba de Curitiba que possui um ^ocal próprio para os seus ensaios.
O Diretor Cultural da Escola é o
Doutor Saul D^vila, militante da
cultura afro que nas horas de folga
é médico, pois o seu tempo é quase todo dedicado ao crescimento da
sua agremiação e da popularização
do samba naquela região. Assistimos a uma espécie de oficina de
percussão, e a maioria dos jovens
que se mostraram interessados em
aprender a tocar samba eram brancos de cabelos louros, mostrando
que hoje a cultura afro brasileira
não fica só restrita ao negro, e sim
a todos aqueles que de alguma forma se identificam com ela.
A noite curitibana tem dois
points em que a peãozada - gíria
local - comparece em peso: o
Zimbabwe, um bàr que no dia em
que fomos tocou de "tudo menos
reggae, e o Hermes Bar, que além
de sacudir a moçada com reggae e
samba-reggae, abre espaço para
atrações ao vivo, como a banda
Aquarela que toca o melhor da música negra nacional. A Rua 24 horas é o local da saideira da rapaziada.
OGCAR também foi responsãvel por uma atração turística que
durou três dias, sabem por qué? O
Teko (Diretor Cultural do GCAR),
com as suas roupas e os dreads
chamava mais atenção do que o relógio das flores. Por onde ele passava era normal ouvirmos gritinhos
do tipo: "E dali rasta", "E aí Bob
Marley!". Teko chegou até a encontrar com seu clone, o percussionista e vendedor de produtos rastas
(batas e bandeiras) Carlitus Reis.
Ele tem uma barraca na feira de artesanato e chama a atenção por ser
negro, usar eketé e um óculos escuros by James Brown. Um visual
comum entre os integrantes do movimento rastafari de Curitiba, do
fazendo uma tumê promocional.
grafadas de artistas como Steel Pulqual ele faz parte.
se, Joe Higs, Pato Banton, Culture,
Agora, isso não quer dizer que noAos domingos rola a tradicimes como The Wailers, Bunny
Wailers e outros papas do ritmo
onal Feira da Garibaldi, onde se
Wailer, Bumny Spear estejam descomercializam produtos de artesa- jamaicano, além do maior aj-quivo
cartados. Com relação ao reggae
nato, pró_Foto
, arquivo
■ i,Baluarte
, _ M
de
discos,
Negro
nacional, ele gosta muito de ouvir
fitas piraximo
"rT^HMHm^HB^S
tas, CDs,
os CDs do Rappa, Cidade Negra,
Arcadas
Skank e Tribo de Jah, mais duas
do Pelouvídeos e
bandas locais que ainda não tivecartazes
rinho
ram a oportunidade de gravar. São
que já se
uma esa African Band e o Sr. Bananas.
teve notípécie de
Quanto a passagem do
cia em tercorredor
ra braReggae Sunsplah pelo Brasil, ele
cultural.
silis. Geque acompanhou bem de perto,
Resolvetem a sua opinião formada.
raldo é o
mos disprincipal
- É um evento superviável no
tribuir o
país,
só
que não com a fórmula que
responsáARN por
os organizadores daqui resolveram
vel pelo
onde pasutilizar. Acho que poderia ter mais
boom do
sávamos,
reggae no
artistas de peso e a produção dee
para
veria ficar sob a responsabilidade
Sul
do
nossa
de pessoas que realmente entenpaís. Resurpresa
dam de reggae. Na passagem do
cente várias
Sunsplash por Curitiba, eu mesmo
mente, ele
pessoas
tive a preocupação de divulgar o
parou de
idosas do
evento, apesar de não fazer parte
produzir o
tipo polaseu proda organização. Conseguimos coco
degrama selocar 10 mil pessoas na Pedreira
monstravam uma
Paulo Leminsk, enquanto em oumanal Estros estados o público pagante não
ta ç á o
enorme
Jamaica,
atingiu nem 20% disto - avalia.
recepna Rádio
O trabalho dos Núcleos Cotividade
Estação
munitários de Cultura também foi
ao receber
Primeira.
o jornal,
reconhecido e encomendado em
Uma perCuritiba. Recebemos vários pediquerendo
dos
para implantarmos oficinas de
da
lastisaber
Baluarte Negro: um cartão postal diferente em Curitiba
dança e percussão, mas por entudo som áve1,
quanto não achamos viável sair do
bre o trabalho que estamos desenpois o programa tinha uma grande
volvendo no Rio. A capoeira tamaudiência e tocava o melhor do
Rio de Janeiro. Mas quem sabe...
reggae mundial. Há possibilidade
pode ser que na nossa próxima vibém está presente através de alde voltar em outra emissora.
agem a gente mude de idéia, deviguns grupos organizados e da griflfe
Recentemente chegou em
do ao carinho e a receptividade da
Abada, do Mestre Camisa, que em
muvuca.
suas mãos um vasto material de
Curitiba é representada pelo Mesdivulgação sobre as bandas de
Tudo é possível!
tre Periquito.
reggae do continente africano e ele
Falar de reggae em Curitiba é
Agradecemos a Díríéia e Angela,
falar de Geraldo Carvalho, uma das já está se mobilizando para trazer
que nos hospedaram e transitaram com
figuras mais populares do cenário
alguns destes artistas ao Brasil.
a gente pela cidade, e também ao Genacional do reggae. Ir a Curitiba e
Podemos adiantar que não estarão
raldo e Adriana, que nos abriram as
não conhecer o Geraldo é como ir
entre eles Alpha Blondy (que esteportas da cidade, nos levando a todos
no Pelourinho e não ver o Olodum
ve recentemente por aqui) ou Lucky
os points do reggae e apresentando às
tocar. Sua casa é um verdadeiro
Dube. Sua proposta é trazer nomes
pessoas que promovem cultura.
museu, pois tem várias fotos autoque não são conhecidos por aqui.
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AFROREGGAE - Ne 15 - MAIO 1995
16
EISIDA
Divulgação
BUM POP REGGAE III (27/05)
Rola a maior festa reggae do Rio,
com direito a lançamento do álbum
Legend II, de Bob Marley, e ainda a
discotecagem do DJ Carlos Albuquerque e do DJAH "feko Rastafari.
Também haverá exposição de artigos
afro e show dos grupos BBBT, 3.0 AT,
Ras Bernardo e Banda e The Medusas
Dreads. Tudo isso a partir das 21h, na
Fundição Progresso (Arcos da Lapa).
4o ANIVERSÁRIO DO MEDUSAS
DREADS (02/06)
Show da banda aniversariante The
Medusas Dreads e discotecagem do
DJAHTekoRastafari. Apartirdas21h,
no Teatro de Lona da Barra (Av. Ayrton
Senna - Barra da Tljuca).
NOITE DE REGGAE (09/06)
Show com as bandas Negril (exKMD5), Grupo Vissungo e O Rappa. E
nas pick-ups o DJAH Teko Rastafari.
Ó Grupo Negril estará mostrando todo o seu suíngue na Danceteria Blue Carden
Acontece a partir das 21h, na
Danceteria Blue Garden (Av.
Suburbana, 6.131 Pilares/próximo
Norte Shopping).
I9h, a Companhia de Teatro Black em
Preto apresenta uma série de leitura de
textos de autores negros. Acontece na
FEBARJ (Av. Mem de Sá, 37 - Lapa).
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Centro Lnis Freire (Cristiano) - R. 27
de janeiro, 181 - Carmo
GOIÂNIA / GO
CA de Comunicação - UFGO
VITÓRIA / ES
Rádio Universitária - UFES
Grupo Zulu- Ed. Espenelio, apf 202,
6" etapa - Coqueiral de Itaparica - Vila
Velha
CAMPO GRANDE / MS
Grupo de Trabalho e Estudos Zumbi
- R. Marechal Rondom, 408
ünh. Popular do MS ( Naelson da
Silva Freire) - R. Barào do Rio, 488
conj. S/01
FORTALEZA / CE
Grucon - R. Nogueira Accibly, 2025 Piedade
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