Ciências Sociais - Pedro Rauber - UNIGRAN
Aula 05
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:
IMPACTOS ECONÔMICOS,
SOCIAIS, CULTURAIS E POLÍTICOS
Problematização:
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O que foi a Revolução Industrial?
Onde e quando ocorreu?
Que mudanças ela provocou no modo de vida das pessoas?
Quais os principais impactos a R I gerou na organização econômica, social, cultural
e política nas sociedades onde ela se deu primeiro?
• Que mudanças ela provoca nos outros países, como no Brasil Por exemplo?
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A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra integra o conjunto das "Revoluções
Burguesas" do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do
capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a
Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, que sob influência dos princípios
iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para Contemporânea.
Em seu sentido mais pragmático, a Revolução Industrial significou a substituição da
ferramenta pela máquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de produção
dominante. Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana para motriz, é o
ponto culminante de uma evolução tecnológica, social, e econômica, que vinha se processando
na Europa desde a Baixa Idade Média, representou o momento de consolidação do capitalismo.
Apesar de restrita à Inglaterra, ela foi responsável pela reordenação da economia mundial durante
o século 19, pois representou a nova dinâmica capitalista, responsável por superar o mercantilismo.
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O pioneirismo inglês pode ser explicado com base na existência de um Estado liberal
burguês, de capitais acumulados oriundos da exploração colonial e do domínio sobre as atividades
mercantis, até então de mão-de-obra barata, e da disponibilidade de recursos naturais.
No entanto o aspecto mais importante, ao analisarmos esse processo, é entender o seu
significado. De que maneira podemos definir a Revolução Industrial?
Se pensar a máquina e seus inventores não é o mais importante para compreendermos
esse movimento, como deve ser vista a revolução? Quais são suas características fundamentais?
Ela foi responsável pela separação definitiva entre o capital e o trabalho, pela consolidação do
trabalho assalariado, pelo controle da burguesia sobre a produção e pela formação de uma nova
classe social, o proletariado?
Quais as principais transformações que esse processo determinou na vida cotidiana do
homem inglês, em especial do homem pobre que migrava para a cidade?
Como ficaram suas condições de trabalho? Havia uma legislação trabalhista? Como foi
em relação às mulheres e às crianças?
Texto Informativo
O texto a seguir faz uma abordagem clássica sobre o tema em estudo para esta aula,
foi extraído de fontes que são indicadas e tem por função de contraponto à temática em estudos.
Eles lhe servirão como subsídio à elaboração de novas relações e sínteses.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, O MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA E
SEUS DESDOBRAMENTOS SOCIAIS
A produção manual que antecede a industrial conheceu duas etapas bem definidas,
dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo: O artesanato foi a forma de produção
característica da Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo
representado por uma produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão), possuía os
meios de produção ( era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a família
em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima,
até o acabamento final; ou seja não havia divisão do trabalho ou especialização. Em algumas
situações o artesão tinha junto a si um ajudante, porém não assalariado, pois realizava o mesmo
trabalho pagando uma "taxa" pelo utilização das ferramentas.
A manufatura predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliação do
mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse momento, já
ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido a divisão social da produção, onde
cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um produto. A ampliação do mercado
consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente
como em direção à América, permanecendo o lucro nas mãos dos grandes mercadores. Outra
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característica desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando
a comprar a matéria prima e a determinar o ritmo de produção, uma vez que controlava os
principais mercados consumidores.
A partir da máquina, fala-se numa primeira, numa segunda e até numa terceira e quarta
Revolução Industrial. Porém, se concebermos a industrialização, como um processo, seria mais
coerente falar-se num primeiro momento (energia a vapor no século XVIII), num segundo
momento (energia elétrica no século XIX) e num terceiro e quarto momentos, representados
respectivamente pela energia nuclear e pelo avanço da informática, da robótica e do setor de
comunicações ao longo dos século XX e XXI, porém aspectos ainda discutíveis.
O Pioneirismo da Inglaterra:
A Inglaterra industrializou-se cerca de um século antes de outras nações, por possuir
uma série de condições históricas favoráveis dentre as quais, destacaram-se: a grande quantidade
de capital acumulado durante a fase do mercantilismo; o vasto império colonial consumidor e
fornecedor de matérias-primas, especialmente o algodão; a mudança na organização fundiária,
com a aprovação dos cercamentos (enclousures) responsável por um grande êxodo no campo, e
consequentemente pela disponibilidade de mão-de-obra abundante e barata nas cidades.
Docas de Londres
Outro fator determinante foi a existência de um Estado liberal na Inglaterra, que desde
1688 com a Revolução Gloriosa. Essa revolução que se seguiu à Revolução Puritana (1649),
transformou a Monarquia Absolutista inglesa em Monarquia Parlamentar, libertando a burguesia
de um Estado centralizado e intervencionista, que dará lugar a um Estado Liberal Burguês na
Inglaterra um século antes da Revolução Francesa.
Principais Avanços da Maquinofatura:
• Em 1733, John Kay inventa a lançadeira volante.
• Em 1767 James Hargreaves inventa a "spinning janny", que permitia a um só artesão
fiar 80 fios de uma única vez.
• Em 1768 James Watt inventa a máquina a vapor.
• Em 1769 Richard Arkwright inventa a "water frame".
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• Em 1779 Samuel Crompton inventa a "mule", uma combinação da "water frame"
com a "spinning jenny" com fios finos e resistentes.
• Em 1785 Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.
Os Desdobramentos Sociais:
A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador
braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades,
com enormes concentrações urbanas. A produção em larga escala e dividida em etapas irá
distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá
dominar apenas uma etapa da produção.Na esfera social, o principal desdobramento da revolução
foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), como classe social definida. Vivendo
em condições deploráveis, tendo o cortiço como moradia e submetido a salários irrisórios com
longas jornadas de trabalho, o operariado nascente era facilmente explorado, devido também, à
inexistência de leis trabalhistas.
O desenvolvimento das ferrovias irá absorver grande parte da mão-de-obra masculina
adulta, provocando em escala crescente a utilização de mulheres a e crianças como trabalhadores
nas fábricas têxteis e nas minas. O agravamento dos problemas sócio-econômicos com o
desemprego e a fome foram acompanhados de outros problemas, como a prostituição e o
alcoolismo.
Os trabalhadores reagiam das mais diferentes formas, destacando-se o movimento
"ludista" (o nome vem de Ned Ludlan), caracterizado pela destruição das máquinas por operários,
e o movimento "cartista", organizado pela "Associação dos Operários", que exigia melhores
condições de trabalho e o fim do voto censitário. Destaca-se ainda a formação de associações
denominadas "trade-unions", que evoluíram lentamente em suas reivindicações, originando os
primeiros sindicatos modernos.
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O divórcio entre capital e trabalho resultante da Revolução Industrial, é representado
socialmente pela polarização entre burguesia e proletariado. Esse antagonismo define a luta de
classes típica do capitalismo, consolidando esse sistema no contexto da crise do Antigo Regime.
Primeiras invenções – A máquina de tear, a máquina a vapor, o barco a vapor, o
telégrafo, a locomotiva.
A Segunda Revolução Industrial
A partir de 1860 um conjunto de novas transformações técnicas e econômicas produziram
grandes mudanças no processo de industrialização e se estendeu até o início da 1ª Guerra Mundial.
Entre as invenções que assinalaram o começo da Segunda Revolução Industrial, três
merecem destaque especial: o processo de Bessemer de transformação do ferro em aço (Hemy
Bessemer), o dínamo, cuja invenção criou condições para a substituição do vapor pela eletricidade.
O "ouro negro" passou a ser utilizado como força motriz em navios e locomotivas. A grande
Revolução de 1789 destruiu os remanescentes da velha ordem feudal e criou condições para o
desenvolvimento do capitalismo moderno.
Conseqüências da Revolução Industrial
1. O surgimento do capitalismo financeiro – A primeira Revolução Industrial teve como
uma das suas principais conseqüências o desenvolvimento do capitalismo industrial;
2. A formação dos grandes conglomerados econômicos - Na primeira Revolução
Industrial ocorreu o desenvolvimento do liberalismo econômico, que se baseava na
livre concorrência. Esse sistema por sua vez, criou condições para que as grandes
empresas eliminassem ou absorvessem as pequenas empresas através de um processo
cujo resultado foi a substituição da livre concorrência pelo monopólio.
3. Processo de produção em série – As mercadorias passaram a ser produzidas de
maneira uniforme e padronizada.
4. A expansão do imperialismo – As potências capitalistas necessitavam de mercados
externos que servissem de escoadouro para seu excedente de mercadorias.
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Avanços da Tecnologia e seus efeitos sobre o trabalhador: a reação
dos trabalhadores
O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e máquinas.
As máquinas à vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionou o modo de produzir. Se
por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro
baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção. Na área de transportes, podemos
destacar a invenção das locomotivas à vapor (maria fumaça) e os trens à vapor. Com estes meios
de transportes, foi possível transportar mais mercadorias e pessoas, num tempo mais curto e
com custos mais baixos.
As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o melhor dos ambientes
de trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com péssima iluminação,
abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se
a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas
por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como,
por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado
ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e
passavam por situações de precariedade.
Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se organizaram para lutar por melhores
condições de trabalho. Os empregados das fábricas formaram as trade unions (espécie de
sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos empregados. Houve
também movimentos mais violentos como, por exemplo, o ludismo. Também conhecidos como
"quebradores de máquinas", os ludistas invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos numa
forma de protesto e revolta com relação a vida dos empregados. O cartismo foi mais brando na
forma de atuação, pois optou pela via política, conquistando diversos direitos políticos para os
trabalhadores.
Conclusão
A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a
ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado,
aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos,
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a mão-de-obra humana. A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o
crescimento desordenado das cidades também foram conseqüências nocivas para a sociedade.
Até os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes problemas nos países em desenvolvimento.
Gerar empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Os empregos
repetitivos e pouco qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram
profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criatividade
e múltiplas capacidades.
O empreendimento capitalista envolve dois elementos estruturadores fundamentais: o Capital e a “acumulação de capital”. O capital é qualquer recurso que possa ser investido,
gerando recursos posteriores. Como o dinheiro, todos os meios necessários à produção, oficinas,
ferramentas, etc.; e mais tarde, na fase da industrialização, fábricas e máquinas. A acumulação
de capital pressupõe a formação de “trabalho assalariado”, ou seja, são trabalhadores destituídos
nos seus meios de produção, tornando-os dependentes dos donos do capital.
Para entender o significado das duas revoluções que geraram o mundo moderno, deve-se
fazer a análise da estrutura de classe, e não o estudo da industrialização em si. Só foi possível a
emergência de uma nova classe, a capitalista, com a destruição dos privilégios da classe feudal,
isto foi dado, através de muitos conflitos. A classe burguesa conquistou o seu poder político,
travando grandes batalhas, vistas na Revolução de 1789 e outras revoluções “burguesas”.
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___Referências Bibliográficas
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? : ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do
mundo do trabalho. 3. ed. Cortez; Campinas, SP : 1995.
COULON, Olga Maria A. Fonseca & PEDRO, Fábio Costa. (Orgs) Dos Estados Nacionais à
Primeira Guerra Mundial, 1995, CP1-UFMG
HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos - o breve século XX. SP: Cia das Letras, 1995.
MANTOUX PauI. A Revolução, Industrial no século XVIII. São Paulo, Editora Hucitec, p. 164.
WOOD JR, Thomaz. Fordismo, Toyotismo e Volvismo. Os caminhos da indústria em busca do
tempo perdido. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, 32 (4): 6-18. Set./out. 1992.
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