EDIFÍCIO DIEDERICHSEN, O MARCO DAS TRANSFORMAÇÕES URBANAS DE
RIBEIRÃO PRETO
Marcelo Goveia de ARAUJO
Orientadora: Profa. Dra. Lilian Rodrigues de Oliveira ROSA
Centro Universitário Barão de Mauá
RESUMO:
Neste trabalho, teremos como objetivo, apresentar as transformações
urbanas da Cidade de Ribeirão Preto após a Crise Econômica de 1.929. E nos
utilizaremos do Edifício Diederichsen, como objeto de estudo exemplificador destas
mudanças.
Apresentaremos as mudanças econômicas, políticas e sociais, ocorridas em
Ribeirão Preto, de 1.929 a 1.959 compreendendo, portanto um período de 30 anos.
Dentro desta baliza temporal, as mudanças ocorridas na cidade, foram fortemente
influenciadas por fatores externos (Crise de 1.929, Revolução de 1.930, Revolução
Paulista de 1.932, Estado Novo, Segunda Guerra Mundial e a transferência da
Capital Federal).
Mostraremos como o processo de urbanização de Ribeirão Preto, a partir de
1.929, foi fortemente acelerado por estes fatores externos, e como a construção do
Edifício Diederichsen, entre 1.934 e 1.936, serviu como marco balizador destas
mudanças.
PALAVRAS CHAVE: Edifício Diederichsen, Art Decô, Ribeirão Preto, Arquitetura,
Urbanismo, História.
1 - INTRODUÇÃO:
Esta comunicação tem o objetivo de apresentar as mudanças urbanísticas
ocorridas na cidade de Ribeirão Preto, partindo do ano de 1.929. Nesta época a
população do município, vivia em sua quase totalidade na zona rural (esse fato
acontecia em todo o Brasil, não era um fenômeno exclusivo de Ribeirão Preto), a
cidade era vista como um lugar onde aconteciam as manifestações cívicas e
religiosas. Era na cidade onde se realizavam as transações comerciais, e onde
ocorriam os entrosamentos sociais. Mas era a zona rural que gerava a riqueza da
cidade e do país, os cafezais necessitavam de um grande contingente de
trabalhadores para a sua manutenção e produção. Em outubro de 1.929, ocorre à
quebra da Bolsa de Nova York, que seria o marco da crise financeira, esta se
alastraria por todo o planeta. A Grande Depressão como ficou conhecida esta crise
econômica, se arrastaria por toda a década de 1.930 e provocaria inúmeras
mudanças no cotidiano. Em Ribeirão Preto não foi diferente. Com o agravamento da
crise econômica, ocorre o declínio na produção cafeeira, principal sustentáculo da
economia do município. Com a queda dos preços do café no mercado internacional
e com grandes estoques reguladores armazenados, os produtores dão início à
demissão da mão-de-obra camponesa. Estes trabalhadores migraram do campo
para as cidades, provocando o inchaço da malha urbana, fazendo com que
apareçam novos bairros. Mas a cidade não estava preparada para a absorção deste
contingente populacional extra.
2 – EDIFÍO DIEDERICHSEN ARAUTO DAS MUDANÇAS URBANAS:
Até a inauguração do Edifício Diederichsen em 1.936, a arquitetura de
Ribeirão Preto, com algumas exceções poderia ser considerada provinciana, típica
de cidades novas do interior do Brasil. A cidade era uma miscelânea de estilos
diversos que iam do Neoclássico (Teatro Carlos Gomes e antiga residência do Cel.
Quinzinho da Cunha), passando pelo Art Noveau (Palacete Camilo de Matos e
Palácio Episcopal), Neocolonial (nova residência do Cel. Quinzinho da Cunha), e
finalizando com o Eclético (Teatro Pedro II e a residência da Sinhá Junqueira).
Nas edificações urbanas o gabarito padrão era o sobrado de dois pavimentos,
sendo raros os prédios de três pisos, o skyline da cidade era horizontal, os únicos
prédios que quebravam esta simetria da paisagem eram os edifícios religiosos com
suas torres sineiras e o novíssimo Teatro Pedro II.
Ribeirão Preto era uma cidade horizontal, tendo sua planta urbana
basicamente compreendida dentro do Quadrilátero Central (região entre as atuais
Av. Francisco Junqueira, Av. Independência, Av. Nove de Julho e Av. Jerônimo
Gonçalves), e parte dos atuais bairros: Vila Tibério, Campos Elíseos, República e
Vila Virgínia.
A construção do Edifício Diederichsen, marcará o início da verticalização de
Ribeirão Preto, trazendo para a cidade novos conceitos de moradia, trabalho e
hotelaria. Até a inauguração do Edifício Diederichsen, desconhecia-se o morar em
apartamentos, o conceito de condomínio é implantado na cidade, surge o primeiro
espaço corporativo de Ribeirão Preto.
Com o Edifício Diederichsen, Ribeirão Preto conhecerá outras modernidades,
como o uso de elevadores e modernos eletrodomésticos como os fogões elétricos
por exemplo. A cidade trocará os quintais pelas alturas e o individual pelo coletivo. O
Edifício Diederichsen, mudará as relações sociais, o privado passa a ser comunal.
3 – DESENVOLVIMENTO:
Para a execução deste trabalho, foi adotada como metodologia primária a
pesquisa bibliográfica, esta se dividindo em literatura específica sobre: Arquitetura,
Urbanismo e História das Artes e da Arquitetura. Esta parte da pesquisa visa o
embasamento teórico no campo da Arquitetura e Urbanismo.
A segunda metodologia empregada é da pesquisa em fontes documentais. A
documentação utilizada esta distribuída em fundos documentais de arquivos. Esta
documentação encontra-se disponibilizada no Arquivo Público e Histórico de
Ribeirão Preto, nos fundos: Prédio Diederichsen, Antônio Terreri, jornal O Diário e
Secretaria Municipal de Obras.
Para a realização do texto dissertativo que concluirá a pesquisa documental e
bibliográfica nos utilizaremos como referencial teórico da obra clássica de Jacques
Le Goff (1.997) Por amor às cidades.
4 – CONCLUSÃO:
O Edifício Diederichsen, hoje é parte do patrimônio artístico e histórico de
Ribeirão Preto. O prédio é uma edificação tombada, foi considerada como tal devido
a algumas características próprias: foi o primeiro edifício maior de cinco pavimento
do interior paulista, e foi o primeiro edifício construído no estilo Art Decô da cidade,
foi a primeira grande estrutura em concreto armado do interior do Brasil. Mas além
das características anteriormente elencadas, o Edifício Diederichsen, foi o grande
elemento de mudança do urbanismo de Ribeirão Preto, com a sua construção a
municipalidade tem que rever rapidamente o Código de Construções, e a população
tem que aprender novas regras de convívio social. A cidade cresce rapidamente se
alastrando em novos bairros, atraindo novos moradores com novos costumes,
passados 20 anos de sua construção o Edifício Diederichsen, já está defasado em
estilo e em uso. Com o rápido crescimento da cidade, logo suas imponentes
fachadas estarão escondidas por outras mais modernas, sua altura antes
incontestada estará sombreada por novos edifícios.
A decadência do Edifício Diederichsen, marcará a própria decadência do
Centro de Ribeirão Preto. Um é o espelho do outro.
5 – REFERÊNCIAS:
GOFF, J. L., Por amor às cidades. São Paulo: UNESP, 1.997.
WALKER, T. W., BARBOSA, A. de S. Dos coronéis à metrópole. Fios e tramas da
sociedade e da política em Ribeirão Preto no século XX. Ribeirão Preto-SP, Palavra
Mágica, 2.000.
O’DONNELL, J. A invenção de Copacabana. Culturas urbanas e estilos de vida no
Rio de Janeiro (1.890-1.940). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2.013.
CARDEMAN, D. & CARDEMAN, G. R. O Rio de Janeiro nas alturas. Rio de
Janeiro: Mauad, 2004.
MACIEL, M. J. P. Vitrúvio – Tratado de Arquitetura. Lisboa, IST Press, 2.000.
REZNIK, J. Cidades. A urbanização da humanidade. 3ed. Rio de Janeiro, Zahar,
1.977.
CARVALHO, B. A História da Arquitetura. Rio de Janeiro, Edições de Ouro, 1.975.
MIRANDA, J. P. de. Ribeirão Preto: de ontem e de hoje. Ribeirão Preto-SP,
Livraria Eldorado, 1.971.
VILLA, S. B. Morar em apartamentos. A produção dos espaços privados e semiprivados nos edifícios no século XXI em São Paulo e seus impactos na cidade de
Ribeirão Preto. Critérios para avaliação e pós ocupação. Tese (Doutorado – Área de
Concentração: Tecnologia da Arquitetura). FAUUSP, 2.008.
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