PARA ATINGIR LIMITE DA LRF É POSSÍVEL AUMENTO DE 66,41% NAS DESPESAS DE PESSOAL O Boletim Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento divulga frequentemente os dados da relação entre Despesa Líquida de Pessoal - DLP e a Receita Corrente Líquida – RCL. Antes de entrar na análise dos números propriamente ditos, algumas informações prévias são importantes, elas estão contidas no Boletim Estatístico de outubro de 2013. A Receita Corrente Líquida corresponde, à Receita Corrente da União menos às transferências constitucionais e legais, a contribuição ao PIS/PASEP e os benefícios previdenciários. Também são deduzidos os valores relativos aos incentivos e restituições fiscais. Já a Despesa Líquida de Pessoal Inclui a administração direta (executivo civil e militar, legislativo e judiciário) e administração indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedade de economia mista). O limite em 1995 de comprometimento da DLP com a RCL era de 60% conforme a L.C. nº 82/95 ou Lei Camata. A partir de junho de 1999, o limite da participação das Despesas com Pessoal X Receita Corrente Líquida da União, definido na Lei Complementar nº 96, de 31 de maio de 1999 passou a 50%. A partir de 2000, está sendo considerada a Despesa Pessoal Líquida que corresponde à Despesa de Pessoal menos: (-) Inativos custeados com recursos vinculados; (-) Sent. Judiciais de períodos anteriores ao da apuração; (-) Indenização por demissão; (-) Despesa de Exercícios Anteriores;. 1 (-) Outras Despesas de Pessoal (art.18, § 1º, LC 101/2000). No mesmo Boletim Estatístico de outubro de 2013, foram extraídas as informações utilizadas no presente texto e nas tabelas e gráficos dos Anexos. Feitas essas considerações vamos à análise dos dados1. Em 1995, a DLP foi de R$ 37,8 bilhões. Sendo a RCL de R$ 69,5 bilhões. Assim, a relação entre a DLP e a RCL foi de 54,5%. Ou seja, a União comprometeu 54,5% de sua Receita Corrente Líquida com a Despesa Líquida de Pessoal. Essa relação caiu para 48,1% em 1996, novamente queda para 46,2% em 1997, diminuindo ainda para 42,7% em 1998, chegando a 38,0% em 1999. Em 2000 uma pequena elevação para 38,2%, mas a tendência de diminuição da DLP em relação à RCL continua firme, até chegar ao patamar de 27,3% em 2005, e 29,1% em 2007, que são os anos de menores percentuais de comprometimento. Mês/ano Despesa Líquida de Pessoal Receita Corrente Líquida 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 37.889,20 40.900,90 44.529,70 47.946,60 49.114,30 55.429,70 58.915,00 64.379,80 70.213,90 79.959,90 82.761,60 102.496,70 112.596,00 130.636,90 149.648,80 166.590,50 179.257,80 69.574,40 85.038,10 96.324,60 112.415,40 129.141,60 145.110,60 167.739,10 200.927,20 224.920,10 264.353,00 303.015,80 344.731,40 386.763,00 428.563,30 437.199,40 499.866,60 558.706,40 % Comprometimento Variação % Anual Variação % Acumulada -6,36% -1,87% -3,58% -4,62% 0,17% -3,08% -3,08% -0,82% -0,97% -2,93% 2,42% -0,62% 1,37% 3,75% -0,90% -1,24% -6,36% -8,23% -11,81% -16,43% -16,26% -19,34% -22,42% -23,24% -24,21% -27,15% -24,73% -25,35% -23,98% -20,23% -21,13% -22,37% 54,5% 48,1% 46,2% 42,7% 38,0% 38,2% 35,1% 32,0% 31,2% 30,2% 27,3% 29,7% 29,1% 30,5% 34,2% 33,3% 32,1% 30,0% 2012 185.362,00 616.933,30 Valores em milhões correntes 1 -2,04% -24,41% Em conjunto com o presente texto há tabelas e gráficos, onde constam mais informações sobre os números apresentados, incluindo a fonte de dados e metodologia. 2 Em 2012 a DLP foi de R$ 185,3 bilhões, e a RCL de R$ 616,9 bilhões. Dessa forma, o comprometimento foi de 30,0%, havendo uma redução em 2,04% em relação a 2011. Em todo o período2 de comparação a relação caiu vertiginosamente, de 54,5% em 1995 para 30,0% em 2012. A queda de 24,41% é impressionante. Ou seja, o governo em relação à RCL gasta com a DLP, quase a metade, em 2012 do que em 1995. 60,0% 54,5% 50,0% 48,1% 46,2% 42,7% 38,0% 38,2% 40,0% 35,1% 34,2% 33,3% 32,0% 31,2% 30,2% 30,0% 27,3% 29,7% 29,1% 30,5% 32,1% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Assim, considerando que em 2012 a RCL foi de R$ 616,9 bilhões, para se atingir o limite de 50%, poderia-se ter um DLP de R$ 308,4 bilhões. Como o valor efetivo da DLP em 2012 foi de R$ 185,3 bilhões, seria possível conceder um aumento a TODOS OS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS de 66,41%, para atingir o limite previsto. Receita Corrente Líquida 2012 Limite da Despesa Líquida de Pessoal (DLP) – 50% da Receita Corrente Líquida (RCL) 616.933,30 Despesa Líquida de Pessoal 2012 308.466,65 185.362,00 Percentual Possível de Aumento na DLP PARA ATINGIR LIMITE DE 50% 66,41% Valores em milhões correntes 2 Não havia quando da elaboração deste texto os dados oficiais das despesas de pessoal de 2013. 3 Observe-se que o percentual de 66,41% é para o conjunto dos servidores. Especificamente para os servidores do Poder Judiciário Federal, conforme estudo realizado em 2012, que será atualizado posteriormente, disponível no site do www.sintrajud.org.br, o percentual possível de reajuste é bem maior. Com base nesses números, pode-se ver mais claramente que não corresponde aos fatos quando a imprensa e o governo falam de descontrole de gastos com o funcionalismo, e da inviabilidade orçamentária para se garantir a reposição das perdas e para o reajuste na data base. Ao contrário, o governo vem gastando cada vez menos com os servidores, proporcionalmente a RCL. Note que a RCL apurada, inclusive, já abate os valores da isenções e restituições fiscais, que propriciou aos grandes empresários ao longo desses anos centenas bilhões de reais. Outras centenas de bilhões de reais foram utilizadas para o pagamento da dívida aos grandes bancos. Dessa forma, a diminuição na proporção com as despesas de pessoal, serve apenas para arrochar os salários dos servidores, para na outra ponta ter mais recursos para as benesses aos grandes empresários e aos banqueiros. São Paulo, 12 de fevereiro de 2014. Washington Luiz Moura Lima Assessor Econômico 4