SOCIOLOGIA CAPÍTULO 1 PROFESSOR: JONAS MARANGONI 2015 INTRODUÇÃO A SOCIOLOGIA CONTEXTO HISTÓRICO As reflexões sobre a vida e a relação social acompanha a humanidade ao longo de sua história. Entretanto, foi apenas no século XIX que estas reflexões ganharam rigor científico e passaram a ser estudadas como Sociologia. Isto não ocorre por acaso, uma vez que no século XIX ocorre a consolidação do sistema capitalista, da industrialização e da burguesia como classe social dominante na Europa. Desde o colapso do feudalismo e o surgimento do renascimento urbano e comercial que a Europa começou a sofrer mudanças sócias drásticas. Assim, o êxodo rural, a intensificação das relações comerciais e a busca pelo acúmulo de capital transformou a vida das pessoas, que anteriormente viviam no campo e produziam basicamente para a subsistência. A partir deste contexto, surgiu uma nova classe social, a burguesia, que em busca de novas formas de acumular capital e apoiando-se no cientificismo moderno transformou-se em responsável direta pela Revolução Industrial. A partir da Revolução Industrial a burguesia se consolida como principal classe social presente no capitalismo e a urbanização também se consolida, com a busca frenética dos antigos habitantes do campo por emprego nas fábricas. Estes empregados formaram outra importante classe social, o proletariado. Desta relação entre burguesia e proletariado em um mundo urbano e complexo, com uma intensa interação social surgiram questionamentos e consequentemente a necessidade de compreensão da sociedade contemporânea por meio de uma análise científica. CONCEITO DE SOCIOLOGIA A Sociologia analisa e busca compreender de forma racional e científica os acontecimentos que se originam na sociedade. Em outras palavras, podemos afirmar que a Sociologia: Parte da observação sistemática de casos particulares para daí chegar à formulação de generalizações sobre a vida social. Portanto, a observação sistemática dos fatos da sociedade é uma condição sem a qual não há possibilidade de se produzir o conhecimento sociológico. 1 O estudo sociológico segue algumas regras, entre elas podemos destacar: • Objetividade: a Sociologia utiliza-se de uma análise científica sobre a realidade social. • Generalidade: a Sociologia busca compreender fenômenos relevantes para todo (ou a maioria) o grupo social analisado. • Neutralidade: não cabe ao sociólogo dar juízo de valor ao objeto analisado, assim não cabe ao pesquisador definir o certo e o errado nas relações sociais. • Transitoriedade: o objeto de estudo da Sociologia é variável conforme se modificam as relações sociais, que passam a ter mais ou menos importância. TEXTO DE APOIO: 2 O interesse pelos fenômenos sociais já existia na Grécia antiga, onde foram estudados pelos sofistas. Os filósofos gregos, porém, não elaboraram uma ciência sociológica autônoma, já que subordinaram os fatos sociais a exigências éticas e didáticas. Assim, a contribuição grega à sociologia foi apenas indireta. Um pensamento social existiu na Idade Média, mas sob uma forma nãosistemática de raciocínio e análise dos fenômenos sociais, pois se baseava na especulação e não na investigação objetiva dos fatos. Além disso, nesse período anulouse a distinção entre as leis da natureza e as leis humanas e impôs-se a concepção da 1 Retirado de: http://chumanas.com/sociologia-teoria/sociologia-como-ciencia/ acesso em 10/04/2014 2 FIORIN, José Augusto. Introdução à Sociologia. Retirado de: http://www.professorfiorin.com.br/2010/03/introducao-sociologia.html acesso em 10/04/2014 ordem natural e social como decorrência da vontade divina, que não seria passível de transformação. Assim, eivado de conotações ideológicas, éticas e religiosas, o pensamento social medieval pouco evoluiu. As profundas modificações econômicas, sociais e políticas ocorridas na sociedade europeia nos séculos XVIII e XIX, em decorrência da revolução industrial, permitiram o surgimento do capitalismo e libertaram pensamento dos dogmas medievais. Assim, as ciências naturais e humanas fizeram rápidos progressos. Os principais antecedentes da sociologia são a filosofia política, a filosofia da história, as teorias biológicas da evolução e os movimentos pelas reformas sociais e políticas, que ensaiaram um levantamento das condições sociais vigentes na época. Nos primórdios da sociologia, foram mais influentes a filosofia da história e os movimentos reformistas. A história permitiu o acesso ao conhecimento de dados objetivos sobre a sociedade, acumulados ao longo do tempo. Além disso, a evolução da historiografia contribuiu em parte para o aperfeiçoamento dos métodos empíricos de compilação de dados e a análise dos fatos sociais. Em relação aos movimentos reformistas, a sociologia partilhou com eles sua preocupação com os problemas sociais e não mais aceitou como fato natural condições como a pobreza, sequela da industrialização. Incorporou também os procedimentos dos reformistas, que se basearam nos métodos das ciências naturais para fazer levantamentos sociais, numa tentativa de classificar e quantificar os fenômenos sociais. A pré-história da sociologia situa-se, assim, num período aproximado de cem anos, de 1750 a 1850, entre a publicação de L'Esprit des lois (O espírito das leis), de Montesquieu, e a formulação das teorias de Auguste Comte e Herbert Spencer. Sua constituição como ciência ocorreu na segunda metade do século XIX. O termo sociologia foi consagrado por Auguste Comte na obra Cours de philosophie positive (1839; Curso de filosofia positiva), em que batizou a nova "ciência da sociedade" e tentou definir seu objeto. No entanto, a palavra sociologia continuou suscetível de inúmeras interpretações e definições no que diz respeito à delimitação de seu objeto, pois cada escola sociológica criou suas próprias definições, de acordo com as perspectivas teóricas, filosóficas e metodológicas adotadas. Todas essas definições, no entanto, partilhavam um substrato comum: o estudo das relações e interações humanas. As ciências sociais se constituem a partir de dois pilares: a teoria e o método. A teoria se ocupa dos princípios, conceitos e generalizações; o método proporciona os instrumentos necessários para a pesquisa científica dos fenômenos sociais. A sociologia subdivide-se em disciplinas especializadas: a sociologia do conhecimento, da família, dos meios rurais e urbanos, da religião, da educação, da cultura etc. A essa lista seria possível acrescentar um sem-número de novas especializações, como a sociologia da vida cotidiana, do teatro, do esporte etc., já que os interesses do pesquisador se orientam para a compreensão e explicação sistemática, mediante a utilização das teorias e dos métodos mais adequados, dos aspectos sociais de todos os setores e atividades da vida humana. EXERCÍCIOS: 1. (UEL – 2008) Leia o texto a seguir: As sociedades primitivas são sociedades sem Estado: esse julgamento, de fato, em si mesmo correto, na verdade dissimula uma opinião, um juízo de valor, que prejudica imediatamente a possibilidade de constituir uma Antropologia política como ciência rigorosa. O que de fato se enuncia é que as sociedades primitivas estão privadas de alguma coisa – o Estado – que lhes é, tal como a qualquer outra sociedade – a nossa, por exemplo – necessária. Essas sociedades são portanto, incompletas. Não são exatamente verdadeiras sociedades – não são policiadas –, e subsistem na experiência talvez dolorosa de uma falta – falta do Estado – que nelas tentariam, sempre em vão, suprir.[...]. Já se percebeu que, quase sempre, as sociedades arcaicas são determinadas de maneira negativa, sob o critério da falta: sociedades sem Estado, sociedades sem escrita, sociedades sem história. (Mas, por outro lado, deve ser levado em consideração que nestas sociedades) a relação do poder com a troca, por ser negativa, não deixa de mostrar-nos que é ao nível mais profundo da estrutura social, lugar da constituição inconsciente das suas dimensões, de onde advém e onde se encerra a problemática desse poder. Em outros termos, é a própria cultura, como diferença maior da natureza, que se investe totalmente na recusa desse poder.[...]. Elas pressentiram muito cedo que a transcendência do poder encerra para o grupo um risco mortal, que o princípio de uma autoridade exterior e criadora de sua própria legalidade é uma contestação da própria cultura [...]; descobrindo o grande parentesco do poder e da natureza, como dupla limitação do universo da cultura, as sociedades indígenas souberam inventar um meio de neutralizar a violência da autoridade política. (CLASTRES, P. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978, p. 133, 33-34.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar: I. A existência de sociedades sem Estado, se deve ao fato de que nestas sociedades há uma identificação, ainda que inconsciente, entre a concentração de poder e a negação da cultura. II. Nas sociedades sem Estado, a recusa à centralização do poder se deve à existência de mitos específicos que identificam a autoridade política a seres demiúrgicos. III. Existe uma tendência segundo a qual as sociedades denominadas como “primitivas” são consideradas negativamente, através de uma ótica que se pauta na ausência de determinadas características presentes nas sociedades ocidentais, e que não leva em consideração suas peculiaridades culturais. IV. As sociedades “primitivas” não possuem Estado em decorrência do seu atraso quanto ao desenvolvimento das instituições políticas, às formas de parentesco e às racionalidades comunicativas. Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas. A) I e II. B) I e III. C) III e IV. D) I, II e IV. E) II, III e IV. 2. (UEL – 2008) As relações amorosas, após os anos de 1960/1980, tenderam a facilitar os contatos feitos e desfeitos imediatamente, gerando uma gama de possibilidades de parceiros e experimentos de prazer. Essa forma de contato amoroso tem sido denominada pelos jovens como “ficar”. Assim, em uma festa pode-se “ficar” com vários parceiros ou durante um tempo “ir ficando” em diferentes situações, sem que isso se configure em compromisso, namoro ou outra modalidade institucional de relação. Os processos sociais que provocaram as mudanças nas relações amorosas, bem como suas conseqüências para o indivíduo e para a sociedade, têm sido problematizados por vários cientistas sociais. Assinale a alternativa em que o texto explica os sentidos das relações amorosas descritas acima. A) “Hoje as artes de expressão não são as únicas que se propõem às mulheres; muitas delas tentam atividades criadoras. A situação da mulher predispõe-na a procurar uma salvação na literatura e na arte. Vivendo à margem do mundo masculino, não o apreende em sua figura universal e sim através de uma visão singular; ele é para ela, não um conjunto de utensílios e conceitos e sim uma fonte de sensações e emoções; ela interessa-se pelas qualidades das coisas no que têm de gratuito e secreto [...]”. (BEAUVOIR, S. O segundo sexo. 5 ed. São Paulo: Nova Fronteira, 1980. p. 473.) B) “Hoje, no entanto, existe uma renovação, o que significa dizer que os cientistas, quando chegam através do seu conhecimento a esses problemas fundamentais, tentam por si próprios compreendê-los e fazem um apelo à sua própria reflexão. Nos próximos anos, por exemplo, após as experiências do Aspecto, a discussão sobre o espaço e sobre o tempo – problemas filosóficos – vai ser retomada”. (MORIN, E. A inteligência da complexidade. 2. ed. São Paulo: Peirópolis, 2000. p. 37.) C) “Nova era demográfica de declínio populacional não catastrófico pode estar alvorecendo. Fome, epidemias, enchentes, vulcões e guerras cobraram seu preço no passado, mas que grandes populações não se reproduzam por escolha individual é uma mudança histórica notável. Na Europa Ocidental, esse padrão está se estabelecendo em tempos de paz, sob condições de grande prosperidade, embora, sejam ainda visíveis oscilações conjunturais, significativas na depressão escandinava do início dos anos de 1990.” (THERBORN, G. Sexo e poder. São Paulo: Contexto, 2006. p. 446). D) “É assim numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto para o uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro. A promessa de aprender a arte de amar é a oferta (falsa, enganosa, mas que se deseja ardentemente que seja verdadeira) de construir a ‘experiência amorosa’ à semelhança de outras mercadorias, que fascinam e seduzem exibindo todas essas características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultados sem esforço.” (BAUMAN, Z. Amor líquido. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. p.21-22). E) “Viver na grande metrópole significa enfrentar a violência que ela produz, expande e exalta, no mesmo pacote em que gera e acalenta as criações mais sublimes da cultura.[...] Nesse sentido, talvez a primeira violência de que somos vítima, já no início do dia, é o jornalismo, sempre muito sequioso de retratar e reportar, nos mínimos detalhes, o que de mais contundente e chocante a humanidade produziu no dia anterior [...]”. (NAFFAH NETO, A. Violência e ressentimento. In: CARDOSO, I. et al (Orgs). Utopia e mal-estar na cultura. São Paulo: Hucitec, 1997. p. 99.) 3. (Uff 2011) É uma ideia que na sociedade capitalista pressupõe a elaboração de um discurso homogêneo, pretensamente universal, que, buscando identificar a realidade social com que as classes dominantes pensam sobre ela, esconde, oculta as contradições existentes e silencia as representações contrárias às dessa classe. a) A ideia de justiça b) A ideia de ordem c) A ideia de democracia d) A ideia de ideologia e) A ideia de progresso 4. (Uem 2011) Considerando o conceito de classe social, assinale o que for correto. 01) Os indivíduos definem subjetivamente a sua classe de pertencimento por meio da sua autoidentificação com um grupo. 02) As classes sociais são compostas por indivíduos que ocupam uma mesma posição na estrutura produtiva de uma sociedade. 04) A oposição entre as classes sociais em cada modo de produção foi a principal geradora das grandes transformações históricas por que passou a humanidade até o presente momento. 08) As relações entre burguesia e proletariado no modo de produção capitalista são marcadas pela cooperação produtiva, tendo em vista o objetivo comum de elevação da produtividade. 16) Na sociedade capitalista, a causa fundamental para a divisão entre as classes sociais é a propriedade privada. A soma das afirmativas corretas é: a) 3 b) 14 c) 22 d) 24 e) 31 5. (Unicentro 2010) Em relação ao sistema de castas de uma sociedade, assinale a alternativa correta. a) Existe mobilidade social dentro de uma sociedade de castas. b) A exogamia faz parte dos casamentos realizados em sociedades de castas. c) Não existe mobilidade social dentro de uma sociedade de casta. d) Dentro de um sistema de castas não é importante a hereditariedade. e) Em um sistema de casta não existe a divisão entre castas superiores e inferiores. 6. (Ufal 2009) O capitalismo modificou os costumes das sociedades tradicionais e incentivou a competição social. Com o crescimento da sociedade capitalista, as relações de mobilidade social: a) ganharam um espaço importante para se compreender as crises existentes na produção dos valores econômicos. b) construíram uma hierarquia definidora das relações de poder, destruindo as possibilidades de desigualdades. c) são aceitas sem problemas pelas administrações públicas, não havendo políticas que objetivem alterálas. d) revelam situações de conflito entre grupos de valor apenas econômico, sem maiores problemas sociais. e) mostram a força do capitalismo e das suas verdades que garantem a felicidade humana. 7. (Uem 2008) Em termos sociológicos, assinale o que for correto sobre o conceito de classes sociais. 01) Sua utilização visa explicar as formas pelas quais as desigualdades se estruturam e se reproduzem nas sociedades. 02) De acordo com Karl Marx, as relações entre as classes sociais transformam-se ao longo da história conforme a dinâmica dos modos de produção. 04) As classes sociais, para Marx, definem-se, sobretudo, pelas relações de cooperação que se desenvolvem entre os diversos grupos envolvidos no sistema produtivo. 08) A formação de uma classe social, como os proletários, só se realiza na sua relação com a classe opositora, no caso do exemplo, a burguesia. 16) A afirmação “a história da humanidade é a história das lutas de classes” expressa a ideia de que as transformações sociais estão profundamente associadas às contradições existentes entre as classes. A soma das afirmativas corretas é: a) 7 b) 12 c) 9 d) 27 e) 24 POSITIVISMO E EVOLUCIONISMO AUGUSTO COMTE E O POSITIVISMO O francês Augusto Comte (1798-1854) viveu em um período caracterizado pela industrialização, pelo desenvolvimento científico e por conflitos sociais entre burguesia e proletariado. O seu pensamento não pode ser desvinculado deste contexto histórico da primeira metade do século XIX. Dentro desta lógica, Augusto Comte defendia a ideia que era possível planejar o desenvolvimento da sociedade e do indivíduo com critérios das ciências exatas e biológicas. Assim, o francês criou uma linha teórica denominada como Positivismo. O antropólogo Edmund Leach descreveu o positivismo em 1966 na aula Henry Myers da seguinte forma: o "Positivismo é a visão de que o inquérito científico sério não deveria procurar causas últimas que derivem de alguma fonte externa, mas, sim, confinar-se ao estudo de relações existentes entre fatos que são diretamente acessíveis pela observação". Em outras palavras, o Positivismo não se preocupa com questionamentos externos ao homem, como por exemplo, de onde viemos, e sim com as relações sociais, leis e ética. O estudo da sociedade para Comte seria denominado como Física Social. Posteriormente a Física Social positivista passou a ser denominada como Sociologia Para Comte, o estudo científico da sociedade partiria da observação dos fenômenos, ou seja, Comte defende a experiência sensível em detrimento do racionalismo e do idealismo alemão. Comte sai do pressuposto que a sociedade é um organismo em movimento e que pode e dever desenvolver-se. Assim ele vai apoiar-se na teoria da evolução do homem e da sociedade. Surge deste conceito a ideia de progresso contida na teoria positivista comtiana. Seguindo este pensamento, Comte cria a teoria da Lei dos Três Estados, na qual a humanidade e o homem passaram e passam por três estágios em suas concepções: • O estado teológico ou "fictício" explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa (a tempestade, por exemplo, será explicada por um capricho do deus dos ventos, Eolo). Este estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo. • O estado metafísico substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror ao vazio", por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, por exemplo, será explicada pela "virtude dinâmica"do ar. Este estado é no fundo tão antropomórfico quanto o primeiro ( a natureza tem "horror" do vazio exatamente como a senhora Baronesa tem horror de chá). O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. A explicação dita teológica ou metafísica é uma explicação ingenuamente psicológica. A explicação metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de 1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem - reivindicação crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem conteúdo real. • O estado positivo é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva de nossa experiência interior do querer para a natureza) é por ele substituída pela noção de lei. Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns nos outros. Tal concepção do saber desemboca diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo. 3 As leis dos três estágios não nega a teologia e a metafísica, mas defende que o homem necessita sair destes estágios a partir do cientificismo. Uma vez que através da comprovação científica, o homem se liberta de um mundo abstrato e místico. Para tanto, seria necessário uma ciência que contempla o homem em sua totalidade. Surge desta busca, a Física Social ou Sociologia. Outra ideia importante do positivismo é a ordem. Comte não acredita em rupturas sociais e defende a evolução através do positivismo. Esta ordem surge em sociedades hierárquicas com governos centralizados. Assim, Comte de fendia a ideia de que a sociedade deve ser administrada e não governada. Ao pensar a política e a sociedade através de uma ordem, o positivismo ganhou vários inimigos, principalmente os defensores de ideias revolucionárias e socialistas. Finalizando, por mais que tenha popularizado a ideia de uma ciência da sociedade, Comte jamais desenvolveu a metodologia que caracteriza uma ciência. Isto coube a E. Durkheim em “As regras do método sociológico”. TEXTO DE APOIO: 4 Spencer e o Darwinismo Social. Herbert Spencer (1820-1903) foi um filosofo e sociólogo inglês, responsável pela teoria do darwinismo social, considerado um seguidor de Comte e representante do positivismo na Grã-Bretanha. Acreditava que a evolução seria um principio universal, sempre operante. 3 Retirado de: http://www.mundodafilosofia.com.br/page62a.html acesso em 23/04/2014. 4 RAMOS, Fábio Pestana. Spencer e o Darwinismo Social. Para entender a história. Ano 2, Volume mar., Série 28/03, 2011, p.01-09. Muito conhecido na sua época, Spencer fez parte do circulo de amigos de Charles Darwin, autor de A origem das espécies, obra publicada em 1859. Este último foi responsável pelo conceito de seleção natural e pela teoria da evolução a partir da lei do mais forte. Spencer seguiu esta linha de pensamento e tentou aplicar as ideias de Darwin ao contexto da vida do homem em sociedade, originando o dito darwinismo social. Spencer aplicou o darwinismo ao contexto social, partindo do pressuposto que o universo evolui e que a evolução é progresso, considerando, a exemplo de Comte, a ordem necessária para o progresso. Para ele, todas as transformações possuem um caráter comum, compondo uma lei que, uma vez desvendada, permite prever as futuras transformações, embora esta previsão seja apenas parcial. Acontece que toda causa produziria mais de um efeito, portanto, mais de uma modificação, constituindo novas causas e novos efeitos, multiplicados indefinidamente. Dentro deste contexto, Spencer aplicou a lei do mais forte às estruturas sociais. Chegou à conclusão que a seleção natural se aplicaria a sociedade quando pensada em termos de cooperação entre indivíduos em prol da supremacia de um grupo. Assim, não se trata somente do individuo mais forte prosperar, mas do grupo mais coeso e forte tornar-se hegemônico, formando a elite dirigente de uma civilização. EXERCÍCIOS: 8. (Ueg 2013) A sociologia nasce no séc. XIX após as revoluções burguesas sob o signo do positivismo elaborado por Augusto Comte. As características do pensamento comtiano são: a) a sociedade é regida por leis sociais tal como a natureza é regida por leis naturais; as ciências humanas devem utilizar os mesmos métodos das ciências naturais e a ciência deve ser neutra. b) a sociedade humana atravessa três estágios sucessivos de evolução: o metafísico, o empírico e o teológico, no qual predomina a religião positivista. c) a sociologia como ciência da sociedade, ao contrário das ciências naturais, não pode ser neutra porque tanto o sujeito quanto o objeto são sociais e estão envolvidos reciprocamente. d) o processo de evolução social ocorre por meio da unidade entre ordem e progresso, o que necessariamente levaria a uma sociedade comunista. 9. (Uema 2012) Auguste Comte, Karl Marx e Émile Durkheim são considerados os grandes pilares da Sociologia como ciência burguesa. Nessa época, a Sociologia, para se afirmar no campo das ciências, adotou o Positivismo. Assinale a assertiva que melhor expressa o sentido do Positivismo sociológico. a) Busca da complexidade e dualidade – sociedade concebida como prenhe de conflitos e contradições; há uma circularidade entre todo e parte, ou seja, um determina o outro simultaneamente. b) Busca da objetividade e neutralidade – sociedade concebida como um organismo combinado de partes integradas e coesas que funcionam harmoniosamente, de acordo com um modelo físico ou mecânico de organização. c) Busca da singularidade e objetividade – sociedade concebida como mutável, visto que não há homem e nem sociedade ideal isolados na natureza, mas ambos conjugados concretamente a um momento histórico definido. d) Busca da complexidade e singularidade – sociedade e seus sistemas não atemporais. Privilégio da parte sobre o todo. e) Busca de subjetividade e pluralidade – sociedade é uma verdadeira máquina organizada, cujas partes, todas elas, contribuem de uma maneira diferente para o avanço do conjunto, adequando-se às demandas do mercado. 10. (Ufrgs 2012) Tanto Augusto Comte quanto Karl Marx identificam imperfeições na sociedade industrial capitalista, embora cheguem a conclusões bem diferentes: para o positivismo de Comte, os conflitos entre trabalhadores e empresários são fenômenos secundários, deficiências, cuja correção é relativamente fácil, enquanto, para Karl Marx, os conflitos entre proletários e burgueses são o fato mais importante das sociedades modernas. A respeito das concepções teóricas desses autores, é CORRETO afirmar: a) Comte pensava que a organização científica da sociedade industrial levaria a atribuir a cada indivíduo um lugar proporcional à sua capacidade, realizando-se assim a justiça social. b) Comte considera que a partir do momento em que os homens pensam cientificamente, a atividade principal das coletividades passa a ser a luta de classes que leva necessariamente à resolução de todos os conflitos. c) Marx acredita que a história humana é feita de consensos e implica, por um lado, o antagonismo entre opressores e oprimidos; por outro lado, tende a uma polarização em dois blocos: burgueses e proletários. d) Para Karl Marx, o caráter contraditório do capitalismo manifesta-se no fato de que o crescimento dos meios de produção se traduz na elevação do nível de vida da maioria dos trabalhadores embora não elimine as desigualdades sociais. e) Tanto Augusto Comte quanto Karl Marx concordam que a sociedade capitalista industrial expressa a predominância de um tipo de solidariedade, que classificam como orgânica, cujas características se refletirão diretamente em suas instituições. 11. (Unioeste 2012) ,A filosofia da História – o primeiro tema da filosofia de Augusto Comte – foi sistematizada pelo próprio Comte na célebre “Lei dos Três Estados” e tinha o objetivo de mostrar por que o pensamento positivista deve imperar entre os homens. Sobre a “Lei do Três Estados” formulada por Comte, é correto afirmar que a) Augusto Comte demonstra com essa lei que todas as ciências e o espírito humano desenvolvem-se na seguinte ordem em três fases distintas ao longo da história: a positiva, a teológica e a metafísica. b) na “Lei dos Três Estados” a argumentação desempenha um papel de primeiro plano no estado teológico. O estado teológico, na sua visão, corresponde a uma etapa posterior ao estado positivo. c) o estado teológico, segundo está formulada na “Lei dos Três Estados”, não tem o poder de tornar a sociedade mais coesa e nenhum papel na fundamentação da vida moral. d) o estado positivista apresenta-se na “Lei dos Três Estados” como o momento em que a observação prevalece sobre a imaginação e a argumentação, e na busca de leis imutáveis nos fenômenos observáveis. e) para Comte, o estado metafísico não tem contato com o estado teológico, pois somente o estado metafísico procura soluções absolutas e universais para os problemas do homem. 12. (Unimontes 2012) Auguste Comte (1798-1857) foi um pensador positivista que propôs uma nova ciência social à Sociologia, que inicialmente foi chamada de Física Social. Sobre os princípios dessa ciência para esse autor, analise as afirmativas e assinale as alternativas, marcando V para verdadeiro ou F para falso. ( ) No estágio positivo, a vida social será explicada pela filosofia, triunfando sobre todas as outras formas de pensamento. ( ) A imposição da disciplina era, para os positivistas, uma função primordial da escola, pois ali os membros de uma sociedade aprenderiam, desde pequenos, a importância da obediência e da hierarquia. ( ) A maturidade do espírito seria encontrada na ciência; por isso, na escola de inspiração positivista, os estudos literários e artísticos prevalecem sobre os científicos. ( ) Defendeu a necessidade de substituir a educação europeia, ainda essencialmente teológica, metafísica e literária, por uma educação positiva, conforme o espírito da civilização moderna. A sequência correta é a) F,V,V.F. b) F,V,F,V. c) V,F,F,F. d) V,V,V,F. 13. (Uncisal 2011) O lema “Prever para Prover” é inspirado no pensamento social do pensador da sociologia: a) Auguste Comte. b) Max Weber. c) Karl Marx. d) Rui Barbosa. e) Joaquim Nabuco. 14. (PUC) A partir da segunda metade do século XIX, as potências europeias começaram a disputar áreas coloniais na África, na Ásia e na Oceania. Seus objetivos eram a busca por fontes de matérias-primas, mercado consumidor, mão de obra e oportunidades para investimento. As justificativas morais para essa colonização, no entanto, estavam relacionadas com o que se chamava de darwinismo social, cujo significado é: A) O homem branco tinha a tarefa de cristianizar as populações pagãs de outros continentes, resgatandoas de religiões animistas e de práticas antropofágicas. B) O homem branco de origem europeia estava imbuído de uma missão civilizadora, através da qual deveria levar para seus irmãos de outras cores, incapazes de fazer isso por si mesmos, as vantagens da civilização e do progresso, resgatando-os da barbárie e do atraso aos quais estavam submetidos. C) Os colonizadores europeus tinham a tarefa de ensinar os princípios fundamentais da democracia, ensinando aos povos colonizados o processo de governo democrático, permitindo-lhes se afastar de governos tirânicos e autocratas. D) A colonização tinha como tarefa repassar aos povos colonizados os fundamentos da economia capitalista, para que eles mesmos pudessem gerenciar as riquezas de seus territórios e, com isso, possibilitar o desenvolvimento social de seu país. E) Estudar, segundo uma perspectiva antropológica, a organização das sociedades colonizadas, conhecer seus princípios religiosos, políticos, culturais e sociais, com o objetivo de ajudar a preservá-los. 15. (Mackenzie) “Ao contrário do colonialismo do século XVI, que se dirigiu principalmente para a América, buscando especiarias e metais preciosos, subordinando-se ao mercantilismo do capitalismo comercial e fazendo uso da fé como justificativa para as conquistas, o imperialismo do século XIX refletia a maturidade capitalista industrial”. Carlos Guilherme Mota. Várias doutrinas foram forjadas, nos países europeus, para justificar o neocolonialismo. As mais comuns defendiam (A) a difusão da Doutrina Monroe por todo o planeta. (B) a missão civilizadora do homem branco. (C) o capitalismo mercantilista. (D) a oposição às idéias do Darwinismo Social. (E) os princípios aprovados na Carta do Atlântico. 16. (UNESP) Ao final do século passado, a dominação e a espoliação assumiram características novas nas áreas partilhadas e neocolonizadas. A crença no progresso, o darwinismo social e a pretensa superioridade do homem branco marcaram o auge da hegemonia europeia. Assinale a alternativa que encerra, no plano ideológico, certo esforço para justificar interesses imperialistas: (A) A humilhação sofrida pela China, durante um século e meio, era algo inimaginável para os ocidentais. (B) A diplomacia do canhão e do fuzil, a ação dos missionários e dos viajantes naturalistas contribuíram para quebrar a resistência cultural das populações africanas, asiáticas e latino-americanas. (C) A invasão de tecidos de algodão do Lancashire desferiu sério golpe no artesanato indiano. (D) A civilização deve ser imposta aos países e raças onde ela não pode nascer espontaneamente. (E) O mapa das comunicações nos ensina: as estradas de ferro colocavam os portos das áreas colonizadas em contato com o mundo exterior. ÉMILE DURKHEIM Émile Durkheim (1858-1917) é um sociólogo francês discípulo das ideias positivistas de Augusto Comte e também buscava compreender as relações sociais, ou seja, a integração entre indivíduos e a coletividade. Entretanto, diferentemente do criador do positivismo, Durkheim desenvolveu uma metodologia transformando a sociologia em ciência, a partir da publicação em 1895 da obra As Regras do Método Sociológico. Para o sociólogo francês, a sociedade contemporânea é caracterizada pela complexidade, uma vez que nela se encontra coisas boas (os avanços tecnológicos, como a eletricidade, por exemplo) e coisas ruins (problemas de ordens sociais). A sua metodologia começa com a premissa da observação. Em outras palavras, era necessário a princípio investigar os acontecimentos sociais, assim como as ciências da natureza e biológica faziam com os seus objetos de estudo. Durkheim busca compreender as relações sociais como coisas (objetos), uma vez que a sociedade é constituída pela interação e integração dos indivíduos por meio de moralidade, que pode ser expressa através de leis ou costumes. Assim, os acontecimentos sociais se transformam em objetos de estudo da sociologia. O método científico utilizado por Durkheim será denominado como fato social e pode ser definido através de três características: • Generalizante – é comum a todos os membros de um grupo; • Exterior– acontece independente da vontade individual; • Coercitivo – os indivíduos não escolhem se querem ou não seguir o comportamento da maioria. Assim, todos os acontecimentos que se enquadrem nestas três características podem ser classificados como fato social e podem ser estudados, segundo Durkheim, pela sociologia. Vale salientar que através do conceito de fato social chegamos a conclusão que Durkheim acredita que a sociedade influencia e molda as relações sociais. Em outras palavras, somos coagidos a agir como a maioria age. Exemplificando, o casamento, o suicídio, a etiqueta e as tradições religiosas e civis passam a ser analisadas como fato social. A sociedade passa a ser analisada em partes que possuem funções específicas. Quando alguma coisa falha neste processo, Durkheim denomina como anomia, ou seja, a sociedade passa a ter uma patologia que lhe tira da normalidade. Por fim, Durkheim acredita que a moralidade se dá através da solidariedade, que por sua vez seria responsável pela coesão social. Para o sociólogo há dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica: • Solidariedade mecânica: o indivíduo está ligado diretamente a sociedade, dando ênfase ao coletivo, gerando coesão e harmonia social em maior intensidade. • Solidariedade orgânica: há um enfraquecimento das relações e coesão social, uma vez que o indivíduo sobressai sobre o coletivo (característica da sociedade capitalista). Entretanto, os vínculos ainda permanecem, pois caso isto não ocorresse a sociedade chegaria ao fim. TEXTO DE APOIO: 5 O SUICÍDIO 5 FERNANDES, Amanda Noronha. O suicídio, Émile Durkheim. Retirado de: http://www.webartigos.com/artigos/o-suicidio-emile-durkheim/24750/ acesso em 08/05/2014. O suicídio, escrito em 1897, trata de um assunto considerado psicológico abordado polemicamente por Durkheim como fenômeno social. Sua intenção era provar sua tese de que o suicídio é um fato social, forma de coerção exterior e independente do indivíduo, estabelecida em toda a sociedade e que, portanto, deve ser tratado como assunto sociológico. Suspeita-se que teria se interessado pelo assunto após o suicídio de um amigo íntimo e que isso o teria afetado também nas classificações do suicídio, pelo menos na forma que chama de egoísta. Ao longo de seu estudo sobre o suicídio, Durkheim tenta provar sua tese de que estatísticas puras sobre o assunto são insuficientes para determinar suas causas. Para ele, o motivo da morte que se encontra em obituários de suicidas é, na verdade, a opinião que se tem sobre o fato, causa aparente, não servindo de explicação palpável. Um dos exemplos que o autor usa para embasar sua teoria mostra que, no âmbito religioso, o suicídio entre os protestantes é maior que entre os católicos, independente da região em que se encontram, como resultado de um menor controle social sobre os fiéis, causa, portanto, social. Durkheim propõe-se a estudar as causas do suicídio classificando-as, de acordo com as características, em três tipos: -Egoísta: Para estudar esse tipo, Durkheim debruça-se sobre estatísticas a respeito da sociedade religiosa (já anteriormente citada), política e doméstica. Ele nota que esses três grupos possuem uma característica em comum: uma forte integração. Percebe que o suicídio varia inversamente a essa integração dentro dos grupos e que quando a sociedade se desintegra, o indivíduo se isola da vida social e seus fins próprios se tornam preponderantes aos fins sociais. Para ele, é o vínculo que nos liga à causa comum que também nos liga à vida, não como necessidade de uma imortalidade ilusória, mas como uma razão de ser. O estado de egoísmo consiste em uma falha na integração, uma individualização excessiva com o meio social: o que há de social em nós fica desprovido de qualquer fundamento objetivo. Para o homem que se encontra nessa situação nada mais resta para justificar seus esforços e pouco importa o fim de sua vida, já que ele está pouco integrado com seu meio social. Um dos exemplos da influência da integração social usado por Émile D. diz respeito a crises e guerras nacionais que surpreendentemente são momentos em que os índices de suicídio diminuem devido a uma excitação de sentimentos coletivos que, pelo menos momentaneamente, aumentam a integração social. Outro exemplo seria a menor incidência de suicídios em famílias mais densas (por isso, mais integradas). -Altruísta: Difere-se do tipo egoísta por acontecer em caso de individualização insuficiente. Esse tipo de suicídio ocorria com mais frequência nas sociedades as quais o autor chama de primitivas. São sociedades em que os indivíduos encontram-se tão fortemente integrados que são sobrepostos pelo coletivo e por vezes sentem que têm o dever de se matar. Para o indivíduo que se sente coagido a tomar tal atitude, há certo heroísmo que a sociedade espera dele (por exemplo, sociedades em que morrer de velhice é desonroso). Há, dentro dessa classificação, três outras menores: suicídio altruísta obrigatório (a sociedade impõe ao indivíduo),suicídio altruísta facultativo (não tão expressamente exigido), suicídio altruísta agudo (o indivíduo se sacrifica pelo prazer de fazê-lo). Em todos os casos o indivíduo aspira libertar-se do seu individual para se lançar naquilo que considera sua verdadeira essência. O altruísta acredita ser desprovido de qualquer realidade em si mesmo. Nesse contexto, Durkheim estuda o alto índice de mortes voluntárias dentre militares. Ele conclui que esses homens encontram-se tão fortemente integrados ao meio em que vivem e se sentem tão responsáveis pelo restante da população que se desprendem de sua própria vida sem dificuldade porque aquilo que lhes é de valor é exterior a eles. Isso não implica, todavia, que se matem apenas pela pátria; o desprendimento é tanto que chegam a se matar por motivos banais. Lembrando que isso não exclui a possibilidade de haver outros tipos de suicídio entre os militares que não o altruísta. -Anômico: Se nada há que contenha o indivíduo nem em si e nem no exterior, é preciso que a sociedade exerça uma força reguladora diante das necessidades morais. Caso isso não ocorra, os desejos tornam-se ilimitados e a insaciabilidade torna-se um indício de morbidez.Difere-se, portanto, dos dois tipos anteriores por acontecer quando o indivíduo não encontra razão nem em si mesmo nem em algo exterior a ele e a sociedade, por algum motivo, não está em condições de controlá-lo. É chamado de anômico porque ocorre em um estado excepcional que só se dá quando há uma crise doentia, seja dolorosa ou não, mas demasiado súbita, tornando a sociedade incapaz, provisoriamente, de exercer seu papel de reguladora. É um estado de desregramento, acentuado pelo fato de as paixões serem menos disciplinadas na altura exata em que teriam necessidade de uma disciplina mais forte. "A partir do momento em que nada nos detém," escreve Durkheim, "deixamos de ser capazes de nos determos a nós próprios." Durkheim analisa crises econômicas e conclui que têm influência no índice de suicídio por serem perturbações de ordem coletiva, não pelas más consequências em si (pobreza, por exemplo). Pelo contrário, no meio industrial, por exemplo, a prosperidade traz uma ilusão de autossuficiência e insaciabilidade e a falta de um órgão regulador torna inevitável o alto índice de suicídio. O autor também constata a anomia nos suicídios entre divorciados por representar um afrouxamento na regulamentação matrimonial. O conceito de anomia é utilizado por Durkheim também em outro contexto, em Da divisão do trabalho social. Os conceitos relacionam-se, pois, neste caso, também é ausência de uma força reguladora. O trabalho deve gerar uma solidariedade e cooperação entre os indivíduos, mas às vezes, por alguma razão (rapidez em que ocorrem mudanças, por exemplo), a regulamentação deixa de existir ou fica prejudicada, fazendo com que a solidariedade fique comprometida e que a sociedade mergulhe em um estado de anomia. Cada suicida dá ao ato um cunho pessoal e a forma escolhida para se matar não pode ser explicada pelas causas sociais do fenômeno. Os indivíduos também podem apresentar dois dos tipos associados como causa determinante para o suicídio. EXERCÍCIOS: 17. (UFU) Segundo Durkheim, em Educação e Sociedade (1975, p.45), “todo o sistema de representação que mantém em nós a idéia e sentimento da lei, da disciplina interna ou externa, é instituído pela sociedade.” Conforme a teoria desse autor assinale a alternativa correta. A) Apesar de sua natureza social, o fim da educação é individual. B) A educação não possui natureza social, antagonizando indivíduo e sociedade. C) Cabe à educação constituir no homem a capacidade de vida moral e social. D) A educação tem por objetivo suscitar o individualismo a fim de conservar a ordem. 18. (UFU) Sobre o significado de consciência coletiva na teoria durkheimiana, marque a alternativa correta. A) Representa um conjunto de regras e valores sociais que se coloca acima das consciências individuais, estabelecendo uma coesão social fundada nas diferenças entre os membros da sociedade. B) Representa o conjunto de crenças, hábitos e sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, agindo sobre as consciências individuais e estabelecendo um padrão de comportamento. C) Está intimamente relacionada à sociedade de grande divisão social do trabalho, sendo predominante no tipo de solidariedade orgânica, uma vez que estabelece um alto grau de conformidade e semelhanças a esse tipo de organização social. D) Define um tipo de coesão social, particularmente aquele no qual se estabelece uma rede de funções interdependentes, ao mesmo tempo em que os indivíduos são diferentes uns dos outros. 19. (UFU) Acerca da divisão social do trabalho em Émile Durkheim, marque a alternativa INCORRETA. A) A solidariedade do tipo mecânica é marcada por uma relação de justaposição entre os indivíduos e de forte presença da consciência coletiva em relação às consciências individuais. B) A divisão social do trabalho, mais acentuada na solidariedade do tipo orgânica, pode levar a sociedade a um estado de anomia, isto é. enfraquecimento da coesão social. C) A solidariedade do tipo orgânica caracteriza-se por uma acentuada divisão do trabalho, resultando em alto grau de especialização e, ao mesmo tempo, interdependência entre os indivíduos. D) A partir da divisão social do trabalho, Durkheim estabelece dois tipos de solidariedade social, a mecânica e a orgânica, sendo a primeira definida pela predominância das consciências individuais sobre a consciência coletiva. 20. (UFU) Sobre a concepção de fato social para Émile Durkheim, marque a alternativa correta. A) O fato social é um tipo ideal que o sociólogo constrói, sem possibilidade de descobrir leis e tendências gerais. B) Os fenômenos sociais decorrem das escolhas racionais que os indivíduos fazem, motivados estes por tradições, estados afetivos ou objetivos e valores desejados. C) O método sociológico não deve se fundamentar na observação empírica, pois esta se restringe às ciências naturais. D) O sociólogo deve olhar para os fenômenos sociais como coisas, controlando suas prenoções e se pautando pela objetividade comum a outros ramos da ciência. 21. (UFU) Sobre a divisão social do trabalho, de acordo com a formulação de Émile Durkheim, marque a alternativa correta. A) Quanto maior for a divisão social do trabalho, maior a solidariedade mecânica. B) Os serviços econômicos que ela pode prestar são sua real e mais importante função. C) Não apresenta nenhuma relação com a coesão social. D) Seu mais notável efeito é o de tornar solidárias as funções divididas. 22. (UEL) De acordo com Florestan Fernandes: A concepção fundamental de ciência, de Emile Durkheim (1858-1917), é realista, no sentido de defender o princípio segundo o qual nenhuma ciência é possível sem definição de um objeto próprio e independente. (FERNANDES, F. Fundamentos empíricos da explicação sociológica. Rio de Janeiro: Cia Editora Nacional, 1967. p. 73). Assinale a alternativa que descreve o objeto próprio da Sociologia, segundo Emile Durkheim (18581917). A) O conflito de classe, base da divisão social e transformação do modo de produção. B) O fato social, exterior e coercitivo em relação à vontade dos indivíduos. C) A ação social que define as inter-relações compartilhadas de sentido entre os indivíduos. D) A sociedade, produto da vontade e da ação de indivíduos que agem independentes uns dos outros. E) A cultura, resultado das relações de produção e da divisão social do trabalho. 23. (UEL) Um jovem que havia ingressado recentemente na universidade foi convidado para uma festa de recepção de calouros. No convite distribuído pelos veteranos não havia informação sobre o traje apropriado para a festa. O calouro, imaginando que a festa seria formal, compareceu vestido com traje social. Ao entrar na festa, em que todos estavam trajando roupas esportivas, causou estranheza, provocando risos, cochichos com comentários maldosos, olhares de espanto e de admiração. O calouro não estava vestido de acordo com o grupo e sentiu as represálias sobre o seu comportamento. As regras que regem o comportamento e as maneiras de se conduzir em sociedade podem ser denominadas, segundo Émile Durkheim (1858-1917), como fato social. Considere as afirmativas abaixo sobre as características do fato social para Émile Durkheim. I. O fato social é todo fenômeno que ocorre ocasionalmente na sociedade. II. O fato social caracteriza-se por exercer um poder de coerção sobre as consciências individuais. III. O fato social é exterior ao indivíduo e apresenta-se generalizado na coletividade. IV. O fato social expressa o predomínio do ser individual sobre o ser social. Assinale a alternativa correta. a) Apenas as afirmativas I e II são corretas. b) Apenas as afirmativas I e IV são corretas. c) Apenas as afirmativas II e III são corretas. d) Apenas as afirmativas I, III e IV são corretas. e) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas. 24. (UFMA) Émile Durkheim (1858-1917) introduz no primeiro capítulo da sua obra As regras do método sociológico o conceito de: a. Caos social b. fato social c. Arrogância social d. realidade social e. Ganância social 25. Sobre o pensamento de Emile Durkheim, é INCORRETO afirmar que ele A) não compartilha com Auguste Comte a preocupação com a ordem social. B) caracterizava a sociedade industrial como um estado de anomia. C) era otimista em relação ao industrialismo. D) teve como uma de suas temáticas o suicídio. E) considerava os fatos sociais como coercitivos e exteriores às consciências individuais. 26. Dentre os principais autores articuladores da Sociologia na sua fase inicial de desenvolvimento, é CORRETO citar os nomes de A) Marx e Foucault. B) Comte e Durkheim. D) Aristóteles e Comte. C) Descartes e Marx. E) Durkheim e Chartier. KARL MARX O marxismo é uma concepção de mundo, uma vez que é o resultado de teorias sociais, econômicas, políticas e ideológicas. O seu criador foi Karl Marx, que nasceu em Tréveris, na atual Alemanha em 1818. Karl Marx denominou a sua teoria como Socialismo Científico, uma vez que queria se distinguir dos pensadores que ele chamava pejorativamente como socialistas utópicos. Assim, Marx buscava dar um caráter científico para a sua teoria e ao mesmo tempo criticava os pensadores que não desejavam um rompimento total com o mundo capitalista. A base da teoria marxista é o materialismo histórico que define que as relações sociais são consequências das relações materiais estabelecidas pelos homens. Entretanto, não é apenas a produção que importa e sim como se dá está relação. Assim, as novas formas de forças produtivas geram mudanças no modo de produção e nas relações econômicas. Por tanto, a ideia segue as forças produtivas e tudo aquilo que é relacionada a elas; em outras palavras segue o contexto histórico. Entretanto, muitas vezes estas ideias são distorcidas e se tornam conhecimentos ilusórios utilizados pelas classes dominantes (quando há a divisão social na sociedade) para se manterem no poder e se tornam ideologias. Para Marx, o conjunto de forças produtivas e das relações sociais de produção seria denominado como infraestrutura. Já a superestrutura seria formada pelas ideologias políticas, as concepções religiosas, os códigos morais e estéticos, os sistemas legais, de ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e científico, as representações coletivas. E desta premissa que Marx começa a trabalhar com a ideia da dominação do proletariado (classe trabalhadora urbana assalariada) pela burguesia (donos do meio de produção) através da sua ideologia capitalista e chega a conclusão que a história da humanidade seria a história da luta de classes. Percebemos, com isso, que Marx acredita ser o capitalismo o sistema no qual uma classe dominante denominada como burguesia explora as demais classes por meio da exploração do trabalho. Na obra O Capital Marx desenvolveu a teoria descrita acima por meio de uma análise rigorosa do capitalismo, buscando explicar assuntos básicos como o que é mercadoria, o valor da mercadoria, o valor e o tempo de trabalho e a mais-valia. A mais-valia representa para Marx a exploração econômica do proletariado pela burguesia por meio da exploração do trabalho. Em outras palavras e de forma simplificada, podemos afirmar que o trabalhador produz mais do que recebe e o lucro fica com o dono do meio de produção. Assim, o trabalhador ganha um salário conforme o valor do seu trabalho, entretanto, com o advento das máquinas este trabalhador produz muito mais do que vai receber, sendo que a mais-valia será exatamente a exploração através do lucro da produção excedente que fica com o dono do meio de produção. Quanto mais tempo houver de trabalho, maior será a exploração e esta lógica é denominada por Marx como mais-valia absoluta. Com o aumento da tecnologia e da produção, os trabalhadores passaram a produzir mais em menos tempo de serviço e por isso passaram a gerar mais lucro para os donos do meio de produção através da mais-valia relativa. O avanço da tecnologia, na visão marxista, leva ao aumento da produção e da exploração do proletariado. Por isso, Marx defendia a ideia que o proletariado iria se revoltar contra a burguesia quando o capitalismo atingisse o seu ápice e criaria a ditadura do proletariado (socialismo). Após o socialismo, o próximo passo para Marx, seria o fim do Estado e o início do comunismo, que era na visão do pensador o ápice da evolução humana. 6 Por fim, Marx acreditava que o proletariado seguiria o seu curso natural e acabaria com o capitalismo e a exploração burguesa, com o fim das propriedades privadas e o lucro de seus donos. Em o Manifesto do Partido Comunista, Marx e seu 6 Assim como os socialistas, os anarquistas acreditavam na expressa necessidade de se realizar um movimento revolucionário que combatesse as autoridades vigentes. Apesar de tal concordância, os anarquistas não acreditavam que uma ditadura do proletariado fosse realmente necessária para que a sociedade comunista fosse alcançada. Em sua visão, a substituição de um governo por outro somente fortaleceria novas formas de repressão e desigualdade. SOUSA, Rainer. Anarquismo. Retirado de: http://www.brasilescola.com/sociologia/anarquismo.htm acesso em 29/05/2014. parceiro Friedrich Engels, afirmaram que caberia ao partido comunista retirar o proletariado de sua alienação e liderá-los na luta de classes. TEXTO DE APOIO: 7 SOCIALISMO UTÓPICO No século XIX, diferentes pensadores tentaram refletir sobre os problemas causados pelas sociedades capitalistas em desenvolvimento. Ainda fortemente calcados nas ideias do pensamento iluminista, esses pensadores continuaram a buscar no racionalismo a saída para as contradições geradas no interior do pensamento capitalista. No entanto, esses não faziam uma crítica radical ao capitalismo, pois ainda defendiam a manutenção de suas práticas mais elementares. Chamados de socialistas utópicos, esses pensadores deram os primeiros passos no desenvolvimento das teorias socialistas. Os seus principais representantes são Robert Owen, Saint-Simon e Charles Fourier. Entre eles, podemos perceber claramente a construção de uma sociedade ideal, onde se defendia a possibilidade de criação de uma organização onde as classes sociais vivessem em harmonia ao buscarem interesses comuns que estivessem acima da exploração ou da busca incessante pelo lucro. O industriário britânico Robert Owen (1771 – 1858) acreditava que o caráter humano era fruto das condições do local em que ele se formava. Por isso, defendeu que a adoção de práticas sociais que primassem pela felicidade, harmonia e cooperação poderiam superar os problemas causados pela economia capitalista. Seguindo seus próprios princípios, Owen reduziu a jornada de trabalho de seus operários e defendeu a melhoria de suas condições de moradia e educação. Charles Fourier (1772 – 1837) criticou ferrenhamente a sociedade burguesa. Em seus escritos, defendeu uma sociedade sustentada por ações cooperativas. Nelas, o talento e o prazer individual possibilitariam uma sociedade mais próspera. A sociedade burguesa, marcada pela repetição e a especialidade do trabalho operário, estava contra 7 SOUSA, Rainer. Socialismo Utópico. Retirado de http://www.brasilescola.com/sociologia/anarquismo.htm acesso em 29/05/2014. este tipo de sociedade ideal. Além disso, Fourier era favorável ao fim das distinções que diferenciavam os papéis assumidos entre homens e mulheres. Por meio do cooperativismo, do prazer e das liberdades de escolha a sociedade criaria condições para o alcance do socialismo. Nesse estágio, a comunhão entre os indivíduos seria vivida de maneira plena. Sem almejar a distinção ou a disputa, as famílias de trabalhadores viveriam nos falanstérios, edifícios abrigados por 1800 pessoas vivendo em plena alegria e cooperação. Saint-Simon (1760 – 1825), acreditava que uma sociedade dividia-se entre os produtores e ociosos. Por isso, defendeu outra sociedade onde a oposição entre operários e industriais deveria ser reconfigurada. Para isso, ele pregava a manutenção dos privilégios e do lucro dos industriais, desde que os mesmos assumissem os impactos sociais causados pela prosperidade. Dessa forma, ele acreditava que no cumprimento da sua responsabilidade social, o industriário poderia equilibrar os interesses sociais. Levantando determinados pressupostos, os socialistas utópicos sofreram a crítica dos socialistas científicos. Para os últimos, o socialismo utópico projetava uma sociedade sem antes devidamente avaliar as condições mais enraizadas que constituíam o capitalismo. Com isso, os socialistas ambicionavam definir a natureza do homem e, a partir disso, indicar o caminho entre a harmonia e os interesses individuais. EXERCÍCIOS: 27. (Uel) O marxismo contribuiu para a discussão da relação entre indivíduo e sociedade. Diferente de Émile Durkheim e Max Weber, Marx considerava que não se pode pensar a relação indivíduo – sociedade separadamente das condições materiais em que essas relações se apoiam. Para ele, as condições materiais de toda a sociedade condicionam as demais relações sociais. Em outras palavras, para viver, os homens têm de, inicialmente, transformar a natureza, ou seja, comer, construir abrigos, fabricar utensílios, etc., sem o que não poderia existir. Para Marx qual é o ponto de partida para o estudo de qualquer sociedade? a) As condições materiais e espirituais de cada comunidade ou grupo social. b) As relações sociais que os homens estabelecem entre si para utilizar os meios de produção e transformar a natureza, ou seja, a produção é a raiz de toda a estrutura social, que condiciona a política, as classes, a cultura e todo o resto da sociedade. c) Identificar as várias fases do sistema social capitalista e como se estabelecem as relações sociais de produção, bem como a apropriação por parte da burguesia das riquezas produzidas pela classe operária. d) Identificar as classes sociais dentro da produção, passo principal para identificar os vários modos de produção na história, ou seja, do primitivo ao capitalista e as relações de exploração do homem peio homem. e) Identificar dentro da estrutura social o papel na produção da classe dominante e a formação do estado, elemento que cria as classes sociais. 28. (Uel) No final de 2000 o jornalista Scott Miller publicou um artigo no The Street reproduzida no Estado de S. Paulo (13 dez. 2000), com o titulo "Regalia para empregados compromete os lucros da Volks na Alemanha". No artigo ele afirma: "A Volkswagen vende cinco vezes mais automóveis do que a BMW, mas vale menos no mercado do que a rival. Para saber por que, é preciso pegar um operário típico da montadora alemã. Klaus Seifert é um veterano da Case. Cabelo grisalho, Seifert é um planejador eletrônico de currículo impecável. Sua filha trabalha na montadora e. nas horas vagas, o pai dá aulas de segurança no trânsito em escolas vizinhas. Mas Seifert tem, ainda, uma bela estabilidade no emprego. Ganha mais de 100 mil marcos por ano (51.125 euros), embora trabalhe apenas 7 horas e meia por dia, quatro dias por semana. 'Sei que falam que somos caros e inflexíveis protesta o alemão durante o almoço no refeitório da sede da Volkswagen AG. 'Mas o que ninguém entende é que produzimos veículos muito bons?' A relação entre lucro capitalista e remuneração da força de trabalho pode ser abordada a partir do conceito de mais-valia, definido como aquele ' valor produzido pelo trabalhador [e] que é apropriado pelo capitalista sem que um equivalente seja dado em troca." (BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro. Jorge Zahar, 1998. p.227). Com o intuito de ampliar a taxa de extração de mais valia absoluta, qual seria a medida imediata mais adequada a ser tomada por uma empresa de automóveis? a) Aumentar o número de veículos vendidos. b) Transferir sua fábrica para regiões cuja força de trabalho seja altamente qualificada. c) Incrementar a produtividade por meio da automatização dos processos de produção. d) Ampliar os gastos com capital constante, ou seja, o valor dependido em meios de produção. e) Intensificar a produtividade da força de trabalho sem novos investimentos de capital. 29. O materialismo histórico foi a corrente mais revolucionária do pensamento social, tanto no campo teórico como no da ação política. E o Materialismo histórico pode ser conceituado como: a) Período de transição do socialismo para o comunismo, durante o qual as condições materiais são criadas para a construção do socialismo. b) Filosofia formulada por Marx e Engels que desenvolve em estreita conexão com os resultados da ciência e com a prática do movimento operário revolucionário. c) Doutrina marxista do desenvolvimento da sociedade humana, que vê no desenvolvimento dos bens materiais necessários á existência a força primeira que determina toda a vida social, que condiciona a transição de um regime social para outro. d) Corrente hostil ao marxismo que defende a natureza como fonte de sobrevivência. e) Etapa que se segue ao socialismo, quando as classes deixam de existir e o Estado se extingue. 30. Com relação a sociologia clássica de Marx, podemos afirmar: I. Afirma que as relações entre os homens são relações de oposição, antagonismo e exploração. II. Mostra que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção. III. Defende a ideia de que as ações sociais são responsáveis pelas desigualdades sociais. IV. Defende a ideia de que no capitalismo o trabalhador perde a posse do trabalho, naquilo que ele chama de alienação. São corretas: a) I e II. b) III e IV. c) I, II e IV. d) I, II e III. e) Todas são corretas. 31. “Os proletários nada têm a perder com ela [a revolução], a não ser as próprias cadeias. E têm um mundo a ganhar. Proletários de todo os países, uni-vos.” (Karl Marx e Friedrich Engels) Neste trecho do Manifesto Comunista escrito há 150 anos, estão expressos alguns dos fundamentos do socialismo científico, cujos princípios são: a) internacionalismo e dialética idealista. b) ditadura do proletariado e organização dos Sovietes. c) corporativismo e materialismo dialético. d) comunismo e nacional-socialismo. e) materialismo histórico e luta de classes. 32.(Uncisal 2012) A Escola Marxista tem na teoria do conflito um dos seus fundamentos mais importantes em termos sociológicos. Tal teoria, pela óptica marxista, defende que a) os conflitos sociais são culturais, sendo expressões do embate entre a tradição e a inovação. b) os conflitos nascem das contradições, sendo estas resultantes do acesso desigual aos meios de produção. c) as sociedades mais avançadas são aquelas que melhor se adaptaram ao longo do processo histórico, sendo as menos aptas extintas. d) os conflitos sociais são observados apenas nas sociedades anteriores à Revolução Industrial. e) todas as relações sociais estão desvinculadas da esfera econômica, sendo os conflitos políticos o alicerce da vida em sociedade. 33.(Uel 2005) “Cascavel – Uma pequena cidade no interior do Paraná está provando que machismo é coisa do passado. Com 15 mil habitantes, conforme o IBGE, Ampére (a 150 quilômetros de Cascavel), no Sudoeste, tem fartura de emprego para as mulheres. Ex-donas de casa partiram para o trabalho fixo, enquanto os homens, desempregados ou não, passaram a assumir os serviços domésticos. Assim, elas estão garantindo mais uma fonte de renda para a família, além de eliminar antigos preconceitos. A situação torna-se ainda mais evidente quando os homens estão desempregados e são as mulheres que pagam as contas básicas da família. Conforme levantamento informal, em Ampére, o número de homens sem vínculo empregatício é maior do que o de mulheres. Para driblar as dificuldades, eles fazem bicos temporários e quando não há serviço, tornam-se donos de casa. O motivo para essa mudança de comportamento é a [...] Industrial Ltda., uma potência no setor de confecções que dá emprego a 1200 pessoas, das quais 80% são mulheres. Com a fábrica, famílias migraram do interior para a cidade. As mulheres abandonaram o posto de donas de casa ou de empregadas domésticas, aprendendo a apostar na capacidade de competição”. (Costa, Ilza Costa. Papéis trocados. Gazeta do Povo,Curitiba, 01 out. 1999. p. 14.) O fenômeno da troca de papéis sociais, relatado no texto, ilustra a base da tese usada por Karl Marx (1818-1883) na explicação geral que formula sobre a relação entre a infraestrutura e a supraestrutura na sociedade capitalista. Com base no texto e nos conhecimentos sobre essa tese de Karl Marx, é correto afirmar: a) Na explicação das mudanças ocorridas no comportamento coletivo, deve-se privilegiar o papel ativo do indivíduo na escolha das ações, ou seja, o que importa é a motivação que inspira suas opções. b) É a imitação que constitui a sociedade, enquanto a invenção abre o caminho das mudanças e de seu progresso. A invenção, produtora das transformações sociais, é individual, dependendo de poucos; enquanto a imitação, coletiva, necessita sempre de mais de uma pessoa. c) A família é a verdadeira unidade social; é a célula social que, em seu conjunto, compõe a sociedade. Portanto, a sociedade não pode ser decomposta em indivíduos, mas em famílias. É a família a fonte espontânea da educação moral, bem como a base natural da organização política. d) Há uma relação de determinação entre a maneira como um grupo concreto estrutura suas condições materiais de existência – chamada de modo de produção – e o formato e conteúdo das demais organizações, instituições sociais e ideias gerais presentes nas relações sociais. e) A organização social deve fundar-se na separação dos ofícios, inerente à divisão do trabalho social e na combinação dos esforços individuais. Sem divisão do trabalho social, não há cooperação e, portanto, a coesão social entre as classes torna-se impossível. 34.(Ufu 2003) Considere a citação abaixo e, a seguir, marque a alternativa correta acerca da concepção materialista da história formulada por Karl Marx. “… na produção social de sua existência, os homens estabelecem relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência.” MARX, Karl. Contribuição para a crítica da economia política. Lisboa: Estampa, 1973. p. 28. a) Marx expressa, também nessa passagem, sua concepção determinista e finalista, segundo a qual o conjunto das relações sociais reduz-se ao âmbito da produção econômica. b) Marx afirma que a moral, os sistemas políticos, os princípios jurídicos e as ideologias não têm vida própria diante do modo pelo qual os homens produzem e reproduzem a existência. c) Marx nega todo e qualquer papel ativo na história à consciência, sendo esta, antes, um mero reflexo da esfera da produção material. d) Marx sustenta que o ser social que pensa, que atua politicamente e que representa o seu espaço reproduz simplesmente as condições históricas vigentes, independente de sua classe social. 35.(Uem 2012) A sociologia marxista propõe uma interpretação da sociedade que toma as condições materiais de existência dos homens como fator determinante dos fenômenos sociais. Sobre essa concepção, assinale o que for correto. I – Forças produtivas e relações sociais de produção são os dois componentes básicos da infraestrutura que determinam em última instância as demais dimensões da vida social. II – Instituições como a Escola, o Estado e a Igreja fazem parte da superestrutura social, dotada de autonomia frente às determinações econômicas de cada momento histórico. III – Mudanças na estrutura social são desencadeadas quando se desenvolvem incongruências entre a infraestrutura produtiva e a superestrutura, com predomínio da primeira sobre a última. IV – As instituições que compõem a superestrutura desempenham importantes funções de controle social e ideológico que contribuem para a manutenção das relações produtivas vigentes. V – As classes sociais são definidas segundo a posição que ocupam nas instituições que compõem a dimensão superestrutural das sociedades. Estão corretas: a) I, II, V b) II, III, IV c) I, IV, V d) II, III, V e) I, III, IV 36. (Uem) Escrito há quase duzentos anos, por Karl Marx e Friedrich Engels, o Manifesto Comunista denunciava as desigualdades sociais vividas pelos homens na sociedade capitalista. Leia trecho dessa obra, reproduzido a seguir, e assinale o que for correto sobre o desenvolvimento econômico. “A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos das classes. Estabeleceu novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta no lugar das antigas [...] A manufatura já não era suficiente. Em consequência disso, o vapor e as máquinas revolucionaram a produção industrial. O lugar da manufatura foi tomado pela indústria gigantesca moderna, o lugar da classe média industrial, pelos milionários da indústria, líderes de todo o exército industrial, os burgueses modernos” (MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. O Manifesto do Partido Comunista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, 10ª Edição, p.09 e 11 – Coleção Leitura). I- A passagem da manufatura para indústria gerou um processo de modificação do espaço natural que foi bastante equilibrado, sem prejuízos ao meio ambiente. II – O trecho acima se refere ao contexto de formação da sociedade capitalista e à composição dos antagonismos de classe, os quais opõem proprietários dos meios de produção e proprietários da força de trabalho. III – As relações estabelecidas pelas classes sociais na sociedade burguesa moderna são pautadas pela cooperação, a qual conduz ao desenvolvimento econômico gerador de melhor condição de vida para todos. IV – As relações de troca se revolucionaram em virtude de o crescimento da burguesia moderna ter ocorrido na mesma proporção do crescimento da produção industrial. V – O desenvolvimento da indústria está assentado no emprego do trabalho humano, o único detentor de conhecimento para alterar a matéria-prima, a partir do uso de instrumentos que ele mesmo produz. Estão corretas: a) II, IV, V b) I, II, V c) III, IV, V d) I, IV, V e) I, II, III MAX WEBER Max Weber (1864-1920) nasceu em Erfurt, Turíngia, Alemanha e foi um importante intelectual, voltado para os estudos de economia e da sociedade moderna e contemporânea. Weber é considerado um dos primeiros e um dos tripes da sociologia, ao lado de Émile Durkheim e Karl Marx. A sua obra mais famosa é “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, no qual buscou explicar a consolidação do capitalismo e da burguesia como classe dominante, por meio da expansão do protestantismo na Europa, uma vez que este valorizava o mérito pessoal e o trabalho como meios de valorização espiritual. Nesta mesma obra Weber criticou o catolicismo e a sua “aversão” ao trabalho e ao lucro. Embora a obra descrita acima seja a mais comentada pelos leitores de Weber a sua principal obra é “Economia e Sociedade”, que na verdade é uma publicação póstuma. Apenas os quatro primeiros capítulos foram escritos com o objetivo de uma publicação, o restante da obra é formada por uma compilação de textos inacabados e escolhidos por Marianne Weber e Johannes Winckelmann. É nesta obra que estão as teorias sociológicas de Weber. Para o sociólogo alemão, ao contrário de Durkheim, a sociedade pode ser estudada a partir de ações individuais e não por fatos sociais, que seriam externos aos indivíduos. Sua proposta é a de que os indivíduos podem conviver, relacionar-se e até mesmo constituir juntos algumas instituições (como a família, a igreja, a justiça), exatamente porque quando agem eles o fazem partilhando, comungando uma pauta bem parecida de valores, motivações e expectativas quanto aos objetivos e resultados de suas ações. E mais, seriam as ações recíprocas (repetidas e “combinadas”) dos indivíduos que permitiriam a constituição daquelas formas duráveis (Estado, Igreja, casamento, etc.) de organização social. 8 Assim, Weber desenvolve a teoria da sociologia compreensiva, na qual os motivos individuais norteiam a convivência social. O sociólogo defende a subjetividade humana na interpretação social e combate o positivismo e a sua teoria objetiva da sociedade. Weber denomina como ação social, os atos dos indivíduos que norteiam a sociedade. Em outras palavras, as ações sociais são relações sociais dotadas de sentido. E a sociologia busca compreender estas ações. Entretanto são os indivíduos que escolhem as ações sociais, ou seja, que dão relevância aos acontecimentos e estas estão ligadas a outros indivíduos e por isso são sociais. Para o estudo das ações sociais, Weber desenvolveu uma metodologia conhecida como tipo ideal, que pode ser definido como uma criação artificial que permite 8 Retirado de http://www.chumanas.com. Postado por Jarlison Augusto acesso em 08/03/2014 interpretar estas ações sociais. Assim, o tipo ideal não corresponde à realidade, mas pode ajudar em sua compreensão. Weber cria, assim, quatro tipos de ações sociais no qual busca a compreensão da sociedade: • Ação Tradicional: Hábitos, costumes ou tradição. • Ação irracional Afetiva: Paixões. • Ação racional com relação a valores: ética, religião. • Ação racional com relação a fim: ação tem um sentido lógico para alguma finalidade. Ainda em relação a sociedade, Weber define que a dominação é o centro das relações humanas e por isso busca também criar três tipos ideais de dominação: • Tradicional: crença na tradição. • Carismática: fidelidade através do carisma. • Legal: Através das leis e efetividade da burocracia (caracteriza o mundo moderno). TEXTO DE APOIO: 9 Ciência Política. Duas Vocações 1. Diferença entre os estados: Estados estamentais: O poder está nas mãos dos privados. ex idade média; Estados centralizados: Burocratização e centralização do poder nas mãos do rei. • Burocratização: Não somos mais governados por pessoas e sim por regras. O poder é burocratizado. O processo de modernização é o afastamento das pessoas para que o poder seja exercido pelas normas. • Método do tipo ideal: Ninguém consegue explicar a realidade de uma forma inteira. Não explicamos a realidade e sim a interpretamos. Para vencer esse 9 Texto de REIS, Rafael Almeida Oliveira. Retirado de http://www.oreis.com.br/faculdadede-direito-de-curitiba-unicuritiba-ciencia-politica-duas-vocacoes-max-weber-resumo/ acesso em 29/07/2014. problema é criado um método para a sociologia explicar a realidade. O método é fundamental para um sociólogo. Weber utiliza o método “tipo ideal” para que ele pudesse fazer um recorte da sociedade e interpretá-la. Weber tenta dar um sentido para a história. • Modo de produção capitalista: O trabalho passa a ser ético. Você passa a viver para trabalhar. Diretamente relacionado com o protestantismo de Lutero (quando mais trabalho, mais perto da salvação). Onde o protestantismo se desenvolveu foi onde o capitalismo se desenvolveu. O capitalista perfeito (tipo ideal) não consome, apenas produz. • O estado: É o detentor do monopólio do uso legítimo da violência física dentro de um território. A violência é um instrumento de poder que apenas o estado pode utilizar. O momento em que o direito se aplica: Atividade da violência pelo estado. Uso legítimo da violência. Existe um momento em que você não pode aplicar nenhum direito. Esse momento, segundo Kelsen, só pode ser traduzido pelo poder de instauração. O instrumento de puro poder. É o momento de criação do direito de um determinado país sem nenhuma barreira. O direito é qualquer coisa, no estado moderno, que se encontra entre a violência e o poder. • Definição de Política: É o conjunto de esforços com vistas a participação do poder. Quem se organiza para ocupar postos de poder. Houve uma especialização das pessoas para cuidar da máquina do poder. • Política como uma profissão: O político tem legitimidade para exercer o poder pois ele foi eleito para tal. • Existe uma diferença entre os Burocratas e os Políticos. Ambos estão presentes na administração pública. Essa diferença é caracterizada pelo livro sobre as duas vocações. Vocação para ciência e vocação para a política. Burocratas: São técnicos concursados. Uma profissão onde a técnica é adquirida através da ciência. A ciência ensina técnicas. Os burocratas não devem escolher em nome das pessoas. Eles devem obedecer, não decidir. Quem deve escolher são as pessoas que adquiriram legitimidade para tal por meio de eleição popular. Políticos: Os que fazem as escolhas. O político deve saber fazer boas escolhas. Na modernidade as pessoas começaram a se especializar em tomar decisões. A política só se aprende fazendo, participando da vida cotidiano de um político. Viver da política e viver para a política: A política se tornou um meio de vida. Quem concorre a um cargo público também está concorrendo para o próprio meio de vida (não tem outras fontes de renda, por exemplo). Weber define que é melhor termos políticos que vivem da política do que para a política. Quem vive da política tem vocação para fazer boas escolhas. Deve ser um bom representantes e não um bom cientista. • Formas de dominação: Existem três formas de dominação que podemos utilizar para exercer o poder. Esses são apenas tipos ideais. Eles podem se misturar. Dominação Carismática: É característica do estado moderno. Weber defende a dominação carismática pois é considerada por ele a única em que podemos escolher (governante). Você deseja que determinada pessoa que você goste governe a cidade. A maioria dos políticos modernos são carismáticos. Os dominadores carismáticos são os autênticos Líderes. Dominação Racional Legal: A burocracia é uma forma de dominação racional legal. Outro exemplo seria a polícia. São normas que obrigam determinadas condutas das pessoas; Dominação Tradicional: É aquela emanada dos costumes. É a forma mais antiga de dominação. • Ética na política: A ética da convicção: A defesa de uma ideia. O político precisa ter convicção e manter a sua linha de campanha para que, caso seja eleito, mantenha seu raciocínio utilizado durante a campanha. A ética da responsabilidade: Você não pode agir só com convicção. Você deve ser responsável no governo. Você não pode, por exemplo, endividar uma prefeitura com base em suas convicções. A ética do senso de proporção: Sensibilidade de saber a hora de agir com convicção e quando agir com responsabilidade. EXERCÍCIOS: 37. (Unicentro 2010) “A ação social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se pela ação de outros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras (vingança por ataques anteriores, réplica a ataques presentes, medidas de defesa diante de ataques futuros). Os ´outros` podem ser individualizados e conhecidos ou um pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos” (Max Weber. Ação social e relação social. In M.M. Foracchi e J.S Martins. Sociologia e Sociedade. Rio de Janeiro, LTC, 1977, p.139). Max Weber, um dos clássicos da sociologia, autor dessa definição de ação social, que para ele constitui o objeto de estudo da sociologia, apontou a existência de quatro tipos de ação social. Quais são elas? a) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com relação a valores, ação racional com relação a fins. b) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional e ação carismática. c) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com relação a valores, ação política com relação a fins. d) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional com relação a fins, ação racional com relação a valores. e) Ação tradicional, ação emotiva, ação racional com relação a fins e ação política não esperada. 38. (Uel 2013) Os documentos de identificação individual podem ser analisados sob a perspectiva dos estudos weberianos a respeito da sociedade moderna. Sobre essa análise, assinale a alternativa correta. a) A ação racional com relação a valores é o tipo conceitual que explica o uso do CPF, uma vez que se refere às riquezas do indivíduo. b) A adoção de documentos de identificação pessoal corresponde aos interesses dos indivíduos pelo prestígio social. c) A identificação pelo CPF é um exemplo de imitação e de ação condicionada pelas massas, fenômenos comuns na sociedade moderna. d) CPF e documentos pessoais fortalecem o processo de desburocratização das estruturas racionais de dominação. e) O uso do CPF é uma ação dotada de sentido, isto é, compreensível pelos demais indivíduos envolvidos na situação. 39. (Uema 2012) No conjunto da sua Sociologia compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber define ação social como ação a) racional em que o agente associa um sentido objetivo aos fatos sociais. b) desprovida de sentido subjetivo e motivacional. c) humana associada a um sentido objetivo. d) cuja intenção fomentada pelos indivíduos se refere à conduta de outros, orientando-se por ela. e) não orientada significativamente pela conduta do outro em prol de um bem comum. 40. (Unicentro 2012) Do ponto de vista do agente, o motivo é o fundamento da ação; para o sociólogo, cuja tarefa é compreender essa ação, a reconstrução do motivo é fundamental, porque, da sua perspectiva, ele figura como a causa da ação. Numerosas distinções podem ser estabelecidas e Weber realmente o faz. No entanto, apenas interessa assinalar que, quando se fala de sentido na sua acepção mais importante para a análise, não se está cogitando da gênese da ação, mas sim daquilo para o que ela aponta, para o objetivo visado nela; para o seu fim, em suma. COHN, Gabriel (Org.). Max Weber: sociologia. São Paulo: Ática, 1979. A categoria weberiana que melhor explica o texto em evidência está explicitada em a) A ação social possui um sentido que orienta a conduta dos atores sociais. b) A luta de classes tem sentido porque é o que move a história dos homens. c) Os fatos sociais não são coisas, e sim acontecimentos que precisam ser analisados. d) O tipo ideal é uma construção teórica abstrata que permite a análise de casos particulares. e) O sociólogo deve investigar o sentido das ações que não são orientadas pelas ações de outros. 41. (Uema 2012) Qual das alternativas abaixo corresponde à definição de Max Weber sobre o Estado Moderno? a) Comitê executivo dos negócios de toda a burguesia. b) Comunidade humana que, dentro dos limites de um determinado território, reivindica o monopólio da força legítima. c) Representante de uma das classes fundamentais. d) Instrumento de dominação de uma classe sobre a outra. e) Representante da burocracia pública. 42. (Unioeste 2012) Para Max Weber a economia capitalista não é marcada pela irracionalidade e pela “anarquia da produção”. Ao contrário de Karl Marx, que frisava a irracionalidade do capitalismo, para Weber as instituições do capitalismo moderno podem ser consideradas como a própria materialização da racionalidade. Segundo Weber, uma das características do capitalismo moderno é a estrutura burocrática com instituições administradas racionalmente com funções combinadas e especializadas. Para o sociólogo alemão, o controle burocrático é marcado pela eficiência, precisão e racionalidade. Considerando a importância do tema da burocracia na obra de Weber, é correto afirmar que a) Marx Weber identifica a burocracia com a irracionalidade, com o processo de despersonalização e com a rotina opressiva. A irracionalidade, nesse contexto, é vista como favorável à liberdade pessoal. b) segundo Weber, a ocupação de um cargo na estrutura burocrática é considerada uma atividade com finalidade objetiva pessoal. Trata-se de uma ocupação que não exige senso de dever e nenhum treinamento profissional. c) na burocracia moderna os funcionários são altamente qualificados, treinados em suas áreas específicas, enfim, pessoas que tem ou devem ter qualificações consideradas necessárias para serem designadas para tais funções. d) para Weber, o elemento central da estrutura burocrática é a ausência da hierarquia funcional e a obediência à ordem pessoal e subjetiva. e) a burocratização do capitalismo moderno impede segundo Weber, a possibilidade de se colocar em prática o princípio da especialização das funções administrativas. 43. (Ufu 2012) Nas Ciências Sociais, particularmente na Ciência Política, definir o Estado sempre foi uma tarefa prioritária. As tentativas nesta direção fizeram com que vários intelectuais vissem o Estado de formas diferentes, com naturezas diferentes. Numa palestra intitulada Política como vocação, Max Weber nos adverte, por exemplo, que o Estado pode ser entendido como uma relação de homens dominando homens. No trecho da canção d´O Rappa, Tribunal de Rua, dominação é o que se percebe, também, na relação entre cidadãos e policiais (braço armado do Estado). A viatura foi chegando devagar E de repente, de repente resolveu me parar Um dos caras saiu de lá de dentro Já dizendo, aí compadre, você perdeu Se eu tiver que procurar você tá fodido Acho melhor você ir deixando esse flagrante comigo [...]. O Rappa. Lado A Lado B. Warner, 1999. A partir da perspectiva weberiana, relacionada ao trecho da canção acima, evidencia-se que a dominação do Estado a) é exercida pela autoridade legal reconhecida, daí caracterizar-se fundamentalmente como dominação racional legal. b) é estabelecida por meio da violência prioritariamente exercida contra grupos e classes excluídos social e economicamente. c) ocorre a partir da imposição da razão de Estado, ainda que contra as vontades dos cidadãos que, normalmente, àquela resistem. d) a exemplo da dominação de outras instituições, opera de forma genérica, exterior e coercitiva. 44. (Unicentro 2011) Os sociólogos Karl Marx e Marx Weber se detiveram na análise da modernidade europeia, embora com métodos diferentes. Assinale como verdadeira a afirmativa que corresponde às analises de Max Weber sobre a sociedade. a) A vida moderna estimula a formação de um indivíduo calculista, racional e impessoal, refletindo a tendência da exploração dos trabalhadores e da transformação do trabalho em mercadoria. b) A dimensão cultural é fundamental para compreender a modernidade, pois o capital e seu acúmulo são tidos como um dever moral que deve ser perseguido de forma racional e disciplinada. c) A divisão social é um fenômeno da modernidade e sua função moral é integrar funções diferentes e complementares que, de outra forma, causariam a perda dos laços comunitários. d) A ação social, na sociedade moderna, é motivada apenas por interesses econômicos, porque os meios para produzir estão concentrados nas mãos de apenas uma classe social. e) A expansão da produção capitalista teve como base a separação entre trabalhadores e os meios de produção, assim como a disseminação da propriedade privada. 45. (Ufu 2011) Na concepção de Weber, a política é uma atividade geral do ser humano. A atividade política se desenvolve no interior de um território delimitado e a autoridade política reivindica o direito de domínio, ou seja, o direito de poder usar a força para se fazer obedecer. Se há obediência às ordens, ocorre uma situação de dominação. Sobre os tipos de dominação, assinale a alternativa correta. a) A dominação legal racional é a mais impessoal, pois se baseia na aplicação de regras gerais aos casos particulares. b) O patrimonialismo é o tipo mais característico de dominação legal racional. c) A forma mais típica de dominação tradicional é a burocracia. d) A dominação carismática constitui um tipo bastante comum de poderio, na medida em que se baseia na crença em qualidades pessoais corriqueiras. 46. (Unicentro 2011) Max Weber, um dos fundadores da Sociologia, tinha amplo conhecimento em muitas áreas afins a essa ciência, tais como economia, direito e filosofia. Assim, ao analisar o desenvolvimento do capitalismo moderno, buscou entender a natureza e as causas da mudança social. Em sua obra, existem dois conceitos fundamentais, ou seja, a) cultura e tipo Ideal. b) classe e proletariado. c) anomia e solidariedade. d) fato social e burocracia. e) ação social e racionalidade. GABARITO 1: b 2: d 3: d 4: c 5: c 6: a 7: d 8: a 9: b 10: a 11: d 12: b 13: a 14: b 15: b 16: d 17: c 18: b 19: d 20: d 21: d 22: b 23: c 24: b 25: a 26: b 27: b 28: e 29: c 30: c 31: e 32: b 33: d 34: b 35: e 36: a 37: d 38: e 39: d 40: a 41: b 42: c 43: a 44 b 45: a 46: e