A Revolution is a Spinning Force
Céline Condorelli
Jacopo Miliani
Mariana Silva
Curadoria: Filipa Ramos
A Revolution is a Spinning Force é um exercício expositivo que une os artistas Céline Condorelli,
Jacopo Miliani e Mariana Silva numa reflecção colectiva sobre o duplo sentido do termo Revolução,
que pode definir seja um momento de viragem social, política ou cultural, como o movimento de
rotação de um corpo.
A Revolution is a Spinning Force resulta de um ano de troca de ideias, materiais e impressões
entre os artistas e a curadora. Os trabalhos resultantes, obras inéditas que nasceram a partir deste
processo de diálogo, serão apresentados nos dois pisos da Appleton Square.
A prática de Condorelli/Miliani/Silva assenta fortemente numa constante actividade de pesquisa, que
se torna o elemento fundador do seu inquérito visual sobre as fontes e transmutações de gestos,
formas e objectos. Da mesma forma, os artistas estendem a sua actividade à revisão das estruturas
físicas e culturais que constituem o espaço expositivo: como este se relaciona com o tempo e com a
sua percepção, e como os sistemas expositivos afectam o modo em que os espaços são atravessados,
usados, vividos e percebidos.
Céline Condorelli apresenta Viemos para dizer não, uma instalação baseada numa performance
homónima, apresentada em Modica, na Sicília, em Agosto de 2012.
O enredo resulta da adaptação do romance antifascista Gente da Sicília (1938) de Elio Vittorini
e a peça é actuada - e assistida por - um grupo de marionetas. Reagindo à aparente passividade
dos actores no palco - e pela impossibilidade de se revoltarem contra o estabelecido - as rebeldes
marionetas na audiência apelam à revolta.
Viemos para dizer não testa as possibilidades de adaptação de um evento ao vivo a uma instalação
vídeo ao mesmo tempo que considera o potencial revolucionário do espaço cénico.
Jacopo Miliani apresenta Dire e detti, uma sequência de imagens fotográficas e Studio for an
alphabet, uma série de slides que mostram uma possível incorporação do discurso, nas quais o
movimento gera formas e se traduz num gesto de apropriação que actualiza o passado.
A projecção de slides apresenta uma representação física dos caracteres alfabéticos ocidentais. As
letras são organizadas de modo a compor uma frase de Carmelo Bene, Quando acreditamos ser nós
a dizer, somos ditos (Quando crediamo di essere noi a dire, siamo Detti), em que o escritor-actorencenador italiano repropõe a suposição de Lacan de que o sujeito enunciador é submetido às suas
próprias declarações.
Mariana Silva apresenta três vídeos que propõem uma extensão do espaço expositivo, incluindo
objectos ausentes na exposição. As peças, reconstituídas em animação 3D, constituem uma segunda
linguagem museológica, em que está latente a violência da representação do gesto expositivo.
La Gorguera ou a repetição prolongada da guilhotina: golas da aristocracia espanhola do séc. XVI
consideradas pelo arquitecto brasileiro Flávio de Carvalho como um prenúncio da invenção da
guilhotina, assentes sobre um dispositivo modernista usado por Peggy Guggenheim na sua galeria Art
of the 20th Century. Ex-Tiara de Saitaphernes: suposta coroa grega do séc. III a.C. comprada pelo Louvre e mais tarde
declarada uma falsificação, sendo reclassificada como joalharia do séc. XIX. Habit du Citoyen: poster anónimo, possivelmente da década de 1970, relativo ao “traje de cidadão”
desenhado por Jacques Louis David durante a Revolução Francesa.
Piso 0
Piso -1
Jacopo Miliani
Studio for an alphabet, 2013
Provas de contacto
Céline Condorelli
Viemos para dizer Não, 2013
Instalação vídeo a dois canais, 55’, cor, som
Dire e detti, 2013
Projecção de slides
Mariana Silva
Habit du Citoyen, 2013
Modelo 3D rendido em vídeo, 10’’, cor
Ex-Tiara de Saitaphernes, 2013
Modelo 3D rendido em vídeo, 10’’, cor
La Gorguera ou a repetição prolongada
da guilhotina, 2013
Modelo 3D rendido em vídeo, 10’’, cor
Céline Condorelli é a autora e editora de Support Structures, publicado por Sternberg Press (2009) e é directora fundadora
de Eastside Projects, Birmingham.
É actualmente Professora na Naba (Nuova Accademia di Belle Arti, Milão). Exposições recentes incluem ‘Puppet Show’,
Eastside Projects, Birmingham (2013); ‘Additionals’, Pavilion, Leeds (2013); ‘The Parliament’, Archive of Disobedience,
Castello di Rivoli, Rivoli; ‘Social Fabric’, Iniva, Londres e Lund Konsthall, Suécia; ‘Surrounded by the Uninhabitable’, SALT
Istambul (2012); ‘There is nothing left’, Alexandria Contemporary Arts Forum, Egipto e Oslo Kunstforening (2011-12);
Manifesta 8, Murcia (2010); ‘Revision, part 1 and 2’ (Artists Space, Nova Iorque, 2009, e Cell Projects, Londres, 2010).
Céline Condorelli (Paris, 1974) vive em Londres.
Jacopo Miliani apresentou os seus projectos em vários espaços expositivos, incluindo: Studio Dabbeni, Lugano; Frutta,
Roma; Montehermoso, Victoria; Museo MADRE, Nápoles; Villa Romana, Florença; Nomas Foundation, Roma; Careof,
Milão; Barbican Centre, Londres; Istituto Svizzero of Rome, Roma; Castello Sforzesco, Milão; Museo de las Ciencias,
Valencia; CAB Centre d’Art Bastille, Grenoble; Form Content, Londres; Círculo de Bellas Artes, Madrid; Serpentine Gallery,
Londres; Galeria Vermelho, São Paolo e Komplot, Bruxelas.
Em 2009 realizou o programa de residência Platform Garanti, Istambul. Actualmente é artista em residência no MACRO,
Roma. Juntamente com outros artistas, curadores e cientistas, é membro do colectivo OuUnPo (Ouvres d’Univers Potentiel).
Jacopo Miliani (Florença, 1979) vive em Milão.
Mariana Silva realizou as seguintes exposições individuais: ‘Environments’ (com Pedro Neves Marques), e-flux, Nova
Iorque, 2013; ‘P/p’, Mews Project Space, Londres, 2013 e ‘A organização das formas’, Kunsthalle Lissabon, Lisboa, 2011.
Silva participou em numerosas exposições colectivas, nomeadamente ‘Às Artes, Cidadãos!’, Fundação de Serralves, Porto,
2011; ‘For Love, not Money’, 15th Tallinn Print Triennial, 2011; ‘Entrevista Perpétua’, Cristina Guerra Contemporary Art,
Lisboa, 2010; ‘Into the Unknown’, Ludlow 38, Nova Iorque, 2010; ‘República ou o Teatro do Povo’, Arte Contempo, Lisboa,
2009; e ‘BesRevelação’, Fundação de Serralves, Porto, 2008. Foi residente no Zentrum Paul Klee Sommerakademie,
Berna, Suiça, 2010 e no ISCP, Nova Iorque, 2009–10.
Mariana Silva (Lisboa, 1983) vive em Nova Iorque.
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