Serviços hídricos que funcionam para as pessoas pobres Aumentar a viabilidade através da provisão de serviços a favor das pessoas pobres 1 WaterAid/Layton Thompson Uma publicação da WaterAid Novembro de 2009 Elaborado por Yael Velleman Com a assistência de Timeyin Uwejamomere, Mary O’Connell, Tom Slaymaker e o Departamento de Política e Campanhas da WaterAid Com um agradecimento especial a Ian Ross (WaterAid), Urooj Amjad, Tracey Keatman (Building Partnerships for Development in Water and Sanitation) e Adrian Palacios Serrano Apesar das opiniões neste documento serem apensas as do autor, agradece-se o apoio recebido de: Silver Mugisha, Chief Manager, Desenvolvimento Institucional e Serviços Externos, NWSCUganda Rosemary Rop, Especialista em Água e Saneamento (Responsabilidade Social), WSP-Africa Region Karen Sirker, Especialista em Desenvolvimento Social, World Bank Institute (WBISD) Blanche Cotlear, Programa Hídrico e Rural, Instituto do Banco Mundial (WBISD) J V R Murty, Especialista do Desenvolvimento das Instituições de Água WSP-SA, Banco Mundial, Nova Deli Biraj Swain, Consultor sobre Equidade e Governação, Programa de Reforma do Sector de Saúde, DFID-TAST (Equipa de Apoio de Consultoria Técnica) Editado por Libby Plumb Traduzido por Eugénia Lisboa Imagem da capa: WaterAid / Layton Thompson 2 Índice 1. Introdução .......................................................................................................... 4 2. Reconciliação da eficiência e das medidas a favor das pessoas pobres nos serviços hídricos ................................................................................................... 5 a. Considerações sobre eficiência e viabilidade para a provisão de serviços ........ 5 b. Serviços a favor das pessoas pobres: O que significa para um serviço ser a favor das pessoas pobres? ...................................................................................7 i. Estudos de casos: Iniciativas dos provedores a favor das pessoas pobres...... 8 ii. As características dos serviços a favor das pessoas pobres .........................12 iii. “Blocos de construção” das práticas a favor das pessoas pobres................ 14 3. Conclusões........................................................................................................18 4. Bibliografia .......................................................................................................19 5. Entrevistas ....................................................................................................... 22 Acrónimos ADB – Banco Asiático de Desenvolvimento CRC – Cartão de informação do cidadão OSC – Organização da Sociedade Civil CVC – Cartão de opinião da comunidade DfiD – Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido GoI – Governo da Índia GoU – Governo do Uganda ODM – Objectivo de Desenvolvimento do Milénio MWCI – Empresa Hídrica de Manila, Inc. MWSS-RO – Departamento de Regulamentos do Sistema Metropolitano de Água e Esgotos (Manila, Filipinas) NETWAS – Rede para a Água e o Saneamento (Uganda) ONG – Organização Não Governamental NWSC – Empresa Nacional de Água e Esgotos (Uganda) OBA – Ajuda com base nos resultados PPWSA – Autoridade de Provisão da Água de Phnom Penh (Cambodja) PRSP – Documento sobre a Estratégia para a Redução da Pobreza UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância VSC – Cartão de classificação da aldeia WB – Banco Mundial WBWSB – Conselho de Administração do Sector Hídrico do Banco Mundial OMS – Organização Mundial da Saúde WRM – Gestão dos Recursos Hídricos WSP – Programa de Água e de Saneamento do Banco Mundial 3 1. Introdução Em muitos países em desenvolvimento, as críticas são geralmente dirigidas aos serviços hídricos por não conseguirem prover serviços adequados às pessoas pobres nos contextos urbanos. Com poucos incentivos para actuar de outro modo, os serviços tendem a escolher1, estendendo os serviços às populações de acesso mais fácil e mais ricas, levados não só por preocupações de recuperação de despesas, mas também por ideias preconcebidas no que diz respeito às pessoas pobres nas zonas urbanas, que levam os serviços a não reconhecer as zonas urbanas pobres como potenciais mercados. De acordo com a OMS e a UNICEF, 70% das pessoas nas zonas urbanas das regiões em desenvolvimento têm acesso à água canalizada para as suas casas, quintal ou lote. No entanto, outros 24% usam uma fonte que é melhorada no âmbito da definição do ODM mas não é canalizada através de uma rede, por exemplo, uma torneira pública. É provável que muitas pessoas destes 24% já estejam a pagar pela água que têm, muitas vezes ao balde, a preços muito mais elevados por litro do que os utentes das redes. Por isso, representam um mercado inexplorado para água canalizada nas zonas urbanas do mundo em desenvolvimento, totalizando cerca de 1,3 mil milhões de pessoas2. As ideias preconcebidas dos serviços, mencionadas acima, são causadas por preocupações incluindo a percepção de que há da falta de vontade e capacidade das pessoas pobres de pagar pelos serviços hídricos, preocupações sobre a segurança de uma infra-estrutura cara, problemas de incertezas ou disputas no que diz respeito à propriedade do terreno, e a percepção dos bairros degradados como sendo “o pesadelo dos engenheiros”3. As populações pobres urbanas são por isso muitas vezes deixadas sem acesso às provisões dos serviços hídricos oficiais. Mesmo quando são capazes de ter acesso a esses serviços, os mesmos são frequentemente inadequados em termos de nível de serviço e de qualidade. Esses problemas são mais evidentes em povoações urbanas e peri-urbanas informais dos bairros degradados, onde os residentes enfrentam diversos desafios em termos de custos elevados da água comprada a vendedores, tarifas de ligação e contas elevadas, despesas “escondidas” das ligações (escavação de estradas, materiais, etc.), tarifas em bloco que penalizam revendas, e restrições de tempo devido ao transporte manual de água4. Ao mesmo tempo, muitos serviços sofrem dificuldades devido à água não contabilizada (devido a ligações ilegais, perdas, subornos, e vandalismo) que juntamente com a falta de confiança nas receitas financeiras do investimento nas extensões dos serviços às zonas de rendimentos baixos, se somam às preocupações internas de viabilidade financeira e capacidade de gestão. O resultado é “…. uma situação de perda total tanto para os consumidores finais como para a empresa de serviços”, incluindo menos receitas para a empresa de serviços o que dificulta ainda mais a extensão dos serviços”5. Devem fazer-se diversos esclarecimentos logo de início: → Este documento foca a atenção nos serviços de provisão de água. Uma análise da responsabilidade descendente em termos de provisão do saneamento urbano e serviços de esgotos encontra-se para além do âmbito deste documento. 1 Franceys, em Franceys e Gerlach 2008 Com base em UNICEF/WHO JMP, 2008 3 Gerlach, em Franceys e Gerlach 2008 p39 4 Castro e Morel 2008 5 ibid p290 2 4 → Os termos “empresa de serviços” e “provedor de serviços” são frequentemente usados neste documento de modo intercambiável para designar “uma organização, seja pública ou privada, que proporciona serviços hídricos de natureza pública6, tendo em consideração que apesar de em alguns contextos a provisão de água urbana ser feita por empresas de água, noutros, essa provisão é feita por departamentos do governo local. → Os utentes dos serviços são designados na literatura revista de modos diversos, incluindo consumidores, clientes e cidadãos. O termo “utentes” é usado em todo este documento, excluindo citações ou estudos de casos, para evitar fazer essas distinções no âmbito dos argumentos gerais apresentados. 2. Reconciliação da eficiência e das medidas a favor das pessoas pobres nos serviços hídricos a. Considerações sobre eficiência e viabilidade para a provisão de serviços A viabilidade financeira de uma empresa de serviços tem uma função essencial não só para a capacidade da mesma de prover serviços de qualidade em geral, mas também para a sua capacidade de levar serviços de qualidade às pessoas pobres, particularmente se se achar que vão ser necessários subsídios cruzados ou grandes despesas de capital para permitir a extensão dos serviços. A WSP argumenta que a finalidade da reforma dos serviços “deveria ser viabilidade financeira ao mesmo tempo que não se exclui a secção pobre da sociedade”, o que requer estratégias de receitas sustentáveis que incluam “estruturas tarifárias apropriadas que sejam simples, equitativas, económicas, financeiramente sustentáveis e transparentes para todos, tomando em conta os consumidores pobres e marginalizados”7, assim como aplicando “mecanismos de subsídios apropriados para garantir que são a preços que as pessoas pobres podem pagar” (ver Tabela 1). Franceys e Gerlach8 argumentam que “Não permitir que as empresas de serviços estabeleçam tarifas viáveis, muitas vezes em nome de ‘garantir o acesso às pessoas pobres’ tem contribuído significativamente para o falhanço destas empresas de serviços”, e que a 6 WB 2008a p1 WSP 2008 p12 8 Franceys e Gerlach 2008 7 5 “reforma do sector depende das reformas das tarifas para garantir fluxos de receitas adequadas para a sustentabilidade financeira”9. Essas estratégias de rendimentos devem ser revistas no âmbito do contexto das estratégias financeiras do sector, que, juntamente com as tarifas, também incluem receitas de impostos e transferências de doadores multi-laterais e bilaterais, designados colectivamente pela OCDE10 como os “3 Ts” (tariffs, taxes, transfers), que podem proporcionar redes de segurança tais como as tarifas sociais e subsídios de ligação que visam os utentes de água vulneráveis ou de baixos rendimentos. Tabela 1: Princípios para uma tarifa ideal11 Princípio Eficiência de despesas e recuperação das despesas Eficiência económica Conservação d e recursos Acessibilidade Equidade e justiça Simplicidade Praticabilidade Transparência Flexibilidade Descrição As receitas derivadas das tarifas devem ser relativamente estáveis e não causar dificuldades financeiras ou de fluxo de dinheiro para a empresa pública Indicar aos utentes os custos financeiros e outras despesas que a decisão de usar água impõe ao resto do sistema Desencorajar utilização excessiva ou esbanjadora de água, desse modo promovendo a conservação de fontes em declínio ou a utilização sustentável de fontes de água renováveis Acessível às pessoas pobres Trata os utentes semelhantes do mesmo modo, e os utentes em situações diferentes de modo diferente, e pode significar algumas medidas políticas para subsidiar as pessoas pobres Fácil de entender Administrativamente, a tarifa deve ser tal que a implementação da mesma pode ser levada a cabo com uma despesa mínima Deve ser claro como as tarifas são estabelecidas e que oportunidades existem para influenciar este processo Adaptável às diversas necessidades em mudança dos utentes – estruturado para satisfazer as diversas necessidades dos utentes e revista regularmente para garantir eficiência e eficácia para concretizar os objectivos No entanto, a “qualidade” de uma empresa de serviço ou de um provedor não deve ser somente definida pela viabilidade financeira. Como discutido por diversos autores, é importante devotar atenção a reformar o ambiente institucional no âmbito do qual as empresas de serviços operam e os processos de tomada de decisões que influenciam incentivos relevantes ao mesmo tempo que reformam as próprias empresas de serviços12. A WSP argumenta que apesar das restrições financeiras e de capacidades serem importantes para a função de uma utilidade, deve-se dar atenção às “deficiências institucionais e falta de incentivos sistemáticos” para melhorar, e à falta de autonomia funcional e autoridade das empresas de serviços para tomar decisões essenciais relacionadas com as despesas, operações e funcionários 13. Um aspecto essencial é a “falta de clareza das funções e a 9 ibid p13 OECD 2008 11 adapted from WSP 2008 p12 12 WB 2006a 13 WSP 2008 p12 10 6 separação limitada entre política, a regulamentação, e as funções da provisão de serviços”14. O WBSWB oferece uma definição mais generalizada dos atributos de uma empresa de serviços que funciona bem15: 1) Autonomia: livre de interferência política16. A relutância das instituições do governo a ceder o poder financeiro e de tomada de decisões às empresas de serviços deixa-as praticamente sem responsabilidade pela gestão financeira, o que as leva a colocar os interesses políticos e os seus próprios interesses acima dos interesses dos utentes. 2) Prestação de contas: a empresa de serviços deve ser responsável perante todos os intervenientes, incluindo os utentes, pelas decisões políticas, utilização de recursos e desempenho; e 3) Orientada para o consumidor [para todas as pessoas no âmbito da área designada do serviço, tanto utentes actuais como potenciais], incluindo informar e ouvir os residentes e responder às opiniões dos residentes num esforço para satisfazer as necessidades dos utentes e melhorar os serviços. b. Serviços a favor das pessoas pobres: O que significa para um serviço ser a favor das pessoas pobres? A eficiência financeira e organizacional, apesar de ser um requisito prévio para o funcionamento a favor das pessoas pobres, não é por si suficiente para garantir a provisão a favor das pessoas pobres. Para este fim, as empresas de serviços têm que pôr em prática medidas para concretizar o acesso equitativo aos serviços e prestação de contas para com os utentes para garantir um nível e qualidade de serviços adequados. A discussão precedente ajudou a explicar por que razão “o desafio do aumento da eficiência e da melhoria da governação pode parecer tão difícil e as intervenções específicas exigidas para fazer com que as reformas sejam benéficas para as pessoas pobres podem ser esquecidas ou conscientemente deferidas”17, mas, como mencionado na introdução, o atraso indefinido da extensão do serviço às pessoas pobres tem como resultado não só um aumento da desigualdade mas também das perdas de receitas para a empresa de serviços. Franceys e Gerlack argumentam que “melhorar os serviços para as pessoas pobres exige um serviço suficientemente bom que foi capacitado não só para avançar para a sustentabilidade através de tarifas viáveis e de uma melhor gestão das perdas de água, mas também para ser criativo em reconhecer rapidamente os consumidores de baixos rendimentos servidos indirectamente como potenciais clientes que produzem receitas.”18 A evidência dos casos de práticas de serviços relativamente a favor das pessoas pobres demonstra que a provisão de serviços tem que ser planeada cuidadosamente para tomar em consideração as preferências e hábitos de utilização de água das diferentes populações, e particularmente das pessoas pobres nas zonas urbanas. No entanto, uma abordagem desse tipo, é mais a excepção do que a norma. Como declara Evans19, uma causa de raiz da exclusão 14 ibid WBSWB 2009 16 Os políticos podem manter os preços da água muito abaixo dos níveis de recuperação de despesas por razões políticas, fazendo aumentar a dependência dos provedores das transferências de orçamento politicamente motivadas (WB 2003), o que poderia ameaçar o funcionamento eficaz da empresa de serviços e causar uma espiral descendente de preços/investimento baixo levando a serviços de baixa qualidade, pouca cobertura e à corrupção (Gilbert 2007). 17 WBWSB 2008a 18 Franceys e Gerlach 2008 px 19 Evans 2007:1 7 15 das pessoas pobres dos sistemas formais de água e de saneamento nas zonas urbanas tem sido “a incapacidade de longa data dos gestores das empresas de serviços e das cidades, e dos consultores dos mesmos, de planear e implementar sistemas hídricos e de saneamento que respondem à realidade das vidas das pessoas pobres nas zonas urbanas”, ou seja para implementar sistemas que reconhecem as necessidades, preferências e capacidades das comunidades pobres. No Sri Lanka, por exemplo, um programa para ampliar a rede de serviços hídricos às áreas urbanas de baixos rendimentos teve como base a suposição sem provas de que as pessoas pobres prefeririam ligações em casa às práticas actuais de utilização de água, levando a que a reforma falhasse e eventualmente fosse abandonada20; e na Etiópia, o envolvimento limitado da sociedade civil nas decisões políticas teve como resultado uma falta de sustentabilidade dos programas de saneamento e de água21. Na Índia, tem-se argumentado que a suposição política e dos engenheiros que as pessoas pobres não podem e não devem pagar pelos serviços resultou numa propagação contínua de serviços de fraca qualidade com base em torneiras públicas, sobre as quais, uma vez que são grátis, os utentes não sentem que têm o direito de reclamar22. Por outro lado, nas Filipinas, o provedor, Manila Water (MWCI), a trabalhar com “líderes de rua” designados pelos bairros, descobriu o modo de proporcionar serviços hídricos aos bairros pobres e registou uma taxa de 100% de receitas em pagamento de contas (ver Estudo de caso 2). É portanto evidente que apesar de que os provedores financeiramente “saudáveis” deveriam ser mais capazes de ampliar os serviços a todos os residentes, “a possibilidade de alcançar os segmentos mais pobres da população podem ser limitados se não se planearem especificamente intervenções visadas”23, como revelam os estudos de casos que se seguem. i. Estudos de casos: iniciativas dos provedores a favor das pessoas pobres Os breves estudos de casos que se seguem analisam três provedores de água no Uganda, nas Filipinas e no Cambodja, que puseram em prática, na provisão dos serviços, medidas a favor das pessoas pobres. Naturalmente, há importantes diferenças de contexto entre os exemplos, não só em termos dos factores naturais tais como a dimensão (por exemplo os 1,2 milhões de habitantes de Kampala, 44% dos quais vivem em bairros degradados, em comparação com os 5,3 milhões da Zona Leste de Manila24) e factores físicos (terreno, disponibilidade de água, etc.), mas também em termos das proporções de populações pobres e sem serviços, contexto histórico e económico, e maturidade das reformas. O sector de água do Cambodja, por exemplo, foi reformado no contexto de uma recuperação pós-conflito há cerca de 16 anos; a reforma em Manila teve lugar durante o pico da crise financeira asiática em 1997; e a reforma no Uganda ocorreu em 1998, com o fim de solucionar grandes problemas de corrupção e limites de capacidade na provisão de água urbana, no âmbito de um contexto de pobreza generalizada e dependência da ajuda. No entanto, conseguem identificar-se alguns temas em comum – por exemplo, a concretização de uma eficiência financeira e de gestão por parte da empresa de serviços é uma condição essencial mas não suficiente para a introdução bem sucedida de medidas a favor das pessoas pobres, e todas as três empresas tiveram que se 20 Franceys e Gerlach 2008 WaterAid 2006 22 Sabe-se que esse tipo de provisão de serviços pode causar tensões sociais devido às filas e cortes no serviço, assim como a ineficiências devido a perdas responsáveis por cerca de 30% de perda de água, e falta de definições claras sobre a responsabilidade pela manutenção (entrevista com J Murty, 2009). 23 WB 2009 p16 24 UN-HABITAT e MWCI 2006, respectivamente 8 21 “abrir” às opiniões e exigências dos utentes, assim como implementar medidas específicas ao contexto a favor das pessoas pobres. É interessante notar que a altura da implementação das medidas a favor das pessoas pobres varia entre estas empresas de serviços: enquanto a PPWSA e a MWCI implementaram essas medidas mais ou menos desde o princípio, a estratégia a favor das pessoas pobres da NWSC só foi elaborada quando já tinha alcançado um certo grau de eficiência financeira, o que pode ter tido impacto sobre a facilidade com que as medidas foram implementadas, assim como sobre a eficácia das mesmas. Estudo de caso 1: National Water and Sewerage Corporation – NWSC (Empresa Nacional de Água e Esgotos), Uganda Desempenho: A NWSC é vista como um exemplo de uma empresa de serviços urbana que tem estratégias financeiras sustentáveis e estruturas de tarifas apropriadas. Ao levar a cabo uma reforma radical em 1998, a NWSC conseguiu melhorias comerciais comparativamente significativas que, juntamente com eliminações de dívidas devido a subsídios de cooperação de desenvolvimento, libertaram recursos financeiros com o potencial de ajudar a ampliar a cobertura para as populações de baixos rendimentos sem serviços. No entanto, a capacidade da empresa de serviços de ampliar a cobertura da ligação de água às pessoas pobres é limitada pela dimensão das povoações informais e um sistema de propriedade de terras pouco favorável. Medidas para melhorar a eficiência e o desempenho: • Introdução de sistema de contrato de desempenho, sob o qual a NWSC é contratada pelo GoU e os provedores de serviços são contratados pela NWSC. • Utilização de nova gestão orientada para o negócio depois da gestão anterior ser despedida durante o processo de reforma. • Aumentos de tarifas que permitem recuperação de despesas e subsídios cruzados; e sistema de registo de clientes melhorado. Características a favor das pessoas pobres e de prestação de contas: • Implementação de política “o cliente é rei” (exprimida através da publicação de um alvará do cliente que especifica o compromisso a servir as pessoas pobres, aos inquéritos de satisfação do cliente e à formação de relações entre os funcionários das hierarquias superiores e os utentes do serviço). • Desenvolvimento de uma estratégia a favor das pessoas pobres que inclui: - Relações sociais: desde 2004 que há uma política de criação de ligações grátis aos agregados familiares que vivem a 50 metros das canalizações existentes, para reduzir as despesas proibitivas das ligações. - Ajuste de tarifas: os clientes existentes essencialmente subsidiam as novas ligações (uma vez que as pessoas sem ligações são geralmente pobres). A tarifa é dividida em categorias, incluindo uma diferenciação entre clientes comerciais e domésticos, e entre ligações privadas e a torneiras exteriores. - Criação de parcerias com ONGs para marketing social, sensibilização e promoção da higiene. - Estabelecimento de uma unidade a favor das pessoas pobres nas áreas degradadas de Kampala em 2007 para garantir receptividade. • Tecnologia: contadores pré-pagos para os pontos de água públicos para evitar desligações e corrupção, e garantir que as pessoas pobres pagam a tarifa verdadeira evitando abusos ou lucros adicionais para intermediários. 9 Deve notar-se que inicialmente, se levaram a cabo iniciativas limitadas a favor das pessoas pobres: ao mesmo tempo que começava a reforma em 1998, os esforços para desenvolver uma estratégia a favor das pessoas pobres não foi formalizada até 2001-2, devido a preocupações que um compromisso para servir as pessoas pobres poderia ameaçar a concretização dos alvos comerciais e os pagamentos de incentivos aos funcionários, especificados nos contratos de desempenho com o GoU. A Política de Ligações Sociais foi implementada somente quando se achou que a sustentabilidade financeira tinha sido suficientemente melhorada. Fontes: Sansom, em Franceys e Gerlach 2008; WaterAid 2006; WDM 2007; Informação adicional contribuída por Silver Mugisha, Gerente Geral, Desenvolvimento Institucional e Serviços Externos - NWSC-Uganda (1 de Maio de 2009) Estudo de caso 2: Manila Water Company Incorporated – MWCI (Empresa Hídrica de Manila), Filipinas Desempenho: A MWCI é uma de duas concessionárias criadas depois da privatização do Sistema Metropolitano de Rede de Água e Esgotos em 1997, e está encarregada da provisão de água para a Zona Leste de Manila. É considerada uma história bem sucedida, particularmente em comparação com a outra concessionária, Maynilad, que serve o resto da cidade. A MWCI calcula que 98% da cobertura da área de serviço com um fornecimento de água 24 horas por dia e os 600 projectos que visam os bairros de baixos rendimentos alcançaram mais de um milhão de pessoas dos 5,3 milhões de utentes na área dos serviços. No entanto, a falta de dados dificulta a avaliação da proporção de população pobre dentro da área dos serviços que ainda tem que beneficiar deste êxito. Medidas para melhorar a eficiência e o desempenho: reorganização / simplificação da estrutura, reforma de tarifas, disciplina fiscal, medidas para eficácia de despesas, reorientação e formação dos funcionários, redução de água não contabilizada. Características a favor das pessoas pobres e de prestação de contas: • Criação em 1998 do programa Tubig Para sa Barangay (“água para as pessoas pobres das zonas urbanas”). • Gestão do serviço descentralizada e responsabilidade a nível de Barangay (unidade política mais baixa) e formação de parcerias utente-empresa de serviços para destacar a prestação de contas e a aceitação, plano e implementação do programa, através de consultas, reuniões pré-implementação e discussões durante as fases de planeamento. • Diferenciação de serviços: as pessoas pobres nos bairros urbanos recebem opções de serviços (individual/ligação para diversos agregados familiares ou “contador mãe” da comunidade), fazendo corresponder o nível do serviço às necessidades do consumidor e catalisando a extensão do serviço. • Desde 2005, a ligação de bairros degradados não autorizados usando pequenas redes de água canalizada, contadores “mãe” geridos pela MWCI (ultrapassando as restrições de propriedade de terreno para as ligações de água aos agregados familiares) e ligações geridas, mantidas e administradas pelos “líderes de rua” nomeados pelas comunidades. As tarifas de ligação podem ser pagas em um a três anos. • Criação de Kabuhayan Para sa Barangay, (“Programa de Subsistência”), envolvendo as cooperativas com base na comunidade para prover serviços e produtos à MWCI (por exemplo, workshops para produzir peças sobressalentes). 10 A literatura revista destaca certas questões preocupantes, tais como falta de consulta durante a privatização, uma necessidade generalizada de mecanismos institucionais para representação do consumidor, a ausência de regulamentação independente, mudanças feitas aos contratos de concessão depois da privatização, e ausência de auditorias independentes. Fontes: Howell-Alipalo 2007; MWCI 2007; McIntosh 2003; Seneviratne 2007; UNESCAP 2004. Estudo de caso 3: Autoridade de Provisão de Água de Phnom Penh (PPWSA), Cambodja Desempenho: Elogiado pelo ADB como sendo “uma empresa de serviços hídricos modelo no sector público, a PPWSA é uma das empresas de serviços hídricos mais bem sucedidas na Ásia. Depois de enfrentar o desafio da reconstrução do serviço em seguida à guerra, funciona agora com base em recuperação total das despesas (sem subsídios do estado ou de doadores). Tem um nível de cobertura calculado em 100% dentro da cidade com um fornecimento de água 24 horas por dia, e 85% de cobertura da área total de serviços (um aumento de 40% desde 1993). O serviço hídrico está a ser ampliado para os distritos em redor dando-se prioridade às zonas urbanas pobres. Medidas para melhorar a eficiência e o desempenho: • Medidas para aumentar as receitas – aumentos de tarifas, redução de água não contabilizada. • Estrutura política que permite autonomia da empresa de serviços e um estatuto financeiro independente. • Liderança organizacional e gestão competente: o Director da Empresa actua como defensor, e proporciona uma liderança inspiradora e disciplinada. • Apoio político seguro dado pelo governo central e local (incluindo o Primeiro Ministro), permitindo autonomia para reformas, apoio aos doadores e harmonização do sector. • ”Cultura de mudança” com base em educar, motivar e disciplinar os funcionários e o público. O investimento nos funcionários foi importante, com destaque dado a incentivos, formação e reorganização da mão-de-obra e da gestão. Características a favor das pessoas pobres e de prestação de contas: • O programa “Água para as pessoas pobres” representou um compromisso desde o princípio para se prover água aos agregados familiares pobres a quem se deram tarifas e taxas de ligação subsidiadas e a quem se ofereceu a possibilidade de pagar as taxas de ligação em prestações. Estas medidas ajudaram a persuadir os utentes a abandonar as ligações canalizadas proporcionadas pelos provedores privados, que frequentemente forneciam água do rio por tratar. • A estrutura da política inclui medidas específicas a favor das pessoas pobres (e o PRSP refere-se a melhorar o acesso para as pessoas pobres). • Participação da sociedade civil: as relações empresa de serviços-cliente têm como base a criação de comunidades a longo prazo em vez das relações contratuais a curto prazo. Campanhas eficazes de sensibilização permitiram à PPWSA conseguir aceitação, reduzir as ligações ilegais e aumentar gradualmente as tarifas com apoio generalizado do público. As pessoas deram-se conta que a aceitação da sociedade civil era crucial para o êxito em termos de se conseguir recuperação das despesas e portanto adquirir fundos para investimento nas infra-estruturas. 11 • Promoção da transparência: produção de relatórios regulares sobre o progresso e indicadores do desempenho, revisões frequentes, auditorias independentes anuais. Fontes: ADB 2007; AFD 2008; Corey-Boulet 2009; McIntosh 2003 ii. As características das empresas de serviços a favor das pessoas pobres Para produzir serviços a favor das pessoas pobres, as empresas de serviços aderem aos princípios de prestação de contas, transparência, receptividade, sustentabilidade e inclusividade. Na prática, significa que existem certas características essenciais (ver Figura 1 na página 13) entre as empresas de serviços a favor das pessoas pobres, algumas das quais podem ser identificadas nos estudos de casos acima: 1. Avaliação das necessidades, preferências e capacidades dos utentes: procurar obter dados de linha de base correctos para melhorar a compreensão das necessidades, as preferências e as capacidades dos utentes, incluindo os que vivem em bairros pobres ou na pobreza (incluindo níveis actuais de serviços, mapeamento, classificação de riqueza, etc.). 2. Política das empresas de serviços a favor das pessoas pobres: serve como um indicador do compromisso da empresa de serviços para servir os utentes pobres e ampliar os serviços aos que não os têm, reconhecendo o benefício mútuo da ampliação dos serviços tanto para utentes como para provedores25. 3. Estratégia de implementação visada e unidade a favor das pessoas pobres: A estratégia define a implementação da política a médio prazo e inclui medidas específicas e os objectivos para melhorar a qualidade do serviço e ampliar os serviços às áreas não servidas, o que vai idealmente incluir a formação de um departamento ou unidade dedicada a servir as pessoas pobres26, ou a nomeação de funcionários com conhecimentos de relações sociais e comunitárias. 4. Provisão de serviços flexível: relaciona-se com as duas metas de servir os clientes pobres existentes e trazer as pessoas pobres sem ligação para a rede. A primeira requer que se possam usar diversas tecnologias, tais como ligações aos agregados familiares, torneiras de quintal e torneiras partilhadas27. A segunda relaciona-se com a necessidade de fazer com que as taxas de ligação e as práticas de facturação (muitas vezes aspectos proibitivos para se ter acesso aos serviços de rede) sejam mais 25 Rosemary Rop, WSP, em entrevista A descentralização dessas unidades nos bairros pobres usando os recursos da própria empresa de serviços serve como um compromisso tangível para servir as pessoas pobres (entrevista com Rosemary Rop, Maio de 2009). 27 J Murty, no entanto, argumenta que se deve evitar uma separação clara entre a provisão de serviços física para os bairros pobres e não pobres, declarando que a tendência das autoridades indianas para “resolver” o problema da água nos bairros pobres proporcionando somente torneiras públicas com provisão grátis criou um círculo vicioso – as torneiras públicas proporcionam um serviço intermitente, tendem a avariar-se e a sofrer perdas, e o sistema de fazer fila que as acompanha resulta em tensões sociais; além do mais, uma vez que a água é grátis, os utentes não se queixam para poder ter serviços melhores. O autor argumenta que o objectivo final deveria ser oferecer redes de serviços hídricos a todos os habitantes, sendo a única diferença entre as pessoas pobres e as não pobres, a economia do serviço (em entrevista, Maio de 2009). 12 26 flexíveis usando políticas de ligação diferenciadas (ligações grátis /subsidiadas ou pagamento de tarifas flexível) e mecanismos de facturação/colecção flexíveis (por exemplo, facturas mais frequentes significa quantidades mais pequenas a pagar de cada vez, apesar do custo continuar a ser o mesmo). Estas medidas ajudam a remover os obstáculos às ligações e facilitam a extensão dos serviços. 5. Estrutura de tarifas a favor das pessoas pobres: foi discutido na secção 2a mais acima. As tarifas devem ser estruturadas cuidadosamente para garantir que não penalizam as práticas “favoráveis”. Por exemplo, no caso de Manila, McIntosh argumenta que a estrutura de tarifas em bloco usadas pela MWCI penaliza a revenda social dos agregados familiares com ligação para os que não têm ligação28. 6. Mecanismo formal para feedback regular sobre o nível e a qualidade do serviço: Estes mecanismos servem para dar destaque à prestação de contas dos provedores para com os utentes pobres, e vai ser discutido em maior detalhe no terceiro documento de discussão desta série29. Falando em linhas gerais, incluem práticas tais como representação do utente na estrutura de governação da empresa de serviços/provedor, um fórum regular e formalizado para que haja interacção entre os utentes/OSCs e os provedores, inquéritos sobre a percepção dos clientes e procedimentos formais para reclamação, entre outros. Como foi declarado previamente, deve-se dar atenção ao contexto no âmbito do qual essas empresas de serviço trabalham. Como se vê na Figura 1, cada característica é sujeita a factores contextuais mais generalizados que actuam como um ambiente facilitador e estão fora do controlo da empresa de serviço. Como tal, a política e a estratégia de uma empresa de serviços a favor das pessoas pobres vão provavelmente estar integradas no contexto de políticas apropriadas do sector, que por seu lado são afectadas por questões de finanças do sector (tarifas, impostos e transferências – os três “Ts”). Do mesmo modo, a capacidade da empresa de serviços de prover serviços de modo flexível e de usar uma estrutura de tarifas a favor das pessoas pobres é afectada pelo grau de autonomia, e pela sustentabilidade das suas práticas (como notado no caso da PPWSA). Além do mais, as medidas para monitorizar o desempenho a favor das pessoas pobres e aumentar a prestação de contas descendente do governo e das autoridades locais, destacam os mecanismos formais de feedback e permitem que haja feedback produtivo para a informação política. WaterAid/Pierrot Men 28 McIntosh 2003 WaterAid 2010 Tools and mechanisms for improving downward accountability in urban water service delivery 13 29 Figura 1: Características principais das empresas de serviços/provedores a favor das pessoas pobres O valor da utilização destas características essenciais como estrutura para avaliação tem como base a sua utilização para identificar as áreas importantes para a participação dos utentes e da sociedade civil. A ausência de uma ou mais características pode sugerir a necessidade de examinar as características facilitadoras como representado pelos círculos exteriores na Figura 1. Por exemplo, a falta de flexibilidade da provisão dos serviços pode ser acompanhada pela falta de autonomia das empresas de serviços. Por isso, os utentes dos serviços, as organizações da sociedade civil (OSC) ou outros intervenientes podem actuar directamente sobre este aspecto fazendo pressão sobre a empresa de serviços, e/ou dirigindo-se à questão da autonomia como um obstáculo para uma provisão de serviços flexível. As características 1 a 6 mencionadas na estrutura acima podem servir como uma lista de controlo útil para identificar se a empresa de serviços tem as características essenciais para proporcionar serviços a favor das pessoas pobres. No entanto, a mera existência de todas as características essenciais numa empresa de serviços não garante um serviço a favor das pessoas pobres. A estrutura anterior pode ser usada para identificar áreas importantes de preocupação, em vez de certificar as empresas de serviços como sendo a favor das pessoas pobres. É importante que as medidas a favor das pessoas pobres sejam implementadas consistentemente e adequadamente para além de existirem no papel. iii. ‘Blocos de construção” das práticas a favor das pessoas pobres Como é que as empresas de serviço se transformam para serem a favor das pessoas pobres? Cada uma das empresas de serviços mencionada nos estudos de casos fez esforços bem sucedidos para ampliar os serviços às zonas urbanas pobres, mas cada uma delas também enfrenta contrariedades e obstáculos que continuam a desafiar estes esforços. Podem 14 identificar-se certos blocos de construção que formam um ambiente que facilita as práticas a favor das pessoas pobres. Blocos de construção das práticas a favor das pessoas pobres: Æ Facilitar a mudança: refere-se ao ambiente mais generalizado no qual operam as empresas de serviços. Æ Gerir a mudança: refere-se aos processos no âmbito da própria empresa de serviços. Æ Prover a mudança: refere-se ao papel da responsabilidade social ao facilitar o primeiro, segundo ou ambos os blocos (a que nos referimos normalmente como as rotas Comprida e Curta da responsabilidade). Æ Facilitar a mudança: - Vontade e liderança política: A palavra “reforma” indica uma mudança estrutural radical e fundamental, um evento relativamente raro em ambientes democráticos estáveis. No caso da água, as empresas de serviços tendem a “patinhar através” de processos de mudanças institucionais em vez de passarem por reformas dramáticas30, o que pode ser politicamente difícil de implementar, especialmente se essas reformas significarem aumentos de preços e reduções de pessoal. Como tal, as reformas exigem liderança e compromisso políticos fortes (como no caso do Cambodja) para garantir que são aceites e implementadas. Ao mesmo tempo, a estabilidade política apoia os processos de reforma criando confiança na necessidade de mudanças e facilitando o apoio por parte dos governos e doadores31. - Regulamentação: parte-se frequentemente do princípio que a regulamentação é o mesmo que regulamentação económica, com a qual o governo ou uma agência de regulamentação independente32 intervém na provisão de serviços “com um árbitro 30 Connors 2005. Connors argumenta que o “caminho para a reforma é frequentemente lento, confuso e enfrenta resistência a todo o momento” (2005 p201), referindo-se ao caso de Bangalore onde a extensão dos serviços aos bairros pobres foi o resultado de decisões exteriores à empresa de serviços, por exemplo, a decisão das autoridades locais de acabar com o financiamento de torneiras públicas e de financiar a extensão da rede. Essa rota “incremental” para a mudança pode ser mais sustentável a longo prazo, quando as mudanças têm como base uma realidade e contexto existentes. No entanto, apesar da falta de oposição ao processo poder garantir uma implementação da reforma mais fácil, não vai necessariamente levar a uma reforma mais apropriada do ponto de vista dos utentes dos serviços. 31 McIntosh 2003 32 Apesar de algumas pessoas argumentarem que as considerações da pobreza nos países em desenvolvimento justificam a intervenção política na regulamentação (Gerlach em Franceys e Gerlach 2008), outros dão ênfase à importância da regulamentação independente uma vez que a captura da regulamentação pode causar falhas na regulamentação. Gerlach, (ibid), cita a susceptibilidade das instituições burocráticas e legais à interferência política e á corrupção (por exemplo, a pressão feita sobre um regulador para apoiar as decisões do governo e microgestão) como causas para o falhanço da regulamentação na América Latina, e argumenta que a autonomia da regulamentação pode ser ultrapassada por interesses políticos ou comerciais, apontando para exemplos de pressão concessionária sobre o regulador em Manila, e pressão política sobre o regulador durante a privatização da água em Cochabamba, Bolívia. Os limites da capacidade também afectam a regulamentação, exacerbada ainda mais por assimetrias na informação entre provedores e reguladores. 15 imparcial”, equilibrando, julgando, adjudicando e arbitrando os interesses dos diversos intervenientes”33, com o fim de solucionar os falhanços do mercado tais como monopólios e falta de competição. É verdade que há um forte argumento teórico a favor da regulamentação económica no sector hídrico, devido à opinião de que as empresas de serviços hídricas são quase monopólios naturais, uma vez que a economia de escala e os grandes investimentos necessários para as infra-estruturas facilitam o controlo por um único provedor. O monopólio e a falta de competição resultam em mercados cativos, desse modo agravando as dificuldades da prestação de contas34, e os monopolistas têm incentivos para “cobrar preços elevados e proporcionar serviços inferiores, desse modo tendo lucros “excessivos” (lucros mais elevados do que a taxa normal em mercados competitivos)”35. No entanto, tal definição de regulamentação permite que se dê demasiada atenção às instituições de regulamentação, em vez de à função de regulamentação36. Para além disso, as estruturas de regulamentação têm sido frequentemente planeadas para se dirigirem às grandes empresas de serviços ao mesmo tempo que ignoravam as populações periurbanas e rurais. O objectivo da regulamentação tem portanto que ser abordada no âmbito do contexto da monitorização e responsabilidade do desempenho do sector, o que pode ou não envolver uma autoridade de regulamentação independente. Swain indica as questões que têm que ser tomadas em consideração quando se discute a regulamentação como função, nomeadamente a autoridade do regulador para penalizar, rever tarifas, envolver-se com os utentes do serviço e incluir as pessoas marginalizadas. Também dá ênfase à necessidade de ver a regulamentação como um agente de diálogo e participação. No entanto, avisa que um processo não transparente de reforma de regulamentação resulta frequentemente na aplicação de estruturas previamente delineadas e ineficazes,37 pelo que a ideia de regulamentação como uma instituição se encontra no centro do processo. Estas preocupações são repetidas por Silver Mugisha da NWSC que argumentou numa entrevista contra a necessidade de organismos de regulamentação especialistas e apontou para o facto de que no Uganda diversas instituições levam a cabo funções de regulamentação no âmbito do sector. Por exemplo, as contas da NWSC são inspeccionadas anualmente, e o contrato de desempenho com o GoU é monitorizado por um comité de revisão externo e escrutinado para verificar se há não cumprimento. Também acha que a principal ênfase deve ser dada a ter um sistema que promove a prestação de contas e a transparência – e acha que muitos organismos de regulamentação estabelecidos como parte de reformas noutros países não conseguiram concretizar estes pontos devido à falta de independência (como no caso da MWSS-RO, ver quadro 2). → Gerir a mudança: - Papéis e funções claros: é necessário que haja uma definição clara da função da empresa de serviços e das relações da mesma com as instituições dos governos central e local para garantir linhas claras de responsabilidade e comunicação e uma estrutura 33 Franceys e Gerlach 2008 p22 WB 2008a 35 Budds e McGranahan 2003 p93 36 Uma distinção feita por Biraj Swain, DfID (Índia) consultor, em entrevista 37 Swain indica o caso da reforma da regulamentação na Califórnia, no qual se formou um organismo de selecção de regulamentação que consistia de actores do estado e exteriores ao estado para seleccionar os reguladores mais apropriados – dando-lhes credibilidade política e fé nas suas capacidades. 16 34 institucional compreensiva. Rosemary Rop argumentou em entrevista que essa clareza é crucial para a responsabilidade descendente, referindo-se ao exemplo do Quénia onde a reforma do sector estabeleceu uma separação clara de funções em termos de decisões políticas (governo), regulamentação (uma agência independente) e provisão (provedores do serviço hídrico autónomos nomeados através de conselhos de administração da água). A reforma também separou a questão da gestão dos recursos hídricos (WRM) da provisão, para evitar competição entre instituições em termos das necessidades da provisão e da sustentabilidade ambiental. No entanto, pode ser difícil conseguir uma clareza das funções e das responsabilidades em alguns contextos urbanos; Connors, por exemplo, nota no caso dos bairros degradados de Bangalore que “a intersecção dos sectores dos bairros degradados e da água criaram uma rede de relações entre os actores do governo que desafia uma visão simples de uma empresa pública como único provedor”38. - Competência e liderança da gestão: outra questão destacada pelos estudos de casos é a função crucial da competência da gestão em concretizar e manter a sustentabilidade financeira e funcional, o que foi demonstrado no caso da PPWSA onde o director da empresa defendeu pessoalmente uma “cultura de mudança” em toda a organização, o que melhorou os serviços e o desempenho financeiro e criou confiança por parte dos funcionários e dos utentes. No Uganda, o processo de reforma envolveu uma reestrutura geral da gestão da NWSC, que melhorou as práticas comerciais e a atenção ao cliente, e levou à utilização de um director geral eficaz que também mantém uma ligação directa com os utentes39. Do mesmo modo, a reforma no Quénia trouxe pela primeira vez gestores com experiência do sector privado para o sector hídrico40. → Proporcionar a mudança: Os estudos de casos também demonstram que as empresas de serviços passaram por um processo no qual a melhoria da comunicação com os utentes, e a responsabilidade para com esses utentes, acompanhavam a capacidade da empresa de serviços de implementar medidas a favor das pessoas pobres e de ampliar os serviços a populações de baixos rendimentos previamente sem serviços. Esse tipo de melhoria na responsabilidade descendente necessitou que a empresa de serviços reconhecesse a sua função como sendo parte de um contrato com os utentes dos serviços como clientes ou potenciais clientes. Como tal, estas empresas de serviços deram ênfase à melhoria da sua relação com os utentes num esforço para melhorar a eficácia e a sustentabilidade do serviço. As questões relacionadas com a responsabilidade descendente e as funções dos provedores e utentes em destacar a responsabilidade são discutidas em profundidade num documento a ser publicado dentro de breve sobre ferramentas de Responsabilidade Social. 38 Connors 2005 p204 Silver Mugisha, em entrevista 40 Rosemary Rop, em entrevista 39 17 3. Conclusões A incapacidade das empresas de serviços de proporcionar serviços hídricos adequados às pessoas pobres nos bairros urbanos representa uma situação perdedora tanto para os utentes como para as empresas de serviços (ou outros provedores). Enquanto os primeiros são deixados com uma provisão de água incerta, cara e que leva tempo, os últimos são menos capazes de recolher receitas essenciais, aumentando o número de utentes ligados (e que pagam) e que são sobrecarregados pelas ineficiências do serviço e pelas ligações ilegais. Este documento examinou como os provedores podem favorecer mais as pessoas pobres dando ênfase à sua responsabilidade descendente, e como os utentes podem actuar para dar maior responsabilidade aos provedores Este documento reconheceu que a viabilidade financeira e a capacidade estrutural das empresas de serviços vão provavelmente ser vistas como pré-requisitos para as empresas de serviços tomarem medidas significativas a favor das pessoas pobres, usando como base a evidência de estudos de casos de que é pouco provável que as empresas de serviços actuem, por sua própria iniciativa, para incluir as pessoas pobres na provisão dos serviços de rede. Esta relutância deve-se ao facto de que as empresas de serviços nos contextos urbanos com falta de recursos vêem os utentes pobres como uma carga financeira, um pesadelo para os engenheiros ou um artigo de baixa prioridade na ordem do dia, e sofrem grande pressão para colocarem as considerações financeiras ou de eficiência à frente das de qualidade e equidade do serviço. No entanto, argumentou-se que não reconhecer as necessidades de todos os utentes, incluindo os utentes pobres, nos processos de reforma dos serviços, poderia dificultar a longo prazo a tarefa de provisão de serviços às pessoas nas zonas urbanas. As empresas de serviços, os governos e outras autoridades e agências envolvidas no processo de reforma devem aspirar a incluir todos os utentes na provisão de serviços de boa qualidade desde o início, ao mesmo tempo que reconhecem a variedade das necessidades e preferências dos diferentes utentes no âmbito da área de serviço. Simplesmente adicionar medidas a favor das pessoas pobres em fases mais avançadas poderia levar a maiores dificuldades e maiores atrasos à inclusão, assim como haver o perigo da provisão cair no mesmo padrão de maus serviços para as pessoas pobres (por exemplo, torneiras públicas que funcionam mal). Discutiram-se as principais características das empresas de serviço a favor das pessoas pobres, ao mesmo tempo que se destacava a importância do contexto em que funcionam, representado pelos blocos de construção da função a favor das pessoas pobres. 18 4. Bibliografia Agence Française de Développement (AFD) (2008) Sourcebook: “Cambodia: Phnom Penh Water Supply Authority (PPWSA)”. http://www.afd.fr/jahia/webdav/users/administrateur/public/AFD/Efficacite%20Aide/Source Book-AFD-PPWSA_Cambodia-juillet.pdf Acedido a 24 de Abril de 2009. Arroyo, D and Sirker, K (2005) Stocktaking of Social Accountability Initiatives in the Asia and Pacific Region: World Bank Institute Working Paper. 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Entrevistas Silver Mugisha, Gerente Geral, Desenvolvimento Institucional e Serviços Externos NWSCUganda 1 de Maio de 2009 Rosemary Rop, Perita em Água e Saneamento (Responsabilidade Social) WSP-Região África 5 de Maio de 2009 Karen Sirker, Perita em Desenvolvimento Social, Instituto do Banco Mundial (WBISD) 30 de Abril de 2009 Blanche Cotlear, Programa Rural e Hídrico, Instituto do Banco Mundial (WBISD) 30 de Abril de 2009 J V R Murty, Perito em Desenvolvimento de Instituições Hídricas WSP-SA, Banco Mundial, Nova Deli, 1 de Maio de 2009 Biraj Swain, Consultor sobre Equidade e Governação, Programa de Reforma do Sector da Saúde, DFID-TAST (Equipa de Apoio de Consultoria Técnica) 22 Esta é a segunda publicação de uma série de três documentos de discussão da WaterAid sobre como melhorar os serviços de água e de saneamento para as pessoas pobres. O conjunto inclui: Acesso para as pessoas pobres e excluídas: tarifas e subsídios para a provisão de água nas zonas urbanas Empresas de serviços hídricos que funcionam para as pessoas pobres: Aumentar a viabilidade através da provisão de serviços a favor das pessoas pobres. Ferramentas e mecanismos para melhorar a prestação de contas descendente na provisão de serviços hídricos urbanos. Se desejar informação adicional sobre a investigação da WaterAid sobre empresas de serviços a favor das pessoas pobres por favor entre em contacto com Timeyin Uwejamomere em [email protected] A WaterAid transforma vidas melhorando o acesso à água segura, à higiene e ao saneamento nas comunidades mais pobres do mundo. Trabalhamos com parceiros e influenciamos os responsáveis pelas decisões para maximizar o nosso impacto. WaterAid 47-49 Durham Street London, SE11 5JD Tel: +44 (0)20 7793 4500 E-mail: [email protected] Web: www.wateraid.org Números de registo de obra de beneficência 288701 (Inglaterra e País de Gales) e SC039479 (Escócia) 23