Manuela Abelho Protocolo 7.8 Detecção e enumeração de Clostridium perfringens (incluindo esporos) Método da inoculação de tubos múltiplos e contagem segundo o NMP O Decreto-Lei nº306/2007 define o método apresentado no Protocolo 7.7 como método analítico de referência para a pesquisa de Clostridium perfringens (incluindo esporos). O Decreto-Lei nº 236/98 considerava como métodos analíticos de referência para a quantificação de clostrídios sulfito - redutores em águas de consumo humano, o aquecimento da amostra a 80 ºC e contagem dos esporos por (i) sementeira em meio com glucose, sulfito de ferro e contagem das colónias com halo negro; (ii) filtração através de membrana, colocação do filtro invertido sobre meio com glucose, sulfito de ferro, recoberto de gelose e contagem das colónias negras; e (iii) repartição em tubos de meio DRCM (diferencial reinforced clostridium medium), subcultura dos tubos negros para meio de leite tornesolado e contagem segundo o Número Mais Provável (NMP). Neste protocolo iremos utilizar o terceiro método. Primeiro tempo: elaboração de meios de cultura Meio Reinforced Clostridial Medium Extracto de carne: 4 g Extracto de levedura: 5 g Triptona: 10 g Glucose: 2g Amido solúvel: 1 g Cloridrato de L-cisteína: 0.3 g Cloreto de sódio: 5 g Agar-agar: 8 g Água destilada: 1000 mL 5. Preparar meio de concentração simples, adicionando todos os ingredientes ou seguindo as instruções do preparado em pó (consultar o Protocolo 1.1 da Parte 1 do Manual de Monitorização Microbiológica Ambiental); 6. Preparar meio de concentração dupla (isto é, duas vezes a quantidade indicada na embalagem para a mesma quantidade de água) numa quantidade igual a 1/3 da quantidade de meio simples; 7. Distribuir 10 mL dos meios de cultura em tubos de 10 mL; 8. Ajustar o pH a 7.1 e esterilizar em autoclave. Solução de sulfito de sódio Sulfito de sódio: 1 g Água destilada: 100 mL 36 Manuela Abelho 9. Dissolver o sulfito de sódio na água destilada e esterilizar por filtração. Solução de ferro amoniacal Sulfato de ferro III amoniacal (alúmen de ferro) ou citrato de ferro III amoniacal: 5 g Água destilada: 100 mL 10. Dissolver o sulfato ou o citrato de ferro na água destilada, esterilizar por filtração e utilizar no prazo máximo de 10 dias. Segundo tempo: recolha das amostras, inoculação e incubação 1. Recolher, manipular e preservar as amostras de acordo com o Protocolo 7.1; 2. Distribuir a amostra de água em tubos de ensaio: 10 mL em 5 tubos de ensaio grandes (20 mL); 1 mL em 5 tubos de ensaio pequenos (10 mL) e 0.1 mL em tubos de ensaio pequenos (10 mL); 3. Aquecer, num banho de água, os tubos com as amostras a 80ºC durante 10 minutos, de forma a inactivar as células vegetativas que lá possam existir; 4. Deixar arrefecer e manter a 45ºC até à sua utilização; 5. Ferver em banho de água durante 15 minutos os tubos com o meio base, de forma a regenerar as condições de anaerobiose (i.e., para eliminar o oxigénio do meio de cultura); 6. Esperar que arrefeça e manter a 45ºC até à sua utilização; 7. Imediatamente antes da inoculação, adicionar em cada tubo com meio base de concentração dupla, 1 mL da solução de sulfito de sódio e 0.5 mL da solução de ferro amoniacal; 8. Adicionar em cada tubo com meio base de concentração simples, 0.5 mL da solução de sulfito de sódio e 0.25 mL da solução de ferro amoniacal; 9. Verter, em condições de assepsia, o meio de cultura para os respectivos tubos que contêm a amostra: a. Meio de cultura de concentração dupla nos tubos que contêm 10 mL de amostra; b. Meio de cultura de concentração simples nos tubos que contêm 1 mL e 0.1 mL de amostra; 10. Agitar suavemente, de forma a evitar a introdução de ar, e arrefecer imediatamente em água fria; 11. Incubar a 37ºC durante 1 a 5 dias. 37 Manuela Abelho Terceiro tempo: leitura de resultados 1. Verificar se no meio de cultura aparecem colónias negras, isoladas ou não, que são indicadoras da existência de clostrídeos sulfito-redutores na amostra; 2. Contar os tubos que apresentam resultados positivos em cada diluição e usar esses algarismos para determinar o NMP de clostrídeos na amostra; 3. O relatório deve incluir a referência à norma e a classificação da qualidade da água em função da sua utilização e de acordo com a legislação e deve incluir também: a identificação completa da amostra, a técnica de inoculação e o meio de cultura utilizado, o tempo e a temperatura de incubação, os resultados obtidos com os tubos, o NMP de enterococos na amostra e qualquer ocorrência particular observada durante o decorrer da análise. 38