XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. AÇÕES DE GESTÃO AMBIENTAL NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES) DE CARUARU-PE Romario Fagundes Ferreira Silva (unifavip) [email protected] LUCYANNO M. C. DE HOLANDA (unifavip) [email protected] Caio Eduardo da Mota Brito (unifavip) [email protected] Antonio Romao Alves da Silva Filho (unifavip) [email protected] O estudo objetiva investigar o atual engajamento de sete IES, que atuam na cidade de Caruaru-PE, quanto as suas práticas de Gestão Ambiental (GA). Para tanto, buscou-se conhecer as organizações, seus objetivos e os princípios que as norteiam em seus processos de tomada de decisão por questões ambientais.A pesquisa é classificada como aplicada, qualitativa, exploratória e descritiva, sendo aplicado em sete IES e os critérios de escolha foi a sua representatividade em dimensões (m²) e quantidade de alunos matriculados. Os resultados da pesquisa demonstra a formação de dois grupos: (2, 5 e 6) classificadas como insatisfatória para com as ações ambientais e, (1,3, 4 e 7) apresentam ações suficientes para se enquadrar no nível satisfatório. Em algumas delas nem o impacto ambiental é compreendido e muito menos avaliado, são raros as parcerias e os treinamentos bem limitados, portanto existe uma grande lacuna de conhecimentos no que tange as potencialidades da gestão ambiental. Para trabalhos futuros sugere-se o uso de ferramentas estatísticas bem como ampliação para outras IES do Estado de Pernambuco como do Nordeste. Palavras-chave: IES, práticas de Gestão ambiental, Região Nordeste XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. 1 Introdução Atualmente as discussões sobre o meio ambiente é de grande relevância devido a fenômenos como o aquecimento global, desmatamento, grandes secas e/ou enchentes, tornados, tsunamis dentre outros, e, diante das consequências trazidas por esses fenômenos, percebe-se que a sociedade organizada começa a rever seus hábitos em relação as questões ambientais. Nesse sentido as Instituições de Ensino Superior (IES), podem contribuir com a temática gestão do meio ambiente através de ensinamento nas salas de aula, debates, palestras, workshops, projetos de iniciação científica e extensão e também promovendo boas práticas nas suas diversas atividades. Essa iniciativa proporciona aos docentes e discentes a possibilidade de rever os seus hábitos, mudar o estilo de vida e também de servir como intermediador e facilitador de novas técnicas ambientais para com os demais membros da sociedade. Para tanto, as IES são convocadas a liderar um processo de mudança em busca do desenvolvimento sustentável, pois as mesmas detêm as capacidades necessárias no que se refere à infraestrutura, central de informações e conhecimentos (VEIGA, 2010). Esse processo de mudança busca combater alguns desequilíbrios percebidos pelos problemas ambientais que vem preocupando cada vez mais os ambientalistas e estudiosos da área. Muitos alegam que a Revolução Industrial é a maior culpada pelo crescente aumento desses problemas (BARBIERI, 2011). Quanto às ações efetivas, sabe-se que, desde a década de 1960 nos Estados Unidos (EUA), implantou a temática ambiental nas IES e que se estendeu pela década de setenta com promoção de profissionais nas ciências ambientais, já nos anos de 1980 as ações foram destinadas a gestão dos resíduos e eficiência energética e em 1990 são estabelecidas políticas de âmbito global como por exemplo o campus ecológico na universidade Wisconsin at Madison (DELGADO e VÉLEZ, 2005). Segundo Tauchen e Brandli (2006) a discursão sobre desenvolvimento sustentável nas IES do Brasil começam a partir da Eco 92. Já Nolasco et al (2006) afirmam que as iniciativas foram isoladas e lista treze (13) Universidades que implantaram Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), como exemplo, a Universidade do Vale do Rio Sinos, no Rio Grande do Sul, que 2 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. introduziu seu SGA através do projeto Verde Campus, esse elucidou na certificação ISO 14001 (VERDE CAMPUS, 1997). Moreira (2013) corrobora comentando que pouco é percebido em termos de ações e implantações, práticas dirigidas à questão ambiental na educação Brasileira, visto que as IES atuam de forma incipiente na distribuição do conhecimento pedagógico das áreas de gestão ambiental e direito ambiental. Ante ao contexto inicial foi observado uma lacuna de estudos relacionando IES a temáticas como educação ambiental e/ou SGA na região Nordeste, esta concentra 28% da população nacional e 18% das IES, já no Estado de Pernambuco 64% das IES encontram no interior (IBGE E CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR, 2011) onde estão localizadas as instituições estudada. Ante ao contexto inicial, formula-se a pergunta de partida: Investigar o atual engajamento de sete IES, que atuam na cidade de Caruaru-PE, quanto as suas práticas de Gestão Ambiental (GA). Para tanto, buscou-se conhecer as organizações, seus objetivos e os princípios que as norteiam em seus processos de tomada de decisão por questões ambientais. Realizar investigação para identificar as práticas de GA em IES se faz necessário pelo fato de que esse ambiente é propício a reflexões, debates e geração de novas ideias. Através da formação de pessoas, da criação da consciência ambiental, as universidades promovem mudanças de comportamento que iram impactar diretamente numa sociedade mais sustentável. A temática da Gestão Ambiental e Sistema de Gestão Ambiental, serão abordadas de forma a conscientizar a importância de tais assuntos nas práticas das IES, visto que a disseminação pedagógica dos assuntos é crescente. Os resultados desta investigação poderá subsidiar iniciativas à conscientização ambiental das IES envolvidas, bem como a elaboração de políticas ou Sistemas de Gestão Ambiental e servir como fonte para futuras pesquisas. 2. IES e a construção da educação ambiental Nesse tópico, foi realizado uma compilação histórica dos principais acontecimentos envolvendo IES e a educação ambiental, o Quadro 1 apresenta este fatos. 3 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Quadro 1- Fatores Históricos FONTE: adaptação de The talloires declaration (1990); The halifax declaration (1991); The swansea declaration (1993); Oiudsma (2002); The haga declaration (2000). É possível compreender que o envolvimento das IES com as questões ambientais está acontecendo há algumas décadas, elas tentam alertar a comunidade mundial, através de suas pesquisas, que está ocorrendo uma degradação desenfreada do meio ambiente, e que ações como a GA e SGA podem minimizar esses impactos dando condições para que o planeta possa se recuperar. O tópico 2.1 aborda a temática supracitada. 2.1 Gestão ambiental e sistema de gestão ambiental 4 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Ao longo dos anos, diversos encontros em vários locais do planeta aconteceram para debater sobre as questões ambientais, esses eventos ajudaram a formalizar opiniões e a estimular pensadores das diversas áreas do conhecimento no intuito de encontrar um denominador comum nas relações envolvendo sociedade, economia e a natureza. Donaire (2011) comenta que a questão ambiental vem se firmando como ponto indispensável na agenda das reuniões de grandes executivos, com o intuito de planejar, ações e implantações, de práticas ambientalmente corretas. Reforçando esse contexto, Tachizawa (2011) afirma que essas práticas demanda nova função administrativa com corpo técnico e sistemas gerenciais exclusivos, que forneçam uma integração entre setores internos e uma comunicação social consciente. A GA é difundida por Barbieri (2011) como sendo a administração ou gestão do meio ambiente, que é entendida como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como: planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, tanto reduzindo, eliminando ou compensando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quanto também evitando que eles surjam. Da mesma forma Tinoco e Kraemer (2004) acreditam que GA é um sistema que acrescenta à organização da empresa atividades de planejamento, responsabilidades, procedimentos e processos analisados de forma contínua que mantenham a instituição resguardada quanto à política ambiental. Mas para que o planejamento seja implantado é necessário conscientização a respeito da responsabilidade ambiental, como vem explicando Moreira (2013) que a condição de existência para uma empresa é satisfazer o que demanda a sociedade e tomar postura proativa aceitando sua responsabilidade social e ambiental. Com o SGA nas organizações, este proporciona o envolvimento de todos, onde a responsabilidade ambiental é disseminada em cada setor; seja a área de serviços gerais, área operacional, estratégica, tática, P&D, entre outras. Então, quando todos passam a enxergar as questões ambientais sob a mesma ótica, surgem produtos criativos, podendo ser exploradas oportunidades que vão desde a substituição de insumos, reciclagem, eliminação de perdas nos 5 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. processos e utilização de combustíveis alternativos, até mudanças tecnológicas (MOREIRA, 2013) O SGA traz vantagens para a imagem da empresa que é vista como mais atraente para os consumidores, devido ao benefício de ser intitulada como ambientalmente correta. (MOREIRA, 2013). Além disso, com a utilização de um SGA, é possível reduzir desperdícios como, água, energia e outros insumos, melhorando a lucratividade da empresa. A sua implantação acontece se existir a disseminação de responsabilidades sobre os problemas ambientais por toda a empresa, resultando em um alto comprometimento do pessoal, especialmente quando suas unidades se encontram dispersas geograficamente, trazendo uma significativa melhoria nas relações de trabalho, tais como, melhoria do gerenciamento, na criatividade para novos desafios, nas relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas, acesso assegurado ao mercado externo, melhor adequação aos padrões ambientais. Tudo isso em função da cultura sistêmica da padronização dos processos, treinamento e capacitação de pessoal. (MOREIRA, 2013; DONAIRE, 2011). Todas essas vantagens e benefícios são também demonstrados por Tachizawa (2011), onde afirma que o poder da transformação e a influência ecológica nos negócios se mostram de maneira crescente e com afeitos econômicos cada vez mais profundos. As organizações que tomarem decisões estratégicas, integradas às questões ambientais e ecológicas, conseguirão significativas vantagens competitivas, quando não, redução de custos e adição nos lucros, a médio e longo prazo. A diferença na implantação dos conceitos de GA e SGA é significativa, para as organizações que visam apenas à gestão ambiental, elas formam um departamento que se preocupa em atender apenas as exigências dos órgãos ambientais e a indicar os equipamentos ou dispositivos de controle ambiental mais apropriados à realidade da empresa e ao potencial dos seus impactos (MOREIRA, 2013) Moreira (2013) ressalta que, por outro lado, uma empresa que implantou um SGA adquire uma visão estratégica em relação ao meio ambiente, deixa de agir em função apenas dos riscos e passa a perceber também as oportunidades. 3. Metodologia 6 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. A pesquisa é aplicada por ter o objetivo de gerar conhecimentos para aplicação prática, envolvendo verdades e interesses locais, com o intuito de gerar soluções há problemas específicos (SILVA e MENESES, 2005). As investigações aconteceram em IES da cidade de Caruaru-PE, com o objetivo gerar conhecimentos específicos de possível aplicação prática em outras IES do país. A abordagem qualitativa foi utilizada com o intuito de aprofundar a riqueza interpretativa, a contextualização do ambiente, os detalhes e as experiências únicas (SAMPIERI et al, 2006). Esse tipo abordagem foi necessária para elencar as ações ambientais de cada IES estudada, além das dificuldades. A pesquisa é exploratória pois proporciona uma maior flexibilidade ao pesquisador na busca de informações sobre determinado fenômeno, a fim de torná-lo mais claro e possibilitar a construção de novas ideias sobre o tema (MALHOTRA, 2006). Portanto esta foi escolhida devido à ausência de estudos vinculando a temática da GA com IES e região Nordeste, também possibilitando ao pesquisador maior flexibilidade na coleta das informações. É classificada como descritiva, já que foi utilizado o questionário e, a partir das informações colhidas, pode-se descrever sobre os aspectos ambientais das IES estudadas. Como explica Gil, (1991), a pesquisa descritiva visa apresentar as características de determinada população ou fenômeno, envolvendo o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados como o questionário. O método de pesquisa utilizado foi o estudo de casos múltiplos. Este refere-se ao aprofundamento da pesquisa nas questões ambientais em cada IES analisadas. Após classificar a pesquisa, foi definido o seu universo, onde compreende as IES situadas na cidade de Caruaru-PE que são, segundo o E-MEC (2015), dezenove IES e a amostra foi escolhida a não probabilística intencional (SILVA e MENEZES, 2005), foram selecionadas sete instituições, e os critérios de escolha foi a sua representatividade em dimensões (m²) e quantidade de alunos matriculados. Com intuito compreender o nível de preocupação das IES para com o temática e de investigar quais práticas foram desenvolvidas e se essas impactaram nas questões ambientais, financeira e social, além identificar as barreiras encontradas para implantação, foi elaborado um questionário contendo quatorze indagações baseadas nos referencial teórico utilizado neste 7 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. trabalho, a sua aplicação aconteceu no período de Setembro à Novembro de 2014, enviado aos representantes das IES e posteriormente, foi marcada uma entrevista com intuito de esclarecer dúvida e acrescentar informações. Os critérios de classificação para identificar o nível de engajamento para com as questões ambientais é apresentado no quadro 2. Quadro 2 – Nível de engajamento Fonte: autores (2014) As IES serão identificadas neste trabalho por números, no intuito de preservar sua imagem. 4. Resultados da pesquisa 4.1 Perfil Com a elaboração do quadro três foi possível traçar o perfil das IES, como observado, elas estão atuando em Caruaru-PE há bastante tempo, mínimo de cinco anos, têm quantidade significativa de alunos e o dimensionamento do terreno apresenta variações de 2.100m² até 116.884 m², no entanto, vale destacar pontos interessantes sobre suas áreas verdes, uma delas não apresenta nenhum tipo de cobertura vegetal, quatro possuem poucos jardins, uma por estar localizada em área preservada (caatinga) têm 80% do seu terreno com vegetação nativa, e a outra, como existem poucos cursos, necessita de poucas edificações, contendo ainda 70% de mata. Quadro 3 – Perfil das IES 8 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Fonte: Pesquisa de Campo (2014). Além do perfil das IES foi investigado no tópico 4.2 as ações ambientais, para melhor entendimento foi elaborado o quadro 4. 4.2 Práticas individuais As informações foram obtidas através da aplicação do questionário, para complementar alguns pontos divergentes, solicitou entrevista com profissionais, de preferência os responsáveis pela área ambiental das IES, para esclarecer algumas respostas e também fornecer, se possível, maiores detalhes de cada ação identificada. Quadro 4 – Presença ou ausência das Ações ambientais nas IES Ações IES (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Possui jardins /áreas verdes em seu interior? Presente Presente Presente Presente Presente Ausente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Disponibiliza coletores para a separação correta resíduos? Há algum tipo de ação preventiva ou corretiva, que possibilite uma diminuição e/ou 9 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. eliminação dos resíduos gerados? Existe alguma capacitação dos Presente Ausente Presente Ausente Ausente Ausente Presente Presente Ausente Presente Presente Presente Ausente Presente Parceria ambiental com seus fornecedores? Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Existe parceria com empresas de reciclagem? Presente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Presente Presente Presente Presente Presente Ausente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Ausente Presente Presente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente colaboradores na área de gestão ambiental? Há programas internos voltados a conscientização ambiental dos funcionários? Existe algum programa interno destinado a conscientização na temática ambiental para com os alunos? Práticas pedagógicas (eventos, seminários, workshop) em gestão ambiental? Existem programas de iniciação científica e extensão envolvendo a temática gestão ambiental? Setor ou departamento que seja responsável pela Gestão Ambiental? Existe envolvimento da direção com as questões 10 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. ambientais? Possui certificação ISO 14.000? Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Sistema de Gestão Ambiental (SGA) implantado? Fonte: Pesquisa de campo (2014) IES (1) Participaram da entrevista a secretária do coordenador geral e o gerente de infraestrutura. Além das ações elencadas no questionário como existentes na IES, foi enfatizado pelos entrevistados: - fóruns acadêmicos, onde reúnem estudantes e professores para debater diversas temáticas, incluindo a ambiental; - envolvimento de todo o quadro de colaboradores, da direção até os auxiliares de serviços gerais, contando com uma boa aceitação e envolvimento; - parceria com a ASPROMA (Associação dos Protetores do Meio Ambiente) onde ela realiza coleta dos materiais recicláveis; - parceria com o projeto Aprender, que é destinado para estudantes do ensino básico e, conta também, com grupo de capoeira voltado ao adolescente. Portanto, é possível concluir de acordo com as informações disponibilizadas, que o engajamento da IES (1) é satisfatório, pois apresenta dez práticas ambientais, porém suas principais dificuldades estão: ausência de parceria com fornecedores para compra de produtos recicláveis e/ou menos poluentes; não existe setor ou departamento específico de gestão ambiental; nunca se cogitou adequar aos padrões da norma ISO 14000; desconhecem a expressão sistema de gestão ambiental. A IES (2) Participaram da entrevista o gerente de infraestrutura e o coordenador do núcleo de tecnologia. Após a conclusão das respostas do questionário, eles mencionaram pontos importantes como: 11 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. - projeto de extensão, desenvolvido pelo grupo de pesquisa de gestão ambiental avançada (GAMA), o projeto chama-se Amigo do Meio Ambiente (AMA); - grupo de engenharia civil e ambiental que coleta lâmpadas florescentes e são processadas transformando em matéria-prima para fabricação de cimento; - ações pedagógicas, práticas em sala de aula na elaboração de ações ambientais referente a coleta de pilhas e baterias. Diante das informações obtidas o nível de engajamento da IES (2) é insatisfatório, esta somente apresentou sete práticas ambientais, as principais dificuldades são: não possuir capacitação interna para seus colaboradores; inexistem parcerias com instituições locais de reciclagem ou com seus fornecedores; o departamento de gestão ambiental não é formalizado; não tem certificação ISO 14000 e o SGA muito menos. IES (3) O único entrevistado foi o coordenador do curso de Administração, ele concluiu o questionário, retirou algumas dúvidas e elencou as seguintes ações: - instalação de um mecanismo de coleta e armazenamento de água pluvial para abastecer os banheiros e irrigação dos jardins; - programa interno de conscientização ambiental com a participação direta dos alunos. Para essas ações identificadas o nível de engajamento da IES (3) é satisfatório, esta possui nove práticas ambientais, as principais dificuldades são: ausência de parceria com fornecedores e com instituições locais de reciclagem; o departamento específico de gestão ambiental não existe, essa responsabilidade é repassada ao setor de operações; não possui certificação ISO 14000; desconhece como implantar o SGA. IES (4) Responderam ao questionário o pró-reitor e o gerente de infraestrutura, as demais informações obtidas foram: - ação ambiental de preservação do meio ambiente interno por meio do setor de operações; 12 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. - sinalização e materiais ilustrativos de conscientização sobre o melhor aproveitamento dos recursos e combate ao desperdício, em pontos estratégicos de visualização; - incentivos com treinamentos e cursos para o colaborador; - curso de Arquitetura realiza estudo de preservação ambiental no Rio Ipojuca, em Administração tem projeto de extensão denominado UNIFAVIP REVERSE. Diante as informações obtidas é possível afirmar que o nível de engajamento da IES (4) é satisfatório, sendo identificada oito ações ambientais. As principais dificuldades são: inexistência do departamento específico e, consequentemente de um SGA, sendo repassado a responsabilidade para o setor de operações; falta de capacitação para os colaboradores; ausência de parcerias com empresas recicladoras e fornecedores; também não existe mobilização para implantação da ISO 14000. IES (5) Após responder o questionário, o gerente do setor administrativo participou da entrevista apresentando a seguintes informações: - orientação para os alunos exercerem uma postura de respeito e conservação ao meio ambiente; - incentivo ao uso de garrafa (squeeze) e copos para uso pessoal; - práticas pedagógicas, como workshops, eventos e feiras; - ampliação do campus atende a legislação ambiental vigente. Sobre o nível de engajamento da IES (5) é classificado como insatisfatório, apresenta seis ações ambientais. Os problemas identificados são: não existe capacitação dos funcionários; ausência de parcerias com fornecedores e empresas que trabalham com resíduos; falta de política efetiva de sensibilização dos alunos, somente alguns informativos para utilização de garrafinha de uso pessoal; inexiste programa de iniciação científica na temática; não segue padrões ISO 14000 e o departamento específico e SGA também nunca foram cogitados. IES (6) A aplicação do questionário e a realização da entrevista aconteceu com o coordenador geral que detalhou as seguintes ações: 13 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. - distribuição de garrafinhas aos candidatos do processo seletivo (vestibular), podendo ser solicitado outra em determinado período de tempo; - programa de extensão, a Modateca Ambiental, onde realiza encontros e desfiles de moda, no intuito de conscientizar o setor de sua reponsabilidade com o meio ambiente, desdar aquisição da matéria prima até o pós-consumo; De acordo com o informado, a IES (6) apresenta nível de engajamento considerado insatisfatório. Somente seis ações ambientais foram identificadas, apresentando as seguintes dificuldades: no terreno só existe o prédio, mal projetado, sem jardins e com telhado de metal, aumentando a temperatura interna; não há capacitação e nem incentivo aos colaboradores para com as questões ambientais; as parcerias, sejam com fornecedores e com empresas que trabalham com resíduos, inexistem; ausência de departamento específico e SGA; total desconhecimento do padrão ISO 14000. IES (7) O reitor da IES (7) atendeu à solicitação e respondeu o questionário e também participou da entrevista junto com o coordenador de Engenharia Ambiental, eles relataram as seguintes ações: - comitê de biossegurança; programa de extensão voltado para o gerenciamento de contaminantes sólidos, através do controle e monitoramento dos resíduos da área de saúde e provenientes de outras fontes; - programa de extensão responsável pelo gerenciamento da qualidade da água na região; - programa de sustentabilidade institucional, que tem por objetivo promover práticas de sustentabilidade ambiental para os colaboradores; - trabalhos e projetos que visam redução dos impactos ambientais, desenvolvimento de novas tecnologias ambientais de baixos custos, que englobam o reaproveitamento da água e uso de fontes de energias renováveis e limpas; - doação dos resíduos produzidos as empresas de reciclagem. É possível inferir, de acordo com as informações disponibilizadas, que o nível de engajamento da IES (7) é satisfatório, pois apresenta dez práticas ambientais, as suas dificuldades são: carência de parceria com fornecedores para compra de produtos recicláveis, essa ação 14 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. acontece unicamente com o insumo papel; o departamento específico de gestão ambiental não é formalizado e não existe pretensões para um SGA a curto prazo; existe projeto formalizado, mas nunca se colocou em prática, a adequação aos padrões da norma ISO 14000. 5. Considerações Após análise dos resultados, percebe-se que as IES estudadas podem formar dois grupos: (2, 5 e 6) classificadas como insatisfatória para com as ações ambientais e, (1,3, 4 e 7) apresentam ações suficientes para se enquadrar no nível satisfatório. As IES 1 e 7 apresentam modesto destaque devido a algumas ações consideradas isoladas. Outro ponto importante é a ausência do setor ou departamento específico e formalizado de gestão ambiental, não existe adequação aos padrões da norma ISO 14000 e a implantação de SGA trata de um procedimento não cogitado a curto prazo além de ser bastante dispendioso. Em algumas delas nem o impacto ambiental é compreendido e muito menos avaliado, são raros as parcerias e os treinamentos bem limitados, portanto existe uma grande lacuna de conhecimentos no que tange as potencialidades da gestão ambiental. Referências BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. CNE/UNESCO. Panorama e diagnóstico da oferta e qualidade da Educação Superior brasileira. São Paulo, 15 de abril de 2013. DELGADO, C. C. J.; VÉLEZ, C. Q. Sistema de Gestão Ambiental Universitário: Caso Politécnico Gran Colombiano, 2005. 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