L EDIÇÃO ESPECIAL 8 DE MARCO- DIA INTERNACIONAL DA MULHER Pfief EITUHA MUNClPAL IPATINGA m NOS MULHERES O riM(Sffo PROGRAMAÇÃO CONJUNTA DAS CIDADES DE IPATINGA E TIMÓTEO MULHER HISTORIA DE DISCRIMINAÇÃO, GRITO DE LIBERDADE Oito de março de 1991, mais uma vez estamos na praça. No mundo inteiro, este dia é comemorado a cada ano como o "Dia Internacional da Mulher". Em Ipatinga, em todo o Brasil, na Nicarágua, Estados Unidos^ França, Iraque, Kuait, China, Japão... as mulheres solidarizam-se e firmam cada vez mais o alicerce da sua luta pelos direitos femininos, por uma sociedade sem desigualdades sociais. ÉRAMOS MUITO POUCAS NO COMEÇO. NOSSA VOZ NÃO ERA OUVIDA. DIZIAM QUE QUERÍAMOS "IMITAR OS HOMENS E ABANDONAR NOSSAS RESPONSABILIDADES DE MULHER"... Chega de comodismo. É hora de ir à luta! "Participando de vários movimentos, como o movimento habitacional e a Associação Comunidade Livre, tive a idéia de formar o Movimento de Mulheres, onde tivemos o apoio dos membros da Associação Habitacional de Ipatinga e Associação Comunidade Livre do Bairro Bom Jardim. inictóu-se então o Movimentç de Mulheres há quase um ano. É uma experiência maravilhosa! Num grupo de 150 a 200 mulheres, nos reunimos toda semana, discutindo temas como: educação, família, saúde da mulher, dos nossos filhos, entre outros. A partir daí surgiram idéias, dentre elas a de formarmos cursos profissionalizantes. Graças a nossa união e ao apoio da administração municipal, hoje funcionam cursos de bordado à máquina e à mão, corte e costura e pintura. A prefeitura paga as monitoras e oferece o material de aprendizado. Estamos conseguindo apoio também para a formação de uma micro-unidade de produção. Hoje a mulher está tendo sua vez. Acredito que, com a nossa organização, seremos capazes de muito mais. Às demais companheiras, peço que se organizem, porque já chega de comodismo. Nós mulheres precisamos nos unirmos com força total para que possamos ser mais alguém dentro da sociedade. Nós, mulheres, somos mais exploradas, desvalorizadas, dentro da sociedade. Precisamos conhecer melhor os nossos direitos de mulher e lutar por eles!" Dora Maria Bom Jardim - Ipatinga O resgate da mulher marginalizada A Pastoral da Mulher Marginalizada existe em Ipatinga há 04 anos, desenvolvendo um trabalho junto às vítimas da prostituição. A pastoral da Mulher Marginalizada tem como objetivos: proporcionar à mulher marginalizada, vítima da prostituição, oportunidade de uma adequada educação libertadora face à situação física, psíquica e moralmente degradante que pesa sobre ela, valorizando-a como pessoa humana, conscientizando-a de sua dignidade de Filha de Deus, com direitos iguais à todo cidadão. A pastoral visa a promoção da mulher marginalizada, global e coletivamente, não apenas individualmente, porque acredita que ninguém liberta ninguém, e ninguém liberta-se sozinho, mas a libertação acontece na força da união e fraternidade. Os trabalhos desenvolvidos nos movimentos e entidades de promoção à mulher estão avançando. E poderão avançar ainda mais se nós mulheres tomarmos consciência que esse trabalho não pode ser isolado de toda a luta do povo, que hoje vive em completa marginalização. Este trabalho não pode ser individualista e assistencialista, mas é a soma de forças na luta contra o regime que oprime e marginaliza milhões de brasileiros. A nossa pretensão é chegar às raízes do problema através da análise e dos questionamentos das causas e conseqüências da atual situação em que vive não só a mulher desprovida, mas um número muito alto do nosso povo. Sabemos que essa questão exige uma saída política, que implica na mudança das atuais estruturas de opressão que vigoram no país. Naquele Quem olhasse por cima das casas e edifícios novaiorquinos, naquele dia do tormento, veria o gradual avanço dos rolos de fumaça. Era uma nuvem negra que invadia a face do céu, imprimindo ali a feição horrenda da dor. Se apurasse os ouvidos, escutaria os gemidos de uma relação sem prazer, onde a língua ardente das chamas, lambia e marcava a carne viva. O mundo inteiro, no fim daquele dia de inverno, daquele 8 de março de 1857, saberia, estarrecido, da morte atroz de 129 mulheres, operárias têxteis, trabalhadoras, nossas irmãs. Grevistas, haviam ocupado a fábrica, exigindo melhores salários, jornada de 10 horas, condições de trabalho. Fiapos de homens, excrecências humanas, pigmeus de uma raça de anões, os patrões recusaram cada uma de suas reivindicações. Mais que isso, e pior ainda, atearam fogo à fábrica, retirando-lhes o mais sagrado dos direitos, a liberdade de existir, de viver. Ás lágrimas choradas naquele dia misturam-se aos gritos da revolta, às cinzas da des fruição. E, junto com os escombros da fá brica, ruía também a cantada e a decanta da democracia norte-americana, deixando de pé, apenas, as colunas da insanidade e da insensatez. Não que os operários e operárias do mundo inteiro, em sua luta diária, já não soubessem disso. A ordem burguesa jamais respeitou a vida. O lucro foi, é, e sempre será o único deus diante do qual vergam-se os joelhos capitalistas Deus profano, gerado no ventre da exploração, da pilhagem, do mas sacre. Aquelas operárias foram novas oferendas, imoladas no monstruoso altar do capital Todavia, aquelas chamas 'iluminaram mais que o rostg macabro da morte. Revelaram também a verdadq escurecida sobre a situação da mulher trabalhadora. Colocada sempre na condição de passiva dona de casa; de responsável primeira pela educação dos filhos; criada para ser dócil, submissa, subserviente às vontades do "chefe da família"; violada impunemente; ser inferior; Eva pecaminosa de quem a Igreja, na Idade Média, discutiu a existência ou não de "alma", a mulher estava nas ruas, dentro das fábricas, trabalhando, lutando, reivindicando. Que coisa estranha aquela! Um ser em quem não se devia bater sequer com uma flor, podia enfrentar a sanha assassina dos burgueses. Um ser talhado para os deleites da noite, suava junto a painéis, arfava junto às máquinas e equipamentos... Uma criatura que existia para produzir filhos, produzia mercadorias e gerava lucros para os patrões! Que coisa fabulosa... A rainha do lar abdicava! Abandonava o trono macio dos lençóis, o cetro rijo de madeira e piaçaba! Como que por mágico encanto, tornava-se simples guerreira, valente e mil vezes bela amazona da era do capital. Orgulhosas, diziam: "antes a morte mais cruel e vil que a humilhação, que ser considerada inferior". Uma nova chama acendeu-se, pequena luz de umai grande consciência. As asas da liberdade jamais poderiam ser contidas na gaiola hipócrita de uma ordem conservadora. Uma ordem que as quer submissas, para que não resistam à opressão e expio ração. Que condena sua sexualidade, para fazer de seu corpo mercadoria de consumo. A luz fez-se luta. Em 1910, em Copenhague, a Conferência Internacional das Mulheres, declarou o 8 de março DIA INTERNACIONAL DA MULHER. A ONU, apenas em 1975 reconheceu a atrocidade daquele dia e a decisão da Conferência. E NECESSÁRIO ASSUMIR A LUTA E TOMAR CONSCIÊNCIA DE QUE NOSSA ORGANIZAÇÃO ENQUANTO MULHERES É UM PASSO FUNDAMENTAL PARA QUE SE REALIZE UMA EFETIVA MUDANÇA. í HISTÓRIA DE DISCRIMINAÇÃO, Jj* GRITO DE to, f LIBERDADE iib Timóteo ativa Movimento O Grupo Pró-Movimento de Mulheres de Timóteo nasceu da iniciativa de algumas mulheres que buscavam um espaço onde pudessem falar das coisas do seu dia-a-dia como: saúde, filhos, casamento, sexualidade, mães solteiras, aborto, trabalho, educação, tarefas domésticas e, principalmente, falar da opressão e da violência contra as mulheres na nossa sociedade. A partir de reuniões nos bairros, surgiu o desejo de ampliar e unificar as mulheres na intenção de começar um movimento em Timóteo. Estamos ainda no processo de construção dessa idéia e para que ela se transforme em REALIDADE, é preciso que todas as mulheres PARTICIPEM. Pretendemos que este Dia 8 de março seja realmente o dia do despertar para a luta contra qualquer tipo de discriminação, opressão e violência. IPATINGA Dia 06/03 - quarta-feira Debate - "Saúde da mulher trabalhadora" 8:00 horas; sétimo andar do prédio da prefeitura 19:00 horas: Igreja Católica do bairro Bom Jardim Oia 07/03 - quinta-feira Exibição do filme "A Rosa de Luxemburgo' 19:00 horas - Cine Ipanema Dia 08/03 - sexta-feira Ato público e Show com Zezé Mota 19:00 horas - Praça da Prefeitura TIMÓTEO Dia 07/03 - QUINTA-FEIRA Local: sede da Alfa - Centro de Aceslta 18:00 horas - Debate de lideranças femininas do município com a cantora e atriz Zezé Mota 19:00 horas - Teatro fórum sobre a mulher - apresentação do CTO (Centro de Teatro do Oprimido do Vale do Aço) 20:00 horas Local: Campo do Vila Nova Esporte Clube - bairro Quitandinha 20:30 horas - Apresentação da bateria da Escola de Samba Unidos do Quitandinha, com mestre-sala e porta-bandeira e o puxador de samba enredo Zezinho Sorriso 21:00 horas - Show com Zezé Mota e sua banda. Dia 08/03 - SEXTA-FEIRA 16:00 horas - passeata - Secretaria de Obras, Portaria 2, Escritório Central da Acesita e comércio local Local: Praça Io de Maio 18:00 horas - depoimento de mulheres da comunidade * Maria Inês da Silva (comunidade do Cachoeira do Vale) * Mirtes Torrezani (operária demitida) * Terezinha Meireles (servidora pública) 19:00 horas - Teatro fórum com o grupo de teatro Folhas - participação de mulheres do Grupo pro-Movimento de Mulheres de Timóteo - direção de Ronaldo Lamp 20:00 horas - Show musical com Manoela Sueli e Ge- raldo Magno e banda Local: Metasita 20:30h - Exibição de filmes * Mulheres Negras - Produção: Conselho Estadual da Condição Feminina (SP) e Olhar Eletrônico Direção: Márcia Meireles e Silvana Afram SP, 1986, 23', cor - Vídeo-documentário Sinopse: A discriminação racial é abordada através das experiências vividas no dia-a-dia pela mulher ne-^ gra Prêmio: 2o lugar no I Festival VÍDEO MULHER - U-Matic, 1987 * Nossas Vidas - Produção: Loes Produções Artísticas e Culturais Ltda Direção: Dilma Loes RJ, 1987, 60', cor, vídeo-reportagem científica Sinopse: Análise da condição feminina e de estereótipos sexuais, em linguagem calcada no humor. Dia 09/03-SÁBADO Local: Metasita - bairro Timirim 14:00 horas - Painel com depoimentos de mulheres da comunidade Temas: Histórico do 8 de marpo, organização das mulheres, creche, mulher negra, práticas alternativas de saúde e direitos da mulher 16:00 horas-Debate 17:00 horas - Plenária (levantamento de propostas para continuidade do movimento) 20:00 horas - Show com Rubinho do Vale - participação do cantor e compositor José Maria Rosa Dia Internacional da Mulher DE 6 A 9 DE MARÇO DE 1 ^91 g Programação conjunta das cidades de Ipatinga e Timóteo Promoção- Grupo pró-Movimento de Mulheres de Timóteo - JVletasita - FAST Associação de Mulheres do Bairro Bom Jardim - Pastoral da Mulher Marginalizada iun\/A /Mowimontn Ho Aifahpti73r.ãn de Jovens e Adultos de loatinoa) - PT (Ipatinga ,.-' <. ;!;:■,• I VEM MULHER3 VEM BEBEU BALDONI Vem mulher com teus olhos vagalumes na noite/ vem mulher com teus peitos nascendo nos tecidos da vida/ vem mulher com tua força molhada pelos oceanos do mundo/ vem mulher com tua dignidade que não quer festa de um dia/ vem mulher com tua vontade, abrindo caminhos de respeito que cresceu contigo, para fazer da tua luta um canto permanente para todos os dias!/ vem mulher/vem sempre... Jorge Posada lpa/91