3151 Trabalho 215 - 1/4 ADOLESCENTE GRÁVIDA: UMA AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA BASEADA NO MODELO CALGARY DIÓGENES, MARIA ALBERTINA ROCHA1 CARVALHO, YANDARA ALICE XIMENES BUENO DE2 OLIVEIRA, MARIANA GIRÃO 3 REBELLO, MATILDE MARIA CAMPOS4 A adolescência corresponde a faixa de idade que varia entre os 10 e 19 anos. É o período da vida que se caracteriza por intenso crescimento e desenvolvimento, bem como por modificações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais (BRASIL, 1989). Caracteriza-se por uma fase em que o ser humano está em condição peculiar de desenvolvimento, devido a essas modificações ainda não bem estruturadas. A superposição da gestação nesta fase acarreta sobrecarga física e psíquica, principalmente para as adolescentes de 10 a 15 anos de idade, aumentando a vulnerabilidade aos agravos materno-fetais e psicossociais ( BRASIL, 2006). Pesquisa do tipo qualitativa, tendo como referencial teórico o Modelo Calgary de Avaliação da Família(WRIGHT,LEAHEY, 2002). Realizou-se um estudo de caso, com uma adolescente grávida e sua família. Os cenários da investigação foram a Associação Habitacional do Morro da Vitória (AHMV), em Fortaleza- CE. Os sujeitos da pesquisa foram uma adolescente grávida, Anita (pessoa índice), que fazia parte de um grupo de adolescentes na Associação e sua família. A participante do estudo foi selecionada de forma intencional e baseada nos seguintes critérios de inclusão: ter família constituída; ter entre 12 e 18 anos de idade; ser gestante nulípara; ser membro de família cadastrada na AHMV; aceitar participar do estudo após o consentimento de seu representante legal. Os dados foram coletados e analisados, simultaneamente, no período de fevereiro a abril de 2008, com o intuito de proceder a avaliação das dificuldades 1.Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Lider do grupo de Saúde Coletiva da UNIFOR. Coordenadora do Pet-Sdaúde da UNIFOR. E-mail: [email protected]. 2. Enfermeira. Especialista em Saúde Pública. Hospital de Saúde Mental de Messejana. Fortaleza- CE. 3. Enfermeira. Programa Saúde da Família de Morada Nova-CE. 4. Enfermeira. Especialista. Enfermeira do Centro Integrado de Diabetes Saúde do Estado do Ceará. e Hipertensão da Secretaria da Página 1 3152 Trabalho 215 - 2/4 enfrentadas pela família da adolescente gestante, observando, ao mesmo tempo, a evolução dessa situação na família. Como instrumentos de coleta de dados, foram utilizados o diário de campo, o genograma e o ecomapa do MCAF, além dos diálogos com Anita e sua família. As autoras tiveram cinco encontros com Anita, juntamente com os outros membros de sua família. Nesses encontros dialogava-se com Anita individualmente e em família, enriquecendo os dados coletados, pois as conhecer toda a percepções se fundiam, tornando-se fundamental para trajetória da família da adolescente grávida. A pesquisa obedeceu à Resolução número 196/96 do Conselho Nacional de Saúde ( BRASIL, 1996), sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza-UNIFOR, através do parecer nº389/2007. Para retratar os membros participantes de pesquisa, foram utilizados pseudônimos a fim de preservar suas identidades. A análise dos resultados foi dividida em três categorias: avaliação da família no aspecto estrutural, avaliação da família “desenvolvimental” e avaliação da família no aspecto funcional. no aspecto No aspecto estrutural, a família é composta por oito membros: o pai da adolescente, Beto (38 anos); sua mãe, Liza (34 anos); seu tio materno, Paulo (31 anos). Anita (13 anos) tem irmãos: Raul (15 anos); sua irmã gêmea, Rita (13 anos); Ane (10 anos). O Rudson é o mais novo membro da família, filho recém-nascido de Anita. No aspecto “desenvolvimental” emergiram três subcategorias: o relacionamento de Anita com o pai do seu filho; a gravidez e a notícia na família; a chegada do bebê; e o aspecto funcional da família. Pôde-se confirmar que a estrutura, dinâmica e funcionamento da família, em estudo, foram alterados devido à gravidez de Anita. A soma de um novo membro à família repercutiu em todos que a integram, tanto no momento da notícia da gravidez, como na gestação e após o nascimento da criança. Anita apresentou inúmeros anseios desde a confirmação da sua gravidez, apesar da não aceitação inicial por parte da família, com o decorrer da gestação, o clima de animosidades foi aos poucos sendo amenizado, recebendo apoio emocional e amparo familiar, apesar de o namorado não ter assumido. Ainda que a gestação não tenha levado a evasão dos estudos de 1.Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Lider do grupo de Saúde Coletiva da UNIFOR. Coordenadora do Pet-Sdaúde da UNIFOR. E-mail: [email protected]. 2. Enfermeira. Especialista em Saúde Pública. Hospital de Saúde Mental de Messejana. Fortaleza- CE. 3. Enfermeira. Programa Saúde da Família de Morada Nova-CE. 4. Enfermeira. Especialista. Enfermeira do Centro Integrado de Diabetes Saúde do Estado do Ceará. e Hipertensão da Secretaria da Página 2 3153 Trabalho 215 - 3/4 Anita, privou-a, em parte, de preparar-se para vida, impedindo-a de dar continuidade à algumas atividades antes realizadas. Contudo, Anita tem um projeto de vida forte, pois deseja continuar estudando e irá trabalhar futuramente. Anita diz conhecer os métodos contraceptivos, mas acredita-se que o namorado utilizou o preservativo de forma incorreta. O Modelo Calgary possibilitou lançar um olhar holístico sobre a família com adolescente grávida, orientando-a a descobrir suas capacidades e dificuldades, procurando sempre dar suporte emocional por meio de uma comunicação adequada às necessidades dessa família. Assim, sugere-se a relevância de os profissionais de saúde se apropriarem desse modelo teórico, pois proporciona avaliar e intervir juntamente com a família. Em suma, ainda que nesta análise não tenha sido possível explorar mais detalhadamente o amplo leque de questões que a riqueza dos dados da pesquisa aponta, a valorização das experiências dos adolescentes, com ênfase na gravidez/maternidade, como o ficar/namorar, transar e, sobretudo, a família, permitiu uma leitura da singularidade do fenômeno para além de uma situação que tem sido, com freqüência, rotulada como trivial; mas, que na verdade, a dinâmica familiar sofreu alterações significativas, como surpresa e, no inicio, não aceitação da gravidez da jovem, pela mãe. Conclui-se a importância do enfermeiro conhecer os membros da família, sua realidade, caracterizar o contexto ambiental, os espaços de socialização das adolescentes (habitação, família, grupo de amigos, escola, igreja, rua e outros espaços públicos de lazer), na perspectiva das mesmas e de informantes qualificados; a identificação dos principais fatores restritivos do planejamento da gravidez e do manejo da contracepção entre as adolescentes. Descritores: Gravidez na adolescência; saúde da família; modelos de enfermagem. 1.Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Lider do grupo de Saúde Coletiva da UNIFOR. Coordenadora do Pet-Sdaúde da UNIFOR. E-mail: [email protected]. 2. Enfermeira. Especialista em Saúde Pública. Hospital de Saúde Mental de Messejana. Fortaleza- CE. 3. Enfermeira. Programa Saúde da Família de Morada Nova-CE. 4. Enfermeira. Especialista. Enfermeira do Centro Integrado de Diabetes Saúde do Estado do Ceará. e Hipertensão da Secretaria da Página 3 3154 Trabalho 215 - 4/4 BIBLIOGRAFIA BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde Materno-Infantil. Programa de saúde do adolescente. Bases Programáticas. Brasília, 198 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada. Brasília (DF) 2006 . Série A. Normas Manuais Técnicos cad nº 5. p. 126-42. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96. Inf. Epidemiol. SUS, n. 3. p. 67-35, jul./set. 1996. WRIGHT, L.M; LEAHEY, M. Enfermeiras e famílias: Um guia para Avaliação e Intervenção na Família. 3. ed. São Paulo: Roca, 2002. 1.Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Lider do grupo de Saúde Coletiva da UNIFOR. Coordenadora do Pet-Sdaúde da UNIFOR. E-mail: [email protected]. 2. Enfermeira. Especialista em Saúde Pública. Hospital de Saúde Mental de Messejana. Fortaleza- CE. 3. Enfermeira. Programa Saúde da Família de Morada Nova-CE. 4. Enfermeira. Especialista. Enfermeira do Centro Integrado de Diabetes Saúde do Estado do Ceará. e Hipertensão da Secretaria da Página 4