Andréa Cardoso Fundamentos da PESQUISA OPERACIONAL UNIFAL-MG Fevereiro 2011 SUMÁRIO 1 Conhecendo a Pesquisa Operacional 4 1.1 Modelos Matemáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2 Primeiros Exemplos e Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.3 Lista de Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2 Programação Matemática 24 2.1 Modelos de Otimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.2 Problemas de Programação Matemática 2.3 Lista de Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3 Programação Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 44 3.1 Estruturação de Modelos Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.2 Resolução Gráfica de um PPL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 3.3 3.2.1 Representação Gráfica das Restrições . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 3.2.2 Representação Gráfica da Função Objetivo . . . . . . . . . . . . . . 54 3.2.3 Soluções do Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Lista de Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4 Resolução de PPL 64 4.1 Estruturação de Modelos Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 4.2 Fundamentação Teórica 4.3 Lista de Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 2 5 O Método Simplex 79 5.1 Fluxograma para soluções finitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 5.2 Análise de Sensibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 5.3 Lista de Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 5.4 Lista de Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 CAPÍTULO 1 CONHECENDO A PESQUISA OPERACIONAL O termo Pesquisa Operacional (PO) designa uma área do conhecimento que consiste no desenvolvimento de métodos cientı́ficos de sistemas complexos, com a finalidade de prever e comparar estratégias ou decisões alternativas, cujo objetivo é dar suporte à definição de polı́ticas e determinação de ações. O trabalho do matemático russo Leonid Kantorovich de 1939 intitulado “Métodos matemáticos na organização e no planejamento de produção” é considerado um dos precursores da PO, porém manteve-se desconhecido da comunidade cientı́fica ocidental até 1959. O próprio termo Pesquisa Operacional, do inglês Operations Research, foi cunhado pelo matemático russo na tentativa de englobar, sob uma única denominação, todas as técnicas existentes ou que viriam a ser desenvolvidas e que tinham o mesmo objetivo citado. De fato, o termo PO designa um conjunto de disciplinas isoladas tais como Programação Linear, Teoria das Filas, Simulação, Programação Dinâmica, Teoria dos Jogos, dentre outras. A Pesquisa Operacional tal qual como a conhecemos surgiu durante a Segunda Guerra Mundial tendo como objetivo o desenvolvimento de metodologia para solução de problemas relacionados com as operações militares quando os Aliados se viram confrontados com problemas complexos de natureza logı́stica, tática e de estratégia militar. Para apoiar os comandos operacionais na resolução desses problemas foram criados grupos multidisciplinares compostos por matemáticos, fı́sicos, engenheiros e cientistas sociais. O que esses cientistas fizeram foi aplicar o método cientı́fico, que tão bem conheciam, aos problemas que lhes foram sendo colocados. Desenvolveram então a idéia de criar modelos 4 5 matemáticos, apoiados em dados e fatos, que lhes permitissem perceber os problemas em estudo, simular e avaliar o resultado hipotético de estratégias bem como propor decisões alternativas. Em 1941 a Inglaterra inaugura a Seção de Pesquisa Operacional do Comando da Força Aérea de Combate para trabalhar com problemas de operações de guerra, manutenção e inspeção de aviões, melhoria da probabilidade de destruição de submarinos, controle de artilharia antiaérea, dimensionamento de comboios de frota, entre outros. O sucesso e credibilidade ganhos durante a guerra foram tão grandes que, terminado o conflito, esses grupos de cientistas e a sua nova metodologia de abordagem dos problemas se transferiram para as empresas que, com o vertiginoso crescimento econômico que se seguiu, se viram também confrontadas com problemas de decisão de grande complexidade. Em 1947 os Estados Unidos implantam o projeto SCOP (Scientific Computation of Optimal Programs) com o objetivo de apoiar decisões de operações da força aérea americana, coordenado por um economista e por um matemático George Dantzig que desenvolveu e formalizou o Método Simplex para resolver problemas de otimização linear. Face ao seu caráter multidisciplinar, atualmente as contribuições da PO estende-se por praticamente todos os domı́nios da atividade humana, da Engenharia à Medicina, passando pela Economia e à Gestão Empresarial. Os ramos mais importantes desenvolvidos em PO são: Programação Matemática Outros Ramos X Programação Linear X Análise Estatı́stica X Programação Não Linear X Teoria dos Jogos X Programação Dinâmica X Teoria das Filas X Programação Inteira X Simulação X Otimização Global X Gestão de estoques Resumidamente podemos dizer que o objetivo principal da PO é determinar a programação otimizada de atividades ou recursos, fornecendo um conjunto de procedimentos e métodos quantitativos para tratar de forma sistematizada problemas que envolvam a utilização de recursos escassos. Para apoiar a tomada de decisão, a PO busca a solução de problemas que podem ser representados por modelos matemáticos. De modo geral, para a resolução de um problema, um estudo de PO é desenvolvido em fases como indicado no esquema abaixo. 6 CAPÍTULO 1. CONHECENDO A PESQUISA OPERACIONAL Figura 1.1: Passos para implementação de PO Identificado o problema a ser estudado, a fase de formulação consiste na estruturação dos dados e informações disponı́veis, a próxima fase de modelagem concentra-se na construção do modelo que é uma representação simplificada do sistema, em geral descrito por um conjunto de equações e desigualdades matemáticas. A solução é obtida através de um método que pode ser um procedimento matemático ou algoritmo para alcançar o resultado. A avaliação consiste na validação do modelo, nesta fase ajustes podem ser feitos. A decisão é a escolha e operacionalização da solução encontrada. As fases de formulação e modelagem do problema devem ser executadas com muita responsabilidade pois “É muito difı́cil encontrar uma solução certa para um problema mal formulado!”. 1.1 Modelos Matemáticos Observar, compreender, reproduzir e aprimorar fenômenos, que podem ser naturais, sociais ou econômicos, tem sido desde sempre uma preocupação básica da Ciência. Eventualmente tais fenômenos podem ser controláveis e haverá então condições de realizar previsões com pequeno nı́vel de incerteza, para tanto é necessária a construção de modelos que são representações idealizadas para tais fenômenos, processos ou sistemas. Um modelo descreve, representa e imita o procedimento que ocorre no mundo real, estabelecendo o relacionamento das variáveis com os objetivos, da melhor maneira possı́vel, obedecendo à limitação de tempo e de custo. Os modelos podem ser assim classificados: 1.1. MODELOS MATEMÁTICOS 7 verbais: quando são descritos e representados por palavras e sentenças. fı́sicos: quando representados por algum tipo de material concreto, alterando-se suas dimensões, formato e custo. Por exemplo: maquetes e protótipos. esquemáticos: quando descritos por meio de gráficos, tabelas ou diagramas. matemáticos: quando representados por relações matemáticas, como equações, inequações, funções ou lógica simbólica. Um modelo matemático é uma representação simplificada de uma situação real e deve refletir a essência do problema, representando as grandezas envolvidas por variáveis e as relações de interdependência existentes entre elas por expressões matemáticas. Esquematicamente, um modelo matemático pode ser visto como uma Caixa Preta, representando as relações que descrevem a dependência das variáveis, que recebe a entrada formada pelas variáveis do problema que se quer otimizar e processa essas informações para produzir a saı́da que é a solução do problema ou resultado da decisão. Entrada Modelo Matemático Saída O modelo mais adequado depende de vários fatores: a natureza das relações entre as variáveis, os objetivos almejados, a extensão do controle sobre as variáveis e o nı́vel de incerteza existente tanto nas relações entre as variáveis como na própria definição das variáveis. Para cada conjunto de situações especı́ficas o modelo matemático, doravante denominado somente modelo, deverá ter uma forma padronizada e a solução poderá ser obtida por métodos matemáticos especı́ficos para cada caso, que serão estudados posteriormente. De maneira geral, um problema de tomada de decisão requer solução que responda a três perguntas: 1. Qual é a meta a ser atingida? (objetivo) 2. Quais são as alternativas para a decisão? (variáveis de decisão) 3. Sob quais condições a decisão deve ser tomada? (restrições) 8 CAPÍTULO 1. CONHECENDO A PESQUISA OPERACIONAL 1.2 Primeiros Exemplos e Aplicações Nesta seção serão apresentadas os primeiras formulações de problemas de otimização como auxı́lio na tomada de decisão, para serem analisados, modelados e, exceto o sexto exemplo, resolvidos. Os três primeiros exemplos são bem simples e podem ser resolvidos intuitivamente ou por enumeração não necessitando de modelos matemáticos formais. O quarto problema requer o uso de planilhas eletrônicas para realizar simulações de maneira mais rápida e eficaz. O quinto problema necessita de conhecimentos prévios de Cálculo Diferencial. O sexto exemplo, é um pouco mais complexos e necessita de modelos matemáticos estruturados de Programação Matemática assunto do capı́tulo seguinte cujas técnicas de resolução serão estudadas no capı́tulo 3. Finalmente, o sétimo exemplo apresenta um problema clássico da Teoria dos Jogos e suas implicações. . . . Exemplo 1.1. O problema da dona-de-casa 1 Considere a situação em que uma dona de casa precisa decidir entre comprar manteiga ou margarina para o consumo da famı́lia. Ela vai seguir intuitivamente um raciocı́nio lógico através do qual procurará alinhar as vantagens e desvantagens de cada alternativa, segundo seus critérios de decisão. De inı́cio, a dona de casa irá identificar as diferenças entre os produtos segundo vários fatores que poderiam ser tomados para comparação como: o custo, o sabor, a durabilidade, a consistência quando gelado, os efeitos para saúde, dentre outros. Para simplificar, ela se limitará a avaliar apenas os itens que considera mais importantes: custo, sabor e efeitos para a saúde. Esses serão os critérios para a tomada de decisão da dona-de-casa. As consequencias de cada alternativa serão: 1. Comprando manteiga, a dona-de-casa • gasta mais dinheiro; • agrada a famı́lia; • põe em risco a famı́lia devido ao teor mais alto de colesterol. 2. Comprando margarina, a dona-de-casa • economiza dinheiro; • desagrada a famı́lia; • não coloca em risco a saúde da famı́lia. 1 Extraı́do de Andrade, 2004 1.2. PRIMEIROS EXEMPLOS E APLICAÇÕES 9 Dependendo do peso que atribuir a cada consequencia, a dona-de-casa poderá chegar a uma conclusão. Se, por exemplo, a restrição da famı́lia for dinheiro, a decisão que lhe parecerá melhor será comprar margarina. . . . Exemplo 1.2. Problema da travessia do rio Imagine que você esteja a margem leste de um rio juntamente com três amigos Felipe, João e Kelly. Vocês querem atravessar para a margem oeste e dispõem de um único meio de locomoção, uma canoa que pode levar no máximo duas pessoas por vez e não pode ir nem voltar vazia. Você tem constituição mais atlética e pode atravessar o rio a remo em 1 minuto, enquanto Felipe, João e Kelly levam 2, 5 e 10 minutos, respectivamente. Se houver duas pessoas na canoa, o tempo da travessia será a média dos tempos que seriam gastos individualmente. Após duas travessias seguidas a pessoa fica cansada e leva o dobro do tempo para atravessar o rio. Como é mais conveniente realizar a travessia de modo que os quatro estejam do outro lado do rio no menor tempo possı́vel? As seguintes alternativas podem ser consideradas: 1. Ir você e Felipe, você volta pega João, você volta e pega Kelly. 2. Ir você e Felipe, Felipe volta pega João, você volta e pega Kelly. 3. Ir você e Felipe, você volta vai João e Kelly, Felipe volta e pega você. Calculando os tempos gastos em cada uma das alternativas, temos: T1 = 1, 5 + 1 + 3, 5 + 2 + 6 T2 = 1, 5 + 2 + 4, 5 + 1 + 5, 5 = 14 min = 14, 5 min T3 = 1, 5 + 1 + 7, 5 + 2 + 1, 5 = 13, 5 = 13, 5 min Dentre as três alternativas, a melhor é a alternativa 3, onde o tempo total para a travessia será de 13,5 minutos. Você pode identificar alternativas distintas cujo tempo seja igual a 13,5 minutos? Existe outra alternativa melhor? Variáveis de decisão: Alternativas 1, 2 e 3 10 CAPÍTULO 1. CONHECENDO A PESQUISA OPERACIONAL Objetivo: Minimizar o tempo de travessia Restrições: Tempo individual para travessia, Duas pessoas por vez na canoa, A canoa não atravessa o rio sozinha, Penalidade para atravessar mais que duas vezes seguidas. . . . Exemplo 1.3. Decisão com risco ou incerteza 2 A tabela seguinte apresenta os retornos (ganhos ou perdas médias) para um valor fixo de insvetimento associados às decisões de investir em conta poupança, em dólar ou fundos de investimentos. Decisão A1 Decisão A2 Decisão A3 Estados possı́veis Probabilidades Investir em Investir em Investir em da economia poupança dólar fundos S1 : Recessão 0,40 $ 300 $ 400 - $ 100 S2 : Estabilidade 0,40 $ 300 $ 300 $ 200 S3 : Expansão 0,20 $ 300 $ 200 $ 700 Qual é o melhor investimento? Se a decisão for baseada nos valores médios ou esperados dos ganhos, teremos: GA1 = 0, 40 × 300 + 0, 4 × 300 + 0, 2 × 300 = 300 GA2 = 0, 40 × 400 + 0, 4 × 300 + 0, 2 × 200 = 320 GA3 = 0, 40 × (−100) + 0, 4 × 200 + 0, 2 × 700 = 180 a melhor decisão a ser tomada é a alternativa A2 , investir em dólar. Variáveis de decisão: Investir em A1 , A2 ou A3 Objetivo: Maximizar o retorno Restrições: Estados possı́veis da economia, probabilidades e retornos. 2 Baseado em Shimizu, 2006 1.2. PRIMEIROS EXEMPLOS E APLICAÇÕES 11 . . . Exemplo 1.4. O caso da Casa das Esfirras A Casa das Esfirras produz e comercializa esfirras de carne a partir de dois ingredientes básicos: massa e recheio. A empresa necessita estabelecer um modelo para simulação de lucros que lhe permita a formação do melhor preço de venda a ser praticado. Considera-se que o preço unitário da esfirra e o preço médio praticado pela concorrência são os únicos fatores relevantes na determinação da demanda. Atualmente a empresa pratica o mesmo preço médio do mercado local e comercializa 70.000 unidades de esfirras mensalmente. Um estudo encomendado pela empresa constatou que, a cada 1% a menos cobrado pela unidade de esfirra em relação ao preço médio praticado pela concorrência implica em um aumento nas vendas de 5.000 unidades mensais. Dados relevantes para o estudo são fornecidos na tabela seguinte: em R$ Preço médio praticado pela concorrência (por unidade) 1,00 Custo unitário da massa 0,10 Custo unitário do recheio 0,30 Custo do processo de fabricação (por unidade) 0,40 Custo fixo 8.000,00 Variáveis de decisão: Preço unitário da esfirra Objetivo: Maximizar o lucro Restrições: Demanda de mercado Para este problema, é preciso desenvolver um modelo que permita a simulação do lucro operacional mensal a partir da demanda d e dos custos para estabelecer o preço p a ser praticado. O lucro (L) é obtido pela diferença entre a receita (R) e o custo total (CT), L = R − CT. 12 CAPÍTULO 1. CONHECENDO A PESQUISA OPERACIONAL A receita pode ser calculada pelo produto entre o preço praticado por unidade e a quantidade vendida, neste caso a quantidade demandada, que por sua vez depende do preço praticado. Assim, R(p) = p · d(p). O custo total é a soma do custo fixo com o custo variável, que depende da quantidade a ser produzida, neste caso a demanda. CT = C + C(d) Para construir um modelo para formação de preço, é primeiro necessário calcular a função demanda, isto é, encontrar a lei que determina a quantidade de esfirras comercializadas mensalmente em função do preço praticado. De acordo com os dados, o preço médio praticado é de R$ 1,00 e para este valor a quantidade demandada é 70.000 unidades. Assim a função d(p) a ser determinada satisfaz: d(1) = 70000. Levando-se em conta que a cada desconto de 1% no preço corresponde uma demanda extra de 5.000 unidades, temos: d(0, 99) = 75000. Admitindo que a função demanda seja uma função afim do tipo: d(p) = ap + b onde o coeficiente angular a pode ser determinado por: a= 70000 − 75000 ∆d = = −500000 ∆p 1 − 0, 99 Para encontrar o coeficiente linear b e determinar d, basta substituir d(1) = 70000 na 1.2. PRIMEIROS EXEMPLOS E APLICAÇÕES 13 expressão d(p) = −500000p + b, desta forma 70000 = d(1) = −500000(1) + b Logo, b = 570000. Portanto, a função demanda nas condições do problema é: d(p) = −500000p + 570000 Para este caso o modelo será construı́do em planilha eletrônica alcançando assim facilidade de interação com o usuário e possibilitando rápidas alterações. Admitindo que o preço praticado seja R$ 1,00 a unidade de esfirras, é possı́vel calcular a quantidade vendida, a receita e os custos mensais e consequente prever o lucro operacional. O modelo em planilha eletrônica é apresentado na tabela abaixo, onde as fórmulas para os respectivos cálculos estão explicitadas na coluna C. Na tabela a seguir são apresentados os resultados do Lucro Operacional para diversos valores simulados para o preço a ser praticado, onde lucro negativo é representado por valores entre parênteses. 14 CAPÍTULO 1. CONHECENDO A PESQUISA OPERACIONAL Uma rápida inspeção garante que: • Preço acima de 1,00 retorna em lucro menor; • Lucro crescente para valores entre 1,00 e 0,95; • Lucro decrescente para valores entre 0,95 e 0,90. Desta primeira análise, conclui-se que o melhor preço está entre 1,00 e 0,95. Para decidir qual preço retorna o maior lucro, é preciso simular todos os valores neste intervalo. Observando a segunda parte da tabela, concluı́mos que o melhor preço a ser praticado é R$ 0,97 resultando num lucro de R$ 6.450,00 que é 7,5% maior do que o lucro mensal atual da empresa. . . . Exemplo 1.5. Gestão do estoque Um posto de combustı́veis tem uma demanda de gasolina e álcool ao longo dos últimos três anos, conforme a tabela dada em milhões de litros: 1.2. PRIMEIROS EXEMPLOS E APLICAÇÕES 15 Ano Álcool Gasolina 2007 2,00 5,00 2008 2,05 5,80 2009 3,00 6,20 Seus custos estimados de colocação de um pedido são cerca de R$ 325,00 e os custos de manutenção dos estoques são de 23% do custo de aquisição, por ano. A empresa adquire os combustı́veis a R$ 30,00 o galão de 50 litros de álcool e R$ 78,00 o galão de gasolina. Atualmente o suprimento de combustı́vel é feito em quantidades constantes a intervalos regulares quinzenalmente, qual a quantidade ideal de cada combustı́vel que o posto deve pedir por vez? O objetivo do problema é determinar o lote de compra que deve ser encomendado por vez, de modo a minimizar o custo total de operação do estoque dos dois tipos de combustı́veis. Variáveis de decisão: Quantidade de álcool a ser encomentada por vez Quantidade de gasolina a ser encomendada por vez Objetivo: Minimizar o custo de operação de estoque Restrições: Custo do pedido Custo de Manutenção do estoque O custo total é a soma dos custos de manutenção de estoques e de emissão e colocação de pedidos, considerando que a demanda e os custos são relativamente estáveis durante o ano. minimizar Custo Total (CT) = custo de manutenção do álcool (CMA) + + custo de manutenção da gasolina (CMG) + + custo do pedido (CP) O custo de manutenção é o produto do nı́vel médio em estoque pelo custo unitário de manutenção, onde o nı́vel médio é a metade da quantidade encomendada (dados 16 CAPÍTULO 1. CONHECENDO A PESQUISA OPERACIONAL empı́ricos). O custo do pedido é o produto do número de pedidos anuais pelo custo unitário de colocação do pedido. Devemos identificar os elementos conhecidos e desconhecidos do problema que fornecerão os dados e as variáveis de decisão. n: total de pedidos anuais qA : quantidade de álcool (em milhões de litros) encomendados por vez qG : quantidade de gasolina (em milhões de litros) encomendados por vez aA : quantidade de álcool (em milhões de litros) comercializada anualmente aG : quantidade de gasolina (em milhões de litros) comercializada anualmente A partir dos dados fornecidos, podemos calcular a média de vendas da empresa dos últimos três anos: aA = 2 + 2, 05 + 3 = 2, 35 3 aG = 5 + 5, 8 + 6, 2 ∼ = 5, 67 3 e É possı́vel obter qA e qG a partir do valor de n. qA = aA n qG = aG n e Portanto, podemos admitir que a única variável independente do problema é o número de pedidos anuais n. Sabe-se que o custo de manutenção dos estoques é de 23% do custo de aquisição de cada combustı́vel. A partir desta informação é possı́vel calcular CMA, considerando que a unidade que estamos utilizando é um milhão de litros de combustı́vel que equivale a 20.000 galões de 50 litros, como cada galão de álcool custa R$ 30,00, o custo da unidade 1.2. PRIMEIROS EXEMPLOS E APLICAÇÕES 17 de álcool é R$ 600.000,00. Calculando a porcentagem para manutenção dos estoques, temos que o custo unitário para manutenção do álcool é 138.000 e portanto, CMA = 138.000 qA = 69.000qA 2 De forma análoga calculamos que o custo da unidade de gasolina é R$ 1.560.000,00 e obtemos 358.800 como o custo unitário para manutenção do estoque de gasolina e consequentemente: CMG = 358.800 qG = 179.400qG 2 Escrevendo o custo total em função das variáveis e constantes assim definadas e calculadas: CT = 69.000qA + 179.400qG + 325n 2, 35 5, 67 + 179.400 + 325n n n 1 1 = 162.150 + 1.017.198 + 325n n n = 69.000 Portanto, CT (n) = 1.179.348 1 + 325n n Como o objetivo é minimizar uma função em uma variável real, devemos encontrar os pontos crı́ticos da função utilizando a primeira derivada. d 1 CT (n) = −1.179.348 2 + 325 = 0 dn n A equação diferencial acima é satisfeita para n ∼ = 60, 24 ou n ∼ = −60, 24. Entretanto no contexto do problema proposto n deve ser um número inteiro positivo, sendo assim tomamos, por arredondamento, n = 60. E o teste da segunda derivada nos garante que este é um ponto de mı́nimo. d2 1 CT (n) = 2.358.696 3 > 0, 2 dn n ∀n>0 Assim, deve-se encomendar 39.166,67 litros de álcool e 94.500 litros de gasolina por 18 CAPÍTULO 1. CONHECENDO A PESQUISA OPERACIONAL vez totalizando 60 pedidos anuais com custo total de R$ 39.155,80 contra os custos atuais de R$ 53.809,54 referentes a 26 pedidos anuais, o que representa uma economia para a empresa de aproximadamente 27,21%. . . . Exemplo 1.6. Problema da dieta ótima: 3 Em uma dieta, cada 100 g de alimento A e B fornecem os seguintes elementos nutritivos (em unidades): Elemento nutritivo A B Carboidratos 1 3 Vitaminas 3 4 Proteı́nas 3 1 As quantidade mı́nimas necessárias de elementos nutritivos, por dia, são 8 unidades de carboidratos, 19 unidades de vitaminas e 7 unidades de proteı́nas. Cada 100 g do alimento A contém 300 kcal (kilocalorias) e custa $ 50 u.m. enquanto cada 100 g do alimento B tem 500 kcl e custa $ 25 u.m. Como é possı́vel minimizar o custo e a quantidade de calorias da dieta formada pelos alimento A e B? Variáveis de decisão: x1 : quantidade de A (em 100 g) x2 : quantidade de B (em 100 g) Objetivo: Restrições: min z1 = 50x1 + 25x2 (minimizar o custo) min z2 = 300x1 + 500x2 (minimizar quantidade de calorias) x1 + 3x2 ≥ 8 (quantidade de carboidratos) 3x1 + 4x2 ≥ 19 (quantidade de vitaminas) 3x1 + x2 ≥ x1 , x2 ≥ 3 7 (quantidade de proteı́nas) 0 (condição de não-negatividade) Adaptado do exemplo inicialmente formulado por George Dantzig 1.2. PRIMEIROS EXEMPLOS E APLICAÇÕES 19 Representando as inequações e funções do problema no plano cartesiano obtemos o seguinte gráfico. Por simples inspeção visual é possı́vel identificar o ponto (1,4) do plano cartesiano como sendo o ponto onde a função custo é minimizada, obtendo um custo mı́nimo de $ 150 u.m. com consumo total de 2.300 kcal, enquanto o ponto (5,1) minimiza a quantidade de calorias, 2.000 kcal, com custo de $ 275 u.m. . . . Exemplo 1.7. O dilema do prisioneiro 4 Dois prisioneiros acusados de terem cometido um crime em conjunto estão presos em celas separadas e são interrogados separadamente por um delegado de polı́cia. Se os dois prisioneiros confessarem o crime, ambos serão condenados à pena de 10 anos de prisão. Se nenhum dos dois prisioneiros confessar, o delegado, usando provas circunstanciais, só pode condená-los à pena de 2 anos. Se apenas um dos dois prisioneiros confessar, este prisioneiro receberá, como prêmio, um pena leve de 1 ano de prisão, e o outro, que não confessou, será condenado à pena maior, de 12 anos de prisão. Qual decisão deve ser tomada? 4 Proposto originalmente por M.Flood e M.Dresher em 1950, posteriormente adaptado por A.W.Tucker. 20 CAPÍTULO 1. CONHECENDO A PESQUISA OPERACIONAL A tabela seguinte resume as penalidades atribuidas a cada prisioneiro Prisioneiro B C Prisioneiro A NC C NC (10, 10) (1,12) (12,1) (2,2) onde a primeira entrada do par ordenado corresponde à decisão do prisioneiro A e a segunda entrada à decisão do prisioneiro B. Examinemos o problema do ponto de vista de um dos prisioneiros, objetivando determinar a melhor estratégia assumindo que o cúmplice também é racional. Se seu companheiro confessar, o prisioneiro A, por exemplo, será condenado a 10 anos de prisão se confessar e a 12 anos se permanecer calado. Neste caso a melhor decisão é confessar. Agora, se B permanecer calado, A será condenado a 1 ano se confessar e a 2 anos se não confessar. O melhor estratégia nesta situação é confessar. Aparentemente a melhor estratégia é portanto confessar! Entretanto se ambos seguirem o mesmo raciocı́nio, os dois prisioneiros serão condenados a 10 anos de prisão. Se optarem por cooperar e permanecerem calados, receberão pena menor de 2 anos. E aı́ está o dilema, buscando individualmente a melhor estratégia para si acabam ambos por serem punidos rigorosamente. O fato é que pode haver dois vencedores neste jogo, se o problema for analisado em conjunto buscando a melhor solução para o grupo e consequentemente a cooperação resultará na melhor solução para ambos. “A teoria dos jogos sugere que, embora a cooperação não seja nada fácil de ser alcançada, é possı́vel demonstrar que muitas vezes ela é preferı́vel ao conflito.” David P. Barash 1.3. LISTA DE PROBLEMAS 1.3 21 Lista de Problemas Resolva cada um dos seguintes problemas, identificando as variáveis de decisão, objetivo e restrições: 1. Durante a construção de uma casa, seis vigas de 8m cada devem ser recortadas para atingir o comprimento correto de 7, 5m. As operações para cortar uma viga obedecem a seguinte sequencia: Operação Tempo [s] 1. Colocar vigas nos cavaletes 15 2. Marcar o comprimento 10 3. Cortar a viga 20 4. Armazenar a viga cortada 20 Há três pessoas envolvidas: dois carregadores devem trabalhar simultaneamente nas operações 1,2 e 4, e um cortador se encarregará da operação 3. Há dois pares de cavaletes nos quais as vigas a recortar são colocadas na preparação para o corte, e cada par pode suportar até três vigas lado a lado. Sugira um boa programação para recortar as seis vigas. 2. Como deve ser montado um retângulo a partir de uma corda de comprimento 10m para que a área seja máxima. 3. Em um jogo de beisebol, Jim é o lançador e Joe o rebatedor. Suponha que Jim possa atirar uma bola com velocidade ou um bola curva de maneira aleatória. Se Joe previr corretamente que será uma bola curva, poderá manter uma média de rebates de 0,5. Ao contrário, se Jim atirar uma bola curva e Joe se preparar para uma bola com velocidade, sua média de rebates ficará em 0,2. Por outro lado, se Joe previr corretamente que será uma bola com velocidade, conseguirá uma média de rebates de 0,3; caso contrário, sua média será de apenas 0,1. Defina as alternativas para essa situação. 22 CAPÍTULO 1. CONHECENDO A PESQUISA OPERACIONAL 4. A Pastéis e Pastelões Ltda. fabrica pastéis de forno a partir de dois ingredientes básicos: massa semipronta e recheio congelado. A empresa pretende estabelecer um modelo para previsão de seu lucro operacional mensal que lhe permita estabelecer o preço dos pastéis que deve ser praticado pela empresa. Desconsiderando a hipótese de alteração do tamanho e da qualidade dos pastéis, a diretoria considera que o preço unitário do pastel e o preço médio praticado pela concorrência são os únicos fatores relevantes na determinação da demanda, a qual se comporta segundo a seguinte equação: Z = 15000 − 5000x + 5000y onde x é o preço do pastel da Pastéis e Pastelões e y é o preço médio dos pastéis vendidos pelos concorrentes. Dados adicionais são fornecidos pela tabela: em R$ Preço médio praticado pela concorrência (por pastel) 7,00 Custo unitário da massa 1,30 Custo unitário do recheio 2,00 Custo do processo de fabricação (por pastel) 0,40 Custo fixo 6.000,00 5. Refaça o exemplo 1.5, considerando que o posto está interessado em resolver o problema do estoque separadamente para cada combustı́vel, isto é, determine o número de pedidos anuais para o álcool que minimize o custo total e, após calcule o número de pedidos a ser realizados para a gasolina. Qual a relação entre estes dois valores encontrados e o número ótimo de pedidos determinado para o problema original? 6. Um atacadista de materiais de construção obtém seu cimento de um fornecedor único. A demanda de cimento é razoavelmente constante ao longo do ano. No 1.3. LISTA DE PROBLEMAS 23 último ano, a empresa vendeu 2000 toneladas de cimento. Seus custos estimados de colocação de um pedido são cerca de $25, e os custos de manutenção dos estoques são de 20% do custo de aquisição, por ano. A empresa adquire cimento a $60 por tonelada. Quanto cimento a empresa deveria pedir por vez? 7. Uma empresa comercializa queijos deseja estudar sua polı́tica de estocagem de modo a otimizar sua operação, reduzindo os custos. Após um cuidadoso levantamento, o gerente estimou que o custo anual de manter um item em estoque é de $50,00. Tal custo foi obtido considerando-se o custo do capital investido, o custo das instalações, refrigeração, limpeza e seguros, durante um ano, e dividindo-se pelo número estimado de itens que irão compor o estoque no mesmo perı́odo. Consideremos que este número seja constante e igual a 1.000 por ano. O suprimento do produto é feito em quantidades constantes e intervalos regulares, a colocação de cada encomenda tem um custo fixo de $ 1.000,00, incluindo documentação, despesas de pedido e transporte. Qual a quantidade de mercadoria que deve ser encomendada de cada vez? CAPÍTULO 2 PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA Desde a antiguidade vários cientistas tais como Euclides, Newton, Lagrange, Leontief, Von Neumann, dentre outros, tem dedicado seus estudos à pesquisa do ótimo. A área que estuda Problemas de Otimização é denominada Programação Matemática que engloba uma ampla classe de problemas. O termo programação significa que existe um planejamento das atividades. A Programação Matemática vem se constituindo como uma das mais poderosas ferramentas matemáticas para diversos segmentos, propiciando melhorias mensuráveis nos processos e automatização dos mesmos, análises operacionais, de projetos, reengenharia e identificação de gargalos. Seus benefı́cios são exatamente aqueles procurados por qualquer empresa: diminuição dos custos e aumento dos lucros. Em algumas organizações ela está, inclusive, embutida em suas rotinas informatizadas de planejamento diário dos processos de operação. Segundo pesquisas efetuadas em empresas que tem utilizado esta ferramenta, a redução de custos se enquadra facilmente na faixa entre 1% e 5%, existindo casos que chegam até a 15%. A magnitude do benefı́cio da Programação Matemática na performance das empresas pode ser avaliada nos casos listados a seguir referentes a diferentes áreas de atividade econômica: 24 25 1. A companhia de óleos TEXACO utilizou a Programação Linear para obter condições ideais de processamento do grude bruto para produzir quantidades proporcionais às necessidades do mercado aos diversos derivados do grude: gasolina, óleos com diversas graduações ou asfalto. A aplicação da metodologia em sete das suas refinarias permitiu obter uma melhoria de 30% nos lucros, atingindo 30 milhões de dólares. 2. A rede de fast food McDonald’s nos Estados Unidos aplicou a Programação Matemática para otimização dos horários de trabalho em quatro de seus estabelecimentos, pertencentes a Al Boxley. Este tipo de atividade recorre freqüentemente à mão-de-obra em part-time, tendo como resultado uma grande aleatoriedade na disponibilidade dos recursos humanos. A Programação Linear proporcionou um melhor aproveitamento dos recursos disponı́veis, com a exigência de cobertura durante todo perı́odo de funcionamento das unidades, obtendo-se uma programação de horários mais conveniente de acordo com as preferências de horário de cada funcionário. 3. O exército norte-americano desenvolveu um sistema designado de MLRPS “Manpower Long-Range Planning System” que permite estimar as necessidades de recursos humanos num horizonte que vai dos 7 aos 20 anos. O modelo de otimização analisa a forma com que as forças armadas podem obter no futuro a estrutura militar desejada. Para tal, aspectos como as admissões, abandonos, promoções e transferências são tidos em conta no modelo que determina o número de recursos necessário. Uma das caracterı́sticas principais de Programação Matemática é sua extensibilidade, pode ser aplicada a diverso número de organizações e sistemas: indústrias, governos, agências, hospitais, economia, sociologia, biologia, dentre outros. Algumas de suas aplicações se tornaram clássicas: Problema de transporte; Administração da produção; 26 CAPÍTULO 2. PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA Análise de investimentos; Problemas de distribuição de recursos, pessoal e tarefas; Problemas de corte materiais, etc. Em um Problema de Otimização pretende-se maximizar ou minimizar uma quantidade especı́fica, designada objetivo, que depende de um número finito de variáveis independentes ou interrelacionadas por limitações ou restrições técnicas do sistema. Resolver o problema significa aplicar uma sequencia de operações matemáticas para distribuir recursos limitados sobre operações que exigem a sua utilização simultânea, de forma ótima para o objetivo especı́fico. Um Problema de Programação Matemática (PPM) é um problema de otimização satisfazendo dois fatos principais: • A existência de um objetivo que pode ser explicitado em termos das variáveis de decisão do problema; • A existência de restrições à aplicação dos recursos, tanto com relação às quantidades disponı́veis quanto com relação à forma de emprego. 2.1 Modelos de Otimização Especificamente, o objetivo primordial de um PPM é encontrar a melhor solução para problemas que podem ser representados por modelos matemáticos onde o objetivo pode ser expresso em função das variáveis e as restrições expressas como equações ou inequações. Os modelos matemáticos utilizados em PPM seguem, em geral, uma estrutura padrão composta por uma função-objetivo, um critério de otimização e um conjunto de restrições. A forma geral de um modelo para um PPM com n variáveis e m restrições é apresentada a seguir: 2.1. MODELOS DE OTIMIZAÇÃO 27 otimizar: z = f (x1 , x2 , . . . , xn ) g1 (x1 , x2 , . . . , xn ) g2 (x1 , x2 , . . . , xn ) sujeito a: .. . gm (x1 , x2 , . . . , xn ) b1 ≤ b2 = .. . ≥ bm (2.1) onde as variáveis do problema estão representadas por xj com j = 1, . . . , n e bi , para i = 1, . . . , m, representa a quantidade disponı́vel de determinado recurso. Utilizaremos a notação vetorial para representar as variáveis de decisão, assim define-se: x= x1 x2 . . . xn (2.2) f (x) é denominada função-objetivo e gi (x) são as funções restrições do problema. A solução do modelo pode ser obtida por técnicas matemáticas e algoritmos especı́ficos, e a construção do modelo deve levar em consideração a disponibilidade de uma técnica para o cálculo da solução. Para melhor estudar as técnicas disponı́veis para resolução de PPM, a área pode ser subdividida em duas subáreas determinadas pelas propriedades das funções envolvidas no problema: Programação Linear: Todas as funções do modelo são lineares em relação às variáveis. Programação Não-Linear: Pelo menos uma das funções envolvidas não é linear. A solução de um PPM inicia-se pela modelagem, esta etapa é tão importante tanto quanto o desenvolvimento de métodos de solução, visto que a qualidade de todo o processo é consequencia direta do grau de representatividade do modelo. O exemplo 1.6 apresentado no capı́tulo anterior foi modelado seguindo certa sistematização e agora iremos nos concentrar na estruturação de modelos especı́ficos para PPM. A tarefa de construção do modelo a partir do enunciado do problema deve seguir uma metodologia básica, apresentada a seguir: 28 CAPÍTULO 2. PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA Identificação das variáveis de decisão Todas as grandezas envolvidas devem ser determinadas, explicitando as decisões que devem ser tomadas, nomeando-as xj , j = 1, . . . , n. Definição do critério de otimização Critérios de avaliação capazes de indicar que uma decisão é preferı́vel a outras devem ser definidos. Deve-se identificar as metas que se pretendem alcançar com a resolução do problema, expressando-as como funções matemáticas. Em geral, o objetivo aparece na forma de maximização ou minimização de quantidades. Formulação das restrições Todos os requisitos, condicionalismos e limitações do problema, tanto explı́citas como implı́citas, devem ser identificados. Cada limitação imposta na descrição do problema deve ser expressa como uma equação ou inequação em função das variáveis de decisão. 2.2 Problemas de Programação Matemática Para melhor ilustrar os conceitos discutidos, serão apresentadas algumas situações que podem ser descritas com o auxı́lio de um modelo de Programação Matemática. A seguir são propostos alguns PPM onde espera-se exemplificar e detalhar o processo de modelagem, entretanto será a experiência individual responsável pelo desenvolvimento de habilidades para a criação de bons modelos matemáticos, eficientes e realistas. Salientamos que, ainda não há a preocupação com a solução de problemas que poderá ser obtida posteriormente. . . . Exemplo 2.1. Produção de balas Considere que uma doceira deseja abrir um pequeno negócio para produção de balas. A princı́pio ela está considerando produzir dois tipos de balas: caramelo e nozes. Na produção são utilizados três ingredientes: leite, açúcar e nozes. A doceira tem em estoque 10kg de açúcar, 1kg de nozes e 6l de leite. A composição da bala de caramelo é: 40% de leite e 60% de açúcar, e para as balas de nozes os ingredientes devem ser misturados 2.2. PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA 29 na seguinte proporção: 40% de leite, 50% de açúcar e 10% de nozes. Cada quilo de bala de caramelo pode ser vendido a R$10,00 enquanto um quilo de bala de nozes pode ser vendido por R$13,00. Qual deve ser a produção de cada tipo de bala para obter a maior receita? De acordo com a sistemática estabelecida anteriormente para a construção de modelos de PPM, vamos elaborar o modelo para este problema em etapas. Etapa 1: Identificação das variáveis de decisão O objetivo do problema é determinar as quantidades de cada tipo de bala a ser produzida de forma a resultar na máxima receita. Portanto, este problema tem duas variáveis de decisão: x1 : a quantidade (em kg) a ser produzida de bala de caramenlo x2 : a quantidade (em kg) a ser produzida de bala de nozes Etapa 2: Formulação da função objetivo O critério para a seleção do melhor combinação possı́vel é a receita máxima. Cada tipo de bala gera uma receita que é o produto do preço de venda pela quantidade vendida e a função receita é obtida pela soma das contribuições de cada tipo de bala produzido. Matematicamente, temos: max z = f (x1 , x2 ) = 10x1 + 13x2 Etapa 3: Formulação das restrições O problema impõe restrições na quantidade de matéria prima para fabricação dos doces: 0, 6x1 + 0, 5x2 ≤ 10 (quantidade utilizada de açúcar) 0, 4x1 + 0, 4x2 ≤ 0, 1x2 ≤ 6 (quantidade utilizada de leite) 1 (quantidade utilizada de nozes) 30 CAPÍTULO 2. PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA Ainda há uma condição implı́cita ao problema que devemos considerar, quais os valores que as variáveis de decisão podem assumir? Nesta situação estamos interessados em valores não-negativos que satisfaçam as limitações de matéria-prima. Devemos também considerar o tipo de variável, neste problema podemos admitir que a variável xj pode receber qualquer valor real. Assim temos definido o domı́nio da função objetivo e o critério de não-negatividade: xj ≥ 0, xj ∈ R O modelo completo para o problema da produção de balas representado no formato (2.1) é: max s.a. : z = 10x1 + 13x2 0, 6x1 + 0, 5x2 ≤ 10 (quantidade utilizada de açúcar) 0, 4x1 + 0, 4x2 ≤ 6 (quantidade utilizada de leite) 0, 1x2 ≤ 1 (quantidade utilizada de nozes) x1 , x2 ≥ 0 (condição de não-negatividade) Observe que a condição xj ∈ R foi omitida do modelo final, isto deve-se ao fato que em modelos de Programação Matemática, por convenção, esta condição é considerada implı́cita ao modelo. A informação sobre o domı́nio da função constará no modelo caso o domı́nio seja outro conjunto numérico. . . . Exemplo 2.2. Localização da antena de transmissão O Gerente de Projetos da LCL Telecom deve localizar uma antena de retransmissão para atender a três localidades na Baixada Maranhense: Viana, Penalva e Cajari. Por problemas técnicos a antena não pode estar a mais de 10 km do centro de cada cidade. Considerando as localizações relativas indicadas no mapa, determine o melhor posicionamento para a torre. Sejam (xi , yi ) as coordenadas no plano cartesiano da localização das cidades. Etapa 1: Identificação das variáveis de decisão 2.2. PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA 31 O objetivo do problema é determinar a localização (x, y) da antena que minimize a soma das distâncias até as três localidades, as variáveis de decisão já estão definidas: x: abscissa no plano cartesiano da localização da torre de transmissão y: ordenada no plano cartesiano da localização da torre de transmissão Etapa 2: Formulação da função objetivo Admitamos que a localidade 1 seja Viana, a localidade 2 seja Cajari e a localidade 3 seja Penalva, as coordenadas cartesianas das localidades serão (xi , yi ), com i = 1, 2, 3. Fixado uma localidade i, a distância entre esta e a antena de p transmissão pode ser calculada por (xi − x)2 + (yi − y)2 . A função distância é obtida pela soma três distâncias entre a antena e as localidades. min z = 3 X p (xi − x)2 + (yi − y)2 i=1 Etapa 3: Formulação das restrições As restrições técnicas são as únicas limitações do problema: p (xi − x)2 + (yi − y)2 ≤ 10, ∀i ∈ {1, 2, 3} As condições práticas do problema não requer restrições de não-negatividade e as variáveis de decisão podem assumir valores reais. 32 CAPÍTULO 2. PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA O modelo completo é apresentado a seguir: min 3 X p z= (xi − x)2 + (yi − y)2 i=1 p (x1 − x)2 + (y1 − y)2 ≤ 10 (distância a Viana) p s.a. : (x2 − x)2 + (y2 − y)2 ≤ 10 (distância a Cajari) p (x3 − x)2 + (y3 − y)2 ≤ 10 (distância a Penalva) . . . Exemplo 2.3. O problema da dieta Um indivı́duo deve seguir uma dieta balanceada por recomendação médica baseada no consumo de diversos tipos de alimentos de forma a suprir suas necessidades diárias de energia, que pode variar de 3100 a 3300 kcal, e nutrientes essenciais para a boa saúde. Uma porção de cada alimento fornece uma porcentagem da Quantidade Diária Recomentada (QDR) de diferentes nutrientes de acordo com a tabela. Preço e quantidade calórica de cada porção também são informados na tabela. Deseja-se saber qual a combinação ideal de alimentos com custo mı́nimo e que satisfaça às necessidades nutricionais. Alimentos 1 2 3 unidade QDR carne arroz feijão Valor energético Proteı́na kcal 4 5 6 7 pão ovos laranja leite 225 170 76 300 146 45 160 g 37 35 3 4,8 8 13 0,6 8 Vitamina A mg 900 7 - 2 - 87 21 99 Vitamina C mg 300 - - 3 - 12 59 2 Ferro mg 10 2,9 1,3 1,6 1 1,3 0,2 0,9 Cálcio mg 500 5 12 27 16 49 45 285 0,50 0,14 0,19 0,15 0,20 0,10 0,30 Custo (R$) 2.2. PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA 33 Etapa 1: Identificação das variáveis de decisão O objetivo do problema é determinar uma composição ideal de alimentos com custo mı́nimo, para calcular o custo de destas combinações é necessário saber o número de porções diárias de cada alimento, que é um elemento desconhecido do problema. Portanto as quantidades de porções diárias de cada alimento definirão as variáveis de decisão deste problema. Sejam xj : número de porções consumidas do alimento j, j = 1, . . . , 7 Etapa 2: Formulação da função objetivo O critério para a seleção do melhor combinação possı́vel é o custo mı́nimo. Cada tipo de alimento gera um custo que é o produto do preço da porção pelo número de porções consumidas e a função custo é obtida pela soma das contribuições de cada alimento consumido. Matematicamente, temos: z = f (x1 , . . . , x7 ) = 0, 5x1 + 0, 14x2 + 0, 19x3 + 0, 15x4 + 0, 2x5 + 0, 1x6 + 0, 3x7 Utilizando a notação vetorial para simplificar: z = f (x) = 7 X cj x j j=1 onde cj são os componentes do vetor c = 0, 50 0, 14 0, 19 0, 15 0, 20 0, 10 0, 30 Etapa 3: Formulação das restrições O menor custo é obviamente zero, entretanto esta solução não atende a recomendação médica. O problema impõe algumas condições explicitas que devem ser satisfeitas: (a) A dieta deve suprir a necessidade diária de energia 225x1 + 170x2 + 76x3 + 300x4 + 146x5 + 45x6 + 160x7 ≥ 3100 (mı́nimo kcal) 225x1 + 170x2 + 76x3 + 300x4 + 146x5 + 45x6 + 160x7 ≤ 3300 (máximo kcal) (b) A dieta deve fornecer as quantidades mı́nimas recomendadas de nutrientes 34 CAPÍTULO 2. PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA 35x1 + 3x2 + 4, 8x3 + 8x4 + 13x5 + 0, 6x6 + 8x7 ≥ 7x1 + 2x3 + 87x5 + 21x6 + 99x7 ≥ 900 (Vitamina A) 3x3 + 12x5 + 59x6 + 2x7 ≥ 300 (Vitamina C) 2, 9x1 + 1, 3x2 + 1, 6x3 + x4 + 1, 3x5 + 0, 2x6 + 0, 9x7 ≥ 5x1 + 12x2 + 27x3 + 16x4 + 49x5 + 45x6 + 285x7 37 (Proteı́na) 10 (Ferro) ≥ 500 (Cálcio) (c) Ainda há uma condição implı́cita ao problema que devemos considerar, quais os valores que as variáveis de decisão podem assumir? Nesta situação estamos interessados em valores não-negativos que satisfaçam os nı́veis mı́nimos de nutrientes. Devemos também considerar o tipo de variável, neste problema podemos admitir que a variável xj pode receber qualquer valor real. Assim temos definido o domı́nio da função objetivo e o critério de não-negatividade: xj ≥ 0, xj ∈ R. O modelo completo para o problema da dieta representado no formato padrão conforme (2.1) é: min s.a. : z = 0, 5x1 + 0, 14x2 + 0, 19x3 + 0, 15x4 + 0, 2x5 + 0, 1x6 + 0, 3x7 225x1 + 170x2 + 76x3 + 300x4 + 146x5 + 45x6 + 160x7 ≥ 3100 225x1 + 170x2 + 76x3 + 300x4 + 146x5 + 45x6 + 160x7 ≤ 3300 35x1 + 3x2 + 4, 8x3 + 8x4 + 13x5 + 0, 6x6 + 8x7 ≥ 37 7x1 + 2x3 + 87x5 + 21x6 + 99x7 ≥ 900 ≥ 300 ≥ 10 ≥ 500 ≥ 0 3x3 + 12x5 + 59x6 + 2x7 2, 9x1 + 1, 3x2 + 1, 6x3 + x4 + 1, 3x5 + 0, 2x6 + 0, 9x7 5x1 + 12x2 + 27x3 + 16x4 + 49x5 + 45x6 + 285x7 xj 2.2. PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA 35 . . . Exemplo 2.4. Distribuição da produção Uma empresa montadora de eletrônicos produz rádio, toca-CD e aparelhos de DVD em três fábricas localizadas em Diadema, Ribeirão Preto e Campinas. As quantidades despendidas na produção de cada produto, em peças por hora, em cada uma das fábricas são as seguintes: Rádio Toca-CD DVD Diadema 10 20 20 Ribeirão 20 10 20 Campinas 20 20 10 Os custos de operação por hora das fábricas são R$ 10.000,00, R$ 8.000,00 e R$ 11.000,00 para Diadema, Ribeirão Preto e Campinas, respectivamente. A empresa recebeu um pedido de 300 unidades de rádio, 500 unidades de toca-CD e 600 unidades de aparelho de DVD, como deve distribuir a produção entre suas três fábricas para cumprir o pedido ao menor custo possı́vel? Etapa 1: Identificação das variáveis de decisão O objetivo é distribuir a produção ao menor custo possı́vel, sendo assim deve-se decidir quanto produzir de cada produto em cada uma das fábricas, o que define as variáveis de decisão do problema. Sejam: x1d : número de rádios a produzir na fábrica de Diadema x2d : número de toca-CD a produzir na fábrica de Diadema x3d : número de DVD a produzir na fábrica de Diadema x1r : número de rádios a produzir na fábrica de Ribeirão x2r : número de toca-CD a produzir na fábrica de Ribeirão x3r : número de DVD a produzir na fábrica de Ribeirão x1c : número de rádios a produzir na fábrica de Campinas 36 CAPÍTULO 2. PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA x2c : número de toca-CD a produzir na fábrica de Campinas x3c : número de DVD a produzir na fábrica de Campinas Etapa 2: Formulação da função objetivo O objetivo é primordial é determinar quantas horas cada uma das fábricas deve dispor para o pedido com o menor custo possı́vel. O custo é dado por z = f (x, y, z) = 10.000x + 8.000y + 11000z onde x é o número total de horas que fábrica de Diadema funciona para atender o pedido, y é o número total de horas da fábrica de Ribeirão e z corresponde ao total de horas da fábrica de Campinas. De acordo com a tabela fornecida podemos determinar x em função das variáveis de decisão x1d , x2d e x3d , y em função de x1r , x2r e x3r e z em função de x1c , x2c e x3c : x1d x2d x3d + + = 0, 10x1d + 0, 05x2d + 0, 05x3d 10 20 20 x1r x2r x3r + + = 0, 05x1r + 0, 10x2r + 0, 05x3r y = 20 10 20 x1c x2c x3c z = + + = 0, 05x1c + 0, 05x2c + 0, 10x3c 20 20 10 x = Etapa 3: Formulação das restrições A limitações explicı́tas do problema são o atendimento da quantidade demandada no pedido, isto é a soma das produções das três fábricas de um determinado produto não deve ser inferior à quantidade encomendada: x1d + x1r + x1c ≥ 300 (encomenda de rádios) x2d + x2r + x2c ≥ 500 (encomenda de toca-CD) x3d + x3r + x3c ≥ 600 (encomenda de DVD) As condições implicı́tas do problema são a não-negatividade e o domı́nio da função 2.2. PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA 37 objetivo restrito ao conjunto dos números inteiros Z. O modelo completo é: min z = 10.000(x1d + x2d + x3d ) + 8.000(x1r + x2r + x3r ) + 11.000(x1c + x2c + x3c ) x1d + x1r + x1c ≥ 300 (encomenda de rádios) x2d + x2r + x2c ≥ 500 (encomenda de toca-CD) s.a. : x2d + x2r + x2c ≥ 600 (encomenda de DVD) xia ≥ 0 para i = 1, 2, 3 e a = d, r, c xia ∈ Z . . . Exemplo 2.5. O caso da Loja dos queijos: 1 A Loja dos Queijos produz e comercializa dois tipos de queijos (Delux e Standard), muito procurados na época do Natal. Estes queijos são produzidos a partir de uma mistura de frutas da época e de um queijo especial muito caro. A Loja dos Queijos pode dispor de 20 kg de mistura de frutas e 60 kg do queijo especial utilizado. Cada kg de Delux consiste em 0,2 kg da mistura de frutas e 0,8 kg do queijo especial, enquanto que 1 kg de Standard consiste em 0,2 kg da mistura de frutas, 0,3 kg do queijo especial e 0,5 kg de um queijo comum, disponı́vel em grande quantidade. De acordo com a experiência da Loja dos Queijos, foi possı́vel descobrir que a procura de cada um dos dois queijos depende do preço adotado: d1 = 190 − 25p1 d2 = 250 − 50p2 onde d representa a procura (em kg), p denota o preço (em u.m./kg), e os ı́ndices 1 e 2 designam os tipos Delux e Standard, respectivamente. Que quantidade de cada tipo de queijo deverá a Loja dos Queijos preparar, e que 1 Baseado em Bronson & Naadimuthu, 2001. 38 CAPÍTULO 2. PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA preços deverão ser adotados para maximizar a receita e garantir que, após a época do Natal, nada reste dos dois queijos em estoque? Variáveis de decisão: x1 : quantidade (em kg) a produzir de queijo tipo Delux x2 : quantidade (em kg) a produzir de queijo tipo Standard Objetivo: Restrições: max z = p1 x1 + p2 x2 (maximizar a receita) 0, 2x1 + 0, 2x2 ≤ 20 (disponibilidade de frutas) 0, 8x1 + 0, 3x2 ≤ 60 (disponibilidade de queijo especial) x1 , x2 ≥ 0 (condição de não-negatividade) O modelo ainda não está completo pois é necessário garantir que toda a produção seja vendida, para tanto a produção xi não deve ultrapassar a demanda di , isto é, xi ≤ d i , i = 1, 2 Considerando as equações de demanda, temos: x1 ≤ 190 − 25p1 e x2 ≤ 250 − 50p2 Reescrevendo as inequações, obtemos as seguintes restrições de demanda: x1 + 25p1 ≤ 190 x2 + 50p2 ≤ 250 Para simplificar o problema, o objetivo também deve ser reescrito somente em função das variáveis de decisão. Observe que para quaisquer valores fixos de x1 e x2 a função z = p1 x1 + p2 x2 aumenta conforme aumentarem os preços p1 e p2 , assim para maximizar z, p1 e p2 devem assumir valores máximos, isto é assumir valores tais que as inequações 2.2. PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA 39 referente às restrições de demanda se tornem equações. Desta forma, os preços podem ser assumidos como: p1 = 190 − x1 = 7, 6 − 0, 04x1 25 p2 = 250 − x2 = 5 − 0, 02x2 50 Substituindo os valores dos preços na função objetivo temos: z = (7, 6 − 0, 04x1 )x1 + (5 − 0, 02x2 )x2 = 7, 6x1 + 5x2 − 0, 04x21 − 0, 02x22 O modelo completo é apresentado a seguir e deve-se notar que as restrições de demanda foram incorporadas na construção da função objetivo e não serão incorporadas às restrições do problema. z = 7, 6x1 + 5x2 − 0, 04x21 − 0, 02x22 max s.a. : 0, 2x1 + 0, 2x2 ≤ 20 (disponibilidade de frutas) 0, 8x1 + 0, 3x2 ≤ 60 (disponibilidade de queijo especial) x1 , x2 ≥ 0 (condição de não-negatividade) . . . Exemplo 2.6. Um problema de transporte: Uma companhia de panificação pode produzir pão de forma em duas fábricas, de acordo com a tabela: Capacidade de produção Custo de Produção Fábrica (pães de forma) (u.m./pão de forma) A 2500 2,3 B 2100 2,5 Quatro redes de restaurantes pretendem comprar pães de forma, suas necessidades e os preços que estão dispostos a pagar são os seguintes: 40 CAPÍTULO 2. PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA Rede de Necessidade máxima Preço máximo Restaurantes (pães de forma) (u.m./pão de forma) 1 1800 3,9 2 2300 3,7 3 550 4,0 4 1750 3,6 O custo (em u.m.) de transporte de uma unidade de pão de forma de cada padaria para cada rede de restaurantes é dado na tabela seguinte. Restaurantes Padaria 1 2 3 4 A 0,6 0,8 1,1 0,9 B 1,2 0,6 0,8 0,5 Determine o plano ótimo de fornecimento de pães de forma a maximizar o lucro total da empresa de panificação. Variáveis de decisão: xij : quantidade a ser transportada (em unidades) da origem i = A, B para o destino j = 1, 2, 3, 4 De acordo com tabela de preços, a função receita será: r = 3, 9xi1 + 3, 7xi2 + 4xi3 + 3, 6xi4 para i = A, B A seguir é apresentado o modelo para maximização da função lucro obtida subtraindose dos preços unitários os custos de produção e de transporte. Objetivo: max z = xA1 + 0, 2xB1 + 0, 6xA2 + 0, 6xB2 + . . . . . . + 0, 6xA3 + 0, 7xB3 + 0, 4xA4 + 0, 6xB4 2.3. LISTA DE PROBLEMAS P4 j=1 xAj P4 j=1 xBj xA1 + xB1 Restrições: xA2 + xB2 xA3 + xB3 xA4 + xB4 xij 2.3 41 ≤ 2500 (capacidade de produção da fábrica A) ≤ 2100 (capacidade de produção da fábrica B) ≤ 1800 (necessidade do restaurante 1) ≤ 2300 (necessidade do restaurante 2) ≤ 550 (necessidade do restaurante 3) ≤ 1750 (necessidade do restaurante 4) ≥ 0 (condição de não-negatividade) Lista de Problemas Para cada PPM abaixo, elabore um modelo do sistema descrito de acordo com (2.1): 1. Sol Ltda. faz dois tipos de brinquedos de madeira: soldados e trens. Um soldado é vendido por R$ 27,00 e usa R$ 10,00 de matéria prima. Cada soldado produzido aumenta os custos de Sol Ltda. em R$ 14,00. Um trem é vendido por R$ 21,00 e usa R$ 9,00 de matéria prima. O custo adicional para construı́-lo é de R$ 10,00. Para construir os soldados e os trens de madeira é necessário dois tipos de trabalho: carpintaria e acabamento. Um soldado precisa de duas horas de acabamento e um hora de carpintaria. Um trem necessita de uma hora de cada. Cada semana Sol Ltda. pode obter toda matéria-prima necessária, mas somente 100 horas de acabamento e 80 horas na seção de carpintaria. A demanda de trem é ilimitada mas somente 40 soldados são comprados por semana. Sol Ltda. deseja maximizar o seu lucro. 2. Uma importante companhia petrolı́fera pretende construir uma refinaria que será abastecida por três cidades portuárias A,B e C. O porto A está situado a 300 km a leste e a 400 km a norte do porto B; o porto C está situado a 100 km a sul do porto B. Determine a localização da refinaria que minimiza o comprimento total das vias necessárias para interligar a refinaria aos três portos. 42 CAPÍTULO 2. PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA 3. Uma empresa produz três tipos de portas a partir de um determinado material. Sabendo que diariamente a empresa dispõe de 500 kg de material e 600 horas de trabalho, determinar um plano ótimo de produção que corresponda ao maior lucro. A tabela seguinte indica a quantidade de material e horas de trabalho necessárias para a produção de uma porta de cada tipo, assim como o lucro unitário de cada uma delas: Recursos Quantidade material Porta 1 Porta 2 Porta 3 8 kg 4 kg 3 kg 7 6 8 R$ 50,00 R$ 40,00 R$ 55,00 Horas de trabalho Lucro unitário 4. A tabela de alimentação utilizada numa determinada loja de animais de estimação especifica as seguintes necessidades mı́nimas para um hamster: 70 unidades de proteı́na, 100 unidades de hidratos de carbono, 20 unidades de gordura. Há seis tipos de rações disponı́veis na loja cujas caracterı́sticas são dadas no quadro seguinte: Proteı́nas H.Carbono Gordura (unidades/kg) (unidades/kg) Custo Ração (unidades/kg) (u.m./kg) A 20 50 4 2 B 30 30 9 3 C 40 20 11 5 D 40 25 10 6 E 45 50 9 8 F 30 20 10 8 Como deve ser feita uma mistura que satisfaça os requisitos da alimentação diária de um hamster a um custo mı́nimo? 2.3. LISTA DE PROBLEMAS 43 5. Uma rede de depósitos de material de construção tem 4 lojas que devem ser abastecidas com 50 m3 (loja 1), 80 m3 (loja 2), 40 m3 (loja 3) e 100 m3 (loja 4) de areia grossa. Essa areia pode ser carregada em 3 portos P1, P2 e P3, cujas distâncias às lojas estão no quadro (em km): O caminhão pode transportar 10 m3 por viagem. L1 L2 L3 L4 P1 30 20 24 18 P2 12 36 30 24 P3 8 15 25 20 Os portos tem areia para suprir qualquer demanda. Estabelecer um plano de transporte que minimize a distância total percorrida entre os portos e as lojas e que supra as necessidades das lojas. 6. O departamento de marketing de uma empresa estuda a forma mais econômica de aumentar em 30% as vendas de seus dois produtos P1 e P2. As alternativas são: a) Investir em um programa institucional com outras empresas do mesmo ramo. Esse programa requer um investimento mı́nimo de $3.000,00 e deve proporcionar um aumento de 3% nas vendas de cada produto, para cada $1.000,00 investidos. b) Investir diretamente na divulgação dos produtos. Cada $1.000,00 investidos em P1 retornam um aumento de 4% nas vendas, enquanto que para P2 o retorno é de 10%. A empresa dispõe de $10.000,00 para esse empreendimento. Quanto deverá destinar a cada atividade? CAPÍTULO 3 PROGRAMAÇÃO LINEAR O objetivo da Programação Linear (PL) é encontrar a melhor solução para problemas que admitam modelos representados por funções e inequações lineares, neste sentido o termo programação significa que existe um planejamento das atividades e o termo linear refere-se à linearidade nas equações envolvidas na modelagem do problema. Conforme já visto no capı́tulo anterior, um Problema de Programação Linear (PPL) é um Problema de Programação Matemática cuja função objetivo e todas as restrições são lineares relativamente às variáveis de decisão. Especificamente, as hipóteses seguintes caracterizam um PPL: Certeza: Assume que o modelo seja determinı́stico, isto é, todos os parâmetros são constantes conhecidas. Proporcionalidade: Admite que a contribuição individual de cada variável de decisão, tanto na função objetivo quanto nas restrições, seja diretamente proporcional ao valor da variável. Aditividade: Exige que a contribuição total na função objetivo e nas restrições seja soma direta da contribuições individuais de cada variável de decisão, não podendo haver interdependência entre as mesmas. Divisibilidade: As variáveis de decisão podem assumir valores fracionários. 44 3.1. ESTRUTURAÇÃO DE MODELOS LINEARES 3.1 45 Estruturação de Modelos Lineares De acordo com as hipóteses de proporcionalidade e aditividade, a função objetivo e as restrições de um PPL podem ser apresentadas da seguinte forma: f (x1 , x2 , . . . , xn ) = c1 x1 + c2 x2 + . . . + cn xn gi (x1 , x2 , . . . , xn ) ∼ ai1 x1 + ai2 x2 + . . . + ain xn onde os coeficientes aij e cj são constantes para i = 1, . . . , m e j = 1, . . . , n, e o sinal ∼ pode ser substituido pelos sinais de = ou ≤ ou ≥, indistintamente. De acordo com o formato (2.1), um modelo de PPL apresenta a seguinte estrutura: min ou max s.a. : z = c1 x 1 + c2 x 2 + . . . + cn x n a11 x1 + a12 x2 + . . . + a1n xn ∼ b1 a21 x1 + a22 x2 + . . . + a2n xn ∼ b2 .. . (3.1) am1 x1 + am2 x2 + . . . + amn xn ∼ bm x1 , x2 , . . . , xn ≥ 0 Apesar da aparente limitação do modelo, existem aplicações de PL nas mais diversas áreas. De fato, é uma das técnicas mais utilizadas em PO justamente pela simplicidade do modelo envolvido e facilidade para resolução de problemas utilizando técnicas gráficas, algébricas ou algoritmı́cas. Como exemplos de PPL citamos os exemplos 1.6, 2.1, 2.3, 2.4 e 2.6 apresentados nos capı́tulos anteriores, utilizaremos o problema da produção de balas exposto no exemplo 2.1 para ilustrar as hipóteses de linearidade. . . . Exemplo 3.1. Considere que doceira deseja abrir um pequeno negócio para produção de balas. A 46 CAPÍTULO 3. PROGRAMAÇÃO LINEAR princı́pio ela está considerando produzir dois tipos de balas: caramelo e nozes. Na produção são utilizados três ingredientes: leite, açúcar e nozes. A doceira tem em estoque 10kg de açúcar, 1kg de nozes e 6l de leite. A composição da bala de caramelo é: 40% de leite e 60% de açúcar, e para as balas de nozes os ingredientes devem ser misturados na seguinte proporção: 40% de leite, 50% de açúcar e 10% de nozes. Cada quilo de bala de caramelo pode ser vendido a R$10,00 enquanto um quilo de bala de nozes pode ser vendido por R$13,00. Qual deve ser a produção de cada tipo de bala para obter a maior receita? O modelo completo é: max s.a. : z = 10x1 + 13x2 0, 6x1 + 0, 5x2 ≤ 10 (qtde.utilizada de açúcar) 0, 4x1 + 0, 4x2 ≤ 6 (qtde. utilizada de leite) 0, 1x2 ≤ 1 (qtde. utilizada de nozes) x1 , x2 ≥ 0 (não-negatividade) 1. Certeza: No contexto do Exemplo 2.1, tanto preços de venda dos produtos, como a quantidade a ser utilizada de cada ingrediente para fabricação dos doces são constantes conhecidas. Entretanto este é um fato rara na maioria das aplicações práticas, em geral utiliza-se como coeficientes para o modelo de textitPPL aproximações do valor médio das distribuições de probabilidade quando os respectivos desvios-padrões forem suficientemente pequenos, caso contrário, o problema não poderá ser modelado como PPL. 2. Proporcionalidade: Se a doceira vender 1kg de bala de caramelado ela receberá R$10, 00, se vender 2kg obterá R$20, 00, se vender x1 kg obterá 10x1 . O valor obtido na venda de balas de caramelo é proporcional à quantidade vendida e preço de venda do produto é a constante de proporcionalidade. A receita referente à produção de bala de nozes é 13x2 , sendo o produto da constante de proporcionalidade 13 pela quantidade vendida. Portanto, a receita referente à determinado produto é proporcional a quantidade vendida, se a doceira conceder algum tipo de desconto 3.1. ESTRUTURAÇÃO DE MODELOS LINEARES 47 quando a quantidade adquirida ultrapassar certo patamar, a receita não será mais proporcional às quantidades vendidas e a função receita se tornará não-linear. De maneira análoga, para produzir 1kg de bala de caramelo utiliza-se 0, 6kg de açúcar, para produzir o dobro necessita-se do dobro de açúcar, sendo assim a quantidade utilizada do ingrediente é proporcional a quantidade produzida. Similarmente para os outros ingredientes, constatamos a proporcionalidade em todas as restrições do problema. 3. Aditividade: Para a função objetivo, a receita total é a soma das receitas referentes a cada um dos produtos. Também para as restrições o todo é igual a soma das partes, o total consumido de açúcar é a soma do açúcar utilizado para produção da bala de caramelo e do açúcar gasto na produção da bala de nozes. Analogamente para os demais ingredientes. O comportamento aditivo é bastante comum, entretanto há situações onde não é possı́vel assumir o princı́pio da aditividade, por exemplo, se os produtos competirem entre si de forma que o aumento nas vendas de um provoque diminuição na procura do outro, a hipótese de aditividade não será satisfeita. Outro exemplo ocorre com reações quı́micas, se adicionarmos a um litro de água o equivalente a 0,1 litro de açúcar o volume resultante não será 1,1 litro de água doce. 4. Divisibilidade: Neste problema é possı́vel vender 1kg de bala como 0, 5kg. Dependendo do problema, as variáveis de decisão deverão assumir valores inteiros, neste caso é ainda possı́vel modelar o problema como linear utilizando arredondamento, entretanto este procedimento pode resultar em valores distorcidos, requerendo a utilização de algoritmos especı́ficos de programação inteira. Às etapas estabelecidas anteriormente para modelar um PPM, é necessário acrescentar a verificação das hipóteses de linearidade. Portanto, para proceder a análise do problema e formular um modelo de PPL o analista seguir as seguintes fases: X Identificação das variáveis de decisão X Identificação da função objetivo 48 CAPÍTULO 3. PROGRAMAÇÃO LINEAR X Identificação das restrições X Verificação dos axiomas de linearidade X Formulação matemática no formato padronizado de acordo com (4.1) 3.2 Resolução Gráfica de um PPL Após a obtenção da formulação matemática é preciso se preocupar com a resolução do problema de otimização. Em particular, PPL´s com duas variáveis permitem visualização geométrica, sendo assim, a princı́pio recorreremos ao método gráfico para resolver problemas mais simples. O método gráfico consiste em, primeiramente determinar o conjunto de todas as possı́veis soluções para o problema, determinado pelo sistema de restrições, e dentre estas identificar aquela onde ocorre o valor ótimo, avaliado pela função objetivo. 3.2.1 Representação Gráfica das Restrições O espaço das soluções de problemas com duas variáveis é o plano R2 . Dois pontos distintos A = (xa , ya ) e B = (xb , yb ) do plano determinam um reta, e pelas condições de alinhamento, um ponto qualquer P = (x, y) ∈ R2 pertence à reta AB que passa por A e B, se e somente se, a inclinação da reta AB for a mesma inclinação da reta AP . Assim, temos: y − ya yb − ya = x b − xa x − xa ⇐⇒ (yb − ya )(x − xa ) = (y − ya )(xb − xa ) ⇐⇒ (yb − ya )x − (yb − ya )xa = (xb − xa )y − (xb − xa )ya ⇐⇒ (yb − ya )x − (xb − xa )y = xa yb − xa ya − xb ya + xa ya ⇐⇒ (y − y ) x + (xa − xb ) y = xa yb − xb ya {z } | | b {z a} | {z } a b c 3.2. RESOLUÇÃO GRÁFICA DE UM PPL 49 Sendo assim, toda reta no plano tem equação geral da forma: ax + by = c (3.2) onde a,b e c são constantes que podem assumir qualquer valor real. E, reciprocamente, toda equação deste tipo representa uma reta no plano R2 . Uma reta divide o plano em duas regiões denominadas semiplanos, e as inequações ax + by > c e ax + by < c representam semiplanos abertos distintos, enquanto as inequações ax + by ≥ c e ax + by ≤ c determinam semiplanos fechados cuja interseção é a reta ax + by = c. . . . Exemplo 3.2. Considere a equação da reta r : −2x + y = 1, representada graficamente abaixo em linhas pontilhadas. A região hachurada é a representação gráfica do semiplano aberto −2x + y < 1 Se um semiplano é a representação gráfica de uma inequação em duas variáveis, então a representação gráfica de um sistema de inequações lineares em duas variáveis será a intersecção dos semiplanos correspondentes a cada inequação. As restrições de um PPL 50 CAPÍTULO 3. PROGRAMAÇÃO LINEAR juntamente com as condições de não-negatividade é um conjunto de semiplanos cuja intersecção determina um conjunto de pontos do R2 denominado Região das Soluções Viáveis ou simplesmente Região Viável (RV). . . . Exemplo 3.3. A empresa TécniBOLA S.A. tem como única atividade a fabricação de bolas, sendo todas elas em couro e fabricadas segundo os processos primordiais. Atualmente fabrica dois produtos, a bola de futebol Catechumbo e a bola de vólei Voleitok. Ambos os produtos são feitos do mesmo material, variando apenas na dimensão, tipo de costuras e rotulagem. Os recursos que definem a fabricação das bolas são: o corte do couro, o trabalho de costura, a pintura de inscrições na bola e preparação final. Esta última é composta pelas atividades de enchimento, controle de qualidade (inspeção visual, calibração e pesagem) e embalagem. Os dados fornecidos pela empresa referentes à quantidade de recursos necessários para a produção de cada tipo de bola e as quantidades disponı́veis para o dia de amanhã são os indicados na tabela: Recursos unid. Voleitok Catechumbo Disponibilidade Couro m2 0,25 0,3 ilimitada Linha m 2,5 4 ilimitada Câmera de Ar un 1 1 25 Embalagens un 1 1 ilimitada Operação de Corte min 2 8 ilimitada Operação de Costura min 9 25 480 Operação de Logotipagem min 1,5 1 ilimitada Operações de Finalização min 11 6 240 Para a tomada de decisão, a empresa disponibilizou informações a respeito dos valores monetários envolvidos (em u.m.) nos seus produtos, apresentados a seguir: 3.2. RESOLUÇÃO GRÁFICA DE UM PPL Bola 51 Custo de Produção Preço de Venda Catechumbo 26,00 32,50 Voleitok 15,00 25,00 Como deve ser distribuı́da a produção amanhã de forma a maximizar o lucro, tendo em conta os recursos existentes? De acordo com o objetivo do problema, as variáveis de decisão podem ser assim definidas: x1 : número de bolas Catechumbo a ser produzido amanhã. x2 : número de bolas Voleitok a ser produzido amanhã. Utilizando as hipóteses de linearidade, obtemos o seguinte modelo: max s.a. : z = 6, 5x1 + 10x2 (Lucro Total) x1 + x2 ≤ 25 (restrição de câmera de ar) 25x1 + 9x2 ≤ 480 (restrição de operação de costura) 6x1 + 11x2 ≤ 240 (restrição de operações de finalização) x1 , x2 ≥ 0 (restrição de não-negatividade) Neste caso, estamos admitindo a hipótese de divisibilidade, entretando o problema requer variáveis inteiras, na próxima seção este PPL será resolvido com as técnicas usuais, mas a resposta final deverá respeitar a imposição prática de quantidades inteiras, utilizando arredondamento, se necessário. . . . Exemplo 3.4. Construir a região viável do problema da TécniBOLA S.A., apresentado no exemplo 3.3, cujo modelo é: 52 CAPÍTULO 3. PROGRAMAÇÃO LINEAR max s.a. : z = 6, 5x1 + 10x2 (Lucro Total) x1 + x2 ≤ 25 (restrição de câmera de ar) 25x1 + 9x2 ≤ 480 (restrição de operação de costura) (1) (2) 6x1 + 11x2 ≤ 240 (restrição de operações de finalização) (3) x1 , x2 ≥ 0 (restrição de não-negatividade) (4) e (5) Somente as restrições do problema são consideradas para determinar a região viável, sendo assim as restrições foram identificadas e numeradas. A seguir é apresentada a representação gráfica de cada semiplano fechado correspondente às restrições do problema. (1) x1 + x2 ≤ 25 A reta r1 : x1 + x2 = 25 determina o semiplano correspondente à primeira restrição, e pode ser determinada por dois de seus pontos, da seguinte maneira: se x1 = 0 então x2 = 25 ∴ (0; 25) ∈ r1 se x2 = 0 então x1 = 25 ∴ (25; 0) ∈ r1 (2) 25x1 + 9x2 ≤ 480 (3) 6x1 + 11x2 ≤ 240 (4) x1 ≥ 0 (5) x2 ≥ 0 A intersecção dos cinco semiplanos definidos pelas restrições (1), (2), (3), (4) e (5), determina a região das possı́veis soluções do problema e está representada pela região hachurada abaixo: 3.2. RESOLUÇÃO GRÁFICA DE UM PPL 53 O polı́gono ABCDE é o conjunto de todos os pontos X = (x1 , x2 ) que satisfazem todas as restrições simultaneamente. Sendo assim, toda combinação possı́vel da produção de x1 unidades de bolas Catechumbo e de x2 unidades de bolas Voleitok será um ponto 54 CAPÍTULO 3. PROGRAMAÇÃO LINEAR do polı́gono ABCDE, do seu interior ou ponto de fronteira. 3.2.2 Representação Gráfica da Função Objetivo Funções lineares com duas variáveis do tipo z = f (x1 , x2 ) = c1 x1 + c2 x2 são geometricamente planos em R3 , e somente admitem máximo e/ou mı́nimo se estiverem sujeitas a restrições, como no caso de um PPL. As curvas de nı́vel desse tipo de função são retas paralelas que crescem monotonamente na direção do gradiente ∇f (x1 , x2 ) = ∂f ∂f , ∂x1 ∂x2 A cada ponto do conjunto de soluções viáveis está associada uma, e somente uma, reta da famı́lia de retas paralelas correspondente à função objetivo. E solucionar graficamente um PPL é determinar quais pontos da RV retornam o melhor valor para a função objetivo. A origem do sistema de coordenadas é o único ponto crı́tico de funções lineares, para o caso especı́fico de PPL com duas variáveis o ponto crı́tico é (0, 0), que é um dos vértices da RV e qualquer outro ponto extremo da função objetivo deve necessariamente estar na fronteira da região delimitada pelas restrições. Para encontrar tais pontos deve-se percorrer a famı́lia de retas paralelas no sentido do gradiente. Considere um ponto arbitrário P ∈ RV e a reta z = c passando por P . Se P for um ponto interior do polı́gono, será possı́vel melhorar o valor da função objetivo porque existem pontos de RV no semiplano determinado por z = c e pelo gradiente. Para 3.2. RESOLUÇÃO GRÁFICA DE UM PPL 55 melhorar este valor basta tomar outro ponto de RV localizado à direita de P e traçar o representante da famı́lia de retas paralelas que passa por este ponto retornando maior valor para a função objetivo. Se, por outro lado, P for tomado de maneira que não exista nenhuma outra solução viável situada no semiplano à direita então não será mais possı́vel melhorar o valor da função objetivo e a solução ótima foi determinada. A solução do problema foi obtida tangenciando-se à direita o polı́gono das soluções viáveis e este fato implica que a solução ótima, quando existe, localiza-se em ao menos um dos vértices de RV. O procedimento de busca pelo vértice ótimo é análogo para problemas de minimização, entretanto o sentido da busca pela solução do problema deve seguir a direção contrária ao crescimento indicado pelo vetor gradiente. . . . Exemplo 3.5. Resolver graficamente o problema da TécniBOLA S.A., apresentado no exemplo 3.2 Na figura abaixo estão representadas algumas retas paralelas correspondentes à função objetivo z = 6, 5x1 + 10x2 para z = 0, z = −100, z = 100 e z = c. A reta z = c pode ser deslocada até atingir o vértice C, onde não será mais possı́vel aumentar o valor da função objetivo respeitando todas as restrições do problema. Portanto, o ponto C é o ponto onde o valor de z é máximo nas condições do PPL. 56 CAPÍTULO 3. PROGRAMAÇÃO LINEAR A solução ótima do problema pode ser obtida calculando-se as coordenadas do vértice C, que é o resultado da intersecção das retas correspondentes às restrições (1) e (3). Sendo assim, as coordenadas de C é a solução do seguinte sistema linear de ordem 2. ( x1 + x2 = 25 6x1 + 11x2 = 240 cuja solução é: x1 = 7 e x2 = 18. Portanto a solução ótima do PPL é: deverão ser produzidas amanhã 7 bolas Catechumbo e 18 bolas Voleitok para obter um lucro máximo de $ 225,50. 3.2.3 Soluções do Modelo As condições para existência de solução para um PPL é garantida pelo seguinte teorema: TEOREMA 3.1. (Teorema do Valor Extremo) Se f (x1 , x2 , . . . , xn ) é contı́nua em um subconjunto fechado e limitado do Rn , então f atinge valores globais de máximo e mı́nimo. Como funções lineares são contı́nuas, se o conjunto das soluções viáveis, para o caso especı́fico do R2 , formar um polı́gono fechado então o problema admite solução. Ao resolver graficamente um PPL em duas variáveis, três situações podem ocorrer: 1. RV é um conjunto vazio Neste caso, as restrições são conflitantes e o PPL não admite solução. 2. RV é não vazio e limitado O PPL tem solução ótima, única ou não. 3.2. RESOLUÇÃO GRÁFICA DE UM PPL 57 (a) O problema tem uma única solução ótima. (b) O problema tem múltiplas soluções ótimas, isto é, todos os infinitos pontos de um segmento de reta são soluções ótimas, e dão o mesmo valor para a função objetivo. (a) (b) 3. RV é não vazio e ilimitado Duas situações podem ocorrer: (a) O PPL tem solução ótima, única ou não. (b) O PPL não tem ótimo finito, o valor a função objetivo cresce indefinidamente no sentido favorável. (a) (b) Roteiro 58 CAPÍTULO 3. PROGRAMAÇÃO LINEAR De acordo com o que foi estudado até aqui, a resolução gráfica de um modelo de PPL com apenas duas variáveis segue os seguintes passos: 1. Construir o plano cartesiano, tomando como eixos as variáveis de decisão; 2. Determinar os semiplanos correspondentes às restrições para delimitar a região viável; 3. Traçar uma reta referência qualquer com a inclinação da função objetivo; 4. Traçar retas paralelas à referência no sentido de crescimento da função (maximização da função) até tangenciar a região viável. O ponto ótimo, se existir, será um vértice ou um lado da região viável. Ainda um PPL com três variáveis é possı́vel de ser resolvido graficamente, embora exija habilidade em desenho e boa visão espacial. Problemas com mais que três variáveis necessitam de métodos algébricos para serem resolvidos. O interesse maior em estudar o método gráfico está em, através da representação gráfica, intuir propriedades teóricas e delinear um método de resolução algébrica que possa ser utilizado em problemas com um número qualquer de variáveis. 3.3 Lista de Problemas Para cada item abaixo, modele o problema de acordo com as hipóteses de linearidade e resolva graficamente os PPL com duas variáveis. 1. Certa empresa fabrica 2 produtos P1 e P2. O lucro por unidade de P1 é de 100 u.m. e o lucro unitário de P2 é de 150 u.m. A empresa necessita de 2 horas para fabricar uma unidade de P1 e 3 horas para fabricar uma unidade de P2. O tempo mensal disponı́vel para essas atividades é de 120 horas. As demandas esperadas para os dois produtos levaram a empresa a decidir que os montantes produzidos de P1 e P2 3.3. LISTA DE PROBLEMAS 59 não devem ultrapassar 40 unidades de P1 e 30 unidades de P2 por mês. Qual deve ser o sistema de produção mensal para maximizar o lucro da empresa? 2. Um sapateiro faz 6 sapatos por hora, se fizer somente sapatos, e 5 cintos por hora, se fizer somente cintos. Ele gasta 2 unidades de couro para fabricar 1 unidade de sapato e 1 unidade de couro para fabricar uma unidade de cinto. Sabendo-se que o total disponı́vel de couro é de 6 unidades e que o lucro unitário por sapato é de 5 u.m. e o do cinto é de 2 u.m. Qual deve ser o sistema de produção do sapateiro, se o objetivo é maximizar o seu lucro por hora? 3. Um pizzaiolo trabalha 8h por dia e faz 16 pizzas por hora, caso faça somente pizzas, e 9 calzones por hora, se fizer somente calzones. Ele gasta 40gr de queijo para preparar uma pizza e 60gr de queijo para fazer um calzone. Sabendo-se que o total disponı́vel de queijo é de 5kg por dia, e que a pizza é vendida a R$18,00 e o calzone a R$22,00, pergunta-se: quantas unidade de pizzas e calzones uma pizzaria com três pizzaiolos deve vender diariamente para maximizar a sua receita? 4. Um vendedor de frutas pode transportar 800 caixas de frutas para sua região de vendas. Ele necessita transportar 200 caixas de laranjas a 20 u.m. de lucro por caixa, pelo menos 100 caixas de pêssegos a 10 u.m. de lucro por caixa, e no máximo 200 caixas de tangerina a 30 u.m. de lucro por caixa. De que forma deverá ele carregar o caminhão para obter o lucro máximo? 5. Uma rede de televisão local tem o seguinte problema: foi descoberto que o programa A com 20 minutos de música e 1 minuto de propaganda chama a atenção de 30.000 telespectadores, enquanto o programa B, com 10 minutos de música e 1 minuto de propaganda chama a atenção de 10.000 telespectadores. No decorrer de uma semana, o patrocinador insiste no uso de no mı́nimo, 5 minutos para sua propaganda e que não há verba para mais de 80 minutos de música. Quantas vezes por semana cada programa deve ser levado ao ar para obter o número máximo de telespectadores? 6. Uma empresa fabrica 2 modelos de cintos de couro. O modelo M1, de melhor qualidade, requer o dobro de tempo de fabricação em relação ao modelo M2. Se 60 CAPÍTULO 3. PROGRAMAÇÃO LINEAR todos os cintos fosse do modelo M2, a empresa poderia produzir 1.000 unidades por dia. A disponibilidade de couro permite fabricar 800 cintos de ambos os modelos por dia. Os cintos empregam fivelas diferentes, cuja disponibilidade diária é de 400 para M1 e 700 para M2. Os lucros unitários são de $4,00 para M1 e $3,00 para M2. Qual o programa ótimo de produção que maximiza o lucro total diário da empresa? 7. Um empresa, após um processo de racionalização de produção, ficou com disponibilidade de 3 recursos produtivos, R1, R2 e R3. Um estudo sobre o uso desses recursos indicou a possibilidade de se fabricar 2 produtos P1 e P2. Levantando os custos e consultando o departamento de vendas sobre o preço de colocação no mercado, verificou-se que P1 daria um lucro de $120,00 por unidade e P2, $150,00 por unidade. O departamento de produção forneceu a seguinte tabela de uso de recursos: Produto P1 P2 Disponibilidade de recursos por mês R1 p.u. 2 4 R2 p.u. 3 2 R3 p.u. 5 3 100 90 120 Que produção mensal de P1 e P2 traz o maior lucro para empresa? 8. Um fazendeiro está estudando a divisão de sua propriedade nas seguintes atividades produtivas: - A (Arrendamento): Destinar certa quantidade de sua propriedade para a plantação de cana-de-açúcar, a uma usina local, que se encarrega da atividade e paga pelo aluguel da terra $300,00 por alqueire por ano. - P (Pecuária): Usar outra parte para a criação de gado de corte. A recuperação das pastagens requer adubação (100 kg/Alq) e irrigação (100.000 litros/Alq) por ano. O lucro estimado nessa atividade é de $400,00 por alqueire por ano. - S (Plantio de Soja): Usar uma terceira parte para o plantio de soja. Essa cultura requer 200 kg por alqueire de adubos e 200.000 litros de água por alqueire para irrigação por ano. O lucro estimado nessa atividade é de $500,00 por alqueire por ano. 3.3. LISTA DE PROBLEMAS 61 Sabendo que há disponibilidade de 12.750.000 litros de água, 14.000 kg de adubo e 100 alqueires de terra por ano, quantos alqueires deverá destinar a cada atividade para proporcionar o melhor retorno? 9. Um indivı́duo quer investir $ 5.000,00 no próximo ano em dois tipos de investimento: o investimento A rende 5% e o investimento B rende 8%. Pesquisas de mercado, recomendam uma alocação de no mı́nimo 25% em A e no máximo 50% em B. Além do mais o investimento em A deve ser no mı́nimo metade do investimento em B. Como o fundo deveria ser alocado aos dois investimentos? 10. Uma liga especial constituı́da de ferro, carvão, silı́cio e nı́quel pode ser obtida usando a mistura desses minerais puros além de 2 tipos de materiais recuperados: Material Recuperado 1 (MR1) - Composição: ferro - 60% carvão - 20% custo por kg $0,20 Material Recuperado 2 (MR2) silı́cio - 20% ferro - 70% carvão - 20% Composição: silı́cio - 5% nı́quel - 5% custo por kg $0,25 A liga deve ter a seguinte composição final Matéria-prima % mı́nima % máxima ferro 60 65 carvão 15 20 silı́cio 15 20 nı́quel 5 8 O custo dos materiais puros (por kg) são: ferro $0,30; carvão $0,20; silı́cio $0,28; nı́quel $0,50. Qual deverá ser a composição da mistura em termos dos materiais disponı́veis, com menor custo por kilo? 62 CAPÍTULO 3. PROGRAMAÇÃO LINEAR 11. A indústria Alumilâminas S/A iniciou suas operações em janeiro de 2006 e já vem conquistando espaço no mercado de laminados brasileiros, tendo contratos fechados de fornecimento para todos os 3 tipos diferentes de lâminas de alumı́nio que fabrica: espessuras fina, média ou grossa. Toda a produção da companhia é realizada em duas fábricas, uma localizada em São Paulo e a outra no Rio de Janeiro. Segundo os contratos fechados, a empresa precisa entregar 16 toneladas de lâminas finas, 6 toneladas de lâminas médias e 28 toneladas de lâminas grossas. Devido à qualidade dos produtos de Alumilâminas S/A, há uma demanda extra para cada tipo de lâminas. A fábrica de São Paulo tem um custo de produção diária de R$ 100.000,00 para uma capacidade produtiva de 8 toneladas de lâminas finas, 1 tonelada de lâminas médias, 2 toneladas de lâminas grossas por dia. O custo de produção diário da fábrica do Rio de Janeiro é de R$ 200.000,00 para uma produção de 2 toneladas de lâminas finas, 1 tonelada de lâminas médias, 7 toneladas de lâminas grossas. Quantos dias cada uma das fábricas deverá operar para atender aos pedidos ao menor custo possı́vel? 12. Uma companhia de transporte tem dois tipos de caminhões: O tipo “A”tem 2m3 de espaço refrigerado e 3m3 de espaço não refrigerado; tipo “B”tem 2m3 de espaço refrigerado e 1m3 de espaço não refrigerado. O cliente quer transportar um produto que necessitará 16m3 de espaço refrigerado e 12m3 de espaço não refrigerado. A companhia calcula em 1.100 litros o consumo de combustı́vel para a viagem com o caminhão “A”e 750 litros para o caminhão “B”. Quantos caminhões de cada tipo deverão ser usados no transporte do produto, com o menor consumo de combustı́vel? 13. A empresa Have Fun S/A. produz uma bebida energética muito consumida pelos freqüentadores de danceterias noturnas. Dois componentes utilizados na preparação da bebida são soluções compradas de laboratórios terceirizados - solução Red e a solução Blue - e que proveem os principais ingredientes ativos do energético: extrato de guaraná e cafeı́na. A companhia quer saber quantas doses de 10ml. de cada solução deve incluir em cada lata da bebida, para satisfazer às exigências mı́nimas padronizadas de 48gr. de extrato de guaraná e 12gr. de cafeı́na e, ao mesmo tempo, 3.3. LISTA DE PROBLEMAS 63 minimizar o custo da produção. Por acelerar o batimento cardı́aco, a norma padrão também prescreve que a quantidade de cafeı́na seja no máximo 20gr. por lata. Uma dose da solução Red contribui com 8gr de extrato de guaraná e 1gr de cafeı́na, enquanto uma dose da solução Blue contribui com 6gr. de extrato de guaraná e 2gr. de cafeı́na. Uma dose de Red custa R$0,06 e uma dose de Blue custa R$0,08. 14. Um fabricante de carros produz duas versões de seu modelo popular de tamanho médio: um utilitário direcionado ao mercado de famı́lias e um esportivo projetado para atrair clientes ricos e solteiros. Ambos são montados sobre os mesmos chassis e diferem somente na carroceria. Ambos são também produzidos na mesma fábrica. Existem 10.000 horas de força de trabalho e 1.325 unidades de chassis básicos disponı́veis a cada semana. O modelo utilitário leva seis horas para ser montado, enquanto o modelo esportivo leva 9 horas. Pelo menos 400 unidades do modelo utilitário devem ser produzidas por semana. A produção também é restringida pelo fato de que, devido a problemas com um fornecedor, somente 6.000 maçanetas estão disponı́veis por semana. Um utilitário utiliza cinco dessas maçanetas, enquanto um esportivo utiliza três. O lucro da fábrica sobre um modelo utilitário é estimado em $ 1.500,00, enquanto o lucro sobre um modelo esportivo é de $ 2.000,00. A demanda do mercado pelos carros é alta. Sabe-se que a demanda excederá a produção em algum momento; então, a fábrica deve ser capaz de vender qualquer mix de carros que for produzido. (a) Quantas maçanetas em excesso seriam recebidas pela fábrica a cada semana se o mix de carros de produção recomendado for seguido. (b) Se a fábrica pudesse obter somente uma das coisas a seguir, o que a permitiria produzir mais carros? i. Mais unidades de chassis. ii. Mais maçanetas. iii. Maior margem de lucro sobre cada carro. iv. Remoção da restrição sobre a produção do modelo utilitário. CAPÍTULO 4 RESOLUÇÃO DE PPL A importância do método gráfico visto no capı́tulo anterior, reside no fato de permitir a visualização de um método algébrico mais geral, que consiste em procurar o vértice do polı́gono que otimize a função objetivo. 4.1 Estruturação de Modelos Lineares Definição 4.1. Em problemas de minimização, uma solução viável x∗ = (x∗1 , x∗2 , . . . , x∗n ) é dita ótima se f (x∗ ) ≤ f (x), para toda solução viável x. Definição 4.2. Um modelo de PPL está na forma padrão quando for formulado da seguinte maneira: min s.a. : z = c1 x 1 + c2 x 2 + . . . + cn x n a11 x1 + a12 x2 + . . . + a1n xn = b1 a21 x1 + a22 x2 + . . . + a2n xn = b2 .. . (4.1) am1 x1 + am2 x2 + . . . + amn xn = bm x1 , x2 , . . . , xn ≥ 0 Observe que, na forma padrão, a função objetivo deve ser minimizada, as restrições 64 4.1. ESTRUTURAÇÃO DE MODELOS LINEARES 65 são definidas como um sistema de equações lineares e todas as variáveis devem satisfazer as condições de não-negatividade. A forma padrão não é restritiva pois todo PPL pode ser posto como em (4.1), de fato: 1. Para PPL de minimização, encontrar uma solução viável x∗ que minimize f (x) é equivalente a encontrar uma solução que maximização −f (x). Suponha que x∗ é um ponto ótimo de f (x), então ×(−1) ⇐⇒ f (x∗ ) ≤ f (x), ∀x viável −f (x∗ ) ≥ −f (x), ∀x viável ⇐⇒ (−f )(x∗ ) ≥ (−f )(x), ∀x viável 2. Para ocorrência de desigualdades Toda inequação pode ser convertida em equação adicionando ou subtraindo-se variáveis adicionais positivas denominadas variáveis de folga ou de excesso para o caso de ocorrência de desigualdades do tipo ≤ ou ≥, respectivamente. 3. Para ocorrência de variáveis livres São consideradas livres, as variáveis que não apresentam qualquer tipo de restrição 0 de sinal. Uma variável livre xj pode ser substituı́da por outras duas variáveis xj e 0 x00 j não-negativas, bastando para isto tomar xj = xj − x00 j Na forma padrão um PPL pode ser escrito equivalentemente em notação matricial como: max f (x) = cT x Ax = b x≥ 0 onde: (4.2) 66 CAPÍTULO 4. RESOLUÇÃO DE PPL a11 . . . a1n .. A = . am1 . . . amn c T x T = é o vetor dos custos; c1 c2 . . . cn = é o vetor das variáveis de decisão; x1 x2 . . . xn é o vetor dos recursos; b1 b2 . . . bm = é a matriz dos coeficientes; bT = 0 é o vetor nulo. 0 0 ... 0 . . . Exemplo 4.1. Problema ilustrativo Uma fábrica tem três tipos de máquinas (M1 , M2 , M3 ) cada uma das quais dever ser usada na manufatura de seus produtos P1 e P2 . Sabendo que o lucro por unidade de P1 é 40 u.m. e o lucro por unidade de P2 é 60 u.m., decida quanto fabricar de cada produto por semana a fim de maximizar os lucros de acordo com a seguinte tabela: Máquinas Horas P1 Horas P2 Horas disponı́veis M1 2 1 70 M2 1 1 40 M3 1 3 90 O modelo para este PPL é: x1 : produção semanal de P1 x2 : produção semanal de P2 max z = 40x1 + 60x2 2x1 + x2 ≤ 70 x1 + x2 ≤ 40 s.a. : x1 + 3x2 ≤ 90 x1 , x2 ≥ 0 Para que o sistema de restrições do problema seja posto na forma (Ax = b, x ≥ 0) 4.2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 67 variáveis de folga devem ser definidas: x3 = 70 − 2x1 − x2 ≥ 0 x4 = 40 − x1 − x2 ≥0 x5 = 90 − x1 − 3x2 ≥ 0 Inserido as variáveis de folga, obtemos o modelo do PPL na forma padrão: max z = 40x1 + 60x2 2x1 + x2 + x3 = x1 + x2 + x4 = s.a. : x1 + 3x2 + x5 = xj ≥ 4.2 70 40 90 0 j = 1, . . . , 5 Fundamentação Teórica O método algébrico Simplex para solucionar PPL está fundamentado nas técnicas e conceitos da Álgebra Linear. Para generalizar as ideias discutidas no método geométrico algumas definições e reformulações se farão necessárias. A definição seguinte generaliza o conceito de semiplano definido na capı́tulo anterior. Definição 4.3. A equação a1 x1 + a2 x2 + . . . + an xn = b, com a1 , . . . , an , b ∈ R define um Hiperplano em Rn , que divide o espaço Rn em dois semi-espaços disjuntos: a1 x 1 + a2 x 2 + . . . + an x n < b e a1 x1 + a2 x2 + . . . + an xn > b. Analogamente ao que foi visto para PPL em duas variáveis, para problemas com três ou mais variáveis a função objetivo representa uma famı́lia de hiperplanos paralelos entre si. Definição 4.4. A intersecção de um número finito de semi-espaços fechados é denominado politopo. Isto é, um politopo é definido por ( P = x ∈ Rn : n X j=1 ) aij xj ≤ bi , para i = 1, 2, . . . , m 68 CAPÍTULO 4. RESOLUÇÃO DE PPL O conjunto das soluções viáveis de um PPL é um politopo pois é obtida pela intersecção de um número finito de restrições. Mesmo as inequações do tipo ≥ que possivelmente compõem o sistema de restrições facilmente são transformadas em inequações do tipo ≤ pela simples multiplicação da expressão por -1. Definição 4.5. Sejam x1 , x2 , . . . , xk vetores do Rn e α1 , α2 , . . . , αk números reais. k X x= αi xi é uma Combinação Linear Convexa se αi ≥ 0 para todo i = 1, 2 . . . , k e se i=1 k X αi = 1. Se αi > 0 para todo i = 1, 2 . . . , k, dizemos que é uma Combinação i=1 Linear Convexa Legı́tima. . . . Exemplo 4.2. Dados os vetores x1 = (1, 0) e x2 = (0, 1) de R2 . O vetor x1 + x2 é uma combinação linear dos vetores x1 e x2 , mas não é uma combinação linear convexa pois α1 + α2 = 2 6= 1. O vetor 2x1 − x2 não é uma combinação linear convexa dos vetores x1 e x2 , apesar de α1 + α2 = 1, não satisfaz a condição de não-negatividade dos escalares pois α2 = −1 < 0. 4.2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 69 Os vetores 0, 5x1 + 0, 5x2 , 0, 6x1 + 0, 4x2 , 0, 4x1 + 0, 6x2 , 0, 7x1 + 0, 3x2 e 0, 3x1 + 0, 7x2 são exemplo de combinações lineares convexas legı́timas pois satisfazem α1 +α2 = 1, com α1 , α2 > 0. Geometricamente pode-se interpretar uma combinação linear convexa de dois pontos como um ponto do segmento de reta que une os dois pontos originais. Definição 4.6. Um conjunto M é convexo se toda combinação linear convexa de qualquer par de pontos do conjunto também for elemento de M . Em outras palavras, M é convexo se todo segmento de reta definido por dois quaisquer de seus pontos estiver contido no conjunto. . . . Exemplo 4.3. Os conjuntos representados nas figuras (a) e (b) são exemplos de conjuntos convexos, enquanto as figuras (c) e (d) são conjuntos não convexos. TEOREMA 4.1. A região viável de um PPL é um politopo convexo. Dem.: Já vimos que a região viável de um PPL é um politopo e para mostrar que é uma região convexa, sejam y, z ∈ RV . Para ser uma solução viável y e z devem satisfazer todas as restrições e as condições de não-negatividade, assim tem-se que Ay = b, Az = b e que y, z ≥ 0. Seja αy + βz uma combinação linear convexa, isto é, α, β ≥ 0 e α + β = 1 . Então a) αy + βz ≥ 0 pois α, β, y, z ≥ 0 b) A(αy + βz) = αAy + βAz = αbβb = (α + β)b = b O que demonstra αy + βz ∈ RV e portanto RV é um politopo convexo. 70 CAPÍTULO 4. RESOLUÇÃO DE PPL Definição 4.7. Um ponto x de um politopo convexo, denomina-se vértice quando ele não puder ser obtido como uma combinação linear convexa legı́tima de nenhum par de pontos distintos do politopo. . . . Exemplo 4.4. Problema ilustrativo (continuação) Retornando ao exemplo 4.1, utilizando a notação matricial o sistema de equações lineares correspondente às restrições explı́citas do problema é da forma Ax = b, x 1 2 1 1 0 0 x2 70 1 1 0 1 0 x3 = 40 1 3 0 0 1 90 x4 x5 Apesar do problema passar a ter cinco variáveis, qualquer par ordenado (x1 , x2 ) ∈ R2 determina unicamente todas as variáveis, pois as variáveis de folga são dependentes das duas variáveis de decisão do modelo original. Observe que posto(A) = 3, sendo assim o sistema Ax = b com m = 3 equações e m + n = 5 variáveis é um Sistema Possı́vel e Indeterminado. Portanto, o sistema tem duas variáveis livres, para as quais podemos atribuir quaisquer valores. Vamos admitir que atribuiremos apenas valores nulos para as variáveis livres, como são cinco variáveis agrupadas em conjunto de dois elementos, teremos 10 combinações possı́veis: 1. Fixar x1 = x2 = 0 resulta em x3 = 70, x4 = 40, x5 = 90 x1 = 35 2x1 = 70 x2 = 0 resulta em 2. Fixar x = 5 x + x4 = 40 cuja solução é 1 4 x3 = 0 x1 + x5 = 90 x5 = 55 2x1 + x2 = 70 x1 = 30 x3 = 0 3. Fixar resulta em x1 + x2 = 40 cuja solução é x2 = 10 x4 = 0 x1 + 3x2 + x5 = 90 x5 = 30 4.2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 71 2x1 + x2 + x3 = 70 x1 = 15 x4 = 0 4. Fixar resulta em x1 + x2 = 40 cuja solução é x2 = 25 x5 = 0 x3 = 15 x1 + 3x2 = 90 5. Fixar x3 = 0 x5 = 0 resulta em 2x1 + x2 x1 + x2 + x4 x1 + 3x2 = 70 x1 = 24 = 40 cuja solução é x2 = 22 x4 = −6 = 90 x2 = 70 x2 = 70 x1 = 0 6. Fixar resulta em x2 + x4 = 40 cuja solução é x4 = −30 x3 = 0 3x2 + x5 = 90 x5 = −120 x2 = 40 x2 + x3 = 70 x1 = 0 7. Fixar resulta em x4 = 30 x2 = 40 cuja solução é x4 = 0 x5 = −30 3x2 + x5 = 90 x2 + x3 = 70 x2 = 30 x1 = 0 8. Fixar resulta em x + x4 = 40 cuja solução é x = 40 x = 0 2 3 5 x4 = 10 3x2 = 90 9. Fixar 2x1 + x3 = 70 x1 = 40 resulta em x1 = 40 cuja solução é x3 = −10 = 0 x1 + x5 = 90 x5 = 50 x2 = 0 x4 2x1 + x3 = 70 x1 = 90 x2 = 0 10. Fixar resulta em x1 + x4 = 40 cuja solução é x3 = −110 x = 0 5 x4 = −50 x1 = 90 A solução gráfica do problema pode ser visualizada na figura seguinte. As soluções encontradas nas alternativas 5, 6, 7, 9 e 10 são inviáveis, isto é, apesar de ser solução do sistema Ax = b estão fora da região viável. Enquanto a solução encontrada na alternativa 1 corresponde ao vértice A do polı́gono que representa a região viável do 72 CAPÍTULO 4. RESOLUÇÃO DE PPL problema, a solução 2 é o vértice B, a solução 3 é o vértice C, a solução 4 é o vértice D e a solução 8 é o vértice E. Para encontrar a solução ótima de um PPL é necessário encontrar soluções para o sistema de equações lineares Ax = b, com m equações e n + m incógnitas. É comum, em problema reais, m << n. Sendo assim, sem perda de generalidade, podemos supor que posto(A) = m, eliminando previamente as combinações lineares. O sistema Ax = b tem infinitas soluções e apresenta n variáveis livres que uma vez fixadas, os valores das m variáveis restantes podem ser determinados unicamente por algum método numérico para resolução de sistemas lineares. A matriz A pode ser particionada convenientemente da seguinte maneira: A= B N onde: Bm×m é chamada matriz Básica, formada por m colunas de A que a torne invertı́vel. Nm×n é chamada matriz Não básica, formada pelas n colunas restantes de A. 4.2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 73 Desta forma, o sistema Ax = b pode ser reescrito como xB B N =b xN xB onde xN é uma partição de x induzida pela partição de A, xB é um vetor m × 1 denominado vetor das variáveis básicas e, xN de ordem n × 1 é o vetor das variáveis não básicas. De acordo com a partição do sistema, é possı́vel obter o vetor das variáveis básicas xB da seguinte maneira: BxB + N xN = b ⇐⇒ xB = B −1 b − B −1 N xN x̂B Se considerarmos o vetor das variáveis não básicas xN nulo, obtemos o vetor x̂ = x̂N x̂B = B −1 b denominado solução básica da seguinte maneira: x̂N = 0 Se todas as variáveis básicas que compõem x̂B forem não-negativas então a solução x̂ é denominada solução básica viável. . . . Exemplo 4.5. Problema ilustrativo (continuação) O sistema obtido no exemplo 4.1 x 1 2 1 1 0 0 x2 70 1 1 0 1 0 x = 40 3 1 3 0 0 1 90 x4 x5 Pode ser particionado da seguinte maneira: 74 CAPÍTULO 4. RESOLUÇÃO DE PPL " # 70 0 0 2 1 1 x1 1 1 0 x2 + 1 0 x4 = 40 x 5 90 0 1 1 3 0 x3 B xB N xN b Fixando xN = 0, obtemos a solução básica viável x̂T = (15 25 15 0 0), que já constatamos tratar-se do vértice C da região viável. Estamos em condições de enunciar duas propriedades fundamentais: TEOREMA 4.2. Um ponto x ∈ RV é um vértice se, e somente se, for uma solução básica viável. TEOREMA 4.3. Se um PPL tem solução ótima, então existe um vértice ótimo. TEOREMA 4.4. A região viável de um PPL tem um número finito de vértices. Dem.: O número de soluções básicas do sistema Ax = b é a combinação de m vetores linearmente independentes tomados de um conjunto de n + m vetores correspondentes n+m às colunas da matriz A, isto é, a quantidade de soluções básicas será dada por Cm . Por definição, as soluções básicas viáveis formam um subconjunto das soluções básicas do PPL e como, pelo teorema 4.2 cada vértice corresponde a uma solução básica viável, concluimos que o número de vértices de RV é no máximo n+m Cm = (n + m)! m! n! que é finito. Conclui-se que, se existe uma solução ótima para o PPL então existe uma solução básica viável e para resolver um PPL basta procurar a solução ótima nos vértices da região viável. Assim para resolver o problema, basta determinar todas as soluções básicas viáveis, digamos x̂1 , x̂2 , . . . , x̂k e obter a solução ótima x∗ tal que f (x∗ ) = min{f (x̂1 ), f (x̂2 ), . . . , f (x̂k )} 4.2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 75 Entretanto k pode ser uma quantidade demasiadamente grande, e o procedimento de busca e comparação entre todos os vértices se torna inviável computacionalmente. O método simplex irá economizar cálculos efetuando a busca de soluções ótimas somente nos vértices que apresentem soluções melhores que as anteriores. . . . Exemplo 4.6. Problema ilustrativo (continuação) A região viável do problema das máquinas apresentado e formulado no exemplo 4.1 tem 5 vértices que foram todos obtidos como soluções básicas viáveis no exemplo 4.4 dentre os elementos do conjunto das soluções básicas cuja ordem é C35 = 5! = 10 2! 3! Diferentemente do que foi feito no exemplo 4.4, queremos estabelecer um procedimento que determine o vértice ótimo sem calcular todas as soluções básicas. Para tanto, tomemos para começar xN = (x1 x2 )T . Neste caso, x1 = x2 = 0 e portanto o lucro será z = 0. Como o objetivo do problema é maximizar o lucro e o produto P2 retorna maior lucro por unidade, iremos tentar produzir o máximo possı́vel de P2 . Assim x1 continua nula e x2 deve se tornar positiva. Mas qual o valor que x2 deve assumir? Para responder a esta questão, devemos retornar à definição das variáveis de folga dadas no exemplo 4.1 e assumindo que x1 = 0, temos: x3 = 70 − x2 x4 = 40 − x2 x5 = 90 − 3x2 Como as variáveis de folga também devem obedecer as condições de não-negatividade, o valor limite para a variável x2 na primeira equação é 70, na segunda é 40 e na terceira é 30, logo para que todas as variáveis de folga sejam não negativas o valor máximo que pode ser assumido para a variável de decisão x2 deve ser 30. Assim xB = (0 30)T , que corresponde ao vértice E da região viável, e retorna um 76 CAPÍTULO 4. RESOLUÇÃO DE PPL lucro de z = 1800. Observe que partimos do vértice A = (0, 0) e encontramos o vértice consecutivo E, se optássemos pelo vértice B = (35, 0) o retorno seria menor z = 1400. Como já construimos geometricamente a região das soluções viáveis, sabemos que só temos uma opção, ir para o vértice D que resultará no lucro máximo de z = 2100. Mas como determinar este vértice algebricamente? Esta questão será respondida pelo desenvolvimento do Método Simplex utilizando a caracterização das soluções básicas viáveis, que será feito no próximo capı́tulo. 4.3 Lista de Problemas 1. Seja um triângulo ABC. Esse triângulo, no caso de retirarmos o baricentro, é um conjunto convexo? Justifique. 2. Mostre que qualquer ponto de um triângulo ABC pode ser obtido como combinação linear convexa de seus três vértices. 3. Num problema de programação linear somente os vértices podem ser solução ótima? Justifique. 4. Assinalar a afirmativa que julgar mais correta. I. A principal importância dos vértices para a resolução de um PPL consiste: (a) na visualização do problema; (b) ao invés de procurar a solução entre um número infinito de pontos, podemos limitar-nos a um número finito de pontos; (c) na determinação de outros pontos do espaço de soluções viáveis e que podem ser formados como combinação linear convexa desses vértices. II. Se o conjunto de soluções viáveis do PPL não for um conjunto limitado: (a) o problema é impossı́vel; (b) a função objetivo assume um valor infinito; 4.3. LISTA DE PROBLEMAS 77 (c) o problema tem sempre uma solução ótima; (d) nenhuma dessas afirmativas é correta. 5. Considere o seguinte problema de PL: max z = 2x1 + 3x2 x1 + 3x2 ≤ 6 s.a. : 3x1 + 2x2 ≤ 6 x1 , x2 ≥ 0 (a) Expresse o problema na forma padrão. (b) Determine todas as soluções básicas do problema e classifique-as como viáveis e inviáveis. (c) Determine a solução básica viável ótima do problema. (d) Confronte com a resolução gráfica e verifique a solução obtida é realmente a solução ótima do PPL. E conclua que a solução ótima pode ser determinada algebricamente considerando somente soluções básicas viáveis. (e) Mostre como as soluções básicas não viáveis são representadas graficamente na região de soluções. 6. Considere um PPL cujas as restrições são dada a seguir 2x1 + 3x2 x 1 + x2 x1 + 3x2 x1 , x2 ≤ 33 ≤ 15 ≤ 27 ≥ 0 Sabendo que os pontos: A = (6, 7) e B = (12, 3) são soluções ótimas do problema, (a) Determine a função objetivo; (b) Verifique e justifique que o ponto C = (9, 5) também é uma solução ótima; (c) Mostre que A e B são vértices da região viável e que C não é. 78 CAPÍTULO 4. RESOLUÇÃO DE PPL 7. Seja o PPL max s.a. : z = x1 + x2 + x 3 x1 + x2 ≥ 6 x2 − 2x3 = 4 x1 , x2 , x3 ≥ 0 (a) Determine todos os vértices da região viável do PPL ; (b) Considere os seguintes pontos de R3 : A = (1, 5, 21 ), B = (2, 6, 2), ) e D = (k, 4, 0), com k ∈ R+ . Quais deles são soluções do PPL? C = (0, k, k−4 2 Quais são soluções básicas? Quais são soluções viáveis? Quais são vértices? (c) É possı́vel garantir que existe, ao menos, um vértice que é solução ótima do PPL ? Por que? Se sim, determine a solução ótima. 8. Responda Verdadeiro ou Falso e justifique: (a) Toda solução ótima de um PPL é vértice. (b) Se o PPL tiver mais de uma solução ótima, ele terá sempre uma infinidade de soluções ótimas que não são vértices. (c) Seja um PPL na forma padrão. Todas as soluções básicas viáveis tem obrigatoriamente o mesmo número de variáveis nulas. CAPÍTULO 5 O MÉTODO SIMPLEX O método simplex é um procedimento algébrico e iterativo que fornece a solução exata de qualquer PPL em um número finito de iterações, o método é composto por critérios especı́ficos para escolha das soluções que melhorem o desempenho do modelo e de um teste de otimalidade. É também capaz de indicar se o problema tem solução ilimitada, se não tem solução ou se possui infinitas soluções. Tais caracterı́sticas permitem sua implementação em programas extremamente rápidos e eficientes, possibilitando a soluções de problemas com centenas de variáveis de decisão. Atualmente extensões do método são capazes de analisar sistemas com centenas de milhares de variáveis. O método foi desenvolvido pelo matemático americano George Dantizig em 1947, e resultou em uma economia de bilhões de dólares para a indústria e o governo americano. Para resolver um PPL algebricamente, é preciso desenvolver uma sistemática que seja capaz de determinar: • Qual o sistema de equações que deve ser resolvido; • Que o próximo sistema a ser resolvido fornecerá uma solução melhor que os anteriores; • Como identificar uma solução ótima, uma vez que a tenhamos encontrado. Essa sistemática é denominada método ou algoritmo Simplex e consiste em: 79 80 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX 1. Escolher uma solução básica viável inicial; 2. Determinar soluções básicas viáveis cada vez melhores; 3. Encontrar a solução ótima. Inicialmente vamos considerar para análise e desenvolvimento do método PPls de maximização cujo modelo original apresente restrições somente do tipo “ ≤ ”. Dado o PPL max z = c1 x 1 + c2 x 2 + . . . + cn x n a11 x1 + a12 x2 + . . . + a1n xn .. . ar1 x1 + ar2 x2 + . . . + arn xn s.a. : .. . am1 x1 + am2 x2 + . . . + amn xn xj ≤ b1 ≤ br ≤ bm ≥ 0 (j = 1, . . . , n) Acrescentando as variáveis de folga para escrever o PPL na forma padrão, resulta no seguinte modelo: max z = c1 x 1 + c2 x 2 + . . . + cn x n a11 x1 + a12 x2 + . . . + a1n xn + xn+1 .. . ar1 x1 + ar2 x2 + . . . + arn xn + xn+r .. s.a. : . am1 x1 + am2 x2 + . . . + amn xn + xn+m xj (j = 1, . . . , n, n + 1 . . . , n + m) = b1 = br (5.1) = bm ≥ 0 Podemos representar o último modelo em uma tabela com a seguinte configuração: 81 x2 ... a11 .. . a12 . . . a1n 1 ... 0 ... 0 b1 .. . ar1 .. . ar2 . . . arn 0 ... 1 ... 0 br .. . am1 am2 . . . amn 0 ... 0 ... 1 bm 0 ... 0 ... 0 z = f (x) c1 c2 ... xn b x1 xn+1 . . . xn+r . . . xn+m cn (5.2) Considerando que estamos analisando PPl cujas restrições são todas do tipo “ ≤ ”, sabemos que a origem do sistema de coordenadas é um dos vértices da região viável, logo naturalmente podemos tomar a seguinte partição: 1 0 ... 0 1 . . . . .. . . . 0 0 ... 0 xn+1 a11 a12 0 xn+2 a21 a22 .. . + . . .. .. 1 xn+m am1 am2 Bm×m xB ... ... .. . ... x1 a1n b1 x2 a2n . b2 . .. . = . . . .. .. amn bm xn Nm×n xN (5.3) b b1 .. Fixando x̂N = 0 obtemos x̂B = . bm T Desta forma, tomando x̂ = 0 0 . . . 0 b1 b2 . . . bm como solução básica viável inicial, podemos reescrever a forma tabular (5.2) do PPL, adicionando a informação das variáveis básicas escolhidas, para obter o quadro simplex inicial: base x1 xn+1 .. . a11 .. . a1r a1n 1 0 0 b1 .. . xn+r .. . ar1 .. . arr arn 0 1 0 br .. . xn+m am1 amr amn 0 0 1 bm −c1 −cr −cn 0 0 0 0 z ... xr ... xn xn+1 . . . xn+r . . . xn+m b 82 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX A primeira coluna do quadro simplex informa quais são as variáveis básicas e a última coluna corresponde aos termos independentes das equações de restrição do problema. A última linha contém os coeficientes das variáveis na função objetivo que representam a contribuição de cada variável para a função objetivo z, por unidade, em cada iteração do processo de solução. Para compor o quadro simplex a função objetivo z = c1 x1 +c2 x2 +. . .+cn xn necessitou da seguinte transformação: z = c1 x1 + c2 x2 + . . . + cn xn + 0xn+1 + . . . + 0xn+m ⇒ z − c1 x1 − c2 x2 − . . . − cn xn + 0xn+1 + . . . + 0xn+m = 0 Para problemas de maximização, a solução inicial claramente não é a melhor. Logo, devemos procurar outra solução básica viável que retorne maior valor para z. Para isto é necessário primeiramente, Passo 1: Escolher uma variável não-básica que deve se tornar positiva para compor a base. Obviamente, conforme já observado no exemplo 4.6 a variável que retorna a maior contribuição para a função objetivo deverá ser selecionada, isto é, aquela variável cuja contribuição unitária expressa na última linha do quadro simplex tenha sinal negativo e maior módulo. Escolhida a variável xr que entra na base, nosso problema agora é: Passo 2: Determinar qual das variáveis básicas do quadro inicial deve sair base. Em outras palavras, qual variável se tornará nula para dar lugar à nova variável básica. Para tanto, observemos que todas as variáveis básicas do quadro inicial podem ser escritas em função somente da variável xr , visto que x1 = x2 = . . . = xr−1 = xr+1 = . . . = xn = 0 Assim, xn+i = bi − air xr para i = 1, . . . , m 83 bi determina o valor de xr que anula a air variável básica xn+i , para qualquer i = 1, . . . , n. Seja k o ı́ndice tal que Para cada coeficiente positivo air , a razão bk = min akr bi , air > 0, i = 1, . . . , n air Definido desta forma, a variável básica xn+k se anula, isto é, se torna variável não básica e todas as outras variáveis básicas do quadro inicial permanecem positivas. É importante observar que para PPL com solução finita, sempre existe pelo menos um coeficiente air > 0 pois, caso contrário, se air ≤ 0 para todo i = 1, . . . , m então f → −∞ e o PPL não teria solução ótima finita. Observando a partição (5.3) constatamos que a matriz B correspondente às variáveis básicas é exatamente a matriz identidade e deve permanecer assim exceto por rearranjo de colunas, mesmo com alterações na composição do vetor das variáveis básicas. Passo 3: Aplicar o método de Gauss-Jordan para resolução de sistemas lineares. A redefinição das variáveis básicas e não-básicas exige um pivoteamento do quadro simplex para que os coeficientes das variáveis básicas formem a matriz identidade, mediante possivelmente remanejamento de colunas, e que a contribuição individual para a função objetivo da variável que entrou na base seja zerada. O processo de entrada e saı́da de variáveis da base deverá ser repetido até que todos os coeficientes da última linha se tornem nulos ou positivos, pois neste caso não há mais possibilidade de crescimento da função objetivo e a solução ótima (caso exista) foi encontrada. Sendo assim, ao final de cada iteração, deve-se: Passo 4: Verificar se existe contribuição individual para a função objetivo, expressas na última linha do quadro simplex, negativa. . . . Exemplo 5.1. Resolver pelo método Simplex o problema ilustrativo apresentado no exemplo 4.1, cujo modelo na forma padrão é: 84 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX max z = 40x1 + 60x2 2x1 + x2 + x3 = x1 + x2 + x4 = s.a. : x1 + 3x2 + x5 = xj ≥ 70 40 90 0 j = 1, . . . , 5 O quadro simplex inicial é dado a seguir: ↓ x1 x2 x3 x4 x5 b x3 2 1 1 0 0 70 x4 1 1 0 1 0 40 ← x5 1 3 0 0 1 90 0 0 0 0 z −40 −60 Quadro 1 A variável que deve entrar na base é x2 porque a contribuição individual de x2 para o lucro é maior, no quadro -60 é a contribuição negativa com maior módulo. Para sair 40 90 da base devemos escolher x5 visto que 90 = min 70 , , . Isto é, na divisão termo a 3 1 1 3 termo do vetor dos termos independentes b pelo vetor dos coeficientes de x2 o menor valor obtido foi 30, que corresponde à saı́da da variável x5 da base. Escalonando por Gauss-Jordan, obtemos: ↓ x1 x2 x3 x4 x5 b x3 5 3 0 1 0 −1 3 40 ← x4 2 3 0 0 1 −1 3 10 x2 1 3 1 0 0 1 3 30 z −20 0 0 0 Quadro 2 20 1800 85 De acordo com o quadro 2, a variável x1 entra na base pois há somente a contribuição desta variável com sinal negativo na última linha. A variável x4 sai da base pois 10 2 3 = min 40 10 30 5 , 2 , 1 3 3 = min {24, 15, 90} 3 Assim, após escalonamento temos: x1 x2 x3 x4 x5 b x3 0 0 1 −5 2 1 2 15 x1 1 0 0 3 2 −1 2 15 x2 0 1 0 −1 2 1 2 25 z 0 0 0 30 10 2100 Quadro 3 O fato de não haver contribuição com sinal negativo no quadro simplex garante que a solução básica viável no quadro 3 é ótima. Portanto a solução do problema é fabricar 15 unidades do produto P1 e 25 unidades de P2 para obter um lucro máximo de $ 2.100,00, sendo que há uma folga na operação da máquina M1 de 15 horas. De acordo com o que estudamos do método simplex, o modelo de programação linear pode ser resolvido por um método de resolução de sistemas lineares e a programação linear pode ser vista como um aprimoramento do Método de Gauss-Jordan para resolução de sistemas lineares, incorporando uma equação adicional que representa o comportamento que deve ser otimizado e utilizando um sistemática para troca de variáveis básicas e não básica. Roteiro Passo 1: Introduzir as variáveis de folga; uma para cada desigualdade. Passo 2: Montar um quadro para os cálculos, colocando os coeficientes de todas as variáveis com os respectivos sinais e, na última linha, incluir os coeficientes da função objetivo transformada. 86 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX Passo 3: Estabelecer uma solução básica inicial, usualmente atribuindo valor zero às variáveis originais e achando valores positivos para as variáveis de folga. Passo 4: Como próxima variável a entrar na base, escolher a variável não básica que oferece, na última linha, a maior contribuição para o aumento da função objetivo (ou seja, tem o maior valor negativo). Se todas as variáveis que estão fora da base tiverem coeficientes nulos ou positivos nesta linha, a solução atual é ótima. Se alguma dessas variáveis tiver coeficiente nulo, isto significa que ela pode ser introduzida na base sem aumentar o valor da função objetivo. Isso quer dizer que temos uma solução ótima, com o mesmo valor da função objetivo. Passo 5: Para escolher a variável que deve deixar a base, deve-se realizar o seguinte procedimento: a) Dividir os elementos da última coluna pelos correspondentes elementos positivos da coluna da variável que vai entrar na base, caso não haja elemento algum positivo nesta coluna, o processo deve parar, já que a solução seria ilimitada. b) O menor quociente indica a equação cuja respectiva variável básica deverá ser anulada, tornando-se variável não-básica. Passo 6: Usando operações elementares com as linhas da matriz (soma e multiplicação por um escalar não-nulo), transformar o quadro de cálculos de forma a encontrar a nova solução básica. A coluna da nova variável básica deverá se tornar um vetor identidade, onde o elemento 1 aparece na linha correspondente à variável que está sendo anulada. Passo 7: Se ainda houver elementos negativos na linha da função objetivo, retornar ao passo 4 para iniciar outra iteração. . . . Exemplo 5.2. Considere o PPL do exemplo 3.3 resolvido graficamente no exemplo 3.4, cujo modelo é: 87 max z = 6, 5x1 + 10x2 x1 + x2 ≤ 25 25x1 + 9x2 ≤ 480 s.a. : 6x1 + 11x2 ≤ 240 x1 , x2 ≥ 0 (Lucro Total) (restrição de câmera de ar) (restrição de operação de costura) (restrição de operações de finalização) (restrição de não-negatividade) Para determinar a solução do PPL por sistemas de equações lineares é preciso primeiro transformar o sistema de inequações lineares que representam as restrições do problema em um sistema equivalente de equações lineares. Para isto, será preciso introduzir novas variáveis no problema, denominadas variáveis de folga. Neste exemplo, as restrições têm a seguinte estrutura lógica: utilização de recursos ≤ disponibilidade Introduzindo o conceito de variável de folga de recurso, a inequação pode ser reescrita como: utilização de recursos + folga = disponibilidade A folga correspondente a cada recurso pode ser representada por uma variável de modo a transformar cada inequação do PPL em uma equação linear. Sejam x3 : folga de câmeras de ar; x4 : folga de operações de costura; x5 : folga de operações de finalização. Introduzindo as variáveis de folga e trocando os termos de lado na equação referente à função objetivo, obtemos o modelo do PPL a ser resolvido é: 88 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX z − 6, 5x1 − 10x2 x1 + x2 + x3 25x1 + 9x2 + x4 s.a. : 6x1 + 11x2 + x5 xj max = 0 = 25 = 480 = 240 ≥ 0 j = 1, 2, 3, 4, 5 Desta forma, o problema consiste em encontrar a solução de um sistema de equações lineares que maximize o lucro. Para montar o quadro simplex inicial, é necessário estabelecer uma solução inicial para o problema, que será sempre obtida, para problemas nesta configuração, fazendo as variáveis originais do modelo iguais a zero. Assim, fazendo x1 = x2 = 0 (variáveis não-básicas) e tomando as variáveis de folga x3 , x4 e x5 como variáveis básicas, obtemos do Quadro 1: x1 x2 x3 x4 x5 b x3 1 1 1 0 0 25 x4 25 9 0 1 0 480 x5 6 11 0 0 1 240 0 0 0 0 z −6, 5 −10 Quadro 1 Onde a primeira coluna corresponde às variáveis básicas, a última coluna corresponde aos termos independentes das equações, e a última linha contém os coeficientes das variáveis na função objetivo. Nessa última linha teremos sempre a contribuição que cada variável dá para o lucro total z, por unidade, em cada iteração do processo de solução. Como a primeira solução claramente não é a melhor, vamos procurar outra que dê um valor maior para z. O problema é descobrir: • Das duas variáveis não-básicas (nulas) na primeira solução, qual deve se tornar positiva? Observando que na última linha do Quadro 1 temos os coeficientes da função objetivo que mostram a contribuição para o lucro z de cada unidade produzida de bola 89 Catechumbo (x1 ) e de bola Voleitok (x2 ). Assim, aplicando o critério de que devemos produzir primeiro o produto que mais contribui para o lucro, vamos começar a produção pela variável x2 , já que sua contribuição unitária para o lucro é maior que a contribuição de x2 . Logo, a variável que deverá entrar na base é x2 . • Das três variáveis básicas (positivas) na primeira solução, qual deverá ser anulada? Nota-se pelo Quadro 1 que, na primeira equação, o maior valor possı́vel de x2 é 25, quando x3 = 0 pois x1 = 0 por ser variável não-básica. Qualquer valor maior para x2 fará com que o valor de x3 fique negativo, o que não é permitido. Na segunda equação, o maior valor permitido para x2 é 53, 33, quando x4 = 0. Finalmente, na terceira equação o maior valor permitido para x2 é 21, 82, quando x5 = 0. Analisando simultaneamente todas as equações, percebe-se que o maior valor possı́vel para x2 é 21, 82, já que atende às três equações. Observe que esta análise pode ser feita diretamente do Quadro 1, através da divisão dos elementos da coluna b pelos correspondentes elementos da coluna x2 . O menor quociente indica, pela linha em que ocorreu, qual a variável básica que deve ser anulada. Assim, como o menor quociente é dado pela divisão 240 , 11 a variável que deverá sair da base é x5 . Portanto, x1 = 0 e x5 = 0 são as novas variáveis não-básicas e o sistema deve ser resolvido para encontrar os valores x3 , x4 e x2 . A solução desse sistema será feita usando o Quadro 1 com as equações completas e usando as operações elementares de multiplicação de uma linha por um escalar não nulo e soma de linhas da matriz. x1 x2 x3 x4 x5 b 3, 18 x3 0, 4546 0 1 0 −0, 09091 x4 20, 09 0 0 1 −0, 8182 283, 6 x2 0, 5454 1 0 0 0, 09091 21, 82 z −1, 046 0 0 0 0, 9091 218, 2 Quadro 2 90 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX O processo de entrada e saı́da de variáveis da base deverá ser repetido até que todos os coeficiente da linha 4 se tornem nulos ou positivos. falta fazer quadro 3 x1 x2 x3 x4 x5 b 3, 18 x3 0, 4546 0 1 0 −0, 09091 x4 20, 09 0 0 1 −0, 8182 283, 6 x2 0, 5454 1 0 0 0, 09091 21, 82 z −1, 046 0 0 0 0, 9091 218, 2 Quadro 2 5.1. FLUXOGRAMA PARA SOLUÇÕES FINITAS 5.1 Fluxograma para soluções finitas 5.2 Análise de Sensibilidade 5.3 Lista de Problemas 91 Lista de Exercı́cios 5.1. Resolver os modelos em PL, usando o método Simplex: 1. Um fabricante de fantasias tem em estoque 32m de brim, 22m de seda e 30m de cetim e pretende fabricar dois modelos de fantasias. O primeiro modelo consome 4m de brim, 2m de seda e 2m de cetim. O segundo modelo consome 2m de brim, 4m de seda e 6m de cetim. Se o primeiro modelo é vendido a 6.000u.m. e o segundo 92 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX modelo a 10.000u.m., quantas peças de cada tipo o fabricante deve fazer para obter a receita máxima? 2. Um dono de loja estoca dois tipos de leite, semidesnatado e integral, e está tentando decidir quantos de cada um encomendar. Ele precisa encomendar o leite para entrega com um dia de antecedência. Sabe que venderá pelo menos 75 litros em um só dia, e então não encomendará menos do que essa quantidade. Seu contrato com o fornecedor diz que deve comprar pelo menos 30 litros de semidesnatado, e não possui espaço no refrigerador para mais de 100 litros ao todo. Se o dono da loja obtém 15 centavos de lucro com um litro de leite semidesnatado e 17 centavos de lucro cm um litro de leite integral, o que deve fazer para maximizar seu lucro? 3. A Gutchi Company fabrica carteiras, estojos de barbear e mochilas. A produção das peças utiliza couro e materiais sintéticos, sendo o couro a matéria-prima que limita a produção. O processo de produção requer dois tipos de mão-de-obra especializada: costura e acabamento. A Tabela dá a disponibilidade dos recurso, sua utilização nos três produtos e os lucros por unidade. Recursos necessários por unidade Recurso Carteira Estojo de barbear Mochila Disponibilidade diária Couro(pés2 ) 2 1 3 42 Costura(h) 2 1 2 40 Acabamento(h) 1 0,5 1 45 Preço de Venda($) 24 22 45 (a) Formule a questão como um problema de programação linear e ache a solução ótima. (b) De acordo com a solução ótima, determine o status de cada recurso. 4. Uma fábrica têxtil labora em 3 turnos: das 7 às 15 horas; das 15 às 23 horas; das 23 às 7 horas. Em cada turno necessita de modelistas, costureiras e embaladoras que auferem por hora de trabalho, respectivamente 23,00, 19,00 e 7,50 u.m. As 5.3. LISTA DE PROBLEMAS 93 modelistas e costureiras auferem um adicional de 2,00 u.m./hora quando trabalham no último dos turnos indicados sendo o salário das embaladoras, neste turno, de 8,50 u.m./h. As necessidades da produção exigem, em cada turno, 1 hora de modelista por cada 3 horas de costureira não podendo haver mais do que um total de 200 horas de embaladora em cada turno. Pretende-se que o total de horas de trabalho de modelista e costureira seja no mı́nimo de 400 horas no turno da manhã, 376 horas no turno da tarde e 270 horas no turno da noite. Em cada turno deve haver o mı́nimo de 600 horas de trabalho. 5. Um banco decidiu ter os seus balcões abertos ao público das 08 horas às 20 horas pelo que necessita planejar novos horários de serviço para os seus funcionários. Para tal decidiu dividir o dia de trabalho em 6 perı́odos de 2 horas e fixar para cada um destes perı́odos o seguinte número mı́nimo de funcionários: 8-10h 10-12h 12-14h 14-16h 16-18h 18-20h no . mı́nimo de funcionários 6 10 12 11 5 4 Os funcionários trabalham diariamente 6 horas consecutivas, podendo a empresa fixar a hora de entrada ao serviço. Apresentar o modelo de PL que minimiza o número total de empregados necessários diariamente. 6. Um distribuidor de produtos para festas infantis compra dos produtores chapéus de papel, lı́nguas-de-sogra e bexigas, e prepara caixas com esses três produtos na forma de kits para festas. Observações anteriores mostram que: a. A quantidade de chapéus e lı́nguas-de-sogra deve ser pelo menos 50% do total. b. O pacote deve ter pelo menos 20 bexigas. c. Cada item deve concorrer com pelo menos 25% do total da caixa. 94 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX Chapéu de papel: 50.000 O custo dos componentes (em milhares de unidades) é: Lı́ngua-de-sogra: 20.000 Bexiga: 5.000 Qual a composição da caixa que tem o menor custo? 7. Uma empresa quı́mica opera uma pequena usina. Operar a usina exige duas matériasprimas, A e B. O fornecimento máximo disponı́vel por semana é 2.700 litros de A e 2.000 litros de B. A usina pode operar usando um dos dois processos, que possuem diferentes exigências de matéria-prima, como demonstrado a seguir: Matérias-primas consumidas (litros por hora) Processo A B 1 20 10 2 30 25 A usina pode funcionar por um total de 120 horas por semana mas, por motivo de segurança, o Processo 1 não pode ser operado por mais de 100 horas por semana. Quantas horas cada processo deve funcionar? 8. Uma pequena padaria local recebeu um pedido para fornecer dois tipos de pão: sabor queijo e pãozinho de semente de papoula, para um serviço de entrega de sanduı́ches. Eles receberão 5 centavos por cada pãozinho e 8 centavos por cada pão sabor queijo que fornecerem. Inicialmente a empresa de entrega de sanduı́ches está feliz em comprar quanto a padaria conseguir produzir desses dois tipos de pão. A padaria já possui encomendas semanais de 100 kg de farinha e 1 kg de fermento, e gostaria de ser capaz de cumprir seu novo contrato sem aumentar essas quantidades. Cada pãozinho utiliza 30g de farinha e e 0,5g de fermento, enquanto cada pão sabor queijo utiliza 125g de farinha e 1g de fermento. O acordo diz que eles devem fornecer pelo menos 1.000 pães de semente de papoula e entre 300 e 500 pães sabor queijo por semana. 5.3. LISTA DE PROBLEMAS 95 (a) Quantos pães de cada tipo a padaria deve ter com objetivo fornecer a cada semana para maximizar seu lucro? (b) Se a padaria desejasse reduzir sua encomenda de farinha, poderia faze-lo? Meses depois, a padaria decidiu expandir sua variedade de produtos, e agora produzirá um segundo tipo de pão (tomate seco), que necessita de 140g de farinha, 1,2g de fermento e contribui com um lucro de 10 centavos por unidade. Ela mudou seus pedidos para atender a crescente demanda e agora recebe entregas de 250kg de farinha e 3kg de fermento. Os pedidos existentes significam que ele deve produzir pelo menos 1.500 pãezinhos e 800 bisnagas por semana. Que quantidade de cada produto a padaria deve produzir e vender para maximizar seu lucro? Ela pode reduzir a quantidade de fermento encomendada? 96 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX 5.4 Lista de Problemas 1. O quadro a seguir mostra o processo de resolução de um PPL . A partir dos dados fornecidos, responda às seguintes questões: BASE L X1 X2 X3 Y1 Y2 B 1 2 1 3 2 5 2 0 9 2 (Recurso A) 2 0 –1 –1 1 6 (Recurso B) − 12 0 3 2 3 2 0 27 2 (a) Complete o quadro indicando as variáveis que estão na base. (b) Escreva a solução que o quadro indica. A solução obtida nessa etapa é otima? 2. Uma empresa fabricante de móveis de copa trabalha com três modelos principais de conjuntos aos quais denomina MXA, MXB e MXC (x1 , x2 e x3 , respectivamente), cuja produção semanal deseja programar. As margens unitárias de lucro dos modelos são respectivamente, $20, $8 e $ 3. Os três conjuntos utilizam as três principais seções da fábrica, que chamaremos Seção 1, Seção 2 e Seção 3, conforme os coeficientes unitários de utilização mostrados no modelo de programação linear abaixo. As seções dispõem das seguintes capacidades semanais de trabalho, respectivamente: 240 homens-horas (H.h), 320 H.h e 480 H.h. O modelo de programação linear utilizado pelo setor de planejamento da empresa para a programação da produção da próxima semana é o seguinte: Achar x1 , x2 e x3 de modo a Maximizar lucro = 20x1 + 8x2 + 3x3 respeitando as restrições: 4x1 + 1x3 ≤ 240 (Seção 1) 4x1 + 2x2 + 2x3 ≤ 320 (Seção 2) 3x1 + 4x2 ≤ 480 (Seção 3) O quadro a seguir mostra os resultados do processo de solução do Método Simplex. 5.4. LISTA DE PROBLEMAS BASE LUCRO 97 X1 X2 X3 Y1 Y2 Y3 B 1 0 1 4 1 4 0 0 60 0 1 1 2 − 14 1 2 0 40 0 0 − 11 4 5 4 –2 1 140 0 0 6 1 4 0 1520 Pede-se: (a) Na solução ótima do problema, identifique as utilidades marginais das três seções utilizadas no processo de produção da empresa. (b) Caso a Seção 1 tenha sua disponibilidade alterada para 200 H.h, quais os novos valores das produções ótimas dos conjuntos MXA e MXB? (c) Caos a empresa possa acrescentar mais 60 H.h a alguma seção, qual deverá ser a seção escolhida? Por quê? (d) Na hipótese anterior, quais os novos valores das produções ótimas e quais as novas utilizações dos recursos? 3. Uma empresa produz dois produtos A e B. As receitas unitárias são $ 2 e $ 3, respectivamente. A disponibilidade das duas matérias-primas (M1 e M2 ) usadas na fabricação dos produtos é de 8 e 18 unidades. Uma unidade de A usa duas unidades de M1 e duas unidades de M2 , e uma unidade de B usa três unidades de M1 e seis unidades de M2 . (a) Determine as faixas de viabilidade de cada restrição. (b) Suponha que quatro unidades adicionais de M1 podem ser adquiridas ao custo de 30 centavos por unidade. Você recomendaria essa compra adicional? (c) Qual é o valor máximo que a empresa pode pagar por unidade de M1 ? (d) Determine a receita ótima se a disponibilidade de M2 for aumentada em cinco unidades. (e) Determine as faixas de otimalidade para as receitas unitárias considerando que as alterações são feitas uma por vez. 98 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX (f) Como fica a solução ótima se a receita unitária do produto A passar a ser $ 5? E se a receita unitária do produto B passar a ser $ 4? 4. Uma pequena empresa produz pôsteres de bandas de Rock. Ela fabrica quatro tipos de pôsteres, que diferem em tamanho e nas cores utilizadas. A empresa conseguiu uma impressora para produzir os pôsteres e estabeleceu um limite mı́nimo de 1000 pôsteres para produção. Cada pôster deve ser impresso, cortado e dobrado. O tempo (em minutos) para fazer isso para os quatro tipos de pôsteres é de: Tipo de Pôster Impressão Corte Dobragem A 1 2 3 B 2 4 2 C 3 1 5 D 3 3 3 Disponı́vel 15000 20000 20000 (a) Quais as quantidades ótimas produzidas e o lucro projetado? (b) Quanto a empresa está disposta a pagar por tempo extra de impressão, de corte e de dobragem? (c) Suponha que reduzı́ssemos o limite mı́nimo de produção de 1000 em um dos itens para 900. Qual pôster deveria ter sua produção diminuı́da, e qual seria o lucro adicional da empresa? 5. A Distribuidora de Bebidas Desce Redondo deseja programar suas vendas para o mês de janeiro, de acordo com as cotas por produtos determinadas pela empresa produtora Ambe, fabricante de diferentes marcas de cerveja. Neste perı́odo, a Desce Redondo consegue vender quaisquer quantidades de produto entregues pela Ambe, tendo uma margem de lucro de 12% sobre sua receita. A Ambe autorizou um pedido de 150.000 caixas com 24 garrafas cada, de diversos produtos, podendo a Desce 5.4. LISTA DE PROBLEMAS 99 Redondo determinar dentro de certos limites impostos pela fábrica que quantidade deseja receber de cada cerveja. A tabela abaixo discrimina os lucros unitários por caixa dos produtos e limites de cotas impostos pela fábrica. Cerveja Capacidade Preço de venda Max (%) Min(%) Recipiente (ml) por caixa (R$) Antártida 600 55,00 60 55 Antártida 350 37,50 40 35 Boemia Regressa 600 60,00 3,0 1,0 Mudweiser 350 40,50 1,5 0,5 Malebier 350 34,00 1,5 1,0 Bama Chopp 350 40,50 1,7 0,5 Lambati 350 44,30 5,0 2,0 Desce Redondo 600 44,30 3,0 0,5 Pede-se (a) Quais são as quantias ótimas a serem solicitadas? Qual o lucro total? (b) Se você pudesse aumentar seu pedido em 50 caixas, que cerveja solicitaria? 6. Considere o PPL z = −5x1 + 5x2 + 13x3 max s.a. : −x1 + x2 + 3x3 ≤ 20 12x1 + 4x2 + 10x3 + 2x4 ≤ 90 x1 , x2 , x3 ≥ 0 bem como o seu quadro Simplex ótimo x1 x2 x3 x4 x5 x2 -1 1 3 1 0 20 x5 16 0 -2 -4 1 10 z 0 0 -2 -5 0 -100 100 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX Resolva as seguintes questões: (a) Qual a nova solução ótima se alterarmos o vetor b de (20 90)T para (10 100)T ? (b) Qual a nova solução ótima se alterarmos o custo c3 da variável x3 de 13 para 8? (c) Qual a nova solução ótima se alterarmos os coeficientes de x2 nas restrições de (1 4)T para (2 5)T ? (d) Qual a nova solução ótima se introduzirmos no PPL original uma nova variável x6 com coeficientes a6 = (3 5)T e c6 = 10? (e) Qual a nova solução ótima se introduzirmos uma nova restrição no PPL original: 2x1 + 3x2 + 5x3 ≤ 50? 7. A Electra produz quatro tipos de motores elétricos, cada um em uma linha de montagem separada. As capacidades respectivas das linha são 500, 500, 800 e 750 motores por dia. O motor do tipo 1 usa oito unidades de um certo componente eletrônico, o motor do tipo 2 usa cinco unidades, o motor do tipo 3 usa quatro unidades e o motor do tipo 4 usa seis unidades. O fabricante do componente pode fornecer 8.000 peças por dia. Os preços dos componentes para os respectivos tipos de motor são $ 60, $ 40, $ 25 e $ 30 por motor. (a) Determine o mix ótimo de produção diária. (b) A atual programação de produção atende às necessidades da Electra. Contudo, devido à concorrência, pode ser que a empresa precise reduzir o preço do motor do tipo 2. Qual é a maior redução que pode ser efetuada sem alterar a programação de produção atual? (c) A Electra decidiu reduzir em 25% o preço de todos os tipos de motores. Use a análise de sensibilidade para determinar se a solução ótima permanecerá inalterada. (d) Atualmente, o motor do tipo 4 não é produzido. De quanto deveria ser o aumento no preço desse motor para ser incluı́do na programação de produção? 5.4. LISTA DE PROBLEMAS 101 8. Um fazendeiro dispõe de 100 hectares de terra e um total de mão-de-obra anual disponı́vel correspondente a 10 000 homens/hora. O fazendeiro tem a opção de plantar trigo, soja ou milho. O gasto anual de mão-de-obra por hectare para cada uma destas culturas é respectivamente h1 , h2 e h3 homens/hora. O lucro por hectare para trigo, soja e milho é respectivamente 10, 8 e i unidades monetárias. O filho do fazendeiro, Pedro, que estuda P.O., montou então o seguinte modelo, que visa maximizar o lucro da fazenda: max s.a. : z = 10x1 + 8x2 + x3 x1 + x2 + x3 ≥ 100 h1 x1 + h2 x2 + h3 x3 ≥ 10000 x1 , x2 , x3 ≥ 0 onde x1 , x2 e x3 representam a quantidade de terra por hectare a ser plantada respectivamente com o trigo, soja e milho. Em seguida, Pedro pediu ao pai para especificar os valores de h1 , h2 e h3 , com o auxı́lio do Simplex determinou a solução ótima através do seguinte quadro: x1 x2 x3 x4 x5 1 1 1 1 0 100 0 -2 -2 -5 1 9500 0 2 9 10 0 Visando prevenir-se contra possı́veis mudanças na fazenda, estude os seguintes casos (os casos não podem ocorrer simultaneamente): (a) Uma indústria se instala nas proximidades da fazenda e absorve toda a mãode-obra da região. O fazendeiro fica restrito ao caseiro, que não pode dispor de mais de 300 horas por ano. O plano de produção da fazenda seria alterado? Como? Caracterize a nova solução. (b) Por uma questão de segurança (mudança de preços do trigo), o fazendeiro decide plantar no máximo 50 hectares de trigo. Qual seria a nova solução 102 CAPÍTULO 5. O MÉTODO SIMPLEX ótima? (c) Determine o valor das variáveis do dual para três soluções obtidas (a dada no enunciado e mais as obtidas em (a) e (b)). Interprete o significado dessas variáveis para as três soluções caracterizando as alterações sofridas.