CAPÍTULOS DA HISTÓRIA DE APARECIDA Conceição Borges Ribeiro Aparecida, que foi o berço sagrado da Imaculada Conceição, nem sempre foi uma povoação desenvolvida. Durante muitas dezenas de anos, permaneceu como parte integrante do território de Guaratinguetá. Por esta razão, os seus primeiros habitantes foram os mesmos habitantes da referida localidade. Consideraremos neste trabalho, como centro de povoamento, a paragem do Itaguaçu, por ser o local do achado da imagem milagrosa. Sobre a origem desta imagem, torna-se impossível chegarmos a uma conclusão definitiva. Talvez tivesse pertencido a algum dos nobres moradores destas paragens porque, com vimos em artigos anteriores, já, em 1717, devia existir a capela chamada “dos Correas”, situada no termo de Pindamonhangaba, em local não muito distante do Itaguaçu, que foi um centro religioso de grande importância na época, onde se estabeleceram algumas das mais importantes e piedosas famílias de Pindamonhangaba. Os povoadores que vamos mencionar serão aqueles que, numa determinada época da história, contribuíram com seus trabalhos, preces, lutas e serviços públicos na obra civilizadora do lugar onde mais tarde surgiria a tão conhecida Capela da Padroeira do Brasil. Os descendentes destes povoados e proprietários de terras não permaneceram obrigatoriamente em Aparecida porque esta povoação somente tomou vulto neste século. Expandiram-se pelas localidades vizinhas que eram, na época, os verdadeiros centros da sua atuação social, tais como Guaratinguetá, Pindamonhangaba e também as de Minas, possivelmente. Entretanto, nos dias de hoje, uma parte da população de Aparecida descende destes antigos povoadores de que vamos tratar, vindo muitos de localidades vizinhas ou mesmo distantes. Neste trabalho vamos levar em consideração os povoadores de raça branca oriundos das velhas estirpes vicentinas e piratininganas, na sua maioria, que, numa determinada época, contribuíram com seus esforços para o desbravamento e povoamento das terras hoje aparecidenses e regiões limítrofes, as suas campinas e serras, tornando o habitat favorável ao pleno desenvolvimento da civilização. Muitos moradores existiram nestas paragens. Daremos apenas os nomes de alguns que, com maior facilidade, são encontrados nos documentos; muitos deles abastados lavradores e homens de negócio e de projeção social nas vilas da região. Os bairros considerados de Aparecida e seus arredores serão os seguintes: Teteqüera, Boa Vista, Rio Acima, Itaguaçu, Itaguaçutiba, Potchim, Pitas, Ponte Alta, Aroeiras, etc. No próximo artigo iniciaremos, mencionando os povoadores. OS MAIS ANTIGOS SENHORES DE TERRAS DA FUTURA CAPELA DE NOSSA SENHORA APARECIDA E REGIÕES LIMÍTROFES – 1617-1744 A relação que iremos apresentar dos senhores de terras é uma pesquisa do genealogista Doutor Helvécio Vasconcelos Coelho, de Guaratinguetá, e graciosamente cedida para os Capítulos da História de Aparecida. 1 - Antônio Bicudo: - natural de São Paulo, filho de Antônio Bicudo Carneiro, natural dos Açores, que exerceu o cargo de ouvidor da capitania de São Vicente e de sua mulher Isabel Rodrigues, casado com Maria de Brito, filha de Domingos Pires e de sua mulher Isabel de Brito. Obteve, em época anterior ao ano de 1650, por carta de sesmaria, uma data de terras no rio Paraíba, na paragem denominada “Corupahitiva”. Não tomou posse das suas terras; fizeram-no os seus filhos e genros, logo após a sua morte ocorrida em Santana de Parnaíba, aos quatro de dezembro de 1650. 2 - Capitão João do Prado Martins: - natural de São Paulo, filho de João do Prado e de sua mulher Maria da Silva Sampaio, e casado com Maria Leme de Chaves, irmã do capitão Domingos Luiz Leme, um dos fundadores da vila de Santo Antônio de Guaratinguetá. Foi proprietário de uma sesmaria em Guaratinguetá, nas vizinhanças da paragem denominada Itaguaçutiba, concedida por carta de sesmaria anterior ao ano de 1647. 3 - Capitão Braz Esteves Leme: - natural de São Paulo, filho de Pedro Leme e de sua mulher Helena do Prado e casado com Margarida Bicudo de Brito, filha de Antônio Bicudo e de sua mulher Maria Brito. Pelos anos de 1647, obteve do capitão-mor Manuel Carvalho, governador da capitania de Santo Amaro, uma sesmaria na paragem de Itaguaçutiba, a qual foi posteriormente confirmada por carta de sesmaria do capitão-mor Dionísio da Costa, governador da capitania de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém. Depois de 30 de janeiro de 1651, mudou-se com sua família para Guaratinguetá onde exerceu os nobres cargos da governança, entre os quais o de juiz ordinário de órfãos, em 1657. Entre os seus filhos contam-se o capitão Antônio Bicudo Leme, fundador da vila de Pindamonhangaba, o alcaide-mor Braz Estevez Leme e outros, todos da primeira projeção social na capitania. 4 - Antônio do Zouro de Oliveira: - genro do precedente. Juntamente com seu sogro obteve sesmaria no Itaguaçutiba, a qual foi confirmada por carta de sesmaria de 1651. 5 - Capitão Diogo Barbosa do Rego: - natural de Portugal, casado com Branca Raposo, natural de São Paulo, filha de Antônio Raposo, cavaleiro fidalgo e de sua mulher Isabel de Góis. Depois de morar muitos anos em São Paulo, onde foi da governança e sertanista, passou a residir na recém-fundada vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, onde exerceu igualmente os altos postos da república, entre os quais, o de juiz ordinário de órfãos em 1660 e faleceu em 23 de agosto de 1661. Os seus descendentes foram grandes povoadores das futuras terras aparecidenses. 6 - Capitão Mateus Leme do Prado: - natural de São Paulo, filho de Pedro Leme e de sua mulher Helena do Prado, casado com Beatriz Barbosa do Rego, filha do capitão Diogo Barbosa do Rego e de sua mulher Branca Raposo. Fez o estabelecimento na recém-fundada vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, onde, em 1658 exerceu o cargo de juiz ordinário de órfãos. Foi grande proprietário de terras no bairro das Pitas, cujos sertões atingiam o ribeirão dos Motas. Sendo grande devoto do santo do seu nome, pelos anos de 1680 mais ou menos, com autorização eclesiástica, fez instituir na Matriz da vila de Guaratinguetá, uma imagem em louvor a São Mateus, com a obrigação perpétua de se celebrar anualmente uma missa cantada com todas as demais festividades, no dia de sua invocação. Doou, por escritura pública ao referido santo, uma sorte de terras de quatrocentas braças de testada, no bairro das Pitas, para serem aforadas e, do seu rendimento, obter-se os meios necessários para o cumprimento dos propósitos desta instituição. Por muitos anos, perdurou esta tradicional devoção em Guaratinguetá, sendo somente extinta pelas alturas do primeiro ou segundo quartel do século passado. 7 - Capitão Domingos Bicudo de Brito: - natural de São Paulo, filho de Antônio Bicudo e de sua mulher Maria de Brito, casado com Francisca Leme de Alvarenga, filha do capitão Francisco de Alvarenga e de sua mulher Luzia Leme. Em data anterior a 1660, obteve, por carta de sesmaria, uma sorte de terras na paragem de Teteqüera, onde foi morador. 8 - Capitão Fernando Bicudo de Brito: - natural da vila Parnaíba, filho de Antônio Bicudo e de sua mulher Maria de Brito, casado na mesma vila com Luzia Leme de Alvarenga, filha do capitão Francisco de Alvarenga e de sua mulher Luzia Leme. Depois do ano de 1653, passou a residir na recém-fundada vila de Guaratinguetá. Foi morador, com seu irmão, o capitão Domingos Bicudo de Brito, nas terras da paragem denominada “Ubatuba”, situadas junto do rio Paraíba. Faleceu em Guaratinguetá em 3 de maio de 1688, e sua mulher, em 31 de janeiro de 1690, na mesma vila. 9 - Capitão Sebastião Fernandes Camacho: - natural de São Paulo, filho de Sebastião Fernandes Camacho, que exerceu em 1628 na mesma vila, o cargo de juiz ordinário, já falecido em 1634, e de sua mulher Maria Afonso; casado em julho de 1637 em São Paulo, com Isabel Rodrigues Bicudo, natural da mesma vila, filha de Antônio Bicudo e de sua mulher Maria de Brito. Foi morador em São Paulo, onde exerceu, em 1643, o cargo de juiz ordinário. Acompanhando a numerosa família de sua mulher, estabeleceu-se com sesmaria, no bairro de Teteqüera, depois do ano de 1650. Já era falecido em 1660, ano em que sua viúva, prosperando, adquiria por compra novas terras na mesma paragem. 10 - Sebastião Fernandes Camacho (o moço): - natural de São Paulo, filho do precedente. Em 1660, possuía terras no Teteqüera, limitando com as de sua mãe. Foi casado, segundo Silva Leme, com Joana Brandão de Vasconcelos. 11 - Capitão Estêvão Raposo Barbosa: - natural de São Paulo, filho do capitão Diogo Barbosa do Rego e de sua mulher Branca Raposo, casado com Helena do Prado da Silva, filha do capitão Brás Esteves Leme e de sua mulher Margarida Bicudo de Brito. Foi proprietário de terras na paragem do Itaguaçutiba, pelas alturas do último quartel do século XVII, recebidas por título de herança do seu sogro. Sua mulher, falecida em 1733, ainda conservava as referidas terras. 12 - Capitão Antônio Raposo Barbosa: - filho do precedente, casado com Maria de Lima do Prado, filha de Sebastião Machado de Lima e de sua mulher Catarina de Almeida do Prado. Obteve, em fins do século XVII, vasta sesmaria com suas pontas, sapais e alagadiços e suas entradas do rio Paraíba, na paragem do Itaguaçu e arredores. Foi um dos mais abastados lavradores da região, entre os anos de 1695 e 1746, mais ou menos. 13 - Capitão Francisco de Almeida Gago: - proprietário pelas alturas do último quartel do século XVII, de terras e sítio, no Teteqüera. 14 - Capitão Faustino Pereira da Silva: - natural de Viana do Minho, casado com Maria da Silva Magalhães, natural de Pindamonhangaba, filha de João Correa de Magalhães e de sua mulher Francisca Romeiro Cabral. Estabeleceram-se no bairro de Tetequera em terras adquiridas ao capitão Francisco de Almeida Gago, até o ano de 1712. 15 - Capitão José Correa Leite: - natural de São Paulo, filho do capitão Pascoal Leite de Miranda e de sua mulher Ana Ribeiro, casado com Isabel Cardoso Leite, natural da mesma cidade, filha de Antônio Ferraz de Araújo e de sua mulher Maria Pires Bueno. Em 21 de junho de 1712, adquiriu por compra ao capitão Faustino Pereira da Silva e sua mulher, as suas terras do Teteqüera, termo e limite da vila de Santo Antônio de Guaratinguetá. Foi instituidor da Capela dos Correas, como temos escrito em artigos anteriores desta série, em 1713, sendo morador na sua fazenda do rio Paraíba abaixo, obteve, por carta de sesmaria, uma sorte de terras devolutas que havia pertencido a João Correa da Rocha, situada entre as terras de Domingos Soares e as de Amaro Lobo. 16 - Francisco Nunes da Costa: - natural da capitania do Espírito Santo, casado em Guaratinguetá com Lucrecia Leme Barbosa, filha do capitão Mateus Leme do Prado e de sua mulher Beatriz Barbosa do Rego. Em fins do século XVII e princípios do século seguinte, foi proprietário de terras no bairro das Pitas. Já era falecido em 1726 e sua mulher faleceu em 1743, em Guaratinguetá. 17 - Capitão Francisco Lopes de Faria: - casado com Margarida Bicudo Barbosa, filha do capitão Estêvão Raposo Barbosa e de sua mulher Helena do Prado da Silva. Tiveram terras em “Tahusutuba” entre os anos de 1687 e 1722. 18 - Capitão Amaro Lobo de Oliveira: - natural da vila de Taubaté e morador na vila de Jacareí onde exerceu os nobres cargos da república, filho de Manuel Francisco de Escobar e de sua mulher Mariana de Góis, casado com Maria de Barros Freire, natural de Taubaté, filha de Estêvão de Barros Cardoso e de sua mulher Maria Bicudo de Brito. Em 26 de abril de 1707, na vila de Guaratinguetá, adquiriu, por compra de Helena do Prado da Silva, viúva do capitão Estêvão Raposo Barbosa, uma sorte de terras de duzentas braças de testada por duas léguas de sertão na paragem chamada “Ubatuba”, junto do rio Paraíba, entre os bairros de Tetequera e Itaguaçu, no lugar onde moraram Domingos Bicudo de Brito e seu irmão Fernão Bicudo de Brito. 19 - Domingos Soares Leite: - natural de freguesia de Sanfins, termo da vila da Feira, bispado do Porto, casado com Domingos Lobo de Oliveira, filha do precedente. Foi proprietário de terras nas proximidades do Tetequera, entre os anos de 1707 e 1740, mais ou menos. 20 - Estevão de Barros: - filho do capitão Amaro Lobo de Oliveira e de sua mulher Maria de Barros Freire. Adquiriu por compra à sua mãe, sendo viúva, as terras que haviam aos seus filhos: Salvador Fernandes Barros, Estêvão de Barros, João Batista Cardoso, Francisco de Barros e Amaro de Barros. 21 - Domingos Esteves Leite: - falecido em 1728, casado com Rosa Maria de Jesus, filha de Domingos Soares Leite e de sua mulher Domingas Lobo de Oliveira. Teve lavouras nas terras do seu sogro. 22 - Inácio Rodrigues de Freitas: - casado com Catarina Portes del Rei, pelos anos de 1700 mais ou menos, havia adquirido terras a Helena do Prado da Silva, viúva do capitão Estêvão Raposo Barbosa, nas proximidades do Itaguaçutiba. 23 - Alferes Antônio Raposo de Lima: - filho de Domingos Machado de Lima e de sua mulher Branca Raposo Barbosa, naturais de São Paulo, casado com Catarina de Almeida do Prado, filha de Francisco de Almeida Gago e de sua mulher Mariana Rodrigues do Prado. Teve terras no Itaguaçu, limitando com as de Manuel da Silva e de Estêvão Raposo, entre os anos de 1720 e 1758, data do seu falecimento. 24 - Francisco da Costa Soares: - falecido em 1731, casado com Joana Pais, falecida em 1730, tiveram sítio no Itaguaçu depois do ano de 1710. 25 - Domingos da Costa Paiva: - natural de Guaratinguetá, filho de Faustino Leme e de Isabel Garcia, casado com Fabiana Fernandes Teles, falecida em 1749, foram proprietários de terras em Aparecida entre os anos de 1711 e 1753. Doaram, por escritura pública de 16 de maio de 1744, a Nossa Senhora Aparecida, uma sorte de terras partindo com Lourenço de Sá e Salvador da Mota, correndo o sertão para o Mato Dentro. 26 - Antônio de Bastos Antunes: - natural de Portugal, casado com Maria Barbosa de Lima, filha de Domingos Machado de Lima e de sua mulher Branca Raposo Barbosa, tiveram sítio no Itaguaçu, entre os anos de 1732 e 1752, mais ou menos, partindo com Antônio Diniz Chaves e Domingos Machado de Lima. 27 - Lucas Fernandes Pinto: - natural de Taubaté, filho de Vicente Pereira Dutra e de Maria Fernandes Pinto, casado com Marta de Siqueira, natural da mesma vila, filha de Manuel de Siqueira e de Marta de Miranda. – Foram proprietários de um sítio no Potchim entre os anos de 1729 e 1752, partindo com João de Melo e Maria Leme. 28 - Antônio Diniz Chaves: - natural de Portugal, falecido em 1757, em Guaratinguetá, casado com Isabel Pais da Silva, filha de Francisco Lopes de Faria e de sua mulher Margarida Bicudo Barbosa, tiveram sítio no Itaguaçu, depois do ano de 1727, partindo com Antônio de Bastos Antunes e Pedro Leme de Prado. 29 - Capitão Salvador da Mota Pais: - natural de Guaratinguetá, filho do capitão Salvador da Mota de Oliveira e de sua mulher Maria do Rego Barbosa, casado a primeira vez com Maria Bicudo Leme, natural da mesma vila, filha do capitão Roque Bicudo e de sua mulher Ana Vieira de Barros. Segunda vez casou com Ana Maria do Prado, filha de Antônio Correa de Lemos e de sua mulher Maria Antunes do Prado. Foi proprietário, entre os anos de 1730 e 1752, mais ou menos, de um sítio na paragem da Ponte Alta. 30 - Antônio Fernandes: - casado com Branca Raposo, filha de alferes Antônio Raposo de Lima e de sua mulher Catarina de Almeida do Prado, tiveram um sítio no bairro do Itaguaçu, no segundo quartel do século XVIII. Foram seus vizinhos, João Alves, o alferes André da Silva Tourinho e Antônio Diniz Chaves. 31 - Pedro da Mota Pais: - já falecido em 1751, foi proprietário de terras em Aparecida, limitando com as de Jerônimo Dorneles de Menezes. Os seus antepassados foram proprietários de terras em Guaratinguetá, na paragem que mais tarde ficou conhecida pelo nome de bairro dos Motas. 32 - André Bernardes de Brito: - natural de Guaratinguetá, filho do capitão Antônio Pedroso de Alvarenga e de sua mulher Maria da Luz do Prado, casado com Margarida Nunes Rangel, natural da mesma vila, filha de Francisco Nunes da Costa e de sua mulher Lucrecia Leme Barbosa. Foi homem de negócios e lavrador em Guaratinguetá, onde serviu os cargos da governança. As suas terras, situadas na paragem denominada Ponte Alta, abrangiam grande parte da atual cidade de Aparecida. Já era falecido em 1744 e, nesse ano, a sua viúva Margarida Nunes Rangel, doou, por escritura pública de 4 de maio, a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o morro denominado dos “Coqueiros” para nele ser edificada a sua primeira capela. Faleceu Margarida Nunes Rangel aos seis de julho de 1776, no bairro da capela de Nossa Senhora Aparecida, com testamento, sendo inventariada em Guaratinguetá. 33 - Jerônimo Dorneles de Menezes: - natural da Ilha da Madeira, casado com Lucrecia Leme Barbosa, natural da vila de Guaratinguetá, filha do capitão Baltazar Correa Moreira e de sua mulher Fabiana da Costa Rangel, gente boa e das principais da vila de Guaratinguetá. Pelas alturas do segundo quartel do século XVIII, foram proprietários de terra em Aparecida, partindo para os lados das Pitas com as da defunta Lucrecia Leme Barbosa (a velha), e do outro lado com as terras que foram do defunto Pedro da Mota Pais. Em 1751, sendo morador em Viamão (RS), doou por escritura de 17 de abril as referidas terras a N. Sra. Aparecida. 34 - João da Costa Cruz: - natural de Barcelos (Portugal), casado com Lucrecia Leme Barbosa, filha de Francisco Pedroso da Costa e de sua mulher Maria Teixeira de Gusmão. Deixou, por seu falecimento em 1759, um sítio partindo com as terras de Margarida Nunes Rangel e com o ribeirão da Ponte Alta. 35 - Lourenço de Sá: - natural de Santiago Dantas, arcebispado de Braga, casado em Pindamonhangaba com Maria da Conceição de Jesus, natural da mesma vila, filha do sargento-mor Francisco Botelho de Oliveira, natural da vila de Aveiro, bispado de Coimbra, e de sua mulher Maria da Conceição de Jesus. Foi morador em Guaratinguetá, onde exerceu os cargos honrosos da governança, entre os quais o de juiz ordinário em 1734. Foi grande proprietário de terras em Aparecida, limitando com as de Margarida Nunes Rangel e outros. Em 28 de maio de 1744, juntamente com sua mulher, fez doação, por escritura pública, de grande parte de terras a Nossa Senhora Aparecida. O seu nome figura entre os de maiores benfeitores de Nossa Senhora Aparecida. 36 - Capitão Manuel da Mota Pais: - natural de Guaratinguetá, filho do capitão Salvador da Mota Oliveira e de sua mulher Maria do Rego Barbosa, casado, em Taubaté, com Luzia Rodrigues Bicudo, natural da mesma vila, filha do capitão Francisco Borges Rodrigues e de sua mulher Ana Vaz Bicudo. Exerceu em Guaratinguetá os nobres cargos da governança, tais como o de juiz ordinário em 1725 e 1736. Foi pelas alturas do segundo quartel do século XVIII, proprietário de terras no bairro das Pitas, onde dedicava-se aos tratos de lavoura e engenho. 37 - Capitão Gaspar Correa Leite: - natural da freguesia de Araçariguama, comarca de São Paulo, filho do capitão Pascoal Leite de Miranda e de sua mulher Ana Ribeiro, casado, a 2 de março de 1705, em São Paulo com Maria Leite de Barros, natural de mesma freguesia, filha do capitão Pedro Vaz de Barros e de sua mulher Maria Leite de Mesquita. Foram mineradores de ouro, nas Minas Gerais. Estabeleceram residência em Pindamonhangaba, em princípios do século XVIII, em suas terras adquiridas por compra, situadas na paragem da Boa Vista, as quais, pouco tempo depois, entestariam com as terras do morgado da recém-fundada Capela de N. S. do Rosário, do capitão José Correa Leite. Aí viveram abastamente das suas lavouras. O capitão Gaspar Correa Leite já era falecido em 1733, mas sua mulher ainda vivia em 1750, ano em que doou por escritura, para o patrimônio do seu filho Pe. José Correa Leite, as terras que possuía na sobredita paragem. 38 - Capitão Inácio Correa Leite: - natural de Pindamonhangaba, filho do precedente, casado a primeira vez com Rosa da Silva Ramos, natural da mesma vila, filha do licenciado Domingos Rodrigues Ramos e de sua mulher Catarina Gomes da Silva. Era pelos anos de 1750, proprietário de terras no bairro do Rio Acima. Sua mulher faleceu em 1754, em Guaratinguetá. Foi casado a segunda vez com Teresa Maria Bueno de Cerqueira Leme, como já temos visto em artigos anteriores. 39 - Capitão Antônio Raposo Leme: - natural de Pindamonhangaba, filho de Manuel Moniz Pereira e de sua mulher Maria Raposo Barbosa. Casado a primeira vez com Luzia Rodrigues do Prado, falecida em 1723, em Pindamonhangaba; segunda vez com Luiza Leme de Alvarenga, falecida em 1732, em Guaratinguetá, filha do capitão Roque Bicudo Leme e de sua mulher Ana Vieira de Barros; terceira vez com Maria Nunes Brito, filha de André Bernardes de Brito e de sua mulher Margarida Nunes Rangel. Foi morador em Pindamonhangaba, onde exerceu os altos cargos da governança entre os quais o de juiz de órfãos em 1722 e o de juiz ordinário em 1725. Mudando-se para Guaratinguetá, aí exerceu igualmente os cargos da governança, entre os quais, o de juiz ordinário em 1743. Foi, pelo segundo quartel do século XVIII, proprietário de terras na paragem denominada Pitas, onde viveu dos tratos de lavoura e engenho, cujas terras limitavam com as de Bartolomeu de Moura e com as de André Bernardes de Brito, seu sogro. O capitão Antônio Raposo Leme foi um dos construtores da primeira capela de N. S. Aparecida, cuja construção foi levada a efeito em 1744, ao tempo do vigário de Guaratinguetá. Pe. José Alves Vilela. 40 - Capitão Antônio Rodrigues de Miranda: - natural de São Paulo, filho do capitão Pascoal Leite de Miranda e de sua mulher Ana Ribeiro, casado em Parnaíba com Maria Pires de Araújo, natural da mesma vila, filha de Antônio Ferraz de Araújo e de sua mulher Maria Pires Bueno. Foi grande proprietário de terras nas proximidades da capela de N. Sra. do Rosário dos Correas, havidas por uma carta de sesmaria e por compra que fez a Domingos Soares Leite e Amaro Lobo, as quais terras corriam do rio Paraíba para os morros, partindo de uma banda com terras do capitão Miguel de Godói Moreira e da outra com terras de Sebastião de Siqueira Gil. Em 22 de fevereiro de 1716, na paragem chamada Santa, no Rio Paraíba, tomou posse de uma sorte de terras que havia anteriormente adquirido por compra ao capitão Amaro Lobo de Oliveira. O capitão Antônio Rodrigues de Miranda faleceu em Pindamonhangaba, em 1740, e sua mulher havia falecido em 1735, na mesma vila, deixando nobre geração. 41 - Licenciado Antônio Ferraz de Araújo: - filho do precedente, casado com Bernarda Pedroso da Silveira, filha de Domingos Alves Ferreira e de sua mulher Tomásia Pedroso da Silveira. Foram herdeiros das sobreditas terras de seu pais e sogro, as quais venderam por escritura de 9 de setembro de 1740, em Pindamonhangaba, ao capitão Miguel de Godói Moreira. Foram moradores em suas terras do Pindahitiba. 42 - Capitão Miguel de Godói Moreira: - natural de São Paulo, filho de Inácio de Godói Moreira e de sua mulher Catarina de Medeiros Unhate, casado com Maria Leite Araújo, filha de Antônio Ferraz de Araújo e de sua mulher Maria Pires Bueno. Em 1727, por escritura de 14 de abril, na vila de Pindamonhangaba, adquiriu por compra ao capitão José Correa Leite e sua mulher, uma sorte de terras na capela dos Correas, limitando de um lado com as terras deles vendedores e do outro lado com as terras do capitão Antônio Rodrigues de Miranda. Exerceu em Pindamonhangaba os cargos da governança. Faleceu em 1752, em Pindamonhangaba, e sua mulher, em 1748, deixando grande geração na mesma vila. 43 - Sargento-mor Francisco Nabo Freire: - natural de Lagos, Algarve, filho de João Neto Delgado Arouche e de sua mulher Maria Freire, casado a primeira vez em Araçariguama, com Ana Pires de Barros, natural da mesma freguezia, filha do capitão Rodrigo Bicudo Chassim e de sua mulher Maria Pires Bueno, natural de Pindamonhangaba, filha do capitão Miguel de Godói Moreira e de sua mulher Maria Leite de Araújo. Foi morador em Guaratinguetá, onde exerceu os cargos honrosos da governança, entre os quais o de juiz ordinário em 1739 e 1744. Foi proprietário de terras na mesma vila, na paragem da Boa Vista. Em 20 de outubro de 1736, obteve, por carta de sesmaria, do capitão General Conde de Sarzedas, governador da capitania de São Paulo, meia légua de terras em quadra, na mesma paragem, limitando com as terras do capitão Amaro Lobo e com as de Domingos Soares Leite. 44 - Antônio da Silva Reis: - filho de José Moreira de Castilho e de sua mulher Maria da Silva Reis, casado com Lucrecia Leme de Jesus, filha de João da Costa Cruz e de sua mulher Lucrecia Leme Barbosa. Deixou por seu falecimento em 1762, um sítio na paragem da Ponte Alta, correndo pela estrada do rio Paraíba, partindo com Sebastião Machado de Lima, Francisco Gomes de Araújo e Antônio Coelho Marreiros. 45 - Capitão Manuel da Costa Pais: - natural da vila de Pindamonhangaba, filho do tenentecoronel Antônio da Cunha Portes de El Rei e de sua mulher Francisca Romeiro Velho Cabral, casado com Isabel Cardoso Leite, filha do capitão Miguel de Godói Moreira e de sua mulher Maria Leite de Araújo. Em 1752, era morador no bairro da capela Nossa Senhora do Rosário de Rio Abaixo, termo de Pindamonhangaba, onde vivia de suas lavouras. Faleceu em 1777, com testamento, e sua mulher em 1799, em Pindamonhangaba, sendo ambos inventariados nessa vila. Foi o progenitor de tradicionais famílias pindenses. NOTA: Com este artigo terminamos a série dos mais antigos senhores de terras, fornecida pelo doutor Helvécio Vasconcelos Coelho, de Guaratinguetá, que reuniu a sua pesquisa de documentos autênticos, para os “Capítulos da História de Aparecida”. Estes senhores de terras, como vimos, foram moradores nas paragens: Rio Acima, Tetequera, Boa Vista, Ubatuba, Itaguaçu, Itaguaçutiba, Potchim, Pitas, Ponte Alta, Aroeira, etc., que circundavam o porto de Itaguaçu, onde foi encontrada a imagem milagrosa de N. Sra. Aparecida. Este texto foi originalmente publicado no jornal “Santuário de Aparecida”, em doze capítulos, entre 25/02 e 20/05/1962.