UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
PIBEX
ANEXO II - Projeto PIBEX
Título:
A Família Inserida no Contexto Hospitalar Enquanto Acompanhante de Crianças Internadas na
Pediatria do Hospital São Sebastião em Viçosa - MG
Número de Registro no RAEX/SIEX (se houver): 049/2008
Área Temática da Extensão (Principal):
( ) Comunicação ( ) Cultura ( ) Direitos Humanos ( x ) Educação ( ) Meio Ambiente ( ) Saúde
( ) Tecnologia e Produção ( ) Trabalho
Área Temática da Extensão (Secundária):
( ) Comunicação ( ) Cultura ( ) Direitos Humanos ( x ) Educação ( ) Meio Ambiente ( ) Saúde
( ) Tecnologia e Produção ( ) Trabalho
Departamento/Instituto/Unidade a que o projeto está vinculado:
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉSTICA
Coordenador(a):
Maria de Lourdes Mattos Barreto, [email protected]; (31) 3899 2448
Equipe de Trabalho
Nome
Departamento/
Instituto/Unidade
Docente/Estudante/
Técnico/Outros
Função no Projeto
Carga Horária
no Projeto
Maria de Lourdes M. Barreto
DED
Docente
Coordenadora
04
Naíse Valéria Guimarães Neves
DED
Docente
04
Ana Paula Machado Gomes
DED/Educação
Infantil
DED/Educação
Infantil
DED/ Educação
Infantil
DED/ Educação
Infantil
DED
Estudante
Membro da
Equipe
Coordenadora
Bolsista
Estudante
Voluntária
08
Estudante
Voluntária
08
Estudante
Voluntária
08
Técnica
Colaboradora
04
Hospital São
Sebastião
Economista
Doméstica
do Hospital São
Sebastião
Supervisora das
Voluntárias no
HSS
04
Ana Carolina Santos Silva
Sara Souza Bustamante
Lívia de Oliveira Júlio Fidêncio
Lilia Leandra de Ávila
Rita Maria Sant’anna e Castro
20
Apresentação:
O projeto apresentado tem como proposta dar continuidade ao projeto de extensão,
registro nº 049/2008, intitulado: A FAMÍLIA INSERIDA NO CONTEXTO HOSPITALAR
ENQUANTO ACOMPANHANTE DE CRIANÇAS INTERNADAS NA PEDIATRIA DO
HOSPITAL SÃO SEBASTIÃO EM VIÇOSA - MG.
A ideia do projeto surgiu das experiências vivenciadas no projeto de extensão
intitulado: Brinquedoteca Hospitalar: Uma Estratégia de Humanização junto às Famílias e
Crianças Atendidas no Hospital São Sebastião em Viçosa, MG. Durante as atividades desse
projeto percebemos a necessidade de uma atenção mais voltada para as famílias e/ou
acompanhantes das crianças que estavam internadas, pois, em várias situações essas pessoas
demandavam algum tipo de informação, principalmente após as visitas médicas, onde alguns
procedimentos eram propostos pelos pediatras e os acompanhantes não o compreendiam.
Diante disso, quando as crianças estavam na brinquedoteca ou quando desenvolvíamos
atividades lúdicas nos leitos e os acompanhantes participavam, eles acabavam tentando tirar
algumas dúvidas sobre essas informações repassadas pelos pediatras ou pela equipe de
enfermagem, bem como sobre alguns comportamentos apresentados pela criança.
Em 2007, quando propomos pela primeira vez o desenvolvimento desse projeto,
tivemos a possibilidade de conhecer várias realidades sobre as famílias das crianças em regime
de internação e como estas são importantes no processo de recuperação das mesmas.
Percebemos também que o hospital enfrentava vários problemas no que se referia à presença
do acompanhante da criança durante seu período de internação na pediatria do HSS, dentre
eles podemos ressaltar: falta de informação dos acompanhantes em relação à recuperação da
criança, falta de informação de como cuidar da criança atendendo às prescrições médicas e
problemas com relação à higiene, alimentação, desconhecimento sobre algumas reações, às
vezes “agressiva” da criança que estava em regime de internação, falta de informação sobre o
desenvolvimento e aprendizagem da criança e a importância do lúdico nesse processo.
Buscando conhecer a realidade do cotidiano hospitalar conseguimos identificar que a
maioria das famílias que têm crianças internadas na pediatria do hospital São Sebastião é de
baixa renda e necessitam de muitas informações em relação à saúde física e mental das
crianças, bem como de orientações que possam contribuir com a continuidade dos processos
de desenvolvimento e aprendizagem das crianças em situação de internação, no que se refere
aos aspectos físico-motor, social, afetivo, cognitivo e moral. Além disso, é importante
também que as famílias compreendam as prescrições encaminhadas pelos médicos. Muitas
vezes, a pessoa que está acompanhando a criança não consegue compreender as prescrições
médicas durante o período de internação, não consegue compreender como organizar os
horários de medicamentos após a alta da criança e nem como proceder em relação aos
“cuidados” para que a criança continue seu processo de recuperação em seu ambiente
doméstico, dentre outras dificuldades apresentadas.
Foram atendidas 250 crianças e seus respectivos acompanhantes (mãe, pai, avó, tia,
etc). Destas podemos inferir que 19,6% foram reincidentes no hospital. Sendo que em sua
maior parte estas residem no município de Viçosa-MG, tanto na zona urbana quanto na rural.
Além de termos também um atendimento às famílias oriundas de outras cidades,
principalmente da micro - região viçosense.
Os dados revelam que crianças menores de 12 meses têm um maior índice de
internação sobre as demais idades. E as doenças e ou causas de internação que mais acometem
as mesmas são; pneumonia (12,8%), apendicite (11,6%), infecção (3,6%), quedas/acidentes
domésticos (3,6%) e o restante se distribui pelas mais diversas enfermidades (gripe,
desidratação, alergia, , anemia, etc).
A partir desses dados constatamos a grande necessidade de existir uma equipe que apóie
os acompanhantes das crianças internadas para que eles compreendam e tenham mais clareza
sobre os “cuidados” que são necessários durante o período de internação e pós-internação da
criança para que a recuperação dela seja da melhor qualidade possível, uma vez que grande
parte das causas de internação está relacionada com “cuidados” gerais. Além disso, fica
evidente a necessidade que esses acompanhantes têm de receber uma palavra de apoio, carinho
e, principalmente, de serem ouvidos, uma vez que estão vivendo uma situação de grande
conflito emocional ao ver seus filhos/crianças em um estado de prostração e sofrimento.
Percebendo essa realidade social dentro do ambiente hospitalar propusemos
desenvolver um projeto que atendesse às necessidades das famílias/acompanhantes das
crianças em regime de internação no Hospital São Sebastião de Viçosa. Viçosa é considerada
uma cidade pólo da região da Zona da Mata Norte que atende grande parte da população de
cidades da região na sua rede hospitalar. O município conta com apenas dois hospitais, ambos
classificados como hospitais filantrópicos e privados mantidos por valores recebidos dos
convênios com o SUS, representando mais de 60% do atendimento, e consequente receita, e os
demais 40% provenientes de atendimentos a outros convênios e particulares, sendo que apenas
um deles, o Hospital São Sebastião, conta com uma Brinquedoteca, o que pode causar certa
sobrecarga de atendimento, pois o número de crianças atendidas tem aumentado
significativamente a cada ano (RELATÓRIO ANUAL DO HSS1, 2001 – 2003).
Assim, temos como objetivo geral desse projeto propor ações visando contribuir para o
aprimoramento da humanização Hospitalar, sobretudo das famílias/acompanhantes das
crianças internadas atendidas pelo SUS no Hospital São Sebastião de Viçosa, por meio do
desenvolvimento de um PROGRAMA DE APOIO ÀS FAMÍLIAS DAS CRIANÇAS
INTERNADAS NA PEDIATRIA - PAFCIP do HSS, realizando ações de intervenção junto
às mesmas durante e após o período de internação da criança.
Para concretizarmos esse objetivo utilizaremos metodologias de ações participativas de
forma que as pessoas que fazem parte da equipe desse projeto possam desenvolver estratégias
de ações interventivas realizando diferentes tipos de abordagens juntos às
famílias/acompanhantes das crianças de forma a socializar e trocar informações sobre
diferentes assuntos de interesse desse público.
Embora tenhamos consciência de que muitas das demandas de atendimento surgirão
das necessidades do público a ser atendido, apresentamos algumas ações/atividades tais como:
organizar círculos de discussões com os acompanhantes das crianças internadas no setor da
pediatria sobre aspectos de interesse do grupo atendido; promover oficinas junto às
famílias/acompanhantes das crianças internadas na pediatria do HSS a fim de minimizar o
estresse e sofrimento destas durante a internação da criança; promover a auto-estima das
famílias; realizar abordagens junto às famílias por meio de conversas informais, folders,
cartilhas e outros recursos; promover vivências lúdicas dos acompanhantes com as crianças
internadas possibilitando a experiência de interação no espaço da brinquedoteca; contribuir
para tomada de consciência sobre a importância das vivências lúdicas no contexto da vida
humana.
Esperamos, com o desenvolvimento desse projeto, contribuir para tornar o momento da
internação hospitalar da criança menos traumático para a família e para a criança, bem como,
possibilitar a melhoria da qualidade de vida das mesmas uma vez que terão oportunidade de
trocar ideias sobre assuntos diversos e, consequentemente, construir conhecimentos
diferenciados que favorecerá novas formas de compreender o mundo por parte desses
acompanhantes e também das crianças. Além disso, esperamos contribuir para a redução da
reincidência de internação hospitalar advinda de problemas relativos à falta de higiene
alimentar e corporal, falta de informações sobre como melhorar a saúde e prevenir algumas
doenças, dentre outros, que ocorrem devido à falta de acesso às informações.
1
HSS: Hospital São Sebastião
Ação extensionista:
Durante os anos de ação extensionista desse projeto, em parceria com o projeto
Brinquedoteca Hospitalar: Uma Estratégia de Humanização junto às Famílias e Crianças
Atendidas no Hospital São Sebastião em Viçosa – MG e outros projetos e ações da equipe
hospitalar, percebemos que o propósito de desenvolver um programa de apoio as
famílias/acompanhantes das crianças hospitalizadas vem possibilitando que a recuperação das
crianças seja de melhor qualidade, minimizando os traumas que podem advir de uma situação
de internação. Diante das intervenções ocorridas ao longo desses anos, podemos inferir que
muitos foram os avanços na melhoria da qualidade de atendimento aos acompanhantes das
crianças internadas nesse hospital e, consequentemente, na possibilidade de humanizar o
atendimento hospitalar no que diz respeito a este seguimento.
A partir das experiências vivenciadas durante a execução desse projeto observamos
que muitas das pessoas (mães, pais, tios/tias, avós, amigos/amigas, etc) que acompanhavam as
crianças não tinham conhecimento sobre aspectos relativos ao desenvolvimento e
aprendizagem das crianças relacionados principalmente às questões afetivas e sociais; sobre a
importância do lúdico, bem como sobre os cuidados básicos de higiene para com as mesmas.
Observamos que muitas crianças ao chegarem até a Brinquedoteca estavam com “mau cheiro”,
unhas sujas, roupas sujas, entre outros. Em contraposição, outro fato que tem indagado
questionamentos são as reclamações recorrentes por parte dos acompanhantes das crianças
sobre a alimentação que as mesmas recebem no hospital. Alguns acompanhantes têm
reclamado da comida servida dizendo que as crianças, às vezes, deixam de se alimentar devido
a não variação do cardápio, principalmente nos casos que passam mais de 4 dias no hospital.
Dizemos contraposição porque, ao mesmo tempo em que percebemos desconhecimentos sobre
informações básicas sobre higiene, saúde e alimentação e como esses cuidados interferem no
processo de desenvolvimento das crianças, percebemos uma preocupação por parte dessas
pessoas sobre em relação à recusa das crianças de se alimentarem e atribuem isso ao cardápio
oferecido durante o período de internação.
Por meio do diálogo com os acompanhantes das crianças, percebemos que muitos não
tinham conhecimentos sobre diversas questões referentes aos cuidados e educação das
crianças, saúde, importância do brincar, etc. Em se tratando das atividades desenvolvidas na
Brinquedoteca, constatamos que, em alguns casos, os acompanhantes não brincavam com as
crianças. Constamos que isso se devia, basicamente, a dois motivos: a não valorização e
compreensão da importância das vivências lúdicas na vida do ser humano; e à necessidade de
solucionar problemas particulares que não era possível resolver durante o momento em que
estão junto com as crianças, como: conversar com outras pessoas, fumar, fazer ligações
telefônicas, sair do hospital para resolver algum problema, etc.
Diante das questões apresentadas estamos propondo ações que contribuirão para o
aprimoramento do atendimento Hospitalar, sobretudo das crianças e famílias atendidas pelo
SUS no Hospital São Sebastião de Viçosa, fortalecendo a atenção à saúde e integrando ações
de cuidado e educação das crianças internadas por meio da criação de um Programa de Apoio
à Família das crianças internadas na pediatria do HSS, realizando ações de intervenção junto a
essas famílias durante o período de internação da criança.
Fundamentação teórica e justificativa:
Em se tratando de um projeto que está em andamento, é importante ressaltar que as
experiências e as atividades desenvolvidas, até o momento, reafirmam a importância e a
necessidade de realizá-lo e dar continuação ao mesmo. Foi possível perceber, na prática, como
as famílias são importantes no processo de recuperação da criança e, ainda, como carecem de
informações a respeito da situação que estão enfrentando com a internação de seus filhos.
A fim de fortalecermos a atenção à saúde física, cognitiva e afetiva das crianças
internadas na pediatria do HSS, por meio da criação do programa de apoio às famílias das
mesmas, realizando ações de intervenção junto às famílias durante e após o período de
internação da criança, utilizamos, até o presente momento, estratégias interventivas como a
realização de oficinas, círculos de discussão e conversas individuais, abordando questões
relacionadas à higiene, alimentação, saúde, desenvolvimento e aprendizagem das crianças. Foi
possível perceber que os acompanhantes que se dispuseram a participar das atividades
demonstraram interesse e satisfação, ressaltando sempre a importância do aprendizado por
parte deles em relação aos assuntos discutidos.
A relevância social desse projeto está em oportunizar informações e formações
desenvolvendo ações de intervenção junto aos acompanhantes das crianças internadas no setor
da pediatria do Hospital São Sebastião, possibilitando troca de saberes e construção de novos
saberes por todos os atores envolvidos neste processo – famílias, crianças, equipe do projeto e
equipe do hospital. Estas ações, segundo Szymanski (2001), pressupõem a possibilidade de a
família adotar novas formas de convivência que favoreçam o desenvolvimento pessoal de
todos os seus membros. A autora acrescenta que não podemos esquecer que o primeiro direito
da criança e do adolescente é o da proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas
sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência.
Diante das reflexões explicitadas objetivamos a continuação do projeto de intervenção
visando contribuir para o aprimoramento da Humanização Hospitalar, sobretudo das crianças e
famílias atendidas pelo SUS no Hospital São Sebastião de Viçosa, fortalecendo a atenção à
criança, seu desenvolvimento e saúde por meio da criação de um Programa de Apoio à Família
das crianças internadas na pediatria do HSS, realizando ações de intervenção junto a essas
famílias durante o período de internação da criança.
O fato de priorizarmos o atendimento às crianças e famílias atendidas pelo SUS
reafirma a relevância social desse projeto, bem como a proposta de inclusão social. É fato que
o público que utiliza os serviços do SUS em Viçosa e Micro-região caracteriza-se por um
grupo de grande vulnerabilidade social e econômica.
É importante lembrar que estudos desta natureza, nos quais notificam um diagnóstico
de uma dada realidade assistencial, têm seus benefícios à própria equipe de saúde e a
instituição investigada, na medida em que fornece condições para melhor compreender as
expectativas e necessidades das famílias, estabelecendo assim ações e metas para a
qualificação do atendimento hospitalar e a conseqüente melhoria na qualidade de vida e saúde
envolvidas nesse processo.
A continuidade deste projeto e, consequentemente, seu financiamento é fundamental
por se tratar de um tema subjetivo e delicado, com alguns empecilhos de obtenção de
resultados imediatos, uma vez que as famílias das crianças passam por um momento
complicado quando se trata da internação de uma criança. Através de nossa experiência
sabemos que a interrupção das atividades desenvolvidas pelo projeto deixaria de atender a essa
camada da sociedade que tem carência não só financeira, mas também de conhecimento. O
fato de ainda percebermos desinformação quanto aos aspectos básicos de saúde, alimentação,
higiene e desenvolvimento da criança retrata uma grande exclusão social que ainda faz parte
de nossa comunidade.
De acordo com Bruschini citado por Neves (2004):
... famílias são espaços de convívio, de troca de informações entre os membros e onde
existe a possibilidade de as decisões serem tomadas coletivamente. São vínculos nos quais
os sujeitos têm a oportunidade de se re-socializarem, revendo seus valores e posturas na
dinâmica do cotidiano e em função das necessidades do grupo, que se modificam a cada
etapa da vida familiar .
A família possui um papel determinante no desenvolvimento da sociabilidade,
afetividade e bem-estar físico de seus membros, principalmente durante os períodos da
infância e da adolescência. A mesma, enquanto grupo social, desempenha papéis
culturalmente definidos e expressa seus valores, seja na criação dos filhos, ou nos padrões
familiares. Os valores são influenciados diretamente pela família, assim como também pelo
grupo de amizade, entre outras, e ambos recebem influências da sociedade como um todo e da
cultura onde vivem.
A família pode ser considerada como unidade de reprodução social que, em sentido
lato, recobre a reprodução biológica e o processo socializador. “Através desse processo, as
relações entre pais e filhos repõem constantemente vínculos entre gerações, articulando
passado e presente, projetando-os no futuro”. A reprodução ocorre no espaço temporal, sendo
caracterizada pela mudança da posição dos componentes da família na sua estrutura, o que
depende da idade e da experiência destes (MAISTRO citado por NEVES, 2004).
Segundo Romanelli citado por Neves:
A convivência familiar é, pois, um processo constantemente reposto, mas que passa por
alterações, dependendo da fase do ciclo de desenvolvimento do grupo doméstico. Mas
ainda é no interior desse grupo que interpretações e saberes adquiridos por cada um
de seus componentes e referidos ao conjunto da vida social são veiculados, discutidos e
se entrecruzam em um processo de recriação que redefine o presente e cria novos
projetos para o futuro (NEVES, 2004, p.23).
Entretanto, ainda há autores que definem a família, referindo-se a pessoas que são
aparentadas e vivem na maioria das vezes na mesma casa, particularmente pai, mãe e filho, ou
pessoas de mesmo sangue, ascendência ou admitidos por adoção Prado (1981). Essa autora
considera a família como a menor de todas as instituições existentes, sendo de importância
central para todas as outras instituições. Desta forma, ela exerce uma grande influência sobre
os seus indivíduos e certo controle sobre seus membros.
A presença da família no Hospital
Segundo Pedroso (1996), no século XIX, a pediatria surge como especialidade, mas a
separação dos pais já era vista, nesta época como um obstáculo à internação. Vale ressaltar que
são desenvolvidos hospitais especiais para crianças, com atividades de recreação e amplo
acesso dos pais. No entanto, no final do mesmo século, devido às dificuldades de controle e
prevenção de infecções cruzadas, foram adotadas medidas rígidas de esterilização e controle
das visitas. Já nas décadas de 40 e 50, foi demonstrado que a hospitalização conjunta não
contribuía para o aumento do risco infeccioso; de acordo com o autor, diversos pesquisadores
demonstraram diminuição dos índices de infecção hospitalar, dos custos, dias de internação,
de mortalidade e dos fracassos cirúrgicos. Sendo assim, os programas de internação conjunta
passaram a ser considerados barreiras à disseminação das infecções.
A internação conjunta, isto é, a presença de familiares como acompanhante da criança,
contribui para uma maior interação entre a equipe que trabalha no hospital e os pais. Este
maior contato com os pais possibilita a “obtenção de informações seguras sobre o paciente,
possibilita também que as enfermeiras dediquem tempo maior à assistência das crianças
internadas com casos mais graves ou que estão sem pais”. Além disso, permite educar os pais
e garantir a terapêutica correta após a alta da criança.
Segundo Fernandes et al(2006) :
...é fundamental compreender a família como mediadora da criança/adolescente no
hospital, já que, ela é porta-voz das preocupações e sentimentos daqueles que
acompanham, transmitindo à equipe os sinais e as mensagens enviadas pela
criança/adolescente. Estes sinais podem auxiliar os profissionais a rever sua conduta e
promover mudanças na assistência, adequando o mundo do hospital às necessidades da
criança (s.p.).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garante a permanência em tempo
integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.
Essa inserção da família no ambiente hospitalar fez surgir novas demandas com as quais os
profissionais precisam interagir, entre elas, mudar o foco da atenção da doença para o cuidado
e um cuidado que seja inclusivo, pensando na criança/adolescente e sua família. (MACHADO
et al).
De acordo com Machado et al:
Os profissionais precisam entender que os pais também têm suas necessidades físicas
(repouso, alimentação, etc.) e emocionais (atenção, orientação, apoio psicológico) e
precisam ser preparados para participar do cuidado durante a hospitalização e após a alta
(2005, s.p.)
Wong (1999), afirma que os pais negligenciam as suas necessidades de sono, de
nutrição e relaxamento, para não deixarem seus filhos sem acompanhante durante o período de
internação do mesmo. Ele aborda também o fato das acomodações dos hospitais, com
frequência, não serem ideais para o descanso do acompanhante, limitando-se muitas vezes a
uma cadeira e o sono é interrompido diversas vezes pelos procedimentos de enfermagem, isso
causa um estresse alto nos pais, por estarem sujeitos a essas condições extremas.
Acolher e compartilhar informações com as famílias significa compartilhar as ideias e
os cuidados. Dessa forma, busca-se a incorporação das observações feitas pelos familiares no
plano de cuidados da criança/adolescente.
No caso de a criança hospitalizada ter irmãos, uma maneira de auxiliar na recuperação,
seria a visita dos mesmos, trazendo um pouco do ambiente que a criança estava acostumada.
Segundo Wong (1999), os irmãos visitantes podem ser convidados a participarem das
atividades na área de lazer ou outros eventos unitários.
É importante ressaltar que trabalhar com crianças significa trabalhar também com seus
pais, especialmente com sentimentos e atitudes. Segundo Oliveira e Collet (1999), a relação
dos pais e filhos define e dirige o nível de tensão emocional da criança. A insegurança,
indecisão e ansiedade, levam os pais a mudar de comportamento, o que é percebido pela
criança, que busca sua segurança no padrão de cuidados ao qual está acostumado.
Fernandes et al (2006) acrescenta:
A experiência da utilização das atividades grupais para o cuidado às famílias, surge da
necessidade que este grupo específico têm, visto que, pouco tem sido feito no sentido de
acolher os familiares no período de internação do filho, saber suas reais necessidades,
angústias, medos, sentimentos em relação ao filho e estratégias para o cuidado da criança
ou adolescente (s.p.)
A hospitalização representa para a criança medo do desconhecido, sofrimento físico
com os procedimentos e sofrimento psicológico relacionado a todos os sentimentos novos que
possa vivenciar. Já para a família, significa o sentimento de perda da normalidade, de
insegurança na função de progenitores, de alteração financeira no orçamento doméstico, de
dor pelo sofrimento do filho (OLIVEIRA e COLLET, 1999). As autoras ainda relatam que a
formação do profissional enfermeiro se dá no sentido de que desenvolva sua prática
profissional inserido numa equipe de saúde onde a ação de cada profissional forma o conjunto
de atenção à saúde que a população necessita, ou seja, numa prática multi e interdisciplinar.
Para que a assistência bio-psico-sócio-cultural-ambiental-familiar ocorra é necessário a
participação de outros profissionais que possibilitarão a complementaridade de ações que
resultem em eficácia e eficiência na prestação de cuidados físicos e psicológicos à criança na
unidade de alojamento conjunto pediátrico.
Objetivos e metas:
Desenvolver ações visando contribuir para o aprimoramento da Humanização Hospitalar,
sobretudo junto às famílias/acompanhantes das crianças internadas atendidas pelo SUS no
Hospital São Sebastião de Viçosa, por meio do desenvolvimento de um PROGRAMA DE
APOIO ÀS FAMÍLIAS DAS CRIANÇAS INTERNADAS NA PEDIATRIA do HSS,
realizando atividades de intervenção junto às mesmas durante e após o período de internação
da criança.
Objetivos específicos:
1. Implementar o PAFCIP - Programa de Apoio às Famílias das Crianças Internadas na
Pediatria do HSS.
2. Buscar estratégias de abordagens às famílias/acompanhantes das crianças internadas para
realização intervenções sobre ações de cuidado e educação da criança, os cuidados de
saúde, higiene e demais informações necessárias de acordo com a enfermidade da criança.
3. Realizar abordagens diferenciadas junto às famílias/acompanhantes para efetivar o PAFCIP
- Programa de Apoio às Famílias das Crianças Internadas na Pediatria do HSS.
4. Delinear o perfil familiar e sócio-econômico das crianças internadas atendidas pelo SUS no
Hospital e investigar sobre os impactos do projeto na recuperação das crianças em regime
de internação.
5. Contribuir para o aprimoramento da Humanização do atendimento Hospitalar, ajudando,
por intermédio da família, às crianças internadas a restabelecerem sua saúde física,
emocional e psíquica, de maneira menos traumática, tornando, mais agradável, sua
permanência no Hospital, auxiliando em sua recuperação
6. Desenvolver as ações do projeto em parceria com o projeto de extensão – Brinquedoteca
Hospitalar tendo como principal meta conscientizar as famílias da importância de brincar com
a criança.
Para respondermos como os objetivos serão realizados e quais as ações que
possibilitarão a efetivação dos mesmos, delineamos as seguintes metas apresentadas a seguir.
Informamos que a numeração de cada meta é relativa à numeração dos objetivos específicos.
1. a) Pesquisar, identificar e traçar ações, por meio de atividades específicas para desenvolver
o programa de apoio às famílias das crianças internada na pediatria do HSS.
1. b) Realizar evento para discutir propostas de humanização hospitalar envolvendo os
hospitais da região da Zona da Mata Mineira, bem como os projetos desenvolvidos nestes
espaços.
2. a) Organizar círculos de discussões com os acompanhantes das crianças internadas no setor
da pediatria sobre aspectos de interesse do grupo atendido.
2. b) Promover oficinas junto às famílias/acompanhantes das crianças internadas na pediatria
do HSS a fim de minimizar o estresse e sofrimento destas durante a internação da criança.
2. c) Elaborar folders, cartazes, cartilhas e outros instrumentos que poderão funcionar como
veículos de informações sobre a criança em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem,
cuidados de saúde, higiene e demais informações necessárias de acordo com a enfermidade da
criança.
3. a) Conscientizar os acompanhantes a respeito da importância e necessidade de uma
alimentação adequada para as crianças, evitando, assim, o consumo de alimentos não
saudáveis, como por exemplo, salgados e refrigerantes;
3. b) Minimizar o estresse dos familiares acompanhantes da criança hospitalizada para que
possam dar apoio emocional, de forma equilibrada, à criança internada;
3. c) Sensibilizar as famílias quanto a sua importância no processo de recuperação da criança;
4. Constituir uma equipe de voluntários para realizar visitas domiciliares às famílias das
crianças com reincidência de internação.
5. a) Construir um acervo de dados sobre as famílias atendidas na pediatria do hospital São
Sebastião para subsidiar o acompanhamento das mesmas, principalmente em casos de
reincidências de internação da criança;
5. b) Conhecer o perfil familiar das crianças internadas antes de propor as ações interventivas.
5. c) Criar novas possibilidades de aproximação com os acompanhantes das crianças
6. a) Proporcionar aos acompanhantes das crianças acesso às informações e esclarecimentos
sobre procedimentos encaminhados pelos pediatras em relação aos cuidados com a criança
após alta hospitalar;
6. b) Discutir com os acompanhantes sobre as informações transmitidas pela equipe de
enfermagem de forma que os mesmos consigam compreender, com clareza, as prescrições
médicas.
6. c) Proporcionar vivências lúdicas entre acompanhantes e crianças conscientizando-os sobre
a importância desse envolvimento para a recuperação da criança.
6. d) Realizar conversar informais junto aos acompanhantes oferecendo apoio emocional aos
mesmos.
7. a) Articular ações juntos aos demais projetos já desenvolvidos no Hospital São Sebastião
com a intenção de possibilitar a criação e implantação de um Programa de Extensão sobre
Humanização Hospitalar que irá integrar os projetos de extensão da UFV que trabalham com
essa temática.
Para permitir, de modo mensurável, a estimativa das metas e análise dos resultados
alguns indicadores foram elaborados:
- Realização, durante toda a vigência do projeto, de ações interventivas para possibilitar o
pleno funcionamento deste programa. Realizar avaliação trimestral - por meio de questionários
e entrevistas sobre os impactos do projeto, sobretudo na recuperação das crianças em regime
de internação;
- Realização de um evento anual para socialização dos projetos de humanização hospitalar
desenvolvidos no hospital;
- Realização de, pelo menos, um círculo de discussão por semana com os acompanhantes
presentes. Registrar, periodicamente, os relatos de acompanhantes das crianças sobre as
atividades desenvolvidas com os mesmos;
- Realização de duas oficinas por mês junto aos acompanhantes das crianças.
- Organização e distribuição de, no mínimo, um folder e uma cartilha para serem distribuídos à
todos os acompanhantes.
- Organização de mural na pediatria ou na brinquedoteca com informações diversas sobre o
desenvolvimento e aprendizagem da criança, higiene, saúde e alimentação, com imagens e
cartazes sobre assuntos relativos às doenças mais recorrentes entre as crianças.
- Sempre que possível realizar conversas com os acompanhantes sobre aspectos relativos ao
desenvolvimento/aprendizagem e à doença da criança.
- Realização de conversas diárias para obter informações sobre as situações que estão sendo
vivenciadas pelos acompanhantes no ambiente hospitalar no período de internação da criança.
- Convidar, diariamente, o acompanhante da criança para participar de atividades lúdicas no
espaço da brinquedoteca ou pediatria
- Preenchimento de formulário, durante o primeiro contato com o acompanhante para obter
informações sobre o perfil familiar e sócio-econômico das crianças internadas.
- Preenchimento de formulário que instrumentaliza a coleta de informações sobre as famílias
que tem crianças com reincidência de internação.
- Analisar, diariamente, os prontuários das crianças para que se possa traçar um perfil sócioeconômico das famílias atendidas;
- Organização, uma vez por mês, dos dados obtidos sobre o perfil família e sócio-econômico
das crianças.
- Realização de, pelo menos, uma conversa informal com cada acompanhante depois da visita
do pediatra para sanar dúvidas sobre procedimentos encaminhados pelos mesmos.
- Elaboração, juntamente com a equipe da brinquedoteca hospitalar, de uma cartilha sobre a
importância da brinquedoteca no ambiente hospitalar.
- Realização junto à equipe da brinquedoteca de uma atividade relativa a cada data
comemorativa por ano (dia do livro, dia do índio, páscoa, dia das mães, festa junina, dia das
crianças, dia dos pais, natal, etc.)
Metodologia e ações participativas:
O presente trabalho será desenvolvido no Hospital São Sebastião, com as famílias de
crianças internadas no setor da pediatria. A Casa de Caridade de Viçosa, Hospital São
Sebastião, é uma instituição filantrópica e situa-se na rua Tenente Kümmel, Viçosa-MG. Em
31 de dezembro de 2008, havia em seu quadro funcional 280 servidores, o corpo clínico era
composto de 90 médicos e 1 cirurgião dentista (Relatório HSS, 2008).
O hospital conta com o serviço do voluntariado que através da realização de projetos
visam melhorar o atendimento aos pacientes. Os voluntários realizam atividades como visitas
aos pacientes, buscando atender suas necessidades com apoio emocional e atendimento
espiritual aos familiares e pacientes. Além do serviço do voluntariado, o hospital conta com o
Serviço Social, este participa de toda a dinâmica do hospital por meio de ações como:
transferência de pacientes para outros hospitais, ou para suas residências, atendimento social
às vítimas de violência (criança, idoso e mulher) e orientação e encaminhamento para órgãos
competentes.
O Hospital São Sebastião conta com uma brinquedoteca que funciona desde 1993,
oferecendo às crianças internadas no setor da pediatria, um programa de atividades lúdicas,
planejadas especificamente para atendê-las. Acredita-se que a brinquedoteca diminua o
estresse das crianças durante a internação, porque oferece subsídios para que elas possam
expressar seus medos e suas ansiedades (MAIA et al, 2001 apud OLIVEIRA). O trabalho na
brinquedoteca é realizado por meio de bolsistas e estagiários do projeto de extensão BRINQUEDOTECA HOSPITALAR: UMA ESTRATÉGIA DE HUMANIZAÇÃO ÀS
FAMÍLIAS E CRIANÇAS ATENDIDAS PELO HOSPITAL SÃO SEBASTIÃO EM
VIÇOSA-MG.
Caracterização do espaço:
A pediatria do Hospital São Sebastião é dividida em duas áreas, uma sala de recreação
onde também é utilizada para as refeições, e a área dos leitos. Esta área é um ambiente único
sem divisões de leitos, onde se encontram 11 leitos. Em casos de doenças mais graves separase o leito dos demais por meio de biombos, e as crianças internadas na pediatria são atendidas
pelo SUS.
O espaço utilizado pelo voluntariado para realização de suas atividades é composto por
uma cozinha, uma sala de costura com máquinas industriais, depósitos para roupas
confeccionadas pelo mesmo e doações, um quarto com 5 leitos para alojar quando necessário
as mães e acompanhantes das crianças recém-nascidas, um banheiro, uma sala de televisão,
reuniões e eventos. Esse espaço também é utilizado pela equipe do projeto para realização de
algumas atividades.
De acordo com Szymanski (2001), em situações que envolvem problemas como
procedimentos disciplinares, de higiene, de acompanhamento escolar e de saúde física e
mental, às famílias, juntamente com os orientadores, podem ir construindo as alternativas de
mudanças. Com este intuito, as ações do projeto serão, inicialmente, organizadas com as
seguintes propostas:
- círculos de discussão com os acompanhantes das crianças internadas: estes círculos serão
formados no próprio setor da pediatria na sala de recreação onde, sob a orientação de
acadêmicos do curso de Educação Infantil, serão discutidos temas como a importância da
família no processo de recuperação da criança; o desenvolvimento e aprendizagem da criança;
higiene pessoal e alimentar; alimentação saudável; doenças; conservação do patrimônio
hospitalar, dentre outros que surgirem durante os contatos informais com as famílias.
- oficinas junto às famílias/acompanhantes das crianças internadas na pediatria do HSS a fim
de minimizar o estresse e sofrimento destas durante a internação da criança, bem como
contribuir com a construção do conhecimento sobre assuntos relativos à criança e a promoção
da sua saúde física e mental.
- vivências lúdicas organizadas para os grupos de acompanhantes e com a integração dos
acompanhantes com as crianças internadas.
Os instrumentos utilizados para desenvolver e avaliar as atividades propostas serão:
folders, cartilhas, cartazes, vídeos, confecção de materiais lúdicos, palestras, atividades
lúdicas, etc.
Para a realização de palestras e oficinas, serão utilizados, prioritariamente, espaços
próximos à Brinquedoteca. Temos a possibilidade também de utilizar as salas do voluntariado
e a sala da pediatria. A escolha de um destes locais dependerá do número de pessoas e
condições físicas e psicológicas das crianças e acompanhantes. As palestras serão ministradas
pelos membros da equipe do projeto, podendo, em caso de necessidade, ocorrer à participação
de Nutricionistas, Economistas Domésticos, Enfermeiros e demais acadêmicos e profissionais
de Educação Infantil, dentre outros profissionais.
Para a realização das oficinas será necessária a elaboração de um planejamento que
supra as necessidades dos acompanhantes das crianças. Para isso necessitaremos, a partir do
preenchimento de um formulário, buscar informações sobre habilidades manuais dos
acompanhantes, dentre outras.
Antes de iniciar as discussões sobre alguma temática é importante que os membros da
equipe do projeto busquem aproximação com os acompanhantes das crianças conquistando a
confiança dos mesmos para que possam iniciar os processos de intervenção.
As distribuições dos folders e cartilhas ocorrerão juntamente com a discussão sobre os
conteúdos presentes nos mesmos. É importante que os membros da equipe obtenham
informação, com antecedência, sobre a escolarização dos acompanhantes, pois, é recorrente a
presença de acompanhantes que não são alfabetizados e não sabem ler.
Impacto social esperado:
Como o projeto desenvolvido atua no ambiente hospitalar onde temos a
família/acompanhante envolvida no processo de hospitalização da criança, são necessárias
ações que possibilitem um atendimento mais humanizado a essas famílias. Diante disso, o
fornecimento de informações referentes à criança, seu desenvolvimento, e a enfermidade pela
qual está passando, sobre cuidados com a saúde, sobre higiene e contaminação hospitalar, até
mesmo o apoio afetivo às famílias, vem possibilitando um contato com as mesmas que muitas
das vezes, carecem de atenção, informação e cuidados. Os profissionais que atuam na
promoção da saúde física e mental devem estar cientes que os acompanhantes têm suas
necessidades físicas e emocionais, e que nesse momento, principalmente, precisam ser
preparados para participar do cuidado durante a hospitalização e após a alta médica.
Cabe à equipe desse projeto desenvolver um Programa de Apoio
às Famílias das Crianças Internadas, realizando juntamente com elas ações de intervenção que
possam possibilitá-las mais conhecimento e tranquilidade no que se refere ao adoecimento da
criança. Temos observado que isso tem trazido benefícios para esse grupo em específico, já
que há o interesse em participarem em atividades recreativas, em discussões referentes à saúde
física e mental, higiene, apoio afetivo, entre outros. Possibilitamos discussões,
questionamentos e esclarecimento de dúvidas, em prol de vermos como esse público carece
dessas formas de contato, pois estamos envolvidas diretamente com ele, oportunizando a
expressão, o desabafo, o medo, a angústia, muitos dos sentimentos que lá no ambiente da
pediatria ou com o profissional da saúde talvez não tivesse essa aproximação.
O espaço da Brinquedoteca Hospitalar, onde são desenvolvidas várias ações desse
projeto, não vislumbra só a criança, mas também o adulto que vê ali um mundo imaginário
que transcende aqueles momentos da infância, que por muitos não foi vivenciados em sua
essência, uma das razões para estarmos muitas das vezes tendo essa resposta de aproximação e
conhecimento dessas famílias. Através de respostas, relatos, indagações dos familiares,
conseguimos, então, buscar neles e através deles os motivos pelos quais o projeto de faz
presente e dele oferta em prol de uma qualidade de vida digna e humanizada.
Interação ensino, pesquisa e extensão:
O envolvimento de discentes em integração com docentes e profissionais que já estão
no mercado de trabalho possibilita socialização de conhecimentos e experiências de extrema
importância para esses atores envolvidos. Em relação aos discentes, compreendemos que essa
vivência extensionista possibilitará maior compreensão de sua formação integrando o ensino, a
pesquisa e a extensão, de forma que comecem, na academia, construir um perfil profissional
diferenciado. Essa possibilidade de vivenciar situações extracurriculares no ambiente
hospitalar, bem como o contato com famílias e crianças que estão vivendo esse cotidiano
possibilita aos discentes compreender a teoria e buscar explicá-la por meio de sua prática. Isso
faz com que novos conhecimentos sejam construídos e re-significados.
A Universidade, por meio das atividades de extensão, gera conhecimentos que
ultrapassam a academia numa perspectiva interativa com a comunidade. Entendemos a
educação e o desenvolvimento em seu sentido mais amplo, isto é, não apenas limitada ao
ambiente escolar, permitindo a reflexão sobre os novos paradigmas e a percepção da
importância de integração entre diferentes formações/profissões para a construção de cidadãos
mais conscientes de sua ação política e social.
É nessa perspectiva de vivência do discente em situações de profissionalização que
acreditamos ocorrer o processo de consolidação e integração da teoria com a prática
favorecendo, assim, uma prática acadêmica que interliga as atividades de ensino e pesquisa
com as demandas provenientes de diferentes espaços que demandam a produção de
conhecimento significativo para a superação das desigualdades e exclusão social existentes em
nossa sociedade. Nesse contexto, a consolidação dessas concepções e práticas no interior do
ambiente hospitalar é de fundamental importância para o discente conscientizar-se de seu
compromisso político e social e, portanto, compreender que o ensino não está desarticulado
com a pesquisa e a extensão. Nesse sentido, a relação teoria e prática são vivenciadas a cada
dia durante as atividades de atendimento à família e à criança no ambiente hospitalar, bem
como por meio da interação com os profissionais da saúde que atuam no hospital
(enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais e voluntários).
Acompanhamento e avaliação:
Do projeto:
Serão realizados relatórios semanais das atividades desenvolvidas onde, através da
análise destes, o projeto será avaliado. Serão realizadas reuniões com o orientador e equipe do
projeto, onde serão analisados e discutidos o cronograma de execução, a metodologia
proposta, os impactos alcançados, as dificuldades encontradas e possíveis soluções dos
problemas.
Os instrumentos utilizados para registrar as ações desenvolvidas serão: o diário de
campo, o preenchimento dos formulários, registros fotográficos, entrevistas com crianças e
acompanhantes, depoimentos diversos dos acompanhantes sobre as ações propostas pelo
projeto.
Dos estudantes:
A bolsista e as voluntárias do projeto serão avaliados por meio de reuniões com a
coordenação e com toda a equipe.
Atividades
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Apresentação e discussão do projeto para a X
coordenadora da Brinquedoteca do hospital e a
equipe de estagiários.
Reuniões com a coordenadora e a equipe
envolvida no projeto.
Articular ações junto ao projeto da
Brinquedoteca
Elaborar e desenvolver construir acervo de
dados sobre as famílias atendidas na pediatria do
hospital São Sebastião.
Conscientizar os acompanhantes sobre a
importância da alimentação saudável
Planejamento, organização, desenvolvimento e
avaliação das atividades realizadas com os
acompanhantes.
Promover oficinas para os acompanhantes das
crianças
Realização de palestras com profissionais de
diferentes áreas para os acompanhantes.
Realização de círculos de discussão e oficinas
com os acompanhantes das crianças internadas.
Sensibilizar a família da sua importância no
processo de recuperação da criança.
Estimular a participação dos acompanhantes na
atividades lúdicas com as crianças
Organizar equipe de voluntários para realização X
das visitas domiciliares
Pesquisar, identificar e traçar ações para X
implementar o PAFCIP
Formar grupo de estudos sobre a temática do
projeto
Capacitar equipe de voluntárias do projeto
X
Elaborar projeto de pesquisa e desenvolvê-lo.
Produzir e distribuir, nos diferentes espaços do
ambiente hospitalar lembretes/cartazes sobre a
criança em seu processo de desenvolvimento e
ainda sobre cuidados necessários com a sua
saúde física e mental.
Criar e atualizar blog sobre os projetos de
extensão do HSS
Elaborar cartilha
Escrever 1 artigo sobre o projeto
Visitas domiciliares.
Elaborar e aplicar instrumentos de coleta de
dados sobre os impactos do projeto, sobretudo
na recuperação das crianças em regime de
internação junto às crianças que já tiveram alta
médica
Realizar contatos com os PSFs sobre famílias
com crianças reincidentes em internação
Distribuir cartilha aos acompanhantes das
crianças internadas
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Realizar encontros do grupo de estudos
Avaliar trimestralmente os resultados obtidos
com a aplicação dos questionários e realização
das entrevistas
Elaborar folders
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Distribuir folders
Planejar evento junto ao projeto de
brinquedoteca hospitalar
Apresentar trabalhos no SIA/UFV
Realização de evento para discutir assuntos
relativos à saúde física, mental e emocional das
crianças internadas e seus acompanhantes
objetivo reunir os hospitais da região da Zona da
Mata Mineira
Elaborar relatório final
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Financiamento/infra-estrutura:
- Departamento de Economia Doméstica;
- Hospital São Sebastião.
Referências Bibliográficas:
CARDOSO, L. M. F. Atividade lúdica e a criança hospitalizada: um estudo na pediatria
do Hospital São Sebastião, em Viçosa-MG. Dissertação de Mestrado, UFV. Viçosa: UFV,
2001.
FABIANA, Maria de Oliveira; NAISE, Valéria Guimarães Neves; FONTES, Maria José de
Oliveira; MARQUES, Maria Aparecida Resende; SILVA, Poliana Coelho da Silva.
Brinquedoteca Hospitalar: Uma estratégia de humanização às famílias e crianças atendidas
pelo Hospital São Sebastião em Viçosa, MG. Projeto de extensão, UFV. Viçosa: UFV, 2007.
FERNANDES, Carla Natalina da Silva, ANDRAUS, Lourdes Maria da Silva y MUNARI,
Denize Bouttelet. O aprendizado do cuidar da família da criança hospitalizada por meio de
atividades grupais1. Rev. Eletr. Enf. [online]. abr. 2006, vol.8, no.1 p.108-118. Disponível em:
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NEVES, Naise Valéria Guimarães. Instituição de educação infantil e família:limites e
possibilidades de um projeto participativo. 2004. 175f. Tese (Pós-graduação em Economia
Doméstica). Departamento de Economia Doméstica - UFV. Viçosa - MG.
LIMA, Regina Aparecida Garcia de; ROCHA, Semiramis Melani Melo; SCOCHI, Carmen
Gracindha Silvan. Assistência à criança hospitalizada: reflexões acerca da participação dos
pais. Rev. Latino-Am. Enfermagem v.7 n.2 Ribeirão Preto abr. 1999. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11691999000200005&lng=pt&nrm=iso.
Acesso em: 11/08/2011.
MACHADO, Heloísa Beatriz; SOUZA, Maria Gorete de; MACHADO,Carolina;
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PEDROSO, Glaura César. Programas de mãe participante: uma reflexão. São Paulo, 1996.
Disponível em:<http://calvados..com.br>.Acesso em: 15 Out 2007.
SZYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: Desafios e perspectivas. Brasilia-DF. Ed.Plano;
2001; 96p.
WONG, Donna L. Enfermagem Pediátrica: Elementos Essenciais à Intervenção Efetiva, Ed.
Guanabara Koogan; 1999; 1118p.
Viçosa – MG - 02 de dezembro de 2013
Local e data
______________________________________
Assinatura do Coordenador
Estou ciente e de acordo com o desenvolvimento do presente projeto:
Assinatura e carimbo do Presidente da Comissão de Extensão
Assinatura e carimbo da Chefia do Departamento/Instituto/Unidade
Data: ______/_______/_______
Data: _____/_______/______
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A Família Inserida no Contexto Hospitalar Enquanto