Passeio pelo Centro Histórico do Rio de Janeiro
Apresentação. Esta excursão não pretende falar sobre toda a história da cidade do Rio de Janeiro, nem
destacar todo o conteúdo histórico presente nos edifícios da região, que é muito extensa e densa
historicamente. Trata-se de um passeio pontual pela História e belezas atuais da cidade, ressaltando as
diferenças que havia na vida urbana do passado e as intervenções e transformações sofridas por esta região –
o centro do Rio, também chamado, não à toa, de Cidade.
Percurso. Devido à escassez do tempo, escolhemos seguir, grosso modo, o traçado da via mais intensa
da cidade: a avenida Rio Branco. Não seguiremos a avenida à risca, mas começaremos no seu início e
terminaremos na praça que delimita o seu fim. Iniciaremos o trajeto na Praça Mauá, onde subiremos
rapidamente para ver o Mosteiro do São Bento. Depois, seguiremos para a praça Pio X ou Praça da
Candelária. Em seguida, trilharemos a 1o de Março em direção à praça XV de Novembro, até chegarmos
finalmente à Cinelândia, atravessando a região do Castelo ou, mais especificamente, a avenida Presidente
Antônio Carlos e a rua Araújo Porto Alegre.
Por que o centro do Rio? Apesar de as primeiras construções européias na região da Baía de
Guanabara terem se situado na ilha de Villegaignon — ao lado de onde hoje fica o Aeroporto Santos Dumont
— e no morro Cara de Cão na Urca, a cidade propriamente só se desenvolveu a partir de 1567 entre quatro
antigos morros do Centro: os morros de São Bento, Conceição, Castelo e Santo Antônio. Apenas a partir da
vinda da corte, em 1808, é que a cidade foi se expandir de fato para além desses morros. Mas, ainda assim, a
principal região da cidade sempre foi o Centro do Rio, centro político, econômico, financeiro, cultural etc.
Portanto, iremos por partes, transmitindo neste guia algumas breves indicações sobre os edifícios pelos
quais iremos passar:
1a Parada: Praça Mauá
Hoje, a praça é centro empresarial de dia e ponto boêmio à noite, com prostituição e blocos de
carnaval. A praça surge no início do século XX com a abertura da Avenida Central (atual Rio Branco),
funcionando como ponto de entrada da cidade pelo mar (tanto de produtos como de gente). Essa situação
termina com a construção do porto de Sepetiba e com o advento da aviação e dos vôos comerciais.
Mosteiro do São Bento: Mosteiro dos beneditinos que chegaram à cidade ainda no final do século XVI.
O mosteiro foi projetado em 1617 e só foi finalizado no século XVIII. Foi considerado patrimônio cultural da
Humanidade pela Unesco. Vale prestar atenção para o exterior e o interior do prédio.
Edifício A Noite: Primeiro arranha-céu da cidade, com 22 andares, construído no final da década de 20.
Pedra do Sal, ao pé do Morro da Conceição: Lugar onde se desenvolvia o maior mercado de escravos
da cidade até 1831. Continuou, em seguida, como centro da cultura negra na cidade. João da Baiana morava
no morro e lá se reunia com seus amigos Noel, Donga, Cartola e outros. É um dos berços do samba.
Avenida Central: Para que fosse construída – o que ocorreu entre 1903 e 1905 –, foram destruídos 600
edifícios e deslocadas 20 mil pessoas para a região da Praça 11, Bairro de Fátima e Morro da Favela (hoje
morro da Providência). Foi uma imensa intervenção urbanística, extremamente violenta para quem morava lá.
2a Parada: Praça Pio X, Candelária.
O Rio de Janeiro já foi muito mais religioso e católico do que é hoje. A religião desempenhava papel
fundamental na vida das pessoas, e as igrejas tinham uma imensa importância na vida da cidade. Eram os
edifícios mais altos e serviam de referência para localização na cidade, além de toda simbologia de proteção
que era levantar o rosto em qualquer ponto do Rio e ver uma cruz no alto de alguma igreja (uma analogia com
o Cristo Redentor não é mera coincidência). Além do mais, a Candelária, apesar de nunca ter sido catedral da
cidade, tem um papel central entre as igrejas, sendo até hoje uma das mais eminentes. A região é também
grande um centro cultural do Rio.
Igreja da Candelária: Surgida de uma promessa ainda no século XVI, a igreja foi se modificando
desde uma pequena capela em 1600 chegando ao prédio que temos hoje, desta forma desde 1877. O projeto
do edifício é de 1775.
Avenida Presidente Vargas: Outra daquelas intervenções urbanísticas faraônicas realizadas no século
XX. Construída durante o Estado Novo, levou o nome do ditador Vargas. É uma das avenidas mais largas do
mundo, e nela há pontos e prédios importantes da cidade, como a Central do Brasil, o Panteão Duque de
Caxias, Campo de Santana, Praça 11 e o atual prédio da Prefeitura.
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB): Parte do antigo complexo da praça comercial do Rio de
Janeiro, funcionava como sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro à época de sua inauguração, em
1906. O projeto é de 1880. Em 1923, o edifício passa para o Banco do Brasil. Funcionava como sede da
diretoria do banco e virou centro cultural em 1989. Os últimos quatro andares foram acrescidos em 1960.
Casa França-Brasil: Construída em 1819 pela Missão Francesa (que, por acaso, é o tema da exposição
atual no museu), já teve várias funções, como Bolsa de Valores e alfândega. A partir de 1990, segue o
exemplo do CCBB e vira centro cultural.
Espaço Cultural dos Correios (ECC) e Agência Central dos Correios: Dois prédios pertencentes ao
correio. O espaço cultural funcionava como sede da empresa e passou a ser centro cultural em 1993.
3a Parada: Praça XV
Desde que o Rio se situa no atual centro (a partir de 1567), a Praça XV é a entrada da cidade. Nem
sempre se chamou Praça XV de Novembro (nome dado pelos republicanos). Já foi chamada de Largo do Paço
e Largo do Carmo. Sempre foi um ponto central da cidade, abrigando praças de comércio, centros de poder
(Palácio Imperial e a antiga Câmara Municipal) e centros financeiros (como até hoje abriga a Bolsa de
Valores). Hoje, sua função principal é a ligação do Centro do Rio com Paquetá, Ilha do Governador e Niterói.
Igreja da Nossa Senhora do Monte do Carmo: Foi a catedral da cidade até 1977. Data de 1761 e
abrigou eventos importantes como o coroamento de D. Pedro I e o batizado e o casamento da Princesa Isabel.
Igreja da Ordem Terceira da Nossa Senhora do Monte do Carmo: Negociantes vinculados ao convento
dos carmelitas, logo ao lado, criaram esta igreja em 1755. É uma das igrejas mais ricas da cidade.
Paço Imperial: Construído em 1743 é até 1808 a Casa dos Governadores. Abrigou D. João VI, que
ergueu o terceiro andar do prédio. Aqui ocorreram eventos como o Dia do Fico e a declaração da Lei Áurea.
Arco do Telles: Os arcos eram uma característica da arquitetura colonial da cidade. Havia muitos mais
arcos do que se tem hoje. O Arco do Telles abrigava a antiga Câmara de Vereadores no período colonial.
Rua do Ouvidor: O principal boulevard (rua com lojas caras) da cidade no século XIX e até se abrir a
Av. Central, tendo sido por isso a primeira rua para pedestres em 1829 e a primeira com iluminação a gás.
Palácio Tiradentes: Construído na década de 20 para abrigar a Câmara dos Deputados federal, hoje é a
Assembléia do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). Tem esse nome porque o lugar abrigava uma antiga cadeia
onde ficou enclausurado Tiradentes, sendo a sua estátua no exato local onde ficava a sua cela.
Castelo: Bairro atual do centro da cidade, fica onde antes existia um morro que chegava 60 metros de
altura. O morro veio abaixo nos anos 20 e foram erguidos grandes prédios, principalmente institucionais, no
lugar, como o Ministério da Fazenda, do Trabalho, da Educação, o Fórum e a Academia Brasileira de Letras.
4a Parada: Cinelândia
Inserida no projeto da Avenida Central, visava a abrigar um grande centro cultural da cidade. A idéia
foi implementada e funciona até hoje. Todos os prédios são diretamente influenciados pela arquitetura
francesa. É, também, a principal praça dos atos políticos da cidade.
Theatro Municipal: Acabado em 1909, é a grande casa de óperas, peças e música erudita da cidade.
Uma imitação menor do Ópéra de Paris.
Museu Nacional de Belas Artes: Inaugurado em 1908, guarda grandes obras de arte nacionais na
pintura e na escultura, principalmente as obras ufanistas como as de Pedro Américo e Victor Meirelles.
Biblioteca Nacional: A maior e mais importante da América Latina e oitava maior do mundo, possui 9
milhões de obras. Beneficia-se de uma lei que obriga os editores a enviarem à biblioteca um exemplar de cada
livro editado no Brasil.
Centro Cultural da Justiça Federal: Sede do Supremo Tribunal Federal até 1960, transforma-se em
2001 em centro cultural.
Palácio Pedro Ernesto: Fundado em 1923, antiga Assembléia Legislativa da cidade e atual Câmara de
Vereadores.
Odeon e Cinelândia: A praça não tem esse nome à toa: já foi o maior centro de cinemas da cidade.
Hoje só sobrou o mais charmoso deles, o Odeon, que data de 1926 e guarda características da época.
Palácio Monroe, Chafariz Monroe e Praça Mahatma Gandhi: Onde se situa hoje a praça Mahatma
Gandhi e dentro dela o chafariz com nome de Monroe, situou-se o Palácio Monroe, sede do Senado Federal
até 1960. Geisel mandou que fosse destruído no ano de 1975.
Obelisco: Construído em 1906 para “comemorar” a rapidez das obras da Av. Central, virou símbolo da
Primeira República. Exatamente por isso, quando os revolucionários de 1930 chegaram na cidade,
percorreram toda a avenida e laçaram seus cavalos no obelisco.
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