Sobre amores inomináveis.
Agatha Menezes - Andréa Titericz
Claudia Ray - Katia C Dias
Lilian Baptista
Antologia
Sobre amores
inomináveis
Primeira Edição
São Paulo
2014
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Título:
Sobre amores inomináveis
Revisão:
Bruno Figueiredo
Katia C Dias
Diagramação:
Katia C Dias
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara
Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Antologia sobre amores inomináveis / Agatha Menezes...[et al.]. -1. ed. -- São Paulo : PerSe, 2014.
Outros autores: Andréa Titericz, Cláudia Ray, Katia C. Dias, Lilian
Baptista
ISBN 978-85-8196-701-1
1. Literatura juvenil I. Menezes, Agatha. II. Titericz, Andréa. III.
Ray, Claúdia. IV. Dias, Katia C.. V. Baptista, Lilian.
14-07889
CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura juvenil 028.5
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Acaso
Agatha Menezes
JONNY
E lá estávamos nós, na casa daquela garota que o Pedro estava a
fim. Eu achava que o Pedro tinha enlouquecido. Essa menina era do
tipo que falava coisas por rede social, que se apaixonava fácil, o
que não fazia o nosso gênero. Não, Pedro e eu tínhamos isso em
comum e por isso ele era o mais próximo de um irmão que eu tinha
aqui nessa cidade.
Quando eu cheguei na república, o Pedro estava de ressaca e não se
ofereceu pra me ajudar a carregar as coisas. Foi o que a gente
poderia chamar de bromance. Pedro era um merda assumido, assim
como eu. Eu, pelo menos, sabia que não servia pra esse tipo de
menina: as que choram. Não é que eu seja um escroto completo, eu
só não aceito o que eu não posso oferecer em troca, uma questão de
justiça.
− Oi, quando você disse que viria, eu achei que estivesse mentindo.
– Ela abriu a porta vestindo um short de algodão que a deixava
extremamente gata, morena, do jeito que eu sempre gostei. Mas
essa era do Pedro.
− Eu realmente estava perto daqui. Você já conhece o Jonny? – ele
apontou pra mim e sorriu pra ela de um jeito que fez me arrepender
de dar a carona até aqui.
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− Prazer, − acenei embora eu não soubesse o nome dela. – Eu só
queria pedir um favor pra ti, eu preciso ir ao banheiro.
Pedro me deu um olhar de merda. Nós estávamos bebendo, e é por
isso que ele está agindo igual a um desesperado e quis vir ver essa
garota, e é por isso que eu estou com a bexiga estourando.
Ela assentiu e apontou o banheiro dentro da casa dela, então
convidou Pedro pra entrar. Ele tinha que me agradecer.
Entrei na primeira porta que tinha no corredor e era a porta errada.
Tinha uma garota com um notebook sobre a barriga e as pernas
esticadas pra cima na parede, com fones de ouvido. Ela sequer
notou que a porta foi aberta, o que me rendeu um momento a mais
de atenção. Pequena, cabelo claro.
− É a segunda porta! – a garota do Pedro gritou da sala e isso a
garota com os fones ouviu. Ergui uma mão me desculpando, ela não
se moveu.
Entrei na segunda porta e fiz o que precisava fazer. Antes de sair fui
ver a minha cara no espelho. Eu estava com cara de bêbado. Joguei
uma água na cara antes de sair.
Do lado de fora a pequena estava com um celular na mão, como se
ela não tivesse acabado de sair do computador no quarto.
− Eu devia abrir a porta antes de você sair, assim ficaríamos quites.
– ela sorriu entrando no banheiro enquanto eu ainda saia. Fechou a
porta e trancou, eu voltei pra sala.
− Foi mal ai pela invasão. – a morena sorriu com as minhas
desculpas.
− Sem problemas. – ela cruzou as pernas na poltrona que ficava de
frente pra porta, claramente interessada no que o Pedro, a vontade
no sofá de dois lugares, iria falar.
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− Bom, Carol, essa é minha deixa. Passei só pra provar o meu
ponto. – Pedro estava gamado nessa mulher e eu não via motivo.
A pequena saiu do banheiro e veio até a sala com o short enrolado
torto no cós, eu sorri imaginando que ela tinha corrido quando
ouviu as despedidas.
− Neza, esses são Pedro e Jonny.
− Meu nome não é Jonny. – ela riu imediatamente. – É Jonathan.
− Quase lá, Selton. – eu tive que rir, eu era mesmo parecido com
ele, pelo menos a parte do cabelo e a barba. – Meu nome não é
Neza, também, é pior que isso, Veneza. Minha mãe era mochileira e
tal... – ela se explicou. Certamente eu tinha feito alguma expressão
interrogativa.
Veneza. Uma playboyzinha da zona sul, claramente. Minha
república ficava próxima a minha faculdade, o que significava que
eu morava perto da favela da Mangueira, enquanto ela morava num
bairro classe alta da zona sul do Rio de Janeiro.
Nem dei uma segunda olhada. Assenti com o final da explicação e
meti a mão na maçaneta.
Eu não precisava de duas coisas na vida: de mulher chorona e de
playboyzinhas. O resto era bastante escasso.
Pedro saiu da casa dois minutos depois de mim, com um sorriso na
cara.
− Tu ficou a fim dela, que eu sei.
− Tsc, vambora Pedro.
− Porra, cara, eu to apaixonado. Tu tem que quebrar essa pra mim!
Se tu ficar com essa Neza, a Carol vem mansa.
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− Pedro, ela parece ser mansa. – tirei o alarme do meu Fox 2004
todo fudido. – E vou te antecipar o que vai acontecer se eu pegar
essa mina: depois que eu terminar o “lance” com ela a Carol chuta a
tua bunda. Porque essas ai são daquele tipo que choram, brother, eu
não to te entendendo.
− Porra, cê tem que me ajudar, mano! – Pedro soltou o sotaque de
paulista. Eu entrei no carro e ignorei o pedido.
Pedro tinha grana, podia ter ido pra alguma faculdade gringa até. Eu
trabalhava pra pagar a república e estudava. Tá certo que o meu
trabalho não tomava grande parte do meu dia, e eu me formaria em
10 anos, por não poder me dedicar somente ao estudo – exagero.
Dirigi calado e o Pedro também. Quando a gente entrou na
república o Russo estava jogando X-BOX com a única menina que
morava com a gente atualmente, Luana.
− Problemas no paraíso? – O Russo perguntou quando viu o Pedro
entrar direto sem falar com ninguém.
− Esse viadinho tá querendo que eu fique com a porra da amiga da
mulher dele. Playboyzinha do cacete, não vou pegar. – falei rindo, o
Pedro veio da cozinha com uma lata de cerveja na mão.
− Russo, a mina deve ter um e sessenta no máximo, toda
gostosinha, o cabelo claro, deu mole pra ele – ele apontou pra mim.
– você vai pegar ela, você me deve!
Eu ri alto, tirando os sapatos com os pés e me jogando no sofá com
a cabeça no colo da Luana. Ela tirou o braço pra poder continuar
jogando e matando o Russo que estava prestando atenção a
conversa.
− O que eu te devo, Pedrinho? – fiz sinal com a mão pra ele
continuar.
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Ele não ia lembrar, porque estava doidaço quando aconteceu.
− Você sabe, aquela lá que eu peguei pra te livrar. Eu estava bêbado
e você me sacaneou, até hoje ela me liga, porque você ainda deu o
meu telefone pra ela!
As chopadas de Educação Física eram as melhores. Foi numa dessa
que eu passei a Aline pra ele, e foi na chopada do curso dele, que
ele conheceu a Carol. Maldita hora!
Eu ri, o Russo riu e a Luana, bufou.
− Homens, vocês são escrotos! Mas qual é dessa ai que o Gaúcho
não quer? – Luana estava se referindo a mim.
− Ela deu em cima dele, Lu, senão eu te mandava investir. – Ela
deu pause no jogo e olhou pra baixo, diretamente pra mim.
− Você, negando mulher?
− Como se eu fosse “O Pegador”. – coloquei as duas mãos na cara,
sentindo a sensação engraçada de deixar de ficar bêbado e ficar com
sono, cocei a barba. – ela é do tipo playboy, elas moram num AP de
dois quartos na porra do Leblon, Lu. Eu não tenho dinheiro e nem
saco pra uma patricinha, não vai rolar, Pedro.
− Você é preconceituoso, sabe disso? – Luana estalou a língua
voltando a ligar o jogo.
− É que eu estou me guardando pra ti. – joguei os meus braços em
volta do corpo dela, que ignorou o gesto concentrada no jogo.
− Aham, to sabendo. No dia que eu perder o limite eu divido uma
contigo, Gaúcho, até lá... você vai passar fome. – ela riu tanto que o
Russo fez um gol em cima dela.
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Esse era o maior desperdício na minha vida. Luana era perfeita pra
mim. Morena índia, do tipo que não iria chorar se eu a magoasse,
engraçada, inteligente pra cacete, jogava bola respeitavelmente,
mas era lésbica, sem nenhuma dúvida ou deslizes.
Pedro sentou no chão se encostando ao sofá pequeno no canto.
Ainda puto. Eu só ri dele.
Essa raiva iria passar. Ele ia recobrar a consciência a respeito da
mulher lá e nós voltaríamos às boas de sair por ai pegando as
mulheres que não queriam nada da gente.
VENEZA
− Tu não disse que ele era idiota? – Perguntei pra Carol, minha
melhor amiga desde sempre, logo assim que o cara saiu daqui de
dentro.
− Eu disse, mas eu to TÃO gamada nele, e eu sei que no momento
que eu der pra ele, ele some.
Carol era uma puritana disfarçada de puta.
Eu não desaprovava isso. Cada um com seu cada um. Eu estava
mais pra antipática e sabia disso.
− Mas e você? O amigo “meu-nome-não-é-Jonny”, não te fez bem
aos olhos?
− Ah cara, se ele anda com o teu idiota deve ser idiota também. Eu
só achei engraçado o fato dele se apresentar daquele jeito.
Fui até a cozinha olhando com desgosto a geladeira vazia. Era
minha vez de fazer as compras e eu ainda não tinha encontrado uma
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porcaria de emprego. Você faz faculdade de jornalismo, mas não
consegue estágio, porque os outros são filhos de fulano e ciclano.
− Carol... eu não vou ter grana pra fazer as compras essa semana. –
lamentei me servindo de água.
Carol era podre de rica, essa nojenta. Mas ela nunca me perturbava
com isso. Ela só não queria morar sozinha, ai ela fingia que dividia
as despesas comigo pra não magoar o meu ego.
− Ah, tudo bem, eu vou pedir comida japonesa, você quer?
− Eu não tenho grana, Carol, e eu não quero que você compre pra
mim. – apontei o dedo pra ela. Ela riu.
− Aham. – piscou.
Meia hora depois o entregador veio com a maquininha de cartão,
pra que a Carol passasse o dela, aquele com limite infinito.
− Escuta, você podia ficar a fim do amigo dele, assim seríamos nós
quatro e ficaria mais fácil pra eu poder sair com o Pedro sem correr
o risco de acabar em um motel, o que você acha?
− Não.
− Ah para, ele é todo lindinho, estilo o Selton Melo, estilo Los
Hermanos e eu sei que você gosta!
− Não! – eu ri, ela fez o seu olhar de ódio pra mim.
− Quando eu estiver chorando pelos cantos você saberá que a culpa
é sua!
Eu gargalhei da cara dela.
− Só explica o porquê você vai chorar?
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− Porque eu vou dar pra ele no primeiro encontro e ai ele vai me
largar! E a culpa vai ser sua, Veneza da Silva!
− Cortez, pelo amor de Deus. Só a minha mãe pra fazer isso
comigo. – eu tive que rir.
Minha mãe assistiu a um programa de televisão, achou Veneza um
nome lindo e que se dane se não é nome de gente. Ai vem e
completa o meu nome com um “Da Silva”. Ela podia ter posto só o
sobrenome do meu pai, mas não.
− Você vai dar pro cara no primeiro encontro, um cara em quem
você não confia. Ele, supostamente, vai te abandonar e a culpa é
minha? Como?
Carol era louca, se apaixonava por qualquer um e depois ficava
realmente chorando pelos cantos. Mas ela estava certa. O Meunome-não-é-Jonny era o meu tipo, só que não. Eu não ia sair com
um estranho.
Pelo menos não um estranho que eu provavelmente veria
novamente. Meus namorados eram ex-amigos aos quais eu estava
disposta a perder a amizade em troca de contatos físicos, ou
completos estranhos em baladas, que eu certamente não veria
jamais.
− A culpa é sua que não vai estar lá pra evitar isso! Por favorzinho,
Neza, por mim.
Ela deitou a cabeça no meu colo.
− Vamos combinar assim, eu topo sairmos juntos, mas sem ser um
encontro. Eu não tenho nenhuma obrigação de dar mole pra ele e
nem ao menos ser simpática.
− Você foi simpática hoje. – ela me interrompeu.
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− Eu fui sarcástica.
− Ele não percebeu, você ainda pode fazer a inocente.
− Você está dificultando as coisas, Carol. – revirei os olhos.
− Tá bom, eu aceito os termos. – ela me passou uma caixinha com o
hashi em cima. Califórnia, eu não conseguia resistir. – mais tarde,
quando o Pedro ligar eu converso com ele sobre a minha brilhante
ideia.
− Êê! – comemorei irônica abrindo o potinho e comendo os sushis
primeiro.
− E o estágio?
− Não é um estágio, é um bico, numa rádio... Vamos ver se casa
com o meu horário esse semestre. Não queria eliminar matérias e
ter que fazer mais um período.
− Vai dar tudo certo, Neza.
Assenti enfiando outro sushi gelado na boca.
VENEZA
A aula da manhã desse período era Língua Portuguesa, uma
disciplina que era misturada com muitos outros cursos. E,
infelizmente, eu teria que fazer essa aula de novo, porque no
semestre passado meu estágio me fez perder algumas matérias.
− Tem gente aqui? – eu perguntei a uma garota morena, que estava
sentada sozinha.
− Não, eu vou tirar as minhas coisas. – ela pegou a mochila e tentou
colocar no colo, até finalmente desistir e largar no chão.
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Eu sentei, dando um pequeno sorriso em agradecimento. Sabia que
a garota estava me encarando, porque eu estava completamente
arrumada. Depois dessa aula eu teria que correr pra minha
entrevista de estágio/bico na rádio. Então eu estava com um blazer
vinho, uma camiseta imitando seda branca, as minhas jeans mais
caras e salto alto.
Não era roupa de assistir aula, mas eu não poderia desistir dessa
matéria sem ao menos ter conseguido o trabalho.
A professora fez a chamada e eu senti os olhos da garota novamente
em mim quando a professora chamou Veneza e eu ergui o braço.
Ela era Luana. Respondeu um sonoro “eu” quando a professora
chamou. Eu não tinha essa coragem e chamar a atenção pra esse
nome.
− Veneza? É esse mesmo o seu nome?
Olhei pro lado e vi a garota falando comigo. Ela só estava puxando
assunto e eu tinha que ser simpática, eu precisaria de um grupo
nessa turma, provavelmente.
− É. – fiz o meu sorriso apologético de sempre.
Ela sorriu.
− Foda! Eu sou Luana. Você não é do meu período. Eu conheço
quase todos aqui e nunca te vi por aqui.
− Não, eu tive que abandonar essa matéria no semestre passado por
conta de um estágio que nem durou o semestre. – fiz um muxoxo,
ela acompanhou.
− Que merda.
A conversa rendeu um pouco mais, e depois ela se esforçou pra
manter o assunto, falando comigo de vez em quando. Eu estava
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nervosa com a entrevista, então não consegui ser tão simpática
quando deveria, mas isso não a fez desistir. Ela era do tipo de
pessoa super legal, dependendo do meu humor eu aceitava gente
assim. Luana deu sorte nisso, só não na minha eloquência.
Acabei contando a ela sobre a entrevista, pra que ela não tivesse
uma má impressão de mim e isso estragasse a minha sementinha de
grupo.
− Então, pra semana que vem, eu quero o capítulo 2 e 3, lidos, pois
nós só vamos debater.
Eu estava enrolada terminando as minhas anotações sobre as
avaliações, quando me dei conta da hora. Luana, por mais gentil
que fosse não me esperou, ao que eu agradeci, assim não precisaria
fazer aquela média social depois da aula.
Arrumei as minhas coisas na minha bolsa e sai pela porta sabendo
que eu iria me atrasar.
− Ei! Veneza! – procurei a voz desconhecida me chamando e dei de
cara com o Pedro e o Meu-nome-não-é-Jonny, ao lado da Luana.
Mundo pequeno.
− Oi. – acenei, mas senti que tinha que me aproximar.
− Vocês se conhecem? – Luana apontou de mim pro Pedro.
− Essa é a amiga da Carol. E vocês se conhecem?
− Acabamos de fazer aula juntas. Nos conhecemos agora, mundo
pequeno, né? E ai, Meu-nome-não-é-Jonny? – Ele e Luana riram,
mas ele se apressou em ficar sério, me cumprimentando com a
cabeça apenas. – Gente, vocês vão me desculpar, mas eu to
atrasada, até a próxima. Tchau! – dei o meu melhor sorriso e sai de
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perto. Eu já estava dez minutos depois do horário. Não devia ter
vindo a aula.
JONNY
A guria vinha pra faculdade parecendo que ia a um desfile, salto
alto, maquiagem, blazer. Não, era coisa demais pra mim. Assim que
ela saiu eu olhei pro Pedro.
− Isso prova o meu ponto. Olha o jeito como ela vem a uma aula
que começa as sete da manhã. Ela não combina comigo em nada,
cara, desiste.
Aparentemente a mulher do Pedro tinha tido a mesma “ideia
brilhante” dele de fazer a gente ser um grupo. Eu continuava na
recusa. Passei um braço sobre os ombros da Luana que pareceu
chateada por algum motivo.
− Essa é a garota que ele ta tentando te empurrar?
− É, é a amiga da Carol, a mulher que o Pedro ainda não está
pegando.
− Cara, eu fiquei a fim dela. Ela é super gata e eu gosto desse tipo
ai, que se arruma um monte assim. – Luana fez um beicinho. Eu ri.
− Eu sei que você gosta. – apertei ela num abraço. Ela sorriu.
− Agora eu entendo o desespero do Pedro. Ela é gata e você tá
ignorando a possibilidade.
− É que eu sei onde isso vai dar... Eu conheço esse tipo. Eu sou
preconceituoso, porque é mais fácil prevenir os problemas. Isso ai é
o tipo de guria que atrai... Não.
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