XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. CYBERBULLYING: PRECONCEITO NA REDE Cayo dos Santos Souza1, Alexandre Basto Alves Costa2 Giselle Maria Nanes Correia dos Santos³ INTRODUÇÃO Como instituição social, a escola não poderia deixar de passar por continuas mudanças e transformações ao longo de sua história. Muitas delas são consequências de pesquisas efetivadas sobre esse contexto, outras são aplicações de estudos feitos com base em questões sociais, psicológicas, antropológicas, que também agem no imbricado contexto educacional. A preocupação com a violência no ambiente escolar emergiu nos estudos acadêmicos a partir da década de 1980, com objetivo de identificar e caracterizar as principais formas de repressão exclusão e violência no contexto escolar. A adoção universal do termo cyberbullying foi decorrente da dificuldade de traduzi-lo para diversas línguas. As pesquisas sobre bullying em contextos educacionais são recentes e começaram a ganhar destaque a partir da década de 1990 com autores como Olweus, (1993); Smith & Sharp, (1994); Ross, (1996) e Rigby, (1996). No Brasil o cyberbullying só começa a ganhar destaque e notoriedade, no fim da década de 90 e inicio dos anos 2000. Embora atualmente o estudo da violência nas instituições de ensino tenha classificado suas diversas formas de apresentação e ocorrência, sejam em escola publicas ou privadas, a análise a qual se detém esta pesquisa trata do cyberbullying no contexto escolar. Esse tipo de violência, que tem sido objeto de investigações em estudos nacionais e internacionais, é conceituado como um conjunto de comportamentos agressivos sejam eles físicos ou psicológicos, tendo como base ou auxilio tecnologias da comunicação. No cyberbullying é comum o agressor manipular e produzir a aparição de fofocas, boatos, injurias e falsas verdades, com auxilio de computadores, celulares, tablets, pagers, arquivos em áudio ou vídeo, promovendo a repressão e exclusão, com o objetivo de obter algum tipo de favorecimento ou de forma geral simplesmente manipular a vida social do colega. Tal forma de violência ganha cada vez mais espaço, hora pela facilidade de acesso as mesmas, hora pela segurança e invulnerabilidade que proporcionam ao usuário. Diante desse quadro, embora não necessariamente recente as situações de exclusão, repressão e violência outrora esporádicas tornaram-se uma constante em nossos dias. Nesse prisma, isto é, visando combater o preconceito e a discriminação na escola, que por sua vez podem desencadear atos de violência, implementam-se programas intergovernamentais que visam a promoção de uma maior interação social com os alunos. Lakatos (2008, p.15) define interação social como: (...) uma ação, mutuamente orientada de dois ou mais indivíduos em contato. Distingue-se da mera interestimulação em virtude de envolver significados e expectativas em relação às ações de outras pessoas. Podemos dizer que a interação é a reciprocidade de ações sociais. Deste modo, a interação social desencadeadora e a cooperação são extremamente necessárias, quando se quer promover a inclusão de todos e a cultura de paz, no contexto escolar. A escola deve desempenhar seu papel fundamental no processo de construção e difusão do conhecimento, pois essa é sua função básica. Contudo o desenvolvimento integral dos estudantes, não pode ser considerado como responsabilidade exclusiva das escolas. Escola, família e comunidade devem trabalhar juntas, pois somente unidas podem ressignificar suas práticas e sabres, É necessário captar a verdadeira função da educação, conforme Lopes Neto (2005, p. 02): Quando abordamos a violência contra crianças e adolescentes e a vinculamos aos ambientes onde ela ocorre, a escola surge como um espaço ainda pouco explorado, principalmente com relação ao comportamento agressivo existente entre os próprios estudantes. A violência nas escolas é um problema social grave, complexo e provavelmente, o tipo mais frequente e visível da violência juvenil. Nesse contexto manifestações de violência ocorrem sem nenhum motivo aparente, sua única motivação são a possibilidade de humilhar, reprimir ou excluir um colega. É comum que tais ações aconteçam repetidas vezes, nas quais um grupo de alunos ou um aluno com mais força, vitimiza um outro que não consegue encontrar um modo eficiente para se defender. Tais formas de violência são usualmente voltadas para um grupo com características físicas, socioeconômicas, étnicas ou sexuais especificas. Alguns estudos apontam alunos obesos, de baixa estatura, que usam óculos, estrangeiros, negros, indígenas, ciganos e homossexuais são estaticamente mais propensos as manifestações do cyberbullying do que crianças e adolescentes ditos “normais”. Em geral o agredido não possui habilidades, recursos, ou meios para reagir ou cessar o cyberbullying. Geralmente é pouco sociável, calado, tímido, inseguro, retraído, desesperançado quanto à aceitação em um grupo e sofreu ou sofre de quadros de depressão e ansiedade. A duração e a regularidade das agressões contribuem fortemente para o agravamento de seus efeitos. A 1. Primeiro Autor é aluno de graduação do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns. Av. Bom pastor, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55290000. E-mail: [email protected] ou [email protected] 2. Segundo Autor é aluno de graduação do curso de História da Universidade de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns. Rua Capitão Pedro Rodrigues –São José, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55293000. 3. Terceira Autora e Orientadora. XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. frustração a raiva e o medo podem refletir e na sociabilização do individuo, que em alguns casos, chega a ser quase nula, criando um quadro de isolamento psíquico ou social, onde por não conseguir ser aceito ou encaixado em nenhum grupo o individuo decide se isolar de todo mundo exterior, segundo Souza, Carvalho e Ogliari (2011, p. 01): As manifestações de isolamento social podem ter consequências nos mais diferenciados âmbitos. A exclusão individual pode fazer com que alguém se sinta acuado a ponto de atentar contra a própria vida ou realizar manifestações de violência gratuita contra outras pessoas. Além disso, a exclusão de grandes contingentes pode acarretar a ocorrência de revoluções guerras civis ou movimentos que vão contra as imposições de algum grupo social. Deste modo, as manifestações de isolamento social podem ser encaradas, como um último recurso encontrado pelas vitimas do cyberbullying, sob a qual seria possível expurgar ou ao menos combater parcialmente os maus tratos sofridos. É incomum que os alvos de cyberbullying revelem espontaneamente as agressões sofridas, seja por medo, vergonha, ou mesmo por temer futuras retaliações. É a partir de tais considerações que surge a questão: será que a escola realmente desenvolve sua função social, estimulando e valorizando as diferentes formas de expressão da diversidade? O objetivo geral da pesquisa foi verificar as politicas escolares especificas, relacionadas a identificação e combate do cyberbullying, na sua dimensão sociopolítica/cultural, levando em consideração as dimensões instrucional/pedagógica e a institucional - organizacional (ANDRÉ, 1995). Especificamente buscamos analisar as práticas educacionais, relacionadas manifestações de discriminação e preconceito veiculadas a tecnologias da educação no ambiente escolar; observando as possíveis consequências psicológicas e sociais dos diferentes tipos de isolamento; identificando e distinguindo os aspectos dinâmicos das relações sociais, ocorridas no contexto escolar. Material e métodos O presente trabalho foi desenvolvido em uma escola pública, localizada no município de Garanhuns–PE, tendo como objeto de estudo o do cyberbullying observando suas manifestações, ocorrências e aplicações, salientando as relações implícitas e explicitas dos indivíduos ou grupos sociais com a escola, observando sua relevância sob o âmbito educacional. Para tanto, realizamos uma pesquisa etnográfica, com abordagem qualitativa, conforme André (2008, p.27). Os dados foram coletados por meio de observação participante, aplicação de 4 entrevistas, 20 questionários específicos, conversas informais e análise de imagens e documentos. Nas discussões a respeito do contexto estudado, levamos em consideração as três dimensões da escola sendo essas: Institucional/organizacional; Instrucional/pedagógica; Sociopolítico/cultural. Resultados e discussão As consequências geradas pelo cyberbullying e pelas demais formas de violência em contextos educacionais, remetem a necessidade e a urgência de políticas publicas especificas para tais casos, objetivando a garantia ao bem estar, a saúde e a qualidade pedagógico-educacional oferecidas a esses indivíduos. Além disso, a inexistência de instrumentos e ferramentas aplicáveis a tais casos significa dizer que inúmeras crianças e adolescentes estarão expostos aos riscos e abusos oferecidos por essa modalidade de violência. Ao observar de perto o cyberbullying, notamos que o mesmo pode ser combatido ou mesmo cessado, contudo é notável a dificuldade em identificá-lo e combatê-lo, hora pela sua excepcional camuflagem, hora pelo despreparo e falta de informação para com os envolvidos. Tendo em vista que grande parte dos alunos busca ajuda e auxilio nos pais e professores, é tarefa do estado promover oficinas e cursos de capacitação, para que os docentes estejam mais preparados para lidar com as diferenças, subjetividades encontradas na sala de aula, pois negar a existência do cyberbullying só estimula sua ocorrência. Em suma, admitindo que atos agressivos e hostis como o cyberbullying provenham de influencias sociais e afetivas em sua maioria, devemos estar atentos para a extensão e impacto de sua ocorrência, pois a prerrogativa de mudanças e transformação sugeridas nessa fase da vida ainda são consideradas desconhecidas e adversas. Assim, o incentivo e a melhoria dos sistemas educacionais, são a melhor forma de assegurar e combater as diversas formas de violência na escola. Fato é que se faz necessário repensar a utilidade da tecnologia no contexto educacional, evitando manifestações de violência e discriminação e efetivando a inserção social. Deste modo, a educação deve ser encarada como uma ferramenta, através da qual podemos refletir e interpretar a realidade, expondo diversas visões de mundo, promovendo a inclusão de todos, tendo em mente uma cultura de paz no contexto escolar. XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. AGRADECIMENTOS À escola municipal investigada, pela acolhida à realização desta pesquisa, bem como pela disponibilidade da equipe qua compõem. À professora orientadora, Giselle Maria Nanes Correia dos Santos por toda a dedicação e orientação. A todos os docentes da Unidade Acadêmica de Garanhuns/UFRPE. Referências [1] ADORNO, T. W. Educação e emancipação. Paz e Terra. Rio de Janeiro: 2003. [2] ANTUNES, Deborah Christina. ZUIN, Antônio Álvaro Soares. Do bullying ao preconceito: os desafios da barbárie à educação. Porto Alegre: Universidade Federal de São Carlos, 2008 [3] LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. SP. Atlas, 2008. [4] LOPES, A. A., Neto. Bullying: Comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria, São Paulo: 2005. [5] SOUZA, Cayo Souza. CARVALHO, José Geisinaldo da Silva. OGLIARI, Marlene Maria. O processo de valorização da diversidade e as diferentes formas de expressão na escola. Recife: Universidade Federal Rural De Pernambuco, 2011. [7] SPOSITO, M. P. Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil. São Paulo: Educação e pesquisa, 2001. Apêndices Figura 1 – Menina enviando mensagens . bluetooth. Figura 3 – Adolescente utilizando celular. Figura 2 – Menino enviando fotos via Figura 4 – Adolescente acessando MSN.