CYBERBULLYING AND EMOTIONS IN ADOLESCENCE Maria do Céu Beirão, Escola Secundária Mouzinho da Silveira - Portugal Maria José D. Martins, Escola Superior de Educação de Portalegre - Portugal Abstract: This work intends to know whether adolescents use the technologies of information for practising cyberbullying or not. Cyberbullying consists, among other aspects, on using the email or the mobile phone to send offensive messages and to intimidate colleagues. It was created a mixed questionnaire (quantitative and qualitative) in order to determinate if students use the mobile phone and the e-mail to intimidate and the way they do it. This analysis centralised on 9 th grade groups and on the secondary level of studies (10 th th and 12 ) of computer science, whose students are more sensible to new technologies. In a society that strongly believes in the use of information technologies, already in the first level of studies, we must pay attention to the use that we are making of them. A misuse of these technologies may have negative consequences on the social development of adolescents and may interfere in their relationships in school, in class and in the social group they are taking part of. CYBERBULLYING E EMOÇÕES NA ADOLESCÊNCIA Maria do Céu Beirão, Escola Secundária Mouzinho da Silveira - Portugal Maria José D. Martins, Escola Superior de Educação de Portalegre - Portugal Resumo: Com este trabalho pretende-se saber se os adolescentes utilizam ou não as tecnologias da informação para praticar cyberbullying. Cyberbullying consiste, entre outros aspectos, em utilizar o e-mail e o telemóvel para enviar mensagens ofensivas e intimidar os colegas. Construiu-se um questionário misto (quantitativo e qualitativo) com vista a determinar se os adolescentes utilizam o telemóvel e o e-mail para intimidar e em que medida o fazem. Neste estudo analisaram-se turmas do ensino básico (9º ano) e do ensino secundário (10º e 12º anos) da área da informática, cujos alunos estão mais sensíveis às novas tecnologias. Numa sociedade que aposta fortemente na utilização das tecnologias da informação, logo a partir do primeiro ciclo, não devemos ficar indiferentes à forma como estas são utilizadas, uma vez que a sua utilização indevida tem consequências negativas para o desenvolvimento social dos adolescentes e perturba o clima relacional entre eles na escola, na turma e nos grupos sociais em que estão inseridos. 1. INTRODUÇÃO Com o aparecimento de novas tecnologias, em especial, as relacionadas com a Internet, surgiram novas formas de estabelecer contacto com outras pessoas, conhecidas ou desconhecidas até ao momento, de uma forma fácil e rápida. Infelizmente, o aparecimento destas relações “online” foi, também, acompanhado de comportamentos marcados pelo o abuso e violência fazendo com que estas interacções, nem sempre, sejam positivas (Ortega et al., 2007). Nancy Willard, citada por Ortega et al. (2007), considera que «Cyberbullying consiste em ser cruel com outra pessoa através do envio ou publicação de material prejudicial ou o envolvimento em outras formas de agressão social utilizando a Internet ou outras tecnologias digitais». O desenvolvimento desta forma de violência tornar-seá numa verdadeira “agressão social online” (Willard, 2005). Cyberbullying implica a utilização das tecnologias da informação e comunicação como suporte para uma conduta intencional, repetida e hostil desenvolvida por um indivíduo ou grupo de indivíduos para fazer mal a outros. Actualmente, utiliza-se frequentemente a designação tecnologias da informação e comunicação para caracterizar os processos de tratamento, controlo e comunicação da informação, fundamentalmente através de meios electrónicos. O tratamento da informação, cada vez mais, se liga a processos de transmissão ou comunicação da informação de uns locais para outros, a pequenas ou grandes distâncias. Numa sociedade que aposta fortemente na utilização das tecnologias da informação, logo a partir do primeiro ciclo, não devemos ficar indiferentes à forma como estas são utilizadas, uma vez que a sua utilização indevida pode ter consequências negativas para o desenvolvimento social dos adolescentes e perturba o clima relacional entre eles na escola, na turma e nos grupos sociais em que estão inseridos. Neste estudo exploratório pretende-se saber se os adolescentes de uma Escola Secundária do Norte Alentejano, frequentada por cerca de 650 alunos, utilizam ou não as tecnologias da informação para praticar cyberbullying, através de que meios (telemóvel, e-mail, etc.) e com que tipo de mensagens (Calmaestra et al., 2008). São ainda objectivos deste trabalho determinar quais as emoções e sentimentos associados à prática do cyberbullying e se existem variações em função do nível de escolaridade, género e curso que frequentam. 2. METODOLOGIA 2.1. Participantes Neste estudo, participaram 87 alunos, dos quais 69 frequentavam os cursos na área de informática da escola e 18 frequentavam um curso na área de animação sócio-cultural. Dos 87 alunos, 36 (41%) eram do género feminino e 51 (59%) do género masculino. Relativamente aos cursos e níveis de escolaridade a amostra distribuía-se da seguinte forma: 37 alunos do ensino básico (9º ano) do Curso de Educação e Formação (CEF) de “Instalação e Operação de Sistemas Informáticos”, 32 alunos do ensino secundário do Curso Profissional de “Técnico de Informática e Gestão” (12º ano) e Curso Profissional “Técnico de Multimédia” (10º ano), e 18 alunos do Curso Profissional de “Animador Sócio-cultural” (10º ano). 50% dos alunos, que frequentavam o 9º ano, eram do sexo masculino e 50% do sexo masculino. Dos alunos que frequentavam o 10º ano e, relativamente ao Curso de Multimédia, 29% eram do sexo feminino e 71% do sexo masculino, enquanto, que no Curso de Animador Sócio-cultural, 72% eram do sexo feminino e 28% do sexo masculino. Relativamente aos alunos que frequentavam o 12º ano, no Curso de Informática e Gestão, 21% eram do sexo feminino e 79% do sexo masculino. De referir que este estudo exploratório abrangeu todos os alunos da área de informática da escola. 2.2. Instrumentos Construiu-se um questionário misto (quantitativo e qualitativo) com vista a determinar se os adolescentes utilizam o telemóvel e/o e-mail para intimidar e em que medida o fazem. A frequência e a forma de cyberbullying e as emoções e os sentimentos foram também considerados no questionário. Os alunos podiam ainda descrever situações de cyberbullying ocorridas com eles. O questionário era constituído por 8 questões, 7 questões de resposta alternativa e 1 de resposta construída. 2 questões tinham duas alíneas (uma alínea com 4 opções e a outra com 12 opções (sentimentos/emoções), permitindo ainda, ao aluno, a possibilidade de introduzir um sentimento/emoção diferente dos presentes); 4 questões com 4 opções e 1 questão com 3 opções. Os alunos podiam escolher mais que uma opção em 5 das 7 questões de escolha alternativa. Regra geral, os alunos escolheram, em média, duas opções nas questões de 12 opções (sentimentos/emoções). 2.3. Procedimentos Antes de realizarem o inquérito, os alunos foram informados sobre o que é o cyberbullying e apresentados alguns exemplos (receberem ameaças, chantagem com imagens filmadas, insultos, etc.). Alguns dos alunos já tinham abordado, em aulas anteriores, o bullying e, inclusive, já tinham realizado alguns trabalhos e assistido a uma palestra na escola sobre o tema. Foram informados que o inquérito era anónimo e que deviam ser sinceros. Após a distribuição dos inquéritos, alguns alunos questionaram o que eram mensagens ofensivas tendo sido esclarecidos e apresentados exemplos. 3. RESULTADOS A análise dos resultados foi realizada tendo em consideração todos os dados (global), por género e por nível de escolaridade. Nesta análise, considerou-se praticar cyberbullying o adolescente que envia mensagens ofensivas e sofrer de cyberbullying (vitima de cyberbullying) o adolescente que recebe as referidas mensagens. 3.1 Globais No Gráfico 1 apresentam-se as respostas à frequência na prática de cyberbullying, 61% do total dos alunos refere que nunca enviou mensagens ofensivas, 30% algumas vezes, 7% admitem enviar muitas vezes e 2% sempre. Gráfico 1 – Respostas relativas à frequência na prática de cyberbullying. 7 % 2 % 30 % 61 % Nunc a Algumas vezes Muitas vezes Sempr e Quanto aos sentimentos e emoções presentes na prática de cyberbullying, Gráfico 2, 25% dos alunos admite sentir raiva, 14% desprezo, 13% alegria, 11% orgulho, 9% tristeza, 8% indiferença, 6% ciúme e/ou superioridade, 5% medo, 2% loucura ou não gostar dele/a. Gráfico 2 – Sentimentos e emoções presentes na prática de cyberbullying. Relativamente aos meios utilizados, Gráfico 3, o telemóvel é o mais utilizado, 80%, apenas 14% admitem enviar por e-mail, 5% por papel e 2% refere utilizar outro meio. Gráfico 3 – Meios utilizados na prática de cyberbullying. Quanto às pessoas envolvidas na prática de cyberbullying, Gráfico 4, a maioria refere que envia individualmente, 71%, e apenas 29% admite enviar em grupo de amigos. Gráfico 4 – Pessoas envolvidas na prática de cyberbullying. Relativamente à frequência com que os adolescentes sofrem cyberbullying, Gráfico 5, quase metade dos alunos, 49%, referem que nunca receberam mensagens ofensivas, 43% algumas vezes, 7% muitas vezes e 1% sempre. Gráfico 5 – Respostas relativas à frequência com que sofrem cyberbullying. 7 % 1 % Nunca 49 % 43 % Algumas vezes Muitas vezes Sempr e Quanto aos sentimentos e emoções presentes nas vítimas de cyberbullying, Gráfico 6, 21% admite sentir raiva, 17% indiferença, 12% alegria, 11% tristeza e/ou desprezo, 7% medo, inveja e/ou superioridade, 4% ciúme, 3% orgulho e 1% inferioridade. Gráfico 6 – Sentimentos e emoções presentes nas vítimas de cyberbullying. O Gráfico 7 ilustra que as mensagens ofensivas são recebidas, quase sempre, por telemóvel, 79%, 15% admite receber por e-mail e 6% recebe de outra forma. Gráfico 7 – Meios utilizados na recepção de mensagens ofensivas. Quanto ao conhecimento de quem envia a mensagem, Gráfico 8, apenas 7% refere que nunca sabe, 50% algumas vezes, 20% muitas vezes e 24% refere que sabe sempre quem envia as mensagens. Gráfico 8 – Respostas relativas “Sabes quem te enviou a mensagem”. No Gráfico 9 apresentam-se as frequências das respostas à pergunta a quem informam as vítimas de cyberbullying, 80% costuma contar aos amigos, 16% aos Pais/Encarregados de Educação e 4% a outro tipo de pessoas. Gráfico 9 – Respostas relativas a quem informam as vítimas de cyberbullying. 3.2 Por Género 3.2.1 Género Masculino Considerando o género masculino e, relativamente à prática de cyberbullying, Gráfico 10, 65% refere que nunca enviou mensagens ofensivas, 25% algumas vezes, 8% muitas vezes e 2% admitem sempre. Gráfico 10 – Respostas relativas à frequência na prática de cyberbullying pelo género masculino. No Gráfico 11, apresentam-se os sentimentos e emoções, do género masculino, na prática de cyberbullying. 16% admite sentir alegria, raiva e/ou desprezo, 11% tristeza, indiferença e/ou raiva e 8% loucura e/ou ciúme. Gráfico 11 – Sentimentos e emoções, do género masculino, na prática de cyberbullying. Quanto aos meios utilizados, Gráfico 12, 83% refere que utiliza o telemóvel, 13% o e-mail e apenas 4% refere que utiliza o papel. Gráfico 12 – Meios utilizados, pelo género masculino, na prática de cyberbullying. O Gráfico 13 ilustra que as mensagens são quase sempre enviadas individualmente, 73%, apenas 27% admite enviar em grupo de amigos. Gráfico 13 – Pessoas envolvidas na prática de cyberbullying pelo género masculino. Relativamente à frequência com que o género masculino sofre de cyberbullying, Gráfico 14, mais de metade, 59%, refere que nunca recebeu mensagens ofensivas, 37% admite receber algumas vezes e apenas 4% muitas vezes. Gráfico 14 – Respostas relativas à frequência com que sofre, o género masculino, de cyberbullying. Quanto aos sentimentos e emoções das vítimas, do género masculino, que sofre de cyberbullying, Gráfico 15, 18% refere que sente indiferença, 16% tristeza e/ou raiva e 13% desprezo, 8% medo, 5% orgulho, inveja e/ou ciúme e 3% superioridade e/ou inferioridade. Gráfico 15 – Sentimentos e emoções presentes nas vítimas, do género masculino, que sofrem de cyberbullying. O Gráfico 16 ilustra bem que as mensagens são quase sempre recebidas por telemóvel, 85%, e apenas 15% por e-mail. Gráfico 16 – Meios utilizados na recepção de mensagens ofensivas pelo género masculino. Quanto ao conhecimento, por parte do género masculino, de quem enviou a mensagem, Gráfico 17, 44% refere que algumas vezes sabe, 24% sempre, 20% muitas vezes e apenas 12% admite que nunca sabe que enviou. Gráfico 17 – Respostas relativas, ao género masculino, à pergunta “Sabes quem te enviou a mensagem”. O Gráfico 18 ilustra que os melhores confidentes, do género masculino, são os amigos, 87%, 9% refere outro e apenas 4% admite contar aos Pais/Encarregados de Educação. Gráfico 18 – Respostas relativas a quem informa, o género masculino, quando sofre de cyberbullying. 3.2.2 Género Feminino Considerando o género feminino e, relativamente à prática de cyberbullying, Gráfico 19, 55% do total de raparigas refere que nunca enviou mensagens ofensivas, 39% admite que enviou algumas vezes e 6% muitas vezes. Gráfico 19 – Respostas relativas à frequência na prática de cyberbullying pelo género feminino. No Gráfico 20, apresentam-se os sentimentos e emoções, do género feminino, na prática de cyberbullying, 38% admite sentir raiva, 15% orgulho, 12% medo e/ou desprezo, 8% alegria e/ou tristeza e 4% indiferença e/ou ciúme. Gráfico 20 – Sentimentos e emoções, do género feminino, na prática de cyberbullying. Quanto aos meios utilizados, Gráfico 21, a maioria envia por telemóvel, 75%, 15% por e-mail e 5% por papel e/ou outra forma. Gráfico 21 – Meios utilizados, pelo género feminino, na prática de cyberbullying. O Gráfico 22 ilustra que as mensagens são enviadas, individualmente, 69%, apenas 31% admite enviar em grupo de amigos. Gráfico 22 – Pessoas envolvidas na prática de cyberbullying pelo género feminino. Relativamente à frequência com que o género feminino sofre de cyberbullying, Gráfico 23, mais de metade, 52% do total de raparigas refere que já recebeu mensagens ofensivas algumas vezes, 33% nunca, 9% muitas vezes e 6% sempre. Gráfico 23 – Respostas relativas à frequência com que sofre, o género feminino, de cyberbullying. Quanto aos sentimentos e emoções presentes nas vítimas, do género feminino, que sofre de cyberbullying, Gráfico 24, 27% refere que sente raiva, 16% indiferença, 14% tristeza e 8% alegria, medo, desprezo, inveja e/ou superioridade e 3% admite sentir ciúme. Gráfico 24 – Sentimentos e emoções presentes nas vítimas, do género feminino, que sofrem de cyberbullying. O Gráfico 25 ilustra que a maioria das mensagens é recebida por telemóvel, 74%, 17% e-mail e 9% refere outra forma. Gráfico 25 – Meios utilizados na recepção de mensagens ofensivas pelo género feminino. Quanto ao conhecimento, por parte do género feminino, de quem enviou a mensagem, Gráfico 26, 60% refere que algumas vezes sabe quem enviou, 20% muitas vezes e, também, 20% admite que sabe sempre quem enviou. Gráfico 26 – Respostas relativas, ao género feminino, à pergunta “Sabes quem te enviou a mensagem”. O Gráfico 27 ilustra que os melhores confidentes, do género feminino são os amigos, 71% e 29% admite contar aos Pais/Encarregados de Educação. Gráfico 27 – Respostas relativas a quem informam, o género feminino, quando sofrem de cyberbullying. 3.3 Nível de Escolaridade Quanto ao nível de escolaridade e, face ao número de alunos e de modo as amostras serem minimamente equilibradas, analisou-se separadamente os alunos do 9º ano (38 alunos) e os alunos do 10º ano conjuntamente com os alunos do 12º ano (49 alunos). 3.3.1 Alunos do 9º ano No Gráfico 28 apresentam-se as respostas à frequência na prática de cyberbullying, 44% dos alunos do 9º ano refere que nunca enviou mensagens ofensivas, 45% algumas vezes, 8% admite enviar muitas vezes e 3% sempre. Gráfico 28 – Respostas relativas à frequência, com que os alunos do 9º ano, praticam cyberbullying. Quanto aos sentimentos e emoções presentes na prática de cyberbullying, Gráfico 29, 25% refere sentir raiva, 13% alegria e/ou orgulho, 10% indiferença, desprezo e/ou ciúme e 8% tristeza. Gráfico 29 – Sentimentos e emoções presentes, nos alunos do 9º ano, na prática de cyberbullying. Relativamente aos meios utilizados, Gráfico 30, a maioria, 80% dos alunos envia por telemóvel, 12% e-mail e 4% papel e/ou outra forma de envio. Gráfico 30 – Meios utilizados, pelos alunos do 9º anos, na prática de cyberbullying. Quanto às pessoas envolvidas na prática de cyberbullying, Gráfico 31, enviam quase sempre sozinhos, 59%, mas 41% admite enviar em grupo de amigos. Gráfico 31 – Pessoas envolvidas, na prática de cyberbullying, pelos alunos do 9º ano. Relativamente à frequência com que os alunos do 9º ano sofrem cyberbullying, Gráfico 32, 52% refere algumas vezes, 34% nunca, 11% muitas vezes e 3% sempre. Gráfico 32 – Respostas relativas à frequência com que, os alunos do 9º ano, sofrem cyberbullying. Quanto aos sentimentos e emoções presentes nos alunos do 9º ano, vítimas de cyberbullying, Gráfico 33, os sentimentos predominantes são indiferença (20%), raiva (18%), tristeza (16%), alegria (14%) e medo (9%). Gráfico 33 – Sentimentos e emoções presentes, nos alunos do 9º ano, que sofrem de cyberbullying. O Gráfico 34 ilustra que as mensagens ofensivas são recebidas, quase sempre, por telemóvel, 82%, apenas 11% admite receber por e-mail. Gráfico 34 – Meios utilizados, pelos alunos do 9º ano, na recepção de mensagens ofensivas. Quanto ao conhecimento de quem envia a mensagem, Gráfico 35, metade, 50%, dos alunos refere que algumas vezes sabe que enviou, 27% sempre, 15% muitas vezes e 8% nunca. Gráfico 35 – Respostas relativas, aos alunos do 9º ano, à pergunta “Sabes quem te enviou a mensagem”. No Gráfico 36 apresentam-se as frequências das respostas à pergunta a quem informam quando recebem mensagens ofensivas. Da leitura do gráfico depreende-se que os amigos são os melhores confidentes, 81%, 15% os Pais/Encarregados de Educação e 4% refere outros. Gráfico 36 – Respostas relativas a quem informam, os alunos do 9º ano, quando sofrem de cyberbullying. 3.3.2 Alunos do 10 e 12º anos No Gráfico 37 apresentam-se as respostas à frequência na prática de cyberbullying, 74% refere que nunca enviou, 18% algumas vezes, 6% muitas vezes e 2% sempre. Gráfico 37 – Respostas relativas à frequência, com que os alunos do 10 e 12º anos, praticam cyberbullying. Quanto aos sentimentos e emoções presentes na prática de cyberbullying, Gráfico 38, 25% admite sentir raiva no seu envio, 21% desprezo, 13% alegria e/ou tristeza e 8% orgulho e superioridade. Gráfico 38 – Sentimentos e emoções presentes, nos alunos do 10 e 12º anos, na prática de cyberbullying. Relativamente aos meios utilizados, Gráfico 39, 79% admite que envia por telemóvel, 16% e-mail e 5% por papel. Gráfico 39 – Meios utilizados, pelos alunos do 10 e 12º anos, na prática de cyberbullying. Quanto às pessoas envolvidas na prática de cyberbullying, Gráfico 40, enviam, quase sempre, 88%, sozinhos, apenas 13% em grupo de amigos. Gráfico 40 – Pessoas envolvidas, na prática de cyberbullying, pelos alunos do 10º e 12º anos. Relativamente à frequência com que os alunos do 10º e 12º anos são vítimas de cyberbullying, Gráfico 41, mais de metade, 61%, refere que nunca recebeu mensagens ofensivas, 35% algumas vezes e 4% muitas vezes. Gráfico 41 – Respostas relativas à frequência com que, os alunos do 10º e 12º anos, sofrem cyberbullying. Quanto aos sentimentos e emoções presentes nas vítimas de cyberbullying, Gráfico 42, 26% admite sentir raiva, 16% desprezo, 13% indiferença e/ou inveja e 10% alegria e/ou superioridade. Gráfico 42 – Sentimentos e emoções presentes, nos alunos do 10º e 12º anos, vítimas de cyberbullying. O Gráfico 43 ilustra que as mensagens ofensivas são recebidas, na maioria das vezes, 75% por telemóvel, 21% por e-mail e 4% refere outra forma. Gráfico 43 – Meios utilizados, pelos alunos do 10º e 12º anos, na recepção de mensagens ofensivas. Quanto ao conhecimento de quem envia a mensagem, Gráfico 44, metade dos alunos, algumas vezes, sabe quem enviou, 25% muitas vezes, 20% sempre e apenas 5% refere que nunca sabe quem enviou. Gráfico 44 – Respostas relativas, aos alunos do 10º e 12º anos, à pergunta “Sabes quem te enviou a mensagem”. No Gráfico 45 apresentam-se as frequências das respostas à pergunta, a quem informam as vítimas de cyberbullying. 78% informa os amigos, 17% os Pais/Encarregados de Educação e 4% refere outro. Gráfico 45 – Respostas relativas a quem informam, os alunos do 10º e 12º anos, vítimas de cyberbullying. Na questão construída do inquérito em que era solicitado aos alunos, no caso de ter ocorrido cyberbullying, que descrevessem essa situação, apenas 14% responderam, das quais, 75% admitiu sofrer cyberbullying, 17% praticar cyberbullying e 8% referiu que já não se lembra. A Tabela 1 resume as diferentes situações descritas por categorias (ameaças à integridade física; insultos, chamar nomes; gozar com deficiências de alguém; outras). Apresenta alguns exemplos e a percentagem de ocorrência. Tabela 1 - Respostas construídas pelos adolescentes na parte qualitativa do questionário referentes a situações de cyberbullying vividas pelos próprios. Categorias Exemplos % de ocorrência • «Mandaram-me um sms a dizer coisas horríveis: que me matavam e que faziam mal à minha família.» • «A mãe de uma colega ameaçou-me Ameaças à integridade física que me matava, faziam mal aos meus irmãos. Algumas mensagens eram de voz, imitando monstros, fantasmas e comboios. Também mandaram a lembrar a morte do meu irmão a fingir passar-se por ele. Ainda hoje tenho algum receio ao vê-la na rua ou até à noite.» 20% • «Recebi mensagem no telemóvel a Insultos, ameaçar-me por causa de um chamar comentário feito Hi5. Depois enviei nomes também à mesma pessoa a defender- 20% me e a ameaçar também.» Gozar com • «... gozar com uma prima minha que deficiências tem atraso mental.» 7% de alguém • «Num jogo on-line várias pessoas me ameaçam.» Outras 47% • «ter mandado ao meu namorado em algumas vezes que nos chateámos ...» 4. CONCLUSÕES Os problemas de cyberbullying têm aumentado, drasticamente, nos últimos tempos, sem dúvida, devido à massificação das novas tecnologias. O uso das tecnologias da informação tais como a Internet e telemóveis, aumentou consideravelmente, nos últimos anos. A natureza destas tecnologias torna possível que o cyberbullying ocorra secretamente, de forma fácil mas difícil de prevenir. No entanto, os adolescentes nem sempre estão bem informados e conscientes do impacto que estas práticas podem causar (Almeida et al., 2008). Este estudo colocou em evidência que os alunos de uma Escola Secundária do Norte Alentejano utilizam as tecnologias da informação (telemóvel, e-mail, etc.) para praticar cyberbullying. Está prática ocorre, mais frequentemente, no sexo feminino, 45% admite já ter enviado mensagens ofensivas, enquanto que, para o sexo masculino, é de 35%, ao contrário do bullying que é, mais frequente, no sexo masculino (Martins, 2005). No entanto, a prática de cyberbullying diminui com o aumento do nível de escolaridade, 74% dos alunos do 10º e 12º anos referiu que nunca enviou mensagens ofensivas enquanto que, no 9º ano, essa percentagem diminui para 44%. Assim, pode-se concluir que há um declínio do cyberbullying no final da adolescência, tal como se verifica no bullying (Formosinho et al., 2008; Matos et al., 2008). Na prática de cyberbullying, a raiva é o sentimento predominante, mas é mais relevante, no sexo feminino, 38% refere sentir raiva no envio de mensagens ofensivas, enquanto que para o sexo masculino, é de 16%. O desprezo, a alegria e a tristeza são também sentimentos, muito presentes, na prática de cyberbullying. De referir ainda que apenas o sexo masculino refere o sentimento de superioridade na realização desta prática. O telemóvel é, independentemente do género e nível de escolaridade, o meio mais utilizado (variando entre 74% e 85%) para praticar cyberbullying. O envio de mensagens é feito, quase sempre, individualmente, com percentagens, em média, a rondar os 70%, no entanto, para os alunos de nível de escolaridade inferior, 9º ano, esta percentagem diminui para os 59% e os amigos ganham maior peso (41%) na prática do cyberbullying. De referir que para os alunos de nível de escolaridade superior, 88% das mensagens são enviadas individualmente e só 12% em grupo de amigos. É, tal como se verificou para a prática de cyberbullying, o sexo feminino a principal vítima do cyberbullying, apenas 33% referiu que nunca recebeu qualquer mensagem ofensiva, enquanto que, para o sexo masculino é de 59%. De salientar que este problema diminui com o aumento do nível de escolaridade, 61% dos alunos do 10º e 12º anos admite que nunca recebeu qualquer tipo de mensagens ofensivas, enquanto que para os alunos do 9º ano é de apenas 34%. Para quem sofre de cyberbullying, o telemóvel é também o meio mais utilizado, sendo a raiva e a indiferença os sentimentos dominantes e, tal como aconteceu para a prática de cyberbullying, é no género feminino que o sentimento raiva é predominante, enquanto que no género masculino é a indiferença. É também o género feminino que mais admite saber quem enviou as mensagens ofensivas. Os amigos são os melhores confidentes para quem sofre de cyberbullying independentemente do género ou nível de escolaridade. Mas é o sexo masculino que mais confia nos amigos (87%), apenas 4% admite informar os Pais/Encarregados de Educação, enquanto que para o sexo feminino 29% admite contar aos Pais/Encarregados de Educação. Pode-se concluir, assim, que a maioria das vítimas de cyberbullying não informa nem procura os adultos (Li, 2005), os pais, raramente, tomam conhecimento e os professores nunca são informados. No entanto, estes devem estar em alerta máximo, uma vez que o cyberbullying é mais difícil de detectar e pode causar mais problemas que o bullying tradicional (Ortega et al., 2007). 5. REFERÊNCIAS Almeida, A. , Correia, I., Esteves, C., Gomes, S, Garcia, D. & Martins, S. (2008). Espaços virtuais para maus tratos reais: as práticas de cyberbullying numa amostra de adolescentes portugueses. Comunicação apresentada na IV Conferência Mundial: Violência na Escola e Políticas Públicas. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana. Calmaestra, J., Ortega, R. & Mora-Merchán, J. (2008). Cyberbullying, ways of intimidation more frequent. Comunicação apresentada na IV Conferência Mundial: Violência na Escola e Políticas Públicas. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana. Formosinho, M., Taborda, M. C., & Fonseca, A. (2008). Bullying in adolescence: data from portuguese school. Comunicação apresentada na IV Conferência Mundial: Violência na Escola e Políticas Públicas. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana. Li, Q. (2005). New Bottle But Old Wine: A Research on Cyberbullying in Schools. Disponível em http://www.ucalgary.ca/~qinli/publication/cyber_chb2005.pdf Extraído da World Wide Web a 20 de Dezembro de 2008. Martins, M. J. D. (2005). Agressão e vitimação entre adolescentes, em contexto escolar: Um estudo empírico. Análise Psicológica (2005), 4 (XXIII): 401:425. Matos, M., Tomé, G., Gaspar, T., Camacho, I., Ferreira, M., Borges, A. & Morais, M. (2008). Bulling/provocação nas escolas portuguesas: da investigação à intervenção em meio escolar. O estudo HBSC da OMS em Portugal. Comunicação apresentada na IV Conferência Mundial: Violência na Escola e Políticas Públicas. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana. Ortega, R., Mora-Marchán, J. A., & Jaguer, T. (2007). Actuando contra el bullying y la violence escolar. El papel de los médios de comunicatión, las autoridades locales y la Internet. Disponível em: http://www.bullying-in-school.info. Extraído da World Wide Web a 2 de Fevereiro de 2009.