V SEMINÁRIO DA PÓS- GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS PPGCS/UFRB
GT1 - CULTURA POPULAR, FESTEJOS E RITUAIS
ENTRE O CONTAR E O (EN) CANTAR: O RESGATE DA TRADIÇÃO ORAL
ATRAVÉS DA RELAÇÃO AVÓS - E-NETOS
ELAINE DA SILVA CARVALHO DONATO
UESB
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ENTRE O CONTAR E O (EN) CANTAR: O RESGATE DA TRADIÇÃO ORAL
ATRAVÉS DA RELAÇÃO AVÓS - E-NETOS1
ELAINE DA SILVA CARVALHO DONATO2
UESB
RESUMO:
O presente trabalho pretende discutir sobre a figura do avô/avó no papel de contador de histórias
e como essa relação sócio afetiva (avós e netos) pode se tornar fonte de conservação e transmissão
da cultura oral.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura; Tradição oral; Literatura;
Quando um avô morre, esse mundo antigo morre com ele, assim
como todos os cavalos, rios azuis, ruas de barro. Por isso eu,
particularmente, acho que os avós nunca deveriam morrer. Mas,
para que as coisas que eles guardam lá no fundo deles – essa
poeira encantada de outros tempos- não desapareçam
completamente, existem os netos.
(Murray,2000, p.6)
A arte de contar/narrar histórias tem sido, desde tempos imemoriais, um dos traços mais
fortes das culturas orais. Contos, causos, provérbios, lendas, saberes culinários e
medicinais constituem a infinita rede cultural que constrói, no decurso da história, as
identidades de determinados povos. Assim afirma a autora Cecília Meireles (1984, p.47):
O ofício de contar histórias é remoto. Em todas as partes do mundo o
encontramos. Já os profetas o mencionam. E por ele se perpetua a
Literatura Oral, comunicando de indivíduo a indivíduo e de povo a povo
o que os homens, através das idades tem selecionado de sua experiência
como mais indispensável à vida.
1Trabalho
apresentado no V Seminário da Pós Graduação em Ciências Sociais: Cultura, Desigualdade e
Desenvolvimento - realizado entre os dias 02, 03 e 04 de dezembro de 2015, em Cachoeira, BA, Brasil.
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Aluna do Programa de Pós- Graduação em Letras: Cultura, Educação e Linguagens, pela Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia –UESB.
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De geração em geração, histórias são contadas, reinventadas. Adaptadas às
particularidades de cada cultura e tempo histórico, tornaram-se alimento espiritual e força
que move tradições e a memória coletiva.
O contar constitui-se, assim, um mecanismo de sobrevivência de certas práticas culturais
pautadas na oralidade, “é um fazer integrante da cultura popular porque está ancorado na
experiência cotidiana, com desígnios coletivos em linguagem relativamente cristalizada”
(ZUMTHOR, p.119, 1993) e que hoje, com a chegada das redes sociais, correm um sério
risco, haja vista que na “modernidade líquida” mudaram-se as formas de relações, de
diálogos e, a própria prática social que, na cultura oral é coletiva, na modernidade passa
a ser virtual.
Com o advento da modernidade e do avanço dos meios de comunicação, principalmente
das redes sociais, modificaram-se as práticas sociais e, consequentemente, a maneira dos
indivíduos se relacionarem. A modernidade delineia novas identidades, tece novas
constituições familiares. Muda-se o acesso às informações, as formas de organização da
memória, o modo de pensar o público, o privado. E as relações sociais têm suas maneiras
de interação e contato também transformadas.
O que antes era compartilhado em rodas de conversas, reuniões entre familiares, amigos
e vizinhos cede lugar para uma dimensão virtualizada e para novos modos de
representação da realidade. Tais transformações afetaram diretamente a formação de
laços reais de convivência, tornaram-se grandes ameaças às culturas que sobrevivem de
práticas sociais coletivas e orais. Não obstante, os saberes, tradições, valores e crenças
que antes se calcavam numa prática social de partilha coletiva, especialmente através da
interação entre avós-e-netos, também sofreram um processo de declínio, pois a presença
cada vez mais constante das redes sociais nas formas de se relacionar fragilizaram a um
só tempo o contato físico e as próprias relações inter geracionais.
A modernidade, com sua demanda de conhecimento instrumental e utilitário, pautado
na/e para a funcionalidade e produtividade, tem dificultado o modo de se pensar o mundo
com bases em formas simbólicas e imaginárias como a narração. Para a sociedade atual,
contar histórias pode ser ocioso, perda de tempo. Na nossa rotina, cada vez mais
atravessada pelo consumismo, por valores individualistas e pelo predomínio da
comunicação de massa, não há mais lugar para a escuta, que vai a contrapelo do caos
contemporâneo. É o que afirma Paul Zumthor (1993, p. 75), ao dizer que:
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Todo discurso é ação física e psiquicamente efetiva. Donde a riqueza
das tradições orais, contrárias ao que quebra o ritmo da voz viva. O
verbo se expande no mundo, que por seu meio foi criado e ao qual dá
vida (...).
O pensamento corrente da sociedade capitalista em que vivemos estabelece um ritmo de
convivência no qual a disciplina do trabalho e a ideia de “tempo útil para produção” ditam
as regras. A lógica dominante é a de classificar/hierarquizar a partir de valores
financeiros. Quem a ela não se adequa, fica socialmente à margem porque não é fonte de
lucros. Assim, tanto a criança quanto o velho assumem o papel social de indivíduos
improdutivos. Não alimentam monetariamente o sistema: a lentidão do velho torna-se um
peso para a ideologia mercadológica, “a sociedade rejeita o velho, não oferece nenhuma
sobrevivência à sua obra. Perdendo a força de trabalho, ele já não é produtor nem
reprodutor” (BOSI, 1994, p.77). Já a infância, resguardada como faixa etária especial,
consome, mas não trabalha. E, “Enquanto os pais se entregam às atividades da idade
madura, a criança recebe inúmeras noções dos avós (...)” (BOSI, 1994, p.73).
Partindo dessa premissa, a relação avô- e - netos pode ser, sim, importante para o ofício
de contar histórias e, consequentemente, uma relação que resgata e conserva tradições e
saberes há muito existentes no imaginário cultural.
O velho e a criança possuem uma visão particular da realidade, em que a dimensão
simbólica parece reinar, não cedendo espaço para proposições mecânicas. Para Meireles
(1984, p. 48), “não há quem não possua, entre suas aquisições da infância, a riqueza das
tradições, recebidas por via oral (...)”. O ancião, por já ter experenciado muito da vida, é
uma riquíssima fonte de saber. E, na velhice, tem em sua voz a força de significação do
seu papel social. A criança ainda não foi completamente absorvida pela cultura de massa,
ela possui tempo hábil para a escuta e, ao escutar, recria práticas ancestrais que remetem
à infância e tempo histórico de seus avós:
A ancestralidade, por sua vez, envolve a geração mais velha e a mais
jovem, atribuindo-se lhes a prerrogativas de sabedoria e de expectativa
da aprendizagem, respectivamente, bem como a imagem do ancião que
se apoia no mais novo, no caminhar da vida. Prenúncio de troca e de
acréscimo entre a experiência e a necessidade de conhecer, simboliza a
raiz e, de alguma forma, o reforço da identidade e da sensação de
segurança, desde tempos imemoriais. (BARROS, 2006, p.108).
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De acordo com os estudos de Ecléa Bosi (1994), a função social do idoso é a de lembrar.
Através da memória, o velho transmite à nova geração sua experiência cultural, adquirida
em anos de prática de escuta, de brincadeiras, num tempo em que as práticas sociais eram
baseadas no cantar, no contar, geralmente sem ou com pouca presença do impresso, da
escrita.
A memória da velhice, então, adquire um papel importante na sociedade contemporânea,
delineia o sentido da existência do velho, pois, “o vínculo com outra época, a consciência
de ter suportado, compreendido muita coisa, traz para o ancião alegria e uma ocasião para
mostrar sua competência. Sua vida ganha uma finalidade se encontrar ouvidos atentos”
(BOSI, 1994, p.40). Nesse sentido, “a reminiscência funda a cadeia da tradição, que
transmite os acontecimentos de geração em geração” (BENJAMIN, 1987, p.211).
O ancião, assim como o narrador ou a figura dos griôs para a cultura africana, torna-se
um detentor de saberes. Sua voz tece os fios de narrativas resgatadas da oralidade. Suas
memórias individuais, ao serem transmitidas à outra geração, formam o grande mosaico
da memória coletiva de um tempo em que as aprendizagens culturais eram construídas
pelo ‘boca a boca’, pela escuta, em que era muito comum o imaginário lúdico dos cordéis,
das cantorias e das histórias. Destarte,
Um aspecto notável da cultural oral é o fato de que seus maiores
guardiões são os velhos, e esses velhos preservam essa cultura porque
a absorveram na infância. É como se a cultura oral fosse uma
conspiração entre velhos e crianças, da qual os jovens e os adultos,
sempre ocupados com as coisas práticas do mundo, ficassem um pouco
de fora. (TAVARES, 2005, p.105/106)
A memória permeia a convivência entre avós e netos. Através dessa convivência, a figura
do avô conduz a socialização dos saberes. A partir do diálogo inter geracional, avós
educam os netos, compartilham os laços que eles mesmos mantêm com a cultura com a
qual foram educados:
A criança recebe do passado não só os dados da história escrita;
mergulha suas raízes na história vivida, ou melhor, sobrevivida, das
pessoas de idade que tomaram parte na sua socialização. Sem estas
haveria apenas uma competência abstrata para lidar com os dados do
passado, mas não a memória. (BOSI,1994, p.73)
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Como o narrador, a figura do avô é a de “(...) um homem que sabe dar conselhos (...)”
(BENJAMIN, 1987, p.200), que deve ser ouvido porque sua sabedoria advém de sua
experiência de vida. Nesse sentido, “com avós o ritmo é outro. As lembranças banhadas
pela experiência devida e pelo afeto recompõem a arte de contar (...)” (OLIVEIRA, 1999,
p.21). São grandes guardiões do saber oral porque “quando chega à velhice, vendo-se
cercado de netos, vem-lhe à memória sua própria infância” (TAVARES, 2005 p.106).
O registro oral perpassa as histórias, os causos, as canções, quadrinhas, os ditos e
provérbios que transitam no repertório rotineiro do avô. A escuta, mesmo que cotidiana,
educa inconscientemente a futura geração, traz à tona costumes, séculos de história de
uma cultura que ainda vive na voz dos anciães. Assim assinala Ecléa Bosi, no livro
Memória e Sociedade (1994, p.83), “Hoje, fala-se tanto em criatividade ...mas onde estão
as brincadeiras, os jogos, os cantos e as danças de outrora? Nas lembranças de velhos
aparecem e nos surpreendem pela sua riqueza”.
O exercício de contar histórias aos pequenos contribui diretamente para a formação da
identidade da criança. A contação “insinua-se nos lugares de acalanto, e é palavra tecida
e rendada no colo de avós, rendidas ao pedido, ao convite e à cumplicidade dos netos
(LIMA, 2005, p.06). Estabelece-se assim uma de troca cultural e afetiva entre o contador
e o ouvinte/ entre o avô e o neto, e, no interstício dessa relação, a narrativa popular
encontra espaço de legitimação, uma vez que sobrevivem no imaginário coletivo por meio
de histórias contadas no cotidiano, adornadas de criatividade e sabedoria: “Contar
histórias é uma arte porque traz significações ao propor um diálogo entre as diferentes
dimensões do ser.” (BUSATTO,2003, p.10).
Se a arte de narrar ou “(...) “dar conselhos” parece hoje algo de antiquado, (...) porque as
experiências estão deixando de ser comunicáveis” (1987, p.200), como bem escreveu
Walter Benjamin, a Literatura, principalmente a Literatura Infantil, está cheia de
exemplos em que a representação da relação avós e netos são fontes de resgate das
tradições orais.
Muitas dessas narrativas literárias focalizam a interação entre o velho e a criança como
partilha e troca de experiências e recordações. É o caso do livro “Um Avô e seu neto”,
da escritora Roseana Murray (2000). A história, com teor lírico e sensível, desvela como
os avós, por terem a infância viva na memória, são exímios guardiões de tesouros da
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tradição oral que hoje não são mais tão comuns nas práticas sociais da
contemporaneidade:
Esta é uma história muito simples. Fala do amor entre um avô e seu
neto, que é como a magia que existe entre a noite e a lua. Os avós sabem
de muitas coisas. Os avós guardam a infância deles na memória, com
seus rios azuis, suas ruas de barro, chapéus, cavalos, lampiões. Um
mundo tão antigo que já quase não cabe neste mundo. (MURRAY,
2000, p.5)
O avô é lembrado como alguém que possui um legado e que deve transmiti-lo às gerações
futuras. É interessante notar como a valorização da memória do avó é retratada por
Murray, envolta de magia e encanto, assim como são as narrativas apreendidas do
imaginário da cultura oral:
E assim como às vezes a gente para pra ver uma estrela ou um pássaro,
alguns netos param e ouvem essa música secreta que sai de dentro dos
avós. Eles viveram uma vida inteira...e quantas malas e armários
poderiam encher com suas aventuras? (MURRAY, 2000, p.8).
Adentrando a representatividade e a relevância dos vínculos idoso – criança / avô – neto,
evidencia-se que a figura do avô também é frequente nas obras do escritor moçambicano
Mia Couto, que tem a oralidade como um dos principais traços de sua escrita. Na verdade,
a obra de Couto transita entre o oral e o escrito, é o que assinala Fernanda Afonso:
A obra de Mia Couto faz ouvir as vozes narrativas dos contadores
africanos, solicita a interpretação metafórica ou simbólica própria do
conto e apresenta, por vezes, um valor exemplar que a aproxima do
texto oral. No entanto, ela implica um texto escrito com regras
codificadas que a individualizam e a distinguem do conto tradicional.
(AFONSO, 2004, p. 216).
No limiar entre oralidade e escrita, as tradições africanas dos provérbios populares saltam
das páginas de Mia Couto. No conto “A avó, a cidade e o semáforo”, do livro O fio das
missangas (2009), o autor traça um quadro em que a tradição é dilacerada pelo ritmo
acelerado e muitas vezes excludente da modernidade. A história tem como personagem
a avó Ndzima que, apegada à tradição, receia o fato do neto ir visitar a “cidade grande”
e insiste em acompanhá-lo, para dele cuidar:
Quando ouviu dizer que eu ia à cidade, vovó Ndzima emitiu as maiores
suspeitas (COUTO, 2009: 125)
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A personagem avó Ndzima demonstra profunda preocupação com o possível abandono
dos rituais e tradições, ao qual o neto se submeteria durante o tempo da viagem:
- E vai ficar em casa de quem?
- Fico no hotel, avó.
- Hotel? Mas é casa de quem?
Explicar, como? Ainda assim, ensaiei: de ninguém, ora. A velha
Fermentou nova desconfiança: uma casa de ninguém?
- Ou melhor, avó: é de quem paga - palavreei, para a tranquilizar.
Porém, só agravei - um lugar de quem paga? E que espíritos guardam
uma casa como essa? (COUTO, 2009, p. 125).
Na poética de Manoel de Barros é também comum a presença de personagens mais velhas
como Nhá Velina Cuê. Quando o avô e a avô aparecem na trama de suas poesias é para
transmitir ensinamentos ao menino. As lições dadas pela voz da experiência são sempre
passadas em espaços avessos à ideia de escolarização, geralmente é nas margens dos rios,
“no mato”, no quintal de casa. O avô, além de transmitir saberes que são do imaginário
popular, que adquiriu através de suas vivências, parece também guiar o olhar poético do
autor:
O PROVEDOR
Andar à toa é coisa de ave.
Meu avô andava à toa.
Não prestava pra quase nunca.
Mas sabia o nome dos ventos
E todos os assobios para chamar passarinhos.
Certas pombas tomavam ele por telhado e passavam
as tardes frequentando o seu ombro.
Falava coisas pouco sisudas: que fora escolhido para
ser uma árvore.
Lírios o meditavam.
Meu avô era tomado por leso porque de manhã dava
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bom-dia aos sapos, ao sol, às águas.
Só tinha receio de amanhecer normal.
Penso que ele era provedor de poesia como as aves
e os lírios do campo. (BARROS, 2010, p.391)
É também o avô uma das personagens que mais rodeiam o menino (poeta). Para exercitar
a poesia, Manoel recorre à figura de um avô que experiencia uma linguagem liberta das
amarras da norma culta, irrestrita, aberta à inventividade. Trata-se de um ancião singular.
Sua sabedoria parece guiar o poeta-menino a aprimorar o olhar das coisas simples,
levando-o à própria poesia. O Saber do avô não é um saber livresco, mas um saber
adquirido através do contato com a natureza, do olhar às coisas do dia a dia, nas
“aprendizagens” apreendidas do imaginário da cultura popular. Muitas são as passagens
em que o avô demonstra saber o “rumor dos ventos”, o “voar de cada ave”, as lições
sempre efetivas e consistentes.
A velhice retratada por Barros não é decadente ou cheia de demências, ao contrário, é
uma velhice que demarca o papel social de lembrar, de reviver a espontaneidade da
infância a partir da memória.
Muitas são as referências da Literatura que retratam como o saber extraído da experiência
dos avós transforma-se em fonte inesgotável de resgate de um tempo em que a cultura
oral e o saber popular eram parte indissociável das práticas sociais de inúmeras
comunidades.
Avós e netos por meio de uma relação de afeto e cumplicidade,
compartilham narrativas orais, brincadeiras, cantigas, ensinamentos, tradições de um
tempo que já não volta mais, mas que tem suas práticas reconstruídas através de
lembranças individuais que restauram a memória coletiva, já construída com base na
oralidade. Destarte, convém dizer que a figura do narrador de Benjamin (1987), que tem
na experiência a matriz de sua sabedoria, está vivo nos inúmeros avós anônimos, que
ainda tecem sabedoria através da própria voz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9
AFONSO, Maria Fernanda. O conto moçambicano: Escritas pós-coloniais. Lisboa:
Caminho, 2004.
BARROS, Maria Helena T. C. Vó, me conta uma história? In: BARROS, Maria Helena;
BORTOLIN, Sueli; SILVA, Rovilson J. Leitura : Mediação e Mediador. São Paulo: FA,
2006. P .107-115.
BARROS, Manoel de. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2013.
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade : Lembranças de velhos.3ª ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1994.
BENJAMIN, Walter. O narrador.IN: Benjamin, Walter. Obras escolhidas I. Trad. P. S.
Rouanet. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
BUSATTO, Cléo. Contar & encantar: Pequenos segredos da narrativa. Rio de Janeiro:
Vozes, 2003.
COUTO, Mia. O fio das missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
LIMA, Francisco Assis de Sousa. Conto popular e comunidade narrativa. São
Paulo/Recife: Terceira Margem/ Editora Massangana,2005.
MEIRELES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira
MURRAY, Roseana. Um avô e seu neto. Ilustração: Eduardo Albini. São Paulo:
Moderna, 2000.
10
OLIVEIRA, Paulo de Salles. Vidas Compartilhadas: cultura e coeducação de gerações
na vida cotidiana. São Paulo: Hucitec/FAPESP, 1999.
TAVARES, Braulio. Contando histórias em versos: poesia e romanceiro popular no
Brasil. Rio de Janeiro: Editora 34, 2005.
ZUMTHOR, Paul. A Letra e a Voz: A literatura medieval; tradução Amálio Pinheiro,
Jussara Pires Ferreira. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
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