Memórias de um Sargento de
Milícias
Manuel Antônio de Almeida (1831 - 1861)
“ Manuel Antônio de Almeida é, por excelência, em nossa literatura
romântica, o romancista de costumes... É quase incrível que, em 1852,
um carioca de vinte anos conseguisse estrangular a retórica
embriagadora, a distorção psicológica, o culto do sensacional a fim de
exprimir uma visão direta da sociedade de sua terra. E por tê-lo feito,
com tanto senso dos limites e possibilidades da sua arte, pressagiou
entre nós o fenômeno de consciência literária que foi Machado de
Assis, realizando a obra mais discretamente máscula da ficção
romântica” .
( Cândido, Antônio -- Formação da Literatura Brasileira )
I. BIOGRAFIA:
A 17 de novembro de 1831, nasce no RJ,
Dr. Maneco, filho de humilde casal de
portugueses. Fez os estudos preparatórios no
Colégio S.Pedro de Alcântara e um curso de
Desenho na Academia de Belas-Artes. Matriculase na Faculdade de Medicina ( 1848 ) e para
custear os estudos faz traduções e trabalha no
“Correio Mercantil”, como revisor e redator.
Forma-se em medicina em 1855 e
defende tese universitária. Torna-se membro da
diretoria da primeira sociedade carnavalesca do
RJ,
o
“Congresso
das
Sumidades
Carnavalescas”, fundado em 1855 ( o que
mostra a relação popular do autor ) .Foi secretário da “Sociedade
Propagadora de Belas Artes”, que inaugurou em 1858, o ainda hoje existente
Liceu de Artes e Ofícios, onde deu aulas de geometria.
É nomeado diretor da Imperial Academia de Música e Ópera
Nacional ( 1857- 1860 ). Em 1858, torna-se administrador da Tipografia
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Nacional ( 1857 - 1859) onde conhece o aprendiz Machado de Assis. Em
1859, ocupa o cargo de 2o Oficial da Secretaria dos Negócios da Fazenda.
Falece em 1861, no naufrágio do vapor “Hermes”, nas costas da
Província do RJ ( perto de Campos ), em 28 de novembro. Encontrava-se em
campanha política.
II. OBRAS:
. Memórias de um Sargento de Milícias, publicada em folhetins
semanais de 27 de junho de 1852 a 31 de julho de 1853. Foram 48 capítulos.
Saíram sem assinatura. Surgiram em volumes, no ano de 1854 ( 1o ) e em
1855 ( 2o ), com o pseudônimo, “Um Brasileiro”. O livro é fruto das
memórias de um companheiro de redação do Correio Mercantil.
. Dois Amores (libreto de ópera). Como diretor da Imperial Academia
de Música e Ópera Nacional, escreve a peça com o intuito de divulgar o
gênero. Só foi encenado no Teatro Lírico quatro dias após a sua morte.
. Escreveu crônicas, poemas esparsos, crítica literária e um artigo
polêmico contra o Memorial Orgânico do historiador Francisco Adolfo de
Varnhagem, publicado no “Jornal do Comércio” em 12 de fevereiro de 1852.
III. CONSIDERAÇOES GERAIS:
Trata-se do primeiro romance sobre o cotidiano carioca. Um
precursor da obra machadiana , alencariana, macediana, barreteana etc. É um
romance carnavalesco e amoral (nem moral, nem imoral). Explicita a
contradição entre o mundo da ordem (ou seja, a lei, a moral, as
conveniências) e o da desordem (o contrário daquelas coisas). A esse jogo
dúbio Antônio Cândido chamou a “ dialética da malandragem” – um
movimento de convivência de opostos que parece ser a chave do romance.
Sem receio e com muito humor a sociedade carioca é vista de cuecas, sem
máscaras, de ponta-cabeça.
IV. SOBRE O ESTILO DE ÉPOCA:
Há uma polêmica na História da Literatura Brasileira sobre a
afiliação estética de MSM. Alguns críticos consideram a obra romântica.
Pelo costumbrismo (cenas da vida do povo, “cor local”), pelo folclórico (
personagens, costumes e tradições ) e pela fidelidade lingüística e estilística
do autor à fala do povo. Outros, consideram-na precursora do realismo. Em
lugar do embelezamento da realidade, “a impressão de verdade objetiva”.
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Baseia-se na realidade objetiva, na observação. Realista, neste sentido amplo,
não no sentido específico, no estofo científico-positivista da segunda metade
do século XIX.
Já Mário de Andrade considerou-a picaresca. O pícaro é o anti-herói,
o malandro, um tipo travesso, bufão e ardiloso que vive de expedientes, a
expensas das várias classes da sociedade. Surgiu na Espanha quinhentista (
“La Vida del Buscon”, “Estebanillo Gonzalez”, “Lazarillo de Tormes”).
Para outros, um romance de costume. O objetivo do autor foi
caracterizar o costume: indumentárias, festas de rua, de igreja, de família,
crendices, superstições, nigromancia, vida dos ciganos, o fado, locais antigos
-- da sociedade carioca no tempo de D.João VI (1808 – 1821). Daí a
preferência pelo tipo, pelo funcional, do que por pessoas. Daí a impressão de
realismo (sentido genérico); afasta-se da imaginação e da fantasia, apegandose aos valores objetivos fundados na observação.
Antônio Cândido chamou-o romance malandro. As Memórias não
seriam apenas exemplo tardio de um gênero antigo, mas sim uma variante
nova, original, de uma grande tradição, de fontes tanto eruditas quanto
populares. Seu herói, ou melhor, seu anti-herói seria, não exatamente um
pícaro, mas um malandro (antipícaro)
– personagem que viria a ter na
literatura
brasileira
moderna
representantes notáveis: Macunaíma,
Serafim Ponte Grande ou um
malandro de tipo diverso, como Brás
Cubas. Não se esquecendo do tipo
folclórico brasileiro, Pedro Malasarte.
V. SOBRE OS PERSONAGENS:
Os personagens são tipos, isto
é, apresentam apenas uma faceta
psicológica. São reduzidos ao
essencial, sem nenhuma profundidade.
Muitos não tem nomes, mas funções.
Surpreende a “imparcialidade com
que trata os personagens, rompendo a
tensão romântica entre o Bem e o Mal... cria personagens nem bons, nem
maus”. Abaixo segue uma relação:
1. Leonardo Pataca. Pai do nosso herói. Era algibebe em Lisboa. Vem para
o Brasil e torna-se meirinho.
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2. Maria da Hortaliça. Mãe do herói. Vendia hortaliças nas praças de
Lisboa.
3. Madrinha. Parteira, benzedeira, carola e fofoqueira. Também chamada de
Comadre.
4. Padrinho. Barbeiro de defronte. Médico sangrador. Raspa-barbas.
5. Leonardo. O nosso herói. Difere-se do pícaro por nada aprender com a
experiência (nada conclui, nada aprende); pelo otimismo; por seus
sentimentos sinceros e por não ser um bajulador, um puxa-saco. Nas
novelas picarescas é o próprio personagem que narra sua história. Nas
Memórias, o narrador é de terceira pessoa.
6. Cigana. Novos amores de Pataca. Também era amante do Reverendo.
7. Major Vidigal. Comandante de Polícia. Realmente existiu.
8. Mestre-de-cerimônias. Padre, Reverendo, amante da cigana.
9. Chico-Juca. Valentão. Armou a confusão na casa da Cigana, a mando do
Pataca.
10.D. Maria. A única mulher rica do romance. Tia de Luisinha.
11. Vizinha (do barbeiro). Odiava o Leonardo que, segundo ela, tinha “maus
bofes”.
12. Luisinha. Sobrinha de D. Maria. Órfã. Primeiro amor de Leonardo.
13. José Manoel. Pretendente de Luisinha. “Marido-dragão”.
14. Chiquinha. Filha (Cap. XXIV) ou sobrinha (Cap.XVI) da Comadre (?).
Amigou-se com o Pataca.
15. Mestre-de-Reza. Cego. Casamenteiro. Contratado por José Manoel para
reconquistar a confiança de D. Maria.
16. Vidinha. Mulatinha. Segundo amor de Leonardo.
17. Tomás da Sé. Sacristão. Amigo de Leonardo. Primo de Vidinha.
18. Toma-Largura. Amante da “moça do caldo”.
19. Teotônio. Patusco, mímico.
20. Maria Regalada. Ex-amante do Major Vidigal.
VI. SOBRE O FOCO, O TEMPO E O ESPAÇO:
O romance é narrado em terceira pessoa. Isto quer dizer que o
narrador não é personagem. De uma forma onisciente (sabe de tudo) contanos a estória. No entanto é uma narrador explícito, quer dizer, ele dá a sua
opinião pessoal, o seu comentário, estimula o leitor e quando necessário, faz
lembrar fatos passados. Um exemplo: “Enquanto o compadre, aflito,
procura por toda a parte o menino, sem que ninguém possa dar-lhe novas
dele, vamos ver o que é feito do Leonardo, e em que novas alhadas está
agora metido “ (capítulo IV). Mais um exemplo: “Entretanto, façamo-lhe
justiça,dados os descontos necessários às idéias do tempo, em verdade não
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abusava ele muito de seu poder, e o empregava em certos casos muito bem
empregado.” (capítulo V ) Outra característica marcante do narrador é o seu
caráter irônico .Vejamos alguns exemplos:
“Espiar a vida alheia, inquirir dos escravos o que se passava no
interior das casas, era naquele tempo cousa tão comum e enraizada nos
costumes, que ainda hoje, depois de passados tantos anos, restam grandes
vestígios desse belo hábito...” ( capítulo II )
“... puxavam rapidamente o barbante, e ninguém podia saber donde
tinha partido o golpe. Estas e outras cenas excitavam vozeria e
gargalhadas na multidão.”
“Era a isto que naqueles devotos tempos se chamava correr a ViaSacra” ( capítulo III )
O tempo do romance é cronológico. Gira em torno da vida do nosso
herói malandro. O ponto de partida está presente na primeira frase do
romance: “ Era no tempo do rei.” Este rei é D.João VI. Sabemos que esteve
no Brasil de 1808 a 1821. Portanto, o período em questão é o joanino, o da
pré-independência ou o do fim do período colonial.
O espaço, lugar em que ocorre a ação, é o RJ. Mas não o Rio
alencariano ou macediano e sim, o do Zé Povinho, da Arraia-Miúda: O
canto dos meirinhos ( uma das quatro esquinas que formam as ruas do
Ouvidor e da Quitanda); “Lá para as bandas do mangue da Cidade Nova...”;
a casa da guarda no Largo da Sé; o Largo do Rocio ( campo dos Ciganos );
VII. SOBRE A LINGUAGEM:
A linguagem é descontraída, bem humorada, em síntese, coloquial. A
sensação é de crônica ou de um relato jornalístico.
VIII. RESUMO.
I. Origem, Nascimento
e
Batizado:
Após
caracterizar O Canto
dos Meirinhos e a
importância que tinham
no tempo do rei,
apresenta-nos Leonardo
Pataca. Sua estória tem
“pouca
coisa
de
notável”. Aborrecendose da profissão de
algibebe, em Lisboa,
decide vir ao Brasil.
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Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, torna-se meirinho. Viera
com ele, na viagem de navio, “não sei fazer o que”, uma certa Maria da
Hortaliça. O safado do Leonardo, a certa altura da viagem, fingindo
distração, quando Maria estava à borda do navio, deu-lhe “uma valente
pisadela no pé direito”. Disfarçadamente, a Maria deu-lhe também um”
tremendo beliscão nas costas da mão esquerda“. Tornaram-se amantes e
passaram a viver juntos. Alguns meses depois, nasce o fruto da pisadela e do
beliscão, “o herói desta história”. No dia do batizado teve função. A
madrinha foi a parteira e o padrinho o barbeiro.
II. Primeiros Infortúnios: O ”nosso memorando” ( já estava com sete anos )
vivia atormentando a vizinhança com o
seu choro. Tinha particular ojeriza pela
madrinha. Fazia do chapéu de seu pai,
espanador. Era guloso e colérico. Com o
tempo, Leonardo Pataca começava a
desconfiar da amante. Sempre passava
pela rua um sargento, um certo colega e o
capitão do navio que o trouxera de Lisboa.
Um dia, surpreende-a. Dá-lhe murros e
socos (“Grandessíssima”). Enquanto isso,
o menino rasgava tranqüilamente os autos
trazidos pelo pai. “--És filho de uma
pisadela e de um beliscão; mereces que
um pontapé te acabe a casta. ” Expulsa-o
de casa. O padrinho tenta aplacar a briga.
Leva alguns socos. Leonardo sai de casa. É “convencido ” pelo padrinho a
retornar. Quando não encontra Maria Hortaliça desata a chorar. No dia
seguinte, ficaram sabendo que” a moça do Leonardo tinha fugido para
Portugal com o capitão de um navio que partira na véspera de noite”. O
padrinho ironiza: “ – Ah!... foram saudades da terra” . Torna-se responsável
pela criação do afilhado.
III. Despedidas às Travessuras: Dois anos já se passaram. O padrinho (
contava cerca de cinqüenta e tantos anos ) tinha um grande amor pelo
menino. Este era endiabrado. Fazia caretas aos fregueses, escondia a navalha,
jogava pedras nos telhados dos vizinhos. Ninguém gostava dele. Somente o
padrinho. Passava noites pensando no futuro do moleque. Decide torná-lo
clérigo ( além de séria, rendosa ). Pensa, mais tarde, colocá-lo na escola (
quando tivesse doze ou catorze anos) . Por enquanto é aprender o bê-a-bá.
Avisa o menino que a partir de segunda-feira (era quarta-feira) começaria a
estudar. Tem a permissão de fartar-se em travessuras, pelo resto da semana.
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O garoto levou o aviso a sério. Por duas ou quatro vezes foi surpreendido
pelo padrinho montado a cavalo em cima do muro que dividia o quintal. À
noite, foge de casa, para acompanhar a Via-Sacra do Bom Jesus. Encontra
camaradagem “com dois outros meninos do seu tamanho... e quando deu
acordo de si estava de volta com a Via-Sacra na Igreja do Bom-Jesus.”
IV. Fortuna: Leonardo Pataca estava de novos amores. Trata-se de uma
cigana. Mas, como a anterior, também acaba fugindo da casa do amante.
Desconsolado, procura ajuda na magia negra (necromancia ou nigromancia:
adivinhação pela invocação dos espíritos ) de um preto velho. Depois de ter
aprendido e praticado uma série de obrigações, decide tentar a última prova.
Ao chegar à casa do preto velho é obrigado a ficar em trajes de Adão no
paraíso. Cobre-se com um manto imundo. Na sala da casa, há uma fogueira.
Ajoelha-se frente ao fogo. Recita uma série de orações. É rodeado por três
sinistras figuras, que o envolvem numa dança. Neste momento batem à porta.
Era o Vidigal.
V. O Vidigal: Ao ouvirem a voz do Vidigal quiseram escapar pelos fundos da
casa, porém os granadeiros a protegiam. Entra o major Vidigal. Diz
desconhecer o ritual e pede para continuarem. Lá está o Leonardo, ajoelhado
frente à fogueira, suando feito bica. Permanecem horas dançando. Depois,
são chicoteados. Leonardo é advertido, enviado à casa da guarda da Sé e dela
para a cadeia.
VI. Primeira Noite fora de Casa: Sentindo a falta do afilhado, o compadre
pôs em alvoroço a vizinhança. Não o encontrando, lembrou-se da Via-Sacra.
Percorreu todo o trajeto da procissão. Na igreja do Bom-Jesus, disseram-lhe
que três endiabrados moleques foram corridos pelo sacristão. Chegando em
casa, briga com a vizinha, por ter dito que o Leonardo tinha “maus bofes”.
Os dois companheiros de Leonardo eram filhos de cigano. Convidaram-no a
participar de uma pândega em sua sociedade. Relutando, aceita o convite.
Comemorava-se na ocasião um santo da sua devoção. Havia um oratório
armado. O menino assistiu ao fado enquanto pôde. Dormiu por ali. No dia
seguinte, pediu aos companheiros para o conduzir a sua casa. No meio do
caminho encontra o padrinho. Desarma-o, dizendo ter ido ver um oratório.
Afinal de contas, não dizia que ele havia de ser padre!
VII. A Comadre: Durante muito tempo a madrinha do nosso herói ficou sem
notícias dele, de Leonardo e da Maria. Certo dia, na Sé, ouviu duas beatas (
uma delas era a vizinha ) conversarem sobre a desgraça que abatera no lar de
Leonardo. Ficou então sabendo da surra que levou Maria Hortaliça, da sua
fuga e do destino do seu afilhado. Apenas ouvida a fofoca resolve procurar o
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padrinho, movida apenas pela curiosidade. Chegando, descarrega uma bateria
de perguntas . Não concorda com o futuro clerical do menino. Para ela, seria
melhor “metê-lo na Conceição e aprender um ofício”. Retirando-se, começa a
fofocar para todos os conhecidos. O compadre, convencido do contrário,
aplicou-se no ensino do ABC ao menino. Por primeira contrariedade, o
endiabrado “empacou no F, e nada o fazia passar adiante”.
VIII. O Pátio dos Bichos: ( Este local era uma saleta ou quarto, no saguão
do paço imperial, que servia de alojamento a três ou quatro oficiais
superiores, velhos. Devido aos roncos, era uma forma jocosa de denominálo). Leonardo, preso, recorda-se de um antigo conhecido, um tenente-coronel,
e pede à madrinha que vá buscar sua ajuda. Bem sucedida, o protetor sai a
procura de solução.
IX. O -- Arranjei-me -- do Compadre: Biografia do padrinho. Não sabia de
nada sobre seu nascimento, pais ou parentes. Foi criado na casa de um
barbeiro, que o ensinou a ler e a escrever. Servia como agregado. Como o
trabalho tornou-se excessivo, decidiu abandonar a casa. Casualmente, ao
fazer a barba de um marujo, é informado de que o Navio Negreiro precisava
de um médico (= sangrador). Na viagem ganhou respeito e fama de bom
sangrador ao salvar a vida de dois marinheiros. Na volta o capitão adoece, e
passa suas economias e o salário da viagem ao padrinho, para ser entregue a
sua filha. O barbeiro resolve ficar com a herança. Eis aí o “arranjei-me” do
compadre.
X - Explicações: No passado, o Tenente-Coronel teve relações com o
Leonardo Pataca. Aquele, aos 36 anos, tivera um filho bastardo. Era-lhe uma
dor de cabeça. Desonrou uma “rapariga tola e bisbilhoteira” chamada
Mariazinha ( a nossa já conhecida Maria da Hortaliça). O Pai compra o
silêncio, dando-lhe um dote.Vários anos depois vem a saber que ela se
encontrava no RJ, junto com o Pataca. Auxiliava-a, através da madrinha. Eis
o porquê do Pataca procurá-lo. O Tenente-Coronel saíra à procura de um
antigo amigo. Era um fidalgo. Consegue a libertação junto a el-rei.
XI - Progresso e Atraso: O raspa-barbas continua com seu intento de tornar
padre o nosso herói. Já apresentara certos avanços. Desempacara do F, mas
empacara no P. O menino acaba brigando com a Vizinha. Para ela, Leonardo
tinha “maus bofes” e seu futuro era de peralta. Não gostava dele devido às
pedras no telhado e às caretas. O barbeiro interfere. Sente-se vingado quando
Leonardo imita a Vizinha. O Tenente-Coronel, tentando ainda lavar sua
honra, decide tomar o nosso “ herói” aos seus cuidados. O barbeiro recusa.
“... comecei a minha obra, hei de acabá-la. “
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XII - Entrada Para a Escola: Alguns anos depois...lia muito mau e
aprendera a ajudar missa. Entra na escola. No primeiro dia levou quatro
bolos (= palmadas) -- derramou o tinteiro na calça de um menino e riu do
mestre. No segundo, ficou de joelhos e levou uma dúzia de bolos. Xingou o
mestre de “quanta injúria sabia de cor”.
XIII - Mudança de Vida: O nosso memorando ficou dois anos na escola.
Aprendeu a ler muito mal e escrever ainda pior. Era o gazeteiro-mor e,
conseqüentemente, o “apanha-bolos-mor.” Nas suas gazetas conheceu um
pequeno sacristão. Nasceu-lhe o desejo de tornar-se sacristão ( e de sair da
escola ). O padrinho concordou. No primeiro dia, foi zombado pela Vizinha.
Jura vingança. Encontra-a na igreja. Junto com seu companheiro, colocam-se
à frente e atrás da mulher. Um com o turíbulo de incenso afogava a mulher de
fumaça. Outro, derramava-lhe plastradas de cera derretida, nas suas costas.
Denunciados, levam uma “tremenda sarabanda” do mestre de cerimônias (= o
Reverendo ).
XIV - Nova Vingança e seu Resultado: Os dois companheiros juram
vingança contra o mestre-de- cerimônias. O padre, de nada desconfiando,
empregava-os como mensageiros para a sua amante (a ex-cigana do
Leonardo). Anualmente, havia uma festa, onde o padre exercitava a oratória.
Era o que tinha de mais importante em sua vida. O nosso herói ficou
encarregado de avisá-lo do horário. Encontrando-o na casa da cigana, disselhe que seria às dez horas. Na realidade, seria às 9 horas. No dia, é
substituído por um capuchinho italiano. Quinze minutos depois, aparece,
furioso, o mestre-de-cerimônias. Os dois falavam simultaneamente,
acompanhados por um coro de risadas e confusão. Acabado o sermão, corre
atrás dos meninos. Leonardo diz ter falado nove horas. Que ele perguntasse à
moça que o acompanhava. Confusão geral. No final, o nosso “ herói “ é
posto na rua.
XV. Estralada: Leonardo estava procurando esquecer a sua cigana. Mas ao
saber que o seu rival era o mestre-de-cerimônias da Sé, revoltou-se.
Inicialmente, pensou em “salvar a alma!” da pobre cigana. Mas, frente a sua
recusa de reatamento, decidiu vingar-se. Procurou então o valentão ChicoJuca e pagou-lhe para armar uma desordem na função de aniversário da
cigana. Previne-o, no entanto, que era dar o fora após ter armado a bagunça,
pois o Vidigal estaria por perto. Após contratar o chico-Juca, sai a procura
do Major Vidigal, advertindo-o de que haveria confusão na comemoração da
cigana. Na festa, como o combinando, é armado uma bela confusão por
Chico-Juca. Assim que acaba de fugir, surge a tranqüila figura do Vidigal.
Separa os reincidentes dos primários. Observa a preocupação da cigana com
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a porta trancada do quarto. Um granadeiro vai abri-la. Trás pelo braço o
“Reverendo mestre-de-cerimônias em ceroulas curtas e largas, de meias
pretas, sapatos de fivela, e solidéu à cabeça. Inflexivelmente, é preso na casa
da guarda na Sé.
XVI. Sucesso do Plano: O Reverendo só foi parar na casa da guarda, à vista
do público. Não chegou ir à prisão. Como um murmúrio ameaçava-o de
perder seu lugar na Sé, resolveu abandonar a cigana. O Leonardo não
agüentava de contentamento. Voltou a insistir com a cigana. Tanto fez que
acabou conseguindo. Ao saber, a comadre, foi repreendê-lo. Na verdade
estava com segundas intenções. tinha uma sobrinha (ver cap. XXIV) que
vivia em sua companhia, e que pesava sofrivelmente sobre as costas. Quanto
ao nosso memorando continuava sem destino. O padrinho andava com a idéia
fixa de mandá-lo para Coimbra.
XVII. D. Maria: No dia da procissão dos ourives, foram à casa de D.Maria,
o compadre, o afilhado, a comadre e a vizinha dos maus agouros.
Conversaram muito sobre o menino. Como de costume, a vizinha desceu a
lenha. Como vingança, o endiabrado pisou no seu rabo de saia, quando ela se
levantava. Conseqüência: 4 palmos de vestido rasgados. Assistiram à
procissão da janela e ao retirarem-se, o compadre é convidado a retornar,
para conversarem “a respeito do menino”. “Já se vê que o menino não era dos
mais infelizes, pois que se tinha inimigos, achava também protetores por toda
parte”.
XVIII. Amores: São transcorridos alguns anos. Leonardo já está jovem. Não
foi para Coimbra, nem para a Conceição, nem para o cartório. Tornou-se um
verdadeiro vadio. D. Maria envelhecera sofrivelmente. A comadre conseguira
o seu intento. Traído mais uma vez pela cigana, Leonardo Pataca, arranjou-se
com a sobrinha da beata. Surge mais um personagem. A sobrinha de D.Maria
( Luisinha ), que órfã, veio morar com a tia. Leonardo ao vê-la morreu de rir.
Ela já tinha “perdido as graças de menina”, mas “ainda não tinha adquirido a
beleza de moça”. Durante alguns dias não se referiram à menina. Mas, ao se
falar da visita de costume à D.Maria, Leonardo foi o primeiro a se arrumar.
Saíram.
XIX. Domingo do Espírito Santo: Era domingo do Espírito Santo. No meio
do caminho, Leonardo e seu padrinho, encontram a Folia. Chegando à casa de
D.Maria, Leonardo não parou de olhar a nossa Luisinha. Porém, desta vez,
sem saber porque, não sentiu vontade de rir. Continuava feia e esquisita.
Mais feia ainda, pois D.Maria teve vontade de asseá-la. Mas não era tão feia
de cara como a princípio pareceu. Um observador fino, notaria os olhares
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fugazes que Luisinha dirigiu a Leonardo. Saindo, marcaram para a noite um
encontro no Campo.
XX. O Fogo no Campo: Leonardo, parecendo “ter asas nos pés”, chega logo
à casa de D.Maria. O rancho sai alegremente. Leonardo sente ciúmes do
menino do Império, devido aos olhares atônitos de Luisinha. Tudo era
maravilha a quem sempre viveu presa. Na ceia, começam os fogos.
Extasiada, Luisinha apóia-se nas costas de Leonardo. Familiarizados, voltam
do Campo de mãos dadas. Passam distraidamente pela casa de D.Maria.
Separam-se tristemente.
XXI. Contrariedades: Passado o entusiasmo e o colorido das festividades,
Luisinha voltou ao seu estado de mutismo e timidez. “Conservara-se de
cabeça baixa e olhos no chão.” Leonardo quase “desatou a chorar”.
Transitava entre a calma, a raiva, o desprezo e o despeito. Certo dia,
encontram na casa de D. Maria, um “velhaco de quilate e “maledicente”,
chamado José Manoel ( 35 anos). Leonardo, alertado pelo instinto, vê nele um
inimigo. E corretamente. José Manoel fazia “a corte à velha com intenções na
sobrinha”. D. Maria era “rica e velha, não tinha outro herdeiro senão sua
sobrinha”. Leonardo pensa em cortar-lhe o pescoço à navalhada. Aplacou-se
ante às admoestações do padrinho, “que sabia de todos os seus sentimentos, e
que os aprovava”.
XXII. Aliança: O Leonardo e o padrinho estavam preocupados com a
concorrência de José Manoel. O compadre achava o casamento com Luisinha
“um meio de vida excelente para o seu rapaz”. Este já se tornara um
vagabundo contumaz. O pior era que José Manoel avançava em seus planos.
O barbeiro convida a comadre para auxiliá-lo. Como José Manoel era
maldizente e mentiroso, a comadre, sempre sorrateiramente, procurava
desmascará-lo, frente à D.Maria. É o caso da história, contado por ele, sobre
o naufrágio dos potes.
XXIII. Declaração: Enquanto a comadre desmascarava a José Manoel,
“Leonardo ardia em ciúmes” e em raiva. Percebendo que não bastaria
desbancar a seu rival, já que Luisinha ignorava a sua paixão, decidiu declarar
o seu amor. Preparou-se durante semanas. Um dia, Luisinha estava na janela,
espiando a rua. Leonardo aproximou-se. Não sabia se ajoelhava ou se ficava
de pé. Se tocava no ombro ou no vestido. Suava a não poder mais. Alerta-a
por meio de um “Ah!” trêmulo. Gagueja. Treme. Consegue finalmente dizerlhe: “... eu lhe quero... muito bem”. Luisinha fez-se cor de uma cereja, saindo
da sala. Mas o que aconteceu não lhe era totalmente desagradável. Leonardo,
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após a declaração, estava em bicas. Parecia ter “acabado de lutar braço a
braço com um gigante.”
XXIV. A Comadre em Exercício: Leonardo já estava amigado com a filha
(ver cap.XVI) da comadre, Chiquinha. Achava-se de esperanças, pronta a dar
`a luz. No dia, veio a parteira, a nossa já conhecida comadre. Leonardo
Pataca entrou em desespero. “Despiu os calções e o colete, ficou em ceroulas
e chinelas, amarrou à cabeça, segundo um antigo costume, um lenço
encarnado, e pôs-se a passear na sala de um lado para outro, com uma cara
de fazer dó: parecia que era ele e não Chiquinha quem se achava com dores
de parto”. Teve uma filha.
XXV. Trama: A madrinha de Leonardo, apesar do tempo ocupado com o
ofício e com a igreja, tinha decidido tomar a causa dos amores do afilhado e
jurara pôr José Manoel fora do páreo. Por aqueles dias tinha fugido uma
moça, com “um pé de meia preta contendo uma boa porção de peças de
ouro”, juntamente com o namorado que ninguém sabia quem era. A
madrinha, ao visitar D.Maria, encontrou-a super-excitada com o escândalo. A
parteira, mentindo estar perto do Oratório de Pedra, quando da fuga, cochicha
no ouvido de D.Maria: “-- Foi o nosso grande camarada... a boa peça do José
Manoel. “
XXVI. Derrota: A mentira da madrinha produziu o seu efeito. D. Maria
ficou estarrecida. Neste exato momento chega José Manoel. A parteira
estremeceu, temendo ser “apanhada em flagrante mentira”, pondo tudo a
perder. Mudando de assunto, o narrador fala de Luisinha. Tinha se
transformado. Estava fisicamente e moralmente mais desenvolta e bela. O
amor de Leonardo também tinha aumentado. Mas estava sem esperanças.
Nada, desde a declaração, tinha acontecido. Apenas aumentara-lhe a raiva
por José Manoel. Enquanto isso, o pobre José Manoel escutava estupefato às
acusações de D.Maria. Foi expulso da casa.
XXVII. O Mestre-de-Reza: José Manoel quebrou a cabeça para saber quem
era seu inimigo. Estava convencido de que era por causa de suas intenções à
Luisinha. Decidiu procurar um aliado. Encontrou-o no Mestre-de-Rezas
(velho e cego), que estava na casa de D.Maria. Ele, além de famoso pela
profissão, era tido como “bom arranjador de casamento”. Contratado, logo no
primeiro dia tocou no assunto do roubo da moça, com D.Maria. Afirmava
saber quem era o culpado. D. Maria, também dizia saber. E queria que o
Mestre-de-Rezas falasse o nome do autor. Mantendo segredo, retirou-se da
sala. Conseguiu, pelo menos, lançar a dúvida no espírito da velha.
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XXVIII. Transtorno: Nem os banhos de alecrim da comadre, nem as
pílulas do boticário conseguiram salvar a vida do barbeiro. D. Maria estava
lá com seu “batalhão de crias”. A vizinha soltava “exclamações em honra do
defunto”. Leonardo, sofrendo um grande choque, chega-se mais perto de
Luisinha. À noite, a comadre e D.Maria, procuram o testamento do
compadre. Leonardo e Luisinha cochichavam. No dia seguinte, após o
enterro, era preciso saber com quem o Leonardo ficaria. Após a abertura do
testamento, onde Leonardo era o seu universal herdeiro, a comadre informou
o fato a Leonardo Pataca, “e este apresentou-se para tomar conta do seu
filho”. A herança era boa. “Um bom par de mil cruzados em espécie”. A
comadre vai morar com eles. Mas o Leonardo não havia simpatizado com a
Chiquinha. E começam os atritos. Nem os conciliadores conseguiam acalmar
a situação. Menos dia, mais dia, “haveria grande barulho em casa”.
XXIX. Pior Transtorno: Leonardo voltava da casa de D.Maria enfezado.
Agüentara por muito tempo a conversa de D.Maria e não tinha visto
Luisinha. Chegando em casa é provocado por Chiquinha. Fez um gesto
arrebatado, sentando-se numa cadeira, e atirando sem querer, uma almofada
de renda no chão: “com a queda rebentaram-se os fios, e uma porção de
bilros rolou pela casa”. Os dois começam a discutir. Ao ser acusado de
“namorado sem ventura...”, ameaça desfechar alguns murros em Chiquinha.
Leonardo Pataca, que estava no interior da casa, ameaça seu filho. O filho
lembra-o da cigana. O pai, enfurecido, vai buscar o espadim do uniforme, e
investe contra o rapaz.. “Convém dizer que o espadim ia embainhado”.
Leonardo foge de casa. A madrinha entra neste momento, por outra porta,
tomando as dores do afilhado. Sai em sua procura.
XXX. Remédio aos Males: Fugindo de casa vai parar lá pelas bandas dos
Cajueiros. Senta-se sobre umas pedras e começa a pensar em Luisinha. É
acordado por algumas gargalhadas “partidas detrás de umas moitas
vizinhas”. Era um rancho de rapazes e raparigas, que assistiam a um jogo de
biscas, sob os restos de um jantar. Um dos jogadores, ao levantar a cabeça,
descobre o nosso Leonardo. Era o antigo companheiro da Sé: o
sacristãozinho. Leonardo é convido a pastar. Conta sua desgraça ao
companheiro, que lhe diz estar amigado. Convida-o a ir com eles. Antes,
Vidinha canta a modinha, “Se os meus suspiros pudessem”. Leonardo,” que
talvez hereditariamente tinha queda para aquelas coisas... nunca mais tirou os
olhos de cima da cantora “. A seguir, foram embora. Leonardo acompanhouos.
XXXI. Novos Amores: Chegando em casa, Tomás de Sé vai conversar com
as duas irmãs “viúvas”, a respeito de Leonardo. Este, nem se tocava com a
sua situação. Sequer pensava em Luisinha e José Manoel. Estava “embebido
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num êxtase contemplativo”. Reunidos na porta -- a família e a vizinhança -Leonardo pede para Vidinha cantar. Ao som de sua voz, fica imaginando
como pôde gostar de Luisinha, “menina sensaborona e esquisita, quando
havia no mundo mulheres como Vidinha”. Estava decididamente apaixonado.
Mas, Leonardo não herdara apenas o fluído amoroso de seu pai, também, as
contrariedades em tais casos. Dois dos primos estavam apaixonados por
Vidinha. Um era “atendido e outro desprezado”.
XXXII. José Manoel Triunfa: A comadre estava desesperada atrás de
Leonardo. À noite, vai à casa de D.Maria. Na porta encontra o mestre-deRezas saindo. Não foi um bom sinal. Já desconfiava, via nele um agente de
José Manoel. Conta-lhe o sucedido a Leonardo. Despede-se. D.Maria que
ouvira toda a conversa, cai matando encima do nosso pobre “ herói ”.
Mudando de assunto, diz estar braba com a comadre. Não tinha sido José
Manoel o responsável pela fuga da menina. O Mestre-de-Reza trouxera até o
pai da moça, para jurar a favor do homem. A comadre, em tal situação,
lamenta-se do seu engano. Afirma serem tão parecidos. O mestre-de-rezas
tinha ido mais além. Abrira os olhos de D.Maria sobre certas coisas
(pretensões da comadre ou de Leonardo acerca de Luisinha). A situação
estava preta. Mas ainda havia tempo, pois D.Maria achava Luisinha
verdezinha para o casamento.
XXXIII. O Agregado: Leonardo tornou-se um agregado parasitário. Leia
das compensações: era amado pelas 2 irmãs viúvas, primas, Tomás da Sé,
mas odiado pelos 2 primos. Já não pensava em Luisinha. Certo dia foi
surpreendido abraçando Vidinha no quintal. Depois de meia hora de
discussão, com toda a família envolvida, um dos primos avança sobre
Leonardo. “Lutaram os dois por algum tempo sem que disso resultasse
acidente grave para nenhum deles, e afinal apartaram-se”. Leonardo quis sair
de casa. As 2 irmãs viúvas e Vidinha não deixaram. No momento em que
tentava abrir a porta, dá de cara com a madrinha. Esta, ao ver as 2 irmãs, vai
conversar com elas.
XXXIV. Malsinação: Durante horas, as 3 conversaram. No final, tornaramse boas amigas. Leonardo ficou com a família. Os laços entre Leonardo e
Vidinha estreitaram-se mais. Os dois primos uniram-se contra Leonardo, o
inimigo comum. Leonardo tornara-se um verdadeiro parasita. Um dia
forjaram uma patuscada. Saíram de madrugada. Ninguém notou os
cochichos dos dois primos. Chegando de manhãzinha, apenas
começaram a preparar-se para o almoço, ouvem a voz do Major
Vidigal. Denunciado pelos primos, é preso por vagabundagem.
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XXXV. Triunfo Completo de José Manoel: José Manoel tinha se
reabilitado com D.Maria. Um sucesso inesperado auxiliou - o.
testamenteiro do finado irmão de D.Maria reabriu uma pontinha do
processo. A velha adorava demandas judiciais. Como o procurador de
D.Maria tinha morrido, José Manoel incumbiu-se da tarefa.
Empenhou-se tanto, que venceu em pouco tempo. No mesmo dia em
que apresentou o resultado positivo pede a mão de Luisinha. Casam-se
num final de tarde. Luisinha estava indiferente e sentindo-se
abandonada (por Leonardo).
XXXVI . Escapula: Leonardo sem dúvida nenhuma seria conduzido à
Casa da Guarda. Um granadeiro escoltava-o. Logo atrás, ia o Major
Vidigal. Pensava em fugir. De repente, ouvem um grande alarido na
rua. Leonardo dá um esbarrão no granadeiro e se mete a correr. Entra
por um corredor que achou aberto. Esconde-se numa cadeirinha e ao
passarem os homens do Vidigal, abre as cortinas e some. Chegando em
casa, consegue evitar uma guerra que já se armava. Vidinha e sua mãe,
versus, os dois primos e sua mãe. O Major Vidigal estava uma fera.
Nunca ninguém lhe escapara. Tornara-se inimigo mortal de Leonardo.
XXXVII. O Vidigal Desapontado: O Major estava urrando de raiva.
O pior seria agüentar a mofa dos outros. Tanto tempo para construir a
imagem de temido e respeitado! E realmente, todos estavam rindo. A
começar pelos próprios granadeiros, apesar da disciplina militar. Ao
sair da casa, uma multidão, que tudo assistira, esperava-o. Zombavam
do major. Do meio da turba uma advertência: “-- Lá está o bicho
dentro da cadeirinha!” Instintivamente, o major abriu as cortinas. Foi
uma gargalhada geral. No meio do caminho, o Major vai ruminando.
Se os dois primos avisassem de que Leonardo era deste tipo. Pensava
em cercar sua casa com os granadeiros. Não, seria melhor apanhá-lo
sozinho. Chegando à Casa da Guarda, uma mulher agarra-lhe as pernas
e começa a chorar. Era a madrinha. Além de tudo, foi obrigado a dizer
por sua própria boca, que o malandro tinha fugido. Foi outra risada
geral.
XXXVIII. Caldo Entornado: Depois do incidente a comadre foi à
casa das 2 irmãs. Lá conta o que aconteceu com o Major e todos
morrem de rir. Mudando de assunto, admoesta a Leonardo. Este,
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temendo o “côvado e meio” (chicote) ou a possibilidade de se tornar
um soldado, promete emendar-se. Poucos dias depois, a madrinha
volta com um emprego para Leonardo. Servidor na ucharia real. A
partir de então, a despensa de Vidinha estava sempre cheia. Mas os
“infortúnios dos devaneios do coração” de Leonardo estavam a
espreitá-lo. Dentro do pátio da ucharia morava um toma-largura com
uma bela mulher. O amor de Leonardo é correspondido. “Vidinha lá
por casa começou a estranhar a assiduidade do novo empregado na sua
repartição, e a notar o quer que fosse de esmorecimento de sua parte
para com ela”. Um dia o toma-largura chega mais cedo em casa e
surpreende o “bondoso” Leonardo com um prato de sopa para sua
mulher. O caldo da é entornado e Leonardo sai correndo. O tomalargura sai atrás e um barulho de briga escuta-se pelos corredores. “No
dia seguinte, o Leonardo foi despedido da ucharia”.
XXXIX. Ciúmes: Quando se soube do verdadeiro motivo da saída de
Leonardo, a casa tornou-se um inferno. Vidinha era o tipo de mulher
que, quando enciumada, começava a “gritar, chorar, maldizer,
blasfemar, ameaçar, rasgar, quebrar, destruir...”. Inesperadamente,
pede a mantilha para sua mãe. Tinha decidido ir à ucharia real.
Leonardo tenta impedi-la. Aí é que a coisa pegou fogo. Não
conseguindo, acompanha Vidinha. Começava a anoitecer. Vidinha
andava depressa, sendo perseguida por Leonardo. Começou a correr,
distanciando-se de Leonardo. Desaparece pelo portão da ucharia.
Leonardo parara. Depois, decide entrar. No momento em que
atravessava o portão uma mão segura-o pela jaqueta. Era o Major
Vidigal.
XL. Fogo de Palha: Informando-se aqui e ali, Vidinha chega até à
casa do toma-largura. Ao avistar a “moça do caldo”, instintivamente,
vai esbravejando com ela. Aparece o toma-largura pedindo
explicações. Vidinha enfrenta-o. Ironiza ao dizer que veio até ali para
tomar um caldo. Ao ir embora é seguida pelo toma-largura. Andavalhe pela cabeça um plano: conquistar Vidinha (vingança contra
Leonardo e satisfação de um desejo, já que a mulatinha o agradara).
Seguindo-a de longe, vem saber do seu endereço.
XLI. Represália: Vidinha encontra a sua casa na maior confusão.
Pergunta pelo Leonardo. Só então percebem que ele não voltara.
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Entram em pânico. Pensam no Vidigal. Apesar de tudo “queriam-lhe
muito e muito bem”. Não o encontram na Casa da Guarda. A comadre
também não o acha. Com o passar do tempo levantam a suspeita dele
estar escondido. Começam a desprezá-lo pela ingratidão. O tomalargura começa a freqüentar a casa de Vidinha. Marcam uma patuscada
fora da cidade. O local escolhido foi o dos Cajueiros. O mesmo onde
tinham conhecido o Leonardo. O toma-largura, quando bêbado, davase a valentão. E lá estava ele a fazer voar pratos, garrafas, copos e
tudo mais. Nisto aparece o Major Vidigal dando ordens a um
granadeiro para segurar o homem. Para surpresa geral, o soldado era
nada mais, nada menos do que o nosso Leonardo.
XLII. O Granadeiro: O toma-largura foi levado por Leonardo. Mas
no meio do caminho desmaiou de tão bêbado. Não podendo carregálo, devido a sua corpulência colossal, foi abandonado no meio da
calçada.
Conta-se a seguir, como Leonardo assentou praça.
Todos os batalhãoes da cidade tinham uma companhia de
granadeiros, e “havendo uma vaga na companhia do Regimento Novo,
fora o Leonardo escolhido para preenchê-la”. Sabendo disso é
requisitado pelo Major Vidigal, pois eram destas companhias que se
tiravam os soldados para o serviço policial. Mas os hábitos de
malandro ainda persistiam em Leonardo.
O nosso narrador (“contador de histórias” ) narra a primeira
diabrura de Leonardo como soldado: os gaiatos e suciantes inventaram
um fado em homenagem ao Major Vidigal. O estribilho era o seguinte:
Papai lelê, seculorum. “ Nesse fado a personagem principal
representava o major que, figurado morto, vinha estender-se
amortalhado no meio da sala; as demais personagens cantavam-lhe em
roda cantigas alusivas, que terminavam todas pelo estribilho que acima
indicamos”. Um dia, o Major teve a informação de que se preparava
um “papai lelê” no morro da Conceição. Decide pilhar todo mundo em
flagrante. Leonardo tinha ficado incumbido de dar o sinal, para a hora
adequada. Mas, nada dele aparecer. O major decide invadir a casa.
Descobre para seu espanto, e gargalhada geral da tropa, que o “morto”
era o nosso Leonardo.
XLIII. Novas Diabruras: Para a surpresa de todos nada acontecera a
Leonardo. Um dia, o Major anunciara sua intenção de prender um dos
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grandes patuscos do RJ. Chamava-se Teotônio. Além de banqueiro de
uma roda de jogo, gostava de fazer mímicas. No batizado da filha do
Leonardo, Teotônio fora convidado. Na função encontrava-se o major.
Como não havia motivos para a prisão, entrou sozinho, com a devida
permissão do Pataca. Na hora da mímica, o Major é imitado por
Teotônio. Sai esbravejando. Procura os granadeiros e ordena a
Leonardo que vá para casa a fim de evitar a fuga do Teotônio.
Leonardo, no decorrer da festa, não querendo fazer o papel de Judas,
combina um plano de fuga com o Teotônio. No término da festa,
Leonardo sai na frente, dizendo ao major que lá vinha o patusco. O
major agarra o primeiro homem que surge. Mas, ao constatar que era
um “pobre corcunda, aleijado, ainda em cima, da perna direita e do
braço esquerdo”, solta-o. Depois do último convidado o major indaga
ao Leonardo onde estava o Teotônio. Ao receber a resposta de que ele
estava de jaqueta branca e chapéu de palha, entra em desespero. Era
exatamente o corcunda.
XLIV. Descoberta: Pior que um amigo é um mau amigo. Um dos
convidados era amigo do Teotônio. Encontrando a tropa,
imprudentemente, agradece em altos brados a atitude de Leonardo. O
major ao ouvir a frase, manda Leonardo recolher-se ao quartel.
O narrador fala agora de D.Maria e sua gente. José Manoel,
passado a lua-de-mel, pusera as mangas de fora. Entrara em conflito
com D.Maria devido ao dote. Tornara-se um verdadeiro “maridodragão”. Luisinha não saía mais de casa, tinha saudades do Leonardo e
odiava o marido. D. Maria retornara a sua amizade com a madrinha e
fizeram um pacto de ajuda mútua. Procuram libertar Leonardo da
cadeia.
XLV. Empenhos: A madrinha procura o Major Vidigal. Não atende a
seus pedidos e diz que vai chicotear a Leonardo. A madrinha socorrese com D.Maria. Esta sugere a ajuda de uma ex-amante do Major
Vidigal -- a Maria Regalada. As três partem para a casa do Major
Vidigal.
XLVI. As Três em Comissão: Chegam as 3 na casa do Major. Este,
não esperando visitas, não conseguiu arrumar-se a tempo. Vestia a
farda, calças de enfiar, tamancos e um lenço de Alcobaça sobre o
ombro. A comadre mal pôde conter o riso. O major, quando rodeado
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de mulheres, não publicamente, tornava-se um “babão”. As mulheres
pedem a soltura do Leonardo. Em nome da disciplina e da lei continua
empedernido. Como última arma as três desatam a chorar. O major
também (no fundo era um sentimental). Maria Regalada conduz o
major até o canto da sala e cochichando ao seu ouvido faz o major
condescender. E mais ainda, faz o major prometer uma surpresa...
desde é claro, disse o major, voltando para Maria Regalada, ficando o
“dito, dito...”.
XLVII. A Morte é Juiz: Ao retornar para casa, D. Maria encontra a
em reboliço. José Manoel sofrera um enfarte e estava morto. Os
escravos, contentes, fizeram uma algazarra tremenda. À noitinha,
chega Leonardo. Para espanto geral vinha “em completo uniforme de
sargento da companhia de granadeiros”. Reencontra Luisinha. Estavam
diferentes, bonitos e felizes. E neste mesmo dia de luto sentiram o
verdadeiro prazer da felicidade.
XLVIII. Conclusão Feliz: Até D.Maria ruminava o casamento da
“fresca viuvinha”. O problema todo é que “um sargento de linha não
podia casar”. O jeito seria ficar soldado, “dando baixa na tropa de
linha, e passando-se no mesmo posto para as Milícias”. Foram
procurar a Maria Regalada. Ao entrarem em sua casa a primeira
pessoa que apareceu foi o Major Vidigal, em hábitos menores. Fora
assim que ela conquistara a libertação de Leonardo. O Major achou o
pedido muito justo, “em conseqüência do fim que se tinha em vista”.
Uma semana depois Leonardo recebe dois papéis: “um era a sua baixa
da tropa de linha; outro, sua nomeação de Sargento de Milícias”.
“Além disso, recebeu o Leonardo ao mesmo tempo carta de seu pai, na
qual o chamava para fazer-lhe entrega do que lhe deixara seu padrinho,
que se achava religiosamente intacto”.
(...) Passado o tempo indispensável do luto, o Leonardo, em uniforme
de Sargento de Milícias, recebeu Luisinha, na Sé, assistindo a
cerimônia a família em peso.” Daqui em diante aparece o reverso da
medalha. Seguiu-se a morte de D.Maria e de Leonardo Pataca, e uma
enfiada de acontecimentos tristes que pouparemos aos leitores,
fazendo aqui ponto final”.
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IX - EXERCÍCIOS:
01. Assinale a alternativa que contenha uma caracterização errada do
personagem:
a) Major Vidigal: ” Era... um homem alto, não muito gordo, com ares
de moleirão; tinha o olhar sempre baixo, os movimentos lentos, e voz
descansada e adocicada. Apesar deste aspecto de mansidão, não se
encontraria por certo homem mais apto para o seu cargo... “;
b) Leonardo Pataca:. “... rotunda e gordíssima personagem de cabelos
brancos e carão avermelhado, que era o decano da corporação...
moleirão e pachorrento... “
c) D. Maria:.“Era ... baixa, excessivamente gorda, bonachona ingênua
ou tola até um certo ponto, e finória até outro; vivia do ofício de
parteira, que adotara por curiosidade, e benzia de quebranto; todos a
conheciam por muito beata e pela mais desabrida papa-missas da
cidade. Era a folhinha mais exata de todas as festas religiosas que aqui
se faziam; “
d) O Reverendo: “Era de meia idade...tinha-se formado em Coimbra;
por fora era um completo S.Francisco de austeridade católica, por
dentro refinado Sardanápalo, que podia por si só fornecer a Bocage
assunto para um poema inteiro...”
e) Vidinha: “... era uma mulatinha de l8 a 20 anos, de altura regular,
ombros largos, peito alteado, cintura fina e pés pequeninos; tinha os
olhos muito pretos e muito vivos, os lábios grossos e úmidos, os
dentes alvísssimos, a fala era um pouco descansada, doce e
afinada...Cada frase que proferia era interrompida com uma risada
prolongada e sonora...”.
02. No capítulo IV, Fortuna, significa:
a) A busca desesperada de mais dinheiro, por parte do Leonardo
Pataca;
b) Pataca, através da magia negra, tentava recuperar a sua amante, a
cigana;
c) O padrinho, após o desaparecimento do afilhado, procurou uma
cigana;
d) Leonardo filho, após a fuga, vai parar num acampamento cigano,
onde consegue muito dinheiro;
e) Leonardo tenta reaver Luisinha, sua primeira paixão.
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03. Assinale a alternativa incorreta:
a) O padrinho arranjou-se na vida através de um golpe imoral: fica
indevidamente com a herança de um capitão de navio negreiro;
b) Leonardo Pataca é preso pelo Vidigal porque, ao perder a cigana,
vai procurar um macumbeiro;
c) O Pataca é solto da prisão, graças à ajuda do Tenente-Coronel, pai
da Maria Hortaliça;
d) José Manoel é um tipo mentiroso e caça-dotes. Estava interesssado
no dinheiro de D.Maria, por isso,
casou-se com Luisinha;
e) Vidinha foi uma das paixões de Leonardo.
04. ( Unicamp). No cap. XXIII das MSM, o major Vidigal é visitado
por três mulheres que intercedem por Leonardo. O major recebeu-as
de rodaque de chita e tamancos, não tendo a princípio suposto o
quilate da visita; apenas porém reconheceu as três, correu do apresso à
camarinha vizinha, e envergou o mais depressa que pôde a farda; como
o tempo urgia, e era uma incivilidade deixar sós as senhoras, não
completou o uniforme, e voltou de novo à sala de farda, calças de
enfiar, tamancos, e um lenço de Alcobaça sobre o ombro, segundo seu
uso. A comadre, ao vê-lo assim, apesar da aflição em que se achava,
mal pôde conter uma risada que lhe veio aos lábios.
Compare essa imagem do major com a que ele tem nos
capítulos anteriores. Diga se a nova imagem do major antecipa o
resultado da visita das três mulheres e explique por quê.
R:________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________.
05. (Fuvest-96) - “Era este um homem todo em proporções
infinitesimais, baixinho, magrinho, de carinha estreita e chupada, e
excessivamente calvo; usava de óculos, tinha pretensões de latinista, e
dava bolos nos discípulos por dá cá aquela palha. Por isso era um dos
mais acreditados na cidade. O barbeiro entrou acompanhado pelo
afilhado, que ficou um pouco escabriado à vista dos aspecto da
escolas, que nunca tinha imaginado.”
(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias)
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Observando-se, neste trecho, os elementos descritivos, o
vocabulário e, especialmente, a lógica da exposição, verifica-se que a
posição do narrador frente aos fatos narrados caracteriza-se pela
atitude:
a) crítica, em que os costumes são analisados e submetidos a
julgamento;
b) lírico-satírica, apontando para um juízo moral pressuposto;
c) cômico-irônica, com abstenção de juízo moral definitivo;
d) analítica, em que o narrador onisciente prioriza seu afastamento do
narrado;
e) imitativa ou de identificação, que suprime a distância entre o
narrador e o narrado.
06. Que personagem do livro Memórias de um Sargento de Milícias é
caracterizado como “filho de uma pisadela e de um beliscão? “
a) Chico-Juca, o valentão, que acabou com a festa de aniversário da
Cigana;
b) Leonardo Pataca, o meirinho,amigado, inicialmente, com Maria
Hortaliça;
c) O Reverendo, amante da Cigana, preso pelo Vidigal;
d) Leonardo, filho do Pataca e da Maria Hortaliça;
e) Major Vidigal, famoso e temido comandante de polícia.
07. “És filho de uma pisadela e de um beliscão. Mereces que um
pontapé te acabe com a casta. ‘
Assinale a alternativa correta com relação ao trecho lido:
a) Quem profere a sentença acima é Leonardo Pataca;
b) A afirmação é de Maria Hortaliça;
c) Assim Bentinho refere-se a seu próprio filho em “Dom
Casmurro”de Machado de Assis;
d) Com certo ódio e desprezo, quem profere a sentença é o
Major Vidigal;
e) Trata-se da Madrinha, quando conversava com o Leonardo.
08. “Era no tempo do Rei”. Que rei era esse?
a) D.João I; b) D.Manuel; c) D.João VI; d) D.Pedro II; e)
D.Pedro I.
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09. Capítulo XLVI - “As Três em Comissão”.
“Partiram pois as três para a casa do major, que morava então
na rua da Misericórdia, uma das mais antigas da cidade. O Major
recebeu-as de rodaque de chita e tamancos, não tendo a princípio
suposto o quilate da visita; apenas, porém, reconheceu as três, correu
apressado à camarinha vizinha, e envergou o mais depressa que pôde a
farda; (...) “
Assinale a alternativa que contenha o nome das três mulheres;
a) D.Maria, A Vizinha e Luisinha;
b) A Comadre, D.Maria e Maria Regalada;
c) Maria Regalada, Vidinha e Luisinha;
d) Luisinha, D.Maria e A Cigana;
e) A Cigana, A Comadre e Vidinha.
10. Ainda sobre o texto acima, assinale a alternativa correta: Qual o
nome do Major?
a) Major Leonardo;
b) Major Luisinho;
c) Major Gregório;
d) Major Getúlio;
e) Major Vidigal.
11. Assinale a alternativa correta;
a) MSM descreve a vida popular do RJ, no início do século
XIX, destoando dos padrões costumeiros do Romantismo, por sua
linguagem clássica e humorística;
b) MSM narra as peripécias de um anti-herói, o inofensivo
malandro Leonardo, numa linguagem atípica que contrasta com os
padrões românticos por seu caráter coloquial e sisudo;
c) MSM é um romance diferente do quadro do Romantismo,
embora esteja inserido nesta estética. Isso se deve, em parte, pelo uso
de uma linguagem mais descontraída e pelo enfoque humorístico da
sociedade carioca dos tempos joanino, principalmente a de sua esfera
popular. Recentemente, a crítica literária vem assinalando o caráter
carnavalesco dessa obra;
d) MSM é, já, um romance realista, completamente
diferenciável do Romantismo, pela maneira como aborda, crítica e
24
ironicamente, a crônica de costumes da sociedade carioca do início do
século passado. Nesse sentido, essa obra deve ser vista como
precursora das Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de
Assis.
e) Leonardo, o pícaro de MSM, é um legítimo antecessor de
Macunaíma, o anti-herói da obra homônima de Oswald de Andrade.
Além desse, outros paralelos se impõem entre essas duas obras, como,
por exemplo, a carnavalização da realidade, resultante da visão crítica
e zombeteira dos respectivos autores.
12. Que tipo de herói é apresentado em Memórias de um Sargento de
Milícias?
a) Um tradicional herói romântico: corajoso e honesto;
b) Legítimo defensor da ordem social e familiar;
c) Na verdade é um “anti-herói”, vadio e malandro, no entanto,
simpático ao leitor;
d) Um super-herói, como Peri, de José da Alencar;
e) Um personagem frágil e azarado.
13. Assinale a alternativa incorreta sobre Memórias de um Sargento de
Milícias:
a) Um romance que narra a trajetória de Leonardo Pataca e
seu filho Leonardo. Além disso, retrata os costumes e tradições
cariocas;
b) O seu estilo é descontraído, aproximando-se da linguagem
jornalística do tempo e da oralidade;
c) O personagem central pode aproximar-se do Pedro
Malazarte;
d) Leonardo envolve-se com Luisinha e Vidinha, casando-se,
no entanto, com a primeira;
e) D.Maria é a única personagem pobre do livro. As demais,
sem exceção, são todas ricas.
14. A certa altura do romance Leonardo é preso pelo temido
comandande de polícia, mas consegue escapulir.
Qual a causa da prisão?
a) Denúncia de Luisinha;
b) Intriga da Madrinha;
c) Intriga do Granadeiro;
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d) Denúncia dos primos de Vidinha;
e) Denúncia do José Manoel.
15. Assinale a alternativa que contenha uma relação incorreta;
a) José Manoel - Amigo de Leonardo Pataca;
b) Luisinha - Primeiro amor de Leonardo;
c) Madrinha - Parteira, Benzedeira,Carola e madrinha de
Leonardo;
d) Chico-Juca - Valentão;
e) Vizinha - vizinha do barbeiro.
16. Assinale a alternativa em que fica mais evidente a linguagem
irônica do narrador de MSM. Lembre-se de que a ironia se define
como contradição entre o sentido explícito e o sentido implícito de um
enunciado:
a) “Além da qualidade de maldizente, José Manuel mentia com
um descaro como raras vezes se encontra.”;
b) “D.Maria, amiga das novidades, e além disso muito crédula,
comungava perfeitamente quanta peta lhe queria ele embutir.”;
c) “Uma de suas histórias mais comuns, era a que ele intitulava
‘O Naufrágio dos Potes’. “;
d) ”Acontecera-lhe na sua última viagem à Bahia, e ele a
contava pelo modo seguinte: “;
e) “Como esta contava José Manuel milhares de histórias. “.
17. No capítulo IX. O -- Arranjei-me -- do Compadre encontramos a
biografia do padrinho. Não sabia de nada sobre seu nascimento, pais
ou parentes. Foi criado na casa de um barbeiro, que o ensinou a ler e a
escrever. Servia como agregado. Como o trabalho tornou-se
excessivo, decidiu abandonar a casa. Casualmente, ao fazer a barba de
um marujo, é informado de que o Navio Negreiro precisava de um
médico (= sangrador). Na viagem ganhou respeito e fama de bom
sangrador ao salvar a vida de dois marinheiros. Na volta o capitão
adoece, e passa suas economias e o salário da viagem ao padrinho,
para ser entregue a sua filha (... )
Qual foi O – Arranjei-me – do Compadre?
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18. O nosso memorando ficou dois anos na escola. Aprendeu a ler
muito mal e escrever ainda pior. Era o gazeteiro-mor e,
conseqüentemente, o “apanha-bolos-mor.” Nas suas gazetas conheceu
um pequeno sacristão. Nasceu-lhe o desejo de tornar-se sacristão ( e
de sair da escola ). O padrinho concordou. No primeiro dia, foi
zombado pela Vizinha. Jura vingança. Encontra-a na igreja.
a) Quem é o nosso “memorando”?
b) Qual a vingança realizada por Leonardo e seu companheiro
contra a vizinha?
19 Leonardo Pataca estava procurando esquecer a sua cigana. Mas ao
saber que o seu rival era o mestre-de-cerimônias da Sé, revoltou-se.
Inicialmente, pensou em “salvar a alma!” da pobre cigana. Mas, frente
a sua recusa de reatamento, decidiu vingar-se.
a) Quem é o “mestre-de-cerimônias”?
b) De que forma Leonardo Pataca vingou-se da cigana:
20. No capítulo XVIII – Amores, Leonardo já está jovem. Não foi
para Coimbra, nem para a Conceição, nem para o cartório. Tornou-se
um verdadeiro vadio. Com o padrinho costumava freqüentar a casa da
D. Maria, a única personagem abastada do romance. Quem foi que
Leonardo, um dia, acaba encontrando na casa de D.Maria? Qual a sua
relação com D.Maria? Como veio parar em sua casa?
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MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA