MEMÓRIAS DE UM
SARGENTO DE
MILÍCIAS
Manuel Antônio de Almeida
Memórias de um sargento de milícias
(Folhetim 1852/53 Livro 1854/55)
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
Romance de humor popular
Capítulos unitários (começo – meio –
fim) por conta do veículo de divulgação
Memórias de um sargento de
milícias (1852)
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
José Verissimo: pré-realista
Mario de Andrade: romance picaresco (Lazarillo)
Antonio Cândido: Dialética da malandragem
1. Personagens de baixa renda (mas não escravos)
2. Personagem central é um anti-herói
3. Cenas não idealizadas, mas realistas
4. Ausência de moralismo e de maniqueísmo
5. Troca do sentimentalismo pelo humorismo
6. Estilo oral e descontraído, típico do jornal
Memórias de um sargento de
milícias (1852)
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
Primeiro escritor brasileiro a aplicar o estilo
descontraído do jornal na literatura (depois viria Lima
Barreto)
Sintonia entre as personagens e a linguagem que elas
falam – com algumas estruturas antiquadas para
marcar a diferença entre o tempo da enunciação
(Segundo Reinando) e do enunciado (tempo do Rei D.
João VI)
Retrato do velho Rio de Janeiro e caricaturas dos tipos
daquele tempo (como os meirinhos)
Memórias de um sargento de
milícias (1852)
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
Era no tempo do rei.
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do
Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se
nesse tempo — O canto dos meirinhos —; e bem lhe assentava
o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os
indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena
consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a
sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram
gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um
dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo
o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um
elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores.
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milícias (1852)
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
Foco narrativo em 3ª pessoa (onisciente)
Memórias aqui equivale a apontamento histórico
Criação de tipos ao modelo de Gil Vicente (ação
personaliza a função social que possuem), por isso
vários sequer têm nomes.
Geralmente apresenta moldura
Memórias de um sargento de milícias
Tenente-Coronel
Maria da Hortaliça
Padrinho
Barbeiro
Mãe
Madrinha
Parteira
Leonardo
–
Mãe
Filho 1
Filha 1 = Vidinha
Filho 2
Filha 2
Filho 3
Filha 3
Tomás da Sé
Toma Largura
Jovens do enterro
Teotônio
Mestre de Cerimônias (padre)
Cigana
Leonardo Pataca
Chiquinha
Luisinha
Dona Maria
Mestre de Rezas
(não padre)
José Manuel
Major
Vidigal
Maria Regalada
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milícias (1852)
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
ENREDO
O livro começa com a descrição dos meirinhos dos
quais o mais velho é um gordo: Leonardo-Pataca.
Volta então para a vinda de Leonardo para o Brasil.
Ele era algebibe e encontra no navio uma moça,
saloia, Maria da Hortaliça.
Ele dá um vigoroso pisão no pé, ela responde com um
beliscão nas costas da mão (como costume da época)
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Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
ENREDO
No outro dia o ritual se repete e eles ficam de namoros
o resto da viagem.
Quando desembarcam eles vão morar juntos e sete
meses mais tarde nasce um menino gorducho que
recebe o nome de Leonardo e é chamado de herói
pelo narrador.
No batizado há festa, Leonardo querendo músicas da
corte; os convidados, música popular.
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milícias (1852)
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
ENREDO
A escolha dos padrinhos também não é totalmente
pacífica... Visto Leonardo querer para padrinho o Sr.
Juiz, mas Maria querer o barbeiro de defronte...
Leonardinho torna-se uma criança endiabrada, usando
os chapéus do pai para varrer o chão.
Quando o menino tinha sete anos o pai encontra Maria
em flagrante adultério com o capitão do navio que os
trouxera. Após a briga, Maria volta para Portugal.
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ENREDO
Leonardo dá um pontapé nos fundilhos do filho que vai
viver com o padrinho desde então.
O velho solteirão tinha ternura pelo afilhado e não
conseguia ver nele os defeitos que todos comentavam.
Aos nove anos, numa procissão, acompanha dois
ciganinhos, e juntos atormentam os fiéis. Vai para casa
deles e passa a noite fora para desespero do padrinho.
Quando volta diz que foi ver o oratório.
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ENREDO
Leonardo pai, por sua vez, vai vivendo uma aventura
amorosa com uma cigana, que por sua vez o
abandona por outro.
O Pataca então recorre a um feiticeiro para recuperar
o amor da cigana... O que era proibido na época e
punido com a prisão.
A justiça na época era muito primitiva. Era o Vidigal
quem prendia, julgava, condenava e aplicava a pena.
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ENREDO
Sabendo das inclinações de Leonardo, Vidigal e seus
granadeiros cercam a casa do feiticeiro e encontram o
Pataca no auge do ritual: dançava em volta de uma
fogueira em trajes menores.
Major Vidigal o obriga a dançar mais e mais e depois
desce a chibata e dá voz de prisão.
Ao receber o apelo de Leonardo, a Comadre vai no
palácio procurar o Tenente-coronel e expõe a situação.
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ENREDO
Como o velho tenente-coronel conhecia a comadre e o
Leonardo, e por que se interessava por ele, o leitor saberá mais
para diante.
Esse conhecimento era antigo, e o Leonardo apenas se
achou na cadeia, lembrou-se da proteção que o velho lhe podia
prestar em semelhante aperto; mandou por um colega chamar
a comadre, e a encarregou da missão de ir ter com ele, missão
que ela aceitou de bom grado, e que desempenhou, segundo
vimos, satisfatoriamente. (Cap 8, Parte I)
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ENREDO
O Tenente-coronel era pai de uma rapaz que havia
“feito mal” para Maria da Hortaliça ainda antes da
vinda dela para o Brasil e ao invés de casar o filho com
ela deu uma quantia para a família, o que leva a moça
a vir para o Brasil.
O Tenente-coronel prontamente atendeu o pedido da
família daquela com quem se considerava em dívida.
Dirigiu-se à casa de um fidalgo que consegue a soltura
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ENREDO
A história do Padrinho, por sua vez, também era
interessante. Ele desconhecia a própria origem.
Aprendera o ofício de barbeiro com o homem que o
criara. Embarcou para a África como “médico” de um
navio negreiro. Quando voltava para o Brasil, tendo
ganho a confiança da tripulação, foi chamado pelo
capitão (que estava morrendo) para entregar um baú
de dinheiro para a filha, entretanto ele fica com o
dinheiro e depois vira um “homem de bem”, sendo
sempre tolerante com o afilhado e com a Vizinha que
sempre o provoca.
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ENREDO
Decidiu mandar o afilhado para Coimbra, para ser
padre. Depois de ensinar o abecedário, manda-o para
a escola, onde faz diabruras, e apanha de palmatória.
Aprende a matar aula, indo passar as tardes na igreja
da Sé onde faz amizade com um sacristão da sua
idade.
O padrinho troca a escola pelo emprego de sacristão e
o jovem, na primeira oportunidade, prepara uma
desforra contra a Vizinha.
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ENREDO
Numa missa muito concorrida ambos pressionaram a
mulher na multidão e, colocando-se um na frente e
outro atrás, deram-lhe um banho de cera em meio a
rolos de fumaça de incenso.
A Vizinha reclama para o Mestre-de-Cerimônias que
dá uma tremenda bronca nos dois, que juram vingança
contra o padre.
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ENREDO
O Mestre-de-Cerimônias, era uma padre santo nas
aparências e lascivo na essência.
Fora ele quem roubara a Cigana de Leonardo e na
casa dela passava a maior parte do tempo.
Foi lá que Leonardinho o encontrou para avisar do
horário de uma grande festa no dia seguinte.
Vingança prometida, vingança cumprida.
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ENREDO
O jovem sacristão, sabendo que o horário era as nove,
informou o padre que a missa seria as dez.
Como o pregador demorasse, elegeram um capuchinho
italiano para pregar, mas ninguém entendia o seu latim
(ainda que falasse em italiano)
O Mestre-de-Cerimônias chega e disputa o púlpito com
o capuchinho e vence. Após vai repreender os
sacristãos segurando-os pelas orelhas.
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ENREDO
Leonardinho então diz que falou o horário correto e que
a Cigana poderia servir de testemunha, para escândalo
da multidão.
Após isso o padre demitiu o menino dos serviços da
Igreja.
Ao saber que fora o padre que havia roubado sua
amante, Leonardo-Pataca tentou convencê-la dos
pecados que cometia, mas ela nem dava bola.
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ENREDO
Resolveu ele mesmo castigá-la na terra.
Sabendo que haveria uma festa na casa da Cigana,
contratou Chico-Juca, um arruaceiro, para provocar
uma desordem. Depois avisou o Vidigal, e ficou
esperando para ver o resultado.
O padre foi pego em flagrante delito em trajes menores
e preso pelo Vidigal. Leonardo ficou mais um tempo
com a Cigana.
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ENREDO
Tempos depois, o Compadre levou Leonardinho numa
visita que fez a D. Maria, senhora de posses que tinha
mania de demandas judiciais e morava na rua dos
Ourives.
Estavam lá para ver a procissão consagrada aos
artesãos. Lá também estavam a Comadre e a Vizinha,
que falava mal do menino. Este por desforra, pisou no
vestido dela e o rasgou.
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ENREDO
Muitas visitas se sucederam e depois de muitas
diabruras chegou um novo tempo:
Os leitores devem já estar fatigados de histórias de travessuras
de criança; já conhecem suficientemente o que foi o nosso
memorando em sua meninice, as esperanças que deu, e o futuro
que prometeu. Agora vamos saltar por cima de alguns anos, e
vamos ver realizadas algumas dessas esperanças. Agora
começam histórias, se não mais importantes, pelo menos um
pouco mais sisudas.
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milícias (1852)
Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
ENREDO
Como sempre acontece a quem tem muito onde escolher, o
pequeno, a quem o padrinho queria fazer clérigo mandando-o a
Coimbra, a quem a madrinha queria fazer artista metendo-o na
Conceição, a quem D. Maria queria fazer rábula arranjando-o em
algum cartório, e a quem enfim cada conhecido ou amigo queria
dar um destino que julgava mais conveniente às inclinações que
nele descobria, o pequeno, dizemos, tendo tantas coisas boas,
escolheu a pior possível: nem foi para Coimbra, nem para a
Conceição, nem para cartório algum; não fez nenhuma destas
coisas, nem também outra qualquer: constituiu-se um completo
vadio, vadio-mestre, vadio-tipo. (Cap 18, 1ª Parte)
Memórias de um sargento de
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D. Maria havia vencido mais uma demanda, esta
contra um compadre de seu falecido irmão e ela fica
tutora da sobrinha (com boa herança). A menina se
chamava Luisinha.
A primeira atitude de Leonardinho, ao vê-la, foi rir.
Pensou que por achá-la feia, mas já era um impulso
amoroso. Entretanto o narrador faz um comentário
sobre a falta de beleza da moça:
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Era a sobrinha de D. Maria já muito desenvolvida, porém que,
tendo perdido as graças de menina, ainda não tinha adquirido a
beleza de moça: era alta, magra, pálida: andava com o queixo
enterrado no peito, trazia as pálpebras sempre baixas, e olhava
a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado,
dava-lhe apenas até o pescoço, e como andava mal penteada e
trazia a cabeça sempre baixa, uma grande porção lhe caía
sobre a testa e olhos, como uma viseira. (Cap 18, 1ª parte)
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Pela festa do Espírito Santo, voltaram à casa de D.
Maria e Leonardinho acho Luisinha menos feia.
De tarde vão ao campo ver a queima de fogos e
Leonardo oferece o braço para Luisinha, que não
entende o gesto.
Memórias de um sargento de
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Acabado o fogo, tudo se pôs em andamento, levantaram-se as
esteiras, espalhou-se o povo. D. Maria e sua gente puseram-se
também em marcha para casa, guardando a mesma disposição
com que tinham vindo. Desta vez porém Luizinha e Leonardo,
não é dizer que vieram de braço, como este último tinha querido
quando foram para o Campo, foram mais adiante do que isso,
vieram de mãos dadas muito familiar e ingenuamente. Este
ingenuamente não sabemos se se poderá com razão aplicar ao
Leonardo. Conversaram por todo o caminho como se fossem
dois conhecidos muito antigos, dois irmãos de infância, e tão
distraídos iam que passaram à porta da casa sem parar, e já
estavam muito adiante quando os sios de D. Maria os fizeram
voltar. (Cap 19, 1ª parte)
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Em nova visita a moça novamente se retraiu na
presença de Leonardo.
Surgiu também a figura de José Manuel, trinta e cinco
anos, e interessado na herança da moça.
Quando a Comadre percebeu que ele poderia estragar
o futuro de Leonardo tratou de iniciar uma campanha
contra o pretendente, chegando a afirmar que ele era o
sequestrador do Oratório (caso famoso da época)
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Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
José Manuel contrata o Mestre de Rezas para
desfazer a mentira e a Comadre fica desacreditada
frente a amiga e se afasta da casa dela deixando o
caminho livre para a investida do pretendente.
Enquanto isso, Leonardo Pataca, que fora novamente
traído pela Cigana, junta-se com Chiquinha, filha da
Comadre (Cap 16 e 18 da 1ª parte aparece como
sobrinha). E logo nasce uma filha do casal. Neste
tempo o padrinho morre e Leonardo volta a viver com
o pai que é o tutor da herança do filho.
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Os conflitos entre o filho e a esposa vão crescendo e
em certo dia Leonardo corre atrás do filho com espada
em punho.
O rapaz foge e reencontra o amigo sacristão da
infância (Tomás da Sé), que estava com um grupo que
fazia um piquenique. Depois de comer, ouviu Vidinha,
uma mulatinha de vinte anos, tocar e cantar e ficou
apaixonado. Foi viver com os novos amigos.
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Na casa viviam duas irmãs quarentonas (uma mãe de
três filhos e outra de três filhas, uma das quais amante
de Tomás).
Vidinha, a mais bonita, era disputada por dois primos,
mas Leonardo acabou tomando-a como amante.
Os dois primos recorreram a Vidigal e denunciaram
Leonardo como aproveitador e, após uma festa feita
como armadilha, Leonardo é preso pelo Major.
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Entretanto, Leonardo consegue fugir de Vidigal, que
vira motivo de chacota pública. O Major jurou
vingança.
Já a Comadre consegue um emprego para o afilhado
na Ucharia (despensa real) e lá ele conhece o Toma
Largura. O jovem se tornará amante da esposa do
colega, que ao descobrir bate em Leonardo, que é
demitido do emprego.
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Sabendo da causa da demissão, Vidinha vai até a
Ucharia para tirar satisfações da mulher.
Leonardo vai atrás, mas é pego pelo Vidigal e não
alcança Vidinha. Durante a gritaria o Toma Largura se
apaixona pela mulata e passa persegui-la com juras de
amor. Ela por sua vez, dado o sumiço de Leonardo,
resolve vingar-se do amante.
Enquanto isso o Vidigal obrigava Leonardo a alistar-se
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Em outra patuscada na casa de Vidinha, o Toma
Largura se exaltou e no meio da confusão surge o
Vidigal que escolhe justamente o granadeiro Leonardo
para executar a prisão, para surpresa de todos.
A presença o ex-malandro no batalhão de Vidigal tinha
duas causas: desforra e capacidade.
Porém, um grupo de desocupados organizou um
enterro simbólico do Vidigal, informado o Major
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preparou-se para prendê-los. Destacou Leonardo para
espreitar e dar o sinal para a invasão. Porém o jovem
dá um sinal negativo. Pensado que havia sido
cancelada a função o batalhão se dispersa, porém
Leonardo não volta. Vidigal, desconfiado retorna ao
local e encontra o próprio granadeiro figurando de
morto. Manda castigá-lo e depois o perdoa.
Em outra ocasião, Vidigal queria prender Teotônio, que
fazia caretas imitando o Major, era o batizado da filha
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de Leonardo Pataca e Chiquinha, porém Leonardinho
se compadeceu do moço das caretas e o avisou do
plano. Teotônio finge-se de aleijado e passa pelo
Major. Leonardo é preso sob juramento de receber
chibatadas como punição.
A Comadre tenta interceder pelo afilhado junto ao
Major, mas nada consegue.
Busca então D. Maria, que a leva à Maria Regalada.
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Esta era amor antigo do Major. As três vão até a casa
de Vidigal, mas nada conseguem.
Por fim a Regalada chama o Major num canto e
propõe um acordo: voltariam a viver juntos se ele
libertasse o jovem. Ele acaba concordando e promove
o rapaz a sargento.
Nesta altura da história Luisinha estava casada com
José Manuel, que a tratava muito mal.
Memórias de um sargento de
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Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
D. Maria estava preparando uma demanda contra o
marido da sobrinha, mas não foi necessário, visto ele
morrer de apoplexia.
Luisinha não sentiu realmente a perda do marido,
apesar de chorar no velório. Leonardo lá compareceu
e ficou evidente para ambos que ainda se amavam.
Ela tinha perdido acanhamento de solteira e estava
bonita; ele, bonito de farda.
Depois disto entraram todos em conferência. O major
desta vez achou o pedido muito justo, em consequência do fim
que se tinha em vista. Com a sua influência tudo alcançou; e em
uma semana entregou ao Leonardo dois papéis: — um era a
sua baixa de tropa de linha; outro, sua nomeação de Sargento
de Milícias.
Além disto recebeu o Leonardo ao mesmo tempo carta
de seu pai, na qual o chamava para fazer-lhe entrega do que
lhe deixara seu padrinho, que se achava religiosamente intacto.
................................................
Passado o tempo indispensável do luto, o Leonardo, em
uniforme de Sargento de Milícias, recebeu-se na Sé com
Luizinha, assistindo à cerimônia a família em peso. Daqui em
diante aparece o reverso da medalha. Seguiu-se a morte de D.
Maria, a do Leonardo-Pataca, e uma enfiada de acontecimentos
tristes que pouparemos aos leitores, fazendo aqui ponto final.
(Cap 25, 2ª parte)
Memórias de um sargento de
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Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
Preparou-se o casamento. Como os soldados da ativa
no exército não podiam se casar naquele tempo, o
Vidigal transferiu Leonardo para a milícia.
Após o luto, realizou-se a cerimônia. Tempos depois
morreram o Pai dele a Tia dela deixando boa herança
para ambos.
Memórias de um sargento de
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Manuel Antônio De Almeida (1831-1861)
Dinâmica da ordem e da desordem
Jeitinho brasileiro (malandragem)/Troca de favores
Talvez fosse possível dizer que a característica peculiar das Memórias seja
devida a uma contaminação recíproca da série arquetípica e da série social:
a universalidade quase folclórica evapora muito do realismo; mas, para
compensar, o realismo dá
concreção e eficácia aos padrões
incaracterísticos. Da tensão entre ambos decorre uma curiosa alternância de
erupções do pitoresco e de reduções a modelos socialmente penetrantes,
evitando o caráter acessório de anedota, o desmando banal da fantasia e a
pretensiosa afetação, que comprometem a maior parte da ficção brasileira
daquele tempo.
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Manuel Antônio De Almeida (1831-1861)
O sentido profundo das Memórias está ligado ao fato de não se
enquadrarem em nenhuma das racionalizações ideológicas
reinantes na literatura brasileira de então: indianismo,
nacionalismo, grandeza do sofrimento, redenção pela dor,
pompa do estilo etc. Na sua estrutura mais íntima e na sua
visão latente das coisas, este livro exprime a vasta acomodação
geral que dissolve os extremos, tira o significado da lei e da
ordem, manifesta a penetração recíproca dos grupos, das
idéias, das atitudes mais díspares, criando uma espécie de
terra-de-ninguém moral, onde a transgressão é apenas um
matiz na gama que vem da norma e vai ao crime. Tudo isso
porque, não manifestando estas atitudes ideológicas, o livro de
Manuel Antônio é talvez o único em nossa literatura do século
XIX que não exprime uma visão de classe dominante.
(UFRGS 13/28 LO) Considere as seguintes afirmações sobre
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de
Almeida.
I - O romance, narrado em primeira pessoa, apresenta tipos
humanos e costumes da cidade do Rio de Janeiro e do
mundo rural carioca, na época do rei português D. João VI.
II - Leonardo, personagem principal do romance, relaciona-se
com Vidinha, moça pobre e festeira, embora se interesse
também por Luisinha, uma jovem herdeira que se casa com
outro pretendente, mas que, depois de enviuvar, volta a
encontrar Leonardo .
III - Vidigal é a autoridade policial no Rio de Janeiro e comanda
seus homens para que a ordem seja mantida. Disso resulta
o conflito com Leonardo, cujo comportamento, atitudes e
aventuras provocam desordem e confusão.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I. (B) Apenas II. (C) Apenas I e III.
(D) Apenas II e III. (E) I, II e III.
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(UFRGS/2001) Leia o texto abaixo, do romance Memórias de
um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
“Desta vez porém Luizinha e Leonardo, não é dizer que vieram de braço,
como este último tinha querido quando foram para o Campo, foram mais
adiante que isso, vieram de mãos dadas muito familiar e ingenuamente. E
ingenuamente não sabemos se se poderá aplicar com razão ao Leonardo.”
Considere as afirmações abaixo sobre o comentário feito em relação
à palavra ingenuamente na última frase do texto.
I – O narrador aponta para a ingenuidade da personagem frente à
vida e às experiências desconhecidas do primeiro amor.
II – O narrador, por saber quem é Leonardo, põe em dúvida o caráter
da personagem e as suas intenções.
III – O narrador acentua o tom irônico que caracteriza o romance.
Quais estão corretas?
A) Apenas I B) Apenas II C) Apenas III
D) Apenas II e III E) I, II e III
x
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