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Ano I - Ed. 3 - Março/2013
A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
Waldyr
Barbosa de
Oliveira
Junior
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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
É uma revista temática em busca de
um resgate histórico de uma raça que ao
descer em terras brasileiras, oriunda da Índia, se sentiu em casa.
Exalando magia e mistério transformou em girista todo aquele que com ela
poetou.
É um projeto desafiador pela sua veiculação digital. Mas foi essa a maneira encontrada para deixar registrada a história e
ações dos que a preserva.
É um resgate daqueles que foram além
da simples criação, transformando-a em
estado de espírito.
O editor
Expediente
Jornalista Responsável
Luiz Humberto Carrião
MTb GO 01438 JP
Editor
Luiz Humberto Carrião
[email protected]
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Ano I - Ed.
3 - Março/20
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A revista do Gir
que o mundo vê
e o girista lê
Waldyr
Barbosa de
Oliveira
Junior
Revisora
Carmem Marize Lima
Diagramador
Thales Moraes
[email protected]
Goiânia – Goiás
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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
Editorial
Não são poucos os anos que a Lei que estabelece
e mantém a harmonia do Universo tem me privilegiado nessa arte de escrever, e agora, com uma experiência por mim já exercida, a de editor, porém, com uma
diferença: sem a intervenção de patrocinadores sobre
a linha editorial do que se escreve como vergonhosamente ocorreu com as escolas de samba do último carnaval no Rio de Janeiro, ou de censura ao pensamento
como ocorreu em veículos anteriores.
Poderia estar editando uma revista sobre história, literatura, música, política, filosofia, educação,
religião, esoterismo ou resenhas de livros como chegamos a fazer em alguns blogs, com um sucesso de visitação gratificante, mas aqui estamos para falar de Gir.
Falar de magia, do que gosta, propondo um resgate
histórico e com um olhar crítico sobre a mesma. Resgate histórico numa parceria editorial com historiadores
que testemunharam e viveram a história da raça.
Dito isto, uma justificativa. Como a revista está
enquadrada em um eixo temático, a raça gir e seus
criadores, normal seria uma entrevista referenciada,
porém, num ato não muito comum, diria até surrealista, a revista faz uma entrevista “in memoriam” com
o escritor e poeta Francês Victor–Marie Hugo sobre o
gênero humano: masculino e feminino, cuja resposta
é dada através do poema O homem e a Mulher, onde
na visão do poeta completam-se, embora reconheça a
supremacia divinização da mulher.
Embora, referenciando-a ao dia Internacional da
Mulher, não se trata de simples comemoração à data,
ou homenagem às mulheres, em especial, às “mulheres
do gir”, carinhosamente assim chamadas. Também,
uma proposta de discussão mais ampliada sobre o que
queremos da raça dentro de uma ótica de responsabilidade e respeito à mesma.
Com cumprimentos a revisora Carmem Marize
Lima e a articulista Patrícia Sibin, esta revista estende
esse gesto a todas as mulheres deste planeta, em especial, àquelas que no gir, têm apresentado-se como
lideranças classistas, criadoras, selecionadoras, simpatizantes, pesquisadoras, escritoras, articulistas, etc.
Boa leitura!
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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
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Entrevista
Ao ressuscitar nesta entrevista o escritor e poeta francês Victor-Marie Hugo sobre sua
visão a respeito do gênero humano, referenciando-o ao dia Internacional da Mulher,
8 de março, não se trata de simples comemoração à data, mas uma proposta de discussão sobre o papel da mulher no criatório gir nacional.
Matéria de capa
Waldyr Barbosa de Oliveira Junior por Waldyr Barbosa de Oliveira Junior
Hélio Ronaldo Lemos – de A a Z
P de Puhspano
“... Juntamente com Roberto Azevedo, contornamos o caminhão e lamentamos com
lágrimas nos olhos a escolha de Celso para cobrir as filhas e netas de Krishna. Pushpano
frustrou toda nossa expectativa. Era de um fenótipo nada agradável. Um animal grosseiro e de mãe grosseira”.
Cartas de Curvelo-MG
“Quanto a Puspano, cuja “produção” não se tem uma opinião convergente, uns falam “isso” outros “aquilo” foi posto à disposição do Dr. Evaristo, Fazenda do Cortume/
Curvelo, por Celso Garcia com o propósito suponho, de testá-lo com uma vacada uniforme e de alto valor genético”.
Confissões Sexagenárias
“... eu disse a ele que em minha opinião o seu melhor touro era o Sagrado ZS. Baixou
a cabeça por alguns instantes e disse: _ professor, o Secretário vem para o doutor
Bezerra para coletar, e com ele, o Sagrado para o senhor. É um presente meu. Esse era
o jeito Zeid de ser”.
Paty Sibin
A proibição da prova exclusivamente testemunhal em contratos de compra e venda
de gado.
Livro: Vida e morte de um touro, por Aristóteles Góes,
1951, 6 p.
“... O seu berro era puríssimo, igual aos melhores gires de Kathiawar: baixo, profundo
e cavernoso. Curto, gutural e vibrado”.
Pedro Wilson
Sustentabilidade: ... . “Aliança entre a humanidade e a natureza, toda natureza
de Deus...”.
Tiãozinho Cunha
“... Tiãozinho Cunha mostrava a Aderbal um livro do Gondin da Fonseca, sob o título
Camões e Miraguarda, editora Fulgor, 1962, que traz na apresentação uma informação interessante: “Uma das maiores riquezas atuais do Brasil é a pecuária”. Possuímos
talvez uns cinquenta ou sessenta milhões de bois. Qual o capim que cria esses bois em
grande parte das zonas de pastagens? O colonião. E como chegou aqui o colonião”?
Retratos no Gir
Homenagem ao saudoso girista Jairo de Andrade.
Entrevista
Victor-Marie Hugo
Autor de “Os miseráveis” e “O Corcunda de
Notre Dame”, entre outros.
Filho de Joseph Hugo e de
Sophie Trébuchet. Nasceu
em Besançon, mas passou a infância em Paris.
Em 1819 fundou, com os
seus irmãos, uma revista,
o “Conservateur Littéraire”
(Conservador Literário) e
no mesmo ano ganhou o
concurso da Académie des
Jeux Floraux, instituição
literária francesa fundada
no século 14. Aos 20 anos
publicou uma reunião de
poemas, “Odes e Poesias
Diversas”, mas foi o prefácio de sua peça teatral
“Cromwell” que o projetou
como líder do movimento
romântico na França. Casou-se com Adèle Foucher
e durante a vida teve diversas amantes, sendo a mais
famosa Juliette Drouet,
atriz sem talento, a quem
ele escreveu numerosos poemas. O período 1829-1843 foi o mais produtivo da
carreira do escritor. Seu grande romance
histórico, “Notre Dame de Paris” - mundialmente conhecido como “O Corcunda de Notre Dame” - (1831), conduziu-o
à nomeação de membro da Academia
Francesa, em 1841. Criado no espírito da
monarquia, o escritor acabou tornandose favorável a uma democracia liberal e
humanitária. Eleito deputado da Segunda
República, em 1848, apoiou a candidatura
do príncipe Luís Napoleão, mas se exilou
após o golpe de Estado que este deu em
dezembro de 1851, tornando-se imperador. Hugo condenou-o vigorosamente por
razões morais em “Histoire d’un Crime”.
Durante o Segundo Império, em oposição
a Napoleão 3º, viveu exilado em Jersey,
Guernsey e Bruxelas. Foi um dos poucos
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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
a recusar a anistia decidida algum tempo
depois. A morte da sua filha, Leopoldina,
afogada por acidente no Sena, junto com o
marido, fez com que o escritor deixasse-se
levar por experiências espíritas relatadas
numa obra “Les Tables Tournantes de Jersey” (As Mesas Moventes de Jersey). A partir de 1849, Victor Hugo dedicou sua obra
à política, à religião e à filosofia humana
e social. Reformista, desejava mudar a sociedade, mas não mudar de sociedade. Em
1870 Hugo retornou a França e reatou sua
carreira política. Foi eleito primeiro para
a Assembleia Nacional, e mais tarde para
o Senado. Não aderiu à Comuna de Paris,
mas defendeu a anistia aos seus integrantes. De acordo com seu último desejo, foi
enterrado em um caixão humilde no Panthéon, após ter ficado vários dias exposto
sob o Arco do Triunfo.
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Girista.com – Feminismo é um movimento social, filosófico e político buscando
objetivar direitos equânimes e uma vivência
humana libertária de padrões opressores
baseados em normas e gênero, nascido na
transição do século XIX ao século XX, WikpédiA, 2013. O livro A mística feminina,
1963, de Betty Freidan, critica a ideia de que
as mulheres poderiam encontrar satisfação
apenas através da criação de filhos e das atividades do lar. Em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na
cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na
carga diária de trabalho para dez horas (as
fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens
(as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o
mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno
dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As
mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente
130 tecelãs morreram carbonizadas, num
ato totalmente desumano. No ano de 1910,
durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o dia 8 de março passaria
a ser referenciado como o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem as mulheres
mortas na fábrica nova-iorquina. Em 1975,
através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU. Passados 100 anos de seu início, o movimento encontra-se reivindicando
o reconhecimento dos direitos econômicos,
sociais, culturais e ambientais das mulheres;
necessidade do reconhecimento do direito
universal à educação, saúde, previdenciária;
defesa dos direitos sexuais e reprodutivos;
reconhecimento do direito das mulheres sobre a gestação, com acesso a qualidade de
concepção e/ou contracepção; descriminalização do aborto como um direito de cidadania e questão de saúde pública; e, em especial, a violência contra a mulher. Na raça
Gir um avanço extraordinário! Cada dia mais
mulheres estão a participar. Sejam como líderes classistas, criadoras, escritoras, pesquisadoras, etc. E nesse embate de gênero,
com a palavra Victor Hugo (1802 – 1885): O
que é o homem e o que é a mulher?
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Victor Hugo - O homem e a Mulher! Digo-vos:
O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono. Para a mulher, um altar.
O trono exalta. O altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher o coração.
O cérebro fabrica a luz; o coração produz amor.
A luz fecunda. O Amor ressuscita.
O homem é forte pela razão. A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence. As lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos. A
mulher de todos os martírios.
O heroísmo enobrece. O martírio sublima.
O homem tem supremacia. A mulher, a preferência.
A supremacia significa a força. A preferência representa o direito.
O homem é um gênio; a mulher, um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
Contempla-se o infinito. Admira-se o inefável.
A aspiração do homem é a suprema glória. A
aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória faz tudo grande. A virtude faz tudo divino.
O homem é um código. A mulher um evangelho.
O código corrige. O evangelho aperfeiçoa.
O homem pensa. A mulher sonha.
Pensar é ter no crânio uma larva. Sonhar é ter
na fronte uma auréola.
O homem é um oceano. A mulher um lago.
O oceano tem a pérola que adorna. O lago a
poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa. A mulher o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço. Cantar é alegrar a
alma.
O homem é o tempo. A mulher é o sacrário.
Ante o tempo nos descobrimos. Ante o sacrário
nos ajoelhamos.
Enfim, o homem está colocado onde termina a
terra. E a mulher onde começa o céu.
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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
Capa
Waldyr Barbosa de Oliveira
Por Waldyr Barbosa de Oliveira
Minha trajetória no gir remonta a primeira
metade da década de 60, na Fazenda Bocaina Guará SP, e assim se passa:
A Fazenda Bocaina foi adquirida por meu
tataravô, por volta do ano 1850. Mineiro, oriundo da cidade de Ouro Preto MG, entrou no estado de São Paulo pelo lado do Sul de Minas, tendo se radicado inicialmente em Delfinópolis MG
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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
que fica nas redondezas de Passos. Seu nome
Major Joaquim Dias de Oliveira, era casado com
Armanda Malvina Borges de Campos. Inicialmente adentrou o Estado de São Paulo por Franca vindo adquirir terras onde hoje é a Bocaina
(nome que o próprio deu as terras), teve cinco
filhos, entre eles meu bisavô Capitão Antônio
Dias de Oliveira (ambos os títulos da guarda na7
cional) que veio a casar-se com Bernardina Barbosa Sandoval (aqui meu nome mais forte BARBOSA) que residia em Ituverava SP. Em Ituverava
SP, meu avô Marcílio Dias de Oliveira tinha um
primo em primeiro grau que se chamava José de
Freitas Barbosa, por ser um homem alto e corpulento tinha a alcunha de Jucão Barbosa, e já
nos anos 40 dedicava-se a pecuária zebuína (Gir
e Indubrasil). Assim meu avô abastecia-se de fêmeas e machos da raça Gir do criatório de seu
primo Jucão, o qual chegou nos anos 60 a expor
na afamada exposição agropecuária de Franca,
inclusive tendo um touro de destaque nacional
Ipiranga filho de Czar do Nicolau Maluf, o qual
sempre que encontro Hélio Lemos ele se refere ao touro. Assim, no início da década de 60,
quando de meu nascimento, o gado da Bocaina
já possuía uma base sólida no gir, por animais
oriundos de Ipiranga que por sua vez vai a Czar.
No ano 1966, com apenas cinco anos, foi a
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minha primeira EXPOZEBU. Acompanhava meu
Pai à Capital do Zebu, quando encontramos um
primo de meu pai, Hilário de Freitas Barbosa,
que estava expondo Indubrasil em Uberaba. Havia feito o Grande Campeão Nacional Indubrasil
de Uberaba em 1963, um touro cinza chamado
Pagé. Meu pai como entregava leite a COONAI,
uma cooperativa antiga com raízes em Franca
e Ribeirão Preto, gostava de Gir. Assim fomos
apresentados ao Sr. Josias Ferreira Sobrinho
pelo primo, e naquela exposição fomos até a
Chácara Maracanã onde adquirimos Gandhi
da Maracanã que veio apadrinhar as vacas da
Bocaina. Meu encanto de criança com o touro
Gandhi era incrível. Manso, chitado, meu pai colocava-me em seu dorso, onde eu sonhava. Ali
com a compra de Gandhi da Maracanã nasceu
um girista, deslumbrado com a mansidão da
raça que tanto amamos.
Os anos 70 foram difíceis na Bocaina, e ao
mesmo tempo veio uma transformação econômica no final da década. A propriedade de 280
alqueires foi dividida, restando ao meu pai apenas 41 alqueires. Onde era pasto de gir, transformou-se em área de soja, o gado que era em
comum com meus tios, repartido. Como havia
necessidade de fazer “renda” na propriedade, a
parte que coube ao meu pai no gado foi alienada, restando poucas vacas Gir e algumas Indubrasil, as quais nos anos
80 ele me presenteou.
Em 1981 adquiri umas
fêmeas registradas do
criador Ayrthon Alves
Ferreira, filhas de Ganges
e Lembrado, touros que
eram genéticas de Malsim
que por sua vez era Cajubi
e Mineirinho, dava início aos
meus próprios passos, até que
em 1988 fiquei sócio da ABCZ.
Confesso que me encantei com a
pecuária zebuína, com o mundo que
gira ao redor de Uberaba e do Parque
Fernando Costa, mesmo que ilusório e efêmero, mas magia pura. Dando seguimento no
ano 1997, fiz minha primeira exposição, em
Cássia-MG, terra de Roberto Azevedo, tendo
recebido alguns prêmios, e fiz um campeonato bezerra. Em Cássia, naquele ano adquiri de Roberto Azevedo duas fêmeas, uma por
nome Urca RGD 2473 e outra Pantera. Ainda no
ano seguinte adquiri duas fêmeas de seu primo
Flávio Azevedo Borges, que eram crias
de Aderbal e Leda Góes, uma
delas Raquete da Favela RGD X 2696
que era Monge
(Colosso X Esti-
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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
Da esq/dir: Waldyr Barbosa, Leda e Aderbal Góes
mada) e Lauda da Favela (Lord Junior x Câmara
que vai a GORI II).
Em 1999, adquiri algumas fêmeas Gir Mocho e um Touro de Manoel Carlos Barbosa, o
qual estava desfazendo-se do gado GIR para dedicar-se exclusivamente ao nelore. No mesmo
ano iniciei a inseminação artificial, e digo que foi
um ano importante porque passei a fazer parte
do Sindicato Rural de Ituverava, onde pude ser
um dos organizadores da Exposição local.
Em 2.000, vou a ASSOGIR/UBERABA onde
conheço Leda Goés e Luiz Humberto Carrião e
torno-me sócio da entidade, onde mais tarde
ocupei cargos na diretoria. Em 2.003 fiz minha
primeira EXPOZEBU como expositor levei Gir
e Gir Mocho. Nesse primeiro ano, enfrentando
Carlos Mário de Morais, Alesson Pereira e outros
criadores. Fiz meu primeiro Campeonato Na-
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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
cional com a novilha Dama. Em 2005 consegui
mais um Campeonato Nacional, agora na raça
Gir com a novilha Fidalga.
Ano passado, 2012, fui novamente expositor na EXPOZEBU e digo que o encantamento
é como o da primeira vez. Ver tremular aquela
bandeira no Parque Fernando Costa é algo contagiante. Digo que fiz vários amigos na pecuária
nacional, como já disse é efêmero, mas de pura
magia. Além de Uberaba participei de exposições em Araxá, São José do Rio Preto, Franca,
Ituverava e outras cidades menores.
O Gir é uma magia! Espero ter saúde e continuar a participar dessa pecuária maravilhosa
que é a zebuína.
Waldyr Barbosa de Oliveira
é funcionário do TJSP e criador de Gir
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História
Hélio Ronaldo Lemos de A a Z
P de Pushpano
Por Hélio Ronaldo Lemos
A importação de 1920 trouxe da Índia para
o Brasil 804 cabeças zebuínas. No ano seguinte,
1921, devido à peste bovina, o governo brasileiro proibiu as importações. A partir daí, somente
através de Licença Especial até a liberação pelo
governo Juscelino Kubitschek de Oliveira, 1961,
voltando a ser proibitivas durante o governo militar de 1964.
Em 1930 a outorga dessa Licença Especial
coube a Manoel de Oliveira Prata (Nequinha Prata) e Ravísio Lemos, com os quais vieram, dentre
outros, o touro Gandi vendido ao criador baiano
Otávio Ariani Machado, que com Cabana II produziu Bey, vendido ao Cel. Rodolfo Machado Borges, Uberaba – MG, por 50 contos, uma fortuna à
época, e, com Serena, produziu White, cedido ao
doutor Evaristo Soares de Paula, Curvelo – MG,
dando origem à linhagem EVA. Uma observação:
quando em julgamento em Vitória da Conquista
-BA, o doutor Jaime Machado, filho de Otávio Machado, mostrou-me no Hotel em que estávamos
hospedados, uma foto do White, escrito no verso
a punho pelo seu pai, identificando White como
filho de Bey com Serena. Doutor Jaime Machado,
engenheiro, muito amigo meu, fazia aniversário
em 24 de dezembro, um dia antes do meu.
Em 1934, através do Decreto nº 24.548, de
3 de julho, o Chefe do Governo Provisório da
República dos Estados Unidos do Brasil, Getúlio
Vargas, aprovou o regulamento do Serviço de
Defesa Sanitária Animal com o objetivo de executar medidas de profilaxia, preservando o país
de invasão de zoonoses exóticas e combater as
moléstias infectocontagiosas e parasitárias existentes no território brasileiro. Também, como
defesa dos rebanhos nacionais, ficou terminantemente proibida à entrada de animais em território pátrio,e, de produtos ou despojos de animais,
forragens ou qualquer outro material presumível
veiculador de agentes etiológicos de doenças
contagiosas.
Em 1957, Joaquim Martins Borges, mais conhecido como Quinca Borges, com propriedade
na cidade goiana de Anicuns, mesmo com a vigência desse decreto, enviou à Índia um despachante uberabense, Paulo Roberto Rodrigues da
Cunha, com a determinação de comprar animais
da raça Gir, inclusive o touro Krishna, uma recomendação de Pedro Cruvinel Borges que havia
estado em território indiano. Negócio que, em relação ao Krishna não foi concretizado pelo representante de Quinca Borges. Porém, 72 cabeças
fêmeas, entre bezerras, novilhas e vacas foram
adquiridas, além de vários touros e garrotes. Proi-
Pushpano importado
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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
bido de desembarcar o gado em território brasileiro, ameaçado de rifle sanitário, seguiu para
a Bolívia e depois, através do “jeitinho brasileiro”
entrou no Brasil.
Em 1960, Celso Garcia Cid tendo indeferido
seu pedido de importação de gado indiano através da chamada Licença Especial pelo Ministério
da Agricultura, mandou para a Índia seu gerente,
Ildefonso, para procurar, identificar e comprar os
animais zebuínos puros. O ocorrido com Quinca
Borges repetiu-se. Foi
necessário Celso fazer
a doação dos animais
ao governo do Paraná,
interferências políticas
para que os mesmos
fossem finalmente desembarcados no Porto
de Paranaguá e levados para a Fazenda Cachoeira, ao norte do
Estado do Paraná.
Em 1961, através
do Decreto nº 50.194,
de 28 de janeiro foi
autorizada as importações de reprodutores zebuínos, bubalinos e outros animais
domésticos e silvestres,
procedentes
de países, domínios,
possessões, protetorados ou regiões
dos
continentes
asiático e africano,
condicionados
à
prévia manifestação do Ministério
da
Agricultura,
através do Departamento Nacional Relação do gado Gir/importação de 1960/62
da Produção Animal, desde que, a solicitação partisse de
órgãos dos governos, estaduais ou federais, e da
Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (SRTM).
Também, nesse mesmo dia foi publicado
o Decreto nº 50.193 criando um quarentenário
destinado a disciplinar e assistir as exportações
e importações de animais que fossem objeto de
transações entre o Brasil e demais países que delas participassem.
A presença de Celso na Índia levou-o a uma
amizade estreita com o Marajá de Bhavnagar,
proprietário do Krishna comprado por Celso, e
ainda, um dos que mantinha um rebanho fechado contra a inserção de cruzamentos com animais de rua, ou mesmo de outras raças que não
fosse a Gir.
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A revista do Gir que o mundo vê e o girista lê
Em retribuição a gentileza por parte do Marajá de Bhavnagar com Celso na Índia, este fez
um convite para que o mesmo viesse conhecer o
Brasil. O livro “O tempo de ‘seo’ Celso”, Domingos
Pellegrini, 1990, narra que quando o Marajá de
Bhavnagar (filho) chegou à Fazenda Cachoeira e
viu o gado belo, gordo e bem tratado, debruçou
a cabeça em um mourão e chorou copiosamente. Nesta mesma oportunidade, Celso fez várias
homenagens a ele, na Fazenda Cachoeira e no
Parque de Exposições da cidade de Londrina,
no Paraná.
A partir de
então, essa amizade consolidouse de tal forma,
que o mesmo livro
narra uma passagem interessante.
“Agora Celso tem
mais um forte motivo para conseguir a
importação. Enviou
seu filho Fernando à Índia em 64, e
em 65 recebeu uma
carta de Virbadrasingh, filho do Marajá de Bhavnagar:
‘Meu caro senhor
Cid: Escrevo esta
carta para que saiba
que, na última vez
que estive com meu
pai, pouco antes dele
expirar, seu desejo foi
de presentear-lhe todas as vacas. Em tais
circunstâncias, permita-me pedir-lhe que
gentilmente nos visite
o mais breve, conforme
sua conveniência. Tudo
isso seria um presente
de meu estimado pai ao senhor”.
Quando da chegada do Krishna, Celso colocou
-o para apadrinhar suas melhores vacas, inclusive
aquelas oriundas da importação. Com Sakina II produziu Krishna Sakina POI DC, que ficou conhecido
como Krishninha do Celso, o 6666, seu número de
registro. Este com sua mãe produziu Sakina II, produzindo dois machos: ambos nominados de Krishna Sakina Sakina, com a diferenciação determinada
pelo número do registro. Um deles, o mais velho,
deveria ter sido mais bem aproveitado. Comentei
no livro Gir: a raça mais utilizada no Brasil, Rinaldo
dos Santos, 1994, que o trabalho de Celso Garcia
Cid deveria ter seguido essa linha, ao invés de tentar utilizar o touro Pushpano. Explico!
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Quando da chegada do touro Pushpano,
juntamente com sua mãe Pushpa, e as vacas
Krishnaia, a filha da Pushpa com Roopano do
Jasse e uma filha do krishna em vaca da India,
havíamos pernoitado na cidade de Sertanópolis-PR, na espera do caminhão que deveria
chegar pela manhã, e que só o fez às 14 h. Em
minha companhia estava o Tio Nilo Lemos (Ribeirão Preto-SP), Mário Silveira (Anápolis-GO),
doutor Benjamim Ferreira Guimarães (Taquaritinga-SP), Roberto Batista de Azevedo (Cássia
-MG), este meu compadre.
A foto do Pushpano saindo do caminhão,
divulgada na página 242 do Livro Gir: a raça
mais utilizada no Brasil, Rinaldo dos Santos,
1994, foi tirada por mim. Nela visualiza-se Celso Garcia Cid à direita do touro segurando o
cabresto e Tio Nilo do outro lado. Juntamente
com Roberto Azevedo, contornamos o caminhão e lamentamos com lágrimas nos olhos a
escolha de Celso para cobrir as filhas e netas
de Krishna. Pushpano frustrou toda nossa expectativa. Era de um fenótipo nada agradável.
Um animal grosseiro e de mãe grosseira. Em
relação ao Krishna importado, seus filhos e netos, Pushpano pecava na caracterização racial.
Para quem trouxe o melhor touro do mundo,
Pushpano deixava a desejar. Em meio a tantas
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dificuldades, Celso foi à Índia e trouxe na primeira importação um verdadeiro diamante, e
depois, com todas as facilidades pela liberação
das importações no governo Juscelino, acrescido da amizade gozada junto ao Marajá de
Bhavnagar, de quem passou a ser hóspede na
Índia, trouxe um cascalho.
Toda importação gera euforia, talvez, a
maioria dos criadores não pensava como eu e
meus companheiros de viagem de quilômetros
para esperar a chegada dos animais da segunda importação. Muitos achavam que Pushpano
daria certo nas filhas e netas do Krishna importado. Acreditavam nisso! Outros, pelo instinto
da bajulação diziam que Celso havia acertado
na escolha.
A realidade é que Pushpano retrocedeu
todo trabalho levado a efeito através da linhagem Krishna. Sou da opinião, e já manifestei
isso publicamente, de que os touros filhos de
Krishna Sakina 6666 coma sua própria mãe, os
“Krishnas Sakinas Sakinas” deveriam dar seguimento ao trabalho, e não, um touro muito
aquém. Talvez, na tentativa de abrir a consanguinidade “Krishna” Celso foi à Índia em busca
desse touro, e, infelizmente, errou. O único filho de renome de Pushpano é o Bahadursinghji
– DC, com a vaca Krishna Sakina Virbay III DC,
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uma vaca excepcional de tipo, carcaça, leite e
grande-campeã em quase todas as pistas em
que participou. Em idade adulta seu peso médio era de 700 quilos. Uma curiosidade é que nessa 2ª importação Celso adquiriu todas as fêmeas filhas do
Krishna que encontrou na Índia, quase todas
oriundas do “gado do povo”. O posicionamento dos chifres do Krishna saindo na linha dos
olhos para baixo e para trás não era o tipo recomendado para tração, que sob a influência dos
ingleses, optavam por chifres tipo torquês que
melhor seguravam e amparavam a ganga. Com
isso, emprestado a uma sociedade campesina,
Krishna passou a enxertar o “gado do povo”.
Dessa 2ª importação destacaram-se duas vacas
filhas do Krishna, inclusive muito próximas as
que vieram na 1ª importação fenotipicamente,
Krishna Sakina Dhamal e Krishnaia.
Com o modismo do importado, objetivando mercado, mesmo contra a sua íntima vontade, doutor Evaristo, com o seu tino comercial,
aceitou Pushpano na Fazenda do Cortume, Curvelo-MG, onde trabalhou em todo o gado EVA,
indistintamente. Com uma vaca EVA chamada
Harpa, descendente da Baianinha, Pushpano
produziu um filho lindo! Chita de vermelho,
muito bem caracterizado e conformado. Com
isso, muitos achavam que Pushpano daria certo. Só que, seus filhos não reproduziam a expectativa.
Quanto às filhas de Pushpano nascidas
na Fazenda do Cortume, José Lúcio Rezende
propôs uma troca entre vacas EVA adquiridas
junto ao doutor Evaristo, a livre escolha deste,
pela cabeceira das “Pushpanos”, que face ao vigor híbrido eram muito boas de leite e tipo. Foram trocas dez vacas tiradas na cabeceira. Nesse negócio doutor Evaristo recuperou 10 vacas
puríssimas dentro do trabalho de EVA, tiradas
em mais de 200 vacas anteriormente adquiridas por José Lúcio.
A falta de consistência genética, a descendência de Pushpano diluiu-se ao longo dos anos
em vários plantéis brasileiros. Às vezes me vejo
perguntando a mim mesmo se essa visão sobre
o touro Pushpano não é pelo que representou e
representa o Krishna no rebanho brasileiro Gir,
mas nunca consegui convencer-me disso.
Hélio Ronaldo Lemos, jurado das raças
zebuínas, criador de Gir e Nelore,
Com a colaboração de
Luiz Humberto Carrião.
Pushpano importado
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Cartas de Curvelo-MG
Prezado Hélio Lemos:
Há mais de cinquenta anos nos conhecemos
e desde então, em permanente convivência, “trocando ideias”, sabemos de “coisas” que a maioria
de nossos companheiros giristas desconhece.
Nesse passo, tenho ouvido versões sobre rebanhos, fatos, situações e pessoas, dentre as quais
me reporto apenas a duas delas reservando para
outra oportunidade “estender o papo”.
É sabido que a estória do nosso Gyr é cheia de
versões e por sabermos que a versão do fato supera, em muito, a verdade que o fato revela, considerei oportuno deixar registrado dois fatos “nomeando” você, eventualmente, minha testemunha.
O primeiro, diz respeito sobre a permanência de
Puspano em Curvelo, na Fazenda do Cortume. O
outro se trata de uma questão hoje muito polemizada: o gir leiteiro.
Referentemente a Puspano até hoje não
pude entender porque Celso Garcia, ao importar
Krishna, importou também na mesma época, dentre alguns outros espécimes, o touro Puspano.
Para que não fiquem dúvidas sobre a importação (1962) promovida por Celso Garcia, considero essencial fazer uma ligeira interrupção para um
breve destaque a Krishna. A contribuição deste
touro é indiscutível; valendo o seguinte registro.
Sendo um reprodutor de uma seleção consanguínea (terreiro de Marajá) e tendo “trabalhado” num rebanho também consanguíneo, digase Gaiolão, provocou um fenômeno da heterose
legando aos currais paulistas animais funcionais
bem superiores aos então existentes. Fato também recorrente em rebanhos oriundos da genética Ghandy. O que quero dizer é que a participação
de krishna foi positiva, todavia, não fora Ghandy
e Gaiolão...
É o meu ponto de vista, ele, Krishna, se pontificou através da parceria genética com Gaiolão de
onde foi gerado o touro Alecrim. Já lhe falei numa
ocasião, lá nas Caraíbas, a admiração e respeito
que sempre tive, seja por Gaiolão ou por Redino,
através dos quais, não há como negar, a linhagem
de Krishna melhor se conformou.
Quanto a Puspano, cuja “produção” não se
tem uma opinião convergente, uns falam “isso”
outros “aquilo” foi posto à disposição do Dr. Evaristo, Fazenda do Cortume/Curvelo, por Celso Garcia
com o propósito, suponho, de testá-lo com uma
vacada uniforme e de alto valor genético.
O Dr. Evaristo atendeu ao pedido de Celso
Garcia e apartou na ocasião sessenta (60) reses
na “cabeceira” de seu rebanho e acasalou-as com
Puspano que lá permaneceu durante aquela safra, retornando ao Paraná no final daquele ano, ou
seja, 1965.
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De toda a produção, no meu ponto de vista,
destaco dois descendentes de Puspano no rebanho EVA, por considerá-los racialmente bons: uma
fêmea filha de Uranga que integrou a apartação
do Dr. José Lúcio e um macho filho de Harpa de
nome Cajuí; esse o Dr. Evaristo presenteou a um
filho.
Também, foram vendidas, ao Dr. José Lucio
Resende, cerca de dez fêmeas, apartadas de toda
a produção de Puspano. Registra-se, por se tratar de um acasalamento que envolvia animais de
origens genéticas diversas (White x Puspano), o
fenômeno da heterose não foi correspondente à
intensidade admitida, ou mesmo suposta.
Racialmente a sua descendência mostrouse de “fraca” qualidade: os cupins (giba) das crias
“sumiram”; os chifres grossos e arredondados; os
aprumos posteriores não eram bons; perfil destoou, inclusive, com o chanfro curto (Kankrej); e,
com um temperamento “enérgico”.
No rebanho EVA não ficou uma única rês
descendente de Puspano. Todas foram descartadas.
Se, ao invés de Puspano, tivesse sido o Redino...
No que diz respeito aos comentários que tenho dirigido ao gir leiteiro, criticando a gestão da
A.B.C.Z., no tocante à política adotada com relação
a esse segmento da pecuária leiteira, são criticas,
a meu sentir, válidas, respeitosas e desprovidas de
radicalismos.
Na verdade, o que tenho procurado demonstrar é a existência de um fato que por si só, além
de gerar, concorrer e encorpar incertezas, dúvidas
e indefinições, também as dissemina: as quais,
munidas de forte potencial publicitário, provocam
consequências desastrosas: seja em relação aos
conceitos raciais; seja em relação à produtividade
dos rebanhos.
Por esta forma, atraindo dúvidas, desorienta
o processo seletivo a ser adotado pelo criador/selecionador e ainda, relativamente à produtividade
dos rebanhos, contraria um espaço há muito conquistado pelo produtor rural quando sua intuição
guiou seu empirismo e garantiu-lhe “explorar a
aptidão leiteira das raças europeias, sem propriamente criá-las”.
Razão pela qual, prejuízos mais intensos e de
maiores proporções poderão ser levados a efeito,
porquanto não seria nenhum absurdo admitir,
com o passar do tempo, a permanecer como se
encontra a situação, ocorra uma indesejável supremacia (qual dos dois gires sobreviveria?) o que
se desbordaria em prejudicial hegemonia: ou então, se assim não for, o engessamento da raça.
O gir leiteiro passou a ostentar tal rótulo, não
por ter sido submetido a um procedimento ad-
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ministrativo específico ou mesmo via de testes confiáveis, ou melhor, incontestáveis, mas
clandestinamente por ter sido gerado de duas
fontes: uma primeira, omissiva e oriunda de
uma parcela do segmento de criadores coadjuvada com a leniência da ABCZ; uma segunda:
proveniente de um expediente comercial, aliás, compreensível, imposto pela perseverança
e determinação de alguns criadores, impulsionados pelo intensivo “marketing” posto à sua
disposição a entronar o gir leiteiro numa área
de penumbra que se localiza entre uma “realidade plantada” e o imaginário, uma corruptela,
diria, da evocação leiteira da Raça Gir propriamente dita.
Paradoxalmente, quero crer, se projeta
um ponto de convergência nesta divergência:
se por um lado existe a determinação e perseverança de alguns criadores no sentido de se
submeterem às regras do Regulamento Racial
e claro, sem perder de vista a produtividade
do rebanho, não é menos verdade que, por
via oblíqua, a gestão do órgão oficial (ABCZ),
quanto ao gir leiteiro está mais voltada e empenhada na sua melhoria funcional.
Todavia, quem corre o risco é a ABCZ. Temos exemplo disto. Para formação do Indubrasil e “com a corrida para o gado gir, consequente de sua extraordinária valorização” – é o que
nos relata o professor Alberto Santiago – as
raças nelore e guzerá estiveram ameaçadas de
desaparecimento, não se consumando o fato,
é o que deixar entrever o autor, em virtude da
dedicação de Pedro Marquês Nunes pela raça
nelore, e João de Abreu Jr., pela raça guzerá.
Um abraço, o Amigo Certo,
José Alfredo de Alencar Barreto
( Fazenda Caraíbas/Curvelo/MG. Marca do
Gado: EVA WHITE. Janeiro de 2.013)
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Confissões sexagenárias
O jeito Zeid de ser
Por Luiz Humberto Carrião
A segunda exposição que participei foi na
cidade de Rio Verde, sudoeste goiano, a convite de Alberto Ferreira Motta e Wagney Azevedo
Leão. Uma das mais qualificadas em Gir no Brasil. Ali comparecia criadores de sucesso como
Zeid Sab, Edmardo Naves Pereira, Leda e Aderbal Góes, Luiz Antônio Figueiredo, Fábio André,
dentre outros.
Naquela época encontrava com um gado
novo provindo de umas matrizes com a marca
BIG (Bigatão) originárias da marca Favela, de
Aderbal Góes, ainda na cidade de Barretos – SP,
que haviam sido enxertadas por dois touros ZS,
Tereré (Napy ZS x Quicanga) e Tabó (Napy SZ x
Saquina).
Entrando no pavilhão, à esquerda ficou o
gado do Zeid com um touro enorme, chamado
Viratro ZS, seguido da Olhada e suas filhas que
enchiam os olhos de todos nós e em seguida a
marca LHC, seguida da marca ADAO.
A expectativa era muito grande com a chegada do Zeid. Todos nós tínhamos por ele uma
enorme admiração. Era um companheiro diferenciado. Lembro-me que uma vez discutia-se numa
reunião da ASSOGIR a questão financeira. As
associações promotoras das raças sempre, pela
sua própria estrutura de entidade sem fins lucrativos, estão de pires na mão. Foi então que o Zeid
ofereceu dez novilhas mestiças (gir x holandês)
para levantar fundos para a associação, no que
foi seguido pelo Carlos Mário de Moraes, de BH,
à época numa parceria com o Jairo de Andrade,
no gado Gir Mocho, com o qual, aliás, levantou
o troféu José Zacarias Junqueira, por ter conseguido por três anos consecutivos fazer o maior
número de pontos na EXPOZEBU. Aderbal Góes
perguntou qual era o preço e fez o cheque. Assim
funcionava a coisa com a “velha guarda”.
Zeid chegou muito festejado pelos companheiros e na primeira escapada daquele assédio
entrou pelo corredor a observar o gado. Olhava de um lado, olhava de outro e ao final veio a
pergunta: e aí Zeid, o que achou do gado? Meteu a mão no bolso da camisa, tirou um maço
de cigarros Charme, acendeu e olhando para o
lado esquerdo do pavilhão disse: _ Tem dois gados muito bons neste pavilhão. O meu e o do
professor.
Claro! Fiquei muito lisonjeado com aquela
observação feita pelo Zeid, mas só que, excetuando as cinco novilhas e um garrote com a
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marca ENE, o restante era todo oriundo de seus
touros. Mas, enfim, não deixava de ser uma declaração de muita importância para um principiante.
Um dia, o Alberto Motta ligou-me dizendo
que o Zeid havia comentado com ele que gostaria de ter um animal com sua marca em meu
plantel. Foi então, que adquiri um dos animais
mais extraordinários que conheci: Sagradinha
ZS, filha de Sagrado e mãe de Gioconda LHC que
tem no balde, honrado a mãe, o avô e a marca
ZS na produção de Leite.
Posteriormente, na mesma cidade de Rio
Verde, durante um jantar, perguntou-me qual
era o seu melhor touro. Já sabia o que ele queria
ouvir. Porém, a resposta que lhe satisfaria não
era o que eu concordava. Disse que não gostaria de emitir esse juízo de posição. Que todos os
seus touros eram extraordinários. Mas, de imediato vem a “cornetagem” dos companheiros
para que você desça do muro. Foi aí, descendo
do muro, que eu disse a ele que em minha opinião o seu melhor touro era o Sagrado ZS. Baixou a cabeça por alguns instantes e disse: _ professor, o Secretário vem para o doutor Bezerra
para coletar, e com ele, o Sagrado para o senhor.
É um presente meu. Esse era o jeito Zeid de ser.
Luiz Humberto Carrião
Jornalista Profissional e editor da Girista.com
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Direito
A proibição da prova
exclusivamente
testemunhal em contratos
de comprae venda de gado
Por Patricia Sibin
Escrever para agropecuaristas é uma tarefa
árdua, especialmente pelo fato de não ter a disposição um ramo específico da Ciência do Direito que permita delimitar os acontecimentos tais
como eles são- in loco- no campo, nas fazendas.
A lei básica do Direito Agrário (Estatuto da Terra
- Lei Federal nº 4.504) remonta quase 50 anos de
existência, não sendo capaz de suprir as necessidades do Homem do campo.
Atualmente, a mania nacional é o Direito
do Agronegócio, mas por anos estamos falando, escrevendo e arriscando implantar a ideia
da necessidade de atribuir-se um novo ramo da
Ciência do Direito, qual seja, Direito Agropecuário, pelo qual entendemos ser o mais adequado
para definir e, a partir daí, tutelar as especificidades nas atividades agropecuárias.
A nosso ver, Direito Agropecuário, é o que
melhor define esse ramo, pois a partir daí absorve-se o agronegócio, não o agronegócio o
engloba. Definir, reconhecer as problemáticas
do homem do campo é trazer-lhe uma nova
perspectiva jurídica, um novo modelo de atuação do advogado.
O tema desta edição é apresentado tomando em conta que a cada novo assunto que
propomos discorrer ponderamos a importância de angariar as provas do fato ocorrido em
cada caso concreto.
A razão de elucidar, ainda que sucintamente, sobre a questão da prova nos contratos
de compra e venda de cabeças de gado cujo
valor ultrapasse o limite legal, dar-se-á na medida em que o cotidiano negocial e o costume
de determinada região permitiu uma concreta
“exceção” à regra.
Dispõe o artigo 401 do Código de Processo
Civil que:
“A prova exclusivamente testemunhal só
se admite nos contratos cujo valor não exceda
o décuplo do maior salário mínimo vigente no
país, ao tempo em que foram celebrados.”
Desta mesma forma determina a legislação
civil no seu o artigo 227:
18
“Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao
tempo em que foram celebrados.”
Pois bem, a letra nua, crua e fria da lei, proíbe a utilização da prova exclusivamente testemunhal em negócios jurídicos que ultrapassem
o valor equivalente hoje a R$ 6.780,00 (seis mil,
setecentos e oitenta reais).
Como base exemplificativa, na hipótese de
uma compra e venda de 2 (duas) cabeças de
gado GIR a um valor médio de R$ 3.500,00 (três
mil e quinhentos reais) cada uma, pago o valor e
não entregue as reses ou, entregues e não pago,
ou ainda, pago, porém entregues defeituosas/
doentes, pela legislação apontada acima, não é
permitido fazer a prova, exclusivamente, testemunhal da existência desse contrato, podendo
consubstanciar-se de um conjunto probatório,
desde que não seja unicamente testemunhal.
Entretanto, a interpretação de um caso
ocorrido há anos na cidade de Barretos, Estado
de São Paulo, fez com que o Tribunal de Justiça deste estado, prolatasse julgamento inédito
até então, vejamos:
“Contrato de alto valor. Admissão de prova meramente testemunhal. Segundo os usos e
costumes dominantes no mercado de Barretos,
os negócios de gado, por mais avultados que
sejam, celebram-se dentro da maior confiança,
verbalmente, sem que entre os contratantes
haja troca de qualquer documento. Exigi-lo agora seria, além de introduzir nos meios locais um
fator de dissociação, condenar de antemão, ao
malogro, todos os processos judiciais que acaso se viessem a intentar e relativos à compra de
gado (Revista dos Tribunais - RT 132/660).”
Digna de aplausos, a decisão do TJSP de
fato ocorrido nas terras internacionais do Rodeio- Barretos fez a jurisprudência da época,
aliás, até os dias de hoje esta decisão é consolidada em todos os Tribunais brasileiros.
Com muita propriedade, diga-se de pas-
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sagem, os Desembargadores daquele Tribunal
tiveram sensibilidade ímpar ao analisar o caso
apresentado em grau de Recurso, o Juiz singular da época não agiu da mesma forma, visto ter
decidido pela improcedência dos pedidos do
Autor da ação judicial.
In casu, embora a corrente doutrinária
dominante analisando a mesma jurisprudência entenda estar se decidindo contra a Lei,
pelo que dispõe o já citado artigo 401 do Código de Processo Civil, o fato é que ditas normas devem ser afastadas porque o rigor legal
que nelas contém é incompatível com a Constituição Federal de 1.988, além disso, o uso
e costumes negocial do Homem do campo,
especialmente na cidade de Barretos, como
também na capital do Zebu- Uberaba, os costumes locais hão de prevalecer em detrimento da letra fria da Lei.
No entanto, faz prudente frisarmos, ainda
que a jurisprudência brasileira declina-se pela
aceitação da prova exclusivamente testemunhal de negócios que ultrapassem o décuplo
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do maior salário mínimo vigente no país face
aos costumes da atividade agropecuária, conforme, ainda, o local do acontecimento, não
significa dizer que o agropecuarista deva agir
sem as cautelas necessárias a fim de evitar
transtornos e aborrecimentos.
Ditas ressalvas são bem vindas, especialmente na assessoria preventiva, retirando-se
a ideia enraizada de que o Advogado serve
para resolução de problemas previamente implantados.
Por fim, o caso ocorrido há muitos anos na
cidade de Barretos, Estado de São Paulo, exprime a máxima criada pelo respeitado e competente Juiz Gaúcho, Dr. Moacir Danilo Rodrigues, de que: “A lei é injusta. Claro que é. Mas
a Justiça não é cega? Sim, mas o Juiz não é. “
(cfr. Sentença de um Juiz gaúcho, publicada no
Suplemento Jurídico: DER/SP nº 108 de 1982,
extraída do site: atualidadesdodireito.com.br).
*Patricia Sibin,
advogada focada no Agronegócio.
19
Leitura
Vida e morte de um touro,
por Aristóteles Góes, 1951, 6 p
“O livro é muito mais que o limite mínimo
de 48 páginas para ser tributado.”
Royalties a Stella Dauer, 2011.
Por Luiz Humberto Carrião
A Escola dos Annales substituiu o tempo breve e cronológico do registro dos fatos
históricos pela visão de processo que implica
longa duração objetivando a inteligir o que se
chama de Civilização e Mentalidades. Todavia,
me sinto no desejo de voltar aos conceitos de
antanho que dividia o caminhar do homem no
tempo e no espaço em Pré-História e História.
O período anterior à invenção da escrita ficou
convencionado como pré-história e o do aparecimento da escrita aos dias atuais, História.
Faço isso para uma maior facilidade didática no
assunto aqui abordado, o Livro.
Na História Antiga – do aparecimento da
escrita ao ano de 476 da nossa era marcado
pela queda do Império Romano do Ocidente – apareceu na Mesopotâmia o registro de
tabuletas de argila. Ainda neste período, no
Egito, o registro sendo feito através de papiros
extraídos de vegetal. Este foi substituído pelo
pergaminho confeccionado a partir de peles
de animais nas civilizações clássicas. Na Grécia
Antiga, o “volumen”, registro em forma de rolo,
foi substituído pelo “Códex”, mais tarde aperfeiçoado pelos romanos “Códice” com o apare-
Aderbal Góes com o touro Nagpur, filho de Gaiolão do Norte
20
cimento da costura na fixação das páginas.
Na Idade Média – do ano de 476 a queda de
Constantinopla aos Turcos Otomanos, em 1453
– período em que predominou fortemente a
Igreja Católica no Mundo Ocidental, os livros
eram exclusivos aos mosteiros. Uma característica marcante nesse período foi o surgimento
dos monges copistas. Com eles o aparecimento
das margens e páginas em branco na estética
dos mesmos. Também se dá notícia de índices,
sumários e resumos. Aos poucos o pergaminho
foi sendo substituído pelo papel utilizandose da gravação do conteúdo de cada página
numa placa de madeira, como uma escultura,
que, depois de molhada na tinta era pressionada sobre o papel em branco. Uma espécie de
carimbo. Em 1405, surgiu na China através de
Pi Sheng a prensa de tipo móvel.
Na Idade Moderna – do ano de 1453 ao
surgimento da Revolução Francesa, em 1789
– mais precisamente em 1455, Johannes Gutenberg, na Alemanha, inventou a prensa com
tipos móveis reutilizáveis inaugurando-a com a
impressão da Bíblia. Com o italiano Aldus Manitius o que hoje é chamado de desing gráfico
ou editorial.
Na Idade Contemporânea – do ano de
1789 aos dias atuais – um avanço extraordinário com o aparecimento de publicações digitais, o E-book.
Para André Maurois, “A leitura de um bom
livro é um diálogo incessante: o livro fala e a
alma responde”.
O livro de Aristóteles Góes registrando
sua relação com o touro Gaiolão do Norte é
um desses livros que “fala e a alma responde”.
Chamá-lo de opúsculo é reduzir sua grandeza.
Seis páginas compõem a obra que se colocada
à apreciação da alma, esta responderá em centenas de outras páginas.
Pelo seu projeto gráfico, 1951, e numa homenagem ao autor, com a autorização de sua nora,
Leda Ferreira Góes, a revista publica-o no original.
Luiz Humberto Carrião
Jornalista Profissional
e editor da Girista.com
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Sustentabilidade
Sustentabilidade /Desenvolvimento
“Nós prosperamos e sobrevivemos no planeta
terra como uma única família humana. E uma
das nossas principais responsabilidades é deixar para as gerações sucessoras um futuro sustentável.” Koffi. A. Annan
Por Pedro Wilson Guimarães
O que é sustentabilidade? É uma forma de
crescer a economia com mais e melhor produção
para a população do país e do planeta. Produzir
com mais tecnologia, insumos, habilidades, oportunidades, quantidades e qualidades para que o
objeto produzido seja consumido pela população
humana, animal. E mesmo vegetal mantendo a preservação das espécies naturais, habitats, nascentes,
covais, berçários, floras, faunas, clima. E condições
de sobrevivência e evolução da vida ampla, geral
e irrestrita na terra/água. Sustentabilidade significa que uma plantação, criação, melhoramentos
estão fundados nas teorias e práticas tradicionais,
modernas, científicas, tecnológicas, culturais locais,
regionais, nacionais e mundiais respeitando a natureza. E a sua biodiversidade, potencialidade, com
usos, modos que permitem alargar o presente e o
futuro de um bioma, ecossistema terrestre. Sustentabilidade é ter consciência e jeito de ver, avaliar e
28
agir na natureza para que ela exista hoje e amanhã
no terceiro milênio. Sustentável é tudo aquilo que
pode sustentar/segurar pela base, por baixo, pela
raiz, suportar, manter, firmar, alimentar, prover deviveres, defender com argumentos, conservar, suster, equilibrar, aguentar, nutrir e amparar. Sustentabilidade é colocar em prática os direitos humanos
e dos animais e vegetais universais nos variados
aspectos biodiversidades, materiais, culturais e espirituais. Direitos econômicos, sociais, políticos, culturais e ambientais para que as riquezas, bens, matérias e suas apropriações públicas, comunitárias,
cooperativas, comunais, familiares, privadas sejam
reconhecidas. Reconhecidas como bens de toda
humanidade do planeta azul. Toda natureza toda
seja ela qual for. E suas histórias, posses, domínios,
usos, manejos, empreendimentos e ganhos e perdas devem ser olhadas continuadamente face as
precisões, necessidades, interesses e aspirações da
própria natureza. E da humanidade planetária e no
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futuro quem sabe sideral? Sustentabilidade deve
ser uma prática humana de amizade, amor, relação,
vivencia com boa convivência com a natureza, para
o desenvolvimento crescente numa espiral ascendente criativa e evolutiva até Deus. A terra e água
deste planeta já sofreram muitos impactos, tremendos tsunamis vindos do mundo sideral e do centro
do planeta. Muitos colocaram a terra/água em perigo e destruíram muitas áreas e animais aquáticos
e terrestres segundo públicos e provados estudos
de nossas arqueologias. Temos tido muitos estudos
científicos e filmes sobre os dinossauros, eras do
gelo, dilúvios. E maremotos, terremotos, placas tectônicas. E mesmo recentes tsunamis que atingiram
a Indonésia e Fukushima no Japão. No século XVIII
um atingiu Lisboa e arredores, numa época que o
Brasil era colônia de Portugal. E Portugal obrigou
nosso país mandar muito ouro, prata e diamante e
madeira para restaurar a querida capital lusitana.
Não será por isso que Tiradentes e outros revolucionários lutaram contra o domínio opressor que depois foi invadido por forças napoleônicas. E assim
obrigou Maria I, a louca e seu filho João VI e sua mulher a espanhola Carlota e grande corte, fugir para
o Brasil, com seu filho Pedro I.E ele que em 1822,
declarou nossa independência? Ai é outra história.
Queremos dizer em tempos de outrora os perigos
vinham dos céus estelares. Agora o perigo pode vir
de cima das nossas cabeças/céus, mas pode também vir não do centro da terra, mas da ação da
própria humanidade. Na virada dos séculos XX para
XXI o homem cientista, político/poder, econômico
proprietário/concentrador de bens teve a imensa e
irresponsável possibilidade de destruir nossa terra
com as bombas, nucleares e químicas? E mais as
poluições, agrotóxicos, consumismos, experimentos, lixos, degradações aquáticas e terrestres, terrorismos de grupos e de estados. E muitas fomes,
misérias, êxodos. E as intolerâncias religiosas e políticas, podem hoje ajudar a destruir a terra. Não
precisa nem do calendário maia. Hoje podemos
destruir a terra. E tem os perigos com monoculturas rurais e aglomerações urbanas metropolitanas
sociopáticas na expressão do professor Luiz Pereira
da USP, sob o tema sociologia e desenvolvimento.
Assim e assado a sustentabilidade em grande parte
está nas mãos de todos nós homens e mulheres.
Uns que fingem nada ver ou responsabilizar por
esta situação preocupante de nossa nave terrestre
denunciada na conferência Rio +20. Outros como
o Brasil da Eco/Rio 92 e desta agora tem lutado para
que haja responsabilidades compartilhadas entre
todas as nações. E a própria ONU (um poder que
pouco pode fazer), está depois da Rio +20 elaborando os objetivos do desenvolvimento sustentável. Entretanto nós podemos ir adiante e contribuir
com políticas públicas municipais, regionais latinas,
africanas. E mesmo com ajudas europeias, americanas e asiáticas gestar novas, boas políticas públicas,
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comunitárias
mesmo privadas
(tem muitos movimentos sociais
e empresariais
que tem responsabilidades de
ações concretas,
contínuas pela
sustentabilidade), para a terra
crescer, incluir e
proteger hoje.
E amanhã não
termos desertificações, tsunamis que coloquem
nosso lugar em
perigo na galáxia
via láctea. Precisamos ter mais atenção, consciência, sensibilidade,
criatividade e ação nos nossos empreendimentos
urbanos e rurais, públicos e privados. Toda a viabilidade de negócios de terra /água passa pela sua sustentabilidade. Passa por boas ações, boas práticas
rurais e urbanas que devem ser replicantes, terem
efeitos demonstrativos e multiplicadores face pesquisas, estudos e extensões. E planos, planejamentos, indicadores, programas realizadores do desenvolvimento econômico e social harmônico com
nossos ecossistemas. E os biomas interligados por
geologias, hidrologias, sociologias, agronomias,
geografias, engenharias, biologias, arquiteturas do
saber e poder democrático e ou arbitrário? Pensar,
avaliar, comparar maneiras de intervenção humana
e técnica na natureza. Ver as que levam o desenvolvimento material, cultural e espiritual para a humanidade e para sempre. E aquelas intervenções que
levam para a realidade que estamos vivendo hoje.
Levem a humanidade para as guerras, mortes, envenenamentos do planeta, misérias, migrações. E
para violências financeiras, bancárias, armações de
estados e de grupos urbanos, detentores dos domínios e controles da própria violência pública e
privada (vide SP, Rio, Goiânia, Oriente, Ásia e África).
Nossa resposta é pela sustentabilidade. Novo nome
da paz e da justiça e prá o desenvolvimento econômico e social sustentável. Aliança entre a humanidade e a natureza, toda natureza de Deus. Crescer,
incluir e proteger sempre, a árvore da vida digna de
viver, conviver.
Pedro Wilson Guimarães. Secretário Municipal da Agência Municipal do Meio Ambiente
(AMMA) de Goiânia-GO. Deputado Federal de
1993-2011 PT/GO. Professor da UFG e da PUC-GOIÁS Militante dos Movimentos de Direitos Humanos,
Fé e Política, Educação, Cerrados e Participação Social. e-mail:[email protected]
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Histórias e estórias de Tiãozinho Cunha
Essa vaca dá Leite?
Por Luiz Humberto Carrião
Éramos três sentados defronte o pavilhão que abrigava o gado Gir na Exposição
da cidade de Uberaba – MG. Luiz Humberto Carrião, professor de História e girista;
Aderbal Góes, engenheiro Civil e pecuarista, e Tiãozinho Cunha, ex-empresário no
ramo de transporte coletivo interestadual, que vendeu tudo, transformou em barras
de ouro legalizadas junto ao Banco Central e entrou como ele mesmo dizia, em “lua de
mel permanente” com Tia Fiúca após 60 anos de vida conjugal.
Tiãozinho nunca teve um imóvel, sempre viveu de aluguel. Diz que o dinheiro que
iria imobilizar na compra de um apartamento ou casa, bem aplicado na produção ou
mesmo na ciranda financeira, pagaria o aluguel e as taxas básicas com o que chamamos de residência. Conta de luz, IPTU, telefone, etc.. Ou então um bom quarto de hotel,
aliás, segundo ele, a melhor residência para a 3ª, 4ª, 5ª e sucessivas idades.
Tiãozinho Cunha mostrava a Aderbal um livro do Gondin da Fonseca, sob o título
Camões e Miraguarda, editora Fulgor, 1962, que traz na apresentação uma informação
interessante: “Uma das maiores riquezas atuais do Brasil é a pecuária. Possuímos talvez
uns cinquenta ou sessenta milhões de bois. Qual o capim que cria esses bois em grande parte das zonas de pastagens? O colonião. E como chegou aqui o colonião? Cid de
Castro Prado explica num de seus livros: pretas escravas transportaram sementes nos
cabelo. Transportaram sem saber. Lavando aqui as cabeças desprenderam-nas. Nasceu
o capim e logo o colonizador o aproveitou em largas plantações, para a invernada de
rezes. Sem o colonião, impossível a grande pecuária no Brasil”. Aderbal franziu o cenho
como que concordando com o livro e acrescentou: _ Sempre tenho dito que comida
de vaca é capim, e de bezerro é leite.
Mal acabara de pronunciar a frase, um cidadão aproximou-se de ambos e perguntou: _esse gado Zebu é do senhor? Ao que Aderbal respondeu afirmativamente que
sim. Daí estabeleceu-se o seguinte diálogo:
_Meu avô e meu pai criaram esse gado, retrucou o ilustre visitante.
_E você, cria? Perguntou Aderbal.
_Não. Mas estou com vontade de iniciar um pequeno rebanho numa nesga de
terras que herdei de meu pai.
_Muito bem. Expressou em sinal de concordância Aderbal.
Olhando para uma vaca da marca Favela chamada Tribuna, voltou ao diálogo:
_Essa vaca dá leite?
Aderbal já desconfortável naquela conversa respondeu: _pergunte a ela?
Coincidência ou não, neste exato momento a Tribuna fez Muuuuuu! Tiãozinho
não se fez de rogado: _Olha aí Aderbal, ela tirou a palavra de minha boca.
O cidadão saiu de fininho e com ar de desconfiado.
Enquanto Aderbal resmungava, Tiãozinho dava suas singulares gargalhadas.
Luiz Humberto Carrião
Jornalista profissional e editor da revista Girista.com
Tiãozinho Cunha é um personagem ficto,
qualquer semelhança é mera coincidência.
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Dia internacional da mulher
Emy Whinehouse
“Lindo é o que a natureza faz de belo”
Asseverou em um de seus sermões
O padre Antônio Vieira.
Pena que essa mesma natureza que faz
Dá, nega e tira.
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Waldyr Barbosa de Oliveira Junior