O que é matemática? •A origem da palavra matemática está no grego Μαθηματικά •O vocábulo mathema está relacionado à aprendizagem e conhecimento e matemathike a ensinamentos •“[...] matemática é um produto cultural e uma atividade culturalmente definida. É também uma forma de pensar” (Nunes e Bryant,1997) Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O que é matemática? A matemática, do grego mátheema (ciência), distingue-se por seu aspecto formal e abstrato e por sua natureza dedutiva. Em contrapartida, sua construção liga-se a uma atividade concreta sobre os objetos para a qual o aluno necessita da intuição como processo mental. A partir desse tipo de elaboração, a matemática é mais construtiva que dedutiva e, se não fosse assim, certamente que se transformaria em uma ciência memorialística, longe de seu caráter de representação, explicação e previsão da realidade. O pensamento matemático é um processo em que é possível aumentar o entendimento daquilo que nos rodeia, afirmação passível de transferir para a disciplina acadêmica da matemática, não tanto como corpo de informação e técnicas, mas como método para fazer a mente trabalhar. (SÁNCHEZ HUETE; FERNÁNDEZ BRAVO, 2006). Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O que é matemática? [...] A Matemática é uma ciência em si mesma totalmente abstrata; portanto, pode se desenvolver a partir de raciocínios lógicos e, consequentemente, independente da realidade que lhe deu origem. É por esse motivo qu, mais que nenhuma outra ciência, seu ensino deve ser contextualizado. (DUHALDE; CUBERES, 1998). Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O que é matemática? •Para Kamii e Joseph (2005), “[...] as crianças constroem o conhecimento lógico-matemático sujeitando relações já feitas a novas relações”. Percebe-se que, nessa perspectiva, quando constroem seu conhecimento lógico-matemático as crianças estabelecem relações e assim, fazem e aprendem matemática. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O que é matemática? Fazer matemática é expor ideias próprias, escutar as dos outros, formular e comunicar procedimentos de resolução de problemas, confrontar, argumentar e procurar validar seu ponto de vista, antecipar resultados de experiências não realizadas, aceitar erros, buscar dados que faltam para resolver problemas, entre outras coisas. (BRASIL, 1998, p.195). Essa forma de pensar matematicamente delineia-se no estabelecimento de relações plausíveis, lógicas, que se apóiam no desenvolvimento de conceitos, habilidades e procedimentos diversos, como diferenciar (separar segundo características especificas), generalizar (estender a vários objetos/situações o que se percebeu em casos particulares), abstrair (pensar numa característica do objeto/situação mesmo que outras estejam presentes), representar (o conceito por meio de símbolos/signos), entre outros. Assim, a matemática não é uma ciência do dia-a-dia; ela é abstrata, constróise no mundo das ideias; entretanto, sem ela não vivemos o dia-a-dia. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ “A aproximação à Matemática requer episteme, conhecimento fundado, não mais prática ingênua – naturalizada – e sim nas mais novas descobertas: há que se encontrar uma transposição que impeça e repare antigos erros.” (Dualde e Cuberes, 1998) Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático - Representações • Como ciência: - estruturada a partir de axiomas, teoremas e definições que possibilitam organizar o conhecimento de modo dedutivo - não pode conter contradições, necessita de um rigor lógico para garantir suas “verdades” – demonstrações - possui linguagem simbólica bem específica Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático - Representações • Como conhecimento humano, resulta das necessidades: - de aplicações - para resolver problemas de ordem prática - de especulação - para resolver problemas originados na própria matemática - se dá num processo contínuo de idas e vindas e não de modo organizado e linear Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático - Representações • Como conhecimento a ser ensinado e a ser aprendido: - deve contribuir para que o homem tenha uma melhor compreensão de sua realidade históricosocial, interagindo com ela - desenvolvimento de competências - idéias/conceitos essenciais, transposição didática Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ Conteúdos • Proposta Curricular de Santa Catarina Os conteúdos matemáticos são organizados em quatro campos do conhecimento: - Campos Numéricos - Campos Algébricos - Campos Geométricos - Estatística e Probabilidades “Estes temas têm como proposta metodológica a abordagem articulada, sempre que possível, sem considerar a linearidade, utilizada apenas para efeito de organização.” Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ Conteúdos • Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs “Atualmente, há consenso a fim de que os currículos de Matemática para o ensino fundamental devam contemplar o estudo dos números e das operações (no campo da Aritmética e da Álgebra), o estudo do espaço e das formas (no campo da Geometria) e o estudo das grandezas e das medidas (que permite interligações entre os campos da Aritmética, da Álgebra, e da Geometria e de outros campos do conhecimento). Um olhar mais atento para nossa sociedade mostra a necessidade de acrescentar a esses conteúdos aqueles que permitam ao cidadão „tratar‟ as informações que recebe cotidianamente, aprendendo a lidar com dados estatísticos, tabelas e gráficos, a raciocinar utilizando idéias relativas à probabilidade e à Educação Matemática combinatória.” Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ Conteúdos •Prova Brasil Matriz de Referência de Matemática: Temas – 4ª série/5º ano do Ensino Fundamental Tema I: Espaço e Forma Tema II: Grandezas e Medidas Tema III: Números e operações / Álgebra e Funções Tema IV: Tratamento da Informação Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos Geometria Buscando a origem do desenvolvimento da geometria nos primórdios, com o homem primitivo, podemos imaginar que o conhecimento das configurações do espaço, formas e tamanhos tenham se originado, possivelmente, com a capacidade humana de observar e refletir sobre os deslocamentos, construção de estratégias de caça e colheita de alimentos, criação de ferramentas e utensílios, visando satisfazer suas necessidades básicas. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos Ao fixar moradia, com a divisão do trabalho, outras necessidades foram surgindo e a produção do conhecimento geométrico se ampliando. A necessidade de fazer construções, delimitar a terra levou à noção de figuras e curvas e de posições como vertical, perpendicular, paralela. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos No início o homem considerava problemas geométricos diretamente relacionados com suas necessidades práticas. Mais tarde, procurou organizar esse conhecimento, partindo da observação, reunindo situações semelhantes, extraindo propriedades, buscando expressar generalizações, como forma de “receitas” práticas, ainda relacionadas a situações empíricas. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos Com os gregos a ênfase deslocou-se dos procedimentos empíricos para o raciocínio dedutivo, “as verdades geométricas deveriam ser obtidas no gabinete de estudos, e não no laboratório” (EVES, 1992, p. 7). Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos • Euclides (300 a. C.) é o nome de maior destaque nesse processo, mas Tales de Mileto (primeira metade do século VI a.C.) e Pitágoras (572 a. C.), foram precursores no processo de organizar a geometria como um corpo de proposições logicamente ordenadas: cada proposição é demonstrada a partir de proposições evidentes, denominadas de “postulados” ou “axiomas”, garantindo a verdade do conhecimento. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos • Aritmética (números) Desde os tempos pré-históricos, os seres humanos foram desenvolvendo a capacidade de identificar quantidades e de registrá-las. Mas isso ocorreu de forma lenta e gradual. A princípio, contar era simplesmente associar. Por exemplo: para cada animal que saía do cercado era colocada uma pedrinha em um saco. No fim do dia, para cada animal que era trazido de volta, uma pedrinha era retirada. Deste jeito, conheciam-se quantidades sem conhecer os números. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos E da idéia de quantidades à representação numérica, passou-se muito tempo. Foi preciso que a mente humana evoluísse, que a linguagem se tornasse mais clara. Apesar disso, acredita-se que os primeiros sinais grafados não foram os conhecidos desenhos de guerreiros armados com lanças caçando animais, mas, sim, símbolos para designar quantidades. Isso há mais de 50 mil anos! Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos Com o aperfeiçoamento da escrita, os povos foram criando, cada qual a sua forma de representação numérica, os seus algarismos. O termo, aliás, vem do árabe al-khuarizmi, e quer dizer símbolo gráfico utilizado para representar um número. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos •Base de um sistema de numeração Nosso sistema de numeração tem base dez, isto é, as quantidades são agrupadas de dez em dez. O que fazemos, é utilizar uma forma de arrumação onde a posição dos algarismos, ajuda a definir seu valor. Por exemplo, quando escrevemos 875 queremos dizer oito centenas, sete dezenas e cinco unidades: 875 = (8 x 100) + (7 x 10) + 5 O valor de um algarismo em um número depende da sua posição nele. classe das unidades simples classe milhão classe milhar do do centena dezena unidade centena dezena unidade de de de de de de milhão milhão milhão milhar milhar milhar centena dezena unidade Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos Nem todas as civilizações usaram a base dez. Na língua francesa atual, por exemplo, na denominação de alguns números, detecta-se vestígios de uma base vinte considerada pelos celtas - povo que viveu na Europa no início da era cristã. Para se referir ao oitenta (80), por exemplo, os franceses dizem quatrevingt, que significa quatro vezes vinte (4 X 20). Esta base também foi adotada por outros povos, como nas civilizações maia e asteca, que floresceram na América Central, também nos primeiros séculos da era cristã. Mas por que a base vinte? Porque usavam os dedos das mãos e dos pés para contar! Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos Há mais ou menos quatro mil anos, os povos que viveram na Mesopotâmia - região da Ásia, onde hoje se localiza o Iraque - usavam a base sessenta. Um sistema tão forte que herdamos e usamos até hoje as frações de 60 para medir o tempo. Lembre-se que uma hora tem sessenta minutos e um minuto tem sessenta segundos. São muitas as hipóteses sobre o porquê desta escolha, mas o mais provável é que seja uma combinação dos hábitos de povos que contavam em dezenas (base 10) e de outros que contavam em dúzias (base 12). Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos Os romanos, com todo o seu poderio militar, impuseram seu método de escrita dos números, mas com as dificuldades de fazer contas, ele não convenceu, e quando o império romano caiu ele foi logo abandonado. Os algarismos que usamos hoje são frutos da evolução de antigos algarismos árabes e não trazem mais a quantidade representada no próprio símbolo, como por exemplo, o três dos romanos (III). Também estão livres de associações com letras, como são os algarismos gregos e hebraicos, que usam as letras de seus alfabetos para representar os números. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos É interessante observar, no entanto, que o símbolo para denominar o zero demorou a aparecer, só veio a ser representado no século 3 antes do nascimento de cristo, na Babilônia. Oitocentos anos depois, os Maias, de forma independente, tiveram a mesma idéia. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ O conhecimento matemático – Aspectos Históricos Os números naturais resolvem o problema da contagem. Com eles podemos comprar laranjas, ovos, frangos, sapatos, camisas e outras coisas. Mas não resolvem o problema da medida que nem sempre tem resultado inteiro. No Egito antigo, as enchentes do Nilo destruíam os marcos de limites de propriedades. E vinham os homens do faraó efetuar a medida da terra, demarcando-a novamente. Por isso, no Egito, já tinham inventado números fracionários. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ Etnomatemática A etnomatemática surgiu em meados da década de 1970, quando Ubiratan D‟Ambrósio propôs que os programas educacionais enfatizassem as matemáticas produzidas pelas diferentes culturas. O papel da etnomatemática é reconhecer e registrar questões de relevância social que produzem o conhecimento matemático, levando em conta que não existe apenas um, mas vários e distintos conhecimentos e todos são importantes. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ Etnomatemática As manifestações matemáticas são percebidas por meio de diferentes teorias e práticas, das mais diversas áreas que emergem dos ambientes culturais. É no meio cultural, nas brincadeiras, no cotidiano, no supermercado, na construção civil, no artesanato, na feira e em vários outros locais que aprendemos a Matemática. Ela não é ensinada somente na "dita" Matemática Escolar. A resolução de problemas ocorre como consequência, desse dia-a-dia e assim adquire significado e sua solução faz sentido" (D'AMBRÓSIO, 1998). Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ Etnomatemática Essa metodologia valoriza a história dos estudantes pelo reconhecimento e pelo respeito a suas raízes culturais: “reconhecer e respeitar as raízes de um indivíduo não significa ignorar e rejeitar as raízes do outro, mas, em um processo de síntese, reforçar suas próprias raízes” [...] “tendo em vista aspectos como “memória cultural, códigos, símbolos, mitos e até maneiras específicas de raciocinar e inferir” (D`AMBROSIO, 2001), Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ Etnomatemática No decorrer da prática pedagógica, é recorrente que as crianças levantem questões vinculadas à temática de seu dia-a-dia e as relacionem com a disciplina Matemática, tais como pequenos cálculos, sistema de medidas e quantidades discretas e contínuas. Uma vez que o educando é capaz de reunir situações novas com experiências anteriores, adaptando essas às novas circunstâncias e ampliando seus fazeres e saberes. (D‟AMBROSIO, 2001). O trabalho pedagógico nessa concepção deverá relacionar o conteúdo matemático com o ambiente do indivíduo, suas manifestações culturais e as relações de produção e trabalho de seu dia-a-dia. Educação Matemática Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: “Não há mais o que ver” Saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar os passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. Educação Matemática José Saramago Cláudia Maria Grando - UNOCHAPECÓ