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Guia do Professor / Frases Célebres / Isabella Tardin Cardoso
Guia do Professor
Atividade
Marcial e seus epigramas
Episódio O epigrama na Antiguidade
Programa Frases célebres
Oi, eu sou o Dudu de novo! Pelo que
vejo, o epigrama parece simples,
feito na hora... Mas na verdade está
ligado a uma longa tradição...E o
poeta Marcial, como fica nessa
história?
Caro Professor,
Esta sexta Atividade se dedica a Marcial, tido atualmente como o principal autor de
epigramas da literatura latina. O Texto 6 trata brevemente da biografia e da obra do
poeta, bem como das características de seu estilo. O professor deve relembrar aos
alunos que a obra de Marcial foi uma das que mais influenciou a definição mais geral que
o termo “epigrama” passou a ter, nos séculos seguintes, como gênero poético (ver
Atividade 1).
Por meio de leitura e compreensão de poemas de Marcial, outros temas contemplados
nos exercícios abaixo são, por exemplo, os conceitos de intertextualidade (introduzido
na Atividade anterior) e de paródia. Para fixação e revisão deste primeiro contato dos
alunos com o epigrama de Marcial, sugere-se que eles resolvam, como Exercício 2, o
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software “O Epigrama de Marcial”, disponível no Portal do Professor. Uma retomada
um pouco mais elaborada do conteúdo da Atividade como um todo se apresenta no jogo
interativo final.
Busto de Domiciano, em mármore, datado da segunda parte de seu reinado (81 – 96 d. C.).
Museu Capitolino, Roma (Itália).
Marcial e seus epigramas
O
poeta
Marco
Valério
Marcial,
ou
simplesmente Marcial, como é conhecido na
história da literatura latina, nasceu entre os
anos de 38 e 41 de nossa era numa pequena
cidade
chamada
Bílbilis,
localizada
na
Hispânia Tarraconense, província romana
que abrangia terras que hoje formam parte
Atuais ruínas do Coliseu (construído no séc. I
d.C.). Roma (Itália).
do território da Espanha. Em 64, mudou-se
para Roma, onde pôde presenciar o grande
incêndio que acometeu, naquele ano, a capital do Império Romano, sob o principado de
Nero. Ali, a partir de então, passou a exercer sua atividade poética, divulgando e
declamando seus poemas em reuniões de escritores e amantes da literatura chamadas
“recitações” (em latim, recitationes). Sua primeira publicação escrita data do ano 80, o
Livro dos Espetáculos (Liber Spectaculorum), que celebrava os jogos promovidos pelo
imperador Tito por ocasião da inauguração do Anfiteatro Flávio (Amphitheatrum Flauium),
mais tarde conhecido como Coliseu.
Por volta de 85, Marcial publicou outros dois livros monotemáticos (ou seja, que versavam
sobre um mesmo tema), os Xênios (em latim, Xenia) e os Apoforetos (Apophoreta). Ambos
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os livros eram compostos por poemas que serviam para acompanhar presentes trocados entre os
romanos em diversas ocasiões do ano (banquetes, festas e outros eventos sociais), podendo ser
dedicatórias, pequenas descrições, charadas, brincadeiras etimológicas referentes ao presente
ofertado etc...
Foram, porém, os livros publicados entre 86 e 102 que deram a Marcial o título de maior
epigramatista em língua latina. Nesses livros, formados por epigramas de temas, metros e
extensão variados, predominam, porém, os epigramas curtos e de temática satírico-jocosa,
sempre construídos num estilo agradável, elegante e com um final geralmente humorístico,
espirituoso. A qualidade do estilo de Marcial e o seu talento na composição de epigramas
fizeram com que a própria definição do epigrama como gênero poético passasse a se prender a
essas duas características predominantes em sua obra: a brevidade e a temática satíricojocosa. É bom nunca se esquecer, porém, que nós também podemos encontrar, tanto na obra
de Marcial quanto na de outros autores antigos e modernos, epigramas longos e com os mais
variados temas e conteúdos (epigramas religiosos, descritivos, encomiásticos [isto é, em louvor
de alguém]), filosóficos, fúnebres).
Marcial escreveu, portanto, quinze livros, num total de cerca de 1555 epigramas preservados.
Foi influenciado pelos poetas anteriores a ele que também cultivaram o gênero do epigrama,
como Catulo (veja Atividades 4 e 5), e diversos poetas gregos (Lucílio, Nicarco, Rufino,
Meléagro, Asclepíades de Samos e outros) cuja produção está reunida na Antologia Palatina. A
poesia de Marcial dialoga com as obras de todos esses autores, bem como com a de poetas de
outros gêneros, como Virgílio, Propércio, Tibulo, Horácio, Ovídio, Sêneca, Lucano, Pérsio,
Petrônio, Fedro.
Em 98 d.C., cansado da vida em Roma, queixando-se do barulho e agitação da grande cidade e
da ingratidão e falta de apoio financeiro de seus patronos, Marcial retorna para sua terra natal,
Bílbilis, onde morre nos primeiros anos do século II, pouco depois da publicação de sua última
obra, o livro XII.
Autores:
Robson Tadeu Cesila
Isabella Tardin Cardoso (Coordenadora)
Carol Martins da Rocha
Lilian da Costa Nunes
Mariana Musa de Paula e Silva
Exercício 1
Marcial e Catulo
Como você aprendeu no site e nos programas de rádio, o poeta Marcial viveu na Roma
Antiga, no século I d.C., e foi seguidor e continuador de Catulo (século I a.C.) no cultivo
da poesia epigramática. Com isso, Marcial se tornou o principal autor de epigramas da
literatura latina. Observe então, abaixo, o seguinte epigrama de Catulo (que você já leu
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na atividade da aula anterior) e o compare com o epigrama de Marcial que
transcrevemos na sequência. Responda depois às questões.
Odeio e amo. Por que o faça, talvez perguntes.
Não sei. Mas sinto acontecer e me torturo com isso!
(Catulo 85. Tradução de Isabella T. Cardoso)
Não gosto de ti, Sabídio, e nem sei por quê;
só uma coisa sei: não gosto de ti.
(Marcial, Epigramas I, 32. Tradução de Robson T. Cesila)
a) Explique brevemente o segundo epigrama.
Resposta: O eu poético deste texto de Marcial diz que não gosta de um certo indivíduo chamado
Sabídio e que não sabe dizer o porquê dessa aversão: simplesmente não gosta de Sabídio e ponto
final.
Professor: aqui, trata-se apenas de verificar se os alunos entenderam o epigrama, cuja
interpretação não deve oferecer problemas, já que o sentido do epigrama é bastante simples.
b) O epigrama de Marcial evoca, através da referência a elementos temáticos e
formais, o epigrama de Catulo. Esse tipo de evocação pode constituir um diálogo
entre os textos, fenômeno hoje chamado de intertextualidade (ver Atividade V). Em
latim, um dos elementos que o poema de Marcial retoma do de Catulo é a forma
métrica (o dístico elegíaco). Mas podemos observar outras similaridades também nas
traduções. Compare os dois textos e mostre as semelhanças temáticas e formais que
eles apresentam.
Resposta:
Semelhanças temáticas:
1) o epigrama de Marcial retoma o tema do ódio presente no epigrama de Catulo.
2) o eu poético não sabe dizer por que não gosta de Sabídio, assim como o eu poético do
epigrama de Catulo não sabe explicar por que sente simultaneamente amor e ódio por sua
amada.
Semelhanças formais/linguísticas:
1) Os dois epigramas são compostos de um dístico elegíaco (tipo de estrofe, na versificação
latina, que é composta de dois versos, sendo que o primeiro é um hexâmetro (com seis sílabas
métricas) e o segundo um pentâmetro (com cinco sílabas métricas). Evidentemente não se
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espera que os alunos aprendam tais conceitos nesse momento, mas é interessante destacar que
havia um padrão rítmico bastante rigoroso, a que os poetas precisavam obedecer caso quisessem
se inserir numa tradição. Nesse caso, o adjetivo “elegíaco” se deve ao fato de que essa estrofe
era típica da poesia denominada elegíaca, que, em Roma, frequentemente tratava de temas
amorosos.
2) Ambos apresentam um verbo com o significado contrário ao de amar/gostar (“odeio” no
primeiro epigrama, “não gosto” no segundo).
3) Ambos os textos apresentam a expressão “não saber por que” (“por que o faça .../ Não sei”,
no epigrama de Catulo; “e nem sei por quê”, no epigrama de Marcial).
c)
Um texto pode evocar outro não só pelas semelhanças entre eles, mas também por
suas diferenças. É o que acontece na relação intertextual entre os dois epigramas
acima, pois o poema de Marcial, ao mesmo tempo em que se assemelha ao de
Catulo, difere dele propositalmente, em vários aspectos. Aponte essas diferenças
que os dois textos apresentam.
Resposta:
1) No primeiro epigrama, o eu poético vive dois sentimentos ao mesmo tempo: ama e odeia; no
segundo, o sentimento do eu poético é apenas um: o de não gostar de Sabídio, não havendo,
portanto, sentimentos antitéticos.
2) O interlocutor do primeiro poema não é nomeado e apenas funciona como alguém que observa
o sofrimento do eu poético e lhe pergunta a razão do duplo sentimento; já no epigrama de
Marcial, o interlocutor é o indivíduo satirizado (Sabídio), de quem o eu poético diz que não
gosta.
3) no texto de Catulo, o eu poético, desnorteado, não sabe o porquê do sentimento antitético
simultâneo (cf. “não sei”); no texto de Marcial, o eu poético, embora também não saiba o
porquê de não gostar de Sabídio, diz jocosamente que sabe, sim, ao menos uma coisa (cf. “só
uma coisa sei): que não gosta de Sabídio.
4) No epigrama de Catulo, a dúvida e a incapacidade de compreender a coexistência dos dois
sentimentos antitéticos causa sofrimento ao eu poético; no de Marcial, o eu poético não está
nem um pouco preocupado em entender a razão de não gostar de Sabídio: não gosta dele e
pronto (a incapacidade de compreender a razão não causa nenhum tipo de sofrimento ao eu
poético).
d) O epigrama de Marcial é uma paródia do de Catulo.
Sabendo que a paródia é uma imitação de uma obra por outra, geralmente visando à
sátira da obra imitada, à jocosidade, à brincadeira, explique como a intertextualidade
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(aqui entendida como a referência de um texto ao outro, seja se assemelhando a ele,
seja dele diferindo, ver Atividade V) contribui para a construção do humor no epigrama
de Marcial.
Resposta: O epigrama de Catulo é sério, pois retrata o sofrimento torturante por que passa o eu
poético ao sentir concomitantemente amor e ódio pela pessoa amada, sentimentos estes que
não pode evitar e sequer compreender. Já o epigrama de Marcial é jocoso, brincalhão, imitando
a estrutura formal do poema de Catulo para apenas se dizer que não se gosta de um tal de
Sabídio: trata-se de um sentimento infantil, quase bobo, que nada tem da gravidade e
magnitude dos sentimentos que torturam o eu poético do texto de Catulo. Marcial, ao parodiar
este último, traz o contexto sério do sofrimento amoroso, presente em Catulo, para o contexto
rasteiro, sarcástico e zombeteiro do epigrama dirigido a Sabídio.
Pode-se dizer, em resumo, que, enquanto o eu poético de Catulo sofre por sentir e por não
entender a razão da coexistência dos sentimentos antitéticos amor/ódio, o eu poético de Marcial
diz simplesmente que não gosta de Sabídio e que não sabe o porquê disso, não estando, aliás,
nem um pouco interessado em sabê-lo (traduzindo, em bom português, “não sei, não quero
saber e tenho raiva de quem sabe”). O raciocínio do epigrama de Marcial é circular e quebra as
expectativas do leitor: quando se acha que o eu poético vai dizer algo novo, que contribua para
explicar por que não gosta de Sabídio (“só uma coisa sei:”), esse eu poético brincalhão repete a
mesma frase do início (“não gosto de ti”). Ou seja, o eu poético abstém-se, propositalmente, de
discutir uma questão que não lhe interessa: os motivos de sua aversão a Sabídio.
Exercício 2
Jogo de software: O Epigrama de Marcial
Caro aluno,
Quer ver mais sobre epigramas de Marcial? Então acesse o software, leia mais poemas
divertidos e mostre que você entende de humor...
Caro Professor,
Visando à sua apreciação, os exercícios do referido software foram reproduzidos no Guia do
Professor respectivo.
Exercício 3
Pesquisa: Paródias literárias no dia-a-dia
Pesquise em livros, jornais, revistas e sites outros textos, como músicas e propagandas,
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por exemplo, que são paródias de textos famosos da cultura brasileira. Compare o texto
da paródia com o texto que lhe serviu de modelo e tente perceber, a partir de suas
semelhanças e diferenças, como o autor da paródia se utilizou de seu modelo para criar
efeitos como os de humor, ironia, crítica social, ênfase, quebras de expectativa,
atribuição de autoridade, homenagem ao autor imitado etc.
Professor: você pode pedir que cada aluno ou equipe de alunos apresente para toda a
sala o material que encontrou em sua pesquisa. A comparação entre os textos pode ser
feita oral e coletivamente por todos os alunos da sala.
PARA SABER MAIS
Leia outras traduções de epigramas de Marcial. Estas, por exemplo, foram gentilmente
cedidas por Leni Ribeiro Leite, professora de Língua e Literatura latina na Universidade
Federal do Espírito Santo (UFES):
Paulo compra poemas, Paulo recita poemas.
De fato, o que compras, é justo que chames teu.
(Marcial 2, 20)
2,20
Carmina Paulus emit, recitat sua carmina Paulus.
Nam quod emas possis iure vocare tuum.
O próximo fala sobre uma característica, que, como vimos, é essencial ao gênero
epigramático, a brevidade:
Certamente podias conter três centenas de epigramas,
Mas quem te suportaria e te leria inteiro, meu livro?
Aprende agora quais são as vantagens de um livro pequeno.
Esta é a primeira: que menos papel é gasto por mim;
Além disso, em uma hora o copista termina estes versos,
E ele não gastará tanto tempo com minhas bobagens;
A terceira razão é esta: que se acaso tu fores lido por alguém,
Mesmo que sejas muito ruim, não serás desprezível.
O convidado te lerá enquanto o vinho for misturado,
Mas antes que o cálice servido comece a ficar quente.
Crês que estás protegido por tamanha brevidade?
Ai! Que para tantos leitores ainda assim serás longo!
(Marcial 2,1)
2,1
Ter centena quidem poteras epigrammata ferre,
sed quis te ferret perlegeretque, liber?
At nunc succincti quae sint bona disce libelli.
Hoc primum est, breuior quod mihi charta perit;
deinde, quod haec una peragit librarius hora,
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nec tantum nugis seruiet ille meis;
tertia res haec est, quod si cui forte legeris,
sis licet usque malus, non odiosus eris.
Te conuiua leget mixto quincunce, sed ante
incipiat positus quam tepuisse calix.
Esse tibi tanta cautus breuitate uideris?
Ei mihi, quam multis sic quoque longus eris!
BIBLIOGRAFIA
ALBRECHT, M. von. A History of Roman Literature. Vol. I. Leiden/New York/Köln:
Brill, 1997.
CATULO. O livro de Catulo. Tradução, introdução e notas de João Angelo Oliva Neto. São
Paulo: Edusp, 1996.
__________. O cancioneiro de Lésbia. Introdução, tradução e notas de Paulo Sérgio de
Vasconcellos. Edição bilíngüe. Ed. Hucitec: São Paulo, 1991.
CARDOSO, I. T. Theatrum mundi: Philologie und Nachahmung, In: SCHWINDT, J. P.
(ed.),Was ist eine philologische Frage? Frankfurt : Ed. Suhrkamp, 2009, p. 82-111.
CESILA, R. T. Metapoesia nos epigramas de Marcial: tradução e análise. Dissertação de
Mestrado inédita. Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, 2004.
__________. O Palimpsesto epigramático de Marcial: intertextualidade e geração de
sentidos na obra do poeta de Bilbilis.. Tese de Doutorado. Campinas, Instituto de
Estudos da Linguagem, Unicamp, 2008.
CONTE, G. B. Latin Literature – a History. Baltimore, Londres: The John Hopkins
University Press, 1994.
CONTE, G. B. The Rhetoric of Imitation. Ithaca: Cornell U. P., 1996.
DEZZOTI, J. D. O epigrama latino e sua expressão vernácula. 1990. Dissertação de
Mestrado. São Paulo: USP, 1990.
HAYNES, K., “The Modern Reception of Greek Epigram” in: BING, P.; STEFFEN BRUSS, J.
(eds.). Brill's Companion to Hellenistic Epigram Down to Philip. Leiden: Brill, 2007, p.
565-83.
LEITE, L. R. O universo do livro em Marcial. Tese de doutorado inédita. Rio de Janeiro:
UFRJ, 2008.
MARTIAL. Épigrammes. Texte établi et traduit par H. J. Izaac. Paris: Les Belles Lettres,
1930 (v. I), 1933 (v. II, parte II), 1961 (v. II, parte I, 2. ed.).
VASCONCELLOS, P. S. de. “Reflexões sobre a noção de arte alusiva e de
intertextualidade no estudo da poesia latina”, Clássica (Brasil) 20, 2007.
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Guia do Professor / Frases Célebres / Isabella Tardin Cardoso
Anexo: Jogo (perguntas e respostas referentes a esta Atividade)
Prezado Professor,
No jogo de software, as questões e respostas comentadas relativas a Marcial são as
atribuídas ao ícone do personagem Dudu (o mesmo apresentado no início desta
Atividade). Algumas delas dizem respeito à biografia e informações sobre a obra; outras
envolvem a leitura e compreensão de poemas apresentados durante o próprio jogo.
.
1 - Sobre a obra de Marcial é correto afirmar:
a) Sua produção, de qualidade mediana, não é considerada relevante para a poesia
latina.
b) Sua escassa produção deu exclusividade ao gênero epigramático.
c) Sua produção foi ampla, mas restam apenas menos de 50 fragmentos.
d) Sua produção extensa e seu estilo altamente refinado influenciaram até mesmo a
definição do epigrama como gênero poético.
e) Sua extensa produção centrou-se nos gêneros épico e epigramático.
Resposta comentada:
a) Tente de novo! A altamente refinada produção de Marcial tem considerável
importância literária.
b) Tente novamente! A produção de Marcial não foi escassa, muito pelo contrário, foi
bastante extensa.
c) Tente mais uma vez! Muitos epigramas de Marcial (1555) chegaram aos nossos dias.
d) Parabéns! Com a obra de Marcial, a poesia de gênero epigramático passa a ser
definida sobretudo com base nas duas principais características desse poeta: a brevidade
e a temática satírico-jocosa.
e) Tente outra vez! A larga produção de Marcial não inclui a épica.
2. Sobre a produção epigramática de Marcial é correto afirmar:
a) Sua obra completa está dividida em nove livros.
b) A riqueza das composições foge completamente à tradição epigramática grega.
c) A brevidade e o tom jocoso são característicos de sua obra.
d) Temas satíricos não são encontrados, destacando-se os epigramas fúnebres.
e) Prezando pelo critério da brevidade, nenhum epigrama seu ultrapassa quatro versos.
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sis licet usque malus, non odiosus eris.
Te conuiua leget mixto quincunce, sed ante
incipiat positus quam tepuisse calix.
Esse tibi tanta cautus breuitate uideris?
Ei mihi, quam multis sic quoque longus eris!
BIBLIOGRAFIA
ALBRECHT, M. von. A History of Roman Literature. Vol. I. Leiden/New York/Köln:
Brill, 1997.
CATULO. O livro de Catulo. Tradução, introdução e notas de João Angelo Oliva Neto. São
Paulo: Edusp, 1996.
__________. O cancioneiro de Lésbia. Introdução, tradução e notas de Paulo Sérgio de
Vasconcellos. Edição bilíngüe. Ed. Hucitec: São Paulo, 1991.
CARDOSO, I. T. Theatrum mundi: Philologie und Nachahmung, In: SCHWINDT, J. P.
(ed.),Was ist eine philologische Frage? Frankfurt : Ed. Suhrkamp, 2009, p. 82-111.
CESILA, R. T. Metapoesia nos epigramas de Marcial: tradução e análise. Dissertação de
Mestrado inédita. Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, 2004.
__________. O Palimpsesto epigramático de Marcial: intertextualidade e geração de
sentidos na obra do poeta de Bilbilis.. Tese de Doutorado. Campinas, Instituto de
Estudos da Linguagem, Unicamp, 2008.
CONTE, G. B. Latin Literature – a History. Baltimore, Londres: The John Hopkins
University Press, 1994.
CONTE, G. B. The Rhetoric of Imitation. Ithaca: Cornell U. P., 1996.
DEZZOTI, J. D. O epigrama latino e sua expressão vernácula. 1990. Dissertação de
Mestrado. São Paulo: USP, 1990.
HAYNES, K., “The Modern Reception of Greek Epigram” in: BING, P.; STEFFEN BRUSS, J.
(eds.). Brill's Companion to Hellenistic Epigram Down to Philip. Leiden: Brill, 2007, p.
565-83.
LEITE, L. R. O universo do livro em Marcial. Tese de doutorado inédita. Rio de Janeiro:
UFRJ, 2008.
MARTIAL. Épigrammes. Texte établi et traduit par H. J. Izaac. Paris: Les Belles Lettres,
1930 (v. I), 1933 (v. II, parte II), 1961 (v. II, parte I, 2. ed.).
VASCONCELLOS, P. S. de. “Reflexões sobre a noção de arte alusiva e de
intertextualidade no estudo da poesia latina”, Clássica (Brasil) 20, 2007.
Anexo: Jogo (perguntas e respostas referentes a esta Atividade)
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Prezado Professor,
No jogo de software, as questões e respostas comentadas relativas a Marcial são as
atribuídas ao ícone do personagem Dudu (o mesmo apresentado no início desta
Atividade). Algumas delas dizem respeito à biografia e informações sobre a obra; outras
envolvem a leitura e compreensão de poemas apresentados durante o próprio jogo.
.
1 - Sobre a obra de Marcial é correto afirmar:
a) Sua produção, de qualidade mediana, não é considerada relevante para a poesia
latina.
b) Sua escassa produção deu exclusividade ao gênero epigramático.
c) Sua produção foi ampla, mas restam apenas menos de 50 fragmentos.
d) Sua produção extensa e seu estilo altamente refinado influenciaram até mesmo a
definição do epigrama como gênero poético.
e) Sua extensa produção centrou-se nos gêneros épico e epigramático.
Resposta comentada:
a) Tente de novo! A altamente refinada produção de Marcial tem considerável
importância literária.
b) Tente novamente! A produção de Marcial não foi escassa, muito pelo contrário, foi
bastante extensa.
c) Tente mais uma vez! Muitos epigramas de Marcial (1555) chegaram aos nossos dias.
d) Parabéns! Com a obra de Marcial, a poesia de gênero epigramático passa a ser
definida sobretudo com base nas duas principais características desse poeta: a brevidade
e a temática satírico-jocosa.
e) Tente outra vez! A larga produção de Marcial não inclui a épica.
2. Sobre a produção epigramática de Marcial é correto afirmar:
a) Sua obra completa está dividida em nove livros.
b) A riqueza das composições foge completamente à tradição epigramática grega.
c) A brevidade e o tom jocoso são característicos de sua obra.
d) Temas satíricos não são encontrados, destacando-se os epigramas fúnebres.
e) Prezando pelo critério da brevidade, nenhum epigrama seu ultrapassa quatro versos.
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Resposta comentada:
a) Tente de novo! A obra completa de Marcial compreende quinze livros.
b) Tente novamente! Marcial se baseia, sim, na tradição grega precedente para criar sua
obra.
c) Parabéns! O conteúdo satírico-jocoso e a brevidade são características marcantes da
obra de Marcial.
d) Tente mais uma vez! Marcial emprega largamente temas satíricos em seus epigramas.
e) Tente outra vez! Há vários epigramas de Marcial que ultrapassam tal limite.
3. Sobre a biografia de Marcial pode-se afirmar que:
a) O poeta era natural da própria Roma, onde seus pais haviam se estabelecido desde
muito tempo.
b) O imperador Nero convidou o poeta, natural da Grécia, a vir morar em Roma.
c) Marcial se mudou para Alexandria, no Egito, no ano em que se incendiou a famosa
biblioteca existente nessa cidade.
d) Marcial deixou Bílbilis com destino a Atenas, onde estudaria com os célebres filósofos
da Academia.
e) O poeta se mudou de Bílbilis para Roma no ano de 64, durante o principado de Nero.
3. Resposta comentada:
a) Tente de novo! Marcial viveu em Roma, mas era natural de Bílbilis, na Hispânia
Tarraconense.
b) Tente novamente! Marcial não era natural da Grécia e veio a Roma de maneira
independente, não a convite de Nero.
c) Tente mais uma vez! Marcial se mudou para Roma no ano do famoso incêndio ocorrido
sob o principado de Nero e jamais morou em Alexandria.
d) Tente outra vez! Marcial mudou-se de Bílbilis para Roma, não para Atenas.
e) Parabéns! De fato Marcial deixou Bílbilis em 64 d.C. para ir morar em Roma.
4. Clique no ícone para ler o epigrama. A seguir responda à questão.
Você tem imóveis só seus, e dinheiro, Cândido, só seu,
você tem taças de ouro só suas, tem vasos de mirra só seus,
você tem vinhos do Mássico só seus, e vinhos de Cécuba, do tempo de Opímio, só seus,
e tem uma inteligência só sua, e um talento só seu.
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Guia do Professor / Frases Célebres / Isabella Tardin Cardoso
Tudo você tem só seu – e nem pense que isso eu quero negar –,
mas você tem uma esposa, Cândido, em comum com todo mundo.
(Marcial, III.26. Tradução de Robson T. Cesila)
Em relação a esse epigrama do poeta romano Marcial, está correto afirmar:
a) A brevidade e a temática satírico-jocosa, ainda que predominantes na obra desse
poeta, não são características presentes nesse epigrama.
b) O poema fala sobre a rixa estabelecida entre o poeta e um homem chamado Cândido,
uma vez que aquele tinha um caso com a esposa deste.
c) O nome do personagem que aparece no poema diz muito sobre o seu caráter, isto é,
um homem esperto, que não deixa que outras pessoas o enganem.
d) O epigrama deixa de ter graça no último verso, mais especificamente nas últimas
palavras, pois é quando o marido descobre que a esposa o trai com todo mundo.
e) O epigrama satiriza a situação de um personagem que se vangloria de seus bens
materiais e intelectuais, mas ignora a infidelidade de sua esposa.
4. Resposta comentada:
a) Tente de novo! Brevidade e tom satírico-jocoso são características da obra desse
poeta e estão sim presentes neste epigrama: note como, com poucas palavras, ele
produz um efeito de humor derivado da depreciação do personagem referido.
b) Tente novamente! Não se esqueça de que, na literatura, o eu lírico e o autor não
correspondem necessariamente à mesma figura.
c) Tente mais uma vez! O nome Cândido faz referência ao adjetivo que significa
justamente o contrário: que apresenta pureza, inocência, ingenuidade.
d) Tente outra vez! Ainda que, em outro contexto, a situação possa ser tratada de
maneira séria, nesse epigrama ela produz efeito cômico.
e) Parabéns! A sátira do poema reside justamente no fato de que Cândido se gaba das
coisas que sozinho possui, mas ignora o fato de que divide com todos um “bem”
supostamente muito precioso (sua esposa), um “bem” que lhe deveria ser exclusivo.
5. O seguinte epigrama de Marcial é dirigido a um certo “Fidentino” (nome que vem da
mesma família do termo “fiel”). Leia-o com atenção e escolha a alternativa incorreta:
Corre a fama, Fidentino,
Que muitos versinhos meus,
Você os recita em público,
Como se eles fossem seus.
Se quiser dizê-los meus,
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Guia do Professor / Frases Célebres / Isabella Tardin Cardoso
De graça vou-lhos mandar:
Se quiser dizê-los seus,
Então trate de os comprar.
(Marcial I.29. Tradução de José Dejalma Dezotti)
a) Nesse epigrama, podemos reconhecer dois interlocutores bem definidos: o poeta que
é plagiado e o poeta plagiador.
b) O uso de palavras no diminutivo (como o “versinho” do v. 2), nesse epigrama,
reproduz o bem-querer do eu lírico em relação ao personagem Fidentino.
c) O nome Fidentino, por sua etimologia, é certamente uma brincadeira que faz o eu
lírico com o fato de que esse personagem, na verdade, não parece ser dos mais
confiáveis.
d) A situação corriqueira da leitura de poesia nas praças públicas da cidade de Roma
aparece nesse epigrama como pano de fundo para que o eu lírico trate da séria questão
(aqui, porém, mostrada com leveza) envolvendo o plágio e a autoria poética.
e) No último verso, o efeito cômico produzido pela expressão “então trate de os
comprar” reside na oposição entre propriedade material e propriedade intelectual, com
o poeta dizendo a Fidentino que este devia comprar os poemas alheios, para que ao
menos pudesse se dizer proprietário material deles, já que não pode se dizer seu
proprietário intelectual.
Resposta comentada:
a) Tente de novo! O poeta plagiado e o plagiador são dois personagens presentes nesse
epigrama.
b) Parabéns! Os diminutivos são mesmo uma característica da lírica epigramática, mas,
nesse poema, não representam estima da parte do eu lírico com relação a Fidentino.
c) Tente novamente! Como é próprio de epigramas desse tipo, o nome do personagem é
sim uma brincadeira com o tema do poema.
d) Tente mais uma vez! Esse epigrama trata sim, de maneira leve, de questões (o plágio
e a autoria) que poderiam ser sérias num outro contexto.
e) Tente outra vez! Repare que há sim o efeito cômico descrito nesta alternativa.
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Episodio 1_Atividade 6_Guia Professor