AS ADVERSIDADES DE PAULO 1. OBJECTIVO DO ENCONTRO 1. Perceber que na vida de Paulo a fidelidade à Missão de Evangelizar exigiu entrega, renúncias, sacrifícios e martírio. 2. Descobrir que na vida de Paulo a fidelidade é fruto da correspondência à graça de Deus e não tanto consequência da sua heroicidade meramente humana. 3. Interiorizar, que na nossa vida de cristãos do século XXI, a fidelidade à Missão continua exigir de nós abertura ao Dom de Deus, para que haja entrega, renúncias, sacrifícios e testemunho. 2. ORAÇÃO INICIAL Cântico: Deixa Deus entrar Deixa Deus entrar na tua própria casa. Deixa-te tocar pela sua graça. Dentro em segredo, reza-lhe sem medo: «Senhor, Senhor, que queres que eu faça?» É bem dentro de mim, que vou encontrar As razões de viver, as razões de amar. É bem dentro de nós que está a raiz, Que me faz amar e ser feliz. Invocação ao Espírito Santo Aqui estamos nós, Fonte do Amor, para fazermos a experiência de Paulo, a experiência do encontro com Jesus, a experiência da conversão, a experiência do Amor que é mais forte que a própria morte. O Amor ressuscitou Paulo. Abre o meu coração, a vida, toda a minha existência ao Amor, que és Tu. Ajuda-me a interpretar tantos momentos de graça que o Senhor concede à minha vida. Abre os meus olhos para ver, nas contrariedades comuns do dia-a-dia, a máxima experiência da graça de Deus, do Seu Amor, na minha vida, que nunca me abandona. Abre o meu coração a Jesus. Abre os meus ouvidos para escutar Jesus que me fala no mais profundo do meu íntimo e me convida à conversão. Abre a minha boca para que pronuncie com todo o fervor as mesmas palavras de todos aqueles a quem o Senhor chama e envia, porque descobrem em voz a âncora nas tempestades e a força nas adversidades: Eis-me aqui. (Repete-se o refrão) 3. O PONTO DE PARTIDA DA VIDA Iniciemos este nosso encontro de reflexão e de partilha, partindo de um de dois textos muito conhecido, o primeiro é de Judá, um rabino do século XVI (1525-1609) e o segundo, do Papa Bento XVI. Ambos os textos nos falam da força do Amor. Só o Amor é mais forte O rabino Judá (1525-1609), como já referimos anteriormente, costumava dizer que no mundo foram criadas dez coisas fortes. A montanha é forte, mas o ferro pode derrubá-la. O ferro é forte, mas o fogo pode derretê-lo. O fogo é forte, mas a água pode apagá-lo. A água é forte, mas a nuvem pode levá-la. As nuvens são fortes, mas o vento arrasta-as. O vento é forte, mas o corpo humano resiste. O corpo humano é forte, mas o medo pode fazê-lo tremer. O medo é forte, mas o vinho expulsa-o. O vinho é forte, mas o sono vence-o. A morte é mais forte que todas esta coisas. Mas o amor, apenas o amor, vence a morte e nos liberta dela. Quem ama já passou da morte para a vida. 4. LEITURA DA PALAVRA DE DEUS: 2 Cor. 11, 16-33 5. DESENVOLVIMENTO DO TEMA 5.1- O texto bíblico que acabamos de ouvir diz-nos que São Paulo teve de sofrer muito pelo Evangelho, ao entregar-se totalmente à missão recebida de Cristo Ressuscitado. O cumprimento desta missão pedia-lhe muitas renúncias, sacrifícios, trabalhos, viagens longas e incomodativas e um dia até o testemunho total da vida em favor de Cristo Ressuscitado, sujeitando-se ao martírio. Na base de todos estes sofrimentos está fidelidade à sua missão de anunciar Jesus Cristo a todos , sobretudo aos pagãos, a quem ele se sentia enviado. As adversidades a vencer não faltaram. Perigos nas viagens: a) Nesse tempo, a navegação no Mediterrâneo era intenso; Navegação ao longo da Costa e também no Amar alto, com barcos que podiam transportar centenas de passageiros, «éramos, ao todo duzentas e setenta e seis pessoas» (Act. 27,37). O capítulo 27 dos Actos narra-nos a tempestade sofrida por Paulo entre Creta e Malta e oferece uma descrição muita precisa das manobras marítimas de então(Act. 27, 14-44). b)- Dificuldades com as equipas de colaboradores – Ao enviar os Seus discípulos pela primeira vez em Missão, o Senhor manou-os dois a dois (Mc. 6,7). Inspirando-se nesta orientação do Mestre, Paulo rodear-se-á sempre de colaboradores nas suas viagens apostólicas. No início da vida apostólica de Paulo, Barnabé desempenhou um papel de relevo, foi ele quem apresentou Paulo à Igreja-Mãe de Jerusalém e veio buscá-lo a Tarso para a evangelização de Antioquia. Antioquia era um centro roteiro de importância primordial; não é estranho que Barnabé e Paulo fizessem dela o seu ponto de partida missionária… No momento da partida para a primeira missão, Barnabé desempenhava o lugar de diriente (Act. 13,41) mas bem depressa se invertem os papeis(Act. 13,43), passando a ser “ Paulo e os seus companheiros”. Barnabé apoiará Paulo no Concílio de Jerusalém ( Gl. 2,1), porém mais tarde em Antioquia, Barnabé muda a sua conduta e (Gl. 2,13) o que fez sofrer muito Paulo. c) Dificuldades com os pagãos e Calúnias dos Judeus – O sucesso de Paulo junto dos prosélitos vindos do paganismo, activa a oposição violenta dos Judeus. Paulo vê nisso o sinal indicado por Deus para a evangelização dos pagãos e aplica a si as palavras que definem o servo de Deus: “Vou fazer de ti luz das nações, a fim de que a Minha salvação chegue até aos confins da terra”(Is. 49,6). Por exemplo em Atenas, numa linguagem filosófica, Paulo tentou anunciar Cristo aos pagãos, porem perante o anúncio da ressurreição, os gregos debandam e recusam a proposta da Fé feita por Paulo. Aproveitando-se da decepção da multidão e depois da recusa do Apostolo, os judeus fomentam uma desordem contra ele. Apedrejado, Paulo é deixado semimorto: “Aparecem, então, vindos de Antioquia e de Icónio, alguns judeus que aliciaram o povo, apedrejam Paulo e , julgando-o morto, arrastaram-no para fora da cidade.” (Act. 14.19) . d) O Incidente de Antioquia – O acontecimento deu-se em Antioquia, onde Paulo preparava a segunda viagem apostólica. Na assembleia de Jerusalém, cerca do ano 35, aonde Paulo esteve provavelmente duas semanas e se encontrou com Pedro, ficou claro que aos olhos dos judeus-cristãos de Jerusalém os pagãos convertidos ao cristianismo, mas não circuncidados, arriscavamse a aparecer como cristãos de segunda classe; “O Evangelho é poder de Deus para salvação de todo o crente, em primeiro lugar do Judeu, e depois do Grego” (Rom. 1,16). Obrigar os pagãos à circuncisão, era opor à evangelização um obstáculo considerável, pois que, para os que não eram judeus, a circuncisão era considerada como uma mutilação degradante. Mas para além destas razões de oportunidade pastoral, São Paulo teve o mérito de reflectir no valor e na novidade que trouxe a morte e ressurreição de Cristo; o fim da justificação pelo comprimento da lei e o valor redentor da Fé em Cristo e da Sua Graça. Em Jerusalém ficou decidido que os pagãos receberiam o Baptismo, sem antes se circuncidarem. Esta decisão contou com o pleno acordo de Pedro, Tiago, Paulo e Barnabé (Act. 15,1-34). Apesar desta decisão de Jerusalém, Pedro, em Antioquia começa pôr não por dificuldades em partilhar a refeição com os pagãos convertidos ao cristianismo, mas depois da chegada de algumas pessoas que acompanharam o apóstolo Tiago ele retirouse e separou-se deles, com receio dos da circuncisão. E os outros judeus também, dissimularam com ele, de tal modo que até Barnabé se deixou levar pela dissimulação (Gl. 2, 12 ss). e) Paulo em diversos provações – Paulo teve sempre o cuidado em unir os seus colaboradores à sua acção e isso revela tanto mais meritório quanto ele, por temperamento era inflexível. O apóstolo, apelida os seus companheiros como “colaboradores” (Rom 16,3,9,21, Fil 2,25; Fil. 1,24). Acima de tudo, Paulo deseja o espírito de unidade e por isso condena as “capelinhas” que se formam em Corinto e que muito o fazem sofrer (1Cor1,11). Para além das divergências secundárias entre as pessoas, o grande principio é que Cristo deve ser anunciado em conformidade com os ensinamentos dos Apóstolos e que nada, nem ninguém o deve impedir (Fil. 1,18). Algumas vezes viu com alegria este espírito de comunhão, como por exemplo, quando os irmãos de Jerusalém ao preverem uma grande fome se quotizou e confiam as sua ofertas e Barnabé e a Saulo (Act. 11,30). Outros vezes, Paulo sofre com a intromissão dos “super-apostolos” que se fazem passado por ministros de Cristo, embora não passam de instrumentos da divisão e da discórdia (2Cor. 11,13). Paulo ao passar por provas dolorosos, chegou dizer: “Não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos a sobreveio na Ásia. Fomos ali maltratados, desmedidamente, além das nossas forças, de tal maneira que já não esperávamos conservar a vida”. (“Cor. 1,8). Na altura do Concílio de Jerusalém, Paulo tinha recebido a recomendação de não se esquecer das pobres da Cidade Santa. Paulo dá cumprimento a este pedido e organiza uma colecta para a Igreja Mãe (2Cor. 9,12-14). Para que tudo decorra com transferência e verdade, Paulo escolhe homens zelosos para colectar os fundos (2Cor. 8,20.24). Também nesta actividade Paulo sentiu dificuldade em cumprir o prometido pois em algumas comunidades, houve adesão ao apelo da colecta. 5.2- A fidelidade de Paulo à Cruz Paulo, desde o momento em que se converteu, no caminho de Damasco, teve clara consciência de que a sua vocação e a sua missão estavam intimamente relacionadas com o mistério da Cruz. O próprio Jesus explicou a Ananias, que resistia a ir ao encontro de Saulo para o baptizar: “esse homem é instrumento da Minha escolha para levar o meu nome perante os pagãos, os reis e os filhos de Israel. Eu mesmo lhe hei-de mostrar quanto terá de sofrer pelo Meu Nome” (Act. 9,16) A existência de S. Paulo foi constante realização dessas palavras do Senhor. Correspondendo à graça sem pôr condições, só se preocupou em conhecer e dar a conhecer Jesus Cristo, apresentando aos olhos dos novos cristãos a figura do Filho de Deus feito Homem, morto e ressuscitado pela nossa salvação. Na Epístola aos Gálatas, falando daquele viver em Cristo a que aspirou desde o instante da sua conversão, afirma: “estou cravado com Jesus na Cruz”(Gl. 2,19 e 6,14). E precisamente como consequência dessa íntima união, chegou a identificar-se misticamente com Ele, numa entrega diária, total: vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (Gl. 2,20). Nos tempos de São Paulo, e também agora, muitas pessoas procuravam conhecimentos esotéricos, doutrinas sensacionalistas, esperando encontrar aí a salvação. Mas o Apóstolo avisa-nos que os desígnios divinos não vão por aí. Ele prega a palavra da Cruz (1Cor. 1,18). E, para que não restassem dúvidas, diz-nos a todos: enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria, nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder e a sabedoria de Deus. Portanto, o que é tido como loucura de Deus, é mais sábio que os homens, e o que é tido como fraqueza de Deus é mais forte que os homens (1Cor. 1,18). 6. PARA DIÁLOGO 1)- Bento XVI diz na homilia de abertura do no Paulino: “ Num mundo no qual a mentira é poderosa, a verdade paga-se com sofrimento” Está de acordo com esta afirmação do Papa? Porque? Havrá relação entre sofrimento e verdade? 2)- Bento XVI prossegue a sua reflexão dizendo: _“Não há amor sem sofrimento, sem o sofrimento da renúncia a si mesmo, da transformação e purificação do eu pela verdadeira liberdade” Concorda com esta frase do Papa? Acha que nós e as novas gerações estamos preparadas para viver estes valores? O que podemos fazer para isso? 3)- Diz ainda o Papa: “Onde não existe nada pelo qual vale a pena sofrer, até a própria vida perde valor.” Quais são os ideais que as pessoas do grupo mais apreciam? 4)- Conclui o Santo Padre, referindo-se a São Paulo: “ O seu sofrimento tornouse credível como mestre da verdade.” Porque será que o sofrimento de Paulo tornou credível a sua palavra? Como devemos, nós os cristãos encarar a cruz nas nossas vidas? 7. ORAÇÃO FINAL Senhor, ensina-nos a perceber como é belo permanecer no teu Amor e caminharmos juntos na fidelidade à Missão que nos confiantes. Fortalece-nos nas horas de prova para como São Paulo testemunharmos o Teu nome em todos os momentos e circunstancias d ávida. Nossa Senhora, Estrela da Nova Evangelização, interceda por nós. Pe. Senra Coelho