Classicismo - Camões
Texto para as questões 1 e 2
E vê do mundo todo os principais.
Que nenhum no bem público imagina;
Vê neles que não têm amor a mais
Que a si somente, e a quem Filáucia ensina.
Vê que esses que frequentam os reais
Paços, por verdadeira e sã doutrina
Vendem adulação, que mal consente
Mondar-se o novo trigo florescente.
Vê que aqueles que devem à pobreza
Amor divino e ao povo caridade,
Amam somente mandos e riqueza,
Simulando justiça e integridade.
Da feia tirania e de aspereza
Fazem direito e vã severidade:
Leis em favor do Rei se estabelecem,
As em favor do povo só perecem.
(CAMÕES, L. de. Os lusíadas. Obras. Porto: Lello & Irmão, 1970. p. 1344-1345.)
Filáucia = amor-próprio Mondar = limpar
1- (UEL - 2008) Uma das qualidades deste texto camoniano é dizer coisas que ultrapassam a sua temporalidade, ou seja,
coisas que são universais ou pelo menos têm sentido além do tempo quando foram escritas.
Nestes termos, estabelecendo um diálogo do texto com as práticas sociais atuais, é correto dizer:
a) Para aprovar as leis de seus interesses, os governantes se valem dos interesses particulares dos legisladores.
b) A reforma agrária no Brasil deveu-se à intervenção dos senadores da República, enquanto representantes do MST.
c) A aprovação da CPMF no Congresso Nacional tem como objetivo a unificação do sistema de saúde brasileiro.
d) O objetivo da reforma tributária é reduzir a carga de impostos que aflige a população de baixa renda.
e) O novo sistema de previdência social acabou com as desigualdades nas aposentadorias brasileiras.
2 - (UEL - 2008) O poema de Camões trata de uma circunstância fundamental para os povos de todos os momentos – a
moral dos homens públicos.
Assinale a alternativa que contempla as falhas morais consideradas pelo poeta.
a) Ganância, gula e devassidão.
b) Desconsideração, injustiça e autopromoção.
c) Orgulho, inveja e egoísmo.
d) Injustiça, egoísmo e fraude.
e) Cobiça, orgulho e preguiça.
Texto para as questões 3 e 4
Oitava 22
Das gentes populares, uns aprovam
A guerra com que a pátria se sustinha;
Uns as armas alimpam e renovam,
Que a ferrugem da paz gastadas tinha;
Capacetes estofam, peitos provam,
Arma-se cada um como convinha;
Outros fazem vestidos de mil cores,
Com letras e tenções de seus amores.
Oitava 44
1
Alguns vão maldizendo e blasfemando
Do primeiro que guerra fez no mundo;
Outros a sede dura vão culpando
Do peito cobiçoso e sitibundo*,
Que, por tomar o alheio, o miserando
Povo aventura às penas do profundo,
Deixando tantas mães, tantas esposas
Sem filhos, sem maridos, desditosas.
(CAMÕES, L. de. Os lusíadas. Obras. Porto: Lello & Irmão, 1970. p. 1218-1224.)
* sequioso, sedento
3 - (UEL - 2008) Com base na leitura das oitavas e nos conhecimentos sobre Os lusíadas, é correto dizer:
a) A guerra contra Castela foi momento de larga união nacional.
b) A guerra contra Castela foi instante de grave desunião nacional.
c) O país mostrou-se dividido entre o Rei bastardo e a submissão a Castela.
d) Os heróis populares queriam sair da paz do reinado findo de D. Fernando.
e) As cores foram usadas para sinalizar a alegria do povo na guerra.
4 - (UEL - 2008) Com base nos conhecimentos sobre Os lusíadas, a falta de perspectiva crítica no relato de Vasco da
Gama ao rei de Melinde pode ser explicada pelo fato de que
a) quem fala no poema precisa dos favores de El-Rei D. João VI.
b) Vasco da Gama precisa convencer o rei de Melinde a ir a Portugal.
c) Vasco da Gama critica a expansão ultramarina como o Velho do Restelo.
d) o eu-lírico constrói uma visão heroica dos feitos portugueses.
e) o eu-lírico mostra-se favorável ao comércio com as Américas.
5 - (UEL - 2008) Na obra Os lusíadas, o canto IX é conhecido como aquele que contém o episódio da Ilha dos Amores.
Observe a pintura abaixo de Waterhouse que mostra um lugar idílico, onde as ninfas acolhem sedutoramente Hylas, um
jovem grego muito belo, pertencente aos Argonautas, que nunca mais foi visto. O texto camoniano também retrata um
ambiente reconhecido como locus amoenus, local ameno e protegido onde há águas límpidas, relvas e árvores
frondosas.
A Ilha dos Amores é o momento de recompensa aos navegadores, ofertada por Vênus, que tem a incumbência
de proteger a Armada portuguesa.
Considerando a quantidade de referências à antiguidade clássica na obra Os lusíadas, observado o quadro, e com base
nos conhecimentos da literatura do período, é correto afirmar:
a) Luís de Camões é poeta neoclássico, pois usa do locus amoenus e de figuras mitológicas.
b) A obra de Camões traz em si o conflito entre o conhecimento clássico e a influência da igreja.
c) A obra épica serviu para que seu autor obtivesse em vida o reconhecimento internacional.
d) Camões usa da tradição épica, contrapondo-se o poeta aos mandamentos da igreja cristã.
e) A presença da mitologia grega a auxiliar Vasco da Gama é licença poética usada por Camões.
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6 - (UFPA - 2008)
No episódio “O gigante Adamastor” (canto V, estrofes 37-60), de Os Lusíadas, de Camões,
A) descreve-se, dramaticamente, a chegada de uma tempestade provocada pelos deuses marinhos.
B) descreve-se a batalha em que D. Afonso Henriques derrotou cinco reis mouros, depois de ter tido uma visão de Deus,
interpretada por ele como a vitória da fé cristã contra o mouro infiel.
C) registram-se as palavras de um velho, cuja figura, destacando-se da multidão reunida na praia, levanta a voz para
condenar a expedição de Vasco da Gama, que está prestes a partir de Lisboa para a grande viagem.
D) narra-se o surgimento de uma monstruosa figura, símbolo dos perigos enfrentados pelos portugueses, que, depois
de anunciar em tom profético e ameaçador os castigos reservados aos aventureiros, acaba por contar-lhes suas próprias
desventuras de amor.
E) conta-se como Baco, que era desfavorável à viagem dos portugueses, desceu ao fundo do mar para pedir a Netuno
que convocasse um concílio dos deuses marinhos. Nesse concílio, Baco conseguiu convencer os deuses da necessidade
de afundar a armada portuguesa antes que ela chegasse a seu destino.
7 - (UFPA - 2009) Leia as três últimas estrofes do Canto III, de Os Lusíadas.
Sabendo-se que o episódio de Inês de Castro se caracteriza, dentro da epopeia camoniana, por um intenso
lirismo, é correto dizer que, no fim do episódio,
A) Inês foi assassinada brutalmente, enquanto a natureza permanecia fria e indiferente à grande tragédia.
B) na hora da morte de Inês de Castro, o sol desapareceu e um temporal desabou, anunciando a morte da donzela.
C) a natureza personificada, testemunha do vil assassinato, silenciou por longo tempo como se rezasse pela alma de
Inês.
D) apesar de não ter conseguido escapar do seu trágico destino, Inês de Castro, mesmo depois de morta, jazendo na
capela, conservou em sua pele a cor e a maciez das flores do campo.
E) depois da morte de Inês, o nome de seu amado, que ela sussurrara ao morrer, ecoou pelos vales, e as lágrimas das
ninfas do Mondego deram origem a uma fonte que sempre lembrará sua história.
8 - (UFRGS - 2008) O Canto II de Os Lusíadas, de Luís de Camões, trata da chegada dos portugueses à África. Numere as
seguintes ações de acordo com a ordem em que elas são relatadas nesse Canto.
( ) Dois condenados lusos desembarcam, a fim de colher informações sobre a terra.
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( ) Vasco da Gama suplica à "Divina Guarda" que lhe mostre a terra que busca.
( ) Mercúrio é enviado à Terra para ajudar Vasco da Gama e inspirar-lhe o caminho a seguir.
( ) Júpiter, pai dos deuses, atende aos pedidos de Vênus e profetiza feitos gloriosos para os portugueses.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) 1 – 3 – 4 – 2.
B) 3 – 2 – 1 – 4.
C) 4 – 1 – 2 – 3.
D) 3 – 4 – 1 – 2.
E) 1 – 2 – 4 – 3.
9 - (UFT - 2011)
Texto 1
As arcas e os baús
Não canto
as armas e os barões assinalados.
Canto
as arcas e os baús de Minas Gerais
já sem ouro e diamantes,
sem escrituras de terras e escravos,
sem belbutinas, veludos,
chamalotes,
rendas.
Canto
as arcas e os baús despojados
de turvos segredos familiares,
mas guardando ainda e sempre
um não sei quê de eterno,
a respiração discreta, o silêncio,
a vida recolhida
dos mineiros do Setecentos,
que Iara Tupinambá, o lindo nome,
veio mostrar na Galeria Chica da Silva
recriando com flores? criando
o tempo-e-alma em forma de objeto.
Carlos Drummond de Andrade. Discurso de primavera e algumas sombras.
Texto 2
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
(...)
Luiz Camões. Os Lusíadas.
A partir dos textos, considere as afirmações a seguir:
I. Drummond escolhe como tema de sua poesia heróis épicos e homens ricos e poderosos.
II. O poema de Drummond finda dialogando com a obra de Iara Tupinambá.
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III. No texto 1, os recursos estilísticos como a aliteração e a assonância, presentes na primeira estrofe, fazem
com que o poema apresente sonoridade.
IV. O segundo verso de As arcas e os baús (texto 1) estabelece um diálogo intertextual com o poema de Camões
(texto 2).
Com base nas assertivas acima, marque a alternativa CORRETA:
A) Todas as assertivas estão corretas.
B) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
C) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
D) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.
E) Apenas a assertiva IV está correta.
10 - (PUC-Camp - 2010)
Banana, a fruta mais consumida e perigosa do mundo
No ranking dos alimentos mais cultivados pelo homem, ela só perde para o arroz, o trigo e o milho. Plantada em
130 países e fácil de pronunciar em qualquer língua, banana é banana em todos os quadrantes. Só as espécies variam:
ao todo, 35; algumas exclusivas de determinadas regiões; todas pertencentes a um gênero de vegetal (herbáceo
rizomatoso, de folhas basais imbricadas e inflorescências terminais), cujo nome cientffico, Musa, nada tem a ver com as
deusas inspiradoras da Grécia.
E nós a temos em abundância, para dar e vender – só não mais que os indianos, seus maiores produtores. Um
prodígio de design, nenhuma outra fruta se oferece ao consumo com igual facilidade. Nenhuma outra fruta a supera em
versatilidade: in natura ou processada, cozida, assada, frita, amassada, doce ou salgada, só ou acompanhada, de
qualquer jeito ela é um néctar.
Originária do sudeste asiático, seu berço provável foi a Nova Guiné, entre 8000 e 5000 a. C. Levada para a África
por conquistadores islâmicos, de lá tomou o rumo do Novo Mundo. Delícia exclusivamente tropical, a maioria dos
europeus levou séculos para ver uma de perto; e muitos, quando finalmente a provaram, a comeram com casca e tudo.
A longa ignorância explica por que Jules Verne gastou tanta tinta para descrevê-Ia numa passagem de A volta ao
mundo em 80 dias, publicado em 1872. Ou seja, quatro anos antes de os americanos serem apresentados à sua primeira
banana-d'água ou nenice, na Exposição do Centenário da Independência do pais, na Filadélfia - a mesma em que
Graham Bell apresentou ao mundo (e aos ouvidos do nosso Pedro II) o primeiro telefone.
Presente em canções e textos literários, ícone de movimentos culturais, a banana já inspirou mil coisas, desde
objetos como bolsas e porta-celulares até turbantes (como os de Carmen Miranda), bares famosos (The electric banana)
e apelidos de artistas (Milton Banana). Na Austrália, a região que hoje se chama Queensland chamava-se antes
Bananaland. Mas a Bananolândia que nos diz respeito ficava mesmo por estas bandas atlânticas. Era um alegórico
cafundó tropical governado por uma rainha que, raptada por um súdito empenhado na difusão da banana, chegava ao
Brasil e apaixonava-se por um nativo. Qualquer semelhança com uma chanchada do cinema nacional não é mera
coincidência.
Há ampla bibliografia sobre a banana. Um dos pesquisadores especialistas no assunto é o americano Peter
Chapman, que se mostrou impressionado com o fato de que a fruta já tenha provocado tantas mudanças de governos e
regimes quanto o petróleo. Ele nem precisou ir a um country club hondurenho para tomar conhecimento do tenebroso
passado da empresa United Fruit. Efe constatou que essa empresa exploradora de bananas e outras frutas tropicais,
apelidada de The Octopus (o Polvo), moldou o planeta, depois de bananizar Honduras, Guatemala, Costa Rica, Panamá,
Colômbia e Equador, explorando mão de obra nativa, burlando o fisco, corrompendo civis e militares, arquitetando e
financiando golpes e assassinatos. Desde quando? Praticamente desde o início do século passado, quando Theodore
Roosevelt implantou as raízes do império americano no Caribe e nas Filipinas. Em 1911, os "soldados da banana"
invadiram Honduras, depuseram o presidente e ainda exigiram que o seu substituto os reembolsasse pelas despesas da
invasão. Em 1928, uma greve de 32 mil camponeses colombianos em terras da United Fruit terminou com mil deles
liquidados a bala diante da estação de trem de Cienaga.
Já no período da Guerra Fria, jornalistas das revistas Time e Newsweek e dos jornais New York Times e San
Francisco Chronicle foram embarcados para a Guatemala, às expensas da United Fruit e com tratamento VIP, para que
vissem com seus próprios olhos a quantas o bolchevismo havia chegado no continente americano. Seus olhos - surprise!
- acabaram vendo o que a United Fruit queria que vissem. Com a colaboração da CIA e o apoio de bases militares na
Nicarágua e Honduras, o presidente Guzman foi deposto, humilhado e banido, abrindo caminho para mais uma ditadura
militar no continente. Doce e saborosa, a banana é, indiscutivelmente. Mas nenhum país do mundo gostaria de ser
conhecido como uma "república das bananas".
(Adaptado de Sergio Augusto, O Estado de S. Paulo, 26/04/2008)
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A referência às musas inspiradoras da Grécia faz lembrar que essas entidades míticas costumavam ser invocadas
na ........, tal como se deu em ......., de .......
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima os seguintes elementos:
A) ficção romântica - Senhora - José de Alencar
B) epopeia clássica - Os Lusíadas - Luís de Camões
C) oratória barroca - Sermões - Antonio Vieira
D) prosa naturalista - O cortiço - Aluísio Azevedo
E) lírica romântica - Lira dos vinte anos - Álvares de Azevedo
11 - (UFPA - 2010) Leia a estrofe 120, do episódio de Inês de Castro (Canto III, estrofes 118-135), de Os Lusíadas:
120
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fru[i]to,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxu[i]to,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
(CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 118.)
Ieda: alegre, risonho, prazenteiro
Fortuna: na crença dos antigos, deusa que presidia ao bem e ao mal; destino
O "engano da alma" em que se encontrava Inês de Castro, referido na estrofe acima - "engano da alma, ledo e
cego, / que a Fortuna não deixa durar muito" -, diz respeito ao(à)
A) intenso amor que Inês dedicava a D. Pedro.
B) medo que a jovem sentia quando pensava no destino de seus filhos.
C) sentimento de culpa nutrido pela donzela por ter-se apaixonado pelo Príncipe.
D) sua preocupação quanto à situação política de Portugal, no reinado de D. Afonso IV.
E) seu pedido de desterro, ao saber da decisão do rei de Portugal e de sua corte de condená-la à morte.
12 - (UFPE - 2010) Antes de morrer, Camões fez um comentário sobre Portugal: “Da terra vos sei dizer que é a mãe dos
vilões ruins e a madrasta dos homens honrados”. A recepção da obra camoniana e da mitologia sobre o poeta continua
a ocorrer na literatura portuguesa contemporânea. José Saramago retoma a biografia de Camões na peça Que farei com
este livro? e António Lobo Antunes transforma o poeta num personagem retornado a Portugal após a Revolução dos
Cravos de 1975 e a independência das colônias africanas, no romance As Naus. Leia os trechos a seguir e considere as
questões a seguir.
“Luís de Camões ao tipógrafo Antonio Gonçalves, outubro de 1571.
– Mestre Antonio Gonçalves, não há porta nenhuma a que eu possa bater. Esta é a única. Poderia dar-vos
mesmo o meu livro, apenas com a condição de que o imprimísseis. Mas preciso de comer, precisamos, minha mãe e eu.
Daime cinquenta mil-réis e eu entrego-vos o meu privilégio, fazei do livro o que quiserdes, vendei o que puderdes.
Haverá decerto quem o leia, e se ele vale quanto de mim pus nele, talvez o futuro vos conheça por terdes composto,
letra por letra, página por página, Os Lusíadas de Luís de Camões. Perdoai a vaidade do autor.”
(José Saramago, Que farei com este livro?).
Era uma vez um homem de nome Luís a quem faltava a vista esquerda, que permaneceu no Cais de Alcântara
três ou quatro semanas pelo menos, sentado em cima do caixão do pai, à espera que o resto da bagagem aportasse no
navio seguinte. Dera aos estivadores, a um sargento português bêbado e aos empregados da alfândega a escritura da
casa e o dinheiro que trazia, viraos içar o frigorífico, o fogão e o Chevrolet antigo para uma nau, mas recusou separar-se
da urna. ... O homem de nome Luís habitava com o pai no Cazenga quando uma patrulha disparou sobre o velho, de
forma que assim que os amigos do dominó lho trouxeram embrulhado em rasgões de lençol, desceu o beco até a
agência funerária que uma granada rebentara, entrou pelos vidros estilhaçados da montra e escolheu uma urna no
meio das muitas que sobejavam na loja, porque os corpos se decompunham nas praças e nas ruas sem que ninguém se
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afligisse com eles. (...) Para alojar, de entre os que tornavam de África, aqueles cujos corpos conservavam ainda o cheiro
dos campos de algodão, o governo desocupou um hospital de tuberculosos, que passaram a tossir nos jardins públicos,
e vazou nas enfermarias os colonos que vagavam à deriva, de trouxa sob o braço, na mira dos restos de sopa do jantar.”.
(António Lobo Antunes, As naus).
0-0) Como mostram os textos, Luís de Camões sempre foi um homem digno de respeito e de admiração, autor
de uma obra que sempre incutiu nos conterrâneos o orgulho de ser português.
1-1) Ao fazer menção a Camões e ao seu livro em contextos adversos, ambos os autores enfatizam o contraste
entre a temática épica e ufanista de Os Lusíadas e a triste realidade portuguesa, tanto no século XVI quanto no século
XX.
2-2) Em sua peça, José Saramago denuncia as dificuldades pelas quais passa o escritor e os literatos para verem
suas obras reconhecidas e publicadas. Saramago destaca particularmente a época de Camões, como se vê na fala da
personagem.
3-3) No discurso de Camões posto na peça, percebe-se um autor presunçoso e arrogante, defendendo com
desdém a grandeza de sua obra, que se tornaria a primeira grande produção literária de Portugal.
4-4) Como se lê no trecho do romance de Lobo Antunes, a figura histórica de Luís de Camões é desmitificada, o
que confere uma maior humanização ao poeta, aproximando-o do leitor.
13 - (Ufscar - 2010)
TEXTO I
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
(...)
(Camões)
TEXTO II
O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra,
montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro – dá gosto! A força
dele, quando quer – moço! – me dá o medo pavor!
Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre. E
Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza.
(Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas.)
a) Comparando os textos I e II, identifique a ideia comum a ambos e transcreva uma informação de cada um deles para
justificar a sua resposta.
b) No texto II, explique como se fazem presentes o diabo e Deus, explicitando a relação de sentido estabelecida.
Textos paras as próximas duas questões
TEXTO I
“Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego*,
De teus fermosos* olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
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O nome que no peito escrito tinhas. (...)”
(Fragmento do episódio Inês de Castro, em Os Lusíadas, de Camões)
* Mondego: nome de um rio de Portugal
fermosos - formosos
TEXTO II
Da triste, bela Inês, inda os clamores
Andas, Eco chorosa, repetindo;
Inda aos piedosos Céus andas pedindo
Justiça contra os ímpios matadores;
Ouvem-se inda na Fonte dos Amores
De quando em quando as náiades* carpindo;
E o Mondego*, no caso refletindo,
Rompe irado a barreira, alaga as flores:
Inda altos hinos o universo entoa
A Pedro, que da morte formosura
Convosco, Amores, ao sepulcro voa:
Milagre da beleza e da ternura!
Abre, desce, olha, geme, abraça e c'roa
A malfadada Inês na sepultura.
(José Manuel Maria Barbosa de Bocage)
* náiades: ninfas dos rios.
Mondego: nome de um rio de Portugal
TEXTO III
– Inês, Inês, quem sobrevive, quem,
nos filhos que fabrica?
ut-re-mi-tílias ao vento soltas sussurrando –
(...)
Hino ouvido entre neves:
ulti... multi ... venturas, aventuras,
vento ululando, vento urrando – vê,
multidões precipitam-se (...)
Ouve, repara, ávida Lídia, os sinos,
os fabricados sinos se partiram, (...)
os generados filhos se quebraram,
todos falhamos, tudo,
ai todos farfalhamos, sinos, folhas:
As fabulosas naves passam prenhes. (...)
(Mário Faustino,O homem & sua hora e outros poemas. Fragmentos)
TEXTO IV
Uma musa matriz de tantas músicas
melindrosa mulher e linda e única
como o lado da lua que se oculta
escondia o mistério e a sedução.
Comovida com a revolução de Guevara,
Camilo e São Dimas,
escutou meu espelho cristalino
viajou nosso sonho libertário.
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Bela Inês com seu peito de operário
a burguesa que amava o capitão.
(Romance da Bela Inês, poema-canção de Alceu Valença)
“Uma musa matriz de tantas músicas”
14 - (Unama - 2010) O verso, do poema-canção de Alceu Valença (texto IV) já sugere o diálogo que há entre o episódio
de Inês de Castro, de Camões, e os textos poéticos como os de Bocage, Mário Faustino e este mesmo de Alceu Valença.
Esse recurso expressivo tem o nome de:
a) ambiguidade.
b) metalinguagem.
c) intertextualidade.
d) comparação.
15 - (Unama - 2010) A leitura e o conhecimento prévio da significação do episódio de Inês de Castro, em Os Lusíadas,
nos permite, ao compará-lo a versos do poema canção de Alceu Valença (texto IV), afirmar que:
I. no poema-canção de Alceu Valença, a mulher de que ali se fala é uma Inês situada claramente num espaço e cor local
diferentes da Inês de Camões.
II. a Inês de Alceu Valença, uma mulher de “peito operário”, cheia de sonhos libertadores e revolucionários, leva uma
caracterização geral semelhante à Inês de Camões.
III. no fragmento lido, Camões não economiza palavras na descrição dos atributos físicos e encantos pessoais de Inês de
Castro; Valença faz um resumo de tudo isso, concentrando-se sobretudo na descrição do sentimento que move a Inês
de seu poema-canção.
O correto está em:
a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II, apenas.
16 - (UFC - 2009)
Machado de Assis pertence ao grupo dos que, conforme o eu lírico camoniano, “por obras valerosas se vão da lei da
morte libertando”. Linhares Filho celebra-o no poema “A Machado de Assis, morto vivo”, que embasará esta prova.
Convidamos você a viajar no universo poético de Notícias de bordo. Nessa viagem, Linhares Filho é o capitão; Machado
de Assis, o homenageado; você, o nosso convidado de honra. O destino? A Universidade Federal do Ceará.
A MACHADO DE ASSIS, MORTO VIVO
01 De que maneira a fundo iremos conhecer-te,
02 se muita vez estás noutro lugar,
03 mil cabriolas a dar
04 com a manipulação freqüente de um falar
05 e dois entenderes?
06 O que propões, porém, vamos tateando,
07 e o teu pungente riso saboreando.
08 Algo fica, afinal, de tuas reticências –,
09 mesmo sem se atingir total a tua essência
10 e não obstante a previsão de Cubas –,
11 também nas duas tais colunas da opinião,
12 não só numa terceira, a dos agudos,
13 e assim o teu discurso não é vão.
14 De além dos vermes que roeram
15 as tuas frias carnes 16 sem deixar boca para rir
17 nem olhos para chorar,
18 escuta-me com a alma que restou
19 do teu grande naufrágio
20 (longe do feroz ágio e do pedágio).
21 Aqui estou para dizer-te o quanto
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22 ainda te ouvimos, lemos e te amamos.
23 Ensinaste-nos que há sempre
24 uma gota da baba de Caim,
25 tanto a vontade como a ação umedecendo
26 de indivíduos, de classes ou de tribos.
27 Que por batatas uns aos outros se consomem.
28 (Quantos, qual tu sem Deus, acham que a morte é o fim!)
29 Joaquim Maria, as tuas esquivanças,
30 silêncios e trejeitos e artimanhas
31 deram-nos luz para a experiência do homem.
32 E, quanto a nado, mar, navegação,
33 embora cada um de nós manobre
34 bem a seu modo o timão,
35 para o leitor abriste uma Escola de Sagres,
36 onde muito se pode observar,
37 dos olhos de ressaca em tua Capitu
38 até os confins da Europa no seu corpo,
39 que por Bentinho, enfim, é rejeitado.
40 Fizeste de Escobar o próprio rio Cobar,
41 para em Ezequiel, homônimo do bíblico,
42 denunciar-se por fumos todo um fogo,
43 a culpa intencional da sedução de um mar...
44 E fizeste surgir a dúvida no ar.
45 Ora com humour, ora com ironia,
46 contra Leibniz puseste Schopenhauer.
47 De Laurence Sterne filtraste a sátira menipéia.
48 E o vulnerável, mestre, apanhas com mão fria.
49 Sobressai-te um vigor: a sensual latência,
50 quase sempre consciente e deletéria,
51 qual sangue a latejar por dentro de uma artéria.
52 Evidenciando aqui, ali insinuando,
53 soubeste registrar o desconforto,
54 o descontentamento e a frustração
55 da nossa humana condição
56 desde o emplasto de Brás Cubas
57 à solda da opinião.
58 E aqui ficamos tristes e inquietos
59 com as mil formas de ser da humana Dor.
60 Muito amor ainda falta e pão. Faltam mais tetos,
61 a paz pública falta e a paz interior.
62 Sentimo-nos pequenos e incompletos.
LINHARES FILHO, José. A Machado de Assis, morto vivo. Em: Notícias de bordo: poemas selecionados. Fortaleza: Edições
UFC, 2008, p. 91-93.
Além de a Machado de Assis, em Notícias de bordo, Linhares Filho presta homenagem a outros mestres da
Literatura de Língua Portuguesa. A seguir, você dispõe de versos de alguns poemas dessa obra. Associe corretamente os
versos transcritos na segunda coluna ao autor homenageado.
(1) Carlos Drummond de Andrade
(2) Miguel Torga
(3) Camões
( ) A clara voz ouvimos-te, a compor / toda a beleza ideal dos Cantos tersos, /
com aspectos entre si assaz reversos. / Ardente e rico, o teu interior.
( ) Boitempos choram, uma viola chora, / e chora minha lira entristecida.
( ) Da terra a força é em ti um dom que cria / as linhas de um roteiro mais corretas. /
Dessa terra nos passas a magia / que faz sempre maiores os poetas.
10
( ) Tanto ensinou que amar se aprende amando, /
que além do humor, do corpo, além da rosa, / do ferro de Itabira foi pairar
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) 3 – 1 – 2 – 1.
B) 3 – 3 – 2 – 1.
C) 3 – 2 – 1 – 3.
D) 2 – 1 – 2 – 3.
E) 2 – 3 – 1 – 1.
17 - (UFES - 2009)
Canto Primeiro
As armas e os barões assinalados Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram; [...]
CAMÕES, L. V. de. Os Lusíadas. São Paulo: Cultrix, 1993, p. 22
Todos falam na Política, muitos compõem livros dela; e no cabo nenhum a viu, nem sabe de que cor é. [...] é de
saber que, no ano em que Herodes matou os Inocentes, deu um catarro tão grande no diabo, que o fez vomitar
peçonha; e desta se gerou um monstro [...] ao qual chamaram os críticos Razão de Estado: e esta Senhora saiu tão
presumida, que tratou de casar [...] com um mancebo robusto, e de más manhas, que havia por nome Amor Próprio [...]
de ambos nasceu uma filha, a que chamaram Dona Política [...] Criou-se nas Cortes de grandes Príncipes, embrulhou-os
a todos: teve por aios o Maquiavel, Pelágio, Calvino, Lutero, e outros Doutores dessa qualidade, com cuja doutrina se
fez tão viciosa, que dela nasceram todas as seitas e heresias, que hoje abrasam o mundo. E eis aqui, quem é a Senhora
Dona Política.
Arte de Furtar. 2. ed. Introdução de Carlos Burlamáqui Kopke. São Paulo: Melhoramentos, 1951. Cap LX, pp.
262-264. Autor anônimo.
DIABO – Oh, que caravela esta! Põe bandeiras, que é festa. Verga alta! Âncora a pique! – Ó precioso D. Henrique, cá
vindes vós? Que coisa é esta?
Vem o Fidalgo e, chegando ao barco infernal, diz:
FIDALGO – Esta barca onde vai ora, assim tão abastecida?
DIABO – Vai para a ilha perdida e há de partir nesta hora.
FIDALGO – Para lá vai a senhora? DIABO – Senhor, a vosso serviço.
VICENTE, Gil. “Auto da Barca do Inferno”. In: Farsa de Inês Pereira / Auto da Barca do Inferno / Auto da alma.
São Paulo: Martin Claret, 2001
Os trechos acima são fragmentos de importantes textos da Literatura Portuguesa. Com base neles e também
nas obras citadas, julgue as proposições abaixo, utilizando (V) para as que forem verdadeiras e (F) para as que forem
falsas.
I – Em Os Lusíadas, obra do Classicismo português, o poeta Luís de Camões, tematizando a viagem de Vasco da
Gama, enredada com a mitologia greco-latina, canta os feitos e glórias portugueses.
II – A epopeia Os Lusíadas, como texto oriundo do século das luzes, representa o pensamento acerca da
liberdade do europeu de conquistar os povos incultos e não cristãos.
III – No fragmento do texto Arte de furtar, de 1652, portanto do período barroco, o autor define a política como
uma atividade ligada ao
Estado, por meio da personificação de ideias retiradas do mundo político.
IV – Na passagem do Auto da Barca do Inferno, texto representativo do Humanismo português, os personagens
Diabo e Fidalgo são exemplos de alegorias, recurso utilizado por Gil Vicente em seu Auto.
A sequência CORRETA de respostas, de cima para baixo, é
A) F-F-F-F
B) F-V-F-F
C) V-F-F-F
D) V-F-V-V
11
E) V-V-V-V
18 - (UFPE - 2009) O período das grandes navegações constituiu o apogeu da história de Portugal, e ofereceu matéria
para alguns dos maiores textos literários da língua portuguesa, como Os Lusíadas, de Camões e Mensagem, de Fernando
Pessoa.
Considere os poemas abaixo e analise as proposições a seguir.
Texto 1
A gente da cidade, aquele dia,
(Uns por amigos, outros por parentes,
Outros por ver somente) concorria,
Saudosos na vista e descontentes.
E nós, com a virtuosa companhia
De mil religiosos diligentes,
Em procissão solene, a Deus orando,
Para os batéis viemos caminhando.
Em tão longo caminho e duvidoso
Por perdidos as gentes nos julgavam.
As mulheres com choro piedoso,
Os homens com suspiros que arrancavam.
Mães, esposas, irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia, acrescentavam
A desesperação e frio medo
De já nos não tornar a ver tão cedo.
(Os Lusíadas, Camões.)
Texto 2
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
(Mensagem, Fernando Pessoa.)
0-0) Fernando Pessoa, a exemplo do que fez Camões nos versos apresentados acima, alude à história do Descobrimento
do Brasil por Pedro Álvares Cabral.
1-1) Em seu livro Mensagem, como mostra o fragmento acima, Fernando Pessoa, poeta do século XX, faz uma releitura
de Os Lusíadas, refletindo alguns temas do épico camoniano.
2-2) Em ambos os poemas apresentados, os autores descrevem o sofrimento e as perdas para a população comum, das
grandes navegações portuguesas no século XVI.
3-3) A independência das colônias trouxe para Portugal a perda dos territórios e das riquezas arduamente conquistados,
além de inúmeros problemas sociais advindos do período da colonização. Ciente disso, Fernando Pessoa, no trecho
citado, condena duramente as grandes navegações exaltadas em Os Lusíadas.
4-4) Em ambos os textos, a descrição do custo social das navegações portuguesas serve para enaltecer a coragem e a
grandeza do povo português.
19 - (UFPE - 2009) O Velho do Restelo é uma voz emblemática na literatura portuguesa, que continua a influenciar os
escritores modernos, como José Saramago. Leia o poema “Fala do Velho do Restelo ao Astronauta”, e analise as
proposições a seguir.
12
Texto 1
Mas um velho, de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
Com saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
[...]
A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome proeminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?
Camões, Os Lusíadas (Fala do Velho do Restelo)
Texto 2.
Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.
(José Saramago, Fala do Velho do Restelo ao Astronauta.)
0-0) Um dos aspectos mais relevantes da obra de Saramago é a tentativa de reinterpretar o passado usando temas
históricos, como no poema apresentado acima.
1-1) Falando ao astronauta como falou o Velho do Restelo ao navegador português, Saramago utiliza um recurso
literário semelhante ao de Camões em seu épico.
2-2) Em seu poema, Saramago enaltece as viagens espaciais na modernidade, assim como Camões enaltecia as viagens
marítimas em seu tempo.
3-3) As vozes do Velho do Restelo e de Saramago mostram que os imperialismos, seja no século XVI, seja no século XX,
ocultam uma visão de mundo sectária e bélica, causadora de grandes sofrimentos.
4-4) Pelo exposto no poema de Saramago, pode-se deduzir que ele reconhece a relevância das conquistas espaciais para
a modernidade. Certamente, Saramago concordaria com os versos de Pessoa: “Tudo vale a pena, se a alma não é
pequena”.
20 - (UFRGS - 2009) Com relação ao episódio que trata do velho do Restelo (canto IV), um dos mais importantes de es
Lusíadas, considere as afirmações abaixo.
13
I − O episódio mostra que o avanço marítimo, cantado no poema, refere-se à expansão das Coroas portuguesa e
espanhola.
II − O velho amaldiçoa o primeiro homem que, no mundo, lançou uma embarcação a vela ao mar.
III − O velho, ao enumerar as possíveis consequências das navegações, manifesta temor pelo despovoamento de
Portugal.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas I e III.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.
21 - (Unama - 2009) Leia a estrofe a seguir para responder à questão.
Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito
(Se de humano é matar uma donzela
Fraca e sem força, só por ter sujeito
O coração a quem soube vencê-la),
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o não tens à morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.
(Canto III, Episódio Inês de Castro, Os Lusíadas, de Camões - fragmento)
O texto lido faz parte do episódio Inês de Castro, ponto alto do lirismo camoniano inserido na narrativa épica de Os
Lusíadas, e representa o(a):
a) discurso da personagem Inês de Castro, esperando que o rei seja comovido pela piedade dela e dos filhos e, assim,
poupe a sua vida.
b) crítica à ambição dos navegantes portugueses, que abandonaram a pátria à mercê dos inimigos, para buscar ouro e
glória em terras distantes.
c) lamento do poeta sobre a condição humana ante os perigos, sofrimentos e incertezas que os navegantes sofreram
em favor da pátria lusitana.
d) elogio à bravura dos portugueses, feito por Camões através deste episódio exclusivamente épico.
22 - (Unama - 2009) Ainda sobre a estrofe da questão anterior, avalie as cinco afirmativas a seguir, com base nos efeitos
de sentidos dos versos de Camões, observados sob os pontos de vista gramatical e estilístico.
I. O tratamento conferido ao rei é o de segunda pessoa do singular, como se vê no vocativo que inicia a estrofe.
II. São usados verbos no presente do indicativo e no imperativo afirmativo, modo verbal adequado à súplica que Inês de
Castro empreende.
III. Há um raciocínio argumentativo no discurso de Inês, o que, de certa forma, justifica o uso pleonástico da imagem
"donzela fraca e sem força".
IV. No primeiro verso, a oração “que tens de humano o gesto e o peito”, por meio da qual é conferido um atributo ao
rei, é subordinada substantiva apositiva.
V. O coesivo “Se” confere valor concessivo à oração "Se de humano é matar uma donzela."
O correto está em:
a) I, II e III, apenas.
b) IV e V, apenas.
c) II, III, IV e V, apenas.
d) I, II, III, IV e V.
23 - (Unama - 2009) Leia a estrofe a seguir para responder à questão.
Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito
(Se de humano é matar uma donzela
Fraca e sem força, só por ter sujeito
14
O coração a quem soube vencê-la),
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o não tens à morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.
(Canto III, Episódio Inês de Castro, Os Lusíadas, de Camões - fragmento)
O drama de Inês de Castro – escultura: Rui Miragaia Jarmelo, Guarda. Portugal, fotografada em 2006, por Leonel Bras,
http://olhares.aeiou.pt/o_drama_de_ines_de_castro/foto498134.html
Coimbra do choupal
Ainda és capital
Do amor em Portugal, ainda
Coimbra onde uma vez
Com lágrimas se fez
A história desta Inês tão linda (...)
(Coimbra - música Raul Ferrão & José Galhardo, gravada por Roberto Carlos)
Camões não é o único, nem foi o primeiro e nem o último a dar tratamento literário à história de Inês de Castro,
mas a sua versão paira sobre todas as outras – anteriores ou posteriores – expressões artísticas relacionadas a essa
figura de mulher e à sua história, como se exemplifica anteriormente. Vários fatores concorrem para que o episódio seja
dos mais admirados de Os Lusíadas, impondo-a como um dos grandes símbolos femininos da literatura. Entre esses
fatores, estão a(o):
I. dolorosa história, devida tanto à piedade que inspiram Inês e seus filhos, quanto ao amor constante, inconformado e
revoltado de D. Pedro.
II. gravidade da questão envolvida, que opõe o interesse pessoal e os interesses coletivos (a “razão de Estado”).
III. encanto lírico de que Camões cercou a figura de Inês, a quem atribui longo e eloquente discurso dentro do episódio.
IV. bravura dos portugueses ao defender sua rainha, narrada neste episódio, um dos mais valorosos da colonização
brasileira.
O correto está em:
a) I, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, II, III e IV.
GABARITO
1-A
Resolução: Embora o texto camoniano ultrapasse a sua temporalidade e faça sentido no atual contexto da política
brasileira, ele não faz menção a fatos políticos específicos (presentes nas alternativas b e e). Além disso, a aprovação de
leis de interesses particulares está claramente mencionada no texto: "Leis em favor do Rei se estabelecem / As em favor
do povo só perecem".
2-D
15
Resolução: O texto menciona claramente os vícios da injustiça: "Leis em favor do Rei se estabelecem / As em favor do
povo só perecem"; do egoísmo: "Vê neles que não têm amor a mais / Que a si somente, e a quem Filáucia ensina."; e da
fraude: "Vê que esses que frequentam os reais/ Paços, por verdadeira e sã doutrina / Vendem adulação".
3-A
Resolução: Segundo o trecho de Os lusíadas, a guerra contra Castela foi de larga aceitação nacional, pois, embora alguns
aprovassem a guerra e outros blasfemassem contra ela, ambos preparavam suas armas para lutar.
4-D
Resolução: Vasco da Gama, em sua narrativa ao rei de Melinde, constrói uma visão idealizada da história de Portugal,
exaltando os reis como heróis. Ao contrário de criticar a expansão ultramarina, como o Velho do Restelo, Vasco da
Gama faz parte dela: é favorável ao comércio com a Índia e precisa dos favores do rei D. Manuel I.
5-E
Resolução: Luis de Camões é um poeta clássico – o uso da figura do locus amoenus e da mitologia greco-latina remete à
antiguidade clássica; por sua vez, o neoclassicismo do século XVIII se utiliza dos mesmos temas para retomar o
classicismo renascentista. O uso da mitologia clássica não representa um conflito com as ideias cristãs, nem com a Igreja
Católica, uma vez que esse uso é alegórico – isto é, Camões utiliza-se dos mitos gregos como um tema tradicional da
poesia, e não por acreditar em seus deuses.
6-D
Resolução: No episódio "O gigante Adamastor", os navegantes portugueses chegam ao Cabo das Tormentas (atual Cabo
da Boa Esperança, no extremo sul da África) e veem surgir a monstruosa figura do gigante, que os ameaça descrevendo
os castigos reservados àqueles que ousavam invadir seus domínios. Entretanto, em conversa com Vasco da Gama, acaba
relatando sua triste história de amor com uma ninfa, que o transformara em rochedo, e deixa a tripulação portuguesa
passar incólume.
7-E
Resolução: Não se pode dizer que a natureza permaneceu indiferente à tragédia de Inês, mas, tampouco, se pode
afirmar que o sol desapareceu para anunciar sua morte. Além disso, Inês é comparada com as flores do campo que,
arrancadas, perdem (e não conservam) a cor e a maciez. No fim do episódio Inês de Castro, sua história será lembrada
pela lenda da existência de uma fonte que teria se formado com as lágrimas das pastoras e ninfas que choraram a
trágica morte.
8-E
Resolução: O poeta narra o convite traiçoeiro feito pelo rei de Mombaça para que a armada de Vasco da Gama entre no
porto, e o envio, por Vasco da Gama, de condenados lusos à terra a fim de colherem informações. Baco prepara uma
emboscada para os portugueses, que são salvos por Vênus e pelas Nereidas. Vasco da Gama suplica à "Divina Guarda"
que lhe mostre a terra que busca. Vênus pede a Júpiter que proteja os lusos. O pai dos deuses atende aos pedidos de
Vênus e profetiza feitos gloriosos para eles. Mercúrio é enviado à Terra para ajudar Vasco da Gama e inspirar-lhe o
caminho a seguir.
9-D
Resolução: Drummond escolhe como tema de sua poesia não os heróis épicos ou homens ricos e poderosos (os "barões
assinalados"), mas sim a Minas Gerais simples: "Canto / as arcas e os baús de Minas Gerais / já sem ouro e diamantes /
[...] a respiração discreta, o silêncio, / a vida recolhida / dos mineiros do Setecentos".
10-B
Resolução: Justifica-se a alternativa B, já que Camões, em "Os Lusíadas", invoca a inspiração das musas para cantar os
feitos dos portugueses durante a viagem de Vasco da Gama em direção às Índias. Tal obra é classificada como epopeia
clássica na medida em que retoma temas e figuras da mitologia pagã.
11-A
Resolução: O trecho citado refere-se à ilusão de Inês ao amar intensamente D. Pedro apesar da impossibilidade desse
amor se tornar legítimo e reconhecido pela corte - já que, mesmo após a morte de D. Constança, esposa de D. Pedro, o
rei Afonso IV, temendo pela sucessão de seu neto (filho de Constança) ao trono, manda executar Inês e seus filhos.
16
Mesmo após as súplicas de Inês para que ela e seus filhos sejam poupados, ainda que sejam desterrados e enviados
para terras longínquas, condenados a grandes sofrimentos, ela acaba sendo executada sem ver seu amor ser legitimado.
12- F-V-V-F-V
As duas obras desmitificam Camões, mostrando um sujeito passível de dificuldades. No trecho da peça, Camões não se
mostra presunçoso e arrogante, mas humilde.
13-a) Tanto o texto I quanto o texto II abordam o tema da mudança, colocando-a como algo inevitável e constante. Tais
fragmentos explicitam isso: "Todo o mundo é composto de mudança / Tomando sempre novas qualidades" (Camões) e
"as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando" (G. Rosa).
b) O narrador Riobaldo, ao falar das mudanças, fala de Deus e do Diabo que, segundo sua filosofia, se alternam dentro
do homem (e, portanto, se relacionam intimamente com as mudanças). Porém, enquanto o Diabo se manifesta
subitamente, proporcionando mudanças bruscas ("o diabo, é às brutas"), Deus age lenta e discretamente ("Deus vem
vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre").
14-C
Resolução: Justifica-se a alternativa C, já que todos os textos apresentados dialogam entre si, pelo fato de terem como
base a mesma história original, o episódio "Inês de Castro". Cada texto recria esse episódio, dando ênfase a aspectos
distintos e através de formas peculiares.
15-A
Resolução: Todas as afirmações são verdadeiras. Quanto à primeira, pode-se perceber claramente que a Inês retratada
pertence a outra época e local, sendo uma burguesa com peito operário, alguém com idais revolucionários. Quanto à
afirmação II, pode-se afirmar que a Inês descrita por Alceu Valença se identifica, de modo geral, com a Inês original, uma
vez que ambas são cheias de sonhos e amam um homem que, pelas convenções sociais, não deveriam amar. A
afirmação III também é verdadeira, pois Alceu Valença, em sua música, de fato se concentra na descrição do sentimento
revolucionário que move sua personagem.
16-A
Resolução: Essa questão explora a leitura da obra Notícias de bordo, requerendo que o candidato associe corretamente
cada verso transcrito na segunda coluna ao nome de um dos autores presentes na primeira coluna, evidenciando, assim,
ser capaz de identificar, nos versos transcritos, referências aos autores neles homenageados. É correta a alternativa A.
Em Notícias de bordo, Linhares Filho presta homenagem a grandes mestres da Literatura, a saber: Cassiano Ricardo,
Carlos Drummond de Andrade e Machado de Assis (brasileiros); Luís de Camões, Fernando Pessoa e Miguel Torga
(portugueses). O tributo a esses citados dá-se, respectivamente, nos poemas “Evocação e paráfrase de Cassiano
Ricardo”, “Elegia de Carlos Drummond de Andrade”, “A Machado de Assis, morto vivo”, “A Camões, autor das Rimas”,
“A Fernando Pessoa centenário”, “Soneto ao poeta Miguel Torga”.
Na questão, transcreve-se a segunda estrofe do poema “A Camões, autor das Rimas” [“A clara voz ouvimos-te, a compor
/ toda a beleza ideal dos Cantos tersos, / com aspectos entre si assaz reversos. / Ardente e rico, o teu interior”]; dois
versos da primeira estrofe do poema “Elegia de Carlos Drummond de Andrade” [“Boitempos choram, uma viola chora, /
e chora minha lira entristecida”], bem como a terceira estrofe do mesmo poema [‘Tanto ensinou que amar se aprende
amando, / que além do humor, do corpo, além da rosa, / do ferro de Itabira foi pairar”]; e a segunda estrofe do poema
“Soneto ao poeta Miguel Torga” [“Da terra a força é em ti um dom que cria / as linhas de um roteiro mais corretas. /
Dessa terra nos passas a magia / que faz sempre maiores os poetas”]. A estrofe do poema “A Camões, autor das Rimas”
faz menção à composição dos Cantos, os quais são ardentes e ricos. Tem-se, portanto, alusão aos cantos – partes em
que se dividem os
longos poemas – do poema épico Os lusíadas, epopeia camoniana escrita no século XVI com o fito de recriar e enaltecer
a história do povo português. A estrofe e o verso transcritos do poema “Elegia de Carlos Drummond de Andrade” fazem
menção a uma das mais famosas obras de Drummond,
“Boitempo”, e à terra natal do poeta, Itabira (Minas Gerais), à qual ele nostalgicamente dedica seu poema “Confidência
do itabirano”. A estrofe do poema “Soneto ao poeta Miguel Torga” faz menção a uma característica central da obra de
Torga, o telurismo, ou seja, a influência do solo de uma região nos costumes e no caráter dos habitantes, característica
percebida claramente em Contos da montanha. Como salienta Linhares Filho (1997, p. 138), “a terra assume uma
posição de extrema importância na poesia de Miguel Torga, a terra em todas as suas dimensões ou aspectos, desde o
que se pode traduzir com o étimo latino tellus, uris, o solo, até a noção maior de planeta ou universo, passando pela
noção de Ibéria e pátria”.
17
Portanto, a ordem correta da associação entre as duas colunas é 3 – 1 – 2 – 1.
17-D
Resolução: Os Lusíadas, de Luís de Camões, não é oriundo do século das luzes, isto é, do século XVIII, e sim do século
XVI.
18- F-V-V-F-V
Resolução: 0-0) Falso. Os Lusíadas narram a descoberta do caminho marítimo para as Índias pelo navegador Vasco da
Gama.
1-1) Verdadeiro.
2-2) Verdadeiro.
3-3) Falso. Com sua famosa frase “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”, Pessoa defende aspectos positivos das
grandes navegações, como a ampliação da consciência humana e a aproximação de continentes e povos até então
desconhecidos;
4-4) Verdadeiro.
19 – V-V-F-V-F
Resolução: 0-0) Verdadeiro.
1-1) Verdadeiro.
2-2) Falso. Saramago critica o alto investimento nas viagens espaciais quando há tanta pobreza no mundo.
3-3) Verdadeiro.
4-4) Falso. Nada no poema de Saramago faz crer na defesa da validade das viagens espaciais, que são duramente
criticadas.
20-D
Resolução: De fato, dando voz à razão e à experiência, o velho da praia do Restelo coloca-se contra o projeto
expansionista luso e amaldiçoa o primeiro homem que, no mundo, lançou ao mar uma embarcação a vela. Vários são os
seus temores, sendo um deles o despovoamento de Portugal.
21-A
Resolução: O episódio Inês de Castro tem enfoque lírico, e não épico, como declara a alternativa D. Além disso, a crítica
à ambição dos navegantes portugueses e o lamento do poeta sobre a condição humana ante os perigos, citados nas
alternativas B e C, pertencem ao episódio "O velho do Restelo". No trecho citado, temos uma fala de Inês de Castro ao
rei d. Afonso IV, para que este poupe sua vida por piedade dela e de seus filhos (que eram netos do rei).
22-A
Resolução: A oração "que tens de humano o gesto e o peito", no primeiro verso, é uma oração subordinada adjetiva
explicativa; o coesivo "se" confere valor condicional à oração (pois se é de humano matar uma donzela, pode-se
considerar que o rei tem de humano o gesto e o peito). Portanto, as afirmativas IV e V estão incorretas.
23-C
Resolução: Entre os fatores que colocam a narrativa de Camões como uma das mais relevantes e admiradas versões da
história de Inês de Castro, estão: a piedade que inspiram a citação de seus filhos que ficaram órfãos e a revolta de d.
Pedro (que enlouquece com a morte de sua amada); a oposição entre interesse pessoal (o amor entre Pedro e Inês) e os
interesses coletivos (do reino de Portugal, representado por Afonso IV); e o retrato único que Camões fez de Inês, ao
mesmo tempo delicada, apaixonada (encanto lírico) e racional, eloquente ao elaborar seu "discurso de defesa" a Afonso
IV. Portanto, a afirmativa incorreta é a IV, que situa o episódio na colonização brasileira (quando ele se passou em
Coimbra) e apresenta Inês como rainha de Portugal defendida pelo povo – e não a amante do príncipe morta pelo rei.
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