PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE ADENITE INFECCIOSA EQUINA (GARROTILHO) NA REGIÃO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL BASSO, Taíse1 COMANDULLI, Ricardo José1 FERENCI, Fabrício1 FONTANA, Diego Barbosa1 PERONI, Nádia Daniele1 GOTTLIEB, Juliana2 OLIVEIRA, Daniela dos Santos de2 OLIVEIRA, Francieli de2 ROCHA, Anilza Andreia da2 [email protected] RESUMO: A equinocultura é responsável no país, por 1,2 milhões de postos de trabalho, sendo uma importante atividade do agronegócio, com forte interação nos setores de lazer, cultura e turismo. A adenite equina ou garrotilho é caracterizada por inflamação mucopurulenta do trato respiratório superior de equinos. Possui distribuição mundial e é responsável por perdas econômicas importantes, considerando-se os custos com o tratamento, medidas de controle e eventuais mortes. Há muitas divergências a respeito do tratamento e este trabalho objetiva pesquisar o tratamento usual descrito na literatura nacional e internacional e fazer um comparativo com o tratamento realizado a campo, analisando a eficácia, vantagens e desvantagens dos tratamentos utilizados. Os dados foram obtidos a partir de entrevistas, na forma de questionários aplicados a Médicos Veterinários. O trabalho foi desenvolvido no período de setembro à outubro de 2014, nas cidades de Estação, Erebango, Getúlio Vargas, Passo Fundo, Sananduva, Tapejara. Os principais sinais clínicos citados pelos Médicos Veterinários a campo em animais com Garrotilho foram corrimento nasal, febre, tosse, depressão, anorexia, aumento dos linfonodos, dor na região da faringe, inapetência, dificuldade de deglutição, empiema da bolsa gutural e conjuntivite. O diagnóstico realizado pelos profissionais inclui os sinais clínicos comuns a doença, teste de ELISA e isolamento bacteriano através do PCR. Quanto aos tratamentos utilizados 28% fizeram uso de penicilina; 20% antiinflamátorios; 16% instituíram fluidoterapia e sulfametoxazol associado a trimetoprima; 8% expectorantes e iodopovidine e apenas 4% fazem uso de pomadas ribefascientes. A Adenite Infecciosa Equina é uma enfermidade de suma importância econômica na equinocultura e apresenta algumas dificuldades em seu diagnóstico e controle, portanto, é muito importante a identificação de fármacos terapêuticos aplicados na doença os quais efetivamente estão melhorando a saúde animal. Palavras-chave: Infecção respiratória, Streptococcus equi, resistência bacteriana. ABSTRACT: The Equine is the country responsible for 1.2 million jobs, with an important activity of agribusiness, with strong interaction in leisure, cultural and tourism sectors. Adenitis or Equine strangles is characterized by purulent inflammation of the upper respiratory tract of horses. Has a worldwide distribution and is responsible for important economic losses, considering the cost of the treatment, control measures and possible deaths. There are many differences regarding treatment and this study aims to research the usual treatment described in the national and international literature and make a comparison with the treatment performed in the field, analyzing the effectiveness, advantages and disadvantages of the treatments used. Data were obtained from interviews, in the form of questionnaires given to veterinarians. The study was conducted 1 Alunos do Curso de Medicina Veterinária – Faculdades IDEAU 2 Professores do Curso de Medicina Veterinária – Faculdades IDEAU 2 from September to October 2014, the cities of Station Erebango Getúlio Vargas, Passo Fundo, Sananduva, Tapejara. The main clinical signs cited by veterinarians in the field in animals with strangles were runny nose, fever, cough, depression, anorexia, swollen lymph nodes, pain in the throat, loss of appetite, difficulty swallowing, guttural pouch empyema and conjunctivitis region. The diagnosis made by professionals includes common disease, ELISA and bacterial isolation by PCR clinical signs. As for treatments 28% made use of penicillin; 20% anti-inflammatories; 16% have instituted fluid and associated with trimethoprimsulfamethoxazole; 8% expectorants and iodopovidine and only 4% use ribefascientes ointments. The Equine Infectious adenitis is a disease of great economic importance in Equine and presents difficulties in diagnosis and control, so it is very important to the identification of therapeutic drugs used in the disease which are effectively improving animal health. Keywords: respiratory infection, Streptococcus equi, bacterial resistance. 1 INTRODUÇÃO O Brasil possui o terceiro maior rebanho equino do mundo, com um plantel de 5,9 milhões de animais. A equinocultura é responsável no país por 1,2 milhões de postos de trabalho, sendo uma importante atividade do agronegócio, com forte interação nos setores de lazer, cultura e turismo. A capacidade dos criadores em produzirem animais de qualidade, fundamenta a perspectiva de crescimento desse setor da pecuária (MORAES, 2009). De acordo com Amaral (2008), a Adenite Infecciosa Equina é uma das primeiras doenças de equinos a serem descritas na literatura científica mundial. O elevado número de animais, associado à necessidade de produção crescente, leva a um aumento na ocorrência de enfermidades e dos prejuízos econômicos associados à atividade. A adenite equina é responsável por aproximadamente 30% das notificações de enfermidades em equinos em todo o mundo. Moraes (2009), relata que as doenças do aparelho respiratório ocupam o segundo lugar entre as doenças limitantes das atividades dos equinos, inferior somente as que afetam o sistema músculo esquelético, produzindo importantes perdas econômicas. O diagnóstico e prevenção das doenças infecciosas nessa espécie adquirem, portanto, especial significação. A detecção precoce de problemas respiratórios é essencial para o rápido retorno dos animais a sua atividade, bem como na prevenção de complicações secundárias que podem encerrar prematuramente a carreira do animal. A adenite infecciosa equina ou garrotilho (também chamada gurma ou corisa contagiosa) é caracterizada por inflamação mucopurulenta do trato respiratório superior de equinos. Possui distribuição mundial, considerando-se os custos com o tratamento, medidas de controle e eventuais mortes (MORAES, 2012). 3 Trata-se de uma doença altamente contagiosa que acomete equinos, asininos e muares de todo o mundo. É uma condição que afeta os tecidos linfoides faríngeos e tonsilares, causando diversos sinais clínicos, entre eles: anorexia, depressão, linfoadenopatia submandibular e faríngea e corrimento nasal muco purulento. Em casos mais graves, a doença pode causar infecção metastática, infecção das bolsas guturais e broncopneumonia necrótica aspirativa (RADOSTITS, 2012). O período de incubação da doença é de 3 a 6 dias (FRASER, 1996). Conforme Correa, (2001), a enfermidade é causada pelo Streptococcus equi, subs. equi que chega às vias aéreas por inalação e, ocasionalmente, por via oral. A bactéria adere-se ao epitélio nasal e da orofaringe pela ação de uma proteína de superfície (proteína M) e invade o tecido. Essa proteína e a cápsula a protegem da fagocitose. Após a penetração na mucosa, chega aos linfonodos regionais por via linfática e inicia a formação de abcessos. A enfermidade afeta equinos de todas as idades, porém é mais comum em animais com menos de 2 anos. Os cavalos afetados adquirem imunidade, embora alguns possam adoecer mais de uma vez. Éguas imunes conferem imunidade passiva aos potros até os 3 meses de idade. A transmissão de S. equi ocorre pelo contato direto de animais sadios com animais doentes e pode ocorrer, também, indiretamente, através de tratadores que lidam com os animais nos estábulos ou através de fômites infectados. Alimentos, água, cama, utensílios de estábulos e insetos são importantes fontes de disseminação do agente. A infecção pode ser transmitida, também, a éguas por potros que estão mamando, levando a mamite purulenta (CORREA, et al. 2001). Para os profissionais da Medicina Veterinária a enfermidade é de grande importância e a taxa de morbidade pode chegar a 100% sendo maior em animais com menos de 2 anos, no entanto a mortalidade é baixa. Sendo assim, é de grande valor para o Médico Veterinário compreender os mecanismos desta patologia e ter conhecimento necessário para instituir um tratamento eficaz. O trabalho tem por objetivo pesquisar o tratamento realizado por Médicos Veterinários de campo para a Adenite Infecciosa Equina e compará-lo com os tratamentos descritos na literatura nacional e internacional da área, analisando a eficácia, vantagens e desvantagens dos tratamentos utilizados. 4 2 MATERIAL E METÓDOS O trabalho foi desenvolvido durante o período de setembro à outubro de 2014, nas cidades de Estação, Erebango, Getúlio Vargas, Passo Fundo, Sananduva, Tapejara. Foram elaborados questionários com perguntas sobre os protocolos terapêuticos utilizados no tratamento do Garrotilho, sendo estes entregues a 12 Médicos Veterinários que atuam na área de grandes animais (APÊNDICE I). Posteriormente, foi realizado um levantamento das principais medicações utilizadas no tratamento da Adenite Infecciosa Equina e as mesmas foram comparadas com as medicações recomendadas pela literatura da área. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Através dos questionários, pode-se observar que a incidência da Adenite Infecciosa Equina é baixa na região, pelo fato da realização da vacinação dos animais pelos produtores. Conforme demostrado (Gráfico 1), 15% dos animais apresentaram como principais sinais clínicos corrimento nasal, febre e tosse; 10% depressão; 8% anorexia, aumento dos linfonodos, dor na região da faringe e inapetência; 5% dificuldade de deglutição e empiema da bolsa gutural e apenas 3% conjuntivite. 5% 3% 5% Corrimento nasal 15% Febre Tosse 8% Depressão 15% 8% Anorexia Aumento dos linfonodos Dor na região da Faringe 8% Inapetência 15% 8% Dificuldade de deglutição Empiema da bolsa gutural 10% Conjuntivite Gráfico 1: Principais sinais clínicos observados na Adenite Infecciosa Equina Fonte: BASSO, T. (2014). Correa (2001), citam que os animais apresentam súbita elevação de temperatura, que pode chegar a 41ºC, acompanhada de anorexia, depressão e corrimento nasal seroso, que em 5 2-3 dias torna-se mucopurulento e amarelado. A descarga nasal mucopurulenta como mostra a Figura 1, geralmente, bilateral e pode ser copiosa. Em consequência da compressão da faringe e/ou da laringe pode haver tosse com eliminação de grandes quantidades de exsudato. Figura 1: Descarga Nasal mucopurulenta em equino com Garrotilho. Fonte: VARGAS, (1999). Fraser (1996), explica que ocorre inflamação da mucosa respiratória superior e do tecido linfóide da faringe dentro de 1 a 2 dias, o que causa deglutição dolorosa e a linfadenopatia é o principal achado clínico. Segundo Correa (2001), nos casos típicos de garrotilho ocorre, rapidamente, o envolvimento dos linfonodos regionais, particularmente os submandibulares e retrofaríngeos, que apresentam-se edemaciados e doloridos à palpação, inicialmente firmes e, posteriormente, com o desenvolvimento da abscedação, tornam-se amolecidos e muito aumentados de tamanho como mostra a Figura 2a e 2b. O severo aumento de volume dos linfonodos, associado às lesões das mucosas, pode impedir a mastigação, deglutição e respiração, levando a morte do animal por asfixia. Em aproximadamente 10 dias ocorre à ruptura dos abscessos com descarga de grande quantidade de pus amarelado de consistência cremosa. Figuras 2a e 2b: Linfonodos aumentados em equino com Garrotilho. Fonte: VARGAS, (1999). 6 Segundo Fraser (1996) o curso normal da doença é de 10 a 14 dias quando o abscesso amadurece e drena. A morbidade pode aproximar-se de 100% em uma população não exposta previamente, embora a mortalidade seja < 2%. A morte pode resultar de infecção do SNC, pneumonia, abscedação de vísceras ou asfixia devida à compressão da faringe ou laringe. Streptococcus equi pode levar, também, a uma síndrome imunomediada conhecida como púrpura hemorrágica, com edema abdominal, edema dos membros, da cabeça e do escroto, e erupção da pele (CORREA 2001). Kahn, (2011) afirma que o Garrotilho metastático ou garrotilho bastardo ás vezes denominado “falso garrotilho”, é uma condição em que são acometidos linfonodos de outras partes do corpo, como abdômen principalmente e às vezes o tórax atingindo órgãos. Fraser (1996) relata que a ruptura (Figura 3a e 3b) de abscessos mesentéricos ou mediastinais causa peritonite purulenta e pleurite, podendo levar a uma infecção generalizada, e consequentemente, leva a morte. Isto ocorre em animais que aparentemente falham no desenvolvimento de uma resposta imune ou naqueles que estão sendo tratados com doses inadequadas de penicilina durante o curso da doença, modificando dessa forma os antígenos da parede celular da bactéria. Figura 3a e 3b: Abscedação e ruptura de linfonodos em equino com Garrotilho. Fonte: VARGAS, (1999). O diagnóstico é baseado nos achados epidemiológicos, sinais clínicos e anatomopatológicos dizem Ferrari & Tozetti (2011). Para os Médicos Veterinários o diagnóstico se dá através dos sinais clínicos 39%; 17% através do teste de ELISA e por isolamento bacteriano; 16% pela anamnese e PCR (Gráfico 2). 7 11% PCR 39% 16% Anamnese Elisa Isolamento Bacteriano 17% Sinais Clínicos 17% Gráfico 2: Métodos utilizados no diagnóstico de Garrotilho. Fonte: BASSO, T. (2014). Moraes (2009), descrevem que o diagnóstico de garrotilho pode ser confirmado por isolamento do S. equi, subsp. equi, a partir de secreção nasal purulenta ou do conteúdo de abscessos, coletada com auxílio de swab nasal como na Figura 4 e conservado sob refrigeração até o momento da análise do material, onde são corados com Gram e ocorre o crescimento bacteriano. Figura 4: Coleta de secreção através de swab para diagnóstico de Adenite Infecciosa Equina. Fonte: VARGAS, (1999). Correa (2001), afirmam que também pode ser realizado a laringoscopia e exame radiológico, para demonstrar o aumento de tamanho dos linfonodos, podendo auxiliar no diagnóstico. 8 Conforme Moraes (2009), a técnica de Reação em Cadeia Polimerase (PCR), frequentemente utilizada na atualidade, detecta o agente vivo ou morto pela amplificação do gene da proteína S e M, permitindo, quando associada à cultura bacteriana, a detecção de até 90% dos portadores. A técnica de ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) pode ser utilizada no diagnóstico indireto da enfermidade, demonstrando a presença de anticorpos. Os casos complicados se realizam exame endoscópico do trato respiratório superior, ultrassonografia da garganta ou radiografias do crânio para identificar o local e a extensão dos abscessos (KAHN, 2011). Figueiredo (2011), diz que também realiza-se hemograma, com presença de anemia, leucocitose por neutrofilia. De acordo com Correa (2001), o garrotilho nos estágios iniciais, pode ser confundido com outras enfermidades que cursam com sinais clínicos respiratórios, como infecção pelo vírus da rinopneumonite equina, influenza equina e bronquite aguda, porém nessas enfermidades o aumento dos linfonodos regionais é pequeno. Nos estágios avançados a doença pode ser confundida com outras infecções piogênicas do trato respiratório superior, particularmente as causadas por Streptococcus zooepidemicus. A decisão pelo uso de antibióticos irá depender da severidade dos sinais clínicos, do número e da idade dos animais afetados. A facilidade de administração, bem como o intervalo entre dosagens, deverá ser levada em consideração na escolha do antibiótico, principalmente quando há um grande número de animais afetados. Os animais acometidos deverão ser isolados do plantel e o tratamento é realizado de acordo com o estágio da doença (AMARAL, 2008). Silveira (1987), afirma que não há segredo no tratamento do animal vítima de garrotilho. O animal precisa de repouso absoluto, boas condições de instalação, água fresca, boa alimentação (alimentos tenros em pequenas quantidades, como cenoura, feno de alfafa, capim verde) e vitaminas, especialmente as dos complexos B e C. Se o animal estiver no pasto o melhor é recolhê-lo à cocheira, agasalhando-o com uma manta ou capa. 9 8% Penicilina 4% 28% 8% Antiinflamatórios Fluidoterapia Sulfametoxazol + Trimetoprima 16% Expectorantes 20% Iodopovidine 16% Pomadas ribefascientes Gráfico 3: Fármacos utilizados no tratamento do Garrotilho. Fonte: BASSO, T. (2014). De acordo com os questionários realizados por Médicos Veterinários pode-se observar conforme o Gráfico 3, cerca de 28% usam para o tratamento do Garrotilho a penicilina e 16% usam sulfametoxazol + trimetoprima. Silveira (1987), afirma que o medicamento tradicional, a penicilina, que costuma resolver 95% dos casos. As tetraciclinas e as sulfaterapias também são indicadas no tratamento. Amaral (2008), descreve que outros antibióticos, tais como a oxitetraciclina, a combinação sulfa + trimetoprima, a eritromicina, embora apresentem menor eficiência, também poderão ser utilizados. De acordo com Santos (2009), o antibiótico de eleição nesses casos é a penicilina, mas é importante levar em consideração o número de animais doentes e a facilidade de administração devendo-se respeitar as doses e os intervalos entre medicações. Penicilina G é um antibiótico betalactâmico e sua ação é similar a das outras penicilinas. Ela liga-se às proteínas ligantes de penicilina para enfraquecer ou causar lise de parede celular. A penicilina G possui ação bactericida. Ela é eficaz em praticamente todas as bactérias da família Enterobacteriaceae e Staphylococcus spp. Existem diversas formulações, no entanto, para o tratamento do Garrotilho recomenda-se penicilina G sódica ou potássica (cristalina), a qual é hidrossolúvel, podendo ser administrada pelas vias endovenosa ou intramuscular ou penicilina procaína que é pouco solúvel para administração intramuscular ou subcutânea e tem sua absorção bastante lenta (PAPICH, 2012). 10 No que diz respeito aos efeitos adversos Papich (2012), diz que em ambas penicilinas podem ocorrer reações alérgicas e reações teciduais no local da injeção. Se for administrada uma dose alta de penicilina G sódica pela via intravenosa, os níveis de potássio podem diminuir. No caso da procaína, é possível ocorrer uma reação sobre o SNC de alguns equinos uma vez que a quantidade de procaína livre pode variar de acordo com cada formulação. A respeito da sulfometoxazol + trimetoprima Bernardi (2011), dizem que a trimetoprima é um antagonista sintético do ácido fólico usado em combinação com a sulfonamida (sulfonamida potencializada). Quando usados em associação possuem ação bactericida. A sulfonamida pertence ao grupo farmacológico das sulfas que funcionam basicamente como antimetabólicos, interferindo com a síntese do DNA e RNA bacteriano. Efeitos adversos da sulfametoxazol + trimetoprima são vários e incluem salivação, hiperpneia, excitação, fraqueza muscular e ataxia além de efeito tóxico aos túbulos renais. (WEBSTER, 2005). Para tratar os abscessos, apenas 4% dos entrevistados descrevem a utilização de pomadas rubifacientes e 8% utilizam a solução de iodopovidine como mostra o Gráfico 3. De acordo com Santos, (2009), os abscessos devem ser tratados topicamente com pomadas rubifacientes que estimulam sua maturação, assim como o uso de compressas quentes. Quando os abscessos são rompidos é realizado a drenagem para que não ocorra contaminação do local, deve-se realizar uma limpeza diária da ferida com solução de iodopovidine na concentração de 2% até a completa resolução do processo de drenagem. Os antiinflamatórios não esteroidais são administrados visando diminuir a dor e o edema ocasionados pela doença sendo que cerca de 20% fazem a utilização destes medicamentos para o tratamento da dor. Quanto ao uso de fluidoterapia cerca de 16% o fazem uso e 8% utilizam expectorantes (Gráfico 3). Moraes (2009), dizem que em casos complicados, deve ѕеr feito um tratamento de suporte, соmо fluidoterapia, medicamentos expectorantes е antimicrobianos em dosagens superiores dаѕ recomendadas normalmente. Em surtos da enfermidade os animais afetados devem ser imediatamente isolados para evitar a disseminação do agente. O isolamento deve ser de no mínimo de 4-5 semanas e cuidados devem ser tomados, também, com os utensílios utilizados nos animais doentes, como cordas, baldes, seringas de tratamento e outros. Os estábulos devem ser limpos e desinfetados e as camas queimadas (CORREA, 2001). 11 Conforme Melão & Pereira (2009) deve-se utilizar vacinas de eficiência comprovada e os animais em contato com animais doentes devem receber soro vacinação. O resultado da imunização não é totalmente seguro, isto é, a vacina pode falhar. Atualmente existem vacinas diz Santos, (2009) que proporcionam imunidade temporária aos cavalos que devem ser periodicamente revacinados com o intuito de amenizar o quadro da doença caso essa venha a se manifestar. A prevenção vacinal e cuidados de manejo quando eficientes são métodos eficazes para livrar uma propriedade de um surto de garrotilho. Correa (2001), descrevem um esquema de vacinação dos potros com 3-4 doses, a primeira entre 8-12 semanas de vida, a segunda entre 11-15 semanas de vida, a terceira entre 14-18 semanas (dependendo do produto usado) e a quarta no desmame entre os 6-8 meses. Animais de um ano devem ser vacinados bianualmente, assim como os demais animais da propriedade quando o risco de infecção é alto. As fêmeas prenhes devem ser vacinadas bianualmente, sendo uma dose administrada 4-6 semanas antes do parto. De acordo com Castro (2012), o clima frio e úmido são condições ideais para a propagação da doença e a Adenite Infecciosa Equina tem 90% de casos positivos, indo a óbito apenas 10% dos casos restantes, por muitas vezes, pelo tratamento inadequado dos proprietários com seus animais. O tratamento do Garrotilho é simples e sendo executado no tempo correto e da forma correta, será facilmente controlado. 4 CONCLUSÃO O garrotilho é uma enfermidade de suma importância econômica na equinocultura e apresenta algumas dificuldades em seu diagnóstico e controle. Com base nas respostas dadas por Médicos Veterinários e comparando-as com os dados encontrados na literatura que preconizam o tratamento da enfermidade de acordo com o estágio da doença. Conclui-se que os animais que não apresentam abscessos nos linfonodos devem ser tratados com Penicilina G. Podendo fazer associação com outros fármacos como sulfametoxazol + trimetoprima e ainda uso de fluidoterapia como tratamento de suporte. Quando há abscessos, aplica-se substâncias revulsivas, tais como iodo, que facilitam sua maturação para depois serem puncionados. Curativos locais devem ser feitos posteriormente, através da irrigação do abscesso com solução de iodo a 2%. 12 5 REFERÊNCIAS AMARAL, Getulio Anizio Caires do; et al. Tratamento de Garrotilho em Equinos. Revista Científica e Eletrônica de Medicina Veterinária. Garça/SP: 2008. Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódico Semestral. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/j2DqAXe58rGjwPx_2013-529-11-5-0.pdf. Acessado em: 15 de setembro de 2014. BERNARDI, Maria Matha; et al. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 5ª Ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2011. CASTRO, Vitor Emiliano. Adenite Equina – Garrotilho. 2012. Disponível em: http://grandesanimais2.blogspot.com.br/2012/09/adenite-equina-garrotilho.html. Acessado em: 18 de setembro de 2014. CORREA, Franklin Riet; et al. Doenças de Ruminantes e Equinos. São Paulo: Livraria. Varela, 2001. Vol. I, segunda edição. Pg. 265. 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São Paulo: Roca, 2005. 14 APÊNDICE I 15 QUESTIONÁRIO AO MÉDICO VETERINÁRIO SOBRE ADENITE INFECCIOSA EQUINA NOME DO ENTREVISTADO: LOCAL: DATA: 1- Qual a incidência da doença na região? 2- Como é feito o diagnóstico a campo? 3- Para firmar um diagnóstico preciso, baseia-se apenas pelos sinais clínicos ou solicita exames complementares? Se sim, quais? 4- Quais são os sinais clínicos observados normalmente? 5- Qual é o protocolo de tratamento normalmente instituído? O por quê do uso de cada fármaco? 6- É usado um fármaco expectorante no tratamento? Se não, por quê? 7- Além do uso de antibióticos que é o tratamento básico, é usado algum outro fármaco pra tratar outro(s) sintoma(s)? 8- Além da profilaxia medicamentosa, que outros cuidados são atribuídos para auxíliar no tratamento? 9- Quais são as medidas sanitárias necessárias para controlar/impedir a disseminação da doença?