ASSISTÊNCIA AO PARTO Profª Mônica I. Wingert Turma 201 ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL Parto normal: O parto normal é o desfecho natural de uma gravidez, de início espontâneo, baixo risco, durante todo o processo, pois é um tipo de parto cuja recuperação é mais rápida e que não requer procedimentos invasivos. A OMS define parto normal como “aquele cujo início é espontâneo e sem risco identificado no início do trabalho, assim permanecendo até o parto. A criança nasce espontaneamente, em posição de vértice, entre 37 e 42 semanas completas de gestação. Após o parto, mãe e filho estão em boas condições”. Objetivos: Mãe e criança saudáveis com o mínimo de intervenção compatível com a segurança. (OMS, 1996). Recuperação é mais rápida e as chances de surgirem hematomas e infecções na mãe e no bebê são muito menores, pois o parto normal é o término natural de uma gravidez. RECOMENDAÇÕES DA OMS Cesárea deve corresponder a no máximo 15% dos partos no BRASIL: 38% dos partos (2000), 41,8% (2005); Segunda taxa mais alta de cesarianas do mundo, só suplantada pelo Chile; Discreto declínio no setor público nos últimos anos (25%), no serviço privado em torno de 80%. SITUAÇÃO ATUAL Desinformação da sociedade – parto como processo natural; Despreparo psicológico e cultural da mulher para o parto vaginal; Falha na qualidade de informações durante pré-natal; Medo de sentir dor; Valorização da formação cirúrgica do obstetra; Comodidade / controle. ANAMNESE E EXAME OBSTÉTRICO: Identificação DUM- data da última menstruação IG- idade gestacional Dados do TP (trabalho de parto) Alergias PA- pressão arterial BCFs- batimentos cardiofetais Exame de Toque Contrações Diagnóstico do TP (trabalho de parto): ≥ 3 cm de dilatação + 2-3 continuas/10 min eficientes 2/15min + 2 sinais destes: - Apagamento cervical, - ≥ 3 cm de dilatação - Ruptura espontânea das membranas. AVALIAÇÃO DO RISCO NO PARTO Padrões anômalos de BCFs Falha de progressão Sangramento Apresentação pélvica Parto disfuncional Malformação cardíaca congênita Outras malformações fetal reconhecidas Cardiopatia materna Diabetes materno Hipertensão materna Gestação múltipla Lúpus Oligoâmnio Mecônio espesso Gestação prolongada ( ≥ 42 semanas) FASES CLÍNICAS DO TP- quatro fases Primeiro período: dilatação Segundo período: expulsão Terceiro período: dequitação Quarto período: primeira hora depois do parto INÍCIO DO TRABALHO DE PARTO Internação. Tricotomia – não há evidência de que traga benefícios para o parto ou puerpério. Preferencialmente, realizar a tonsura dos pêlos pubianos. Acesso venoso – por ocasião da coleta dos exames laboratoriais na internação, é aconselhável manter o acesso por meio de jelco®, no 18 ou 16, salinizado. Enema – desnecessário na conduta rotineira. Sinais vitais: pressão arterial, pulso, temperatura. Exame obstétrico detalhado. Palpação abdominal. Ausculta fetal. Exame especular. Toque vaginal Características do colo uterino (orientação, dilatação, apagamento). Diagnóstico da apresentação fetal: tipo, altura, atitude (flexão e sinclitismo-descida da cabeça do feto pela bacia), variedade de posição. Arquitetura da pelve. Avaliação laboratorial: VDRL, teste rápido para HIV (se desconhecido e se autorizado pela parturiente), grupo sanguíneo e fator Rh. Admission test: não há evidência científica que justifique a realização de rotina de cardiotocografia (BCFs) admissional para gestantes sem risco identificado. Também não é necessária para a comprovação de que a paciente está em trabalho de parto. Dieta Orientação clássica: Dieta zero durante todo o trabalho de parto => abstenção de líquidos e alimentos. O objetivo é prevenir a aspiração do conteúdo gástrico na eventualidade Mendelson) de anestesia geral (Síndrome de Questionamentos Restrição da ingesta de líquidos e alimentos durante o TP não garante menor conteúdo estomacal (McKAY & MAHAN, 1988) Risco de aspiração – relacionado ao risco de anestesia geral Esse risco é mínimo no parto de baixo-risco Efeitos deletérios do jejum para o binômio mãe-feto Efeitos deletérios(prejudicial) do jejum Desidratação e cetose Hipoglicemia materna Comprometimento do bem-estar fetal Frequente tratamento com solução glicosada Problemas associados à infusão excessiva de soro glicosado Problemas com o jejum Aumento da glicemia fetal Hiperinsulinismo fetal => HIPOGLICEMIA NEONATAL e aumento de lactato Hiponatremia materna e neonatal (diminuição do sódio) Esses eventos são bem mais frequentes que o risco teórico de aspiração do conteúdo gástrico na anestesia geral RECOMENDAÇÕES (OMS) Avaliar risco anestésico (anestesia geral) Avaliar necessidade de repor as fontes de energia para garantir o bem-estar materno e fetal Permitir ingesta à gestante de baixo-risco (líquidos claros, alimentos leves) Respeitar as concepções populares regionais “Jejum não é recomendado de rotina em pacientes de Baixo Risco. Não há evidências da necessidade de restringir ou proibir dieta.” ENEMA ROTINEIRO Supostos benefícios Estímulo das contrações uterinas O intestino vazio facilita a descida da cabeça Redução da contaminação no período expulsivo Redução do risco de infecção materna e neonatal Desvantagens Incômodo Considerado constrangedor por diversas mulheres Pequeno risco de lesão intestinal Risco de eliminação de fezes liquefeitas no período expulsivo Conforme estudos o enema não evidência: Ausência de efeitos sobre infecção neonatal e puerperal Não previne a eliminação de fezes no primeiro e no segundo estágio do TP Não afeta a duração do trabalho de parto nem a dinâmica uterina Não há evidências suficientes para recomendar sua indicação de rotina Não há vantagens na realização rotineira de enemas durante o trabalho de parto Muitas mulheres julgam a enteróclise constrangedora À luz das evidências atuais essa prática pode ser considerada DESNECESSÁRIA Não deve ser realizada de rotina na assistência ao parto, exceto se for solicitada pela parturiente TRICOTOMIA SUPOSTOS BENEFÍCIOS Higiene Redução da infecção na cesárea e no parto normal Facilita a sutura perineal RESUMO DAS EVIDÊNCIAS Não existem evidências que recomendem sua utilização Em cirurgia já está comprovado o aumento do risco de infecção quando mais de uma hora transcorre entre a tricotomia e a incisão da pele O procedimento aumenta o risco de infecção por HIV e hepatite para a parturiente e para o pessoal de saúde “NÃO é necessária de rotina”. RECOMENDAÇÕES Evitar tricotomia para os partos normais, salvo se for solicitado pela parturiente; Caso se verifique indicação de cesárea, realizar a tricotomia DO LOCAL DA imediatamente antes do procedimento. INCISÃO EPISIOTOMIA Conceito atual: Trauma perineal provocado. Não deve ser usada de rotina. ACOMPANHANTE - DOULA Reduz a necessidade de analgesia Reduz a necessidade de parto operatório Maior grau de satisfação materna Maiores benefícios: suporte contínuo e precoce Todas as mulheres devem ter apoio contínuo durante o trabalho de parto e o parto MONITORIZAÇÃO FETAL AUSCULTA INTERMITENTE Estetoscópio de Pinard Sonar Doppler A cada 15-30 minutos (1º estágio do TP) A cada 5 minutos (2º estágio do TP) Fácil utilização e garante liberdade na movimentação . PARTOGRAMA Partograma é uma representação visual/gráfica de valores ou eventos relacionados com o trabalho de parto. As medidas podem incluir estatísticas como a dilatação cervical, frequência cardíaca fetal, duração do trabalho de parto e sinais vitais. O partograma tem como finalidade um registro acurado do progresso do trabalho de parto, de maneira que qualquer atraso ou desvio do normal seja detectado e tratado rapidamente. Acompanhar a evolução do TP Documentar o TP Diagnosticar alterações no TP Indicar a tomada de condutas apropriadas para correção destes desvios Evitar intervenções desnecessárias Monitoramento do progresso do TP MANEJO ATIVO NO TRABALHO DE PARTO Amniotomia Procedimento médico no qual uma ruptura é feita nas membranas que envolvem o feto, na tentativa de induzir o parto. Não deve ser recomendada de rotina. Não houve evidência em relação à duração do 1º estágio do TP, satisfação materna e escores de Apgar no 5º minuto. Tendência a aumento do risco de uma operação cesariana. MANEJO ATIVO NO TRABALHO DE PARTO Ocitocina Hormônio produzido pelo hipotálamo e armazenado na hipófise que tem a função de promover as contrações musculares uterinas e reduzir o sangramento durante o parto, para estimular a liberação do leite materno. - OMS não recomenda infusão rotineira de ocitocina em parturientes saudáveis. - ↑ necessidade de monitorização e vigilância. . ESTIMULAR A DEAMBULAÇÃO “Posição supina pode ter efeitos fisiológicos adversos p/ mãe, feto e progresso do trabalho de parto”. “A deambulação pode aumentar o controle de seu TP, prover distração e facilitar suporte, interação com o acompanhante, além de reduzir necessidade de analgesia e indicação da cesárea”. . MÉTODOS DE ALÍVIO DA DOR Métodos não farmacológicos Acupuntura Hipnose Aromaterapia Musicoterapia Massagens Hidroterapia APOIO Métodos farmacológicos Analgesia peridural . Existe risco maior de parto instrumental. Não houve diferença em relação a incidência de cesáreas e escores de Apgar. Peridural x analgesia combinada (raqui+peri) Início de ação mais rápido Maior satisfação materna Prurido É o parto via vaginal (parto normal) no qual se utiliza um instrumento cirúrgico semelhante a uma colher que é colocado no canal genital da mulher, ajustando nos lados da cabeça do bebê para ajudar o obstetra a retirá-lo do canal de parto em casos de emergência ou sofrimento fetal. Este instrumento permite que o obstetra faça suaves manobras de rotação e extração para auxiliar a saída do bebê. Graças à sua forma curva, "abraça" a cabecinha do bebê, mas sem a comprimir demasiado. O fórceps é formado por duas partes alongadas e conectadas que se curvam nas pontas para abrigar a cabeça do bebê. São levados em conta vários motivos para a realização dos partos fórceps como: circunstâncias em que haja sofrimento fetal ou a mãe não esteja mais conseguindo fazer força. Risco do parto com fórceps O parto com fórceps traz um risco maior se o médico não tem experiência pode causar lesão perineal ou cervical, e a laceração da vagina e do reto. A ruptura do esfíncter anal e lesões no assoalho pélvico podem ser outros resultados do uso fórceps. A região sofre dano muscular com frequência, o que pode afetar o reto ou a bexiga. Isso normalmente ocorre se o médico não puxa delicadamente durante uma contração. No bebê ode ocorrer marcas faciais, edema excessivo ou prolongado ao redor da cabeça ou pequenas lesões de pele durante o parto com fórceps. Podem ocorrer lacerações faciais e arranhões, como também hematomas na cabeça do recém-nascido. Sérios riscos incluem danos aos músculos faciais do bebê, o que pode resultar em paralisia facial, abcesso de couro cabeludo e hemorragia intracraniana. Também pode ocorrer fratura de crânio. Quando se usa o fórceps, se o médico puxa muito forte, a vértebra do pescoço do recém nascido pode ser desalinhada. Parto cesárea A cesareana também denominada cesárea é uma técnica técnica utilizada para retirar um feto de dentro do útero. Este procedimento é realizado no CO e/ou CC seguindo todas as técnicas assépticas e de segurança a mãe e ao bebê, ocorre então o prepara da paciente conforme as normas e rotinas do setor. Para a realização da operação é realizada a anestesia na região região lombar da paciente, entre duas vértebras da coluna. A dor da picada não é intensa, mas é perceptível. Existem três variações de anestesia: a raquidiana e a peridural. Todas prezam pela possibilidade da mãe permanecer acordada durante o parto, mas sem sentir dor do peito para baixo. “A aplicação da anestesia é direcionada de acordo com a paciente, seu quadro clínico, a situação do trabalho de parto, entre outros fatore. Após a anestesia a paciente é posicionada e feita uma incisão transversal ou longitudinal sobre a pele da gestante, acima da linha dos pêlos pubianos. São sucessivamente abertos so tecidos na seguinte ordem: Epiderme, derme, tecido adiposo e a aponeurose dos músculos reto abdominais, separados os músculos na linha média e abertos o peritônio e a parede uterina. O próximo tempo é a extração do feto, seguida da retirada da placenta e revisão da cavidade uterina. São então suturados os planos anteriormente incisados. Pós-parto da cesárea No pós-operatório a intensidade e duração das dores, desconfortos e limitações da paciente variam para cada pessoa, mas, mesmo nos casos mais simples, o pós da cesárea tende a ser pior que o do parto normal. Independente dos procedimentos da instituição, a recomendação é que a paciente fique de 6 a 12 horas mais quieta, sem fazer esforço. É necessário ficar, no mínimo, 48 horas internada antes de receber alta, mas esse período pode se estender por até 60 horas ou até mais, em casos em que tenha havido algum tipo de complicação durante o parto. Desse ponto em diante, o desenvolvimento varia de caso a caso, a dor mais intensa deve passar entre 5 e 7 dias, mas dores menores e desconfortos podem chegar a durar semanas ou até meses. Muitas mulheres que optam pela cesárea por medo da dor do parto normal se alarmam ao saber que não conseguirão evitá-la na cesariana também. A dor é uma defesa e, a não ser que seja acompanhada por sangramento, é perfeitamente natural. É necessário lembrar sempre que, ao optar por realizar uma cesariana, você está se submetendo a uma cirurgia e a recuperação, por mais tranquila que seja, terá suas dificuldades. O uso de medicamentos para ajudar na manutenção desse período: “Com o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, o pós da cesárea, a utilização da cinta modeladora para amenizar a dor, mas alertam sobre a necessidade de discutir esse uso com o médico antes. Exercícios leves, como yoga, caminhadas e alongamentos, só após 30 dias e apenas com autorização médica. Complicações As complicações deve-se à anestesia, hemorragias graves e consequente necessidade de transfusões sanguíneas, infecções, danos nos órgãos localizados perto do útero (como a bexiga), problemas de coagulação do sangue e o bloqueio de vasos sanguíneos nos pulmões com líquido amniótico, o que pode resultar na morte da mãe e/ou do bebê. Um risco comum das cesarianas é dor crônica na zona onde foram feitas as incisões ou insensibilidade ao toque nas zonas acima ou abaixo das incisões. Os bebês nascidos através de cesariana são muitas vezes prematuros e, em muitos casos, também têm problemas respiratórios (o fluxo de ar que entra e sai dos pulmões está obstruído, o volume dos pulmões é reduzido, e não possuem a substância que reduz a tensão superficial dos pulmões e os ajuda a respirar).”Surfactante”. OBRIGADA terminou! PARTO NORMAL, PARTO NORMAL, PARTO NORMAL... Questionário 1. Defina parto normal. 2. Quais são os objetivos de um parto seguro? 3. Porque as gestantes tem medo de realizar o parto normal? 4. Quais são os itens avaliados na recepção da gestnate ao chegar no C.O e quem realiza essa avaliação? 5. Cite algumas situações de rsico que impede a realização do parto normal. 6. Quais são as fases do T.P? 7. Defina tricotomia e suas vantagens e desvantagens. 8. Porque deve ser realizado o acesso venoso e qual o calibre de escolha? 9. Defina enema e seus benefícios e desvantagens. 10. Quais são os sinais vitais realizados na gestante? 11. Qual é o objetivo da ausculta fetal? 12. Quais exames laboratoriais realizados no C.O? 13. Qual é o objetivo da dieta zero durante o trabalho de parto? 14. Quais são os efeitos deletérios do jejum? 15. Conceitue episiotomia. 16. Defina Doula e seus benefícios. 17. Qual é a importância da monitorização fetal? 18. O que é partograma e qual sua importância para a mãe e o bebê? 19. Porque é realizado a amniotomia? 20. Defina ocitocina. 21. Porque estimular a deambulação durante o T.P? 22. Dê exemplos para alívio da dor no T.P. 23. Descreva os tipos de parto. 24. Em que situação é realizada a cesariana? 25. Porque é utilizado o forceps?