A sede actual da OF, na altura Sociedade Farmacêutica Lusitana, foi inaugurada em 1901
Sede da Ordem dos Farmacêuticos: Que Solução?
A procura de uma solução para a sede da Ordem dos Farmacêuticos é uma
aspiração que tem acompanhado a vida da própria Instituição e que tem constituído
uma meta ao longo de toda a sua existência. Desde a aquisição da actual sede,
impregnada de história e de afectos, traçamos um percurso até aos dias de hoje,
em que ressalta o sonho de encontrar um espaço condigno e adequado, capaz de
honrar o passado e projectar o futuro da Ordem dos Farmacêuticos.
A Sociedade Farmacêutica Lusitana (SFL), de que a Or‑
dem dos Farmacêuticos (OF) é legítima continuadora, foi
criada em 1835, na Botica do Hospital de São José. Nos
seus primeiros 65 anos de história, transferiu­‑se para o
Convento dos Carmelitas Descalços – actual Quartel da
Graça –, onde se manteve até à ocupação das instala‑
ções pela corporação militar, daí passou para o Convento
de São João Nepumoceno, depois para o Recolhimento
da Mouraria e, por fim, por várias casas alugadas, a últi‑
ma das quais no n.º 234 da Rua dos Fanqueiros.
A frequente mudança de instalações fez nascer o dese‑
jo de adquirir uma casa própria, tendo em 1873 sido
apresentada por um farmacêutico de nome Quadros
uma proposta neste sentido. Na sequência, e depois de
vários grupos de farmacêuticos nomeados para tratar
do assunto terem falhado esta missão, acabou por ser
um grupo designado por “Comissão da Casa” que con‑
cretizou a tarefa. Fizeram parte desta comissão os far‑
macêuticos Joaquim José Alves, José Bento Coelho de
Jesus, Alberto Costa Veiga, Francisco de Carvalho, Au‑
gusto Simões de Abreu, António Alves Barata, João
Mendes Carreiro e José Estanislau da Silva.
Entre 1835 e 1900, a Sociedade
Farmacêutica Lusitana
esteve sediada no Convento
dos Carmelitas Descalços,
no Convento de São João
Nepumocemo, no Recolhimento
da Mouraria e, por fim, em várias
casas alugadas, a última das
quais na Rua dos Fanqueiros,
sempre em Lisboa
A inauguração
Em Janeiro de 1900, o então presidente da SFL anun‑
ciava a instalação da Sociedade em casa própria para
Janeiro do ano seguinte com as seguintes palavras:
“Não nos foi possível achar terreno em ponto mais cen‑
tral, apesar de todos os esforços empregados pela Co‑
missão, e ter­‑se pedido repetidas vezes aos sócios, em
diversas sessões da Sociedade, que a auxiliassem,
indicando­‑lhe casa ou terreno em condições de servir.
Não encontrámos, porém, quem nos fizesse qualquer
indicação neste sentido. A edificação que se está fazen‑
do não é apenas para agora, é para durar muitos anos,
se não houver algum cataclismo que a destrua”. E acres‑
centava que a cidade de Lisboa tinha “ultimamente
toda a tendência para se alargar para o norte, devendo
o bairro onde está casa da Sociedade, daqui a tempo
não muito remoto, pelo desenvolvimento que tem havi‑
do, ser o coração de Lisboa”.
Do relatório apresentado pela “Comissão da Casa” res‑
salta a proposta de emissão de 8.000$00 em obriga‑
ções de 10$00, por se confiar “no melhor êxito da
aceitação completa do empréstimo, atentas as cir‑
cunstâncias em que era feito. Todavia, outras circuns‑
tâncias (e por elas se pode julgar o estado precário da
nossa classe), trouxeram­‑nos ao espírito uma triste e
esmagadora desilusão; por isso que, não obstante as
circulares expedidas a todos os farmacêuticos do país,
acompanhadas, na maior parte, de cartas particulares,
pedindo com interesse e insistência a aceitação de
obrigações, não conseguimos obter que pouco mais
Placa com o nome dos fundadores da SFL exposta no átrio
do edifício sede da OF
que o equivalente a metade da emissão”. Apesar de a
receita ter ficado aquém das expectativas, mesmo as‑
sim, a Comissão não vacilou e prosseguiu o caminho,
pois, afirma o relatório, “depois de várias ofertas e de
todas as diligências usadas nesta espécie de transac‑
ções, comprámos em 15 de Novembro de 1899,
444,50m2 de terreno, a 3$60 o metro quadrado. Con‑
cedida definitivamente a construção da Casa da Socie‑
dade à Companhia de Crédito Edificadora Portuguesa,
pela quantia de 7.339$40, começou esta a sua execu‑
ção, que foi rigorosa e escrupulosamente vigiada pe‑
los membros da Comissão”.
Mas não terminaram aqui as preocupações, pois “para
cumprimento dos encargos acima descritos, e só com
dinheiro obtido pela emissão das obrigações, era im‑
possível desobrigar­‑se a Comissão desses contratos.
Por isso, depois de muito ventilada discussão sobre a
venda das inscrições, resolveu­‑se, quase por unanimida‑
de, pedir à Sociedade a necessária autorização para se
poder realizar essa venda, a qual nos foi concedida”, o
que, mesmo assim, não foi suficiente, pelo que “fez­‑se
uma subscrição suplementar entre alguns membros da
Comissão e ainda um terceiro empréstimo entre eles,
até que se pagaram todas as prestações”.
Foi deste modo que este grupo, após vencidas as inú‑
meras dificuldades com que se deparou, conseguiu rea‑
lizar o desejo acalentado durante longos anos por tan‑
tos farmacêuticos. Finalmente, a SFL inaugurava a sua
sede em Janeiro de 1901 e que lhe custara, além dos
muitos sacrifícios, a importância de 9.503$39.
Perspectiva do Salão Nobre
o edifício que deu nome à rua
A sede da OF localiza-se numa zona de Lisboa, entre
o Marquês de Pombal e o Campo dos Mártires da
Pátria, hoje considerada antiga e que ainda possui
numerosos edifícios centenários em razoável estado
de conservação. Situa­‑se no gaveto formado pela
Rua Bernardim Ribeiro e pela outrora designada Rua
n.º 4 do Bairro Camões, que, mais tarde, passou a
denominar­‑se Rua da Sociedade Farmacêutica, tra‑
duzindo, deste modo, o reconhecimento do municí‑
pio de Lisboa pelos relevantes serviços prestados
pela SFL.
O local é de fácil acesso viário e pedonal, mas apre‑
senta grande dificuldade de parqueamento em super‑
fície. A zona está bem servida de transportes públi‑
cos, embora a distância a pé da estação do metropo‑
litano mais próxima seja significativa. O imóvel dispu‑
nha inicialmente de dois pisos com uma área bruta de
construção diferente, sendo superior a do segundo
piso, o que se explica devido à forte inclinação da Rua
Bernardim Ribeiro. Como era característico nas cons‑
truções da época, a sua estrutura apresentava­‑se em
alvenaria de pedra e elementos de madeira, nomea‑
damente na constituição dos pavimentos e estrutura
da cobertura.
Embora as linhas arquitectónicas do edifício sejam de
grande simplicidade, o interior apresenta alguns elemen‑
tos decorativos de grande beleza, como os tectos e mo‑
biliário do Salão Nobre, da Biblioteca, ou do Gabinete do
Bastonário. Destacam­‑se ainda o vitral ricamente policro‑
mado com o símbolo da Farmácia, que está colocado so‑
bre a entrada, e o painel de azulejos que representa uma
gravura clássica do alquimista, com uma majestosa cer‑
cadura barroca. Ambos foram colocados em 1927, certa‑
mente com a intenção de embelezar a sede da SFL, por
altura do 1.º Congresso Nacional de Farmácia.
Com o passar dos anos, e com mais evidência a partir
da década de 60 do século passado, começou a tornar­
‑se notório o estado de degradação a que o velho imó‑
vel chegara. Além do aspecto nada condizente com o
mínimo de dignidade exigível para a importância e signi‑
ficado de uma Ordem profissional, estavam ainda em
causa aspectos relacionados com a insuficiência e fun‑
cionalidade dos serviços administrativos, bem como da
própria segurança do edifício, que apresentava já indí‑
cios de ameaça de ruína.
Com as obras realizadas
no início dos anos 80,
o edifício ficou com uma área
bruta de construção
de 808m 2. Dispenderam­‑se
com essas obras cerca de
10.000 contos, que mais
tarde foram reforçados
com um novo orçamento para
concluir a ventilação
do rés­‑do­‑chão
Elemento decorativo com o símbolo da Farmácia no tecto
do Salão Nobre
As primeiras obras
A aquisição do prédio contíguo
Por isso, no início dos anos 80, a Direcção da Ordem
então eleita, liderada por Alfredo Albuquerque, decidiu
proceder não apenas a obras de conservação e de re‑
forço da segurança, como também de beneficiação das
instalações existentes por via de um aumento da área
disponível a obter com o desaterro do rés­‑do­‑chão.
Esta obra, que permitiu aumentar cerca de 200m2 de
área utilizável, veio valorizar extraordinariamente o
imóvel e ajudar a resolver os sérios problemas de índo‑
le administrativa que então já existiam. Simultanea‑
mente, procedeu­‑se à substituição de toda a caixilharia
exterior, da armação do telhado e de toda a instalação
eléctrica, tendo­‑se ainda construído novas instalações
sanitárias.
Dispenderam­‑se com essas obras cerca de 10.000 con‑
tos, que mais tarde foram reforçados com um novo or‑
çamento para concluir a ventilação do rés­‑do­‑chão, ne‑
cessária por se encontrar parcialmente enterrado, e
terminar a instalação de tecto falso metálico com siste‑
ma de detecção de incêndios e de divisórias amovíveis
de alumínio.
Com esta ampliação, o edifício da sede ficou com uma
área bruta de construção de 808m2.
Terminada a recuperação do edifício e instalados os res‑
pectivos serviços, nenhuma outra iniciativa de vulto foi
tomada até início dos anos 90.
Foi então que surgiu a possibilidade de se adquirir o
prédio contíguo às instalações da sede histórica da Or‑
dem. Tratava­‑se de um edifício bastante degradado,
com uma área total de 142m2 – correspondente a uma
área coberta de 112m2 e a um logradouro de 30m2 –,
que oferecia uma oportunidade única de ampliação da
sede. Esta área, acrescida às instalações da sede, fa‑
zia elevar a superfície total edificável para 657m2.
Foi com essa intenção que a Secção Regional de Lisboa
(SRL), sob a presidência de Clara Carneiro, decidiu pro‑
por a sua aquisição numa Assembleia Regional, realiza‑
da em Março de 1993. Constatado o “entusiasmo ma‑
nifestado por todos os presentes, foi o caso apresenta‑
do ao bastonário e à Direcção Nacional, sendo unânime
a opinião de que a oportunidade não deveria ser perdi‑
da, a despeito de todas as dificuldades que tenhamos
de ultrapassar”.
Na sequência da proposta apresentada à Direcção Na‑
cional, foi nomeada uma comissão para angariação de
fundos, constituída pelos farmacêuticos Clara Carneiro,
Carlos Marques, Francisco Castro, Helena Lourenço,
Joa­quim Cabeça, Joaquim Casanovas, Jorge Leitão,
José Aguiar, José Fernandes, José Raposo, Paula Abreu,
Paulo Brás e Suzete Costa.
As comparticipações obtidas totalizaram os seguintes
montantes:
Biblioteca da Ordem dos Farmacêuticos
Em 1994, era então bastonário Carlos Silveira, a SRL, presidida por
Clara Carneiro, adquiriu o prédio contíguo à sede histórica, com a
perspectiva de se proceder à ampliação do edifício, o que fez elevar a
superfície total edificável para 657m2
–Corporativas Farmacêuticas (Codifar, Farmacoope,
Farsul, Infarma, e União dos Farmacêuticos de Portu‑
gal) – 13.000 contos
–Associados inscritos na SRL – 9.486 contos
–Donativos provenientes de iniciativas diversas – 5.640
contos
É ainda interessante registar que, num universo de
3.355 inscritos da SRL, contribuíram 734 membros, ou
seja, 21,9 por cento do total. O valor restante necessá‑
rio para comprar o edifício foi obtido através das con‑
tribuições da Direcção Nacional (7.200 contos) e da
SRL (12.200 contos). Estavam assim reunidas as con‑
dições para concretizar a operação, o que aconteceu a
14 de Julho de 1994, com a celebração do acto oficial
de escritura de compra e venda realizado na sede da
Ordem, em que estiveram presentes o bastonário Car‑
los Silveira, a presidente da SRL e os advogados de
ambas as partes.
Como promessa ficou, para apreciação dos membros, a
apresentação de um projecto arquitectónico que vies‑
se, “ de forma harmoniosa e funcional, dar nova volume‑
tria ao edifício secular existente”.
Foi, portanto, com esse intuito que a SRL dinamizou a
aquisição do edifício contíguo. Embora este projecto
pioneiro, que tinha por base um regime de co­
‑propriedade com outros organismos corporativos far‑
macêuticos, não tivesse reunido as condições neces‑
sárias para ser posto em prática, tendo sido rejeitado
em Assembleia Geral, a verdade é que durante muito
Apesar dos aspectos históricos e
sentimentais evocados por muitos
farmacêuticos para que a OF
permanecesse no edifício centenário
que ocupa, a Direcção Nacional,
sob a presidência do bastonário
João Silveira, considerou outras
possibilidades que oferecessem
as condições e a dignidade de
uma Ordem profissional, desde a
construção de um novo imóvel até à
recuperação do edifício
tempo se procurou encontrar uma solução para a
construção de novas instalações no mesmo local, de
propriedade exclusiva da OF.
A concretização da obra – que passava pelo aproveita‑
mento e e/ou demolição do actual imóvel e a constru‑
ção de um novo edifício com aproveitamento do espaço
entretanto adquirido – revelou­‑se sempre um projecto
de difícil execução. Além dos aspectos relacionados
com o financiamento da obra, havia que, durante dois
anos, pelo menos, transferir os serviços da Ordem para
outro local, situação difícil de ultrapassar, tanto pelos
elevados custos associados à mudança e aluguer de
um espaço adequado, como pelos incómodos inerentes
a esta acção.
Infelizmente, circunstâncias várias fizeram com que
este compromisso ficasse por cumprir. Assim, o prédio
adquirido continua a degradar­‑se sem que tenha qual‑
quer serventia digna de registo para a Ordem. A iniciati‑
va foi, no entanto, bastante importante, pois veio con‑
tribuir para um grande aumento do valor do património
imobiliário da OF.
Importa recordar que a primeira iniciativa de construir
um novo imóvel no mesmo local da actual sede data
ainda da época do Sindicato Nacional dos Farmacêuti‑
cos, instituição que sucedeu à SFL e que antecedeu a
criação da OF.
Painel de azulejos com a gravura do alquimista e cercadura
barroca, junto à escadaria de acesso ao 1.º piso
equacionada a mudança de
instalações
Os constrangimentos relacionados com a sede históri‑
ca mantiveram­‑se, nomeadamente as dificuldades de
estacionamento nas zonas circundantes, sendo, por ou‑
tro lado, pouco exequível a construção de um parquea‑
mento privativo suficientemente amplo, quer por razões
de ordem técnica, quer pelos elevadíssimos custos as‑
sociados.
Apesar dos aspectos históricos e sentimentais evo‑
cados por muitos farmacêuticos para que a OF per‑
manecesse no edifício centenário que ocupa, a Direc‑
ção Nacional, sob a presidência do bastonário João
Silveira, em 1998, considerou também outras possi‑
bilidades que iam desde a construção de um novo
imóvel em local mais adequado, até à recuperação
de um edifício que oferecesse as condições e a digni‑
dade requeridas para uma Ordem profissional. A op‑
ção de construção de uma nova sede foi proposta,
tendo como objectivo concretizar um projecto inova‑
dor, concebido para um espaço de grande qualidade,
que apresentasse, desde logo, vantagens inegáveis
face a todas as ideias até então defendidas para a
futura sede.
O Parque das Nações foi então apontado como o local
onde se poderiam encontrar evidentes vantagens
No início do mandato
de José Aranda da Silva foi
nomeada uma Comissão
de Obras das Novas Instalações
da OF, que estudou várias
soluções técnicas e financeiras
para resolver as insuficiências
das instalaçoes da sede da OF,
quer em termos de espaço,
quer em termos de
adequação a mais e maiores
Vitral policromado com o símbolo da Farmácia sobre a
entrada para o edifício
comparativas. Esta nova centralidade que estava a
surgir na área da Expo 98 apresentava qualidades fora
do comum: localização magnífica, facilidade de acesso,
edifícios com qualidade arquitectónica e múltiplas áre‑
as de serviços e lazer.
Entre 1998 e 1999 foram estabelecidos contactos
com a Parque Expo, visando a construção de uma
nova sede em lote a adquirir no Parque das Nações.
De acordo com uma “projecção das necessidades em
instalações da OF a médio e longo prazo”, aprovada
por uma Comissão de Obras formada pelos farmacêu‑
ticos Francisco Guerreiro Gomes, Carlos Laranjeira
Henriques, Pedro Lima, Jorge Félix e pelo arquitecto
Martins Garrido, procurava­‑se então um terreno com
680m2 para construção de 2.000m2 de área bruta em
3 pisos acima do solo.
A Parque Expo informou estar disponível um terreno
com 3.000m2 de área bruta de construção, com preço
variável entre 90 e 95 contos/m2, pelo que o custo
total ficaria compreendido entre os 270 e 285 mil con‑
tos. A Ordem contrapôs o valor global de aquisição de
180 mil contos, que não foi aceite porque a Parque
Expo teria outras entidades interessadas que apresen‑
tavam propostas dentro dos valores desejados. O as‑
sunto foi levado a reunião de Direcção Nacional e a
Ordem decidiu informar que aceitaria o valor de 90
responsabilidades
contos/m2, ou seja, um custo de aquisição de 270 mil
contos, desde que o pagamento fosse faseado em
prestações de 25 por cento, a serem pagas semestral‑
mente, com início na celebração do contrato de pro‑
messa de compra e venda.
Entretanto, novas condicionantes foram levantadas
pela Parque Expo – redimensionamento do lote, que
teria de ser dividido com outra entidade, custos adicio‑
nais devidos à imposição do 3.º piso de parqueamento
e ainda outras exigências de menor importância. Além
disso, o projecto final para o lote não estava ainda
totalmente delineado, pelo que a administração da
Parque Expo assumiu o compromisso de comunicar à
Ordem até Fevereiro de 2000 qual a sua posição final
sobre o assunto.
Apesar das insistências da Ordem, essa informação
nunca foi transmitida, razão pela qual apenas poderia
tirar­‑se uma conclusão: a Parque Expo teria encontra‑
do um comprador disposto a pagar um preço muito
mais elevado.
Esta iniciativa acabou, assim, por não se concretizar;
contudo, permaneceu o objectivo de encontrar um lo‑
cal capaz de dar corpo a essa aspiração, tendo sido
realizados alguns estudos importantes, entre os quais
a avaliação do património imobiliário da Ordem e pro‑
jecto de financiamento para a nova sede.
cinco alternativas em estudo
Com a tomada de posse da nova Direcção, presidida
por José Aranda da Silva, manteve­‑se o objectivo de
construção de uma nova sede para a Direcção Nacional
e SRL. Dando cumprimento ao seu programa eleitoral,
iniciaram-se, em 2001 e 2002, os contactos com a co‑
missão nomeada para coordenar os trabalhos tendo
em vista a aquisição de uma nova sede. Esta Comissão
de Obras das Novas Instalações da Ordem dos Farma‑
cêuticos era constituída por António Canaveira Paula
de Campos, António Cavaco, António Miguel Corrêa Fi‑
gueira, Fernando Miranda, João Cordeiro, João Silveira,
Pedro Coelho e José Maria Roque Lino. O início das
actividades desta Comissão foi marcado pela realiza‑
ção de audiências com responsáveis autárquicos do
distrito de Lisboa, nomeadamente Isaltino Morais (Oei‑
ras), João Soares (Lisboa), Carlos Teixeira (Loures) e
Manuel Vargas (Odivelas).
No início de 2002, a Comissão reuniu com o bastonário
José Aranda da Silva e apresentou o primeiro esboço da
memória descritiva da futura sede, tendo em conta o
crescimento verificado ao nível dos cursos de formação
organizados pela OF e a necessidade de adequar o
novo espaço ao número de serviços que a Ordem con‑
siderava ser necessário proporcionar aos seus mem‑
bros. Na sequência dessa reunião, ficou decidido actua‑
lizar o projecto de financiamento da nova sede e
reformular­‑se um plano fiscal, que contemplasse, se
possível, a Lei do Mecenato.
A Direcção Nacional estava convicta das insuficiências
das instalações da sede da OF e da SRL, quer em ter‑
mos de espaço, quer em termos de adequação a mais e
maiores responsabilidades. Era então considerada
inadiável uma tomada de posição acerca da construção
de um novo edifício, capaz de dar resposta não apenas
às solicitações da época, mas às futuras. Assumindo
que encontrar a melhor solução e disponibilizar os re‑
cursos financeiros eram tarefas de grande complexida‑
de, a Direcção reconhecia que tal só seria possível com
o apoio de todos os farmacêuticos e das organizações
associadas à actividade da OF.
Entretanto, durante o mandato de José Aranda da Silva
foi reconhecida a complexidade das diversas modalida‑
des e soluções para o problema da nova sede. Nesse
contexto, recorreu­‑se a uma empresa qualificada para
desenvolver as acções e estudos adequados, de modo
a avaliar os diversos factores necessários à fundamen‑
tação de uma decisão equilibrada e potencializadora de
todas as possibilidades. As alternativas a ponderar fo‑
ram as seguintes:
A) Manutenção nas actuais instalações, agregando o
edifício contíguo já adquirido;
B) Aquisição de um imóvel a recuperar/adaptar;
Gabinete do bastonário com elementos decorativos doados
pela Pharmacia Oliveira
C) Aquisição de um terreno adequado à construção de
novas instalações;
D) Aquisição de nova área em edifício de qualidade.
Hipótese A – Manutenção nas actuais
instalações, agregando o edifício contíguo
O estudo de arquitectura apresentado tentou, na medi‑
da do possível, integrar o programa ocupacional proposto
pela Ordem na área de implementação existente e que
pressupunha a demolição total ou parcial dos edifícios
existentes, a fim de se poderem criar as seguintes áreas:
–3 Caves de estacionamento para 50 lugares;
–Piso ­ ‑1 para arquivo, auditório/salas de formação e
cafetaria;
–Piso 0 para átrio, atendimento e secretaria, gabinetes
diversos, salas de reuniões, colégios, grupos profissio‑
nais, e respectivos secretariados, livraria e merchandising, com entrada independente;
–Piso 1 para biblioteca, apoio social, sala de fotocópias;
–Piso 2 para contabilidade, assistência técnica/legisla‑
ção, sala de reuniões da SRL, Centro de Informação do
Medicamento, secretariados geral, técnicos, regional e
nacional, gabinetes para o presidente da SRL e bastoná‑
rio, sala de reuniões do bastonário/Direcção Nacional;
–Piso 3 para gabinetes diversos.
O estudo de arquitectura realizado mostrava que as
áreas disponíveis não permitiam ter salas de formação
independentes, levantando ainda outra questão: como
compatibilizar um edifício fisicamente assente num só
piso, e que representa a história da OF, com três novos
pisos em cima, além de outro edifício contíguo adquiri‑
do para o efeito?
Da análise técnica detalhada do projecto, consideram­
‑se as seguintes vantagens e desvantagens:
Vantagens
–Permanência no local de tradição para a OF;
–Situação geográfica no centro da cidade de Lisboa.
Desvantagens
–Qualquer que fosse a solução (demolição parcial ou
total dos edifícios existentes), os serviços da Or‑
dem teriam de mudar provisoriamente de instala‑
ções, enquanto se procedia à nova construção (du‑
rante aproximadamente 2 anos), com inerentes
custos da mudança, aluguer de espaço e reorgani‑
zação dos serviços;
–Independentemente de poderem ser criados 50 luga‑
res de estacionamento, em situações de maior aflu‑
ência dos membros, não existe nas proximidades
qualquer facilidade de estacionamento;
–Não implementação da totalidade das necessidades
definidas pela OF, nomeadamente no que se refere ao
auditório/salas de formação, o que implicaria a ges‑
tão cuidada das funções complementares distintas
destes espaços, assim como a impossibilidade de ins‑
talar restaurante ou qualquer outro pólo de atracção
para encontros informais dos membros;
–Custos elevados de construção, fundamentalmente
no que se refere às caves para estacionamento.
Os custos calculados em Janeiro de 2003 para a hipó‑
tese A foram estimados nos seguintes montantes:
–Demolição e escavação para parqueamento – 510.000€
–Construção, incluindo instalações técnicas –
3.200.000€
–Projectos e fiscalização de obra – 450.000€
–Licenças e taxas – 350.000€
–Valor de aluguer de instalações provisórias – 360.000€
–Valor total – 4.870.000€
Hipótese B – Aquisição de um imóvel a
recuperar/adaptar
Na apreciação desta alternativa foram considerados os
seguintes casos:
B I – Aquisição de imóvel constituído por moradia e am‑
plo terreno circundante, com boa localização e facilida‑
Bandeira comemorativa do centenário da SFL
des de acesso, que permitisse instalar convenientemen‑
te as áreas nobres da Ordem, mediantes adequadas
obras de adaptação, (B II) e construir no terreno adjacen‑
te um edifício apto a instalar as áreas técnicas e admi‑
nistrativas, bem como o parqueamento necessário.
B III – Aquisição de imóvel do tipo palácio, bem localiza‑
do, de fácil acesso e com área adequada à instalação de
todos os serviços da Ordem, mediante adequadas
obras de adaptação.
Os custos totais estimados para estas alternativas foram:
B I – 3.295.000€
B II – 5.085.000€
B III – 9.845.000€
Em termos de financeiros, a hipótese A apresentou,
comparativamente com a hipótese B, uma alternativa
mais favorável, outra equivalente e outra mais elevada.
Tomados em conta outros factores, tais como a quali‑
dade, área do imóvel e localização, a hipótese B II foi
considerada a que apresentava a melhor relação custo­
‑benefício.
Neste caso, as vantagens e desvantagens apresenta‑
das foram as seguintes:
Vantagens
–Imóvel de grande qualidade, em bom estado de con‑
servação e adequado às instalações dos espaços no‑
bres da Ordem;
–Excelente localização e grande facilidade de acesso;
–Área suficiente para a implantação do edifício técnico­
‑administrativo e parqueamento conforme as necessi‑
dades programadas;
–Custo total muito próximo dos valores estimados
para a recuperação da actual sede e do edifício contí‑
guo, segundo projecto descrito na hipótese A;
–Tempo para negociar a venda das actuais instalações,
permitindo aproveitar mais­‑valias que pudessem re‑
sultar das acções em curso.
Desvantagens
–Saída do local histórico ocupado pela OF;
–Valor da venda do património não disponível durante
a construção de novas instalações.
Hipótese C – Aquisição de terreno para
construção
Na hipótese considerada como C, a localização do ter‑
reno a adquirir foi considerada um factor com natural
impacto sobre os custos envolvidos, sendo considera‑
dos valores que então poderiam variar entre os 300
e 750 euros/m2. Assim, partindo de um pressuposto
de que se adquiria um terreno com aproximadamente
5.000m2, o valor de compra poderia estimar­‑se entre
1.500.000€ e 3.750.000€. Adicionando os custos de
construção e das instalações técnicas (estimado em
cerca de 2.500.000€), bem como os relativos a projec‑
tos e fiscalização da obra (cerca de 450.000€) e as li‑
cenças e taxas (na ordem dos 250.000€), e deduzindo,
por outro lado, o valor de venda estimado para as actu‑
ais instalações, a estimativa de custo final ficaria entre
3.350.000€ e 5.600.000€.
Nesta hipótese, foram consideradas as seguintes van‑
tagens e desvantagens mais relevantes:
Vantagens
–Por se tratar de uma construção nova, seria natural‑
mente mais fácil implementar um programa delineado
pela OF e fazer a interligação entre serviços e respon‑
sabilidades;
–Possibilidade de a OF se manter nas actuais instala‑
ções até à conclusão da nova sede, permitindo a
transferência faseada dos serviços;
–Tempo para negociar a venda das actuais instalações,
permitindo tirar mais­‑valias que pudessem resultar da
aprovação do projecto de viabilização de construção
apresentado à Câmara.
Desvantagens
–Particular dificuldade de se encontrar um terreno em
Lisboa com a área desejada e situada em local ade‑
quado, designadamente quanto às acessibilidades;
–Valores de mercado muito inflacionados dos terrenos
ainda disponíveis em áreas centrais da cidade;
–Viabilidade desta hipótese praticamente reduzida a
terrenos situados em concelhos limítrofes, o que reti‑
ra interesse em termos de localização;
No edifício da Ordem estão expostos vários artefactos
alusivos à história da Farmácia
Hipótese D – Aquisição de área em edifício de
qualidade
Na alternativa considerada como hipótese D – aquisi‑
ção de área em edifício de qualidade para a instalação
da nova sede – os custos de aquisição, em edifícios de
escritórios na cidade de Lisboa, para a área pretendida
de 2.750m2, oscilavam na altura entre 6.500.000€ e
10.000.000€. Se a estes valores fossem ainda adicio‑
nados os custos relativos a obras de adaptação, incluin‑
do instalações técnicas, projectos, fiscalização de obra,
licenças e taxas, e deduzido o valor estimado então
para as actuais instalações, o custo final seria entre
5.740.000€ e 9.490.000€. As vantagens e desvanta‑
gens identificadas foram as seguintes:
Vantagens
–Possibilidade de encontrar uma área já construída
com as características que permitissem implementar
o programa delineado pela OF, fundamentalmente no
que respeita aos serviços;
–Possibilidade de a localização ser em área central da
cidade de Lisboa;
–Possibilidade de a Ordem se manter nas actuais ins‑
talações até à conclusão dos trabalhos de adaptação,
permitindo uma programação adequada da transfe‑
rência de serviços;
–Tempo para negociar a venda das actuais instalações,
com aproveitamento das mais­‑valias que pudessem
resultar da aprovação do projecto de viabilização de
construção apresentado à Câmara.
Desvantagens
–Eventual partilha do edifício com entidades sem qual‑
quer afinidade com a Ordem;
–Necessidade de negociar a disponibilização do par‑
queamento necessário às exigências da OF, o que po‑
deria acarretar custos acrescidos;
–Eventual dificuldade de implementação do restauran‑
te e do auditório.
Hipótese da Quinta da Torrinha/Castelinho
Em meados de 2003 foi ainda objecto de análise a hi‑
pótese de transferência da Ordem para o edifício onde
durante vários anos funcionou a Faculdade de Farmá‑
cia da Universidade de Lisboa, na Quinta da Torrinha,
em Lisboa, e que ficou conhecido por “Castelinho”,
construindo ainda no local ocupado pelo pavilhão um
novo edifício destinado aos serviços administrativos
da Ordem.
Embora esta ideia se afigurasse de difícil concretiza‑
ção, a Comissão não deixou de realizar contactos
prévios com os proprietários, bem como estudos pre‑
liminares com vista a avaliar a exequibilidade do pro‑
jecto. Procedeu­‑se à avaliação dos custos totais das
obras a realizar, estimadas em 3.500.000€. Além
desta estimativa, foi calculado o tempo de execução
requerido para a concretização desta hipótese, tendo­
‑se concluído que o tempo necessário para obter a
cedência da área, acrescido da elaboração dos projec‑
tos, adjudicação da empreitada e realização da obra,
seria na ordem dos 60 meses, pelo que a transferên‑
cia da OF só se processaria, no mínimo, daí a cinco
anos.
Outro aspecto considerado teve que ver com as con‑
dições de concessão do terreno pelo Estado, tendo
em conta a legislação em vigor. Analisado o assunto
do ponto de vista jurídico, os terrenos da Quinta da
Torrinha seriam de domínio privado eventualmente
disponível pelo Estado. Tornava­‑se admissível que a
alienação por parte do Estado pudesse realizar­‑se
através da modalidade de cessão precária a título
oneroso entre 25 a 40 anos. Tal representaria a alie‑
nação do património imobiliário da OF a favor de uma
solução que não reverteria para a OF findo o período
de cedência.
Assim, a hipótese analisada, apesar de requerer da OF
um menor esforço financeiro inicial, comparativamente
às hipóteses anteriores, apresentou uma limitação
enorme em termos patrimoniais, além de exigir um tem‑
po de concretização demasiado longo.
No corredor do 1.º piso estão expostos os quadros com os
retratos de todos os bastonários da OF
autorizada a compra de um novo
edificio
A análise das alternativas técnico­‑económicas estuda‑
das apontava no sentido da vantagem comparativa
apresentada na hipótese B, ou seja, a compra de imóvel
a recuperar/adaptar para a instalação da sede da OF e
da SRL.
Tornou­‑se assim possível apresentar esta proposta à
Assembleia Geral, que se realizou em Dezembro de
2003, com os elementos considerados indispensáveis
à discussão e deliberação a tomar. Ao abrigo do artigo
17.º alínea c) do Estatuto da OF, foi “discutido o conte‑
údo do mandato a conferir à Direcção Nacional para que
esta diligencie no sentido de alcançar esse objectivo”,
na sequência da qual foi aprovada uma proposta que
mandatou a Direcção Nacional a “poder negociar a aqui‑
sição ou construção da nova sede até montante máxi‑
mo de três milhões de euros”.
Foi com base neste mandato que a Direcção Nacional
encetou negociações com os proprietários de uma mo‑
radia situada na Avenida Almirante Gago Coutinho, ten‑
do em vista a sua aquisição para reabilitação e amplia‑
ção, conforme projecto considerado em hipótese B.
Além do custo de aquisição oferecido, indicou­‑se o fa‑
seamento do pagamento pretendido e a data deseja‑
da para a realização do contrato de promessa de com‑
pra e venda, que não deveria ultrapassar o mês de
Em Dezembro de 2003
foi aprovada em Assembleia
Geral a proposta de compra
de um imóvel a recuperar/
adaptar para instalação da
sede da OF e da SRL, tendo
a Direcção Nacional sido
mandatada para negociar a
aquisição da nova sede até ao
montante máximo de 3 milhões
de euros
Quadro com o nome dos sócios fundadores da SFL
Abril de 2004, dado o condicionalismo imposto pela
validade do termo de viabilidade da ampliação aprova‑
da pela Câmara de Lisboa, a qual expirava em Agosto
desse ano.
A Assembleia Geral realizada em Março de 2004 voltou
a pronunciar­‑se sobre este assunto e reforçou o manda‑
to conferido à Direcção Nacional “no sentido de esta
poder negociar a aquisição ou construção da nova sede
até cerca de três milhões de euros, através de financia‑
mento bancário e alienação de património”.
Entretanto, as negociações com os proprietários da
moradia continuaram a decorrer com algumas dificulda‑
des – sem que tenham aceitado ou contraposto outros
termos para finalizar o acordo.
Com o prazo limite para concluir as negociações pratica‑
mente expirado, e perante a possibilidade de tal não se
verificar, constatou­‑se que não existiam condições para
prosseguir com esta solução, sendo então necessário
explorar outras alternativas.
Entretanto, e uma vez que nenhuma decisão sobre o
assunto tinha sido tomada, a qual dependia em grande
parte do grau de capacidade da OF para mobilizar os
recursos financeiros necessários à aquisição de uma
nova sede, foi incentivada a apresentação de suges‑
tões aos membros da Ordem, uma vez que se assumia
então que uma decisão final passaria pela devida pon‑
deração dos vários contributos.
Proposta para manutenção da sede
histórica
Nesse sentido, foi pedido ao farmacêutico Rui Falcão
que explanasse com mais detalhe a sua reflexões sobre
a matéria, cujo excerto foi publicada na edição n.º 62 da
Revista da Ordem do Farmacêuticos.
Partindo o do princípio de que “a manutenção do actual
espaço ocupado pela OF nas mãos da comunidade far‑
macêutica é uma tarefa justa, viável, proveitosa, inova‑
dora e com capacidade de gestão autónoma”, o autor
faz uma excursão histórica sobre o actual edifício sede
da Ordem, desde a sua construção, fruto do “empenho
denotado de uma geração de farmacêuticos, numa épo‑
ca em que nossa profissão começava a ocupar o seu
lugar na cidade das ciências”, passando pela transforma‑
ção em Sindicato e depois em Ordem, para concluir que
a justeza da “assumpção do edifício onde está instalada
a OF continue em mãos da comunidade farmacêutica
deriva do que está exposto e também de outro, de valor
subjectivo mas não menos relevante: o dever de ser so‑
lidário com quem, noutro tempo, muito e muito se esfor‑
çou para doar aos farmacêuticos um espaço condigno”.
Segundo Rui Falcão, a viabilidade de utilização da uma
área “no coração de Lisboa em local privilegiado”, poderia
ser encontrado na sua transformação “em instalação ho‑
teleira de cariz farmacêutico”, aberto aos farmacêuticos
“que se deslocam com frequência à capital” ou aos que,
tendo já atingido o estatuto de veterania, “anseiam por
viver num local onde possam beneficiar de condições de
hotelaria decentes e apoio médico assegurado” ou “que
queiram conviver com colegas e amigos em local central”.
Também “as realizações de conferências, palestras, cur‑
sos de cariz cultural e exposições” e outras iniciativas po‑
deriam conferir viabilidade a esse espaço, bem como fazer
renascer a SFL como verdadeira sociedade científica”.
Uma vez que nenhuma decisão
sobre o assunto tinha sido
tomada, a qual dependia
em grande parte do grau de
capacidade da OF para mobilizar
os recursos financeiros
necessários à aquisição de uma
nova sede, foi incentivada a
apresentação de sugestões aos
membros da Ordem
No respeitante à organização, Rui Falcão apresentou as
seguintes cinco sugestões:
–“O espaço será propriedade da OF e chamar­‑se­‑á Casa
do Farmacêutico”;
–“Constituir­‑se­‑á uma espécie de associação designa‑
da, v. g., por Amigos da Casa do Farmacêutico, que
eventualmente pagariam quota e teriam direito a al‑
gumas regalias mas não tantas que impedissem o
usufruto da dita Casa aos restantes farmacêuticos”,
podendo “entre esses Amigos (…) figurar os de ca‑
rácter benévolo”, como “empresas e instituições liga‑
das às actividades de vocação farmacêutica, com a
aliciante de poderem colher daí benefícios fiscais”;
–“A gestão do complexo seria atribuída à entidade pro‑
fissional mas com vigilância ou participação da uma
direcção (ou de um director eventualmente designado
pelo Bastonário)”;
–“Poderia estabelecer­‑se parceria com entidades já hoje
especializadas na gestão de casas de pensionistas
para utilização comum de serviços médicos e outros”;
–“A Casa do Farmacêutico teria tantas acções quantas
tivesse viabilidade”, como “um eventual Museu Farma‑
cêutico, que não colidiria com o actual Museu da Farmá‑
cia pois daria prioridade ao farmacêutico português em
todas as áreas de intervenção; a ressurreição da SFL,
com vocação científica pura, dotada com instalações
próprias, revista obrigatória e intercâmbio activo com
outras instituições congéneres e sessões públicas peri‑
ódicas, manutenção do espólio que foi património da
SFL, incluindo as artes decorativas, a biblioteca e ou‑
tras peças que possuam valor estimativo ou artístico.
Resumindo, a vocação da Casa do Farmacêutico teria
três vertentes fundamentais: sede da renovada SFL,
nos termos já enunciados, vocação hoteleira onde se
inclui a variante de pensionato para pessoas singulares
ou casais; vocação “clubista”, mais ou menos ao estilo
dos clubes sociais ingleses, mas com matizes latinas”.
Perante esta proposta, assumiu­‑se que seria necessá‑
ria a elaboração de um projecto por um gabinete de
estudos que respondesse aos requisitos enunciados,
para os quais Rui Falcão apontou como fontes dos
rendimentos “a exploração das estruturas hoteleiras/
pensionistas; o restaurante; as doações (não seria im‑
previsível, nem inédito em Portugal, haver doações de
colegas, inclusive testamentárias); as quotas dos Ami‑
gos da Casa do Farmacêutico; o aluguer de espaços
comerciais, e outros consequentes de actividades que
se venham a desenvolver”. Para o financiamento da
construção, referiu Rui Falcão, a “hipoteca bem nego‑
ciada; contribuições voluntárias e mais aquilo que a
imaginação possa pôr na mesa de trabalho”.
Entretanto, no dia 7 de Dezembro de 2005, decorreu uma
Assembleia Geral, na qual foi aprovado o Orçamento para
2006 e em cuja Ordem de Trabalhos fez parte a análise e
discussão do plano de aquisição da nova sede da OF.
O plano contemplava um encaixe financeiro correspon‑
dente ao activo que as actuais instalações representa‑
vam. Neste âmbito, foi apresentada e aprovada uma pro‑
posta em Assembleia Geral para definição do destino a
dar às instalações da sede histórica e edifício contíguo.
Referiu­‑se então que foi manifestado por alguns mem‑
bros nas Assembleias Regionais que antecederam esta
Assembleia Geral a vontade de manter “a ligação farma‑
cêutica” e histórica à Rua da Sociedade Farmacêutica. De
acordo com o plano apresentado, definia­‑se o prazo de
21 de Maio de 2006 para serem apresentadas propos‑
tas que permitissem a manutenção das instalações, as
quais deveriam permitir a viabilidade de financiamento,
com o respectivo encaixe financeiro, até Janeiro de 2008,
de valor igual ao proveniente da venda dos imóveis.
A análise das propostas e respectiva decisão ficou agen‑
dada para Junho de 2006, em Assembleia Geral Extraor‑
dinária, tendo em vista este assunto exclusivamente.
Em 2006, no mandato do bastonário José Aranda da Silva, foi adquirido um imóvel no Parque da Nações
No dia 16 de Dezembro de 2005 foi assinada pelo bastonário José
Aranda da Silva e pelo presidente da SRL António Marques da Costa
a escritura de compra de um edifício com cerca de 3.000m2 de terreno,
situado na Alameda dos Oceanos, no Parque das Nações
aquisição do imóvel no parque das
nações
Porém, antes dessa data, e após apreciação pelos De‑
partamentos Financeiro e Jurídico da OF, foi encontrada
uma solução que passava pela aquisição de um edifício
de cerca de 3.000m2 de terreno, situados na Alameda
dos Oceanos, no Parque das Nações, em Lisboa.
A assinatura da escritura de compra do espaço destina‑
do à futura instalação da nova sede da OF e da SRL
teve lugar no dia 16 de Dezembro de 2005, pelo valor
de 2.992.787,38 euros. O documento foi assinado pelo
então bastonário José Aranda da Silva e pelo presiden‑
te da SRL, António Marques da Costa, ao abrigo dos
poderes conferidos à Direcção Nacional na Assembleia
Geral da OF, realizada em Março de 2004.
Para concretização da aquisição, a Direcção Nacional
contratou um empréstimo bancário, com hipoteca do
imóvel adquirido por 15 anos, com o Banco Santander
Totta, que dividia a dívida em duas tranches: uma de
2.300.000 euros para concretização da aquisição e ou‑
tra de 1.450.000 euros para obras de adaptação do
edifício. Com a aquisição do espaço, anunciava­‑se para
breve a edificação das instalações que iriam ser a futura
sede nacional da OF e da SRL.
Todo este processo implicou a elaboração de um plano
financeiro que contemplava tanto a aquisição como as
futuras obras de adaptação, plano esse que previa a
angariação de receitas para ambos os fins. Neste pla‑
no financeiro, estava ainda incluída a contabilização do
activo que as actuais instalações representavam,
tendo­‑se atribuído a esse item, após avaliação na épo‑
ca, o montante de 1.417.000 euros, cujo encaixe fi‑
nanceiro deveria ocorrer até Janeiro de 2008.
Na deliberação da Assembleia Geral sobre o Plano de
Aquisição da Nova Sede da Ordem dos Farmacêuticos
foi considerado ainda que:
–“Sendo sensível a algumas sugestões de membros da
OF em relação à ligação histórica à Rua da Sociedade
Farmacêutica, a Direcção Nacional da OF entende como
útil a procura de soluções que viabilizam a manutenção
da ligação a esta rua simbólica para a profissão”;
Em Maio de 2009, após a venda do imóvel no Parque das Nações, foi inaugurada a vivenda na Av. Almirante Gago Coutinho
Com a eleição, em Junho de 2007, de Irene Silveira como bastonária,
o plano de realojar a nova sede da OF no espaço adquirido no Parque das
Nações foi totalmente abandonado, tendo o mesmo sido vendido
em Fevereiro de 2009
–“As propostas a apresentar por membros da OF respei‑
tantes a este fim deverão apresentar a adequada soli‑
dez financeira para a sua execução e financiamento”;
–“Obrigatoriamente, todas as propostas a apresentar
deverão garantir um encaixe financeiro em favor da
OF não inferior a 1.417.000 euros até Janeiro de
2008 ou respectivo contravalor, sob forma de rendas
anuais actualizadas ao custo do capital em falta”.
Entretanto, por motivos que se relacionaram com o
atraso no licenciamento da obra, não foi possível iniciar
as obras de adaptação do edifício até ao final do man‑
dato da Direcção liderada por José Aranda da Silva.
a aquisição da moradia na av. gago
coutinho
Com a eleição, em Junho de 2007, de Irene Silveira como
bastonária da OF, o plano de realojar a nova sede da OF
no espaço adquirido no Parque das Nações foi totalmen‑
te abandonado, tendo o mesmo sido vendido a 6 de Fe‑
vereiro de 2009 pelo valor de 3.300.000 euros.
Em contrapartida, a ideia de transferir a sede da Ordem
para a Avenida Almirante Gago Coutinho ganhou novo
fôlego, tendo vindo a realizar­‑se a aquisição da vivenda
situada no n.º 164 no dia 20 de Fevereiro de 2009 pelo
valor de 1.800.000 euros. O objectivo inicial seria trans‑
ferir apenas para as novas instalações os serviços da
SRL, projecto que veio a verificar­‑se de difícil implemen‑
tação, tendo em conta a duplicação de custos associa‑
dos ao funcionamento dos serviços, até então partilha‑
dos pela DN e SRL no edifício da Rua da Sociedade
Farmacêutica.
Irene Silveira, apesar de defender durante a sua candi‑
datura à Direcção da OF a manutenção da sede históri‑
ca e de ter dado início à requalificação do edifício em
algumas áreas, admitiu que “a acessibilidade e o par‑
queamento” eram “os grandes problemas”. “O ideal se‑
ria manter este lugar pela carga histórica da rua. Não
sendo viável sem novas instalações, serão feitas répli‑
cas do Salão Nobre e da Biblioteca”.
grupo de trabalho estuda soluções
Em Outubro de 2009, foi então eleito ao actual basto‑
nário, Carlos Maurício Barbosa.
Mais uma vez se colocou a questão: qual a melhor solu‑
ção tendo em vista a resolução dos problemas associa‑
dos à sede da OF? Para analisar esta problemática a
Direcção Nacional nomeou, em 10 de Novembro de
2010, um “Grupo de Trabalho para a Nova Sede da Or‑
dem dos Farmacêuticos”, composto por José Gavino,
como coordenador, pelos presidentes dos Conselhos
Fiscais das três Secções Regionais da OF – Francisco
Castro, de Lisboa, Paulo Barradas, de Coimbra, e Miguel
Gouveia, do Porto – e João Castanheira Martins. Este
Grupo teve como missão apresentar à Direcção Nacio‑
nal da Ordem, durante o ano de 2011, uma proposta
global de uma sede para a OF, tendo em atenção o pa‑
trimónio imobiliário existente.
Neste sentido, o Grupo de Trabalho efectuou, ao longo
do último ano, várias diligências: desde logo, foram visi‑
Composição do Grupo de
Trabalho
–José Gavino, administrador delegado da Atral Cipan
(coordenador)
–Francisco Castro, presidente do Conselho Fiscal Regio‑
nal de Lisboa da OF e director-geral da Fresenius Kabi
­
–Paulo Barradas, presidente do Conselho Fiscal Regional de
Coimbra da OF e presidente do conselho de administração
da Bluepharma
­
–Luís Miguel Almeida, presidente do Conselho Fiscal Re‑
gional do Porto da OF e director da Euromedicines
–João Castanheira Martins, proprietário da Farmácia
Belo, em Lisboa
Em Novembro de 2010, a Direcção Nacional, liderada pelo bastonário
Carlos Maurício Barbosa, nomeou o Grupo de Trabalho “Nova Sede da
OF”, com a missão de apresentar uma proposta global de nova sede,
tendo em atenção o património imobiliário existente
tadas as instalações da Avenida Almirante Gago Couti‑
nho, para verificar o seu estado de conservação e ade‑
quação às necessidades da OF; analisou­‑se também a
situação financeira da Ordem, com detalhe pelos seus
órgãos regionais e nacional, e as questões jurídicas as‑
sociadas a todo o património imobiliário; e estabeleceram­
‑se contactos e reuniões com imobiliárias, arquitectos e
anteriores responsáveis da Ordem que já tinham estu‑
dado ou participado em decisões relacionadas com a
sede da OF.
Conforme explica o coordenador do Grupo de Traba‑
lho, José Gavino, a tarefa inicial foi avaliar o património
detido pela OF (a sede histórica e edifício contíguo,
constituindo­‑se estes num bloco inseparável, e o imó‑
vel da Avenida Almirante Gago Coutinho). Para além
disso, “consultámos várias empresas do ramo imobili‑
ário, no sentido de encontrar um espaço que pudesse
corresponder aos critérios adequados à instalação de
uma nova sede para a Ordem e para a SRL”, explica.
Os critérios definidos por este Grupo de Trabalho para
instalação da sede da OF estiveram assentes em di‑
versos levantamentos já efectuados no passado, sen‑
do, contudo, consensual a necessidade de uma área
bruta entre 2.500 e 3.000m2, inserida numa zona com
bons acessos e com significativa capacidade de esta‑
cionamento interno e externo.
Mereceu particular relevo neste período a reunião com
o arquitecto que acompanhou o projecto de edificação
da nova sede, em 2003, que implicava a junção e bene‑
ficiação dos dois edifícios nas ruas da Sociedade Farma‑
cêutica e Bernardim Ribeiro, e que, dois anos mais tar‑
de, em 2005, apresentou também um projecto de habi‑
tação para estes imóveis. Foi assim possível a verifica‑
ção dos seus pressupostos fundamentais e a sua ade‑
quação às necessidades presentes e futuras da OF.
Assim, ao longo deste processo estiveram em cima da
mesa três soluções distintas, cada uma delas com con‑
tornos financeiros distintos:
1) utilização ou alienação do edifício da Avenida Almi‑
rante Gago Coutinho;
2) alienação ou recuperação dos edifícios da Rua da So‑
ciedade Farmacêutica e Rua Bernardim Ribeiro;
3) estudo de alternativas para aquisição de um imóvel de
prestígio em Lisboa que possa acolher a sede da OF e
a SRL.
Vista actual da sede da Ordem dos Farmacêuticos
Ao longo de 2011, o Grupo de Trabalho analisou três soluçoes distintas:
a utilização ou alienação do edifício da Avenida Gago Coutinho, a alienação
ou recuperação dos edifícios da Rua da Sociedade Farmacêutica e Rua
Bernardim Ribeiro, e o estudo de alternativas para aquisição de um imóvel
de prestígio em Lisboa que possa acolher a sede da OF e a SRL
Da análise realizada pelo “Grupo Nova Sede”, foram
produzidas as seguintes conclusões:
1) o edifício localizado na Av. Almirante Gago Coutinho
não reúne condições para se adequar às necessida‑
des ­ actuais e futuras de uma sede nacional da OF,
nem cumpre os critérios consensualizados;
2) o estado de conservação do imóvel sito na R. Ber‑
nardim Ribeiro é frágil, pelo que urge tomar uma de‑
cisão. A alternativa de requalificar os imóveis da R.
Sociedade Farmacêutica/R. Bernardim Ribeiro, com
a perspectiva de passar a dispor de uma área bruta
de 2.149m2 acima do solo e 2.053m2 abaixo do
solo para parquea­mento de 53 viaturas, apresenta­
‑se como viável e passível de ser realizada. Contudo,
não se pode fazer na actual sede uma construção
faseada; quando muito pode­‑se levantar e construir
o edifício (englobando os 2 actuais) e acabar os inte‑
riores de forma faseada, deixando, por exemplo, os
2 andares superiores ou um lado transitoriamente
inacabados;
3) a alternativa de aquisição de um imóvel de prestígio em
Lisboa envolve o dispêndio imediato de elevados mon‑
tantes, pelo que, face à actual conjuntura económica e
financeira do País e aos elevados encargos financeiros
para a OF que seriam gerados nesta operação, é pru‑
dente aguardar pelos próximos desenvolvimentos da
conjuntura económica do País.
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Sede da Ordem dos Farmacêuticos: Que Solução?