inovação 7 Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” Patrícia Salvado Tatiana Miraldes Mário Franco Francisco A. S. Almeida 1Introdução F oi desde a Revolução Industrial que as empresas começaram a perceber que a tecnologia era o motor fulcral do seu desenvolvimento e progresso. O protagonismo de Schumpeter (1934), na Teoria Evolucionista, foi o ponto de partida para o contributo da problemática da inovação, a qual foi desenvolvida posteriormente por outros autores (OCDE, 2009). Schumpeter (1942) afirmou que a inovação nas pequenas e médias empresas (PME) deveria ser o veículo mais comum para os avanços tecnológicos e, consequentemente, para o desenvolvimento económico. Neste estudo seguiu-se a definição de PME, como aquela empresa que emprega menos de duzentos e cinquenta trabalhadores e volume de vendas igual ou inferior a cinquenta milhões de euros anuais e um balanço total igual ou inferior a quarenta e três milhões de euros (Comissão 2003/361/ CE, de 6 de Maio de 2003). A inovação é entendida como a implementação sustentável de melhorias e de novas ideias, que acompanha o avanço e o desenvolvimento da tecnologia (Dearing, 189 2000). Atualmente, os países e as empresas estão sujeitos a uma grande rivalidade e competição, quer nos mercados nacionais, quer internacionais, o que é proporcionado pela globalização, pelo que têm de se adaptar a esta nova realidade e à incerteza inerente (Ireland e Hitt, 1999). As PME têm de ser assim inovadoras e orientadas para a tecnologia, já que esta é uma “arma” privilegiada da competitividade. Tal como afirma Porter (1998), “a inovação é a única forma de promover e sustentar uma vantagem sobre a concorrência”. Com a crise que se faz sentir desde 2008, maior é o nível de competição nos mercados mundiais, uma vez que as economias dos países emergentes crescem mais rápido do que as dos países europeus. Desta forma, as PME precisam de apostar em produtos e serviços de maior qualidade, mais tecnológicos e inovadores. Segundo Demirbas et al. (2011), as PME desempenham um papel crucial nas economias nacionais uma vez que apresentam uma elevada representatividade, bem como habilidade para reagir rápido às mudanças tecnológicas, e às de mercado. Contudo, apesar da importância que é associada às PME, existem algumas barreiras que constituem um entrave quer à inovação, quer à adoção de tecnologias. Segundo um estudo realizado pela IDC (2010), relativamente ao caso português, é notório um atraso tecnológico face às congéneres europeias bem como um desempenho abaixo da média dos países da União Europeia (UE-27). No que diz respeito à inovação, em termos globais, os dados do Innovation Union Scroreboard (2011) indicam que Portugal se posiciona abaixo da média da EU-27, contudo, no que concerne à inovação de produtos e processos é possível verificar que as PME se encontram com uma média nacional de 47,73% que supera a média da UE. (34,18%). Dada a atualidade desta temática, o objetivo principal deste estudo é não só abordar a inovação e a base tecnológica da PME, como um todo, mas sim interligar estes dois conceitos com as barreiras à inovação e à tecnologia que as empresas se deparam no seu processo de desenvolvimento. Além disso, pretende-se apurar quais são as estratégias que as PME adotam para minorar os impactos que essas barreiras causam na vida económica da empresa. Relativamente à estrutura deste trabalho, na primeira parte, ponto 2, é apresentada uma breve revisão de literatura que aborda a temática da inovação, das PME de base tecnológica e das barreiras à inovação. Neste ponto, são abordados conceitos e definições, e é feita a interligação entre os mesmos. No ponto 3 é apresentada a metodologia utilizada para a realização do presente estudo. No ponto 4 são expostos os resultados obtidos através da investigação realizada em campo, bem como a 190 Coletânea Luso-Brasileira iv – Gestão da Informação, Inovação e Logística discussão dos mesmos. Seguidamente, são apresentadas as conclusões do estudo e a bibliografia consultada. 2 Revisão da literatura Cada vez mais, novos desafios são colocados às empresas, quer a nível externo, quer interno fazendo-se sentir em todos os nichos de mercado, como é o caso da concorrência. Assim, as PME têm de apostar na inovação dos seus recursos de modo a tornarem-se mais atrativas para os clientes. Como afirma Drucker (1985), “a inovação é a ferramenta dos empresários, que consiste no molde de exploração da mudança e consequentemente transformação de oportunidades de negócios”. Este autor salienta ainda, que “a inovação tem de ter a capacidade de se erguer como uma disciplina, capaz de ser aprendida e praticada”. Inovar vai além da criatividade. Inovar é criar novas coisas, onde se transformam ideias em produtos. Como é citado por Sarkar (2007), “inovar significa ter uma ideia nova ou, por vezes, aplicar as ideias de outros de uma forma original e com eficácia”. O termo “inovação” foi sofrendo algumas mudanças ao longo do tempo, visto que numa primeira fase estava associado à evolução tecnológica, como é o caso das tecnologias de informação (TIC) e ao desenvolvimento de base tecnológica. Mais recentemente, quando se aborda esta temática existe a tendência de se relacionar a inovação com o conhecimento e o desenvolvimento de equipamentos ou processos diferenciadores (Silva, 2008). A inovação ocorre em dois níveis de atuação, um primeiro nível interno que engloba os vários colaboradores e departamentos da empresa, como é o caso da I&D, distribuição, marketing e produção, enquanto que a nível externo estão presentes atividades fora da empresa, isto é, clientes, fornecedores, instituições financeiras, instituições de formação e instituições geradoras de conhecimento (Kaufmann e Todtling, 2002). Posto isso, a aprendizagem e o acumular de conhecimentos são fundamentais para o sucesso da empresa. Para Carayannis et al. (2006), “a principal fonte de criação da inovação deriva do capital humano, ou seja, quando o conhecimento é bem aplicado dá valor à empresa e permite-lhe obter mais e melhores resultados”. Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 191 PME de base tecnológica Nos últimos anos, as PME de base tecnológica têm mantido uma forte dinâmica de crescimento, e desempenhado um importante papel no desenvolvimento económico e social de um país, uma vez que contribuem com inovações em produtos de grande potencial no mercado, estimulam o processo de desenvolvimento da ciência e da tecnologia e criam empregos (Barbosa de Moraes et al., 2011). Como descreveu Teece (2007), as PME para poderem acompanhar e aproveitar as oportunidades que surgem no mercado devem estar constantemente atentas e desenvolver capacidades dinâmicas (Teece, 2007), que as ajudem a enfrentar as constantes mudanças e pressões do mercado (Spiegel e Marxt, 2012). Segundo Teece et al. (1997), capacidades dinâmicas entendem-se como a habilidade da empresa de integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas face a ambientes rapidamente mutantes, ou seja, a capacidade da empresa atingir novas formas de vantagem competitiva. Hoje em dia é cada vez mais complicado definir o conceito de empresa de base tecnológica, uma vez que todas as empresas utilizam tecnologia para a produção e comercialização dos seus produtos (Damodaran, 2009). As PME de base tecnológica são empresas que estão comprometidas com o desenvolvimento e produção de novos produtos e/ou processos, nos quais aplicam sistematicamente conhecimentos técnico-científicos e tecnologias avançadas (Chen et al., 2009). Estas empresas possuem um forte conhecimento tácito e especializado detido por poucas pessoas e concentrado em áreas limitadas do saber. Os recursos humanos são altamente qualificados e trabalham constantemente em equipas (Tiwari e Buse, 2007). Ao incorporarem um elevado grau de conhecimento tecnológico e ao desenvolverem atividades de pesquisa em I&D, as PME de base tecnológica criam consequentemente um maior número de inovações, o que as torna empresas empreendedoras e flexíveis por excelência (Serra et al., 2008). Este tipo de PME apresenta várias atitudes e comportamentos face à tecnologia e à modernização, como são descritos no quadro 1. A crescente sofisticação e exigência dos clientes colocam novas exigências a este tipo de PME quer a nível interno quer externo, desde a formação dos recursos humanos, ao foco na qualidade/design, passando pelo risco e pelos padrões tecnológicos constantemente voláteis. Por outro lado, a necessidade de diferenciação dos produtos exige novos investimentos (Simões, 1997). 192 Coletânea Luso-Brasileira iv – Gestão da Informação, Inovação e Logística Quadro 1 – Competência de base tecnológica dominante nas PME PME de Base Tecnológica Automação, eletrónica, informática, robótica, biotecnologia, inIndústrias tipo dústria aeroespacial, farmácia Atitude face à inovação Ativa Vetor de modernização tecnológica Reforço da competência dos RH Processos de aprendizagem Filosofia de aprendizagem contínua Base de competitividade “Capacidade de enginheirar” Fonte. Adaptado a partir de Simões (1997) e Bozkaya e Van Pottelsberghe De La Potterie (2008) As incubadoras de empresas tecnológicas podem criar benefícios para as PME, uma vez que através delas é possível compartilhar infraestruturas e serviços, interagir socialmente com outras empresas do mesmo setor (Bolligtoft e Ulhoi, 2005), ter apoio que pode facilitar o acesso a recursos financeiros e a parcerias/contactos e evitar falhas prematuras que possam acontecer no projeto da empresa (Soetanto e Van Geenhuizen, 2007). Genericamente, as incubadoras pretendem unir a tecnologia, o conhecimento e o capital para potenciar a inovação e o empreendedorismo. As incubadoras estão vinculadas e próximas de universidades, laboratórios ou institutos de pesquisa de forma a beneficiarem conhecimento e dos recursos dessas instituições (Serra et al, 2011). Segundo Aaboen (2009), as incubadoras de empresas tecnológicas criam simultaneamente valor para as PME e são uma boa forma para este segmento de empresas contornarem as barreiras que enfrentam. Barreiras à Inovação Apesar das PME serem mais flexíveis à mudança e responderem mais rápido ao mercado, por vezes, a aposta na inovação é difícil, devido à pouca experiencia e à falta de recursos (Kaufmann e Todtling, 2002). As barreiras à inovação incidem sobre problemas e dificuldades que surgem às PME ao longo do complexo e delicado processo de inovação. Estas barreiras impedem o desenvolvimento da capacidade de inovar e podem surgir por vários motivos (Demirbas et al., 2011). Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 193 A maioria dos autores procede à sua categorização em barreiras internas e externas (Hadjimanolis, 2003; Guijarroetal, 2009). As internas são barreiras que nascem dentro da própria empresa e as externas são barreiras que surgem a partir da envolvente da empresa (Stanislawsky e Olczak, 2010). Para ser mais fácil identificar as barreiras à inovação, foram divididas no Quadro 2 entre internas e externas e categorizadas de quatro formas distintas consoante a área onde ser inserem. Quadro 2 – Barreiras á inovação em PME de base tecnológica Barreiras Tipologia Externas Mercado Internas Restrições financeiras Natureza Organizacional Conhecimento 194 Caracterização Autor (es) •Dificuldades na aquisição de informação e suporte tecnológico •Dificuldades na obtenção de fornecedores/ matérias-primas •Fidelização de clientes •Excesso de burocracia •Dificuldade na cooperação/parceria com empresas já existentes •Incerteza na procura/mercado para novos bens e serviços Lecerf (2012); Salavou et al. (2003); Laukkanen et al. (2007); Madrid-Guijarro et al. (2009); Tovstiga e Birschall (2007); Silva, Leitão e Raposo (2007) •Dificuldade na obtenção de financiamento •Perceção de riscos económicos excessivos •Custos de inovação demasiado elevados Bukvic e Bartlett (2003); Matias (2009); Silva et al., (2008a); Oncioiu (2012) •Falta de cooperação e integração entre diversas áreas funcionais •Estrutura organizacional pouco flexível •Regulamentação e normas •Inexistência de um plano estratégico para a empresa •Falta de uma estratégia de marketing apropriada Huber (2003); Slack, Lewis (2008); Lovelock (2000); Sheth e Uslay (2007) •Resistência dos recursos humanos à mudança •Falta de especialização técnica e recursos huma- Baldwin e Lin (2002); Krogh e Nonaka nos qualificados •Cultura e sistema de valores rígidos •Falta de formação contínua dos recursos humanos (2001); Kaufman e Todtling (2002) Coletânea Luso-Brasileira iv – Gestão da Informação, Inovação e Logística Barreiras Impostas Pelo Mercado O meio envolvente é um dos principais fatores que influenciam o crescimento e o sucesso da inovação nas PME. O ambiente de negócios é um conceito multidimensional, que incorpora dinamismo, oportunidades tecnológicas, crescimento e a procura de novos produtos. Contudo, independentemente da orientação estratégica ou dos recursos da empresa há fatores que as PME não conseguem controlar. A gestão e aquisição de informação são cruciais para a sobrevivência das PME de base tecnológica num contexto cada vez mais competitivo. As PME que não tiverem capacidade para captar, absorver e responder à procura do ambiente correm o risco de falhar mais rapidamente (Junior et al., 2005). A crescente facilidade de acesso à Internet e fontes de informação veio permitir que, cada vez mais as PME tenham acesso a veículos informacionais, o que é uma oportunidade para atingir novos mercados e negócios. Porém, vários autores (e.g., Tovstiga e Birschall, 2007; Silva et al., 2007) afirmam que o fraco conhecimento e informação sobre o mercado é ainda uma das barreiras que as PME enfrentam, isto porque este tipo de empresas, devido à sua dimensão nem sempre tem a capacidade, os contactos e as parcerias suficientes de forma a obter as informações acerca de clientes, fornecedores e mercado em si. Esta dificuldade de perceção e acesso ao mercado pode dificultar o desenvolvimento de inovações e de produtos, que podem não ter a procura que se espera no mercado ou não ter o impacto que as PME de base tecnológica esperam (Sheth e Ram, 1987). Atividades de cooperação tecnológica permitem o surgimento de ideias para satisfazer novas necessidades do mercado, para melhorar produtos ou processos ou para melhor comercializar os produtos e chegar aos clientes/consumidores. Se as PME não desenvolverem contactos e não cooperarem com outras empresas podem encontrar uma barreira à inovação que se pode avizinhar muito prejudicial (Cordeiro, 2011). A complexidade do ambiente de negócios, fruto do excesso de burocracia, procedimentos e regulamentação é também um entrave à capacidade inovadora das PME de base tecnológica (Tiwari, 2007; Silva et al., 2007). A legislação e as normas vigentes impedem assim muitas inovações de chegar ao mercado, quer pela burocracia no registo de marcas ou patentes quer pela rigidez dos modelos governamentais (Madrid-Guijarro et al., 2009). Já a relação entre a inovação e a internacionalização é uma combinação que permite às empresas aumentar a sua capacidade de criar valor e a sua competitividade (European Comission, 2008). Contudo, os entraves que as Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 195 PME muitas vezes encontram no desenvolvimento das suas inovações podem prejudicar o processo de internacionalização. Barreiras ao Financiamento A competitividade e as condições atuais dos mercados pressionam as empresas a inovar cada vez mais e a desenvolver as tecnologias usadas nos produtos e processos de negócio (Irjayantia e Azis, 2012). Ardic et al. (2011) afirmam que o mercado da tecnologia é relativamente dinâmico e, para que as PME se mantenham competitivas, é essencial atuarem na fronteira da inovação, melhorarem os processos, criarem parceiros de negócio e estabelecerem contactos com clientes e fornecedores. Contudo, para satisfazerem essas condições as PME enfrentam grandes desafios sobretudo a nível de financiamento. Segundo o Barómetro Europeu do Financiamento da Inovação (2011), o colapso da procura interna, as condições financeiras restritivas sobre as exportações e o investimento e as regras rígidas aplicadas às empresas tornam-se as maiores barreiras associadas às empresas no campo macroeconómico e financeiro em Portugal. Comparativamente com as grandes empresas, as PME apresentam menos recursos próprios para investir e a sua capacidade de aceder ao crédito é desta forma menor. Porém, as instituições financeiras recusam muitas vezes a concessão de crédito às PME, isto porque não é possível, muitas das vezes, calcular os benefícios e o retorno no negócio (Nohara et al., 2008). Parte das dificuldades significativas no acesso ao financiamento advêm assim, das fragilidades financeiras e da opacidade da informação transmitidas por estras empresas. A dificuldade em obter financiamento bancário, especialmente empréstimos de longo prazo, deve-se à falta de garantias apresentadas pelas PME, cash-flows pequenos, prémios de risco elevados, custos de transação altos, relações pouco desenvolvidas com a banca, e às dificuldades em provar solvabilidade. Barreiras a Nível Organizacional Com o aumento da concorrência, as PME sentem cada vez mais a necessidade de procurar novas formas de conquistar os mercados, contudo, isso só é possível se existir uma estratégia organizacional bem definida e partilhada por todos os membros da organização. A cooperação entre os diversos departamentos nas PME é 196 Coletânea Luso-Brasileira iv – Gestão da Informação, Inovação e Logística fundamental para que a cultura da inovação se adapte mais facilmente por todos os intervenientes no processo (Hudson, Smart, Bourne, 2001). As PME, devido à sua dimensão, têm mais facilidade nas relações interpessoais, o que se apresenta como uma vantagem competitiva em relação às grandes empresas. Esta cooperação torna-se ainda mais imperativa nas PME de base tecnológica, visto que o uso e a transferência de tecnologia entre as partes integrantes são essenciais para o processo de inovação (Huber, 2003). Além disso, a elaboração de um plano estratégico permite que as PME atinjam um elevado crescimento das suas vendas, que geram maiores margens de lucro bem como maiores retornos dos ativos, sendo um fator determinante do sucesso dos negócios (Hudson et al., 2001). Quando se trata de PME inovadoras, a adoção de um plano estratégico é essencial uma vez que dispõem de produtos que na maioria dos casos são novos nos mercados (patentes), necessitando de processos de gestão que lhes permita ter reconhecimento nos mercados (Slack, 2008). Na maioria dos casos, existem dificuldades na implementação do plano visto que há grandes lacunas no conhecimento de áreas de gestão e falta de conhecimento especializado. O marketing ao longo do tempo tem tido cada vez mais importância para o desenvolvimento de uma estratégia de promoção dos produtos e da marca. O marketing procura criar alterações significativas no design, embalagem, distribuição, preço e promoção (OCDE, 2009). Para Lovelock (2000), o marketing é um estímulo em que duas ou mais partes, dão e recebem algo de valor, buscando a satisfação das suas necessidades. No que toca às PME é notório a falta de uma estratégia bem definida de marketing, já que a maioria não dispõe de departamentos próprios para a prossecução dessa atividade (Sheth e Uslay, 2007). Assim, há a tendência para os proprietários das PME não recorrerem a terceiros para a implementação de uma estratégia de marketing, baseando-se somente nas opiniões de clientes e nas oportunidades de mercado. Barreiras ao Conhecimento O conhecimento está intimamente relacionado com a capacidade que a empresa tem de organizar e gerir os seus ativos intangíveis, de modo a obter melhores processos e produtos. O capital humano é considerado como o recurso mais valioso que as empresas dispõem, sendo a principal fonte de transmissão de conhecimento. Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 197 Como afirma Romijn e Albaladejo (2002), as empresas que apresentam maiores níveis de qualificação dos RH, têm uma maior capacidade tecnológica interna. Um dos principais desafios que se colocam atualmente às PME está relacionado com o processo de absorção do conhecimento, que é transmitido rapidamente e em grande escala, o que constitui assim uma barreira à inovação. Segundo Baldwin e Lin (2002), as principais barreiras à inovação estão relacionadas com as competências organizacionais, a assimetria de informação e a gestão dos recursos humanos. A aposta na formação contínua dos trabalhadores e consciencialização para a mudança, impõe-se cada vez mais as PME. Por outro lado, a falta de qualificação e formação técnico profissional constitui uma das barreiras mais críticas ao desenvolvimento, à cooperação, e à endogeneização associada aos processos de criação e adoção de tecnologias e, consequentemente, à inovação (Barrau, 2000). Um dos pontos negativos que se faz sentir nas PME é o elevado grau de rotatividade dos recursos humanos, uma vez que estes não ficam vinculados à empresa, e constantemente procuram novas oportunidades de emprego, o que impede assim maiores níveis de empenho e motivação. Segundo Krogh e Nonaka (2001), existem quatro principais barreiras que dificultam a troca de conhecimento, sendo elas: • O historial da empresa é visto como uma cultura organizacional, e é encarada como uma barreira à criação de conhecimento já que os trabalhadores tendem a recuperar acontecimentos negativos que aconteceram na empresa e sentem receio de cometer erros semelhantes; • O receio com a não-aceitação das ideias pelos outros membros da empresa; • O novo conhecimento por vezes não é bem recebido, isto porque existem sempre pessoas que são resistentes à mudança, e que encaram a inovação como um aspeto negativo. • Por último, importa salientar que o objetivo principal por vezes não acompanha as mudanças tecnológicas que o meio envolvente exige. 3Metodologia De modo a apresentar de forma detalhada a realidade investigada, foi adoptado o método de estudo de caso, mais precisamente, uma estratégia de abordagem de investigação qualitativa. A empresa selecionada foi uma PME de base tecnológica, sediada na Covilhã (Portugal), a Inklusion Entertainment, Lda., na qual foi realizada 198 Coletânea Luso-Brasileira iv – Gestão da Informação, Inovação e Logística uma entrevista estruturada ao sócio-gerente no dia 29 de Abril de 2013, nas instalações da empresa. Para complementar o estudo de caso, foram realizadas pesquisas bibliográficas recorrendo a livros e artigos publicados em revistas científicas, de forma a desenvolver uma contextualização referente ao assunto abordado, contribuindo desta forma para fundamentar a veracidade da parte empírica. Todas as informações relacionadas com a empresa apresentada no estudo pretendem fazer considerações acerca da inovação tecnológica e das barreiras que as PME encontram ao longo do seu ciclo de vida. 4 Resultados e discussão Caracterização da Inklusion Entertainment A Inklusion Entertainment Lda., fundada em 2012, é uma empresa direcionada para as novas tecnologias formada por um equipa de 14 trabalhadores o que se enquadra num dos critérios de definição de uma PME, de acordo com a Recomendação da Comissão 2003/361/CE, 6 de Maio de 2003. Relativamente ao grau de formação dos recursos humanos que compõe a PME, maioritariamente são licenciados (nove), sendo que os restantes apresentam um grau mais elevado, com o mestrado (quatro) e doutoramento (um). A missão principal desta PME é contribuir para um uso mais alargado das novas tecnologias e inovações de uma forma generalizada a toda a população ajudando-as em tarefas simples do dia-a-dia. Segundo João Dias, sócio-gerente da Inklusion Entertainment: “Procuramos mudar o paradigma da educação, através da substituição dos manuais escolares tradicionais por aplicações escolares interativas, isto é, os manuais passam a adquirir um formato digital trazendo desta forma maiores benefícios para o aluno, professores e pais”. Uma aplicação desenvolvida por esta PME é a Humam enciclopédia, direcionada para as crianças em idade escolar e que está disponível na Apple Store. Uma vez tendo o know how necessário, a Inklusion Entertainment sentiu necessidade de desenvolver produtos para outro público alvo, ou seja, jogos, aplicações e software para computadores, telemóveis e tablet’s. Como é o caso do jogo Kieran’s Journey disponível para Mac OS e Windows. Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 199 Aplicação da inovação pela Inklusion Entertainment A inklusion Entertainment, como empresa vocacionada para a inovação, vê este processo como o “direcionamento das tecnologias já existentes para novas áreas, criando assim novas ferramentas tecnológicas”. Esta afirmação pode ser complementada pela definição apresentada por Peter (2010): “a inovação refere-se à prática, ideias ou qualquer objeto que é percecionado como novo, mas que nem sempre envolve conhecimentos novos”. Na entrevista realizada foram apresentados vinte e oito fatores, identificados como os mais inibidores ao desenvolvimento da inovação pelas PME, desses a empresa apenas apresentou seis como sendo as principais dificuldades que encontra à inovação, sendo eles apresentados no quadro 3. Quadro 3 – Dificuldades à inovação Produto não essencial em época de crise Reduzida dimensão da empresa Limitação de recursos monetários Pouco apoio das instituições financeiras a projetos inovadores (dificuldade em financiamento) Falta de incentivos e recompensas para a inovação Formação dos RH insuficiente Barreiras percecionadas aquando do seu processo de inovação Independentemente da intensidade de inovação, as dificuldades que surgem em inovar prendem-se essencialmente com fatores externos e internos à empresa. Segundo declarações do Sócio-Gerente, “a tecnologia e o espaço/localização são vistos quer como entraves internos, quer externos ao prosseguimento das actividades”. No que concerne à tecnologia, “por vezes não permite que se faça o pretendido”, visto que a empresa tem de apoios financeiros para a aquisição de tecnologias que são necessárias para o desenvolvimento de produtos que são ambicionados pela empresa. Tal como é argumentado por Baldwin e Lin (2002), nas barreiras internas os altos custos de desenvolvimento das inovações e os problemas de financiamento ao aperfeiçoamento de produtos (Hadjimanolis, 1999) podem bloquear o processo inovador. 200 Coletânea Luso-Brasileira iv – Gestão da Informação, Inovação e Logística Relativamente ao espaço/localização existem autores que defendem que a existência de Parques Tecnológicos constituem uma vantagem para as PME’ de base tecnológica uma vez que integram no mesmo espaço infraestruturas específicas e fundamentais para o desenvolvimento, difusão e utilização de determinadas tecnologias (Alsos et al., 2011). Uma vez que a PME em estudo se localiza numa área onde não predominam atividades tecnológicas e inovadoras, a empresa sente dificuldade em criar parcerias com empresas do mesmo ramo. Por outro lado, tem sido difícil encontrar um local mais apropriado, isto é, com condições fundamentais para este tipo de atividade. Recursos Humanos e Conhecimento A qualificação dos Recursos Humanos é considerada como um fator-chave ao sucesso das PME. É igualmente necessário manter os trabalhadores motivados, apostando na sua formação contínua. Assim, quando as PME investem na qualificação dos seus trabalhadores, fomentam benefícios para elas próprias uma vez que minimiza a necessidade de alteração do corpo de funcionários, isto é, redução da rotatividade, bem como diminuição de despesas relativas ao treinamento de novos trabalhadores (Lazear e Gibbs,1998). Relativamente ao caso da Inklusion Entertainment João Dias (Sócio-Gerente) afirma que “a qualificação dos recursos humanos é insuficiente para o nível a que se opera. A equipa é constituída maioritariamente por trabalhadores que possuem a licenciatura, não dispondo portanto da formação necessária para o desenvolvimento de trabalhos mais exigentes, sendo considerado um entrave à capacidade inovadora”. Segundo vários estudos efetuados por Kaufman e Todtling (2002), a formação e a qualificação dos Recursos Humanos melhora a capacidade inovadora da empresa. Na empresa em análise, apesar de ser composta por trabalhadores menos qualificados, é crescente a preocupação em orientar os recursos humanos para a qualificação. Como é defendido por João Dias (Sócio-Gerente), “tem havido grandes esforços ao nível administrativo para que os nossos trabalhadores frequentem cursos profissionais e técnicos, bem como um acompanhamento na realização de algumas tarefas”. Lazer e Gibbs (1998) afirmam que o treinamento realizado pela própria empresa no local de trabalho é benéfico para os trabalhadores uma vez que proporcionam conhecimentos específicos”. Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 201 Natureza e Estrutura Organizacional A cooperação entre os vários departamentos que compõe uma PME é essencial para uma maior harmonia e cumprimento dos objetivos propostos pela administração (Spiegel e Marxt, 2012). Para a Inklusion Entertainment, “todos os colaboradores trabalham para o mesmo objetivo, existindo portanto um clima de entreajuda para a prossecução de todos os objetivos que foram previamente estabelecidos.”. Quando todos os trabalhadores estão a trabalhar para o mesmo fim, há dificuldades que se tornam mais fáceis de superar, uma vez que há partilhas de informação, troca de ideias, o estabelecimento de relações que podem constituir uma mais-valia para a PME (Salavou,Baltas, Lioukas, 2004). No caso aqui estudado essa partilha de informações entre os vários níveis hierárquicos é bastante notória. Tal como afirma João Dias (Sócio-Gerente), “existe a preocupação por parte da gestão de topo em organizar as diversas áreas funcionais da empresa, uma vez que procuramos estar sempre a par de tudo o que é executado, fomentando assim uma atitude de supervisão e de controlo de todas as atividades”. O marketing ao longo do tempo tem vindo a ganhar mais adeptos, uma vez que tem a capacidade de colocar a marca e a empresa nos mercados, criando uma referência junto aos consumidores. É a partir desta ferramenta que as empresas conseguem vingar no mercado, ganhando vantagem face aos concorrentes, porque uma empresa bem classificada pelos consumidores é uma empresa que obterá maiores lucros do que uma que não tenha essa posição (O’Cass, e Weerawardena, 2009). Relativamente à Inklusion Entertainment, apesar de não existir uma estratégia de marketing definida por um departamento especifico da área, tem havido uma grande aposta da divulgação da marca através da disponibilização dos produtos em lojas online. O Mercado O ambiente que envolve a empresa é fundamental para comunicar e expandir as acções e os produtos desenvolvidos pelas PME (Bo e Qiuyan, 2012). Um dos impactos positivos apontados pela Inklusion Enternainment é de que as inovações criadas ajudaram a dar imagem e prestigio à empresa. Os produtos desenvolvidos levaram esta PME de base tecnológica a ganhar vários prémios, inclusive o de melhor aplicação portuguesa para Windows 8. 202 Coletânea Luso-Brasileira iv – Gestão da Informação, Inovação e Logística O historial de participação em concursos na área da informática e tecnologia proporcionou também o desenvolvimento de parcerias com a Microsoft, após ter conseguido o primeiro lugar no concurso Imagine Cup 2013 na competição de Game Design. Após estas considerações, João Dias (Sócio-Gerente da Inklusion Entertainment), afirma que “neste momento a empresa não sente dificuldade na cooperação e parceria com outras entidades, contudo parcerias com entidades locais eram fundamentais”. A parceria com a Microsoft contribuiu com apoio técnico essencial ao desenvolvimento dos produtos, bem como software e dispositivos específicos da marca o que é uma vantagem competitiva para a PME. Para Gretzinger et al. (2010), as PME perseguem alianças com o objectivo de obterem novas tecnologias, novos serviços necessários à sua actividade e aumentar quota de mercado. Já Xie et al. (2010) confirmam que as sinergias criadas conferem mais-valias que são fundamentais para ultrapassar riscos tecnológicos e de mercado. A inovação tecnológica desempenha um papel central no processo de internacionalização, na medida em que as PME de base tecnológica tendem a crescer mais rápido pois existe um feedback acerca dos produtos que são desenvolvidos. A capacidade de inovação leva-as assim a estabelecer-se com maior sucesso noutros países (O’Cass e Weerawardena, 2009). Relativamente à Inklusion Entertainment, a internacionalização não se apresenta como uma barreira à capacidade inovadora. Apesar dos esforços em marketing precisarem de ser desenvolvidos de modo a dar mais visibilidade ao produto e à marca, a empresa afirma que “a penetração em novos mercados foi positiva”. Os produtos são vendidos para todo o mundo através de lojas online (Apple Store, Google Play, Windows Store) no qual a Human Enciclopedia neste momento, já vendeu mais de 2500 aplicações em mercados como o Brasil, Reino Unido, México, Estados Unidos e Portugal. Restrições Financeiras Com pequena dimensão e reduzido tempo a actuar no mercado, a Inkusion Entertainment encontra no financiamento a principal barreira à inovação, o que impede o atraso e inicio de novos projectos. Devido ao “rótulo de empresa recém-criada” como afirma João Dias, a banca pede garantias que a empresa não pode dar. O acesso ao crédito confirma-se assim, um processo penoso e difícil de concretizar (Ganbold, 2008). Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 203 Por outro lado, ainda nas palavras de João Dias, “as PME de base tecnológica ao desenvolverem sofware, jogos de vídeo e aplicações, são vistas em Portugal como empresas que não fazem trabalho sério” o que confere descrédito a este tipo de actividade pelas entidades de financiamento portuguesas. Com a crise macroeconómica que se vive em Portugal neste momento, as PME têm dificuldade em ter financiamento externo pois a hipótese de falhar por não conseguir responder às pressões do mercado é mais provável (Matias, 2009; OCDE, 2009a). 5 Conclusões e implicações A importância de identificar as barreiras que estão associadas ao processo de inovação das PME de base tecnológica é um factor decisivo que contribui para a sustentabilidade e sobrevivência das PME. Perceber quais os factores que impedem as PME de serem inovadoras é fundamental para tentar minimizar o impacto negativo que podem criar no desenvolvimento do negócio (Stanislawski e Olczak, 2010). Este estudo procurou responder se a Inklusion Entertainmnent, uma PME de base tecnológica sediada no concelho da Covilhã (Portugal) apresenta barreiras que possam restringir o seu processo de inovação. Com base na evidências empíricas, é possível observar que esta PME apresenta essencialmente barreiras ligadas com o acesso ao financiamento, insuficiente formação dos recursos humanos e a adopção de estratégias organizacionais eficazes ao desenvolvimento do negócio. A reduzida dimensão da empresa e a sua recente criação tornam relevantes as barreiras relacionadas com a comercialização do produto que apesar de ser inovador, não é essencial numa época de crise como a que existe actualmente. Num estudo realizado por Silva et al. (2007) foi possível observar uma concordância entre as barreiras encontradas na PME em estudo e no tecido empresarial português: o elevado custo económico e risco associados à inovação, a falta de financiamento, a rigidez organizacional, a ausência de recursos humanos especializados e a fraca capacidade de aproximação ao cliente. Como forma de ultrapassar a barreira da qualificação dos Recursos Humanos, a empresa aqui estudada aposta em ações de formação, bem como no treinamento dos seus trabalhadores uma vez que a maioria possui somente o grau de licenciatura, o que permite obter uma maior rentabilidade e eficiência das tarefas. Como é defendido por Weerawardena (2003), “com a qualificação é possível aumentar os ganhos de produtividade, eficiência levando a uma maior lucratividade”. 204 Coletânea Luso-Brasileira iv – Gestão da Informação, Inovação e Logística De salientar a importante cultura de inovação vivida na Inklusion Entertainment, que prima pela criatividade e excelência em todos os projectos em que se envolve, o que trouxe frutos visíveis através da parceria com a Microsoft e que no futuro certamente, a tornará um caso de sucesso na Beira Interior. Com este estudo algumas implicações práticas são apresentadas. Primeiro, o desenvolvimento de atividades inovadoras é cada vez mais fundamental para que as PME consigam acompanhar o clima de competitividade que se faz sentir na atualidade. As condições de mercado estão em constante mudança tornando-se necessário o desenvolvimento do tecido empresarial das PME, conseguido através de mecanismos inovadores. No entanto, este tipo de empresas depara-se com barreiras que constituem fortes entraves a este processo, encontrando-se agrupadas em quatro grupos específicos, sendo eles: Recursos Humanos e Conhecimento; Natureza e Estrutura Organizacional; Mercado Envolvente e Restrições Financeiras. Segundo, a qualificação dos Recursos Humanos tem vindo a adquirir cada vez mais importância no seio das PME, visto que existe a necessidade de se tornarem mais capacitados, competentes e capazes de juntar as suas capacidades pessoais com as técnicas. Mas, apesar de haver esforços para a qualificação dos recursos humanos, nem sempre é possível devido aos custos que isso acarreta e ao tempo que é necessário. Finalmente, ao nível da natureza e estrutura organizacional, a cooperação entre os vários departamentos das PME é fulcral para que haja uma correta adaptação de todos os intervenientes levando à obtenção de melhores resultados. Quando se está na presença de uma PME de base tecnológica este fator ganha ainda mais relevância, uma vez que passam a existir trocas de know how, bem como a exploração de oportunidades de mercado que não conseguiriam se atuassem de forma isolada. A adoção de um plano estratégico é importante para que haja um suporte para a implementação deste processo, bem como na adoção de uma estratégia sólida de marketing. Finalmente, o mercado envolvente é encarado como o fator que mais peso exerce no crescimento e sucesso das PME, visto que é composto por determinantes que não se conseguem controlar, como é o caso da oferta e procura dos produtos, crescimento ou desaceleração económica. Para conseguir prosperar neste ambiente de incerteza têm de aprender a responder rapidamente às mudanças que ocorrem através das fontes de informação que têm disponíveis, nomeadamente a Internet. O ambiente complexo que gira em torno das PME de base tecnológica particularmente Barreiras à inovação em PME de base tecnológica: Um estudo de caso na “Inklusion Entertainment” 205 a burocracia, regras e normas, que constituem entraves à capacidade inovadora, já que o registo de patentes é bastante dispendioso e demoroso. No que diz respeito às PME de base tecnológica, a aposta deve passar pela incrementação de processos inovadores e no desenvolvimento de produtos, de modo a atingir mercados. Para que esse investimento seja possível têm de dispor de meios financeiros suficientes, pelo que muitas das vezes têm de recorrer a créditos junto de entidades financeiras. Apesar de existirem linhas de apoio financeiro para as PME, nem sempre é fácil a sua obtenção especialmente quando se trata de empréstimos a longo prazo, constituindo assim uma barreira dificilmente superável. Relativamente à PME estudada, a Inklusion Entertainment Lda., apresenta algumas barreiras que estão inerentes à adoção de inovação, passando pela limitação de recursos monetários, pouco apoio das instituições financeiras a projetos inovadores bem como a falta de qualificação dos recursos humanos. Apesar disso, a empresa tem vindo a fazer esforços para ultrapassar essas dificuldades através da qualificação dos seus recursos humanos, criação de parcerias com a Microsoft, participação em várias competições de produtos inovadores como é o caso da Imagine Cup 2013 e pela crescente preocupação na divulgação da empresa, proporcionada pelo estabelecimento de lojas online. Referências Aaboen, L. (2009) Explaining incubators using firm analogy. Technovation, Vol. 29, Nº 10, pp. 657-70. Alsos, G., Hytti, U., Ljunggren, E. (2011) Stakeholder theory approach to technology incubators. International Journal of Entrepreneurial Behaviour & Research. Vol. 17, Nº 6, pp. 607-625. 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