Caravana
Sair com a turma para uma atividade
pedagógica pode não ser uma tarefa fácil.
Confira as dicas de especialistas para
um passeio tranqüilo
ou n
Um dia no mu eu
P O R F E R N A N D A Z AT TA R
Tudo pronto: pais avisados, transporte
providenciado e crianças cheias de expectativa
a postos. Aquela visita ao teatro ou ao museu,
programada há meses, finalmente vai acontecer.
Mas um inofensivo passeio de escola pode
se transformar em um pesadelo por falta de
informação e organização. Então, para que um
balde de água fria não caia sobre o seu passeio,
preparamos um “dossiê” com uma série de
orientações que vão ajudar você a fazer um
passeio nota dez.
Segundo Sirlei Espindola, coordenadora de
monitoria do Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba
(PR), a primeira dica é que o professor que vai
acompanhar o grupo realize uma visita prévia
ao local sem os alunos, com o objetivo de verificar
as exposições que estão acontecendo e como
o assunto pode ser trabalhado em sala de aula.
“Com essa visita prévia, o professor pode colher
informações sobre o espaço e programar o
48 junho 2008 |
roteiro, discutindo o tema com os alunos e
preparando-os para a visita”, explica. Para
Marina Toledo, coordenadora do Educativo do
Museu da Língua Portuguesa, localizado em
São Paulo (SP), os problemas que acontecem
com maior freqüência estão relacionados
ao não cumprimento de regras básicas da
visita, o que está ligado a uma falta de preparo
para o passeio. “Percebo que os grupos mais
interessados e participativos são aqueles nos
quais houve uma proposta relacionada à visita
em sala de aula, os alunos já vêm com um olhar
focado e a curiosidade aguçada”, avalia.
REGRAS
A ansiedade por parte dos estudantes é bastante
normal e costuma ser a responsável pela agitação
na chegada ao local. Por isso, a maioria dos
espaços tem por hábito fazer a recepção dos
alunos ainda no estacionamento, para passar
as primeiras orientações antes que o grupo se
disperse. No Museu Oscar Niemeyer, a equipe de
monitoria faz três “combinados” básicos com os
ou no cinema
u no eatro,
PARTICIPAÇÃO
alunos antes do início da visita: não correr nas rampas de
acesso às salas expositivas e nos demais espaços do museu
(explicando sempre sobre o risco de quedas e machucados)
e ficar junto com o grupo, para não correr o risco de se
perder; não falar alto para não atrapalhar o monitor, os
colegas e os demais visitantes, erguendo a mão caso queira
fazer perguntas; e, por fim, não tocar nas obras, já que
o suor e os microrganismos das mãos podem danificá-las.
Quando for permitido tocar e interagir com o acervo,
o monitor orienta os alunos. “O importante é deixar claro
para os alunos o porquê de cada regra do museu. Isso os
deixa mais calmos e interessados”, explica Sirlei.
Quanto às restrições, a maioria dos teatros e museus
proíbe as mesmas coisas: mochilas, alimentos, líquidos e
bebidas, filmadoras e fotos com flash. “Costumamos pedir
aos grupos que deixem suas mochilas nos ônibus. Isso agiliza
a entrada no museu, porque os alunos não perdem tempo
no guarda-volumes, e evita a entrada de balas, chicletes etc.”,
conta Marina Toledo. Ela explica que, como o museu é um
espaço público, freqüentado por muitas pessoas, é necessário
falar em um tom de voz mais baixo, para não atrapalhar os
outros visitantes, e caminhar tranqüilamente. “É importante
que as pessoas percebam o museu como um patrimônio que
deve ser preservado por todos e, nesse sentido, o cuidado
com o manuseio dos equipamentos e a utilização do espaço
são fundamentais. Um exemplo: mesmo com a regra de não
mascar chicletes ou comer balas, é comum encontrarmos
gomas de mascar grudadas em bancos e mesmo nas
poltronas do auditório”, diz.
Outro ponto extremamente importante para o sucesso
da visita é o envolvimento do professor, seja em sua
preparação ou durante o passeio. “É comum encontrarmos
professores entretidos em uma visita pessoal ao museu,
deixando os alunos sem um acompanhamento. Quando
o professor se faz presente, o envolvimento dos alunos
é muito maior. E se os jovens vêm preparados, a qualidade
da visita é superior e nós os vemos sair muito mais
enriquecidos com a experiência”, explica Marina.
A produtora teatral Neiva Figueiredo tem bastante
experiência no trato com grupos escolares. Responsável
pela produção do Espetáculo Encanta Brasil, oferecido
pela Editora Positivo às Escolas Conveniadas, Neiva já teve
a difícil missão de controlar 560 crianças em uma única
sessão de teatro. “O que eu acho inaceitável são fotos com
flash durante o espetáculo, assim como o uso de aparelhos
que produzam luminosidade, como o celular. Isso tira
a concentração das pessoas que estão atrás, dos atores
e desvia a atenção do espetáculo”, afirma. Mas, segundo
Neiva, o pior comportamento que alguém pode ter dentro
do teatro é ficar pedindo silêncio durante o espetáculo.
“O famoso ‘shhhh’ é pior do que fazer barulho”, afirma.
Fora isso, Neiva acredita que o próprio espetáculo se
encarrega do resto. “Crianças são críticas e imediatistas;
ou o espetáculo envolve ou não envolve, ele por si só tem
a missão de prender a atenção das crianças”. Existem ainda
aqueles professores que pecam pelo excesso de orientação,
o que também é ruim. “Essa história do ‘não pode rir,
não pode gritar, não pode isso, não pode aquilo’ tira a
espontaneidade da criança e atrapalha a interação”, diz.
A diversão e o aprendizado são a finalidade de
qualquer passeio escolar. Por isso, prevenir é o melhor
remédio e todo cuidado é pouco no trato com os alunos.
Orientações básicas antes da visita, envolvimento
e participação durante o passeio e atenção redobrada no
trajeto – dentro do ônibus e na hora de atravessar a rua,
por exemplo – são essenciais para o bom proveito da
atividade. Fique atento às dicas dos especialistas
e, a todos, um excelente passeio!
| julho 2008
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