ESTUDO DA CONCENTRAÇÃO DE POSTOS DE ABASTECIMENTO NA REGIÃO DA NASCENTE DO CÓRREGO VACA BRAVA: AVALIAÇÃO DE RISCO Edna Gonçalves Prado1 Osmar Mendes Ferreira2 Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental AV. Universitária, Nº 1440 – Setor Universitário – Fone (62)3946-1351. CEP: 74605-010 – Goiânia - GO. RESUMO Com o crescimento demográfica ocorrido na região sudoeste da cidade de Goiânia capital do Estado de Goiás, e para suprir as necessidades da população está ocorrendo um aumento considerável na construção de postos de combustíveis nesta localidade. Sabemos que tais empreendimentos são potencialmente poluidores onde se justifica a importância na realização desse estudo que teve como principais objetivos determinar a direção do fluxo do lençol freático e calcular o tempo de deslocamento de uma possível pluma de contaminação. Para a realização do mesmo foram selecionados três pontos distintos, onde se coletou os dados do nível do lençol freático para calcular o tempo de dissipação da pluma contaminante. O resultado encontrado é bastante preocupante visto que para a contaminação percorrer um espaço de aproximadamente 380 metros demoraria mais ou menos 440 dias isso para solo com condutividade hidráulica predominante na região da ordem de 10-5 m/s. Palavras-chave: contaminação do solo, sustentabilidade, desenvolvimento. ABSTRACT The demographic growth happened in the Southwest area of the city of capital Goiânia of the State of Goiás, to supply the needs of the population this happening a considerable increase in the construction of positions of fuels in this place. We know that such enterprises are potentially pollutant where he/she is justified the importance in the accomplishment of that study that had as main objectives to determine the direction of the flow of the sheet freático and to calculate the time of displacement of a possible feather of contamination. For the accomplishment of the same three different points were selected, where it was collected the data of the level of the sheet freático to calculate the time of dissipation of the polluting feather. The found result is quite preoccupying seen that for the contamination to travel a space of approximately 380 meters would be long more or less 440 days that for soil with predominant hydraulic conductivity in the area of the order of 10-5 m/s. Word-key: contamination of the soil, sustainability, development. Goiânia, 2006/2 1 2 Acadêmica do curso de Engª Ambiental da Universidade Católica de Goiás([email protected]) Profº do Dep. de Engª da Universidade Católica de Goiás - UCG ([email protected]) 2 1.INTRODUÇÃO O grande aumento populacional promove por sua vez uma demanda grandiosa no consumo de matérias, na transformação de energia, largamente utilizada por animais e vegetais, que é vista com síntese da vida. Algumas dessas matérias são renováveis e outras não assim como algumas delas são frágeis quanto ao processo de poluição e contaminação. Dentre essas matérias a água (H2O) pode ser citada como a mais importante na manutenção da vida na biosfera do planeta Terra. Composta por duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio e no meio onde ela se encontra, sofre influencia dos minerais que lhe da coloração odor e características de onde se encontra. A água subterrânea tem se tornado uma fonte alternativa de abastecimento de água para o consumo humano. Isto se dá tanto à escassez quanto à poluição das águas superficiais, tornando os custos de tratamento, em níveis de potabilidade, cada vez mais elevados. Em geral, as águas subterrâneas são potáveis e dispensam tratamento prévio, pois os processos de filtração e depuração do subsolo promovem a purificação da água durante a sua percolação no meio, tornando-se uma fonte potencial de água de boa qualidade e baixo custo, podendo sua exploração ser realizada em áreas rurais e urbanas (SILVA APUD OLIVEIRA & LOUREIRO, 1998). Devido a importância da água para sobrevivência dos seres vivos foi realizado essa pesquisa para analisar o comportamento dos hidrocarbonetos caso ocorra um derramamento atingindo o recurso hídrico subterrâneo . Quanto tempo os compostos dos combustíveis como exemplo: (Benzeno, Tolueno, Etilbezebno e Xileno) – BTEX entre outros vai levar para alcançar o lençol freático na região do córrego Vaca Brava localizado na micro bacia do Córrego Cascavel caso ocorra um derramamento. Segundo diagnóstico Hidrogeológico da região de Goiânia (2003), a vulnerabilidade, à contaminação natural leva em consideração os parâmetros físicos do meio e desconsidera a eventual carga contaminante, ou seja, representa o grau de exposição dos sistemas aqüíferos em função de suas próprias características. Já o risco a contaminação deve considerar, além das condições naturais (vulnerabilidade), a presença de cargas contaminantes. As cargas contaminantes associados à intervenção antrópica definem o impacto geral e permitem hierarquizar as diferentes atividades com relação a padrões de qualidade. A contaminação das águas do domínio poroso já foi constatada em várias regiões 3 metropolitanas, onde o gotejamento a partir de tanques enterrados, causa a migração de hidrocarbonetos em direção ao topo da zona saturada. Considerando que o tempo médio para o início dos vazamentos varia entre 5 e 20 anos, devido ao envelhecimento dos reservatórios, este fato se tornará cada vez mais freqüente. Poucos estudos visando à recarga artificial dos aqüíferos têm sido desenvolvidos no Brasil. Contudo, os resultados preliminares mostram que os latossolos e nitossolos com condutividades hidráulicas da ordem de 10-5 ou 10-6 m/seg, com relevo plano a suave ondulado e grande espessura da zona vadosa são favoráveis à pratica da recarga ( CAMPOS ). Foram selecionados três pontos para verificar o nível piezométrico da água, apartir desses dados realizou-se o calculo para dimensionar o tempo que uma possível pluma demoraria para alcançar o ponto principal da nascente do Córrego Vaca Brava. Essa pesquisa justifica-se pela necessidade da discussão da possibilidade de ocorrer sinistros ambientais na região resultando na contaminação do lençol freático devido a concentração de postos de abastecimento de combustível, como também a má instalação dos equipamentos e a ocupação demográfica por condomínios verticais, que utilizam poços artesianos para o abastecimento, situando-se na área da nascente do Córrego Vaca Brava. Tem como principais objetivos determinar a direção do fluxo do lençol freático e o tempo de deslocamento de uma possível pluma de contaminação, caso essa venha ocorrer na região, possibilitando alertar a população desses prováveis riscos e para que medidas de prevenção sejam tomadas para minimizar possíveis danos ambientais e socioeconômicos. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O petróleo é considerado uma fonte de energia não renovável, de origem fóssil e é matéria prima da indústria petrolífera e petroquímica. O petróleo bruto possui em sua composição uma cadeia de hidrocarbonetos, cujas frações leves formam os gases e as frações pesadas os óleos crus. A distribuição destes percentuais de hidrocarbonetos é que define os diversos tipos de petróleo existentes no mundo AmbienteBrasil (2006). É um produto de grande importância, principalmente em nossa atualidade. É difícil determinar alguma coisa que não dependa direta ou indiretamente do petróleo. Os solventes, óleos combustíveis, gasolina, óleo diesel, querosene, gasolina de aviação, lubrificantes, asfalto, plástico entre outros são os principais produtos obtidos a partir do petróleo. Pontes (2006) mostra que em 1870, a gasolina já entrava na competição que se 4 estabelecia entre carvão, querosene e óleos vegetais e animais como combustíveis para produzir luz artificial. Em 1876, foi celebrado no Brasil um contrato entre o Ministério da Agricultura e uma empresa que vendia combustível de refinaria para a iluminação de onze distritos da corte, em substituição ao serviço anterior, que era à base de óleos vegetais e animais. Dois anos depois era requerida patente para um aparelho de fazer gás por meio do ar e da gasolina. Como se pode notar, era um período em que esses produtos eram de fato uma novidade. Mesmo nos EUA, pouco se sabia sobre a origem do petróleo e praticamente nada se sabia sobre a composição química dos derivados e dos processos para sua obtenção. Até 1910, a gasolina era obtida pela destilação do petróleo bruto, processo que fornecia baixa octanagem. Nessa época começam a se desenvolver os processos de cracking, capazes de produzir gasolinas com maiores índices de octanas e maior economia de óleo cru. Esse desenvolvimento técnico foi estimulado pela expansão da frota mundial de automóveis. Assim. somente por volta da metade da década de 1910 o querosene para iluminação foi ultrapassado pela gasolina nas vendas das companhias de petróleo. Para Pontes (2002), uma gasolina para consumo é constituída pela mistura de dois, três ou mais componentes obtidos nesses diferentes processos de refinação, podendo ainda receber a adição de outros compostos como o tolueno ou xilenos, álcoois como o metanol ou etanol anidros, além de outros aditivos especiais com finalidades específicas, entre os quais podemos citar antioxidantes, antidetonantes, detergentes, anticongelantes, desativadores de metal, corantes, etc. As gasolinas automotivas são combustíveis utilizados nos motores de combustão interna com ignição por centelha. São constituídas por hidrocarbonetos derivados de petróleo e podem conter aditivos selecionados que conferem importantes características específicas ao produto originado nas refinarias e centrais petroquímicas nacionais. As propriedades das gasolinas comerciais são influenciadas pelos processos de refinação utilizados e também pela natureza dos petróleos que as originam. Os hidrocarbonetos monocromáticos, benzeno, tolueno, etilbenzeno e os três xilenos orto, meta e para, chamados compostos BTEX, são os constituintes da gasolina que têm maior solubilidade em água e, portanto, são os contaminantes que primeiro irão atingir o lençol freático (CORSEUIL, 1992). No Brasil, segundo o relatório apresentado em 2001 pela Agência Nacional de Águas, cerca de 70% dos rios que fazem parte das bacias hidrográficas que vão do Sergipe ao Rio Grande do Sul apresentaram altos índices de contaminação, principalmente por efluentes 5 urbanos, substâncias lixiviadas de grandes lixões e agrotóxicos. (TIBURTIUS, 2006). Ainda é citado por (TIBURTIUS, 2006) que no Brasil existem cerca de 27.000 postos de combustíveis, os quais podem provocar impacto sobre o solo e posteriormente, de águas superficiais e subterrâneas. Cita que não existem estatísticas sobre a magnitude do problema da contaminação por Benzeno, Tolueno e o Xileno - BTX. Entretanto, em função de muitos tanques terem mais de 25 anos de uso, acredita-se que devido a baixa qualidade dos mesmos à possibilidade de ocorrerem vazamentos é extremamente grande, principalmente pelo surgimento de rachaduras ou corrosão. No ano de 1995 o consumo de álcool, gasolina e diesel no país foi de 33, 38 e 82 milhões de litros/dia, respectivamente (PETROBRÁS, 1995). As preocupações relacionadas ao potencial de contaminação de águas subterrâneas por derramamentos de combustível vem crescendo. Segundo dados da Petrobrás o consumo de gasolina e óleo diesel no Brasil vem crescendo a uma taxa de 5 a 10% ao ano, sendo que em 1998 o consumo destes combustíveis foi de 51,7 e 96,1 milhões de litros por dia, respectivamente (Finotti et al., 2001 apud Uhly & Souza, 2004). Apesar disso, no Brasil, estudos relacionados à contaminantes por vazamentos de tanques subterrâneos armazenadores de combustível (TSAC) são relativamente recentes e concentrados principalmente nas regiões sul e sudeste do país (Uhly & Souza, 2004). Manzochi (2000) acompanhou as atividades operacionais de abastecimento e descarga de combustíveis, troca de óleo e lavagem de veículos em um posto de abastecimento de combustíveis de Florianópolis (SC). Ele alerta que, pela chuva, o material derramado pode contaminar o solo e a água, atingindo rios, lençóis freáticos e galerias pluviais. Considerando o vazamento de 10 mL por dia, durante um ano, estima-se que pode haver comprometimento de 3 milhões de litros de água. A extensão da contaminação depende do vazamento, das condições do local e do tipo de solo onde o posto está instalado. Segundo o geólogo Petrick (2003), a preocupação com acidentes nos postos está aumentando no Brasil. As principais causas de vazamentos apontadas são falhas humanas durante a descarga do combustível e defeitos na estrutura do tanque. Ele acrescenta que o número de postos que apresentaram problemas varia de 20 a 30% no Brasil, sendo que na maioria dos casos, só se perceberam os vazamentos depois da descoberta dos seus efeitos. Um dos mais freqüentes casos de contaminação de aqüíferos em centros urbanos refere-se a tanques enterrados. O grande número de contaminações por postos de combustível decorre da grande quantidade de empreendimentos, da estocagem de produtos perigosos e altamente tóxicos, que mesmo em pequenas perdas causam potencialmente grandes plumas 6 contaminantes, da dificuldade de detecção de vazamentos em tanques subterrâneos e da falta de fiscalização adequada. (COSTI E JUNIOR, 2006). Segundo a Norma Regulamentadora - NR 20 (19780), fica definido "líquido combustível" como todo aquele que possua ponto de fulgor igual ou superior a 70ºC (setenta graus centígrados) e inferior a 93,3ºC (noventa e três graus e três décimos de graus centígrados). O líquido combustível definido anteriormente é considerado líquido combustível da Classe III. Os tanques de armazenagem de líquidos combustíveis serão construídos de aço ou de concreto, a menos que a característica do líquido requeira material especial, segundo normas técnicas oficiais vigentes no País. A Agência Ambiental do Estado de Goiás com base na resolução 273 (CONAMA, 2000), elaborou o Manual de Instrução para Licenciamento Ambiental que estabelece critérios para apresentação dos planos e projetos ambientais para atividades potencialmente poluidoras. Em seu anexo "L" dispõe os procedimentos para obter o licenciamento ambiental de postos e sistemas retalhistas de combustíveis, como instalações novas, reformas e ampliações necessárias. A NBR 13786 ( ABNT, 1997) define os tipos de tanques e as tubulações conforme a classificação do posto de serviço, estas são condições mínimas exigidas. As tubulações de classe superior podem ser utilizadas em classe inferior, mas nunca o contrário. Ρ ara o posto classe 0, o tanque fabricado conforme as normas referidas na seção 2: − de aço-carbono, com revestimento resistente à corrosão e proteção catódica; ou − de aço-carbono, com revestimento especial resistente à corrosão, que dispense a proteção catódica; ou − de aço-carbono, com parede dupla, com revestimento resistente à corrosão e proteção catódica; ou − de aço-carbono, com parede dupla, com revestimento especial resistente à corrosão, que dispense a proteção catódica; ou − de aço-carbono, com parede dupla, sendo a última de material não-metálico; ou − de material não-metálico; ou − de material não-metálico, com parede dupla. As normas para a tubulação de um posto classe – 0, são: 7 − de aço-carbono, com proteção contra a corrosão, compatível com a utilizada no tanque; ou − de aço-carbono, de paredes duplas, sendo a última de material não-metálico; ou de material não-metálico. As condições citadas anteriormente são aplicadas às classes 1, 2 e 3 como também as tubulações na determinação dos equipamentos a serem utilizados. Estabelece também como será realizada a distribuição dos equipamentos conforme a classificação do posto de serviço. De acordo com a - NBR 13736 (ABNT, 1997) "estabelece os princípios gerais para seleção dos equipamentos para o sistema de armazenamento e distribuição de combustíveis líquidos destinados a postos de serviço”. Dispõe a finalidade de cada modelo, para o sistema subterrâneo de armazenamento e distribuição de combustíveis líquidos destinados a postos de serviços de acordo com a classificação do posto, seguindo os critérios propostos pela a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, a classe é definida pela a análise do ambiente em torno do posto de serviço. A distância é de 100 metros a partir do seu perímetro e são identificados os fatores de agravamento no ambiente em torno. O posto deve ser classificado no nível mais alto, mesmo que haja apenas um fator desta classe. Realizada a análise têm-se as informações necessárias para selecionar os equipamentos e sistemas a serem utilizados no posto de serviço. A resolução 319 (CONAMA, 2003) acrescenta o parágrafo único ao art. 3 da Resolução 273 (CONAMA, 2000) "- Os equipamentos e sistemas destinados ao armazenamento e a distribuição de combustíveis automotivos, assim como sua montagem e instalação, deverão ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do sistema Brasileiro da Conformidade. Parágrafo único – previamente à entrada em operação e com periodicidade não superior a cinco anos, os equipamentos e sistemas, a que se refere deverão ser testados e ensaiados para a comprovação da inexistência de falhas ou vazamentos, segundo procedimentos padronizados, de forma a possibilitar a avaliação de sua conformidade. A NBR 13784 (ABNT, 1997) estabelece se houver a constatação de vazamentos o responsável deve determinar os ensaios de estanqueidade dos tanques e suas tubulações, conforme as normas, para detectar o local de vazamento para adotar as medidas corretivas necessárias. Caso o impacto seja detectado os responsáveis devem informar imediatamente 8 aos órgãos públicos competentes, como corpo de bombeiros, prefeitura e órgão de controle ambiental, para eventuais medidas de proteção à população e ao meio ambiente. Para Silva (2002), devido ao número alarmante de vazamentos de tanques de armazenamento subterrâneos (TAS) a contaminação de aqüíferos a partir de derramamentos de combustível desses tanques tem sido um assunto de grande interesse nas últimas décadas (Bicalho, 1997; Borden et al., 1986; Capuano & Johnson, 1996; Corseuil & Alvarez, 1996; Fernandes, 1997; Hunt et al., 1988; Litle et al., 1992; Mackay & Cherry, 1989; Mackay et al., 1985; Soo Cho et al., 1997). Para se ter uma idéia da grandeza do problema, a Agência de Proteção Ambiental Norte Americana (EPA) estima que 30% dos TAS nos Estados Unidos estão com problemas de vazamento. Este aumento repentino no número de vazamento nos tanques de gasolina está relacionado ao final da vida útil dos tanques, que é de aproximadamente 25 anos (Corseuil & Alvarez, 1996). Segundo notícia publicada pela Agecom (2005) os aqüíferos são formações geológicas compostas por rochas permeáveis - semelhantes a uma esponja - que têm capacidade para armazenar grandes quantidades de água subterrânea. De acordo com Schneider, 60% dos municípios brasileiros são abastecidos por aqüíferos. Na América do Sul, a principal reserva subterrânea de água doce é o aqüífero Guarani, que ocupa 1,2 milhão de quilômetros quadrados. Considerado um dos maiores aqüíferos do mundo, o Guarani estende-se pelo Brasil (840.000 Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina, (255.000 Km²). No Brasil, que tem dois terços da área total de abrangência do Guarani, o aqüífero se localiza nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, somente nesse estado o Guarani é explorado por mais de 1 mil poços de captação de água subterrânea. Podemos verificar na Figura 1 que segundo o estudo realizado pela Secretaria de Indústria e Comércio a área estudada apresenta um grau muito alto de risco a contaminação das águas subterrâneas profundas. Devido as características do solo onde o mesmo apresenta alta vulnerabilidade, devem ser adotados os cuidados necessários para preservar ao máximo a qualidade de vida como também preservar o meio ambiente. 9 Figura 1: Mapa de risco de contaminação das águas subterrâneas de Goiânia Na Figura 2 mostra o mapa das cargas contaminantes pontuais e difusas onde apresenta os empreendimentos com maior potencial à contaminação. Na área de estudada pode ser verificado que há um grande numero de poços tubulares profundos (artesianos) e postos de abastecimentos de combustíveis. O que representa um alto risco a sociedade visto que a presença dos postos de combustíveis pode ocorrer um vazamento e futuramente contaminar o lençol freático. Da mesma forma os poços tubulares ao serem construídos devem seguir as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e Leis Estaduais e realizar a manutenção diariamente a fim de evitar uma possível contaminação. 1 Figura 2: Mapa de cargas contaminantes 3.METODOLOGIA Esta pesquisa foi desenvolvida na área de influencia direta da nascente do córrego Vaca-Brava. Sua nascente se dá na cota 800 m e ao desaguar no Córrego Cascavel atinge uma cota de 735 m, o que constata sua baixa declividade longitudinal de 5,9%, se considerar que sua extensão é de aproximadamente 1.100 m. No tocante às suas nascentes pode-se observar que a declividade transversal da área é também baixa, estando em sua maioria, entre o (zero) e 10%, chegando a 40% em uma área muito restrita e bastante próxima ao leito. 1 O parque Vaca Brava (Parque Sulivan Silvestre) foi criado em 1951, pelo Decreto que aprovou o loteamento do Setor Bueno. No inicio, este setor contava com 12% de espaços livres destinados a praça e parques. Da década de 1970 para cá, este índice foi reduzido cerca de 4%. O Parque localiza-se entre o Setor Bueno e o Jardim América, duas importantes áreas habitacionais que margeiam o Parque longitudinalmente. As vias de acesso ao Parque são diversas, sendo contornadas pelas avenidas T-3, T-5, T-10 e T-15. O método desta pesquisa teve fundamentos nos trabalhos desenvolvidos em campo como se segue: ─ o nível do lençol freático foi medido pelo aparelho medidor de nível. ─ dimensionar a área da nascente do córrego Vaca Brava na região sudoeste da cidade de Goiânia. ─ locar os postos de combustíveis situados dentro da área de estudo. ─ reconhecimento da área para obter informações quanto a direção do fluxo para dimensionar a pluma de contaminação, caso ocorra um vazamento de combustíveis. ─ Calculo do tempo gasto para que os contaminantes atinjam o ponto de afloramento de água. Para esse calculo foi utilizado a condutividade hidráulica do solo com valor igual a 10-5 m/s esse dado é segundo o estudo hidrográfico da região de Goiânia. Onde mostra que solos que apresente potencial de recarga apresenta permeabilidade citada acima 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Sendo esta atividade potencialmente poluidora e contaminadora, requer cuidados ambientais antes de suas instalações e no decorrer de seu respectivo funcionamento. Portanto ações mitigadoras devem ser adotadas para permitir que tal empreendimento não cause nenhum prejuízo ao meio ambiente. A Figura 3 apresenta os postos de combustíveis distribuídos de forma aleatória em um raio máximo de 840 e mínimo de 310 metros lineares entorno da nascente do córrego Vaca Brava, sendo um total de 12 postos. Eles estão compreendidos na micro bacia com 1 vertentes de uma certa forma acentuadas para o ponto de afloramento de água do córrego Vaca Brava. Localização dos postos de combustíveis Figura 3: Mapa de locação dos postos de combustíveis No Quadro 1 apresenta a localização e coordenadas dos postos de combustíveis que foram catalogados no dia nove de outubro de dois mil e seis. Neste levantamento constatou-se que na região escolhida para realização do estudo um total de 12 postos de combustíveis onde apenas 10 encontram-se em funcionamento, um está desativado e o outro no momento do levantamento estava em reforma. Quadro 1: Localização dos postos de abastecimento entorno do córrego Vaca Brava Endereços Av. 85 Qd. 222 Lt. 6/7/8 Setor Bueno Av. T-63 Qd. 140 Lt. 6/7/8 Setor Bueno Av. S1 Qd. 159 Lt. 15 Setor Bela Vista Av. T-13 Qd. 161 Lt. 10/11 Setor Bueno Av. T-4 esq. c/ T-12 Qd. 124 Setor Bueno Av. T-4 esq. c/ T-58 Qd. 120 Setor Bueno Av. T-10 esq. T-1 Qd. 104 A Setor Bueno Av. T-10 Qd. 135 Lt. 12 Setor Bueno Av. T-63 Qd. 152 Lt. 1 Setor Bueno Av. T-63 Qd. 150 Lt. 23 Setor Bueno Rua C – 267 esq. c/ C – 171 Qd. 604 Nova Suíça Rua S – 1 esq. T – 63 Qd. 146 Setor Bueno Coordenadas UTM 0685122 E 0685041 E 0685159 E 0684854 E 0684791 E 0684825 E 0684815 E 0684168 E 0684448 E 0684600 E 0684047 E 0685121 E 8152061 N 8151337 N 8150766 N 8150757 N 8151812 N 8151974 N 8152376 N 8151860 N 8151279 N 8151279 N 8150879 N 8151279 N 1 Na Figura 4 mostra a área selecionada para realização da pesquisa, onde foi fechado um triângulo para calcular a linha piezométrica e determinar a direção mais provável do fluxo do lençol freático. Mostra também a distância dos pontos 1 e 2 a nascente do córrego Vaca Brava. Figura 4: Locação dos pontos para calcular a direção do fluxo do lençol freático Liga os pontos 1 e 2 a nascente Linha piezométrica Direção do Fluxo Linha que interliga os pontos Pontos selecionados para analise do nível do lençol freático Curso d”água Para a obtenção dos resultados foram utilizados os seguintes dados: profundidade do lençol freático; diferença de nível do posto de combustível do ponto de afloramento d’água; distancia em metros do posto de combustíveis à “nascente”; condutividade hidráulica do solo, que nos permitiu calcular de forma bastante aproximada o tempo gasto para que combustíveis atinjam a água promovendo a partir daí danos irreparáveis ao eco sistema local, que por sua vez atinge proporções bem maiores podendo alcançar inclusive o importante reservatório de água subterrânea que abastece vários condomínios verticais na região. 1 Dados NP1 = Nível do Lençol Freático no ponto 1 – 12,5m NP2= Nível do Lençol Freático no ponto 2 – 9,5m NP3 = Nível do Lençol Freático no ponto 3 – 8m d1-2= distancia do ponto 1 ao ponto 2 esta á 150m d1-3= distancia do ponto 1 ao ponto 3 esta á 254m d2-3= distancia do ponto 2 ao ponto 3 esta á 227m v = condutividade hidráulica 10-5m/s. Calculo da linha piezométrica do lençol freático Np1– Np3 d1-3 12,5 – 8,0 254 = = X = 217,71 Np1– Np2 X 12,5 – 9,5 X linha piezométrico Cálculo do tempo em que o elemento contaminantes atingirá a nascente do córrego Vaca Brava d = 400 metros é a distância do posto 1 a nascente do corrégo Vaca Brava. V = velocidade de percolação adotada 10-5m/s. Tp1 = tempo de percolação do contaminante Tp1 Tp1 d v = = 400 m 10-5 m/s 4 0 000 000 s => 666 666 ,6667 min => 11 111, 1111 horas 1 => 462, 963 dias => 1, 3 anos. d = 380 metros é a distância do posto 2 a nascente do corrégo Vaca Brava. V = velocidade de percolação adotada 10-5m/s. Tp1 = tempo de percolação do contaminante Tp2 = d v Tp1 = 380 10-5m/s 3 8 000 000 cm/s 439, 8148 dias => 633 333,3333 min => 10 555, 5556 horas => 1, 2 anos. 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Verifica-se que a área em estudo tem uma aglomeração significativa de postos de combustíveis e que de acordo com os estudos realizados pelas secretarias de Indústria e Comércio e Superintendência de Geologia e Mineração esta área apresenta um percentual alto na possibilidade de contaminar mananciais de água e lençóis subterrâneos profundos daí a importância do seu estudo bem como da sugestão em praticas que possam impedir ou mitigar possíveis acidentes. O resultado das operações nos revelou que para um posto com 380 metros de distancia a nascente estaria contaminada em aproximadamente 14 meses. Do ponto de vista cronológico este deslocamento é considerado muito rápido. Levando em conta a velocidade com que os contaminantes atingem os mananciais de água suas respectivas licenças deveriam ser de no máximo um ano. Além disso outros cuidados devem ser adotados no intuito de impedir que acidente desta natureza coloque a qualidade de vida da população em risco. Para que a população tenha um pouco de tranqüilidade quanto à água que elas consomem diariamente o poder publico deve Ter uma fiscalização mais ativa nos empreendimentos que apresentem como sendo um potencial poluidor, exemplo os postos de combustíveis. Os órgãos ambientais deveriam exigir que o lado das analises fossem entregues 1 junto a documentação no momento de renovar as licenças, com o objetivo de evitar adulteração de resultados. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Seleção de equipamentos e sistemas para instalações subterrâneas de combustíveis em postos de serviço – NBR 13.736. Rio de Janeiro: ABNT 1997a. ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). Detecção de vazamento em postos de serviço – NBR 13.786. Rio de Janeiro: ABNT 1997b. Petróleo disponível em: < http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3? l> acesso em 4 de março de 2006 CAMPOS, J. E. G.; RODRIGUES, A. P.; SÁ, M. A. M; REZENDE, LEONARDO & MAGAHLÃES, L.F. 2003. 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