Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Grupo Técnico-Científico sobre Manejo de Resistência - GTMR
MEMÓRIA DE REUNIÃOi
No dia 10 de outubro de 2014 teve efeito na cidade de Brasília – DF a primeira reunião do Grupo
Técnico-Cientifico sobre Manejo de Resistência de Insetos-Praga a proteínas Bt (GTMR), instituído
pela Portaria MAPA nº 950/14, com a presença dos seguintes especialistas indicados pela Portaria
MAPA nº 953/14: José Magid Waquil, Daniel Sosa Gomes, Celso Omoto, Renato Assis de Carvalho,
Ana Catarina Utsch Correa, Itavor Nummer Filho, Celito Breda, Alexandre Camara Bernardes,
Alexandre Pedro Schenkel e Rose Gomes Monnerat. A reunião foi coordenada pelo Diretor do
Departamento de Sanidade Vegetal (DSV), Dr. Luis Eduardo Pacific Rangel, com o apoio do
responsável pela Coordenação Geral de Proteção de Plantas, Marcus Coelho. A síntese dos pontos
relevantes e encaminhamentos da reunião são indicados a seguir, conforme itens da agenda da
reunião: Item 1. Contextualização e Informe das Ações realizadas pelo MAPA. Entre as ações
realizadas pelo MAPA o Diretor do DSV informou a criação do GTMR e a formalização dos
participantes (Portarias Nº 950/14 e 953/14); o início do levantamento da produção e oferta de
sementes convencionais, em curso sob a coordenação do DFIA; a análise de opções para estímulo
creditício, em curso pela SPA e; projeto de comunicação voltada ao agricultor indicando a
importância da adoção do refúgio em elaboração pela Assessoria de Comunicação do MAPA. Item
2. Repasse dos Objetivos do GTMR e expectativas dos participantes. Após repasse dos objetivos
definidos na Portaria Nº 950/14, os participantes registraram a conveniência de definição das
prioridades, metas, atividades e prazos para orientar adequadamente o trabalho do grupo.
Alertaram que a adoção de refúgio é importante, mas que isoladamente não é suficiente para o
adequado manejo de resistência nos sistemas produtivos, bem como para assegurar a longevidade
das tecnologias. Segundo os especialistas é necessário adotar outras práticas complementares para
alcançar esse resultado. Sem desmerecer os objetivos do GTMR, destacaram também a necessidade
de uma discussão mais ampla sobre Manejo Integrado de Pragas e Manejo de Resistência, que leve
em conta não apenas o uso das plantas Bt, mas também o uso dos defensivos químicos, para os
quais também se observa a ocorrência de resistência. Outro item relevante no entendimento do
grupo é a contextualização das questões de manejo em função das paisagens agrícolas, uma vez que
as consequências do manejo para uma determinada cultura afetam diretamente o sucesso de
culturas adjacentes como no caso da paisagem: milho, soja, algodão. A importância do GTMR está
na definição de diretrizes nacionais para o manejo das tecnologias e na influência da formação de
programas fitossanitários em nível estadual, além da necessidade de manter atualizada a
recomendação técnica em função do monitoramento de dados sobre uso da tecnologia e resistência
genética das pragas e da expectativa de comunicação a técnicos e extensionistas. Item 3. Eficiência
das Tecnologias Bt – Os participantes concordaram pela necessidade de compilar as seguintes
informações para subsidiar o trabalho do grupo e eventualmente incrementar a comunicação dos
técnicos e usuários das tecnologias: (a) pragas-alvo para as quais são indicadas as diferentes
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Grupo Técnico-Científico sobre Manejo de Resistência - GTMR
proteínas e materiais; (b) modo de atuação: controle ou supressão; (c) CL50. O grupo entendeu
como conveniente harmonizar conceitos-chave no âmbito do grupo, para facilitar os trabalhos,
entre eles: (i) eficiência da tecnologia; (ii) efeito supressor e de controle; (iii) resistência (conceito
prático). Entre as linhas de atuação possíveis para o grupo nesse tema foram elencadas: (i)
recomendar a revisão do procedimento de registro de cultivares para prever o depósito das
informações sobre a eficiência das tecnologias; (ii) inclusão de informação sobre as pragas-alvo no
rótulo das embalagens de semente; (iii) levantamento de informações sobre a eficácia das
tecnologias, por meio de pesquisas específicas ou a partir de informação direta do agricultor. Sobre
este último ponto foi indicado que “o número de aplicações” requeridas no início e ao longo da
adoção da tecnologia poderia ser um indicador útil para o acompanhamento da eficiência das
tecnologias. Essa informação, contudo, precisaria ser acompanhada de informações
complementares sobre as práticas culturais adotadas pelos agricultores. Foram apontadas as
seguintes instituições que dispõem de estudos ou informações nesse sentido: Embrapa, Fundação
Chapadão e IAC (informação não exaustiva). Foi levantado também a necessidade de discussão de
possíveis medidas para os casos em que as tecnologias perdem a sua eficiência. Além disso, fica
clara a necessidade de um depósito de informações formal no âmbito do governo para subsidiar
análises do GTMR sobre a eficiência das tecnologias. Item 4 - Manejo de Resistência: Para
implementação desse objetivo os participantes concordaram pela conveniência de convidar para as
próximas reuniões as empresas desenvolvedoras das tecnologias para apresentar o trabalho que
vêm sendo realizado no monitoramento de resistência. Foi acordado também convidar a ABRASEM.
Entre as linhas de ações que poderiam ser exploradas no âmbito do grupo foram sugeridas: (i)
criação de mecanismo de alerta rápido sobre ocorrências de resistência; (ii) avaliação pelo GTMR
dos casos de resistência notificados ou noticiados, em particular aqueles não submetidos a um
procedimento de revisão científica (iii) inclusão nas embalagens de sementes de orientação quanto
às áreas de refúgio e outras medidas relevantes para o manejo de resistência; (iii) separação das
ocorrências de resistência em regiões e populações. O grupo também concordou em convidar
técnicos da Bahia para apresenta a experiência em curso no oeste daquele estado, com o objetivo
dele elevar a eficiência das tecnologias e o controle das pragas. Item 5. Orientações para Áreas de
Refúgio. O GTMR coincidiu com alguns princípios e orientações gerais para a definição das
recomendações técnicas para Áreas de Refúgio: (i) quanto maior a área de refúgio, maior a
longevidade ou durabilidade da tecnologia. Dessa forma, seria recomendável uma ampliação
periódica dos percentuais de área dedicado ao refúgio, levando-se em conta a disponibilidade de
sementes não Bt; (ii) as recomendações técnicas devem ser dinâmicas e revisadas periodicamente,
levando em conta, entre outros aspectos, o comportamento das pragas no campo, safra a safra; (iii)
o emprego de áreas de refúgio para minimização de casos de resistência deve ser combinado com
outras medidas, como a utilização de plantas com duas ou mais proteínas ativas para a praga alvo,
a rotação de culturas e a eliminação adequada dos restos culturais; (iv) em algumas circunstâncias
o emprego de cultivos alternativos como refúgio poderia ser utilizado de forma eficaz, como o sorgo
no caso do milho e o feijão guandu no caso da soja. Dessa forma, a exclusão dessas alternativas nos
documentos de orientação não seria adequada; (v) a definição dos percentuais e características do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Grupo Técnico-Científico sobre Manejo de Resistência - GTMR
refúgio devem levar em conta não apenas a sua eficiência no manejo de resistência, mas também a
sua aplicabilidade prática pelo agricultor e a sua economicidade.Com relação às recomendações de
percentuais em vigor, preconizadas pelas empresas detentoras das biotecnologias, o GTMR
entendeu que, de uma forma geral, elas estariam adequadas para a próxima safra. Os percentuais
preconizados pelas empresas para as diferentes proteínas são apresentados em anexo. A
recomendação técnica para a cultura do milho na safra 2014/2015, para todas as tecnologias, foi de
10% da área para refúgio, no mínimo. Para a soja recomenda-se atualmente uma área de refúgio
de, no mínimo, 20%. No que se refere à cultura do algodão, a recomendação das empresas não se
encontra ainda padronização. A recomendação mais adequada para a cultura do algodão, segundo
o grupo, seria de 20% de área de refúgio, com aplicação de inseticidas na área quando o índice de
infestação atingir 25%. A indicação de 5% de área de refúgio nessa cultura, sem pulverização, não
se mostra adequada em termos práticos, segundo a opinião da maioria do GTMR, em razão da baixa
probabilidade de adoção dessa recomendação pelo agricultor. Fica recomendado que sejam
trabalhadas pelas empresas variedades que tenham a expressão de mais de uma proteína,
considerando a vantagem para o manejo da resistência. É fundamental registrar que é necessária a
oferta de variedades não portadoras da proteína Bt, para que sejam estabelecidas as áreas de
refúgio em proporções adequadas àquelas recomendas para o manejo da resistência. Item 6.
Considerações finais: As datas previstas para as próximas reuniões do GTMR foram definidas como
06 de novembro de 2014 e 01 de dezembro de 2014. Brasília, 10 de outubro de 2014.
i
Documento sujeito a revisão.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Grupo Técnico-Científico sobre Manejo de Resistência - GTMR
RECOMENDAÇÕES DE REFÚGIO
PRECONIZADAS PELAS EMPRESAS DETENTORAS DAS TECNOLOGIAS
(2014)
CULTURA
EMPRESA
NOME COMERCIAL
PROTEÍNA
% DE REFÚGIO ESTRUTURADO
ALGODÃO
DOW
Widestrike
Cry1Ac e Cry1F
5%
ALGODÃO
MONSANTO
Bollgard
Cry1Ac
20%
ALGODÃO
MONSANTO
Bollgard II
Cry1Ac e Cry2Ab2
5% (sem pulverização diferencial para
lagartas em relação ao BGII) ou 20%
(permitindo pulverização diferencial
para lagartas)
ALGODÃO
BAYER
TwinLink
Cry1Ab E Cry2Ae
MILHO
DOW
Herculex
Cry1F
20% com algodão não Bt
Recomendação de aplicação de
inseticidas quando o ataque das
lagartas atingir o nível de ação
específico pré-estabelecido.
10%
MILHO
DOW
Herculex RR
Cry1F
10%
MILHO
DOW
PowerCore
10%
MILHO
DuPont-PIONEER
Yieldgard
Cry1A.105,
Cry2Ab2, Cry1F
Cry1Ab
10%
MILHO
DuPont-PIONEER
Herculex
Cry1F
10%
MILHO
DuPont-PIONEER
Intrasect
Cry1Ab e Cry1F
10%
MILHO
MONSANTO
Yieldgard
Cry1Ab
10%
MILHO
MONSANTO
VTPRO
10%
MILHO
MONSANTO
VTRPRO2
MILHO
MONSANTO
VTPRO3
MILHO
MONSANTO
VTPROMAX
MILHO
SYNGENTA
Agrisure TL
Cry1A.105 e
Cry2Ab2
Cry1A.105 e
Cry2Ab2
Cry1A.105,
Cry2Ab2 e
Cry3Bb1
Cry1A.105,
Cry2Ab2 e Cry1F
Cry1Ab
MILHO
SYNGENTA
Agrisure Viptera
Vip3Aa20
10%
MILHO
SYNGENTA
Agrisure TLTG Viptera
Cry1Ab e Vip3Aa20
10%
MILHO
SYNGENTA
Agrisure Viptera3
Cry1Ab e Vip3Aa20
10%
SOJA
MONSANTO
INTACTA RR2 PRO
Cry1Ac
10%
10%
10%
10%
20% (estruturado)
Download

Memória da 1ª Reunião do GTMR