MFC 001 - PROCEDIMENTOS DE MONITORAMENTO, FUNÇÕES E
RESPONSABILIDADES NA GESTÃO DO RISCO OPERACIONAL EM BANCOS
Viviane Theiss
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – Universidade Regional
de Blumenau
Rua Antônio da Veiga, 140 – Sala D 203- Bairro Victor Konder.
E-mail: [email protected]
Daniela Di Domenico
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – Universidade Regional
de Blumenau
Rua Antônio da Veiga, 140 – Sala D 203- Bairro Victor Konder.
E-mail: [email protected]
Francisco Carlos Fernandes
Doutor e Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – Universidade
Regional de Blumenau
Rua Antônio da Veiga, 140 – Sala D 203- Bairro Victor Konder.
e-mail: [email protected]
Área Temática: Mercados Financeiro, de Crédito e de Capitais
PROCEDIMENTOS DE MONITORAMENTO, FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES
NA GESTÃO DO RISCO OPERACIONAL EM BANCOS
RESUMO
O controle dos riscos operacionais envolve uma série de procedimentos, o monitoramento das
atividades nos processos da organização é uma das formas eficazes de prevenir erros e
fraudes, assim como o estabelecimento de funções e responsabilidades de todos os indivíduos
dentro de uma organização. O objetivo deste estudo é verificar os aspectos de monitoramento
e funções de responsabilidade na gestão de risco operacional, por meio das evidenciações das
instituições financeiras regulamentadas pelo Banco Central do Brasil, listadas na
BM&FBovespa, no ano de 2010. Desta forma, a pesquisa apresenta-se de modo descritivo,
com um procedimento documental e uma abordagem qualitativa. Sendo que os dados foram
coletados de acordo com as evidenciações registradas nas notas explicativas, relatórios da
administração e as descrições de gerenciamento de riscos divulgados nos sítios eletrônicos de
cada pesquisada. Os resultados apontam que os aspectos de monitoramento contínuo,
monitoramento independente, apresentação dos métodos de avaliação e a documentação
utilizada para o processo de acompanhamento do risco operacional é evidencia, contudo,
aspectos de evidenciação de relatos deficiência, ainda são pouco informados. Quando
verificados aspectos de funções e responsabilidades, todas as questões analisadas apresentam
resultados satisfatórios e evidencias de uma relação com o gerenciamento de riscos.
Palavras-chave: Risco operacional. Monitoramento. Funções e responsabilidades.
1
1.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o sistema financeiro passou por grandes transformações, que
ocasionaram impactos econômicos e sociais, o que impulsionou os processos de gestão de
risco a incrementar maior controle nas atividades operacionais das instituições financeiras, e
umas das formas de controle é por meio da evidenciação.
A evidenciação pode ser entendida como um dos requisitos fundamentais para que os
seus diversos usuários possam conhecer a situação econômica e financeira das entidades, nos
vários setores de atuação. A possibilidade de avaliar os bancos e de poder obter elementos
que, de alguma forma, permitam fazer inferências sobre o futuro da entidade, adquire
relevância ainda maior, em função da importância da indústria bancária para a economia, fato
que se comprova pela forte regulamentação nacional e internacional sobre o setor (PELEIAS,
et al. 2007).
Os escândalos financeiros tornaram as autoridades reguladoras mais rigorosas,
passando a exigir a divulgação de relatórios de gestão de riscos, pois demonstrações claras e
precisas são fundamentais para o desenvolvimento da instituição, além de demonstrar
transparência e confiança aos usuários. De acordo com Alves e Cherobim (2009), as
autoridades reguladoras passarem a dar mais atenção ao risco operacional como um tipo de
risco merecedor de tratamento corporativo. É neste caso, que a transparência dos atos de
gestão de instituições financeiras melhora a relação dos investidores e a disciplina do
mercado.
Salgado e Careta (2010) informam que nas instituições financeiras, a gestão de risco
operacional é um processo diretamente relacionado ao conhecimento dos processos da
instituição. Desta forma, todos os processos críticos devem ter seus riscos operacionais
identificados, avaliados, monitorados e controlados, auxiliando na redução do risco de
grandes perdas, probabilidade de erros humanos e irregularidades de processos e sistemas.
Os problemas que ocorrem nas instituições bancárias poderiam ter sido evitados, por
meio de monitoramento continuo eficaz e separação de funções e responsabilidades,
diminuindo assim, possíveis fraudes, erros nos processos operacionais, além de transtornos a
clientes e prejuízos financeiros para a instituição.
O Monitoramento, um dos componentes de gerenciamento de risco corporativo,
segundo o COSO (2004a), avalia a presença e funcionamento dos processos da organização
ao longo do tempo, que ocorre no curso normal das atividades de gestão. Sendo que, seu
alcance dependendo principalmente de contínuos procedimentos de avaliação de riscos, e suas
deficiências se ocorrerem, deverá ser relatado para alta administração e ao conselho, com
intuito de resolução imediata.
Para realização de um monitoramento nos processos operacionais é necessário
estabelecer as funções e responsabilidades de cada indivíduo dentro da organização, para a
realização de todas as atividades com eficácia, tornando assim os resultados mais
satisfatórios. COSO (2004a), cita que a definição clara e precisa das funções e
responsabilidades contribuem para a gestão mais eficaz dos riscos corporativos.
Com base nesse contexto, o estudo questiona: Quais os aspectos de monitoramento e
funções de responsabilidades evidenciados na gestão de risco operacional nas instituições
financeiras regulamentadas pelo Banco Central de Brasil, listadas na BM&FBovespa, no ano
de 2010?. O objetivo deste estudo é verificar os aspectos de monitoramento e funções de
responsabilidade na gestão de risco operacional, por meio das evidenciações das instituições
financeiras regulamentadas pelo Banco Central do Brasil, listadas na BM&FBovespa, no ano
de 2010.
2
O trabalho justifica-se com base em pesquisas de alguns autores como Alves e
Cherobim (2004), Trapp e Corrar (2005), Amaral, et al. (2009), Farias, Luca e Machado
(2009), Beuren e Zonatto (2010). Em que concluem que estabelecer funções e
responsabilidades e procedimentos de monitoramento periódicos eficazes nas atividades
internas da entidade, poderão evitar conseqüências como, possíveis fraudes, lavagem de
dinheiro, erros humanos, prevenir catástrofes, entre outros riscos operacionais característicos
das instituições financeiras. Portanto, o presente trabalho pretende contribuir na verificação
dos procedimentos de monitoramento na gestão do risco operacional e a separação de funções
e responsabilidades incorridas nas instituições financeiras.
2.
EVIDENCIAÇÃO DE RISCO OPERACIONAL PELOS BANCOS
Evidenciação contribui para que os usuários das informações financeiras possam
estabelecer o processo de tomada de decisão com maior precisão, além de permitir maior
transparência e qualidade nos serviços prestados. Todo gestor deve estar consciente em
relação aos benefícios que podem trazer, uma boa evidenciação, como abordada Peleias, et al.
(2007), no qual o grau de evidenciação é de extrema importância, principalmente em
empresas que pretendem obter níveis de governança, como é o caso de alguns bancos,
principalmente por transmitir uma maior transparência nas informações.
Hendriksen e Van Breda (1999), de uma maneira ampla, definem que divulgação quer
dizer, veiculação de informação, em que os contadores tendem a utilizar tratando a respeito da
informação financeira de uma empresa dentro de um relatório financeiro, geralmente o
relatório anual.
Em relação à evidenciação contábil, Hendriksem e Van Breda (1999) completam
dizendo que, a divulgação em relatórios financeiros deve ser compreensível para os que
possuem um conhecimento de negócios entendam a informação, por isso deve ser relevante,
oportuna, compreensível, precisa, neutra e fiel. Se a informação contábil apresentar essas
características, ela é benéfica para a sociedade. Por isso, é interessante a entidade apresentar
as informações suficientes para permitir a comparação dos resultados esperados e serem úteis
para o processo decisório.
Os estudos de Trapp e Corrar (2005), Beuren e Zonatto (2010), através da metodologia
do COSO, verificaram se o monitoramento, funções e responsabilidades, componentes de
gerenciamento de risco corporativo, estão especificamente evidenciados, na seção gestão de
risco operacional dos relatórios financeiros, das entidades regulamentadas pelo Banco Central
do Brasil, que estão listados na BM&FBovespa, no ano de 2010, buscando analisar as
avaliações e o gerenciamento do risco operacional em instituições financeiras nacionais.
2.1 GESTÃO DE RISCO OPERACIONAL
Para minimizar as perdas ou a redução de lucro, é interessante toda entidade
estabelecer uma gestão de risco operacional, pois além de poder reduzir essas incertezas,
poderá fornecer informações úteis e oportunidade sobre o negócio, inclusive a possibilidade
de aumentar os resultados de uma organização.
Para controlar os riscos operacionais, é necessária inicialmente a sua identificação,
classificação e caracterização. Desta maneira, o controle dos riscos operacionais envolve um
conjunto de procedimentos, desde a eliminação do risco, prevenção, financiamento, entre
outros, cabendo a responsabilidade pela gestão, a todos os indivíduos da empresa
(FERNANDES; KROENKE; SÖTHE, 2010).
Para melhores esclarecimentos a definição de risco operacional, de acordo com
Bergamini Júnior (2005) determina que, os riscos operacionais são resultados das fraudes
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praticadas por empregados, processos e sistemas informatizados, que ocorrem em função de
desenho organizacional inadequado, falta de planejamento e de monitoração na delegação de
poderes, de procedimentos sem conformidade e da obsolescência de produtos e processos.
Os escândalos financeiros fizeram com que as autoridades passassem a dar mais
atenção à regulamentação das instituições financeiras, a Resolução 3.380 de 2006 dispõe às
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, na implementação da estrutura de
gerenciamento do risco operacional. E define risco operacional como a possibilidade de
ocorrência de perda resultante de falha, deficiência ou inadequação de processos internos,
pessoas e sistemas, além de eventos externos. E prevê os seguintes itens na estrutura de
gerenciamento do risco operacional: a) identificação, avaliação, monitoramento, controle e
mitigação do risco operacional; b) documentação e armazenamento de informações referentes
às perdas associadas ao risco operacional; c) elaboração, com periodicidade mínima anual, de
relatórios que permitam a identificação e correção tempestiva das deficiências de controle e
de gerenciamento do risco operacional; d) realização, com periodicidade mínima anual, de
testes de avaliação dos sistemas de controle de riscos operacionais implantados; e) elaboração
e disseminação da política de gerenciamento de risco operacional ao pessoal da instituição,
em seus diversos níveis, estabelecendo papéis e responsabilidades, bem como as dos
prestadores de serviços terceirizados; f) existência de plano de contingência contendo as
estratégias a serem adotadas para assegurar condições de continuidade das atividades e para
limitar graves perdas decorrentes de risco operacional e; g) implantação, manutenção e
divulgação de processo estruturado de comunicação e informação.
Com isso, a Federação Brasileira de Bancos - FEBRABAN (2006) demonstrou
práticas e procedimentos a serem adotados em relação à estrutura de gerenciamento de risco
operacional, abordando quatro tópicos a serem considerados: a) Desenvolvimento de um
ambiente adequado para a gestão do risco operacional; b) Gestão do risco operacional; c)
Transparência; d) Papel dos órgãos supervisores.
Deste modo, de acordo com Farias, Luca e Machado (2009), são exigidas das
empresas, mecanismos de gestão mais transparentes, levando em conta a utilização diversas
formas de controle, dentre as metodologias, o COSO que tem demonstrado ser uma das mais
adequadas à gestão eficaz dos controles internos. Assim como aborda, Beuren e Zonatto
(2010), o COSO que tem por finalidade promover melhorias nos informes financeiros das
organizações, por meio da ética, efetividade do ambiente de controle e da adoção de boas
práticas de governança corporativa.
O acordo da Basiléia de 1988, criado na Suíça com o objetivo de criar exigências
míninas de capital, devem ser respeitados pelos bancos comerciais contra os riscos de crédito,
segundo Yanaka e Holland (2009), nas alterações da proposta inicial do Acordo da Basiléia
em 2004, introduzidas no novo documento, procura ser mais sensitíveis ao risco,
possibilitando aos bancos escolherem entre abordagens padronizadas e modelos internos.
Para Hölmstrom (1979) a assimetria de informações entre os indivíduos acontece
porque as ações individuais não podem ser observadas, e cita que um remédio natural para o
problema é a investir recursos em ações de monitoramento, onde simples precauções como o
monitoramento podem trazer melhores resultados.
2.2 MONITORAMENTO
Com o mercado em constante modificação e em atualização, as entidades necessitam
de adaptações rápidas. O processo de acompanhamento ou monitoramento, com o intuito de
apresentar respostas de forma ágil, deverá ser conduzido seriamente pelas empresas, de forma
4
contínua, para que ela possa apresentar uma possibilidade de correção ou, em alguns casos,
espaço para eventuais mudanças.
De acordo com o COSO (2004a), o monitoramento é avaliar a presença e
funcionamento dos seus componentes ao longo do tempo, sendo estes um total de oito
componentes, constituídos pelo ambiente interno, fixação de objetivos, identificação de
eventos, avaliação do risco, respostas a riscos, atividades de controle, informação e
comunicação, e inclusive o próprio monitoramento que está sendo efetuado.
O
acompanhamento ocorre no curso normal das atividades de gestão. Seu alcance dependerá
principalmente de uma avaliação de riscos, da eficácia da monitorização e contínuos
procedimentos. E suas deficiências de gestão empresarial, caso ocorrerem, deverão ser
relatadas para alta administração e ao conselho. Assim, o COSO (2004a), ainda esclarece que
o monitoramento pode ser conduzido de duas maneiras: mediante atividades contínuas ou de
avaliações independentes. Essa combinação será capaz de assegurar que o gerenciamento de
riscos corporativos mantenha a sua eficácia com o passar do tempo.
O monitoramento contínuo é incorporado às atividades normais e repetitivas de uma
organização, conduzido em tempo real responde a mudanças nas condições e está arraigado
na organização. Muitas as atividades que prestam monitoramento originam-se das atividades
de gestão que podem incluir análises de variância, comparações das informações oriundas de
fontes discrepantes e abordagem a ocorrências imprevistas. São conduzidas pelos gerentes de
operação de linha ou de suporte funcional, que dedicam profunda consideração às implicações
das informações que recebem (COSO, 2004a).
De acordo com Zanette, et al. (2009), a eficácia do gerenciamento de riscos
empresarial, depende de atividades de monitoramento constantes, por meio dessas atividades,
consegue-se verificar inconsistências dos processos e implicações relevantes que mereçam
serem adotadas medidas corretivas. Para Oliveira e Linhares (2006, p. 11), “o monitoramento
é feito tanto por meio do acompanhamento contínuo das atividades quanto por avaliações
pontuais, como é o caso da auto-avaliação, revisões eventuais e auditoria interna”.
Em geral, as atividades de monitoramento contínuo, de acordo com o COSO (2004a),
são conduzidas pelos gerentes de operação, que dedicam profundas considerações às
implicações das informações que recebem, levanta questões, acompanha outro pessoal, para
determinar se existe necessidade de adotar medidas corretivas.
As avaliações independentes, são feitas periodicamente e são diferentes das avaliações
continuas, o COSO (2004b) esclarece que em determinados casos, elas são necessárias pela
decorrência de mudanças na estratégia, processos fundamentais ou na estrutura da
organização. São conduzidas pela administração, na função de auditoria interna, por
especialistas externos ou a combinação destes.
As avaliações independentes, geralmente ocorrem após a constatação de algum fato,
entretanto, os problemas serão identificados com maior rapidez, em atividades contínuas de
monitoramento. Essas atividades podem variar em termos de escopo e freqüência, depende da
significância, da importância das respostas a risco e dos respectivos controles para a
administração dos riscos (COSO 2004a). Contudo, a organização que constata a necessidade
de conduzir avaliações independentes, freqüentemente deverá concentrar-se em fortalecer as
suas atividades de monitoramento contínuo.
Para apoiar o processo de avaliação, os avaliadores identificam metodologias e
instrumentos. De acordo com COSO (2004a), algumas organizações comparam ou
desenvolvem um processo de comparação de indicadores de desempenho para o seu processo
de administração de riscos corporativos, em relação aos de outras organizações.
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As metodologias são utilizadas como um comparativo entre as organizações, verificar
quais são as semelhança do modelo em um determinado setor, por exemplo. Assim, poderá
propor quais as formas utilizadas para o gerenciamento de risco. São exemplos de
metodologias e ferramentas, apresentadas pelo COSO (2004b): a) fluxograma do processo; b)
matriz de risco e de controle; c) manuais de referência de risco e controle; d) benchmarking
interno, no setor ou por meio de informações de pares; e) técnicas de auditoria apoiada por
computador; f) seminários de auto-avaliação de risco e controles; g) questionários e; h)
sessões com facilitadores.
A documentação é o registro de que a organização efetua o gerenciamento de risco. O
COSO (2004a) indica que a quantidade de documentação do gerenciamento de riscos
corporativos de uma organização, varia de acordo com o tamanho, a complexidade e os
fatores semelhantes. Exemplos de documentação considerada para uma avaliação são
encontrados no COSO (2004b).
De acordo com Souza (2007), quando a entidade pretende relatar a partes externas
sobre a efetividade do gerenciamento de risco, ela deve considerar o desenvolvimento e
guarda de documentação que suporte suas afirmações. Segundo a autora, essa documentação
pode ser útil em caso de necessidade de confirmação das afirmações feitas.
Uma deficiência, para o COSO (2004a), é uma condição do gerenciamento de riscos
que merece maior atenção, pode representar uma desvantagem real, percebida ou em
potencial. É uma oportunidade de fortalecer o gerenciamento de riscos corporativos para
aumentar a probabilidade dos objetivos serem alcançados. O COSO ainda define, que as
avaliações realizadas pela administração, auditores internos ou por outras funções, podem
identificar necessidade de melhoria.
Todas as deficiências do gerenciamento de riscos corporativos, que venham a ser
identificados, e que possam afetar a capacidade da organização a desenvolver e programar a
sua estratégia e estabelecer a alcançar os objetivos, deve ser relatado ao pessoal para que
medidas adequadas sejam adotadas (COSO, 2004b).
Peleias, et al. (2007) argumentam que para garantir a transparência da evidenciação, os
bancos não deveriam apenas divulgar aspectos positivos, pois isto não contribui para que os
conjuntos das informações reflitam deforma adequada a realidade dessas instituições.
Em relação ao que deve ser relatado, para Souza (2007, p. 61), não existe uma resposta
universal. “Pode-se considerar que qualquer deficiência que afete a capacidade da entidade
atingir seus objetivos estratégicos tem que ser informada àquelas pessoas em condições de
executar as ações necessárias”. Questões relativas de comunicação e pessoas, a quem relatar
deficiências devem estar explícitas em normas que estabeleçam, ainda, qual informação é
necessária em cada nível da organização, de forma a prover respostas efetivas (SOUZA,
2007). Pode-se ressaltar diante do contexto do autor, a importância da definição das funções e
responsabilidades com clareza, para a gestão de risco mais eficaz.
2.3 FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES
Segundo a International Federation of Accountants - IFAC (2001), todos os membros
de uma entidade devem identificar e monitorar os principais riscos e oportunidades da
entidade e garantir sistemas adequados para o gerenciamento de riscos, isso inclui a reputação
da entidade. Por isso, de acordo com o COSO (2004a), a diretoria executiva, a administração,
os executivos de risco, os executivos de finanças, os auditores internos e externos, ou
qualquer indivíduo dentro de uma organização, podem contribuir para a gestão mais eficaz
dos riscos corporativos.
6
A alta administração e o nível gerencial são os responsáveis pelo estabelecimento de
uma cultura apropriada e por monitorar a eficácia do processo, com o intuito de que todos
devem participar, para que haja aprimoramento contínuo (SALGADO E CARETA, 2010).
Todos os funcionários possuem funções importantes e com elas produzem
informações úteis para o gerenciamento de risco. Para Coimbra (2005, p. 5), “a estratégia
empresarial, apesar de ter sua elaboração na alta administração, deve ser conhecida por todos
os funcionários da organização, os quais devem atuar de forma participativa na sua
implantação.”
Para Bogoni (2008, p. 48), “o gerenciamento do risco é parte integrante das funções
gerenciais de planejamento e controle que, por sua vez, é capaz de fornecer informações que
auxiliam aos gestores nas tomadas de decisões.” Desta forma, a seguir serão detalhadas as
principais agentes de uma organização, assim como suas funções e responsabilidades, perante
a gestão de risco.
O código do IBGC (2010, p. 29) confirma o papel do conselho de administração, “ser
o elo entre a propriedade e a gestão para orientar e supervisionar a relação desta ultima com as
demais partes interessadas”. Conforme descrito acima, se faz necessário que o conselho de
administração esteja interligado com os demais setores da empresa, para assim, fazer jus ao
papel delimitado pelos sócios e prestar contas com eficácia e eficiência aos mesmos.
O conselho de administração é necessário conhecer o ambiente e as atividades da
organização, para poder supervisionar com eficácia o gerenciamento dos riscos corporativos.
O conselho de administração faz parte do ambiente, deve ter a composição necessária para
que o gerenciamento seja eficaz, mas pode também, delimitar comitês para cumprir
determinadas responsabilidades de conselheiros (COSO, 2004a).
Cada organização é estruturada de acordo com suas características e necessidades, e
nessa estrutura encontra-se o diretor responsável pela empresa, do funcionário da linha de
produção, até o mais alto escalão, cada um com suas respectivas responsabilidades.
A respeito disso, o COSO (2004a, p. 85) define, “[...] a diretoria executiva é
diretamente responsável por todas as atividades de uma organização, inclusive do
gerenciamento de riscos corporativos.” Segundo o COSO, os demais diretores nos diferentes
níveis também terão diferentes responsabilidades no gerenciamento de riscos corporativo, e
estas, podem variar de acordo com as características da organização.
O presidente acima de qualquer departamento é o depositário final da responsabilidade
da gestão de riscos, ele deve entre suas principais função, fornecer liderança e direcionamento
a diretoria executiva, pois é com eles que o presidente elabora o planejamento estratégico e os
objetivos da organização. Para Campbell (2005, p. 3), “os lideres de uma organização são
responsáveis por estabelecer uma cultura organizacional. É a cultura que encoraja condições
de integridade, ética e conformidade com a lei”. Cabe saber, se este fato acontece nas
instituições regulamentadas pelo Banco Central do Brasil.
Algumas organizações acreditam que uma coordenação centralizada pode além de
contribuir, facilitar o gerenciamento de riscos corporativos, delimitando uma nova função. O
que acontece é que em algumas organizações, é denominado um executivo chefe de riscos ou
gerente de riscos responsável pela função, nomeado pelo presidente, devendo possuir recursos
que auxiliem na gestão de riscos, nas unidades, nos departamentos, nas funções e até mesmo
nas atividades (COSO, 2004a).
Desta forma, companhias atribuíram essa função de gerenciar os riscos a um
funcionário graduado como, por exemplo, diretor executivo financeiro ou assessor jurídico, já
outras dizem que essa função deve requerer a atribuição de recursos independentes. As
companhias também concluem que quando bem esclarecida sua função de suporte, a função é
7
muito bem sucedida, pois apóia e facilita as gerencias de linha de negócios (COSO, 2004a).
Portanto, o gerenciador de riscos possui a responsabilidade de monitorar o processo e dar
assistência aos demais gerentes, bem como servir de comunicador para toda a estrutura da
organização.
A auditoria faz parte dos processos de controles pré-estabelecidos nas empresas,
contribui para verificar se as atividades estão em conformidade com as leis, e com as normas
e regimentos das instituições. A Comissão de Valores Mobiliários – CVM lançou a Instrução
nº 381/03, que traz o Comitê de Auditoria como o órgão avaliador das principais atividades de
auditoria interna, auditoria externa e controles internos, tendo suas atribuições previstas na
Resolução 3.198 do Banco Central do Brasil. A Resolução nº. 3.198, estabelece regras para as
auditorias independentes e para os Comitês de Auditoria financeira, determinem
responsabilidades e prazos para o funcionamento dos comitês. Deste modo, o Comitê de
Auditoria se tornou um instrumento relevante para assessorar a alta administração, além de
sua grande importância dentro das organizações, servem como elo de comunicação entre as
principais partes, entre elas, auditoria independente, acionistas e o Conselho de
Administração.
As auditorias podem ser realizadas por auditores internos e também com auditores
independentes. A auditoria interna é realizada por funcionários da própria empresa, já para a
auditoria independente é necessário a terceirização de uma empresa especializada. Para Bio
(1996, p. 134), o principal objetivo da auditoria interna é “assessorar a administração no
desempenho eficiente de suas funções, fornecendo-lhe análises, avaliações, recomendações e
comentários sobre as atividades auditadas”.
Os auditores internos desempenham função essencial ao avaliar a eficácia do
gerenciamento de riscos corporativos e ao recomendar melhorias, essa tarefa compreende na
avaliação da confiabilidade das informações, a eficácia e a eficiência das operações e o
cumprimento de leis e normas aplicáveis. As normas estipulam que o alcance da auditoria
deve incluir o gerenciamento de riscos e os sistemas de controle (COSO, 2004a).
Em contrapartida, a auditoria externa apoiada pelas disposições da Lei 11.638/07, traz
à obrigatoriedade nas empresas de mercado aberto a auditoria independente. Na visão singular
os auditores externos, possibilitam opiniões objetivas e independentes, que podem contribuir
com os objetivos de comunicação externa, como outras metas. Por exemplo, em uma auditoria
de demonstrações financeiras, o auditor expressa suas idéias em conformidade com os
princípios contábeis, contribuindo para o fornecimento de informações úteis para que a
administração possa cumprir com suas responsabilidades relativas à gestão de riscos (COSO,
2004a).
3.
METODOLOGIA
Para este estudo, quanto as objetivos trata-se de um estudo descritivo, pois descreve
aspectos ou comportamentos de uma determinada população analisada. Em relação ao
procedimento empregado, trata-se de uma pesquisa documental, pela coleta de dados nas
demonstrações contábeis e informações disponíveis nos sítios eletrônicos de cada instituição,
no qual visa analisar o comportamento de um determinado setor da economia, com aspectos
da situação patrimonial econômica e financeira. E a abordagem do problema é representada
pelo método qualitativo, no qual, concebe-se análise mais profunda em relação ao fenômeno
que está sendo estudado (RAUPP, 2004).
A pesquisa limitou-se a verificar as características apresentadas pelo modelo do COSO
(2004a) e COSO (2004b), como uma forma de transparência sobre as informações divulgadas
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aos investidores, por meio dos relatórios divulgados pelos bancos, sendo as notas explicativas
ou o relatório da administração.
A população deste estudo, constitui-se todo o setor financeiro listada na
BM&FBovespa do ano de 2010, totalizando um montante de 37 entidades. Em uma análise
posterior, foram separadas as instituições financeiras que estão regulamentadas pelo Banco
Central do Brasil, caracterizando uma amostra final de 16 entidades, conforme o Quadro 1:
Banco ABC Brasil S.A.
Banco da Amazônia S.A.
Banestes S.A. Banco do Estado do Espírito Santo
Banco Bradesco S.A.
Banco do Brasil S.A.
Banco Cruzeiro do Sul S.A.
Banco Daycoval S.A.
Banco Indusval S.A.
Quadro 1 - Amostra analisada
Fonte: Dados da pesquisa.
BANCOS
Itaú Unibanco S.A.
Banco Mercantil do Brasil S.A.
Banco do Nordeste de Brasil S.A.
Banco Panamericano S.A.
Paraná Banco S.A.
Banco Pine S.A.
Banco Santander (Brasil) S.A.
Banco Sofisa S.A.
Será utilizado, como suporte para está pesquisa, um Check list dos fatores importantes,
relacionados a monitoramento e funções e responsabilidades, conforme está apresentado no
Quadro 2:
Itens de evidenciação
Monitoramento
As instituições financeiras realizam monitoramento contínuo.
O monitoramento independente faz parte da gestão de risco.
As instituições apresentam os métodos de avaliação de risco operacional.
Estão evidenciadas as documentações de monitoramento utilizadas pelas instituições.
As entidades evidenciam relatos de deficiência.
O Conselho de Administração exerce papel importante no gerenciamento de risco corporativo.
As instituições financeiras apresentam funcionários responsáveis apenas pela gestão de risco.
A instituição apresenta auditores internos.
A instituição apresenta auditores externos.
A instituição evidencia que a diretoria executiva é responsável por todas as atividades do
10
gerenciamento de riscos corporativos.
Quadro 2 – Check list
Fonte: Dados da pesquisa.
Funções e
responsabilidades
1
2
3
4
5
6
7
8
9
4.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
A seguir serão relatadas as informações obtidas com esta pesquisa, além de serem as
respostas das perguntas referentes ao monitoramento, funções e responsabilidades, conforme
apresentado na metodologia pelo Check list.
Foi utilizado o seguinte procedimento, quando uma das variáveis ou itens de
evidenciação corresponde com o informado pela entidade, utilizou-se uma variável
dicotômica, representada pelo valor 1, caso contrário, se a empresa não atendesse tal requisito,
o valor caracterizado seria zero. Desta forma, foi possível examinar uma pontuação de
acertos, por meio das evidenciações em notas explicativas, relatórios da administração e os
relatórios disponíveis no sítio eletrônico de cada empresa pesquisada, verificando se estas
divulgam suas práticas de monitoramento e de funções e responsabilidades.
9
Com a pontuação estabelecida, o Quadro 3, informa a pontuação e porcentagem de
acerto e desacertos ocorridos.
Funções e
responsabilidades
Monitoramento
Itens de evidenciação
Sim
%
1 As instituições financeiras realizam monitoramento contínuo.
16
100%
2 O monitoramento independente faz parte da gestão de risco.
14
88%
As instituições apresentam os métodos de avaliação de risco
11
69%
3 operacional.
Estão evidenciadas as documentações de monitoramento utilizadas
9
56%
4 pelas instituições.
5 As entidades evidenciam relatos de deficiência.
6
37%
O Conselho de Administração exerce papel importante no
14
88%
6 gerenciamento de risco corporativo.
As instituições financeiras apresentam funcionários responsáveis
16
100%
7 apenas pela gestão de risco.
8 A instituição apresenta auditores internos.
12
75%
9 A instituição apresenta auditores externos.
16
100%
A instituição evidencia que a diretoria executiva é responsável por
13
81%
10 todas as atividades do gerenciamento de riscos corporativos.
Quadro 3 - Pontuação positiva e negativa de acordo com cada questão do Check List
Fonte: Dados da pesquisa
Não
0
2
%
0%
13%
5
31%
7
44%
10
63%
2
13%
0
0%
4
0
25%
0%
3
19%
O Quadro 3 demonstra que, das 16 entidades pesquisadas, a questão de monitoramento
contínuo é caracterizada para todas as entidades, o monitoramento independente, entre 14
entidades, representando 88% de acerto. Assim como, a evidenciação dos métodos de
avaliação para o risco operacional, pontuando um montante de 11 instituições e 69% dos
acertos. Em se tratando da evidenciação da documentação utilizada no monitoramento, 9
entidades apresentam informações, porcentagem relevante se comparadas as evidenciação dos
relatos de deficiência, representada somente por 6 entidades.
Nas questões de funções e responsabilidades, a pontuação é mais benéfica, a começar
com o Conselho de Administração, exercendo papel importante no gerenciamento de risco
corporativo, caracterizado por 14 entidades. Melhor ainda, as questões de que há funcionários
responsáveis na gestão de risco e a representação dos auditores externos perante todas as
instituições pesquisadas. Fato também representado por 12 entidades que apresentam
auditores internos, no qual representa 75% dos acertos, a menor pontuação desta categoria.
Finalmente a evidencia, de que a diretoria executiva é responsável por todas as atividades do
gerenciamento de riscos corporativos, sendo caracterizada pelo montante de 13 entidades
pesquisadas.
Para melhor compreensão de acordo com os acertos, foi estabelecida uma análise de
estatística descritiva entre questões de monitoramento e funções e responsabilidade, conforme
esta exposta na Tabela 1:
Questões
Média
Mediana
Moda
Mínimo
Máximo Desvio Padrão
Monitoramento
11,4
11,00
6,00
16,00
3,96
Funções e responsabilidades
14,2
14,00
16,00
12,00
16,00
1,79
Tabela 1 - Estatística descritiva entre as questões de monitoramento e funções e responsabilidades
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com a Tabela 1, a média da pontuação de divulgação por entidade
pesquisada, em relação às questões de monitoramento é de 11,4 pontos e funções e
responsabilidades 14,2. Correspondendo uma mediana de 11 e 14 pontos respectivamente. A
10
moda, caracterizado pela pontuação que ocorreu nas entidades com maior freqüência, somente
foi possível estabelecer, para as questões de funções e responsabilidades, numa freqüência de
16 pontos, isso significa que mais de uma vez, todas as entidades prestaram todas as
informações sugeridas.
Na pontuação entre mínimos e máximos, ficam em torno de 6 e 16, para
monitoramento e 12 e 15 para funções e responsabilidades, comprovando que a segunda
alternativa com maior evidencia de informações e comprovado pelo desvio padrão, que
qualifica a dispersão entre as questões, apresentando um melhor efeito, as questões de funções
e responsabilidades, que apresentou um menor desvio. Se analisadas todas as questões por
entidade é possível verificar diferentes aspectos por questão, conforme se demonstram a
seguir.
4.1 QUESTÕES DE MONITORAMENTO
Todas as instituições analisadas informam realizar monitoramento contínuo, destacamse o Banco ABC Brasil, Bradesco, Banco do Brasil, Cruzeiro do Sul, Daycoval, Indusval, Itaú
Unibanco, Mercantil do Brasil, Nordeste do Brasil, Panamericano, Pine, Santander e Sofisa.
Outras instituições como, Banco Amazônia, Banestes e Paraná, além de informar,
apresentam a maneira como elaboram o processo:
Banco Amazônia: Essa atividade consiste em acompanhar a implantação efetiva dos
planos de ação elaborados para mitigar riscos que se encontram em níveis
inaceitáveis; realizar testes de verificação de controles; acompanhar o histórico de
perdas e acompanhar o comportamento dos indicadores chaves de risco que alertem
sobre possível materialização do risco.
O monitoramento independente faz parte da gestão de risco de acordo com as
informações divulgadas, das instituições, Banco ABC Brasil, Banco Amazônia, Banestes,
Banco do Brasil, Indusval, Itaú Unibanco, Nordeste do Brasil, Paraná e Santander.
O Banco Itaú Unibanco S.A destaca, “As estruturas responsáveis pela gestão dos
riscos são mantidas independentes e segregadas das áreas operacionais”. Assim como o Banco
Paraná que, “[...] quando necessário implementa planos de ação para mitigar os riscos
identificados e aprimorar os controles, mecanismo que resulta em menor exposição a riscos”.
A maneira de como é realizado o monitoramento independente é informando pelas
seguintes instituições, Banco Bradesco, Cruzeiro do Sul, Daycoval, Mercantil do Brasil e
Sofisa:
Banco Bradesco: O Bradesco mantém processo contínuo que analisa criticamente os
Modelos Internos, garantindo a qualidade e as respostas adequadas aos seus
objetivos. Para responder por esse processo há uma área especializada, independente
em relação às áreas que desenvolvem ou utilizam os Modelos, com reportes de suas
atividades e dos resultados aos gestores, Auditoria Interna e ao Comitê de Gestão
Integrada de Riscos e Alocação de Capital, observando as melhores práticas e as
orientações e diretrizes contidas no Novo Acordo de Capitais – Basileia II e aos
requisitos do Banco Central do Brasil.
Entretanto, é possível destacar que não foram encontradas evidencias de
monitoramento independente, nos Bancos Panamericano e Pine.
Com o intuito de verificar, se as pesquisadas informam de alguma forma, os métodos
de avaliação dos riscos operacionais. É possível destacar as instituições, Banco ABC Brasil,
Mercantil do Brasil, Nordeste do Brasil e Sofisa.
O Banco Nordeste do Brasil destaca, “A sistematização da gestão de risco
fundamenta-se no uso de metodologias definidas e documentadas, passíveis de serem testadas
11
quanto à consistência, confiabilidade e transparência dos resultados”. Assim como o Banco
Mercantil do Brasil, no qual informa que os métodos de avaliação do risco operacional são
segmentados em duas abordagens, o enfoque qualitativo e enfoque quantitativo. A qualitativa
é composta por metodologias, ferramentas de controle, ações de mitigação e relatórios
gerenciais. Na abordagem quantitativa, utilizados modelos de mensuração a fim de definir o
capital para suportar as perdas esperadas e não esperadas advindas do risco operacional.
Das instituições que descrevem os métodos utilizados nas avaliações dos riscos
operacionais, enfatiza-se o Banco da Amazônia, Banestes, Bradesco, Banco do Brasil, Itaú
Unibanco, Pine e Santander.
Banestes: O processo de avaliação determina o nível de risco, fornecendo a base
para as decisões sobre o seu tratamento. Os riscos identificados são avaliados por
meio de metodologia cujo objetivo é dimensionar, individualmente, com base nos
controles existentes. A avaliação é realizada pelo gestor proprietário do risco, com o
apoio e orientação da Gerência de Risco Operacional.
Cabe destacar, que o Banco Santander, ao informar detalhadamente as principais
ferramentas metodológicas utilizadas como, a) Matriz de Riscos Operacionais e Tecnológicos;
b) Matriz Resumida de Riscos Operacionais e Tecnológicos para Novos Produtos; c)
Questionários de Auto-avaliação; d) Base de Dados Interna Histórica dos Eventos de Perdas
por Riscos Operacionais; e) Elaboração e Acompanhamento de Previsões e Limites de Perdas
por Riscos Operacionais; f) Análise e Tratamento das Falhas e Ocorrências Relevantes e de
seus Planos de Ação e; g) Indicadores Chave de Risco Operacional. Porém, as entidades
como, Cruzeiro do Sul, Daycoval, Indusval, Panamericano e Paraná, as informações não
encontradas.
Das entidades que evidenciam a documentação de monitoramento, enfatizam-se as
instituições que informam as documentações utilizadas, como o Banco Banestes, Bradesco,
Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Sofisa. O Banco Sofisa adverte, por exemplo, que em seus
testes devem ser documentados, providos, inclusive, da descrição, inclusive, a metodologia do
teste e seu objetivo, a quantidade de transações examinadas, em relação ao tamanho estimado
da população (quantidade de operações no período), o critério de amostragem e da fonte para
a seleção da amostra e os resultados do teste.
Os Bancos, Cruzeiro do Sul, Mercantil do Brasil, Nordeste, Pine e Santander, somente
informam utilizar estes tipos de instrumento de monitoramento, como por exemplo, o Banco
Mercantil do Brasil, “A gestão é realizada de forma contínua e se apóia em políticas,
ferramentas, estratégias e metodologias adequadamente documentadas, garantindo a assunção,
o gerenciamento e a mensuração dos riscos, e em concordância com os objetivos, normas e
níveis de exposição estabelecidos”. Outros Bancos como Banco ABC Brasil, Banco da
Amazônia, Daycoval, Indusval, Panamericano, e Paraná, não foram encontradas evidencias.
Das entidades que evidenciam seus relatos de deficiência, é possível destacar, somente
fatos que podem proporcionar possíveis perdas, que para este estudo foram aceitas, como
evidencia o Banco Amazônia, incluindo eventos como, “[...] fraude interna, fraude externa,
demandas trabalhistas e segurança do ambiente de trabalho, práticas inadequadas relativas a
clientes, produtos e serviços, danos aos ativos físicos, interrupção das atividades, execução,
cumprimento de prazos [...]”. E o banco Sofisa, que se destaca a possibilidade de ocorrência
de perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas e
sistemas, ou de eventos externos - incluindo-se no rol dos eventos de risco operacional:
Fraudes internas; fraudes externas; demandas trabalhistas e segurança deficiente do
local de trabalho; práticas inadequadas relativas a clientes, produtos e serviços;
danos a ativos físicos próprios ou em uso pela instituição; aqueles que acarretem a
12
interrupção das atividades da instituição; falhas em sistemas de tecnologia da
informação; falhas na execução, cumprimento de prazos e gerenciamento das
atividades da instituição.
Outras instituições como, Banco Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco e
Santander, também divulgam. Entretanto, o restante das instituições pesquisadas não
apresentam ou não descrevem de forma clara seus relatos de deficiência, ficando evidente que
as informações somente são publicadas, com o intuito de informar dados positivos.
4.2 QUESTÕES DE FUNÇÕES DE RESPONSABILIDADES
A maioria das instituições informam que o Conselho de Administração, é o
responsável pela definição do apetite de risco. Dentre os Bancos, declara-se o Banco ABC
Brasil, Banestes, Bradesco, Banco do Brasil, Cruzeiro do Sul, Daycoval, Indusval, Itaú
Unibanco, Nordeste, Paraná, Pine, Santander e Sofisa.
O Banco Paraná declara, “o Conselho de Administração está plenamente engajado no
processo, definiu e aprovou a política de gerenciamento de risco e disponibilizou adequados
recursos humanos e materiais. É responsável pelas informações e promoveu ampla divulgação
aos clientes e colaboradores [...]”. O Banco Pine revela, “O Conselho de administração é o
órgão responsável pela identificação e controle de riscos, porém, existem outros órgãos
independentes que são responsáveis pela administração e monitoramento dos riscos”. Assim
como o Banco Sofisa, que afirma, “A participação da Alta Administração no processo de
gestão do risco operacional é também no que se refere a monitoramento do risco operacional,
por meio de suas unidades de gestão colegiada”.
Instituições como o Banco da Amazônia, ainda informam às funções que o Conselho
de administração exerce, de modo que aprova e revisa a estrutura de gerenciamento de risco
operacional (RO), assegurar que a unidade responsável pela gestão consolidada do RO seja
operacionalmente independente, que a estrutura de gestão de RO esteja sujeita a uma efetiva
auditoria interna, estabelece linhas de responsabilidade de gestão e controle do RO, fomenta a
cultura de alta prioridade na gestão efetiva do RO e nas melhores práticas de controles e
aprecia e manifesta-se formalmente sobre os relatórios de RO determinando providências para
mitigação dos riscos identificados.
Todavia, em instituições como o Banco Mercantil do Brasil e Panemericano, não
foram encontradas informações específicas.
Em se tratando de verificar se as entidades pesquisadas apresentam funcionários
responsáveis pela gestão de risco, todas a entidades informam investir em treinamento,
implementação de políticas, processos, com funcionários aptos, por meio de Comitês de
Gestão de Risco, no qual são apoiados e aprovados pelo Conselho de Administração.
Instituições que apresentam essas informações enfatizam-se o Banco da Amazônia, Banestes,
Bradesco, Banco do Brasil, Cruzeiro do Sul, Daycoval, Indusval, Itaú Unibanco, Nordeste do
Brasil, Panamericano, Paraná, Pine, Santander e Sofisa.
Destaca as instituições que evidencia quem são seus funcionários responsáveis, como
por exemplo, o Banco Mercantil do Brasil, ao divulgar que, “O gerenciamento de risco
operacional é realizado de forma compartilhada com os gestores das áreas, consideradas
especialistas dos processos, desempenhando um importante papel na integração com a
gerencia de gestão de riscos”. Da mesma forma que o Banco ABC Brasil, no qual a gestão de
riscos operacionais está organizada em três linhas de defesa: 1) os gestores das diversas áreas;
2) a Área de Gestão de Riscos e o Comitê de Risco Operacional e 3) As auditorias internas e
externas.
13
Entre as entidades pesquisadas, grande parte apresenta auditoria interna como a do
Banco do Brasil em que, “A Auditoria Interna é responsável pela verificação do
gerenciamento de risco operacional e do funcionamento de sua estrutura”.
Em Bancos como Cruzeiro do Sul, Indusval, Mercantil do Brasil, Paraná, não formam
encontradas informações sutis que apresentassem auditoria interna.
Com o mesmo enfoque da situação anterior, foi interessante investigar se todas as
instituições realmente apresentam auditores externos, determinado pela Lei 11.638/07 a sua
obrigatoriedade.
Todas as informantes evidenciam auditoria externa, exemplos demonstrados como:
Banco Daycoval: O Comitê de Auditoria, [...], é responsável pela qualidade e
integridade das demonstrações financeiras do Banco, pelo cumprimento das
exigências legais e regulamentares, pela atuação, independência e qualidade dos
trabalhos dos auditores externos, pela atuação e qualidade da auditoria interna e pela
qualidade e eficiência dos sistemas de controles internos e de administração de
riscos do Banco.
Em se tratando da responsabilidade da diretoria executiva sobre o gerenciamento de
riscos corporativos, é possível verificar que, as instituições, Banco ABC Brasil, Banco da
Amazônia, Banestes, Bradesco, Banco do Brasil, Cruzeiro do Sul, Indusval, Itaú Unibanco,
Mercantil do Brasil, Nordeste do Brasil, Paraná Santander e Sofisa, alegam dados de que a
diretoria executiva é responsável pelas atividades de riscos corporativos.
O Banco Itaú Unibanco descreve que a diretoria, “Responsável por implementar a
estrutura de gerenciamento do risco operacional aprovada pelo Conselho de Administração,
incluindo as políticas, processos e procedimentos, mantendo uma forte cultura de controle nas
atividades regulares da organização”. O Banco Sofisa expõe, “Diretoria, analisa
periodicamente opções tecnológicas e relatórios de monitoramento e gestão de risco
operacional, sugerindo, inclusive, a criação de outros instrumentos de controle”. Contudo,
bancos como, Daycoval, Panamericano e Pine não foram encontrados informações.
De acordo com os dados apresentados, todas as instituições apresentaram pontuações,
todavia, os bancos que se destacam pontuando todas as questões do check list, são Banco
Sofisa, Banco Santander, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Banco Bradesco, sendo que o
restante apresentou pontuação acima de 6 questões. Entretanto, a instituição que menos
pontuou é o Banco Panamericano, com somente 4 questões corretas, motivo possível, pela sua
crise no período pesquisado.
5.
CONCLUSÃO
Como o objetivo deste estudo é verificar os aspectos de monitoramento e funções de
responsabilidade na gestão de risco operacional, por meio das evidenciações das instituições
financeiras regulamentadas pelo Banco Central do Brasil, listadas na BM&FBovespa, no ano
de 2010. É possível concluir que as instituições analisadas realizam monitoramento e
apresentam separação de funções e responsabilidade, pois estas identificam, avaliam,
controlam e mitigam os riscos por meio de ferramentas específicas, prevenindo fraudes e
situações caracterizadas na legislação, inibindo assim negócios ilícitos, além de treinarem
seus funcionários ou criarem comitês específicos para tratarem do risco operacional.
Aspectos de monitoramento contínuo são estabelecidos por meio de sistemas
tecnológicos, procurando manter-se atualizadas e especializadas, garantindo a continuidade
dos seus negócios, evitando e mitigando perdas. Assim como o monitoramento independente,
por meio de diretorias específicas de gestão de risco e controle ou por comitês ligados a
14
gestão de controles internos e operacionais, um fato importante para a prevenção e verificação
de possíveis riscos que poderão ocorrer.
Os métodos de avaliação do risco operacional, assim como a documentação utilizada
para a realização do monitoramento são aspectos que de um modo geral, são simplesmente
informados da sua efetivação, sendo poucas as evidencias de quais instrumentos são esses,
utilizados em situações específicas de monitoramento. Assim como os relatos de deficiência,
ainda menos divulgadas.
Se retratarmos os itens de evidenciação de funções e responsabilidades, os fatos
apresentam estar mais bem evidenciados, no qual podemos destacar que o Conselho de
Administração, responsável pela definição do apetite de risco, pela aceitação das estratégias
de negócios, manutenção de padrões elevados de governança e as políticas corporativas de
gestão de risco operacional. Da mesma forma, a introdução de funcionários responsáveis e da
apresentação de auditores internos e externos, como também a atuação da diretoria executiva,
sendo estes responsáveis por seus departamentos e deveres, e apoiados por políticas de
gerenciamento de risco, aprovados pelo Conselho de administração.
De um modo geral, todas as instituições apresentaram pontuações, todavia, os bancos
que se destacam pontuando todas as questões do check list, são Banco Sofisa, Banco
Santander, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Banco Bradesco, sendo que o restante
apresentou pontuação acima de 6 questões, com exceção do Banco Panamericano.
Como sugestão para estudos futuros, pesquisar as entidades de outros setores, aspectos
de monitoramento e separação de funções e responsabilidade, como o de telefonia e de
energia, que apresentam regulamentações específicas referente a esses aspectos, analisando a
forma como estas evidenciam a gestão de risco operacional. Outra possibilidade é fazer uma
comparação entre entidades com níveis distintos de governança corporativa, analisando se
existem diferenças na forma de evidenciação.
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