21 a 25 de Agosto de 2006
Belo Horizonte - MG
Linhas Protegidas Cabo-espaçador para 69 kV
Eng Fumitaka
Nishimura
Enga Liliane D.
Cicarelli
Enga Ruby Rudy
Arellano
Eng Maurício R.
Soares
[email protected] [email protected] [email protected] [email protected]
ProCABLE Energia e Telecomunicações Ltda
RESUMO
Este trabalho técnico apresenta a tecnologia de um novo sistema aéreo cabo-espaçador para 69 kV,
conhecido como Linha de Distribuição “Spacer Cable” para 69 kV. Este sistema é caracterizado por
uma linha compacta com o uso de condutores cobertos fixados em espaçadores losangulares, por um
nível de isolamento e confiabilidade bem superior às linhas aéreas convencionais para 69 kV com
condutores nus, e por custos operacionais bem inferiores.
As redes compactas cabo-espaçador para sistemas de distribuição de média tensão (Spacer Cable de
MT) foram desenvolvidas, no início dos anos 50, pela Hendrix W&C dos EUA, e as Linhas Spacer
Cable 69 kV é uma evolução das mesmas.
As Linhas Spacer Cable 69 kV tem as mesmas vantagens que as Redes Spacer Cable para Média
Tensão, cuja aplicabilidade está totalmente comprovada no Brasil, através de dua utilização intensiva
em várias Distribuidoras.
O trabalho técnico apresenta o desenvolvimento do sistema Spacer Cable 69 kV, seus benefícios, as
especificações dos componentes e ainda, propõe uma metodologia de análise econômica para avaliar a
aplicabilidade das Linhas Spacer Cable versus Linhas Convencionais, para 69 kV.
PALAVRAS-CHAVE
Linhas Compactas; Linhas Spacer Cable; Linhas de Transmissão; Redes e Linhas Protegidas.
1.
INTRODUÇÃO
A Linha Protegida Compacta Cabo-espaçador para 69 kV, também conhecida como Linha Spacer
Cable 69 kV, é constituída por condutores cobertos com material polimérico, fixados em espaçadores
losangulares isolados e suspensos por um cabo mensageiro de alta resistência (Figura 1), e é uma
evolução das Redes Protegidas Compactas de Média Tensão (Spacer Cable de MT) em uso por várias
Distribuidoras do Brasil e do exterior.
1/13
As Redes Spacer Cable de MT foram desenvolvidas pela Hendrix W&C, EUA, em 1951 e no Brasil
tiverem sua aplicação experimental iniciada no inicio dos anos 90. A CEMIG, pioneira no
desenvolvimento do Spacer Cable de MT [1], [2], [3] e [4] juntamente com COPEL e outras
Distribuidoras vem usando-a em grande escala, há mais de 10 anos, com desempenho e benefícios
comprovados [5] e [6].
Surge agora a Linha Spacer Cable 69 kV como uma
opção às linhas de distribuição para 69 kV [7]. As
Linhas Spacer Cable 69 kV tem todas as vantagens já
conhecidas da Rede Spacer Cable de MT. No Brasil,
sua aplicação vem sendo desenvolvida em parceria
com a Procable Energia e Telecomunicações.
O objetivo deste trabalho técnico é descrever o
sistema Spacer Cable para 69 kV, apresentar seu
desenvolvimento, benefícios e as especificações dos
principais componentes, e ainda, propor uma analise
de custos através de um caso exemplo para uma Linha
Spacer Cable 69 kV, utilizando a metodologia de
Fig. 1 – Vista Geral Linha Spacer Cable 69 kV
analise econômica que justificou as Redes Spacer
Cable de MT.
2.
DESENVOLVIMENTO
A Linha de Distribuição Spacer Cable para 69 kV é o resultado de uma vasta experiência acumulada
no desenvolvimento e aplicação de sistemas aéreos cabo-espaçador para média tensão (Redes Spacer
Cable), desde sua criação em 1951. As Redes Spacer Cable foram desenvolvidas a partir de uma
primeira aplicação em 5 kV, no inicio dos anos 50, é hoje são comuns as linhas e redes de 15 kV, 25
kV, 35 kV e até 46 kV.
Da mesma forma que as Redes de Distribuição Spacer Cable para Média Tensão, as Linhas Spacer
Cable para 69 kV resistem a fortes chuvas e evitam falhas por contato entre condutores fase-terra e
fase-fase. Alem disso, o Sistema Spacer Cable 69 kV foi desenvolvido para solucionar sérios
problemas na subtransmissão apresentados pelas empresas industriais e de distribuição de energia, tais
como, limitações de faixa de passagem, podas de arvores, distâncias mínimas aos edifícios e entre
estruturas.
A Linha Spacer Cable 69 kV, desenvolvida em 1995, foi submetida inicialmente, a vários testes
elétricos e mecânicos em laboratório, antes de sua aplicação no campo [7].
A primeira aplicação da Linha Spacer Cable 69 kV foi feito pela distribuidora Omaha Public Power
Distric, no Estado de Nevada, EUA, em 1999 [7]. A linha, com cabo coberto 69 kV de bitola 636
MCM, entrou em operação em 1996 e, desde então, com excelentes resultados operativos.
3.
BENEFÍCIOS
Os testes em laboratório e no campo e as primeiras aplicações da Linha Spacer 69 kV confirmaram a
capacidade do sistema e de seus componentes para ser utilizada em empresas distribuidoras de energia
e nas industrias. Obtêm-se os seguintes benefícios com as Linhas Spacer 69 kV:
Sua configuração compacta soluciona instalações em áreas muito congestionadas.
2/13
Reduz custos por direito de passagem.
Reduz custos de poda de arvores.
Reduzem custos de interrupções de serviço, perdas de faturamento e reclamações dos clientes.
Reduz os requisitos de distância mínima a edificações e estruturas.
Melhora a confiabilidade do serviço elétrico em áreas densamente arborizadas ou poluídas.
O projeto dos espaçadores oferece alta resistência frente às elevadas correntes de falta.
Sua configuração triangular muito compacta reduz a queda de tensão.
Simples e rápido de instalar, utilizando o Método de Lançamento por Roldanas (Roll-By
Instalation Method).
4.
DESCRIÇÃO DO SISTEMA
O sistema aéreo caboespaçador ou Linha Spacer
Cable 69 kV utiliza um
mensageiro e espaçadores de
polietileno
de
alta
densidade, em forma de
losango, que sustentam os
cabos condutores, que por
sua vez são cobertos por
uma espessa camada de
material isolante. Apresenta
uma configuração triangular
bem compacta (Figura 2).
Fig. 2 – Principais Componentes da Linha Spacer Cable 69 kV
Os itens seguintes apresentam a especificação básica de cada componente do sistema.
4.1
Condutor
O cabo condutor da Linha Spacer 69 kV (Figura 3) é o principal componente do sistema e apresenta as
seguintes características:
Condutor de alumínio CA compactado, EC grade 1350, tempera H-19.
Blindagem semicondutora preta de polietileno sobre o condutor, espessura 0,51 mm (0,020”).
Cobertura interna em polietileno natural de baixa densidade (HMWPE), espessura 6,35 mm
(0,250”) , de alta rigidez dielétrica e simples para descascar.
Cobertura externa em polietileno de alta densidade (HDPE), espessura 6,35 mm (0,250”),
cores cinza ou preta, com alta resistência ao trilhamento elétrico, abrasão, radiação UV e
intemperismo.
3/13
O cabo coberto de 69 kV
tem grande capacidade para
resistir
aos
impulsos
atmosféricos, a exemplo dos
cabos de MT [7] e [8].
As principais características
dos condutores de alumínio
para cabos cobertos 69 kV
mais usuais são apresentadas
na Tabela 1. Outras bitolas
podem ser utilizadas, de
acordo com a necessidade
do projeto da linha.
Fig. 3 – Camadas do Cabo Coberto 69 kV
Tab. 1 – Características de Condutores CA para Cabo Coberto 69 kV
Bitola
(MCM)
Formação
(nº fios)
Seção
(mm2)
Diâmetro
do Condutor
(mm)
Diâmetro
do Cabo1
(mm)
Carga de
Ruptura
(daN)
336,4
556,5
636
795
19
19
37
37
170,5
281,8
322,2
402,9
15,3
19,8
21,2
24,0
41,7
46,2
47,6
50,4
2.695
4.280
5.100
6.250
Resistência
Ampacidade2
Elétrica CC
(A)
(Ω/km)
435
610
680
802
0,1690
0,1023
0,0895
0,0716
Obs. 1 – Espessura total da cobertura de polietileno de 13,2 mm.
2 – Ampacidade para vento = 0,6 m/s, temperatura ambiente 30 ºC e no condutor 80 ºC.
4.2
Espaçador
O espaçador (Figura 4) tem a função de sustentar os condutores, manter a distância entre as fases e são
instalados a cada 10 metros (30 pés). É um componente cujo projeto de fabricação deve ser integrado
com o do cabo e, para isso, seu material deve ter a mesma constante dielétrica da cobertura do cabo (εo
= 2,5 Farad/m). Suas principais características são:
Polietileno de alta densidade (HDPE), na cor cinza.
Composto altamente resistente ao trilhamento
elétrico, radiação UV e intemperismo comprovada
por mais de 25 anos de uso.
Alta resistência mecânica e flexibilidade perante
cargas dinâmicas.
Alta resistência a batidas e impactos, mesmo de
armas de fogo.
Grande distância de escoamento e saias
autolaváveis evitam interrupções de serviço por
poluição e névoa salina de ambientes industriais e
orla marítima.
4/13
Fig. 4 – Cotas do Espaçador 69 kV
As principais características físicas do espaçador são apresentadas na Tabela 2.
Tab. 2 – Características Espaçador 69 kV
Dimensões
(mm)
BN
NA
BC
Diâmetro
Distância
Tesão
Capacidade
Máx.
Altura
Mín. de
Massa Suportável
de Curto
(mm)
(mm) Escoamento
(kg) de Impulso Circuito (kA)
(mm)
kV
AC
Mensageiro Condutor
1.433 921 660 660
4.3
1.450
2.035
19,0
57,2
6,0
350
30
Cabo Mensageiro
O cabo mensageiro recomendado é um cabo constituído de fios de aço-alumínio, conhecido como
Alumoweld® (Figura 5). O alumínio é aplicado sobre um vergalhão de aço pelo processo de
caldeamento e posteriormente trefilado a frio.
O Alumoweld oferece as vantagens de cada metal: boa
condutividade do alumínio e alta resistência mecânica do aço.
Uma espessura da camada de alumino de 10 % do raio do fio
corresponde a uma área de 25% da seção transversal do
Alumoweld.
Fig. 5 – Cabo Mensageiro Alumoweld
Obtém-se condutividade de 33% para o Alumoweld, 3 a 4 vezes maior que o cabo de aço zincado.
Opções de Alumoweld para condutores apresentam alta condutividade, de 40%.
As principais características de alguns cabos de aço-alumínio são apresentadas na Tabela 3.
Tab. 3 – Características do Cabo de Aço-alumínio Alumoweld
7 x 10 AWG
Seção
Transversal
(mm2)
36,9
Diâmetro
Cabo
(mm)
7,8
7 x 8 AWG
58,4
19 x 9 AWG
120,0
Formação
(Fios x AWG)
250
Resistencia Elétrica
(cc a 20 ºC)
(Ω/km)
2,32
Carga de
Ruptura
(daN)
4.450
9,8
390
1,46
7.040
14,6
850
0,68
15.500
Massa
(kg)
O mensageiro pode ser fornecido na opção de OPMW – Optical Massager Wire, com fibras óticas
internas ao cabo. Existem experiências com o uso de OPMW em Redes de Distribuição Spacer Cable
bem sucedidas [2] e [9].
O cabo mensageiro tem ainda a função de cabo pára-raios, dando uma proteção adicional à linha
perante descargas atmosférica. Isso é muito vantajoso, principalmente para regiões, como o sudeste do
Brasil, onde a densidade de descargas atmosféricas é muito alta [10].
4.4 Isolador Bastão
Os isoladores de ancoragem tipo bastão são os mesmos utilizados em estruturas convencionas de
linhas de transmissão. Apresentam um bastão de fibra de vidro, saias de silicone ou EPDM, enganes
de aço ou alumínio e são para 69 kV. A Figura 7 mostra a aplicação do isolador bastão.
5/13
4.5
Acessórios para Cabo
4.5.1 Anel de Amarração
Anel utilizado para fixação do espaçador ao cabo
mensageiro e condutores (Figura 6), é fabricado em
borracha etileno-propileno (EPR) resistente ao
trilhamento elétrico, radiação UV e intemperismo.
Fig. 6 – Anel de amarração do Espaçador
4.5.2 Preformados
A amarração do cabo mensageiro ao poste é feita com alças preformadas tradicionais para cabo de aço.
A fixação do cabo condutor no isolador de ancoragem também é feita com alças preformadas,
apropriadas para cabos cobertos.
4.5.3 Conexões elétricas
Os conectores recomendados para as Linhas Spacer Cable 69 kV são os do tipo cunha que apresentam
desempenho muito superior a outros tipos, conforme vários estudos de aplicação e testes de
laboratórios [11], [12].
4.6
Postes
Os poste utilizados podem ser de aço ou concreto armado. A altura varia de 16 a 26 metros e,
normalmente, são mais baixos que os das linhas convencionais 69 kV. As características altura x
resistência mecânica dos postes vai depender de cada projeto e do número de circuitos por poste.
4.7
Ferragens
As ferragens e cadeias de ancoragem para as estruturas são de aço carbono ou forjado, zincadas por
imersão a quente. O braço “L” tem 1,50 metro de extensão.
4.8
Equipamentos
A Proteção, chaveamento e
transformação das Linhas Spacer
Cable 69 kV são instaladas em
SE’s apropriadas. Porem, pára-raios
podem ser instalados nas estruturas,
junto aos isoladores de ancoragem
para aumentar o desempenho da
linha
perante
descargas
atmosféricas (Figura 7). Os páraraios devem ser de óxido metálico
(ZnO), sem gap e com corpo
polimérico.
Fig. 7 – Estrutura com Pára-raios e Chave Seccionadora
De acordo com a necessidade do projeto da Linha Spacer Cable 69 kV, podem ser instaladas chaves
seccionadoras em estruturas de encabeçamento (Figura 7).
5.
ARRANJOS TÍPICOS
Em anexo estão apresentados alguns padrões típicos de montagem da Linha Spacer Cable 69 kV. Os
seguintes arranjos são apresentados, mostrando os espaçamentos principais:
Estrutura tangente, com braço “L” e espaçadores.
6/13
Estrutura de encabeçamento, com isoladores de ancoragem.
Estrutura de encabeçamento duplo, para ângulos menores.
Estrutura de ângulo (de 90 ºC ou maior / menor).
6.
ANÁLISE DE CUSTOS
6.1
Orçamento da Linha
O custo básico por quilometro de uma Linha Spacer Cable 69 kV, para condutor coberto CA bitola
336 MCM é cerca de US$ 107 mil, conforme Tabela 4.
Tab. 4 – Orçamento de Linha Spacer 69 kV por Quilometro
Item
Descrição
Und.
Qnt.
01
02
03
04
05
06
07
09
09
10
11
Cabo coberto HDPE 69 kV – 336,4 MCM
Cabo mensageiro aço-alumínio 19x9 AWG
Espaçador losangular – 69 kV
Alça preformada e Cadeia de ancoragem
Isolador de ancoragem polimérico 69 kV
Pára-raios ZnO, polimérico, 42 kV
Postes de 17 m de altura – 1.800 daN
Outros acessórios
m
m
pç
pç
pç
pç
pç
%
3.000
1.000
110
52
52
3
25
10
Levantamento topográfico
Projeto
Serviços de instalação
Vb
Vb
m
Preço (US$)
Unt.
Total
10,64
4,71
195,81
158,18
115,34
1.153,40
329,54
Subtotal
1
1.647,72
1
3.295,44
1.000
9,89
Subtotal
Total – US$/km
31.932,77
4.712,47
21.539,63
8.225,41
5.997,69
3.460,21
8.238,59
8.410,68
92.517,45
1.647,72
3.295,44
9.886,31
14.829,46
107.346,91
* US$100 = R$2,15 (Abr.2006).
6.2
Análise Econômica
Uma análise de custos pode ser desenvolvida para se verificar a aplicabilidade de um projeto de Linha
Spacer Cable 69 kV, comparativamente com uma Linha Convencional de 69 kV, sob o ponto de vista
econômico.
Como referencia, será adorada a metodologia de analise econômica desenvolvida para Redes Spacer
Cable [13] e para isso, os seguintes custos são considerados para se obter o custo global de uma linha:
Investimento Inicial (Ii) – é o custo de instalação de um km de linha 69 kV, nova, incluindo
materiais (poste, estruturas, cabos, espaçadores, isoladores e acessórios), serviços
contratados (projeto e montagem da linha) e custos administrativos.
Custos Operacionais (Co) – correspondem à manutenção preventiva (Mp), executada para
manter a continuidade no fornecimento de energia, e à manutenção corretiva (Mc),
executada para restabelecer o sistema, quando ocorrer uma saída acidental.
Mp é a manutenção periódica da LT, fazendo uma verificação geral e observando pontos
quentes em conexões elétricas, fuga de corrente em isoladores e espaçadores, contato de
arvores e outros objetos nos condutores, e corrosão das estruturas e ferragens. Na
manutenção preventiva, feita com turmas de termovisão, linha viva e/ou linha morta, ocorre
ocasionalmente troca de materiais danificados.
7/13
Mc é função do número de interrupções acidentais, exigindo manobras para possibilitar a
restauração do sistema, sem interromper muitos consumidores e, invariavelmente, ocorre a
substituição de materiais danificados.
O ressarcimento aos consumidores pela perda de produção e por dispositivos danificados
pela interrupção é considerado, conforme resolução específica da ANEEL sobre o assunto.
Energia Não Distribuída (END) – a energia não distribuída engloba duas parcelas: o lucro
cessante, LC, que é o prejuízo da Cia pela energia não faturada e o custo social, Cs, que a
sociedade em geral perde quando há falta de energia.
Quando ocorre uma interrupção, particularmente em saídas de LT’s e SE’s, o processo
produtivo só retorna ao normal 6 a 12 horas após o restabelecimento do fornecimento.
Conseqüentemente, durante este período, verifica-se uma queda no faturamento da energia e
na atividade econômica.
Estudos de confiabilidade (um deles é da Eletrobrás – Pesquisa sobre Custos da Interrupção,
de Mar.91) têm mostrado que o custo social é da ordem de 35 a 50 vezes o preço médio do
kWh faturado, para regiões menos industrializadas, e de 50 a 100 vezes, para regiões bem
industrializadas.
6.2.1 Análise de Um Caso Exemplo
Os subitens seguintes apresentam um estudo de caso, feito para interligação de duas SE´s nas
imediações da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, numa extensão de 2,9 km. Foram
consideradas duas opções:
Duas linhas convencionais 69 kV, paralelas, padrão postes de concreto duplo T, cruzetas de
aço tipo bandeira e condutores nus dispostos verticalmente e sem cabo pára-raios.
Uma Linha Spacer Cable 69 kV, com circuito duplo.
6.2.2 Investimento Inicial
O custo de instalação das opções de linhas em análise (ver item anterior) está apresentado na Tabela 5.
Tab. 5 – Custo de Instalação de Linha Spacer 69 kV X Linha Convencional 69 kV
Materiais e Construção
Extensão de 2,9 km
Cabos e acessórios
- condutores, CA 556 MCM
- isoladores/ espaçadores
- cabo mensageiro
- conexões e ferragens
Postes
Subtotal Materiais
Construção
Custos administrativos – 12,2%
Total da obra
Total, em US$/km, por circuito
Linha Convencional 69 kV
Padrão Urbano
US$
Linha
Spacer Cable 69 kV
US$
2 Linhas Paralelas
61.466,82
95.093,65
62.244,71
66.748,24
285.553,41
38.788,24
45.067,76
369.409,41
63.691,28
1 Linha com Circuito Duplo
367.892,47
140.375,29
18.172,94
191.092,24
33.374,12
750.907,06
* US$100 = R$2,15 (Abr.2006).
6.2.3 Custos Operacional e Global
8/13
111.352,94
862.260,00
148.665,52
A equação para se determinar o custo global é:
Cg = Ii + FVA.(Co + END)
onde,
Cg = custo global
Ii
= custo do investimento inicial para construção da LT, em US $/km;
Co = custos operacionais anuais, da manutenção preventiva e corretiva da LT, em US $/km;
END = custo anual da energia não distribuída, em US $/km;
FVA = fator de valor atual, que capitaliza, a valor presente, os custos anuais da LT. O FVA
considera um horizonte de estudo de 25 anos (correspondente a uma depreciação de 4 % aa,
para sistemas T&D) e taxa de desconto de 10 % aa. – FVA (25 a.; 10% aa.) = 9,08.
Os valores dos custos operacional e global são resumidos na Tabela 6.
Tab. 6 – Custo Global de Linha Spacer 69 kV X Linha Convencional 69 kV
Spacer, 1 linha com circuito duplo e Convencional, 2 linhas paralelas
Custos
US$/km* de Circuito
Linha
Spacer Cable 69 kV
LT Convencional
Padrão Urbano
63.691,28
100 %
26.909,72
8.764,93
144.707,60
244.073,53
100 %
148.665,52
233 %
2.893,33
44,48
27.098,36
181.301,04
74 %
Investimento Inicial
%
Manutenção Preventiva
Manutenção Corretiva
END – Energia não distribuída
Custo Global
%
00
* US$1 = R$2,15 (Abr.2003).
6.3
Análise dos Resultados
A metodologia de análise econômica vem sendo aplicada com sucesso nas Redes de Distribuição
Spacer Cable de MT por empresas distribuidoras, particularmente a CEMIG, com resultados
comprovados conforme foi demonstrado na pratica [2], [5] e [13].
Esta metodologia pode ser aplicada em projetos específicos de Linhas Spacer Cable 69 kV de qualquer
Distribuidora e para isso, podem ser considerados os parâmetros reais para calculo de custos da
Distribuidora, tais como:
Custo da faixa de passagem.
Taxa de falhas das linhas 69 kV.
Custos da energia não distribuída.
Custos dos ressarcimentos a consumidores.
Produtividades e custos dos serviços de manutenção
Tempo de restabelecimento das interrupções.
Duração e freqüência das interrupções (DEC e FEC).
No caso exemplo dos subitens anteriores verificou-se que o investimento inicial da Linha Spacer
Cable 69 kV é mais que duas vezes uma Linha Convencional 69 kV de padrão simplificado, porem
apresenta custos operacionais bem inferiores que justificam plenamente sua aplicação. Várias
simulações podem ser feitas, com outros padrões de Linhas Convencionais 69 kV utilizando-se esta
metodologia de calculo econômico, e parâmetros e custos da Distribuidora.
9/13
A Linha Spacer Cable 69 kV apresenta ainda as seguintes vantagens, que podem ser consideradas na
análise técnico-econômica, que no caso exemplo foram consideradas qualitativamente:
Melhor regulação de tensão.
Adequada ao meio ambiente, preservando a arborização.
Menor campo magnético.
Linha compacta, mais estética.
Melhor relacionamento com entidades de controle, defesa e órgãos governamentais.
Proporciona melhor imagem da Empresa, com reflexos em suas ações negociadas em bolsas
de valores.
Alem disso, a Linha Spacer Cable 69 kV tem a vantagem de maior potência característica, devido a
menor reatância e maior capacitância, e que não foi considerada no caso exemplo. Se considerado,
certamente irá reduzir os custos de investimento inicial da mesma.
7.
CONCLUSÕES
A Linha de Distribuição Spacer Cable 69 kV vem se apresentando como mais uma opção de
construção às já tradicionais linhas de subtransmissão aéreas com condutores nus e, inclusive, às
linhas subterrâneas, de custos bastante elevados.
Apesar de desenvolvida recentemente (1995), aplicações práticas de Linhas Spacer Cable 69 kV vêm
demonstrando, há cerca de 10 anos, um desempenho plenamente satisfatório.
Em relação às Linhas Convencionais de 69 kV, as Linhas Spacer Cable 69 kV apresentam várias
vantagens, tais como: maior confiabilidade, rede bem compacta, menor faixa de servidão,
possibilidades de ter dois ou mais circuitos em um mesmo poste, redução nas podas de arvores.
Apesar do investimento inicial ser maior que das linhas convencionais, demonstra-se que as Linhas
Spacer Cable 69 kV apresentam custos operacionais bem inferiores e, em poucos anos de implantação,
estes custos operacionais menores compensam o investimento inicial maior.
8.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Concepção de Redes de Distribuição. XI SENDI, Blumenau - SC, Set.1992.
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Insulated Cable System in CEMIG, Brazil. CIRED`95. Brussels - Belgian, May.1995.
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Confiabilidade. Eletricidade Moderna, Jun.1998.
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Canadian Electric Association, Mar.1990.
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Transactions on Power Delivery, V. 17, No. 2, p.p. 562-568, Apr.2002
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T&D Conference and Exposition, New Orleans - USA, Apr.1999
[12] SPRECHER, J. D; ROCKFIELD, M. L.; NOTHELFER, T. – Connector Performance on New vs.
Service-Aged Conductor, Part 2. Proc. 1994-IEEE/PES Transmission &. Distribution Conference,
94CH3426-0, Addendum, 1994
[13] SOARES, Mauricio R.; NISHIMURA F. – Spacer Cable and ABC Distribution Lines – A Longterm Analysis. 1996-IEEE/PES T&D Conference and Exposition, Los Angeles - USA, Sep.1996
9.
BIOGRAFIA
Fumitaka Nishimura é membro do IEEE. Formou em Engenharia Elétrica (1973) e recebeu o titulo
de MSEE (1977) pela USP. Obteve grau de PhD em Sistemas de Potencia (1988), pela USP. Foi
professor da USP de 1976 a 2003. Trabalhou na Pirelli, Alcoa e Wirex, do Brasil. Atualmente, é
Diretor Geral da ProCable Energia e Telecomunicações. Publicou e apresentou vários artigos em
seminários (IEEE, CIRED e SNPTEE) e revistas.
Liliane D. Cicarelli é membro do IEEE. Formou em Engenharia Elétrica (1986) e recebeu o titulo de
MSEE (1992) pela USP – Univ. de São Paulo. Trabalhou na Pirelli e Alcoa do Brasil, foi Gerente de
Vendas da Wirex Cable e atualmente é Diretora Financeira da ProCable Energia e Telecomunicações.
Publicou e apresentou vários artigos em seminários (IEEE, CIRED e SNPTEE) e revistas.
Ruby Rudy Arellano é Engenheira Elétrica pela Universidade Católica de Petrópolis (1991) e
recebeu o título de MSEE pela Escola Politécnica, USP (1997). Prestou consultoria na Alcoa Alumínio
do Brasil e CEGELEC Engª. Trabalhou nas Empresas de Transmissão de Energia do Panamá e de
Distribuição de Energia EDEMET -EDECHI- Unión Fenosa, Panamá e na Wirex Cable S.A.
Atualmente é Engenheira de Aplicação da ProCable.
Maurício R. Soares é membro do IEEE. Formou em Engenharia Elétrica (UFMG, 1973) e tem pósgraduação em Sistemas de Potencia (UFMG, 1978) e Engenharia de Distribuição (Univ. Mackenzie,
SP, 1980). Ingressou na CEMIG em 1974, foi Gerente de Engenharia de Distribuição e aposentou-se
em 1998. Atualmente é engenheiro consultor em sistemas de potência de distribuição. Publicou e
apresentou vários artigos em seminários (IEEE, CIRED, SENDI e SNPTEE) e em revistas.
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