Boletim Econômico – Edição nº 89 – novembro de 2014
Organização: Maurício José Nunes Oliveira – Assessor econômico
Crise não afeta lucratividade
dos principais bancos no Brasil
1
Lucro dos maiores bancos privados sobe
26,9% no ano
A desaceleração da economia brasileira parece não ter prejudicado o
balanço financeiro dos três maiores bancos privados do país. Itaú
Unibanco, Bradesco e Santander lucraram ao todo 27,4 bilhões de reais
nos primeiros nove meses de 2014, o que representa uma alta de 26,9%
ante igual período de 2013. O lucro também ficou em 9,8 bilhões de reais
no terceiro trimestre, aumento de 29,9% na mesma base de comparação.
Os bancos superaram o enfraquecimento da atividade brasileira por meio
de estratégias como o controle de riscos mais rígidos e o reajuste das
taxas de juros. A elevação da taxa básica de juros (Selic) estimulou a
demanda por intermediação financeira. O serviço proporcionou ganhos
de 70,1 bilhões de reais entre janeiro e setembro, alta de 15% ante igual
período do ano anterior. Um saldo positivo com tesouraria e uma menor
concorrência com os principais bancos públicos também contribuíram
Os três bancos privados precisaram reduzir as projeções de crescimento
do crédito para 2014, por se tratar do segmento mais prejudicado pela
desaceleração econômica. Apesar disso, Itaú Unibanco, Bradesco e
Santander tiveram um desempenho que superou a média dos bancos
privados. As carteiras encerram o terceiro trimestre com 1 trilhão de
reais, aumento de 8,5% em doze meses e de 3% na comparação com o
segundo trimestre.
2
Itaú Unibanco tem lucro trimestral 35%
maior que no ano passado
O Itaú Unibanco apresentou resultados vigorosos do terceiro trimestre,
com aceleração do crédito, aumento da rentabilidade e do lucro e
melhora da qualidade da carteira. No período, o maior banco privado do
país reportou um lucro líquido de 5,40 bilhões de reais entre julho e
setembro, aumento de 35,3% na comparação com o mesmo período do
ano passado. Em relação ao três meses anteriores, a elevação foi de
10,3%.
Em bases recorrentes, o lucro foi de 5,45 bilhões de reais no terceiro
trimestre, 35,7% maior ante o mesmo intervalo do ano passado. O
número também veio acima da previsão média de analistas ouvidos
pela Reuters, de 5,02 bilhões de reais.
O resultado veio apoiado na aceleração dos financiamentos, cujo
estoque total evoluiu 10,2% em 12 meses até setembro, para
503,34 bilhões de reais, com destaque para segmentos de menor risco,
como imobiliário e consignado.
3
Lucro do Santander Brasil sobe 8% no 3º
tri, para R$ 537 milhões
O banco Santander Brasil apresentou um lucro líquido de 537 milhões de
reais no terceiro trimestre deste ano, avanço de 8% em relação ao
mesmo período do ano passado. Na comparação com o segundo
trimestre deste ano a alta foi de 1,8%. Analistas esperavam, em média,
um resultado maior: lucro de 618 milhões de reais. Em termos
recorrentes, o lucro do banco foi de 1,464 bilhão de reais, expansão
anual de 4% sobre os 1,407 bilhão reportados um ano antes.
O Santander Brasil fechou o período com carteira de crédito total de
234,5 bilhões de reais, com crescimento de 5,6% em doze meses e
3,6% no trimestre. Já a margem financeira bruta foi de 6,98 bilhões de
reais no terceiro trimestre, queda ante os 7,521 bilhões do mesmo
período de 2013.
A inadimplência nas operações de crédito da filial brasileira do Santander
teve ligeira acomodação no terceiro trimestre de 2014. Pelo conceito
usado na sede espanhola, que é diferente do apresentado no balanço do
Santander Brasil em reais, a inadimplência recuou de 5,78% em junho
para 5,64% em setembro.
Entre as grandes unidades do Santander, Portugal com índice de atrasos
de 8,49%, Espanha (7,57%) e Polônia (7,43%) têm indicador pior que o
visto no mercado brasileiro. Entre as demais subsidiárias, a taxa é de
3,74% no México, 2,68% nos Estados Unidos e 1,80% no Reino Unido.
Já a receita com prestação de serviços e tarifas somou 2,765 bilhões de
reais no período, 5,8% acima dos 2,614 bilhões de reais reportados um
ano antes. O Santander Brasil teve retorno sobre patrimônio líquido
4
médio excluindo ágio de aquisições de 11,6% no período ante
10,6% divulgados entre julho e setembro do ano passado.
Bradesco tem lucro de R$ 3,87 bilhões no
3º tri
O Bradesco enviou sinais mistos ao mercado, com o forte lucro do
terceiro trimestre contrabalançado pela piora da qualidade da carteira de
empréstimos, que também tem crescido menos. O segundo maior banco
privado do país anunciou nesta quinta-feira que seu lucro líquido entre
julho e setembro subiu 26,5% ante igual período de 2013, para 3,87
bilhões de reais. O resultado veio mesmo após efeito contábil negativo
de 598 milhões de reais decorrente do colapso do português Banco
Espírito Santo, no qual o Bradesco tinha 3,9% de participação.
O ciclo de fraca expansão dos empréstimos, refletindo a estagnação da
economia brasileira, voltou a aparecer, com avanço de apenas 7,7% dos
financiamentos em doze meses, a 444,2 bilhões de reais. O crédito para
varejo subiu 8,65%, enquanto a de empresas evoluiu 7,2%. Com isso, o
banco reduziu a previsão de alta de sua carteira de crédito em 2014, de,
no máximo, 14% para 11%. Em pessoas físicas, a projeção caiu da faixa
de até 15% para 12%. Já para o setor corporativo, a estimativa recuou de
13% para 10%.
Mesmo com foco em linhas consideradas mais seguras, como imobiliária
e consignado, o Bradesco viu o índice de calotes acima de noventa dias
subir de 3,5% ao fim do segundo trimestre para 3,6% em setembro.
Assim, a despesa com provisões para perdas com inadimplência
somaram 3,35 bilhões de reais entre julho e setembro, avanço de
16,2% ante igual etapa do ano passado. Houve, segundo o banco,
5
agravamento do nível de risco de casos pontuais, ocorridos em
operações com clientes corporativos, que se iniciou no segundo
trimestre.
Por outro lado, o Bradesco registrou um avanço de 13,3% das receitas
com tarifas e serviços, para 5,64 bilhões de reais, e também elevou a
previsão de aumento nesta linha em 2014, da faixa de até 13% para
14%.
No terceiro trimestre, o retorno do Bradesco sobre patrimônio líquido
(ROE), que mede como bancos remuneram o capital de seus acionistas,
foi de 20,4%, ante 18,4% no terceiro quarto de 2013, mas levemente
abaixo dos 20,7% de três meses antes.
Lucro do BB sobe 2,8% e atinge R$ 2,78
bilhões no terceiro trimestre
O Banco do Brasil teve lucro líquido maior no terceiro trimestre sobre o
mesmo período do ano passado, mas o resultado veio abaixo da média
de projeções do mercado e a instituição reduziu a perspectiva para o
crescimento de sua carteira de crédito em 2014.
A maior instituição financeira do Brasil teve lucro líquido de R$ 2,78
bilhões entre julho e setembro, alta de 2,8% sobre o resultado obtido em
2013, mas recuo de 1,7% sobre o segundo trimestre deste ano.
Excluindo efeitos não recorrentes, o lucro foi de R$ 2,885. A previsão
média de analistas consultados pela Reuters apontava para um resultado
recorrente de R$ 3,014.
6
O crescimento no lucro na comparação anual ocorreu apesar de um
incremento de 16,9% na provisão para perdas com crédito, a R$ 4,571,
montante que ficou praticamente estável ante o segundo trimestre deste
ano.
A reserva maior veio junto com crescimento da inadimplência no banco,
com base em operações vencidas há mais de 90 dias, cujo índice passou
de 1,97% no terceiro trimestre de 2013 para 2,09% no período de julho a
setembro deste ano. No segundo trimestre, a taxa foi de 1,99%.
Além disso, um dos indicadores de inadimplência futura, o de operações
vencidas há mais de 60 dias, também cresceu, passando de 2,36% no
terceiro trimestre do ano passado para 2,47% no final de setembro deste
ano, após 2,37% no segundo trimestre.
No fim de setembro, a carteira de crédito ampliada do BB somava R$
732,719, um avanço de 12,3% em 12 meses.
Como comparação, o estoque de empréstimos do Itaú Unibanco teve
avanço anual de 10,2% no terceiro trimestre, o do Santander Brasil
cresceu 5,6% e o do Bradesco teve incremento de 7,7%, informaram os
bancos.
Após o desempenho e aumento da inadimplência, o banco resolveu
cortar a projeção de crescimento da carteira de crédito ampliada no país
neste ano para 12% a 16% ante expectativa anterior de alta de 14% a
18%.
Segundo o BB, a revisão na estimativa para o comportamento dos
financiamentos este ano ocorreu com corte nas projeções de expansão
no crédito para pessoa física, que passou a 8% a 12% contra 12% a
16%, e também para pessoa jurídica, para faixa de 12% a 16% contra
14% a 18%. Para o agronegócio também houve corte na previsão, que
caiu de 18% a 22% para 16% a 20%.
Os destaques de expansão da carteira do BB no terceiro trimestre foram
as linhas de financiamento imobiliário (alta de 63,2% sobre setembro de
2013) e agronegócio (expansão anual de 21,2%).
Na ponta contrária, os empréstimos para aquisição de veículos recuaram
6,3% na comparação anual, enquanto o cheque especial teve queda de
6% e o CDC Salário mostrou declínio de 2,3% na base anual.
As receitas com prestação de serviços somaram R$ 4,645 bilhões no
terceiro trimestre, alta anual de 11,2% e de 2% na comparação trimestral.
Já as rendas de tarifas bancárias cresceram 4,7% no ano e 6,3% na
7
base seqüencial, para R$ 1,718 bilhão. Enquanto isso, as despesas com
pessoal subiram 11,4% em relação ao terceiro trimestre de 2013, para
R$ 4,63 bilhões.
O Banco do Brasil teve rentabilidade sobre patrimônio líquido médio,
indicador que mede como os bancos remuneram o capital de seus
acionistas, de 15,5% no terceiro trimestre ante 16,1% no segundo
trimestre e 16,3% entre julho e setembro de 2013.
Em termos ajustados, a rentabilidade nos três meses encerrados em
setembro foi de 16,1% após 17,1% no trimestre imediatamente anterior e
15,7% um ano antes.
A instituição terminou o terceiro trimestre com 111.904 funcionários ante
112.653 no resultado divulgado em igual etapa de 2013. Enquanto isso, a
rede de atendimento subiu para 69.036 pontos ante 65.269 no terceiro
trimestre do ano passado.
O BB registrou ao final de setembro ativos totais de R$ 1,431 trilhão,
expansão anual de 13,7%.
8
Download

Boletim Econômico CONTEC nº 89