INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA IMEA 11/11/2015 3º LEVANTAMENTO DAS INTENÇÕES DE CONFINAMENTO EM 2015 804,14 776,05 800,00 668,12 650,00 600,00 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Fonte: Imea. Como indicado no segundo levantamento, o volume de animais no cocho em 2015 foi bem diferente do projetado no início do ano pelos confinadores. No primeiro levantamento em abril, o cenário altista da arroba do boi indicava um aumento considerável na quantidade de animais confinados, em relação a 2014, na ordem de 24,0%. No entanto, com a elevação dos custos na compra da reposição e dos insumos, as intenções caíram drasticamente e fecharam 2015 com um volume de 669.893 cabeças, valor apenas 5,2% maior que o ano passado, confirmando a tendência delineada em julho. Tabela 1. Quantidade de cabeças de bovinos confinadas em Mato Grosso em 2014 e 2015. Macrorregiões Noroeste Norte Nordeste Médio-norte Oeste Centro-sul Sudeste Mato Grosso Fonte: Imea Mato Grosso Fonte: Imea. 750,00 700,00 Sudeste 846,73 Centro-sul Noroeste 850,46 850,00 Mil cabeças 903,08 891,43 900,00 Oeste 950,00 Utilização 2014 Utilização 2015 1,49 1,60 1,38 1,40 1,28 1,11 1,20 0,76 0,90 0,75 1,00 0,83 0,80 0,74 0,69 0,74 0,74 0,80 0,58 0,55 0,52 0,60 0,40 0,20 0,00 Médionorte Figura 1. Capacidade estática dos confinamentos de Mato Grosso. Figura 2. Utilização da capacidade estática de confinamento em Mato Grosso nos anos de 2014 e 2015 (rebanho confinado/capacidade estática). Nordeste Com relação à capacidade estática, houve uma elevação de 6,7%, resultado, principalmente, da entrada de novos informantes na amostragem, como constatado no levantamento passado. Com isso, a capacidade instalada do Estado alcançou um total de 903.080 cabeças frente às 846.730 no ano passado, sendo a maior capacidade estática já existente na série do Imea. Nesse sentido, percebe-se que a quantidade de animais em regime de confinamento e a capacidade estática cresceram em ritmos parecidos e, com isso, a utilização da capacidade instalada em Mato Grosso este ano foi praticamente a mesma do ano passado, registrando uma leve queda de 1,3%. Norte Durante o mês de outubro foi realizado, pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o terceiro e último levantamento sobre as intenções de confinamento do Estado de Mato Grosso. Foram contatadas, via ligação telefônica, 142 unidades confinadoras espalhadas por todo o Estado, de um total de 222, o que representa uma amostra 64,0% deste total. 2014 2015 Participação Variação 6.401 34.803 80.383 153.064 123.387 91.282 147.341 636.661 10.876 52.132 77.647 149.369 130.964 109.773 139.132 669.893 1,6% 7,8% 11,6% 22,3% 19,6% 16,4% 20,8% 100,0% 69,9% 49,8% -3,4% -2,4% 6,1% 20,3% -5,6% 5,2% Dentre as regiões do Estado, quatro foram as responsáveis pelo aumento no montante de gado fechado: noroeste, norte, centro-sul e oeste, sendo que as três primeiras registraram os aumentos mais expressivos (Tabela 1). Nas regiões nordeste e norte pode-se dizer que o crescimento foi pautado na ampliação da amostragem em relação ao ano passado, explicado pelo aumento da capacidade estática. Para se ter uma ideia, na região noroeste a capacidade quase dobrou e na norte, aumentou 38,8%. No entanto, é importante ressaltar que a representatividade destas regiões ainda é pequena em relação ao total (menos de 10%). Tabela 2. Capacidade estática por região de Mato Grosso em 2014 e 2015. Macrorregiões Noroeste Norte Nordeste Médio-norte Oeste Centro-sul Sudeste Mato Grosso Fonte: Imea. 2014 2015 Variação 5.000 25.250 147.280 170.650 163.400 158.050 177.100 846.730 9.800 35.050 150.180 185.750 175.950 159.250 187.100 903.080 96,0% 38,8% 2,0% 8,8% 7,7% 0,8% 5,6% 6,7% Já na região centro-sul, onde o rebanho aumentou 20,0%, a capacidade estática ficou praticamente estável, o que demonstra sua melhor utilização. Além disso, é também nesta região onde se encontra a maioria dos frigoríficos do Estado, ou seja, este aumento do rebanho também pode ter sido Brasil/Mato Grosso, 11/11/2015 – 3° Levantamento das Intenções de Confinamento em 2015 132,04 132,48 132,39 133,00 132,00 131,00 128,74 128,34 128,23 130,00 128,47 129,00 128,00 127,00 Sudeste Centro-sul Oeste Médionorte Nordeste Norte 126,00 Noroeste 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 R$/@ Mil cabeças Figura 3. Rebanho confinado em 2014 e 2015 e a média do preço pago ao produtor de janeiro a outubro de 2015. Fonte: Imea. *A barra azul é o rebanho de 2014. As barras verdes (aumento) e vermelhas (diminuição) representam o rebanho de 2015. Este cenário de alto risco, que tem se delineado ao longo de todo o ano de 2015, fez com que o bovinocultor buscasse métodos para proteger a saúde financeira do seu negócio. É sabido que a utilização de ferramentas de hedge pelos bovinocultores ainda é muito incipiente, tendo em vista o baixo nível de gerenciamento na maioria das unidades produtoras, não só do Estado, como do Brasil. No entanto, este ano foi constatado pelo Imea que a utilização destas ferramentas, principalmente do boi a termo, teve aumento considerável (Figura 4). Figura 4. Utilização de hedge no rebanho confinado de Mato Grosso. 25,0% BM&F Termo 20,0% 6,0% 4,0% 7,0% 15,0% 10,0% 15,0% 5,0% 12,0% 14,0% 8,0% 4,7% 1,0% 0,0% 2009 2010 2011 2012 11,2% 3,3% 2013 1,1% 2,6% 2014 1,6% 2015 Fonte: Imea. Ao analisar a rentabilidade do sistema, é notório o benefício que o travamento de preços no futuro pode trazer ao produtor. No primeiro levantamento sobre as intenções de Figura 5. Custo, receita e margem do confinamento em outubro/15 utilizando dois tipos de comercialização. 134,00 80,00 70,04 Custo 133,00 70,00 60,00 50,00 Margem 40,00 30,00 20,00 10,00 127,58 0,00 -17,08 -10,00 -20,00 -30,00 Receita 132,00 131,00 130,00 132,71 129,00 128,00 127,00 128,58 126,00 128,58 125,00 Hedge* R$/animal Por outro lado, importantes regiões como médio-norte e sudeste, que juntas representam 43,1% do total, tiveram diminuição no rebanho confinado. Uma das explicações para este comportamento pode estar no fato de que a rentabilidade do sistema este ano não tem sido das melhores, apesar do alto valor da arroba. Isso aconteceu porque, nestas regiões, onde boa parte do rebanho confinado é adquirido mediante compra ou através de parcerias, o custo com a aquisição do boi magro abocanhou grande parte da margem, limitando o investimento e segurando o crescimento. confinamento realizado em abril, o Imea chamou a atenção às indicações que o mercado futuro apontava para os preços da arroba e para os custos envolvidos na operação do confinamento, principalmente o alto valor na compra da reposição. Para exemplificar, se em abril/15 o produtor tivesse travado o preço da arroba, para entrega em outubro/15, a margem por animal teria sido de R$ 70,04. Já o bovinocultor que não travou o preço da arroba no futuro e deixou para comercializar o animal no mercado spot (balcão), levando em consideração os mesmos custos, a margem foi negativa em R$ 17,08/cabeça. Logicamente que, se o preço da arroba tivesse subido, o produtor deixaria de ganhar. Por outro lado, a eliminação do risco devido a volatilização dos preços, confere mais segurança para gerir o negócio. R$/@ influenciado pela proximidade com os compradores, o que confere melhor remuneração aos produtores (Figura 3). Spot Fonte: Imea/BM&F. *Preço futuro de abril/15 com vencimento para outubro/15. Além do benefício ao produtor, que poderá gerenciar melhor seu negócio, o uso destas ferramentas também traz melhorias à indústria, que pode planejar melhor sua escala de abate, através da garantia de animais terminados em períodos acertados previamente. Esta ferramenta tem o potencial de melhorar cada vez mais a coordenação do complexo agroindustrial da carne bovina como um todo, o que é muito importante na agregação de valor deste produto, que, em termos gerais, possui pouca diferenciação. Tendo em vista que até o final de outubro pouco mais de 65,0% dos animais fechados em todo o Estado já terão sido abatidos, foi questionado aos entrevistados a avaliação deles acerca dos resultados preliminares de 2015. Apesar da margem apertada, 56,8% dos produtores disseram que consideram o ano como bom. Por outro lado, quase 40,0% avaliaram o ano apenas como regular. A diferença com relação ao ano passado fica evidente já que, no mesmo levantamento do ano passado, a proporção dos produtores que consideraram o ano como bom e regular foi de 81,3% e 6,3%, respectivamente. Brasil/Mato Grosso, 11/11/2015 – 3° Levantamento das Intenções de Confinamento em 2015 Figura 6. Avaliação da atividade em 2015. 2,7% CONSIDERAÇÕES FINAIS 1,4% Ótimo 39,2% Bom 56,8% Mesmo com os altos preços da arroba do boi gordo, o rebanho confinado em 2015 cresceu apenas 5,2%, totalizando 669.893 cabeças. O alto preço da reposição, em decorrência da baixa oferta de animais, fez com que a rentabilidade do confinamento fosse pequena, sendo um dos principais motivos do baixo crescimento do confinamento este ano. Nas regiões cujo preço da arroba e a disponibilidade de animais são maiores, houve aumento no rebanho confinado. Caso das regiões oeste e centro-sul. Nas regiões em que o confinamento tem grande dependência da compra de animais de reposição, caso das regiões médio-norte e sudeste, o rebanho confinado diminuiu. A procura por ferramentas de hedge aumentou em 2015 (apesar de ainda ser muito pequena), com destaque para o boi a termo. As incertezas de mercado, principalmente relacionadas aos preços, podem ter estimulado produtores e indústria a explorar esta ferramenta. Com os custos elevados e margem apertada, pequenas variações no preço da arroba têm efeito decisivo na rentabilidade do sistema. Com isso, o uso do hedge tornase muito importante, pois além de garantir o preço no futuro, abre a possibilidade de um maior gerenciamento interno das fazendas. Todo este contexto fez com que houvesse um aumento de produtores que avaliaram a atividade como regular este ano, assim como a quantidade de confinamentos que não tem previsão e/ou não irá confinar em 2016. Regular Ruim Fonte: Imea. Pensando em como a atividade irá se comportar no ano que vem, o Imea questionou aos produtores se os mesmos pensam em confinar em 2016. Assim como no ano passado, quando foi questionado aos produtores se eles pensavam em confinar em 2015, a grande maioria (65,0%) disse estar certo de que irá confinar em 2016 – este valor no ano passado era de 79,4%. Além disso, a quantidade de unidades confinadoras que não irá confinar e/ou ainda está sem previsão aumentou consideravelmente, de 20,6% para 35,0%, o que demonstra o momento delicado da atividade. Figura 7. Continuidade na atividade em 2016. 17,1% 17,9% Sim 65,0% Não Sem Previsão Fonte: Imea. Boa parte desta indecisão reside no fato de que o custo de produção está alto, sendo que os direcionadores desta elevação são os principais insumos para a operacionalização do confinamento: o boi magro e a alimentação. Na média de 2015 (até o início de novembro), o boi magro estava custando R$ 1.728,63/cabeça, valor 24,2% maior que a média de 2014. Não tão drástico quanto os preços da reposição de animais, os principais ingredientes que compõe a ração animal também estão em alta, casos do milho, farelo de soja e caroço de algodão. Com isso, mesmo com os altos preços da arroba do boi gordo, que tendem a perdurar no curto/médio prazo, a rentabilidade da atividade para 2016 não está garantida, tornando o cenário cada vez mais nebuloso, principalmente para uma atividade de alto risco como o confinamento. Presidente: Rui Carlos Ottoni Prado Superintendente: Otávio L. M. Celidonio Elaboração: Paulo Ozaki, Anderson Andrade, Júlio César Marques e Murilo Câmara. Analistas: Ana Paula Baroni, Ângelo Ozelame, Daniel Ferreira, Jéssica Brandão, José Victor Zamparini, Paulo Ozaki, Rafael Chen, Rondiny Carneiro, Sâmyla Sousa, Kimberly Montagner, Tainá Heinzmann, Talita Takahashi, Tiago Assis e Yago Travagini. Estagiários: Alexandre Rego, Anderson Andrade, Aline Kaziuk, Bruna Noab, Camila Costa, Edilson Junior, Júlio César Marques, Murilo Câmara, Nathalia Markus e Yasmim Dalila.