MANUAIS SETORIAIS STARTING UP Um Novo Negócio de Mobiliário para Atividades Lúdicas e Eventos Índice Introdução………………………………………………………………………………. 4 1. Conceitos e Metodologias…………………………………………………………. 6 1.1 – Da ideia ao modelo de negócio (Starting Lean)…………………….. 6 1.2 – Constituir a empresa…………………………………………………… 11 1.3 – Financiar o projeto……………………………………………………… 12 2. Enquadramento Competitivo…………………………………………….………… 14 2.1 – Envolvente Competitiva………………………………………………... 14 2.2 – Fatores Críticos de Sucesso…………………………………………... 19 3. Modelo de Negócio………………………………………………………………….. 20 3.1 – A Proposta de Valor………………………………………………………20 3.2 – O Desenho do Modelo………………………………...………………… 23 3.3 – O Marketing e os Processos Funcionais……………………………… 24 4. Considerações Finais………………………………………………………………... 26 5. Referências Bibliográficas…………………………………………………………… 27 2 Índice de Figuras Figura 1: Tela do modelo de negócio (Business Model Canvas) segundo Alexander Osterwalder…………………………………………………………………………… 7 Figura 2: Componentes gerais de uma proposta de valor com base em Kotler, “Marketing para o Século XXI”…………………………………………………………………... 9 Figura 3: Maturidade e Volume de Negócios…………………………………….. 16 Figura 4: Rendimentos Líquidos Médios……………………………………......... 16 Figura 5: Vertentes gerais de uma proposta de valor para a atividade……….. 21 Figura 6: Mobiliário para Atividades Lúdicas e Eventos - Modelo de negócio.. 23 Índice de Tabelas Tabela 1: Impactes Gerais Fonte: Elaboração própria…………………………… 14 Tabela 2: Movimento de Empresas (2012/2013)…………………………………. 17 Tabela 3: Estrutura por Localização, Número de Empresas e Volume de Negócios (2013)………………………………………………………………………………….. 17 Tabela 4: Maturidade e Volume de Negócios (2013)……………………………. 18 Tabela 5: Indicadores de síntese (Média)………………………………………… 18 Tabela 6: Volume de negócios (em euros) - Distribuição por distrito de localização dos estabelecimentos das empresas…………………………………………………... 19 Tabela 7: Fatores críticos de sucesso…………………………………………….. 19 Tabela 8: Exemplo da identificação geral da proposta de valor para a atividade …………………………………………………………………………………………. 22 3 Introdução Vivemos tempos desafiantes, porque marcados pela mudança e pela incerteza, mas, plenos de oportunidades. Para quem quer iniciar um negócio, é fundamental efetuar uma rigorosa análise da aderência do seu projeto ao mercado, procurando sempre ajustar as suas capacidades à inconstância da procura. A TER EM CONTA Clarificar a ideia Conhecer o Mercado Identificar a tipologia de clientes Amadurecer o modelo de O Programa ANJE Startup1 Accelerator (ASA), uma iniciativa promovida pela ANJE (Associação Nacional de Jovens Empresários) no âmbito do Projeto Inovação Portugal (PIP)2, visa capacitar a entrada de novos empreendedores em áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento económico nacional, alicerçados em projetos de base tecnológica. O programa iniciou-se com 300 promotores, dos quais foram selecionados 30 para participarem no processo de aceleração, após o que foram escolhidos os 10 finalistas para incubação. negócio Desenvolver um protótipo Estabelecer objetivos Estruturar um plano de negócio Testar a viabilidade Captar financiamento Constituir a empresa Esses 10 projetos estão integrados em 10 sub-setores de atividade económica para os quais foram elaborados 10 Manuais que visam contribuir para a reflexão em torno da criação de uma Startup em cada um desses sub-setores, apontando um caminho crítico e algumas condições a ter em conta. Foram assim identificados os seguintes subsetores: Acessórios para bicicletas; Comercialização de equipamentos de apoio à mobilidade; Criação de lojas virtuais; Design e comercialização de jóias; 1 Empresas que vão iniciar atividade, explorando produtos, soluções e áreas de atuação inovadoras no mercado 2 Programa de empreendedorismo cofinanciado pelo QREN, Compete - Programa Operacional Fatores de Competitividade. 4 Minilaboratório de fotografia; Mobiliário para atividades lúdicas e eventos; Oferta de alojamento turístico; Plataforma logística virtual; Produção e comercialização de equipamento de diagnóstico médico; Pronto-a-vestir para crianças. Uma nova atividade em qualquer destes domínios, propondo valor diferencial, pressupõe um modelo de negócio coerente e estruturado, elaborado de acordo com os instrumentos e metodologias adequados. Por esse motivo, impõe-se uma introdução metodológica a um conjunto de ferramentas que vão permitir aos empreendedores percorrer o caminho que vai do surgimento da ideia até ao estabelecimento do negócio, testando e validando hipóteses, de forma a mitigar o risco inerente a qualquer startup. É objetivo deste Manual deixar pistas claras e objetivas para o desenvolvimento de um projeto, sob a forma de um guia de ação direto e focado no essencial, mas também indicar ferramentas, com referências metodológicas sobre a sua utilização, para serem utilizadas durante o percurso que os promotores devem empreender para montar o seu negócio. Optou-se por incluir em todos os Manuais, para além desta Introdução necessariamente idêntica, um Primeiro Capítulo explicativo, genérico e adaptável a qualquer tipo de negócio, que serve de início para quem pretende montar uma startup em qualquer atividade e que, por esse motivo, tem a mesma redação em todos os Manuais. Procurou-se ainda, apesar das limitações de informação existentes, nomeadamente quantitativa, dos sub-setores ou áreas escolhidas, proporcionar elementos caracterizadores do mercado, que permitam um melhor conhecimento do mesmo. É importante salientar que nenhum dos exemplos referidos nestes Manuais são inspirados ou têm alguma relação com os projetos apoiados pelo Programa ANJE Startup Accelerator (ASA). 5 1. Conceitos e Metodologias 1.1 - Da ideia ao modelo de negócio (Starting Lean) 1.1.1 - Recursos, atividades e parcerias-chave Para transformar a ideia num negócio é essencial estruturar um modelo de negócio. Mas, o que é um Modelo de Negócio? De uma forma simples, podemos dizer que um Modelo de Negócio é um esqueleto estratégico e operacional do negócio, é uma explicação de como a startup vai ganhar dinheiro e assegurar assim a sua sustentabilidade. O quê? Como? Para quem? São perguntas essenciais cujas respostas estão na base da estruturação de qualquer negócio. Para estabelecer um Modelo de Negócio, podemos usar a metodologia do Business Model Generation3, baseada numa Tela (Canvas) onde se dispõem os nove elementos nucleares de um modelo de negócio, de forma a torná-los mais facilmente percecionáveis. Temos assim: Segmentos de Clientes – os consumidores alvo da oferta da empresa, os clientes pretendidos pela empresa; Propostas de Valor – explicitação dos argumentos porque é que os consumidores devem escolher a oferta da empresa em prejuízo da concorrência; Canais – quais os canais de comunicação e de entrega da proposta de valor; Relacionamento com Clientes – de que forma a empresa se vai relacionar com os seus clientes; Fluxos de Rendimento – quais as fontes de rendimento da empresa; Recursos-Chave – quais os recursos necessários para construir a proposta de valor, comunicá-la e entregá-la aos segmentos de clientes; Atividades-Chave – Quais as atividades que são necessárias para construir a proposta de valor; Parcerias-Chave – Quais as parcerias que é necessário estabelecer para assegurar a construção de uma proposta de valor valorizada e uma entrega eficaz ao mercado; Estrutura de Custos – quais os custos necessários para construir e entregar a proposta de valor ao mercados. 3 Alexander Osterwalder, Yves Pigneur, “Business Model Generation: A Handbook for visionaries, game changers, and challengers striving to defy outmoded business models and design tomorrow's enterprises”. Published by John Wiley and Sons, Inc. Hoboken, New Jersey. 6 Figura 1: Tela do modelo de negócio (Business Model Canvas) segundo Alexander Osterwalder Como pensar, então o Modelo de Negócio de uma Startup? Para responder a essa pergunta temos de começar por detalhar os respetivos elementos constituintes, clarificando o entendimento sobre cada um deles e assegurando uma organização e interligação de forma consequente e integrada. Como contributo para essa tarefa, deverão ser respondidas algumas perguntas, relativas a diversas naturezas e fatores, nomeadamente: Produto/serviço - Quais são as caraterísticas pretendidas? Qual o principal benefício que trazem? Qual o agendamento do desenvolvimento esperado? Há custos indiretos da adoção do produto? É autossuficiente ou precisa de outros meios complementares? A Propriedade Intelectual é importante para proteção da inovação que se pretende implementar? Cliente - Qual é o perfil do público-alvo? Quais as caraterísticas principais do(s) segmento(s)? Tem clientes pioneiros (early-adopters)? Quanto representam? Quem decide, quem compra, quem influencia e quem usa o produto/serviço, individualmente ou empresarialmente? Qual é o problema/necessidade a que o produto/serviço pretende dar resposta? O que esperam os clientes? Quais as caraterísticas mínimas que o produto/serviço deve ter para responder à necessidade? Qual a dimensão do mercado/segmento que queremos explorar? 7 Preço e canais - Como é o processo de compra, de modo direto ou através de intermediários? Quais são os custos diretos e indiretos esperados para cada canal? Quais são os benefícios esperados para os intermediários? Se há algum produto/serviço semelhante no mercado, quanto custa? Se não há, como é que os potenciais clientes resolvem hoje o problema/necessidade e quanto lhes custa? Qual o custo de cada canal? Comunicação de produto/serviço - Como vão os potenciais clientes saber do produto/serviço? Publicidade? Passa-a-palavra? Parceiros? Qual deve ser o principal canal? Quem são as pessoas ou empresas mais influentes para o público-alvo? Qual a mensagem e os conteúdos, via Inbound Marketing4 ? Como gerar leads5 ? Tipo de Mercado – É um novo mercado ou é uma nova segmentação, por preço ou nicho, de um mercado existente? Para mercados existentes, qual é o posicionamento único proposto? Para mercados segmentados, qual é o público que ainda não consome o produto/serviço? Qual é a curva de adoção esperada? A Startup tem condições financeiras para suportar o período de tempo que leva a obter o retorno necessário à compensação dos investimentos efetuados? Concorrência - Quem são os concorrentes diretos? Caso não haja produtos/serviços similares, quem são os concorrentes indiretos? Em que é que o produto/serviço difere? Há barreiras à entrada no mercado? 1.1.2 – A proposta de valor Os dois pilares chave de qualquer modelo de negócio são a proposta de valor (o que a empresa tem para oferecer e que os clientes mais valorizam) e os segmentos de clientes (grupos de potenciais clientes com características idênticas que constituem o mercado alvo da empresa). O arranque da estruturação de um modelo de negócio começa por um ou outro destes pilares, a partir dos quais serão definidos os restantes. A ideia tem de ser formatada numa proposta de valor, construída a partir de um conjunto de recursos, estruturados em atividades e suportados por parcerias, que são depois disponibilizadas ao mercado através de canais e assegurando um relacionamento adequado. A proposta de valor tem de ser ajustada ao mercado, correspondendo a necessidades ou permitindo resolver problemas. Tem de assegurar um fluxo de rendimentos que cubra a estrutura de custos e a remuneração dos investidores, de forma a garantir a viabilidade do negócio. 4 Inbound marketing/marketing de atração é uma forma de divulgação e comunicação online através de blogs, podcasts, vídeo, eBooks, newsletters e outras formas de marketing de conteúdo. 5 Leads - Em termos de marketing e vendas significa novos contactos 8 Quando no mercado é identificada uma necessidade não satisfeita ou deficientemente satisfeita, ou um problema que não está a ser resolvido, temos o ponto de partida para a construção de uma proposta de valor que vá ao encontro dessa necessidade ou da resolução desse problema, de uma forma que os segmentos de clientes alvo valorizem e que, portanto, a escolham em detrimento de qualquer outra da concorrência. O valor gerado para o cliente resulta do ajustamento contínuo dos processos de suporte da proposta de valor, os quais, dependem, por seu turno, do desempenho da equipa, da cultura e da organização, ao nível de competências e saberes, do relacionamento com a infraestrutura tecnológica e outros ativos tangíveis. Toda esta “cadeia” de variáveis, e a sua interligação, é que determinam a permanente adequação da proposta de valor de uma Startup ao mercado, satisfazendo os segmentos de clientes de forma a garantir vendas, assegurando sustentabilidade para a empresa e valor financeiro para o(s) investidor(es) e para o(s) promotor(es). Uma base para a reflexão técnica de suporte à fixação da Proposta de Valor, deve atender aos seguintes parâmetros: Figura 2: Componentes gerais de uma proposta de valor Fonte: Elaboração Própria, com base em Kotler, “Marketing para o Século XXI” A perceção do valor, por parte dos segmentos de clientes, implica sempre uma combinação de atributos físicos, relativos ao produto e/ou serviço, com aspetos relacionais, concernentes à qualidade do serviço, e com aspetos intangíveis, ligados à imagem e reputação da empresa e/ou da marca. 9 1.1.3 – A empresa lean Uma nova empresa que pensa a sua entrada no mercado privilegiando a rapidez dos seus movimentos e a velocidade da resposta do(s) seu(s) produto(s) e/ou serviço(s) ao(s) segmento(s) de clientes, em detrimento da perfeição do modelo organizacional e da carteira de produtos e serviços, é uma Lean Startup6. Isto sem prejuízo de que o negócio, atendendo às suas necessidades de financiamento, tem que garantir tangibilidade, eficiência, objetividade e influxos de tesouraria imediatos. Atuando na linha da frente em vez de ficar nos bastidores a “aperfeiçoar” o produto, a empresa Lean modela uma proposta mínima, valida-a com o cliente, descartando hipóteses e avançando no mercado, de modo a aumentar as probabilidades de sucesso imediato. Frequentemente, este modo de atuação resulta em significativas mudanças ao nível da ideia/conceito/piloto/protótipo original – o pivô7 - e processos de suporte, nomeadamente tecnológicos. Pensar Lean é organizar o negócio de acordo com uma matriz estrutural assente em três pólos: Desenvolvimento de cliente (customer development), para testar e validar iterativamente todas as hipóteses relativas a clientes, produto e/ou serviço e mercado; Desenvolvimento ágil, aplicando metodologias para reduzir o tempo de desenvolvimento, através da resposta efetiva dos clientes/utilizadores; Plataformas tecnológicas, como base de apoio para garantir eficiência com baixo custo e grande rapidez (ou como instrumento de desenvolvimento, no caso da construção de um grande número de produtos de base tecnológica, tanto de software como de hardware). Em suma, a Lean Startup usa um processo iterativo, com base numa ideia, para ir ajustando uma Solução (produto e/ou serviço) a um Problema (necessidade do cliente), aglutinando o desenvolvimento do produto e/ou serviço com as designadas atividades de Desenvolvimento de Cliente - investigação qualitativa (entrevistas, testes de usabilidade, etc.) ou experimentação quantitativa (produto e/ou serviço em uso/funcionamento em sede de cliente). Este Desenvolvimento de Cliente pode ser dividido em duas etapas8 - Identificação do Cliente (Customer Discovery) e Validação do Cliente (Customer Validation). 6 Eric Ries. “The Lean Startup”, 2011. Crown Business, Nova Iorque 7 Eric Ries. “The Lean Startup”, 2011. Crown Business, Nova Iorque 8 Steve Blank, “The Four Steps to the Epiphany”, 2006, Printed by Lulu.com 10 No centro de todo este processo de maturidade sequencial está o conceito de Produto Mínimo Viável (PMV) ou Minimum Viable Product (MVP)9, ou seja, uma versão do produto e/ou serviço, com as características essenciais da oferta final, que permite aos promotores obter e validar factos, de modo rápido e com o mínimo de esforço, naquilo que, na prática, corresponde ao processo científico da experimentação. Sob forma esquemática, temos os seguintes passos: Identificar a hipótese principal a ser testada; Definir e construir o Produto Mínimo Viável; Efetuar os testes qualitativos e quantitativos (entrevistas, A/B testing 10, campanhas Adwords11, experiências de utilização, etc.); Retirar conclusões e rever hipóteses. Avaliar recursos, atividades e selecionar parceiros são, a par com o desenvolvimento de produto e/ou serviço e de cliente, a base estratégica e operacional do modelo de negócio. 1.2 – Constituir a Empresa Esta é uma importante etapa a completar, na medida em que a credibilidade e a operacionalidade do negócio dependem da existência de uma entidade jurídica para poder operar formalmente no mercado e contratar com terceiros. Constituir a empresa significa pensar em dois níveis de assuntos: Legais; Comerciais. No primeiro caso, de modo muito sucinto, existe a possibilidade de, através de “Empresa na Hora”12 e de “Empresa Online”13, se constituir uma sociedade unipessoal, por quotas ou anónima, no momento e num só balcão. Do website “Empresa na Hora”: Não necessita prévio certificado admissibilidade nem escritura pública; Comunicação código de acesso ao cartão eletrónico, número de identificação da Segurança Social, pacto social e Código de Acesso Certidão Permanente e registo de domínio na Internet. pt; Registo do contrato em "http://publicacoes.mj.pt/". 9 Idem, anterior e Eric Ries. “The Lean Startup”, 2011. Crown Business, Nova Iorque. 10 Testes comparativos 11 Serviço de publicidade da Google 12 http://www.empresanahora.pt/ENH/sections/PT_inicio 13 https://bde.portaldocidadao.pt/evo/landingpage.aspx 11 O custo do serviço é menor para empresas cujo objetivo seja o desenvolvimento tecnológico ou a investigação e as Startup podem beneficiar de isenção de taxas e emolumentos. Na opção por qualquer das formas jurídicas de sociedade deve ter-se em conta o património a afetar, a responsabilidade a assumir e se o exercício da atividade é feito como único detentor da totalidade do capital ou com outros sócios/acionistas. Deverão ser ainda ponderados os aspetos relacionados com o registo de patentes, certificações ou outros conexos, que salvaguardem ideias, processos, protótipos e produtos. Em segundo lugar, há que definir eventuais conceitos e modos de intervenção comercial, que podem conduzir à criação de marcas – institucionais ou de produto – e de uma imagem e comunicação específicas, para construir uma identidade comercial própria. 1.3 – Financiar o projeto Qualquer negócio necessita de financiamento. E, numa primeira fase, é necessário decidir e calcular qual a parte de capitais próprios que o promotor irá investir no projeto. É muito importante determinar as necessidades financeiras, em desenvolvimento de produto, infraestruturas, equipamentos e em fundo de maneio, para que a exploração do negócio possa ser levada a cabo, nos primeiros tempos, sem ruturas de tesouraria ou comprometimento da execução do plano de ação. Se houver que desenvolver pilotos e efetuar testes de mercado, há que garantir o respetivo financiamento. As licenças, patentes e outros registos têm um custo que pode ter expressão importante, sobretudo, se a Startup tiver como objetivo outros mercados além do nacional. Os capitais necessários para fazer face às despesas de arranque do projeto poderão ser de origem própria ou alheia. Os capitais próprios (que devem assegurar o funcionamento das empresas com uma margem de segurança) são, normalmente, o capital social, as outras prestações de capital, o autofinanciamento, os subsídios ao investimento ou à criação de postos de trabalho e o capital de risco (garantidos por FFF14, Business Angels e Fundos vocacionados para apoiar startups, entre outros). Necessitando recorrer a capitais alheios, a respetiva proveniência pode resultar de créditos diversos - fornecedores, empréstimos bancários, empréstimos de sócios/acionistas ou locação financeira, mobiliária e imobiliária. 14 Friends Fools and family, referência aos amigos, aos “loucos” e à família, ou seja, aqueles que investem no negócio atendendo ao promotor e não ao projeto em si mesmo. 12 Existem diversas fontes de financiamento inicial para o projeto de uma Startup, que vão desde os apoios comunitários – candidaturas diretas ao Horizon 2020, ao Portugal 2020 e a outros programas de entidades intermédias, como o IEFP, a garantia mútua, os Business Angels e outros apoios geridos por Associações empresariais. Mitigar o risco é muito importante para qualquer potencial empreendedor. Milhares de decisões têm de ser tomadas todos os dias e uma delas poderá comprometer o futuro da empresa. Um investimento mal calculado, um fornecimento com crédito mal parado ou uma rutura de tesouraria inesperada são acontecimentos que podem fazer ruir um negócio de um dia para o outro. O projeto de uma startup deve garantir sustentabilidade e obedecer a um plano económico e financeiro prévio, que contemple: Projeções da atividade económica, com apuramento de resultados (vendas e prestações de serviços, custo da mercadoria vendida e das matérias consumidas, fornecimentos e serviços externos, subcontratos, comissões, gastos com o pessoal, impostos e outros); Cálculo do valor do investimento; Cálculo das necessidades em fundo de maneio; Cálculo das necessidades de financiamento total; Apuramento do cash-flow de investimento e da exploração; Cálculo da viabilidade do projeto (VAL15 , TIR16 , Payback17 , ROI18 ); Elaboração das demonstrações económicas e financeiras previsionais e de um quadro de indicadores fundamentais, de natureza diversa. 15 Valor Atual Líquido, conceito utilizado para determinar a viabilidade de um investimento sendo que, para um projeto ser viável o VAL tem de ter valor positivo. 16 Taxa Interna de rentabilidade, determina a taxa de rentabilidade do projeto. Trata-se de um importante valor indicativo mas que não deve ser utilizado sozinho como fator de escolha, pois apresenta alguns inconvenientes. 17 Payback é o período de retorno do capital investido. 18 Return On Investment taxa de rentabilidade do capital investido. 13 2. Enquadramento Competitivo 2.1 – Envolvente Competitiva 2.1.1 - Fatores Gerais com Influência a Curto e a Médio Prazo O ambiente onde as empresas operam sofre a influência de um conjunto de fatores que, de modo direto ou indireto, influenciam o decurso das respetivas atividades, escapando ao controlo de empresários e gestores, sobretudo de pequenas e médias empresas (PME). Ainda que numa abordagem de âmbito muito genérico, temos: Tabela 1: Impactes Gerais Fonte: Elaboração própria Impacte Provável na Atividade Fatores e Tendências Tipo Curto Prazo Oportunidade Os espaços individualizados Eventos temáticos Alteração de padrões de consumo e da influência do Criação e recriação marketing Médio/Longo Prazo Promoção da diferença Impacte Dinâmica de propostas disruptivas Fragilidade do crescimento económico e níveis de desemprego e concorrência de economias em Ameaça desenvolvimento, baseada no Ponderação de preço – enfoque gastos e margem Procura muito direcionada e ponderada Inovação Aumento da apetência por low-cost Impacte nas margens e estrutura de gastos. custo/preço Evolução gradual do reforço da tendência usufruir de soluções e de ambientes diversos e personalizados Oportunidade Reforço do fator Moda Reforço da procura baseada no estatuto social e nos sinais distintivos Mistura de elementos, texturas e ambientes Inovação Crescimento de redes e parcerias Em termos de síntese, existem algumas naturezas principais de fatores, que configuram espaços de intervenção a explorar: A tendência para usufruir de espaços com design e materiais robustos, leves, ergonómicos e reconfiguráveis; A crescente presença do marketing na vida das empresas e das pessoas; O peso dos eventos na divulgação, comunicação e na vida das pessoas; A procura por propostas distintivas, dinâmicas e que proporcionem soluções escaláveis e abertas. 14 2.1.2 – Mercado e Tendências Este é um mercado bastante transversal e vasto, em que os potenciais clientes e respetiva tipologia pode ser enquadrada em áreas de atividade distintas. Abrange pessoas singulares e coletivas, entidades privadas e públicas e ainda alguns setores de atividade que, no decurso dos seus negócios usem os elementos de mobiliário como peças para criar estruturas comunicacionais, espaços imagéticos e sensoriais ou recriar ambientes e arquiteturas temáticas. Os produtos tendo uma grande variedade de aplicação, podem adequar-se a públicosalvo que procurem: Decoração de espaços privados, interiores e exteriores; Decoração de espaços públicos, interiores e exteriores; Propostas para ambiente lúdicos, que envolvam a participação/usufruto de crianças e jovens; Criação/recriação de ambientes e arquiteturas em eventos de natureza diversa; Uso de componentes e da base tecnológica para produzir outras peças personalizadas. Com uma enorme versatilidade, podemos considerar que os segmentos-alvo a trabalhar são os seguintes: i. Com caraterísticas gerais e a segmentar: Particulares, sem atividade empresarial; Empresas, privadas e públicas; Entidades, públicas e privadas, sem fins lucrativos; Entidades públicas centrais e locais. ii. Com natureza específica: Empresas que organizam feiras, eventos, congressos; Agências de marketing, publicidade e comunicação; Empresas da área do turismo e da animação. Abordando esta segunda categoria e com intenção de perspetivar quantitativamente um potencial mercado alvo, podemos ter como referência dados do Banco de Portugal para as empresas que organizam feiras, congressos e outros eventos similares. De acordo com estes dados estimam que, em 2013, cerca de 54% do volume de negócios das 914 empresas existentes, foi realizado por empresas localizadas em Lisboa (48%) e ainda que 21% do volume de negócios foi realizado por empresas localizadas no Porto (18%). Verifica-se assim que a grande concentração de potenciais clientes para uma startup que pretenda iniciar a sua atividade neste setor se encontra em Lisboa e Porto, áreas onde devem ser procuradas oportunidades na medida em que esses potenciais clientes representam cerca de 2/3 do volume de negócios deste mercado. 15 A análise da idade das empresas deste setor indica-nos que mais de metade têm menos de 5 anos de existência o que, atendendo às estatíticas de sobrevivência de empresas nos primeiros 5 anos de vida, nos dá uma importante indicação do grau de risco inerente ao setor. Mais de 10 anos 40 16 24 De 6 a 10 anos 27 36 Até 5 anos 57 Volume de negócios % total Número de empresas % total Figura 3: Maturidade e Volume de Negócios Fonte: QS Banco de Portugal (2015) A análise dos rendimentos líquidos médios das empresas que organizam feiras, congressos e outros eventos similares, que registam os valores e evolução de 2012 para 2013 que são apresentados a seguir, diz-nos também que a quebra dos valores médios não foi muito significativa o que, de alguma forma, nos dá uma indicação sobre alguma estabilidade deste mercado, se bem que no contexto de um período de abrandamento geral. Então, tem-se: 187.785 2012 169.164 2013 Figura 4: Rendimentos Líquidos Médios Fonte: Qs do Banco de Portugal (2015) 16 2.1.3 – O Setor e a Dinâmica Concorrencial A dinâmica empresarial do setor, que abrange a atividade de “Fabricação de mobiliário de outros materiais para outros fins”, que engloba a generalidade das empresas que produzem bens desta natureza, registou ligeiras variações, refletindo o impacte da evolução conjuntural. De acordo com os últimos dados, constantes dos Quadros Setoriais da Central de Balanços do Banco de Portugal, observou-se a evolução abaixo indicada entre 2012 e 2013, o que de alguma forma demonstra um grau de relativa estabilidade nas empresas do setor. Tabela 2: Movimento de Empresas (2012/2013) Fonte: Qs do Banco de Portugal (2015) 2012 2013 86 83 Número de empresas Entrada de empresas 7 Saída de empresas 10 Se atentarmos na repartição das empresas pelo território nacional, detetamos que quase metade fica na região da grande Lisboa, com um quarto disperso por todo o País e uma concentração de 16% em Faro. Para além do habitual “peso” da região de Lisboa, verifica-se que em volume de negócios as empresas aí localizadas representam menos de ¼ do total, sendo de constatar também que existe uma grande dispersão geográfica dos fabricantes, concorrentes potenciais de uma startup neste setor. Tabela 3: Estrutura por Localização, Número de Empresas e Volume de Negócios (2013) Fonte: Qs do Banco de Portugal (2015) Distrito de localização da Número de empresas Volume de negócios Lisboa 48% 23% Faro 16% 2% Funchal 11% 13% Outras Localizações 25% 62% sede 17 Trata-se de um setor com empresas com alguma maturidade, na medida em que 53% está em atividade há mais de dez anos. Existe alguma dinâmica e atratividade, com as empresas com menos de cinco anos de idade a representarem 25% do total. No entanto, são as empresas com maior permanência as responsáveis por quase 90% do volume de negócios, o que indicia um peso importante de empresas estabelecidas com uma base de clientes estável e uma posição competitiva forte, a ter em conta por startups que pretendam entrar neste negócio. Tabela 4: Maturidade e Volume de Negócios (2013) Fonte: Qs do Banco de Portugal (2015) Maturidade Número de empresas Volume de negócios Até 5 anos 25% 5% De 6 a 10 anos 22% 9% Mais de 10 anos 53% 87% Neste setor e em termos médios, os volumes de negócios subiram de 2012 para 2013 e as vendas orientadas para mercados exteriores têm algum significado, o que vem reforçar de alguma forma a conclusão anterior relativamente às características das empresas do setor. Tabela 5: Indicadores de síntese (Média) Fonte: Qs do Banco de Portugal (2015) 2012 2013 Ativo (em euros) 764 223 782 563 Capital próprio (em euros) 171 320 191 312 Volume de negócios (em euros) 933 989 1 015 000 Vendas e serviços prestados ao exterior (em euros) 589 353 686 731 Compras de bens e serviços ao exterior (em euros) 148 567 188 007 Número médio de pessoas ao serviço 18 19 Por último, constatamos que os volumes de negócios médios são mais elevados em Coimbra, Aveiro e Viseu, onde se situam, as empresas de maior dimensão, sendo que respondem por um volume de quase 10 milhões. 18 Tabela 6: Volume de negócios (em euros) - Distribuição por distrito de localização dos estabelecimentos das empresas Fonte: Qs do Banco de Portugal (2015) 2013 2013 Local Local Média Aveiro Média Porto 1 215 546 Beja Santarém Braga 581 481 Setúbal Bragança 236 260 Viana do Castelo Castelo Branco Coimbra Vila Real Viseu 7 668 841 Évora Faro 486 451 1 098 486 Angra do Heroísmo Horta 75 968 Guarda Ponta Delgada Leiria 56 183 Funchal Lisboa 108 244 Exterior (fora de Portugal) Localização não identificada Portalegre Neste enquadramento concorrencial, a maioria dos players compete com base na inovação, design e preço. Trata-se de um subsetor que reúne uma grande diversidade de empresas, quer em termos de dimensão, quer de bens produzidos. A dinâmica concorrencial é forte e a taxa de crescimento não é muito elevada, sendo mesmo fraca, quanto ao mercado interno. O mercado externo tem boas hipóteses, requerendo um aturado trabalho prévio ao nível dos canais, confiança e notoriedade e a competição faz-se por design e preço. 2.2 – Fatores Críticos de Sucesso Da síntese efetuada relativamente ao ambiente geral, ponderando a natureza do negócio, há que tentar identificar os fatores determinantes de sobrevivência, no curto e médio prazos. Neste caso, a gestão da Startup deve atender, de modo muito abrangente, ao constante na seguinte tabela: Tabela 7: Fatores críticos de sucesso Fonte: Elaboração própria Fatores Críticos de Sucesso Preço Efeitos Adequação ao valor do bem principal Presença junto dos segmentos de utilizadores e de clientes Acesso aos canais do produto Inovação Investigação e desenvolvimento contínuos. Design, funcionalidade e segurança 19 3. Modelo de Negócio QUESTÕES PRÉVIAS: Há uma definição clara da ideia? Foi detetada uma necessidade ou um problema não resolvido? Há uma solução inovadora? É possível chegar ao mercado? Sozinho? Em parceria? Qual é o fator diferenciador da nossa proposta? 3.1 – A Proposta de Valor 3.1.1 – O Produto Mínimo Viável e o Mercado Como já foi referido, sendo crítico o ajustamento da proposta de valor aos segmentos de clientes alvo, há que utilizar metodologias que permitam minimizar o risco de insucesso, assegurando que esse ajustamento é uma realidade. Para isso utiliza-se o chamado Produto Mínimo Viável, ou seja, um protótipo que tendo as especificações essenciais do produto final, permita rapidamente e a um custo acessível, validar a sua capacidade de satisfazer as necessidades que foram identificadas e que seja aceite pelos segmentos alvo nas condições económicas pretendidas. Com a utilização do Produto Mínimo Viável é possível avaliar se existe um mercado potencial para o produto da empresa, ao preço e nas condições de venda que se pretendem e que são necessárias para assegurar a viabilidade do modelo de negócio e naturalmente do sucesso da startup. 3.1.2 – Targets, Bases de Relacionamento e Proposta Atendendo à não existência de dados que nos permitam quantificar este sub-setor em termos das suas aquisições, em muito menos das especificidades do produto, torna-se extremamente difícil avaliar a sua dimensão. Nesse sentido, a abordagem acaba sempre por ser algo intuitiva, baseada em estimativas e opiniões de pessoas ligadas ao setor, o que vai reforçar a importância da utilização do Produto Mínimo Viável como instrumento de validação, tanto do potencial 20 dos segmentos alvo para adquirirem o produto, como da adequação da Proposta de Valor a esses mesmos segmentos alvo. O relacionamento é essencialmente desenvolvido numa base pessoal tendo em consideração que os segmentos de clientes alvo são essencialmente organizações, pelo que se trata de um negócio tipicamente B2B (Business to Business)19, e as vendas serão essencialmente diretas ou através de parceiros. A valorização da Proposta de Valor com vista a construir uma vantagem competitiva que tenha em conta os Fatores Críticos de Sucesso, deve posicionar-se de acordo com as seguintes vertentes: Figura 5: Vertentes gerais de uma proposta de valor para a atividade Fonte: Elaboração própria A articulação desta tipologia de mobiliário com as necessidades de diversos segmentos, aliada à multifuncionalidade de cada peça, permitindo construir conjuntos homogéneos e/ou ambientes dedicados, orienta a empresa para trabalhar diversos segmentos-alvo, através de diferentes canais.Para a construção da proposta de valor temos também de assegurar uma articulação da mensagem com os veículos e os suportes, pelo que se sugere a criação de uma matriz dinâmica que permita evidenciar: os fatores de valor, ou seja, os elementos de base da proposta; os vetores ou meios a utilizar na comunicação da proposta de valor aos segmentos de clientes; a mensagem a comunicar, para garantir um adequado posicionamento de marketing. 19 De empresa para empresa 21 Teremos assim evidenciados, para cada segmento de clientes, os elementos essenciais da proposta de valor. Para esse efeito pode utilizar-se uma matriz com estrutura idêntica à da tabela inscrita abaixo, em que é dado um exemplo de trabalho efetuado para o estabelecimento de uma proposta de valor para um negocio de motociclos, atendendo a: Destinatários – retalho profissional e utilizadores finais; Fatores subjacentes à adesão de cada um destes segmentos; Vetores e suportes mais adequados para a comunicação da proposta. Tabela 8: Exemplo da identificação geral da proposta de valor para a atividade Fonte: Elaboração própria Destinatário Retalho Comunicação Fatores de valor Aspetos técnicos Manutenção Preço Apoio Vetor Especificações Logística de reservas/entregas Equipa/prazos de apoio Margens competitivas Base Mensagem Logótipo/marca Catálogo Online para reserva e apoio Marketing direto Logótipo/marca Imagem e ergonomia Utilizador Facilidade montagem Preço Manutenção/apoio Conforto e moda Preço proporcional valor motociclo Manutenção rápida Apoio direto e no momento Cor Assinatura Comunicação online / biunívoca / blog / website Podcasts e outros Prescritores Eventos A necessidade de entrar no mercado com evidência de um diferencial competitivo, suportando uma Proposta de Valor capaz de motivar a adesão dos segmentos alvo e tendo em consideração os Fatores Críticos de Sucesso, leva a que uma Startup se deva posicionar por via da associação de: Inovação disruptiva; Resposta adequada à(s) necessidade(s) a satisfazer; Processo tecnológico fiável e proprietário e/ou solução tecnologicamente suportada; Parcerias tecnológicas e/ou outras, devidamente garantidas; Preço e condições de venda ajustadas aos segmentos de clientes, mas não competindo com base exclusiva nesta variável. 22 3.2 – O Desenho do Modelo Uma vez que estejam definidas as componentes básicas do modelo de negócio, o passo seguinte é estruturar o negócio. A fim de demonstrar, de uma forma prática, a aplicação da metodologia proposta, apresentamos uma Tela de Modelo de Negócio para uma possível Startup de comercialização de mobiliário de decoração para eventos e atividades lúdicas. O modelo de negócio passa por construir uma solução de decoração simples, prática e inovadora, que ofereça facilidade no seu transporte e utilização sendo ao mesmo tempo original e personalizável. Esta solução destina-se a empresas de organização de eventos, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e Clubes e Associações Desportivas com o objetivo de lhe oferecer uma decoração versátil para a dinamização dos espaços onde se inserem os seus eventos e atividades. Atendendo à natureza do negócio, o relacionamento com os clientes é de cariz pessoal. No que concerne aos canais, a proposta de valor é entregue aos clientes através da venda direta, website e redes sociais. Como parcerias, conta com fabricantes e centros tecnológicos, necessitando como recursos uma equipa técnica especializada bem como designers e recursos financeiros, os quais originam custos operacionais e de desenvolvimento. Como principais fontes de receitas temos a venda do produto e o seu aluguer. Figura 6: Mobiliário para Atividades Lúdicas e Eventos - Modelo de negócio Fonte: Elaboração Própria 23 3.3 – O Marketing e os Processos Funcionais A estratégia desenhada para o negócio deve ser operacionalizada através de um conjunto de políticas de marketing que vão suportar a comunicação e entrega da proposta de valor. Assim, o marketing deve estruturar-se com base num Mix20 de variáveis que deverá contemplar os seguintes vetores: i. Produto / Serviço Trata-se de um produto que se pretende versátil, disruptivo e potenciador da ação, pelo deve atender-se a: Denominação/Marca – fácil, identificável, memorizável; Imagem – direta, atrativa, memorizável, identificável; Versatilidade e durabilidade; Escalabilidade; Conformidade com normas de segurança e de ambiente; Manuseável por adultos e crianças; Cor, tamanhos e texturas diversas; Facilidade de montagem/desmontagem; Configurabilidade de ambientes; Indoor e outdoor; Serviços complementares associados – sugestões de aplicabilidade e de configuração, livros com exemplos, etc; Correspondência do serviço prestado com o percebido pelo cliente – conformidade com necessidade e expectativas; Correspondência do serviço com a proposta de valor; Prazo entrega adequado e cumprido. ii. Preço Variável crucial, deve ponderar: Benchmarking21 da concorrência; Ajustamento ao target; Break-even22 e margens do negócio; Viabilidade e sustentabilidade. 20 Conceito de Neil Borden, significando uma lista (mistura/composto) de elementos importantes ou "ingredientes" que permitem desenvolver a estratégia de marketing da empresa. 21 Processo de análise das melhores práticas num determinado setor, que conduzem a um desempenho superior 22 Ponto crítico 24 iii. Canais O acesso ao cliente efetua-se essencialmente: Canal direto (B2C23 e B2B) – indivíduos, empresas, entidades públicas e privadas no geral; Canais específicos; Parceiros (B2B), numa lógica de complementaridade e venda cruzada; Empresas de marketing, eventos, comunicação, festas, turismo (B2B); Grandes marcas e grupos de outros setores que desenvolvem ações frequentes de marketing, promoção de produtos e serviços e patrocínio de atividades diversas (B2B). iv. Promoção/Comunicação Esta variável deve, neste caso, enquadrar: Publicidade, nomeadamente, brochuras, panfletos, anúncios em revistas da especialidade; Promoção de vendas direta; Relações públicas; Marketing direto; Informação no website e nos websites dos parceiros, newsletter24 e presença em eventos que divulguem a atividade e a filosofia, bem como as vantagens dos produtos da empresa; Patrocínios de eventos de natureza diversa, onde possa aparecer e ser utilizado o produto; Marketing de guerrilha, nas fases de entrada/reforço em mercado; Marketing online – redes sociais, website e blog. 23 Business to Consumer - De empresa para o consumidor final. 24 Comunicação regular e periódica enviada aos clientes (atuais e potenciais), informando sobre atividades, produtos, serviços, destaque de prémios e de posição no mercado, etc. Pode oferecer produto e serviço. 25 4. Considerações Finais O projeto de uma Startup para conceber e produzir Mobiliário para Atividades Lúdicas e Eventos, repousa nas variáveis de inovação e de design. A capacidade para dar a um mercado, dinâmico e competitivo, produtos que marquem a diferença e sobretudo permitam ao cliente criar ambientes e ações de marketing eficazes, tem de suportar-se em aspetos tecnológicos e na capacidade para antecipar e garantir impacte e adequabilidade a diversos objetivos e situações. Acompanhar tendências, criar, inovar, permitir versatilidade de uso e marcar a diferença, são requisitos nucleares para a nova empresa. No caso vertente, poderá haver necessidade de investimento com alguma expressão, atendendo ao processo contínuo de inovação / investigação / adaptação / teste / introdução. Pode ser requerida a garantia de um quadro de apoio, ao nível de eventual financiamento, obrigando à necessidade de demonstração de um conjunto de condições necessárias, para a adesão de qualquer entidade parceira: i. Necessidade detetada e resposta dada pelo produto/solução; ii. Domínio do produto, no que respeita à respetiva caraterização, desenvolvimento e propriedade intelectual; iii. Realização de testes de funcionamento e de adesão, já com resultados positivos (pilotos); iv. Definição clara dos mercados-alvo e respetiva quantificação – vendas iniciais, vendas potenciais e margens; v. Quantificação das primeiras fases de escalabilidade do projeto; vi. Boa definição de canais e garantia de acesso (contacto/compromisso/ contrato) a redes de distribuição, nacionais e internacionais, por fases; vii. Equipa, estratégia e parcerias estabelecidas e a estabelecer. 26 5. Referências Bibliográficas Alexander Osterwalder, Yves Pigneur, “Business Model Generation: A Handbook for visionaries, game changers, and challengers striving to defy outmoded business models and design tomorrow's enterprises”. Published by John Wiley and Sons, Inc. Hoboken, New Jersey Berry, Michael e Linoff, Gordon (2000), Mastering Data Mining: the art and science of customer relationship management, John Willey & Sons. Drucker, Peter – A Organização do Futuro, Europa-América Eric Ries. “The Lean Startup”, 2011. Crown Business, Nova Iorque Kaplan, Robert S., Norton, David P., Organização Orientada para a Estratégia. Editora Campus Kotler, Philip (2000), Marketing para o Século XXI, Lisboa, Editorial Presença Porter, Michael E.: Estratégia Competitiva Técnicas para Análise de Indústrias e da Concorrência (2.ª edição) Steve Blank, “The Four Steps to the Epiphany”, 2006, Printed by Lulu.com http://www.anje.pt/ http://www.ecf.com http://www.empresanahora.pt/ENH/sections/PT_inicio http://www.inovaportugal.com/asa/ http://www.portugalglobal.pt https://bde.portaldocidadao.pt/evo/landingpage.aspx https://www.apima.pt/ 27