ATIVIDADES LÚDICAS NO AMBIENTE HOSPITALAR
Fabiana Maria de Oliveira1
Poliana Coelho da Silva2
Luciana Grasiéle Nogueira3
Maria Imaculada Conceição dos Santos4
Camila de Freitas Dutra5
Naíse Valeria Guimarães6
Maria Aparecida R. Marques7
RESUMO
O presente trabalho está sendo realizado na Brinquedoteca do Hospital São Sebastião (HSS) de Viçosa, MG.
Este vem sendo desenvolvido desde 2006, como projeto de extensão intitulado: Brinquedoteca Hospitalar - Uma
Estratégia de Humanização junto às Famílias e Crianças Atendidas no Hospital São Sebastião em Viçosa, MG.
Objetivamos neste projeto, revitalizar e implementar o trabalho da Brinquedoteca, atendendo aos pacientes
infantis internados na pediatria do HSS e às suas famílias, assim como proporcionar condições de reflexão e
instrumentalização lúdica à equipe de enfermagem que atua neste setor, priorizando as necessidades básicas da
criança hospitalizada. Utilizamos como metodologia: roteiros de entrevistas semi-estruturada, roteiros de
observação participativa das crianças e suas famílias, fichas de observações das crianças em atividades na
Brinquedoteca, elaboração de folders e recursos de fotografias das crianças para registros das atividades lúdicas
já desenvolvidas. Além das ações como arrecadação de recursos por meio de rifas e brechós e divulgação do
espaço lúdico (Brinquedoteca) na rádio e jornal da cidade. Podemos inferir que, as atividades lúdicas em um
ambiente planejado, auxiliam na recuperação dos pacientes infantis internados e ainda, contribui no
desenvolvimento integral destas crianças nos aspectos social, afetivo, físico-motor, cognitivo e moral
proporcionando condições favoráveis para que elas possam conviver bem com os diferentes sentimentos gerados
no ambiente hospitalar.
PALAVRAS CHAVE: Brinquedoteca. Lúdico. Criança.
1 INTRODUÇÃO
Brincar é a função básica da criança, onde ela explora, descobre, aprende, apreende o
mundo. A internação hospitalar provoca alterações na rotina de vida da criança, incluindo o
brincar e sua motivação (ANAIS DO VII ENCONTRO DE EXTENSÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, 2004). É preciso, portanto, ter a
compreensão de que a brincadeira não é um mero passatempo; ela é indispensável para o
desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo.
1
Graduanda do Curso de Economia Doméstica/UFV. [email protected]
Economista Doméstica/UFV. [email protected].
3
Graduanda do curso de Educação Infantil/UFV. [email protected]
4
Graduanda do curso de Educação Física/UFV. [email protected]
5
Graduanda do Curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa – MG, Membro da Equipe do
projeto PIBEX. [email protected]
6
Economista Doméstica. M.S. em Economia Doméstica Orientadora - Prof.ª DED/UFV. [email protected]
7
Economista Doméstica. M.S. em Economia Doméstica. Coordenadora da Brinquedoteca /HSS.
[email protected]
2
1
Neste sentido, é preciso oferecer condições de desenvolvimento para as crianças, ampliando e
valorizando o espaço e as oportunidades de brincadeiras. Em situação de estresse, tais como
as verificadas nos hospitais é possível observar a utilização do faz de conta pela criança, numa
tentativa de superação das dificuldades encontradas.
Brincar é um direito de qualquer criança, inclusive daquela que se encontra
hospitalizada, uma vez que, além da doença a imobilização a priva do comportamento mais
típico de todo o ser humano: O brincar.
Almejando proporcionar à criança hospitalizada essa possibilidade de continuar
criando, experimentando, representando, isto é, construindo sua própria história, iniciamos em
2006 um Projeto de Extensão intitulado: Brinquedoteca Hospitalar - Uma Estratégia de
Humanização às Famílias e Crianças Atendidas pelo Hospital São Sebastião em Viçosa, MG.
Esse projeto está sendo desenvolvido na Casa de Caridade de Viçosa - Hospital São
Sebastião. Ressaltamos que esta Brinquedoteca já existe desde 1993 e foi criada por uma
Economista Doméstico8 que trabalhava nesse hospital. Por meio de oferecimento de estágios
junto ao Departamento de Economia Doméstica desta Universidade, esta profissional pôde
manter o funcionamento da Brinquedoteca objetivando oferecer às crianças internadas, um
programa de atividades lúdicas, planejadas especificamente para atendê-las. Entretanto, por
um longo período, após alguns anos de funcionamento, esse espaço lúdico ficou desativado.
Mas, em 2006, contando com a sensibilização dos responsáveis por este Hospital, tivemos a
possibilidade de retomar todo o trabalho que havia sido iniciado em 1993.
Nossa iniciativa se deveu ao fato de que acreditamos que as atividades lúdicas
desenvolvidas numa Brinquedoteca auxiliam na recuperação e, conseqüentemente no
desenvolvimento integral das crianças internas proporcionando condições favoráveis para que
elas possam lidar com os diferentes sentimentos gerados no ambiente hospitalar. De acordo
com Goulart e Morais (2000), a utilização dos jogos pode contribuir para diminuir a angústia
da criança reaproximando-a das atividades vivenciadas em seu cotidiano.
De acordo com a Professora Nylse Helena da Silva Cunha (Presidente da Associação
Brasileira de Brinquedotecas) a brinquedoteca é um espaço preparado para estimular a criança
a brincar, possibilitando o acesso a uma grande variedade de brinquedos (...) é um lugar onde
tudo convida a explorar, a sentir, a experimentar.
Na Brinquedoteca a criança tem a oportunidade de entender e construir conhecimentos
sobre diversas coisas por meio da brincadeira, assim como perceber a diversidades de formas
8
Rita Maria S. e Castro – idealizadora da Brinquedoteca do Hospital São Sebastião, Viçosa - MG.
2
e maneiras de brincar. No entanto, em hospitais esse espaço lúdico tem com um de seus
objetivos, amenizar o sofrimento das crianças internadas.
Nesse contexto, esse projeto tem como objetivo geral, contribuir para a manutenção do
pleno funcionamento da Brinquedoteca da Casa de Caridade de Viçosa Hospital São
Sebastião da cidade de Viçosa - MG, por meio do desenvolvimento das atividades lúdicas,
interagindo com a família das crianças em regime de internação e promovendo capacitação da
equipe de enfermagem do setor de pediatria. Especificamente pretendemos: Planejar,
organizar e desenvolver atividades, no espaço interno quanto externo da Brinquedoteca, com
as crianças internadas considerando-as como elementos ativos dentro do processo de doença e
hospitalização; Promover encontros com os pais a fim de dialogar sobre aspectos relacionados
à doença, à necessidade de brincar, à contribuição que o brincar traz para recuperação.
2 REVISÃO DE LITERATURA
No Brasil, a primeira Brinquedoteca foi organizada pela APAE (Associação dos Pais e
Amigos dos Excepcionais), em 1973, para atender crianças portadoras de deficiência mental.
Após esta experiência pioneira, as Brinquedotecas multiplicaram-se no país. Grande parte
delas foram implantadas e mantidas por entidades da sociedade civil e por escolas. Algumas
Prefeituras implantaram Brinquedotecas em creches, escolas ou em instalações específicas
como hospitais. Existem, no nosso País e no mundo inteiro, brinquedotecas com objetivos
diversos
e
preocupações
específicas.
Neste
sentido,
encontramos
Brinquedotecas
Hospitalares, Terapêuticas, Universitárias, Comunitárias, etc.
O brincar proporciona à criança a oportunidade de construir e elaborar a relação eu
mundo, pois, além do prazer propiciado por essa atividade, possibilita-a a dominar suas
angústias. É inquestionável seu papel no crescimento da criança devido às possibilidades que
estas experiências cotidianas proporcionam ao desenvolvimento da criança. Diante disto, uma
preocupação que se deve ter é com relação à hospitalização da criança uma vez que esta
interrompe a possibilidade cotidiana de brincar, promovendo um corte na experiência da
criança. O ambiente hospitalar, ainda que pese as incipientes modificações que começam a
ocorrer em nossa realidade, não representa as condições essenciais para contemplar tal
necessidade infantil (MAIA et al, 2001).
Contudo, é por meio das vivências lúdicas que podemos contribuir para que a
angústia da criança internada diminua significativamente. A proposta de uma Brinquedoteca
hospitalar, ou seja, os seus objetivos devem ser compreendidos em uma dimensão mais ampla
3
do que simplesmente divertir as crianças. Vale destacar que a criança que se encontra
internada não deixa de ser criança. Por isso, além dos especiais cuidados para a recuperação
de sua doença, ela necessita receber condições favoráveis ao seu desenvolvimento e
aprendizagem. Neste caso, as brincadeiras, os jogos, as histórias irão exercer um papel tão
importante quanto os medicamentos que lhe serão administrados. Na infância, o
desenvolvimento e a aprendizagem se dão em ritmo intenso, tanto do ponto de vista biológico
quanto do psicossocial e emocional (ARMOND et al, 2002).
Fundamentado na Constituição Federal e no ECA9, o Ministério da Saúde identifica
uma nova concepção de saúde, que tem como objetivo a qualidade de vida. O novo conceito
de saúde pública visa ao desenvolvimento pleno das potencialidades do indivíduo e necessita
de políticas públicas que apontem para a necessidade de ambientes e estilos de vida saudáveis
e reorientação dos sistemas de serviços públicos de saúde com propostas e estratégias
coerentes. (ROMANINI, 2002).
O ECA dispõe de artigos relevantes quanto ao direito da criança no que diz respeito à
saúde, mas a sua regulamentação não dispõe sobre os instrumentos para fazer cumpri-los.
Enfim, o que se observa na prática é que o tratamento especializado resume-se aos
procedimentos médicos recebidos no hospital, deixando de lado as necessidades de natureza
afetiva e psicológica, que têm um papel extremamente importante no tratamento das crianças.
(CARDOSO, 2001),
Outro aspecto fundamental que merece ser destacado é a presença dos pais, familiares
ou responsáveis junto com a criança no ambiente hospitalar. Esse é um ambiente
desconhecido e pode parecer adverso tanto para a criança como para os familiares. De acordo
com Cardoso (2001:10) - a presença de familiares ou, eventualmente, de outra pessoa
conhecida, no momento da internação, pode amenizar a angústia e os temores das crianças.
Em consonância com essa afirmação, Ceccim e Carvalho (1997), citado em Cardoso
(2001), ressaltam que a permanência dessas pessoas no hospital durante essa fase não deixa
que a criança sinta a perda do ambiente amoroso como também tende a minimizar eventuais
experiências incômodas e dolorosas da hospitalização. Um grande avanço conquistado no
nosso país e que ultrapassa a assistência e os procedimentos médicos recebidos no hospital
pela criança hospitalizada é a necessidade de instalações de Brinquedotecas nos hospitais por
meio da Lei nº 11.104, aprovada em 21 de março de 2005 que obriga os hospitais que
possuem unidades pediátricas a instalarem Brinquedotecas.
9
Estatuto da Criança e do Adolescente
4
Art. 1º Os hospitais que ofereçam atendimento pediátrico contarão com Brinquedotecas nas suas
dependências. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se a qualquer unidade de saúde que
ofereça atendimento pediátrico em regime de internação.
Art. 2º Considera-se Brinquedoteca, para os efeitos desta Lei, o espaço dentro do hospital, provido de
brinquedos e jogos educativos, destinado a estimular os pacientes crianças e seus acompanhantes tenham acesso
a brincadeiras ao longo do tratamento.
Em síntese, de acordo essa lei, todas as unidades de saúde que oferecem atendimento
pediátrico em regime de internação terão que contar com Brinquedotecas para possibilitar
uma recuperação mais rápida e menos traumática das crianças.
3 METODOLOGIA
Para a realização deste projeto, até o presente momento, foram elaborados os seguintes
instrumentos: roteiros de entrevistas semi-estruturada realizadas com funcionários da
pediatria, roteiros de observação participativa das crianças e suas famílias, fichas de
observações das crianças em atividades na Brinquedoteca, elaboração de folders para a
divulgação do projeto à comunidade hospitalar, viçosense e universitária e recursos de
fotografias das crianças para registros das atividades lúdicas já desenvolvidas. Além das ações
como arrecadação de recursos por meio de rifas e brechós e divulgação do espaço lúdico
(Brinquedoteca) na rádio da cidade, foi possível utilizarmos outros recursos como o jornal da
cidade, por exemplo.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O espaço da Brinquedoteca é um ambiente que foi planejado e organizado em setores área interna e área externa - de forma que possa atender crianças de diferentes idades e
diferentes limitações decorrentes da especificidade de sua internação. A organização dessas
áreas foi pensada a partir do pressuposto de que as atividades ali desenvolvidas poderiam
amenizar os efeitos da internação hospitalar, tanto no aspecto físico quanto no aspecto
psicológico e, mais importante ainda, como uma forma de oferecer um espaço mágico para
aguçar essa capacidade de representação que é inerente a todas as crianças. Ao oferecer
oportunidades recreativas, acreditamos que esta área de lazer também poderá despertar nos
pais uma consciência mais profunda das necessidades de seus filhos, uma vez que estão
vivenciando uma situação tão adversa como esta de internação e doença.
5
Os ambientes da área interna foram organizados de forma que pudessem colocar a
criança em experiências e vivências diversas como dramatização, leitura/contação de estórias,
artes, jogos manipulativos e de construção, objetivando acelerar a recuperação da criança e,
conseqüentemente, promover o seu desenvolvimento integral. Na área de dramatização, por
exemplo, existem vários leitos em miniatura, com bonecas, roupas para se fantasiar de médico
ou enfermeiro e acessórios utilizados nos procedimentos médicos. Assim, a criança que brinca
nessa área, tem a oportunidade de descarregar suas angústias, dores ou até mesmo sentimentos
de agressividade. Além disso, as brincadeiras auxiliam na compreensão da realidade, ou seja,
do estado de saúde em que ela se encontra.
Na área externa, há um playground com escorregadores e balanços, que são utilizados
pelas crianças que não necessitam ficar no leito o dia todo e, assim, podem tomar sol e se
movimentarem. Todas as atividades são planejadas objetivando promover e recuperar a saúde
da criança, bem como evitar mudanças de comportamentos temporários ou até mesmo
permanentes, decorrentes do período de internação.
O planejamento das atividades é realizado do seguinte modo: todos os membros da
equipe que desenvolvem atividades com as crianças seguem a seguinte rotina: realização de
visitas à pediatria e aos quartos particulares para obter informações sobre o número de
crianças internadas, suas enfermidades e recomendações médicas preenchendo uma ficha de
identificação da criança; logo após a visita, voltamos à sala-ambiente da brinquedoteca e
selecionamos os brinquedos, estórias e outras atividades que serão desenvolvidas com as
crianças de acordo com sua faixa etária e limitações de saúde.
Com as crianças que não podem se locomoverem até a Brinquedoteca desenvolvemos
as atividades na própria pediatria e quartos particulares, como: contação de estórias, livros de
histórias e fantoches onde a criança escolhe se quer que contemos a estória ou se preferem lêla ou ainda damos a oportunidades para que seus acompanhantes participem da atividade;
Jogos: quebra-cabeça, dominó, trilha e diversos outros jogos (procuramos sempre adequar
esses jogos ao tratamento da criança em relação à alimentação a medicamento, por exemplo,
confeccionando jogo da memória com figuras de frutas, medicamentos, instrumentos
utilizados pelos médicos, etc.). Além desses brinquedos, levamos as crianças brinquedos
manipulativos como brinquedo de encaixe e dramático como carrinho, boneca e bonecos de
borracha, levando em consideração as limitações da criança; Artes: As atividades de artes são
realizadas com giz de cera, lápis de cor, canetinha, papéis diversos, cola e tesoura.
Oferecemos também as crianças desenhos temáticos, como desenhos da páscoa e festa junina,
levando sempre em consideração as limitações das crianças.
6
As atividades nos leitos são realizadas incentivando a participação dos pais ou do
acompanhante, pois através destas atividades observamos a importância da interação entre os
acompanhantes e as crianças, uma vez que a maioria dos acompanhantes são pais, por meio
das atividades conseguimos proporcionar uma aproximação entre eles, contribuindo para um
relacionamento melhor, ocupando não só o seu tempo ocioso, e também participando de
forma ativa na recuperação da criança.
Na Brinquedoteca são realizadas atividades como: Artes: São desenvolvidas atividades
de pinturas, desenhos com giz de cera, lápis de cor, canetinha, etc. Os trabalhos produzidos
pelas crianças são expostos no mural da Brinquedoteca; Contação de estórias: procuramos
explorar a imaginação das crianças por meio de estórias contadas através de livros e
fantoches. As crianças têm possibilidade de escolha, pois têm acesso livre a todo acervo da
Brinquedoteca. O uso de fantoches proporciona o aumento da imaginação da criança, e muitas
delas criam estórias com as situações que estão vivenciando no seu tratamento; Jogos
manipulativos: são oferecidos às crianças brinquedos como: ABC animado, quebra-cabeça,
dominó, bingo, jogo de encaixe, brinquedos musicais, banco imobiliário, jogo de memória,
jogo de seqüência lógica, jogo de palavra, jogo de montar, boliche, jogo de botão, sempre
respeitando faixa etária e as limitações de saúde da criança; Jogos de representação ou
dramatização: Na área de brinquedo dramático foram disponibilizados, de forma organizada
os seguintes mobiliários e materiais e acessórios: uma pia, fogões, mesa com cadeiras, camas
de hospital, suportes para soro, estetoscópios, vestimenta medica, seringas, termômetros,
soros, colheres de medida de soro caseiro, bonecas, carro de boneca, mamadeira, panelas, fero
de passar roupa, telefone, etc. Esta área encanta todas as crianças e acompanhantes, pois
quando eles se deparam com bonecas no soro, medicamentos, seringas, as crianças
conseguem através do faz de conta superar o momento de dor e sofrimento que estão
passando.
Na área externa utilizamos o gramado para propormos atividades com bolas,
velocípedes, bambolês, cavalo-de-pau, petecas, carrinhos, pois dependendo da natureza da
doença da criança ela tem a oportunidade de exercitar-se fisicamente.
Ao oferecer oportunidades recreativas, esta área de lazer desperta nos pais e equipe de
enfermagem uma consciência mais profunda das necessidades das crianças hospitalizadas,
que durante uma situação tão adversa repensam suas relações, tornando-as mais positivas.
Encontra-se aqui mais um objetivo que pode ser alcançado com esta Brinquedoteca: oferecer
a oportunidade aos pais e profissionais de brincarem com as crianças, e ao mesmo tempo os
pais obter conhecimentos sobre como evitar a reincidência de internações, dentro outros. Para
7
isso é necessária a interação entre as crianças, famílias, equipe de estagiárias do projeto e
equipe de enfermagem.
Assim com o intuito de conscientizar os funcionários e a comunidade da
importância do desenvolvimento de atividades lúdicas com crianças hospitalizadas realizamos
eventos como “I Semana dos Funcionários” onde proporcionamos aos funcionários do
hospital a oportunidade de conhecer e realizar atividades lúdicas no ambiente da
Brinquedoteca, e “I e II Brincar solidário” que teve como objetivo arrecadação de brinquedos,
livros, materiais e divulgação da Brinquedoteca junto à comunidade.
Com o objetivo de divulgar o trabalho desenvolvido da Brinquedoteca
encaminhamos o projeto para concorrer ao Prêmio de Ludicidade/Pontinhos de Cultura
lançado pelo Ministério da Cultura, onde fomos premiados no dia 11 de dezembro de 2008,
publicados no Diário Oficial da União, n° 241, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008, seção1,
página 36-37, com o titulo - Casa de Caridade Hospital São Sebastião. Este prêmio
possibilitou-nos a realização da reforma da área interna e externa da Brinquedoteca que irá
contribuir para a melhoria do atendimento às crianças e famílias.
Temos usado como referencial, o reconhecimento da equipe de enfermagem,
acompanhantes e crianças que já conhecem a atividade na rotina hospitalar, e que reclamam
quando, por algum motivo (limitações da criança causada pelo seu estado clinico, quando
recebemos doações e temos que catalogar brinquedos, livros, ou realizar reuniões com a equipe
envolvida no projeto), ela deixa de acontecer. Através das atividades desenvolvidas na
Brinquedoteca podemos observar que a criança aceita melhor o tratamento, pois por meio da
dramatização na brincadeira de médico, cuidando das bonecas, também por meio de histórias
relacionadas à saúde, a criança expressa suas experiências vivenciadas na instituição.
5 CONCLUSÃO
Como já ressaltado, o brincar é essencial ao desenvolvimento da criança e deve ser
proporcionado em qualquer contexto e momento do seu desenvolvimento. Diante da
experiência vivenciada neste projeto fica evidenciado que os benefícios do brincar estendemse também aos pais, o que fortalece a relação destes com as crianças. Sendo o brincar um
meio de estabelecimento e fortalecimento de vínculos, sua promoção deve ser priorizada,
principalmente, em ambiente onde o adoecimento fragiliza a relação entre a criança e seus
pais e entre a criança com ela mesma.
8
Com o expressivo aumento da demanda da população no que se refere ao atendimento
à saúde, sobretudo de crianças atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), e ao pleno
funcionamento da Brinquedoteca para atender as crianças internadas no setor de pediatria,
ficam perceptíveis os benefícios desse trabalho que dentre inúmeros, podemos salientar o
oferecimento de oportunidades oferecidas à população atendida, em particular, as crianças e
famílias de Viçosa e micro-região e a alegria estampada na expressão das crianças, que
mesmo doentes, no soro, etc., são capazes de sorrir, cantar, dançar, desejar, sonhar,
experimentar, criar e inventar. Esse é o resultado mais gratificante e importante para quem
está envolvido em um projeto como este.
REFERÊNCIAS
ARMOND, L. C; VASCONCELOS, M. & MARTINS, M. D. Crescimento e
Desenvolvimento Infantil. In: CARVALHO, A. et al. (Orgs.). Saúde da Criança. Belo
Horizonte: Editora UFMG; Proex, 2002. cap. 2: 18-32. BRASIL. Estatuto da Criança e do
Adolescente. Brasília, Diário Oficial, Imprensa Nacional, 16/07/1990.
CARDOSO, L. M. F. Atividade lúdica e a criança hospitalizada : um estudo na pediatria do
Hospital São Sebastião, em Viçosa-MG. Dissertação de Mestrado, UFV. Viçosa: UFV, 2001.
CUNHA, H. S. O direito de brincar. Disponível em
<http://www.icr.hcnet.usp.br/brinqued1.ht>. Acesso em 29 dez. 2004.
GOULART, A. M. P. L. & MORAIS, S. P. G. O brincar como uma ação mediadora no
trabalho desenvolvido com as crianças hospitalizadas. In: SANTOS, S. M. Brinquedoteca: a
criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis, RJ: Vozes: 2001. p. 119-128.
MAIA, C. I. B. et al. Brinquedoteca hospitalar Shishiro Otake. In: SANTOS, S. M. (Org.).
Brinquedoteca: A criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. p. 114-128.
NEVES, Naise Valéria G. Neves,et all. Brinquedoteca Hospitalar: Uma Estratégia de
Humanização às Famílias e Crianças Atendidas no Hospital São Sebastião em ViçosaMg. Projeto de Extensão. Viçosa-MG, 2007.
ROMANINI, M. A. V. Instituição de educação infantil: Direito da Criança. In: CARVALHO,
A. et al. (Orgs.). Saúde da Criança. Belo Horizonte: Editora UFMG; Proex, 2002. cap. 1, 1318.
9
Download

ATIVIDADES LÚDICAS NO AMBIENTE HOSPITALAR