SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA CIVIL CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DIRETORIA GERAL DE SERVIÇOS TÉCNICOS CEPREVI - 2012 Instrutor: Maj. BM Polito OBJETIVO DA DISCIPLINA Levar o Oficial-aluno a estudar e aprender os fundamentos e as técnicas preconizadas pela Hidráulica, afim de capacita-lo para: selecionar e utilizar equipamentos para determinação das pressões atuantes nos fluidos; utilizar conceitos de conservação de massa e energia no escoamento dos fluidos; projetar e dimensionar tubulações e bombeamento; medir vazão e velocidade em condutos forçados utilizando diferentes processos. OBJETIVOS DA SESSÃO: RECONHECER OS PARÂMETROS NECESSÁRIOS PARA O DIMENSIONAMENTO DE UMA CANALIZAÇÃO PREVENTIVA ACOMPANHAR UM ROTEIRO PARA DIMENSIONAMENTO DE UMA CANALIZAÇÃO PREVENTIVA ANALISAR TABELAS DE COEFICIENTES DE RUGOSIDADE ANALISAR TABELAS DE PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS EXECUTAR EXEMPLOS DE CÁLCULO HIDRÁULICO 1 - DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO DE CANALIZAÇÃO PREVENTIVA CONTRA INCÊNDIO Durante a elaboração do Projeto de Segurança Contra Incêndio e Pânico para qualquer edificação ou estabelecimento, o analista deve considerar uma série de fatores, dentre os quais podemos ressaltar: a área total construída da edificação (ATC); seu número de pavimentos; sua altura total; sua finalidade e/ou natureza ocupacional; o tipo, o volume e a forma de estocagem dos materiais nela existentes; além de quaisquer outros fatores de risco inerentes a edificação. Toda essa análise tem a finalidade de definir os dispositivos preventivos fixos e móveis contra incêndio e pânico à serem exigidos para a edificação em referência, conforme prevê o COSCIP (Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico Decreto nº 897/76) e sua Legislação complementar para o Estado do Rio de Janeiro. A partir disso, o analista deve realizar um estudo prévio da arquitetura da edificação, com o intuito de estudar a localização exata dos dispositivos, essencialmente, dos dispositivos preventivos fixos contra incêndio. No caso específico da Canalização Preventiva Contra Incêndio, o analista deverá observar: o percurso da tubulação, os pontos de localização dos hidrantes (inclusive do hidrante de recalque), a locação da Casa de Máquinas de Incêndio (CMI) e, conseqüentemente, das bombas de incêndio. Finalmente, de posse de todos os dados supracitados e estudado o esquema isométrico da tubulação de incêndio, o analista deverá analisar o dimensionamento hidráulico do sistema preventivo fixo, ordenadamente, na forma em que se segue: A) DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS TÉCNICOS: 1- Dados preliminares: Risco da edificação - de acordo com a Resolução SEDEC nº 109/93 - (pequeno, médio canalização preventiva, médio rede preventiva e grande); material que compõe a tubulação (definição da constante de rugosidade “C”) e número de lances de mangueira por hidrante. 2- Resolução SEDEC nº 124/93 e Anexo II da Resolução SEDEC nº 109/93: Diâmetro mínimo da tubulação (63mm ou 75mm), diâmetro da sucção e do recalque, vazão do sistema (L/min, L/seg, M³/h), vazão no hidrante, pressão útil (mca), número de hidrantes (simples ou duplo), número e tipo de bombas de incêndio, tipo e diâmetro das mangueiras. B) PERDAS NA SUCÇÃO – DEFINIR MANOMÉTRICA DE SUCÇÃO (Hms): A ALTURA O conceito de sucção positiva/ negativa depende da diferença de cota entre o eixo da bomba de incêndio e o nível mínimo do reservatório, seja ele superior ou inferior, considerando a completa utilização da RTI (reserva técnica de incêndio). 1- Sucção Positiva: Hms = 0 Obs: Quando o ganho estático na sucção for relevante, como em instalações do tipo castelo d’água - vide Capítulo IX e Figuras 14 e 15 do Anexo ao COSCIP (Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico - Decreto nº 897/76), este valor deve ser considerado no dimensionamento hidráulico. B) PERDAS NA SUCÇÃO – DEFINIR MANOMÉTRICA DE SUCÇÃO (Hms): A ALTURA 2- Sucção Negativa: I) Definir a perda estática na sucção - Pes (mca) II) Calcular o “J” para sucção - Js - (considerando o diâmetro definido para sucção) · Pelo Ábaco correspondente (de acordo com o material que compõe a tubulação). · Pela Fórmula (utilizaremos a Fórmula de Hazen-Williams, recomendada para tubulações com diâmetros superiores a 2” ou 50mm). fig Onde: J = Fator de perda de carga (mca/m) Q = Vazão total do sistema (L/min) C = Constante de rugosidade do material (adimensional) D = Diâmetro do trecho considerado da tubulação (mm) B) PERDAS NA SUCÇÃO – DEFINIR MANOMÉTRICA DE SUCÇÃO (Hms): A ALTURA III) Definir o comprimento virtual da sucção - CVs, lembrando: CVs (m) = comprimento total da tubulação até a entrada das bombas + somatório do comprimento equivalente das peças (curvas, válvulas, registros, etc). IV) Definir a perda localizada na sucção - Pls (mca) = Js x Cvs V) Definir Hms (mca) = Pes + Pls C) PERDAS NO RECALQUE – DEFINIR A ALTURA MANOMÉTRICA DE RECALQUE (Hmr): I) Definir o hidrante mais desfavorável hidraulicamente em relação a(s) bomba(s) de incêndio. 1º Critério: Maior perda estática ou menor ganho estático. 2º Critério: Para hidrantes nivelados ou com pequeno desnível, verificar qual deles apresenta maior perda localizada no recalque. Obs: Quando houver dúvida, verificar qual deles apresenta maior valor para Hmr. II) Definir a perda estática no recalque - Per (mca) III) Calcular o “J” para o recalque - Jr (mca/m) - (considerando o diâmetro do recalque) · Pelo Ábaco correspondente (de acordo com o material que compõe a tubulação). · Pela Fórmula (utilizaremos a Fórmula de Hazen-Williams, recomendada para tubulações com diâmetros superiores a 2” ou 50mm). C) PERDAS NO RECALQUE – DEFINIR A ALTURA MANOMÉTRICA DE RECALQUE (Hmr): IV) Definir o comprimento virtual do recalque - CVr, lembrando: CVr (m) = comprimento total da tubulação da saída das bombas ao hidrante mais desfavorável + somatório do comprimento equivalente das peças (curvas, válvulas, registros, etc.). V) Definir a perda localizada no recalque - Plr (mca) = Jr x Cvr VI) Definir Hmr (mca) = Per + Plr D) CÁLCULO DA ALTURA MANOMÉTRICA TOTAL (Hmt): I) Definir a perda localizada nas mangueiras - Pmang. (mca) - de acordo com: fabricante*, tipo de mangueira exigido, diâmetro, vazão no hidrante e o número de mangueiras. •O CBMERJ exige a instalação de mangueiras que possuam a marca de conformidade da ABNT. Hmt (mca) = Hms + Hmr + Pmang. + Pútil. E) CÁLCULO DA POTÊNCIA DA BOMBA INCÊNDIO P = 1000x Hmt x Q 75 x h x 3600. Onde: P = Potência da bomba (CV) Hmt = Altura manométrica total (mca) h = Rendimento da bomba (%) – valor definido pelo fabricante. Q = vazão em m³/h F) DEFINIÇÃO DA BOMBA: A bomba adotada deverá, necessariamente, atender a vazão do sistema e a altura manométrica total calculada. Observação: No intuito de simplificar os cálculos, o presente método desconsidera o valor da Altura Manométrica Piezométrica. Caso o analista perceba que o valor da referida grandeza é relevante, deverá fazê-lo constar do memorial de dimensionamento hidráulico do sistema preventivo fixo contra incêndio adotado. G) TABELA DO FATOR DE RUGOSIDADE “C” DE HAZEN-WILLIANS: H) TABELA DE COMPRIMENTO EQUIVALENTE/PERDAS LOCALIZADAS: I) EXEMPLO DE CÁLCULO DE CANALIZAÇÃO PREVENTIVA: QUADRO DE PERDAS NO TRECHO DA SUCÇÃO PEÇAS DIÂMETRO COMP. EQUIV. Válvula de Pé 63 17 Válvula de Gaveta 63 0,4 Tê (Saída Lateral) 63 3,45 Tê (Passagem Direta) 63 0,41 Tê (Saída Bilateral) 63 4,16 Cotovelo de 90º 63 2,35 União / Flange 63 0,01 QUANTIDADE 63 Comp. Tubulação SOMATÓRIO DE COMPRIMENTOS TOTAIS CÁLCULO DE PERDA UNITÁRIA PARA SUCÇÃO FÓRMULA DE HAZEN- WILLIAMS Vazão = Diâmetro= 200 L/min 75 mm Perda unitária = mca / m ALTURA DEVIDOS AS PERDAS NA SUCÇÃO (HPS) HPS = mca Ganhos = mca Perdas = HMS = 0 mca mca HMS = HPS - Ganhos + Perdas COMP. TOTAL QUADRO DE PERDAS NO TRECHO DO RECALQUE PEÇAS DIÂMETRO Válvula de Retenção 63 Válvula de Gaveta 63 Tê (Saída Lateral) 63 Tê (Passagem Direta) 63 Tê (Saída Bilateral) 63 Cotovelo de 90º 63 Válvula Globo Aberta 63 União / Flange 63 COMP. EQUIV. QUANTIDADE 63 Comp. Tubulação SOMATÓRIO DE COMPRIMENTOS TOTAIS ALTURA DEVIDOS AS PERDAS NO RECALQUE (HPR) HPR = mca Ganhos = mca Perdas = 0 HMR = HMR = HPR - Ganhos + Perdas mca mca ALTURA MANOMÉTRICA TOTAL (AMT) HMS = mca HMR = mca MANG.= 5,2 mca P. TRAB = Mca AMT = mca AMT = HMS + HMR + P.MANG.+ P.TRAB. COMP. TOTAL POTÊNCIA DA(S) ELETROBOMBA(S) C.V POTÊNCIA OBTIDA DA ELETROBOMBA = POTÊNCIA = 1000 X AMT X Q 75 X 0,6 X 3600 FIM